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MATERIAIS E

TENDÊNCIAS

Andre Huyer
Projeto e quantitativo
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Determinar a quantidade de material conforme o projeto.


„„ Escolher as formas de quantificar os materiais de parede.
„„ Relacionar material e área de aplicação.

Introdução
Após o planejamento do interior de uma residencia, escritório, consultório,
etc., você deve executar a obra, para que esse projeto se torne realidade.
O projeto deve especificar quais materiais você pretende empregar, mas,
para adquiri-los, você precisa saber a quantidade de cada um — ou seja,
o quantitativo de materiais. Cada material tem sua unidade de aquisição
específica: metros lineares, metros quadrados ou cúbicos, quilogramas,
litros, ou de maneira unitária.
Neste capítulo, você vai estudar o elo entre o projeto e a execução da
obra: a quantificação dos materiais a serem empregados. Sem a quan-
tificação, não é possível fazer um orçamento seguro. Assim, você verá
como determinar a quantidade de material conforme o projeto, como
escolher as formas de quantificação e, ainda, como relacionar o material
à área de aplicação.

Determinando quanto de cada material será


necessário para executar a obra
Quando faz o projeto de um interior, você determina como será cada aspecto
dele: as paredes, os forros, os pisos. Também determina os acabamentos dessas
superfícies — rodapés, roda forros, rejuntes, guarnições das esquadrias — e
os componentes utilitários, como os espelhos das tomadas e interruptores
elétricos. Dependendo do escopo combinado com o cliente, também poderá
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determinar as luminárias e até mesmo as lâmpadas a serem empregadas, e


assim segue a lista, que pode ser enorme.
Cada um desses elementos pode ter diversas especificações, pois há muitas
opções existentes no mercado. O piso, por exemplo, pode ser carpete, cerâmica,
madeira, laminado, pedra, vinílico, entre outros, e cada um desses pode ser
subdividido em outras opções.
Digamos que, em seu projeto, você tenha especificado para o piso uma
cerâmica, cujas peças têm dimensões de 40 × 40 cm cada uma. Para calcular
o número de peças que precisará, você deve saber as dimensões da sala em
que o piso será aplicado. Se a sala mede 4 × 5 m, então, sua área é de 20 m 2.
A resposta lógica, nesse caso, seria que você precisa de 20 m2 de piso cerâmico,
certo? Não necessariamente. Talvez você precise de uma quantidade maior.
Acompanhe.
Se cada peça de cerâmica mede 40 cm de lado, quantas peças são necessárias
para vencer cada dimensão da sala? A largura da sala é de 4 m, ou 400 cm,
que, divididos pelos 40 cm da peça de cerâmica, resultam em 10 peças. E o
comprimento da sala, 5 m ou 500 cm? Dividindo 500 cm por 40 cm temos
12,5 peças. Como não é possível comprar meias peças de cerâmica, serão
necessárias 13 peças para completar o comprimento da sala. Assim, temos que:

13 peças no comprimento ×10 peças na largura = 130 peças

Os 40 cm de lado da peça equivalem a 0,40 m. Temos então que a área de


cada peça é de 0,16 m2, uma vez que 0,40 m × 0,40 m = 0,16 m2. A partir daí
temos o seguinte cálculo:

0,16 m2 de área da peça × 130 peças = 20,8 m2

Veja que a área total de peças necessária é maior do que a área da sala. Mas
não podemos cortar a peça de cerâmica ao meio e aproveitar suas duas metades,
para não ter que comprar material a mais? A resposta aqui não é conclusiva,
pois, quando a cerâmica é cortada na obra, não sabemos se a operação será
bem-sucedida. Qualquer falha na operação deixará uma metade danificada,
que não poderá ser aproveitada.
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Mesmo que as peças se encaixassem sem necessidade de corte, ainda assim


seria recomendado adquirir uma pequena quantidade a mais, pois sempre
existe a possibilidade de ocorrer alguma quebra ou avaria durante a obra ou
no transporte. Até durante a conclusão da obra alguma peça já instalada pode
vir a ser danificada. Então é prudente ter uma pequena reserva — e, inclusive,
conforme o caso, manter um estoque para o futuro.
Ainda há outro fator que convém ser analisado, especialmente em obras
pequenas: a quantidade de peças contida em cada embalagem do produto.
Vários fornecedores não vendem frações do conteúdo das embalagens, então,
convém verificar esse detalhe, se a quantidade a ser adquirida for pequena.
Deve-se ter em mente também que alguns materiais, especialmente as cerâ-
micas, sofrem variações na tonalidade — e mesmo nas dimensões — a cada
lote produzido. Portanto, indica-se sempre adquirir uma pequena quantidade
a mais. Geralmente 5% a mais é suficiente. Quanto maior a metragem, menor
a quantidade de quebra a adquirir.

Quebra é como se denomina a quantidade extra de material a ser comprada. Essa


quantidade deve ser definida no quantitativo, elaborado pelo projetista, pois ela será
utilizada para estimar o custo da obra.

O piso de cerâmica não é o único insumo a ser considerado nessa


parte da obra. Como as peças de cerâmicas serão fixadas sobre o contra-
piso? Provavelmente com cimento adesivo especial para essa finalidade,
vendido em sacos pré-preparados, aos quais basta adicionar água. Uma
vez colado ao contrapiso, ainda haverá o acabamento com rejunte, a ser
aplicado entre as peças. Ao final da obra, antes de ela ser entregue ao
cliente, ainda deverá ser feita uma limpeza do piso pronto, para retirar os
excessos de cola, de rejunte e outras sujidades acumuladas durante a obra.
Essa operação necessitará de produtos de limpeza especiais, que podem
ser o ácido muriático (conforme a especificação do fabricante do piso) ou
outro preparado pré-determinado.
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Alguns elementos de obras de construção civil recebem várias denominações di-


ferentes, mas que têm o mesmo significado. Assim ocorre com os acabamentos de
portas e janelas: espelhos, guarnições, molduras, alizares, réguas, mata-juntas. Todos
se referem a mesma coisa, o arremate que encobre a fresta entre o marco da janela ou
da porta e a parede em sua volta. Regionalmente também ocorrem muitas variações.

E a lista de insumos para colocação do piso ainda não terminou. Como o


piso é instalado em seu local definitivo? Alguém faz isso! Então, ainda há o
insumo mão de obra. A instalação do piso com cola sobre o contrapiso, com
possível realização de cortes de peças, é feita por um profissional especializado,
o azulejista. Ele, por sua vez, necessitará de um auxiliar, para deslocar as caixas
com as peças, preparar a argamassa colante, etc. Após a cura da cola, outra
etapa será a aplicação do rejunte, que evidentemente também é realizada por
uma pessoa, assim como a posterior limpeza da obra.
Como calcular a “quantidade” de pessoas para instalar 20 m2 quadrados de
piso cerâmico? São empregadas estimativas padronizadas da quantidade de
horas (ou frações) de mão de obra para a realização de cada metro quadrado
de tarefa de obra, mas obras pequenas, especialmente de interiores, têm suas
peculiaridades. Se a quantidade de horas de mão de obra necessária para
colocar o piso for inferior a um dia de trabalho, o profissional cobrará por
um dia inteiro, pois, no tempo ocioso, dificilmente ele conseguirá se deslocar
para outra obra e lá fazer outro serviço.

Tintas e similares podem ser adquiridos em embalagens de tamanhos diferentes.


Geralmente, quanto maior a embalagem, mais barato será o preço unitário (preço por
litro) do produto. As embalagens de tintas usualmente encontradas no mercado são:
„„ 1 litro
„„ Galão = 3,6 litros
„„ Lata = 18 litros
O mesmo ocorre com outros produtos vendidos enlatados ou ensacados, como
colas, argamassas, etc.
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Escolhendo as formas de quantificar


Para entender as formas de quantificar, vamos utilizar o exemplo de uma
parede. Vamos considerar várias possibilidades para calcular os materiais
de uma parede: uma parede já existente, que vai receber pintura; uma parede
que vai ser revestida com cerâmica (banheiro, cozinha); uma parede que terá
o reboco removido para deixar o tijolo à vista; uma parede que será revestida
com papel de parede.
Você terá que desdobrar esses revestimentos em todo o conjunto de in-
sumos que os compõe, e cada qual terá sua própria unidade de mensuração,
que será, posteriormente, totalizada com a área total, somando com os demais
componentes. Quer dizer, cada material que você especificou no projeto é
composto por um somatório de produtos e serviços, muitas vezes todos com
características bem diversas umas das outras.
A primeira tarefa é obter as dimensões da parede: largura e altura. Para
seu exercício, suponha que a parede meça 4 m de largura por 2,60 m de altura.

Pintura de parede existente


Vamos começar com a parede que já existe, que você determinou que receberá
uma nova pintura. O primeiro insumo será a mão de obra, para fazer a limpeza
da parede e raspagem da pintura existente. A segunda etapa será passar o
selador. Esse produto prepara a parede para receber a pintura posterior, veda
as microfissuras e homogeneíza a superfície para posterior absorção da tinta.
Conforme for o seu projeto, e as condições da parede, será necessário aplicar
massa corrida com sua respectiva lixação. A massa corrida é uma pasta que
emparelha a parede e deixa ela bem lisa para receber a pintura. Finalmente,
a última etapa é a aplicação da pintura.
Você terá que examinar as instruções da tinta que for especificar, pois elas
podem indicar a necessidade de uma até três demãos de pintura, dependendo
do tipo da tinta, das condições da base, de haver ou não massa corrida, etc.
Se a tinta for acrílica, você usará massa acrílica, e não massa corrida. A tinta
acrílica é mais durável, resiste melhor à chuva (é indicada para superfícies
exteriores) e geralmente é mais brilhante do que a tinta comum, denominada
látex ou PVA. Tenha cautela em especificar tinta acrílica em prédios já exis-
tentes, pois, como ela é impermeável, não permite a transpiração de paredes
com umidade interna, o que resultará em bolhas. Além disso, por ser brilhante,
salientará deformações que por acaso existam na superfície.
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Observe quantos insumos você precisa apenas para a pintura de paredes:


limpeza, selador, massa corrida, pintura, cada um com seus materiais e mão
de obra.

Revestimento de parede com cerâmica


Agora considere a situação em que você precisa revestir a parede com cerâ-
mica, no caso de ser um banheiro ou uma cozinha, por exemplo. O início é
semelhante ao da pintura: limpeza da parede, remoção da pintura anterior
(ou do revestimento cerâmico, se for o caso). Com a parede nua, pode ser
aplicada a cerâmica com argamassa colante. Se as peças de cerâmica forem
retangulares, na especificação de como a cerâmica será aplicada na parede,
antecipe se as peças ficarão de “pé” ou “deitadas”. Considere também se
haverá um rodapé em cerâmica, se haverá alguma faixa intermediária com
alguma cerâmica diferenciada, e se haverá um roda forro. Cada uma dessas
aplicações geralmente é cobrada separadamente pela mão de obra. Concluída
a aplicação e cura, vem o rejunte e depois a limpeza.

Faixas e rodapés são cobrados por metro linear, e não por metro quadrado.

Remoção de reboco para deixar o tijolo à vista


Outro caso bem interessante é o de retirar o revestimento existente, o reboco,
e deixar o tijolo da parede à vista, para fins estéticos. Essa operação, apesar
de parecer mais simples, envolve muitos insumos, especialmente de mão de
obra. Acompanhe.
A primeira etapa é a retirada do reboco existente. Ele é quebrado com
ponteiro (cinzel) e martelo, uma operação que envolve mão de obra intensiva e,
apesar de ser uma demolição, qualificada, pois a falta de cuidado na quebra do
reboco poderá danificar demasiadamente os tijolos encobertos. Essa operação
gera outra demanda, que é a remoção do material desbastado para fora da
obra. Esse material deverá ser ensacado para depois ser transportado até o
local de destinação final, seja um container de um transportador autorizado,
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seja um aterro na própria obra, etc. Para que não seja necessário o ensacamento
da caliça (nome dos resíduos sólidos inertes de construção civil), conforme a
obra, pode ser possível que ela seja levada em carrinhos de mão até o local de
descarte. Essa possibilidade deverá ser apurada de antemão, a fim de evitar
custos extras, especialmente de mão de obra.
Concluída a remoção do reboco, agora você tem uma parede nua, mas
muito suja, então, terá que providenciar a limpeza dela. A limpeza geralmente
é feita com uma lavagem, diluindo ácido muriático em água. Convém especi-
ficar na quantificação algum reparo que essa parede necessite, para corrigir
excessos da demolição do reboco, imperfeições encontradas, etc. Para isso
você precisará, novamente, de mão de obra e um pouco de cimento e areia.
Concluída a preparação da parede, geralmente ela recebe algum tratamento,
como a aplicação de um verniz ou um selador, a fim de que não fique com
aspecto de suja ou gere poeira.
Deixar uma parede originalmente rebocada em tijolo à vista dá muito
mais trabalho do que as pessoas imaginam. E não é só: o cliente deve estar
ciente de que todo o trabalho de retirar o reboco poderá ser em vão. Não é
raro se apurar que o aspecto da alvenaria descoberta é muito insatisfatório.
Ela pode ter os tijolos dispostos de maneira muito irregular, dimensões e
cores não uniformes, muitas peças quebradas, pode haver muitos cortes de
tubulações (elétricas ou hidráulicas). Assim, após retirar ao revestimento, às
vezes se conclui que é necessário revestir a parede novamente, com reboco,
plaquetas, cerâmicas, etc.

Revestimento de parede com papel de parede


Por fim, considere o caso em que o revestimento da parede será feito com papel
de parede — que talvez nem seja papel, mas um laminado, filme, película, etc.
Para este exemplo, vamos supor que a parede seja nova, em um prédio recém
entregue ao usuário, então, não será necessária a etapa de limpeza, retirada do
revestimento anterior, ou preparo da superfície, bastará colar o revestimento
diretamente sobre a parede.
Aqui já temos mais um componente: a cola — a menos que o produto seja
autoadesivo, como ocorre em algumas películas, mas não é usual. Primeiro,
tome a especificação do revestimento, para saber as dimensões nas quais
ele é fornecido. Os rolos de papel de parede têm largura útil de quanto? E
o comprimento? Se a quantidade for grande e for adquirido o rolo inteiro, é
fundamental saber quantos metros quadrados de parede você poderá revestir
com cada rolo.
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Assim como nas peças de cerâmica, que nem sempre são aproveitadas
inteiramente, necessitando de cortes, o mesmo pode ocorrer com o papel de
parede. Se o projeto prevê que ele seja colado no sentido vertical, em colunas,
geralmente se obtém o melhor aproveitamento. Mas o projeto pode prever
que a aplicação seja no sentido horizontal ou mista — uma faixa horizontal
e colunas verticais lado a lado.
Você terá que fazer medições para saber de quanto será a “quebra” e es-
pecificar o montante a mais, para suprir as sobras. Busque, junto ao produto
escolhido, as recomendações para colagem. Lá estará a especificação da cola
que deve ser utilizada e, geralmente, também o rendimento da cola, ou seja,
quantos metros quadrados é possível aplicar com cada quilograma do produto,
informação indispensável para você quantificar o que deverá ser comprado
para sua obra.

Relacionando os materiais com


a área de aplicação
Tendo a especificação do produto que você irá empregar, agora é o momento
de relacioná-lo com a área sobre a qual será aplicado. Veja o caso da aplicação
de revestimento cerâmico na parede de um banheiro, por exemplo.
Digamos que esse banheiro tenha as dimensões, em planta, de 2,50 m por
1,40 m, e que a altura (pé-direito) seja de 2,60 m. Para saber a área útil das
paredes em metros quadrados, some o perímetro e multiplique pelo pé-direito,
desta maneira:

2,50 + 1,40 + 2,50 + 1,40 = 7,80 m


7,80 × 2,60 = 20, 28 m2

Agora você poderá seguir por dois métodos. O primeiro, descrito ante-
riormente, é calcular uma quebra para complementar o material perdido com
recortes e acidentes na obra. Essa quebra é arbitrada entre 5 e 10% do total
de material. Se fizer assim, você pode descontar da metragem útil as áreas
ocupadas pela porta e pela janela. Para isso, multiplique a largura pela altura
de cada um e subtraia da área útil obtida anteriormente.
A outra opção para calcular a quantidade de materiais é não subtrair essas
áreas de portas e janelas, mas então não somar o montante de quebra. Convém
adotar um critério e sempre utilizar o mesmo em toda a obra, a fim de evitar
confusões.
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Tendo a área útil, você agora vai fazer os quantitativos unitários dos compo-
nentes. Para cada um metro quadrado é necessário 4,5 kg de argamassa colante
(conferir na especificação do produto que você indicar) e 1 m2 de revestimento
cerâmico (azulejo, etc.). Você então tem a situação mostrada no Quadro 1.

Quadro 1. Quantitativos unitários para a aplicação de revestimento cerâmico em parede


de banheiro

Item Unidade Coeficiente

Cerâmica m2 1,0

Argamassa colante kg 4,5

Rejunte kg 0,42

O próximo cálculo é multiplicar os quantitativos unitários pela área total


a ser revestida, que, como você já viu, é de 20,28 m 2, neste caso. Acompanhe
esse cálculo no Quadro 2.

Quadro 2. Cálculo da quantidade total necessária para cada material

Item Unidade Coeficiente Área total Quantidade total

Cerâmica m2 1,0 20,8 20,8 m2

Argamassa kg 4,5 20,8 91,26 kg


colante

Rejunte kg 0,42 20,8 8,52 kg

Conforme você já viu, para adquirir os materiais, você terá que verificar em
quais quantidades os produtos são comercializados. No caso do revestimento ce-
râmico, você deverá comprar a quantidade imediatamente superior ao total obtido.
Digamos que as peças de cerâmica sejam vendidas em caixas contendo 1,5 m2
(20 peças de 25 × 30 cm). Então, divida a quantidade de metros quadrados que
você necessita pela quantidade de metros quadrados que cada caixa fornece, assim:
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20,8 m2 / 1,5 m2 = 13,52 caixas

Logo, você terá que adquirir 14 caixas, pois 13 não serão suficientes para
cobrir todas as suas paredes.
Quanto ao rejunte, ele é disponibilizado em embalagens de 1 ou de 5 kg.
Então, você poderá solicitar uma embalagem de 5 kg (geralmente o custo
unitário é menor em embalagens maiores) e três de 1 kg.
Mas a quantificação ainda não terminou, falta a mão de obra. É comum
considerar que o profissional azulejista, para colocar um metro quadrado de
azulejo, necessite de 0,79 hora (em ambientes com área inferior a 5 m 2).

Lembre-se de que o banheiro do exemplo tem área de produção de 1,4 m × 2,5 m = 3,5 m2.

Esse azulejista contará ainda com o auxílio de um servente, mas somente


a metade do tempo dele, pois o servente pode atender a dois azulejistas si-
multaneamente. Assim, o valor do servente será computado como 0,38 h de
trabalho para cada metro quadrado.
Agora você pode completar a tabela de quantitativo, conforme o Quadro 3.

Quadro 3. Cálculo da quantidade total de material e de mão de obra

Item Unidade Coeficiente Área total Quantidade total

Cerâmica m2 1,0 20,8 20,8 m2

Argamassa kg 4,5 20,8 91,26 kg


colante

Rejunte kg 0,42 20,8 8,52 kg

Azulejista h 0,79 20,8 16,02 h

Servente h 0,38 20,8 7,71 h


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Com essas informações, você já tem condições de saber quanto custará


revestir as paredes do banheiro com cerâmica. Os preços da cerâmica e re-
junte, você obterá nas lojas de materiais de construção. Já para os custos de
mão de obra, você fará consultas com empreiteiros ou outros fornecedores
de mão de obra.
Agora você já está preparado para fazer um “orçamento detalhado”, con-
forme definido tecnicamente (CUNHA, 2017):

„„ cálculo de detalhes métricos (baseado nos projetos).


„„ cálculo dos preços unitários (custos dos elementos que entram na com-
posição de uma unidade de serviço).
„„ operações aritméticas (cálculos de volume, área ou metro linear, partindo
da medida de cada elemento que figura no projeto).

Podem existir grandes variações, que vão depender de condições especí-


ficas da sua obra. Por exemplo, há somente esse banheiro para ser revestido
no projeto? O frete inclui somente a cerâmica e o rejunte, ou também outros
materiais?
Deu para perceber que fazer o quantitativo e o orçamento de uma obra é
algo trabalhoso. Logo, também é um serviço a ser vendido para seu cliente.
Todo trabalho deve ser remunerado. O projeto de interiores é um produto. A
quantificação é outro — lembre-se de oferecê-lo ao seu cliente. Qual a vantagem
que ele terá? Bem, comprará somente a quantidade necessária de materiais
e, em relação à mão de obra, terá condições de melhor acertar os honorários
dela, poderá pagar proporcionalmente ao desenvolvimento dos trabalhos, etc.

As totalizações dos quantitativos de obras podem ser feitas com o emprego de pla-
nilhas eletrônicas (por exemplo, o Microsoft Excel), disponíveis em praticamente
todos os programas de computador. Essas planilhas dão mais agilidade aos cálculos
e diminuem a possiblidade de erros. Existem vários modelos prontos de planilhas à
disposição (CUNHA, 2017), e você poderá criar os seus próprios, adequados para as
especificidades de cada obra.
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Quanto aos coeficientes, tanto de materiais como de mão de obra, há


diversas maneiras de obter essas informações. Há publicações especializadas,
que fornecem mensalmente os valores pagos no mercado de cada região do
Brasil. Também há o SINAPI (Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e
Índices da Construção Civil), gerenciado pela Caixa Econômica Federal, de
uso obrigatório em obras públicas ou financiadas por ela. Os fabricantes de
produtos também fornecem muitas informações sobre coeficientes e outras
características de seus insumos. Essas informações podem ser consultadas tanto
nas embalagens (que você pode conferir nas lojas de materiais de construção)
como no site dos fabricantes ou distribuidores.

Como foi visto ao longo do capítulo, a Caixa Econômica Federal gerencia o SINAPI.
No site da Caixa, você pode consultar diversos coeficientes de quantificação, que são
de utilização obrigatória em várias obras públicas. Acesse o link a seguir para conferir
essas informações.

https://goo.gl/1YcMVC

Referência

CUNHA, A. M. Construção civil. Porto Alegre: SAGAH, 2017.

Leituras recomendadas
AZEVEDO, I. S. S.; ALVES, A. Orçamentos, custos e finanças no setor público. Porto Alegre:
SAGAH, 2017.
XAVIER, I. Orçamento, planejamento e custos de obras. São Paulo: FUPAM, 2008. Apostila.
Disponível em: https://pt.slideshare.net/wilsonaparecidogomes/18042010-190858.
Acesso em: 21 jan. 2019.
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