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HIDRODINÂMICA / CINEMÁTICA DOS FLUIDOS

A Cinemática dos Fluidos estuda o movimento do fluido (escoamento) sem se importar com as causas que provocam este efeito.

CLASSIFICAÇÃO DO ESCOAMENTO

ESCOAMENTO: qualquer simples alteração na forma inicial do fluido, sob ação de esforço tangencial. Também pode ser
chamado de “fluidez”.

- Quanto à direção da trajetória:


laminar: as linhas de corrente formam como “lâminas” paralelas que escoam em baixa velocidade;
turbulento: as linhas de corrente formam pequenos turbilhões (vórtices) ao longo do escoamento, geralmente em altas
velocidades;

- Quanto à variação no tempo:


permanente: as propriedades do fluido e sua velocidade não variam no tempo, num dado ponto do escoamento, podendo variar de
ponto a ponto;
transiente: as propriedades do fluido e sua velocidade variam no tempo, num dado ponto do escoamento, podendo variar também
de ponto a ponto;

- Quando à variação da trajetória:


uniforme: numa dada trajetória em todos os pontos a velocidade é constante no intervalo de tempo considerado, podendo variar
de uma trajetória para outra;
variado: os diversos pontos da trajetória não apresentam velocidade constante no intervalo de tempo considerado;

- Quanto ao movimento de rotação:


rotacional (ou com atrito): cada partícula fluida é submetida a uma velocidade angular com relação ao seu centro de massa,
devido aos efeitos de viscosidade (tensão de
cisalhamento);
irrotacional (ou sem atrito): as partículas não de deformam, fazendo-se uma concepção matemática do escoamento,
desprezando-se a influência da viscosidade;

- Quanto à compressibilidade:
compressível: as propriedades do fluido variam conforme a posição da partícula;
incompressível: as propriedades do fluido não variam conforme a posição da partícula;

- Quanto à dimensão:
unidimensional: quando o campo de velocidades varia apenas em uma dimensão;
bidimensional: quando o campo de velocidades varia em duas dimensões;
tridimensional: quando o campo de velocidades varia em três dimensões.

FENÔMENOS DE SUPERFÍCIE

Tensão Superficial

A superfície livre dos líquidos em equilíbrio se comportam como uma membrana tensa (esticada).

Entre as moléculas que constitui a matéria existe forças de interação de origem elétrica. A tensão superficial surge graças à
presença destas forças atrativas. Tais forças adquirem valores consideráveis quando a distância entre as moléculas é da
ordem de 0,000001cm, como acontece nos líquidos e principalmente nos sólidos. Para distâncias maiores, como no caso dos
gases, as forças de interação molecular são praticamente nulas. Vamos observar e analisar a figura seguinte que apresenta,
em escala ampliada, as forças de coesão atuando sobre duas moléculas líquidas, uma no interior e a outra na superfície.

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Cada molécula no interior do líquido em equilíbrio é cercada e atraída por outras moléculas. No entanto, se as forças que
atuam nesta molécula forem somadas vetorialmente, obteremos uma força resultante média nula.

Por outro lado, se considerarmos uma molécula localizada na supefície do líquido podemos observar pelo desenho da
figura, que existe uma força resultante dirigida para o interior do líquido. Como conseqüência, as moléculas da superfície
livre do líquido são mantidas, por estas forças, ligadas (presas) ao restante da massa elástica, semelhante a uma fina
membrana de borracha esticada. Isto explica, por exemplo, o fato de insetos poderem caminhar sobre a água sem afundar
ou de ser possível manter uma agulha de aço sobre a superfície da água mesmo tendo uma densidade 7,8 vezes maior que a
densidade deste líquido.

A tensão superficial apresenta algumas características:

1. tem o mesmo valor em todas as direções;


2. não depende da espessura e extensão da membrana;
3. varia com a temperatura e com a natureza da superfície de contato - diminui conforme aumenta a temperatura;

Capilaridade

Diferentemente dos sólidos os líquidos podem fluir. Suas partículas se movem quase independentemente umas das outras,
mas não tão livremente como as partículas de um gás. Forças de atração conhecidas como forças de coesão, agem entre as
partículas do líquido. Entre as partículas de um líquido e as do material em que estão encostados também existe uma força
de atração chamada de força de adesão. O efeito resultante das forças de adesão e coesão produzem a capilaridade. A
capilaridade é uma conseqüência da tensão superficial.

Sendo a força associada à tensão superficial paralela à superfície da película líquida, ela atua no sentido de puxar o líquido
para cima, o que provoca uma ascensão do mesmo através do tubo capilar. O líquido subirá até alcançar um peso igual ao
módulo desta força. Esse fenômeno contribui muito na circulação da seiva pelos tubos capilares existentes nos caules das
plantas. Nas lamparinas a álcool ou querosene, o combustível consegue atingir a chama por capilaridade.

Menisco

Quando um líquido encontra uma superfície sólida ele adquire uma forma curva chamada menisco. A forma do menisco
depende da relação entre as forças de adesão e coesão.

Viscosidade

No movimento de um líquido existe atrito entre suas moléculas e que é traduzido por uma grandeza denominada
viscosidade. A água possui viscosidade muito pequena, por isso escoa com facilidade, enquanto o óleo possui uma
viscosidade maior, isto é, escoa com mais dificuldade.

Quando um líquido se move por um tubo, o atrito das diversas camadas líquidas entre si e com as paredes do tubo
determina que nem todos os pontos do líquido se movam com a mesma velocidade. Um líquido é tanto mais perfeito quanto
menos viscoso for. A viscosidade de um líquido depende de muitos fatores porém o que mais influi é a temperatura: a
viscosidade diminui à medida que a temperatura aumenta. É muito comum aquecer os frascos com mel a fim de conseguir
que o mesmo flua com rapidez.

VAZÃO

Denomina-se vazão (Q), o volume (V) de líquido que escoa por unidade de tempo (t). A expressão matemática que
relaciona estas grandezas é:

No SI a unidade de medida da vazão é m³/s, definida como sendo a razão entre volume e tempo.

Se o fluido passar por um tubo cilíndrico, de volume V = Ad, onde A é a área transversal do cilindro e d o comprimento do
tubo temos:

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Considerando o escoamento lamelar ou estacionário, sabemos que a velocidade é constante. Neste caso d = vt.

Substituindo: que simplificando fica .

onde Q é a vazão, A a área da seção transversal do tubo e v a velocidade de escoamento.

EQUAÇÃO DA CONTINUIDADE

Na figura, esquematizamos um tubo. Sejam A1 e A2 as áreas das seções retas em duas partes distintas do tubo. As velocidades
de escoamento em A1 e A2 valem, respectivamente, v1 e v2.

Como o líquido é incompressível, o volume que entra no tubo durante um intervalo de tempo é aquele existente no cilindro de
base A1 e altura v1.t. Esse volume é igual aquele que, no mesmo tempo, sai da parte cuja seção tem área A2.

- equação da continuidade

Logo, podemos concluir que as velocidades são inversamente proporcionais às áreas das seções transversais, isto é, se a área
fica 2 ou 3 vezes maior, a velocidade diminui 2 ou 3 vezes.

Esta equação é conhecida como equação da continuidade determinada por Castelli, discípulo de Galileu.

PRESSÃO HIDRODINÂMICA

Em duas seção distintas de um mesmo tubo são colocados tubos abertos de maneira que seus extremos fiquem no mesmo nível;
servem como manômetros. Estando o líquido em repouso observaremos que nos dois tubos o líquido sobe até a mesma altura,
pois, de acordo com a lei fundamental da Hidrostática, a diferença de pressão entre dois pontos de um líquido em repouso
depende somente da diferença de altura entre eles. Porém se o líquido estiver em movimento observam-se indicações
diferentes: indica mais o que está ligado à seção maior. Como à seção maior corresponde velocidade maior, resulta que a
pressão é maior onde a velocidade é menor.

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Esta experiência ensina que:

- para os líquidos em movimento não vale a lei fundamental da Hidrostática;

- a pressão de um líquido em movimento é maior onde a velocidade é menor, ou, o que é o mesmo, onde a velocidade é maior a
pressão é menor.

A pressão não é constante nas diferentes seções de uma tubulação; porém há algo que é constante. Se escolhermos tubos em
"L", como está indicado na figura a seguir, observaremos que agora o líquido sobe até o mesmo nível nos dois, embora as
seções, pressões e velocidades sejam diferentes.

A fim de saber o que permanece constante nas diversas seções coloquemos um manômetro comum e um tubo em "L" - tubo de
"Pitot" - em dois lugares de mesma seção conforme figura abaixo. Constataremos que há entre eles um desnível h. Esse
desnível deve-se ao seguinte: no manômetro a água sobe por efeito da pressão e no tubo de Pitot, a ascensão é devida ao efeito
da pressão mais o da velocidade (por isso coloca-se a boca do tubo contra a corrente; se fosse colocada a favor a indicação
seria a mesma do manômetro). Quando a água entra no tubo em L tem uma certa velocidade v que "ajuda" a água a subir. A
altura h pode ser calculada se admitimos que é a mesma altura atingida por um corpo lançado para cima com velocidade

inicial v: sendo v a velocidade do líquido na referida seção.

Se p1 é a pressão indicada pelo manômetro e p2 a que indica o tubo de Pitot tem-se que:

Substituindo a expressão da altura h, temos:

onde p2 é a pressão hidrodinâmica, p1 a pressão hidrostática, d a densidade do fluido e v a velocidade do fluido.

Conclusão:
denomina-se pressão hidrodinâmica a soma da pressão hidrostática e a metade da densidade do fluido multiplicado pelo
quadrado da velocidade.

Conseqüência:
em um líquido em movimento todos os pontos situados ao mesmo nível têm a mesma pressão hidrodinâmica.

A pressão hidrostática fica:

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Observe que a pressão hidrostática é tanto menor quanto maior for a velocidade do fluido.

TEOREMA DE BERNOULLI

Daniel Bernoulli (1700-1782), mediante considerações de energia aplicada ao escoamento de fluidos, conseguiu estabelecer a
equação fundamental da Hidrodinâmica. Tal equação é uma relação entre a pressão, a velocidade e a altura em pontos ao
longo de uma linha de corrente.

Considere o tubo de água representado na figura abaixo.

O que faz a água subir do nível A para o nível B?

É a diferença das pressões hidrodinâmicas entre os níveis A e B, que exerce uma força realizando um trabalho W igual ao
peso do fluido deslocado verticalmente.

Onde PA é a pressão hidrodinâmica no nível A e PB é a pressão hidrodinâmica no nível B. Sabe-se que a pressão
hidrodinâmica é

Substituindo essa expressão na anterior e simplificando

Nesta expressão, p é a pressão hidrostática, 1/2dv² a pressão hidrodinâmica e dgh a pressão exercida pela coluna de líquido.

TUBO DE VENTURI

O tubo de Venturi é um tubo horizontal, dotado de um estrangulamento, conforme indica a figura abaixo.

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Adaptando-se tubos verticais laterais, observa-se que, na parte mais larga, a pressão é maior do que na parte mais estreita. O
contrário acontece com a velocidade.

De fato, pela equação da continuidade, tem-se: A1.v1 = A2.v2

Em resumo, nos condutos de seção variável, nas regiões mais estreitas, a pressão é menor e a velocidade de escoamento é
maior.

QUESTÕES

1) (UFSM) Uma agulha de aço colocada, cuidadosamente, sobre a superfície da água de um tanque flutuará, apesar de a
densidade do aço ser 7,8 vezes maior do que a da água. Esse fato é explicado, utilizando-se o conceito de
a)empuxo.
b) tensão superficial.
c) capilaridade.
d) viscosidade.
e) pressão.
2) (UFSM) Um fluido ideal percorre um cano cilíndrico em regime permanente. Em um estrangulamento onde o diâmetro do
cano fica reduzido à metade, a velocidade do fluido fica
a) reduzida a 1/4.
b) reduzida à metade.
c) a mesma.
d) duplicada.
e) quadruplicada.
3) (UFSM) A água flui com uma velocidade v, através de uma mangueira de área de seção reta A colocada na horizontal. Se,
na extremidade da mangueira, for colocado um bocal de área A/6, a água fluirá através dele, com velocidade de
a) v/6
b) v/3
c) v
d) 3v
e) 6v
4) (UFSM) Um cano de seção reta "A" escoa água em um balde num volume "V", no tempo "t". Qual a expressão que
permite determinar a velocidade "v" do fluxo de água?
a) A.V/t
b) V.A.t
c) V/A.t
d) A.t/V
e) 1/V.A.t
5) (UFSM) Em um cano de 5 cm² de seção reta ligado a um tanque, escoa água em regime permanente. Se, em 15 s, o cano
despeja 0,75 L de água no recipiente, então a velocidade da água no cano é, em centímetros por segundo,
a) 0,01
b) 0,1
c) 1,0
d) 10,0
e) 100,0
6) (UFSM) Um líquido ideal preenche um recipiente até certa altura. A 5 metros abaixo de sua superfície livre, esse recipiente
apresenta um orifício com 2 cm² de área, por onde o líquido escoa. Considerando o módulo da aceleração gravitacional g = 10
m/s² e não alterando o nível da superfície livre, a vazão através do orifício, em m³/s, vale:
a) 1.10-³
b) 2.10-³
c) 3.10-³
d) 4.10-³

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e) 5.10-³
7) (UFSM) A figura abaixo representa uma tubulação horizontal em que escoa um fluido ideal.

A velocidade de escoamento do fluido no ponto 1 é _______ que a velocidade no ponto 2, e a pressão no ponto 1, em relação à
pressão no ponto 2, é _________. Assinale a alternativa que completa corretamente as lacunas.
a) maior, maior.
b) maior, menor.
c) menor, maior.
d) menor, menor.
e) maior, igual.
8) (Mackenzie-SP) A figura ilustra um reservatório contendo água. A 5 m abaixo da superfície livre existe um pequeno orifício
de área igual a 3 cm². Admitindo g = 10 m/s², podemos afirmar que a vazão instantânea através desse orifício é:

a) 2 L/s
b) 3 L/s
c) 1 L/s
d) 10 L/s
e) 15 L/s
GABARITO
1) b; 2) e; 3) e; 4) c; 5) d; 6) b; 7) c; 8) b

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