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DOS FLUIDOS
Introdução
A compressão correta dos escoamentos de fluidos através de tubulações e
superfícies externas tem diversas aplicações, desde estudos biomecânicos
do escoamento do sangue intravenoso até o escoamento do ar sobre a
fuselagem de um avião. Geralmente, quando focamos nossos estudos
nessa área, uma característica importante do fluido é a sua energia: de
pressão, de movimento (energia cinética) ou de altura (energia potencial).
Neste contexto, a perda de carga nada mais é que a perda de energia
do fluido quando ele percorre determinada trajetória. Nessa situação, por
causa do efeito viscoso do fluido, ocorre atrito devido à interação entre
o fluido em si e à interação entre o fluido e as superfícies sólidas circun-
dantes. Essa perda de energia não é algo desejável, pois, por exemplo,
haveria mais gasto de energia com bombas para bombear o fluido por
uma tubulação (pois parte da energia é dissipada) ou menos energia
estaria disponível para ser transformada em energia elétrica em uma
turbina, devido, também, à dissipação. Para se quantificar essas perdas,
alguns parâmetros fundamentais de caracterização do escoamento são
importantes.
Neste capítulo, você aprenderá como classificar os escoamentos qua-
litativamente e quantitativamente, por meio do número de Reynolds, e
a calcular a perda de carga em escoamentos internos.
2 Perda de carga no escoamento de fluidos
(devido aos movimentos transversais das lâminas de água); nesse caso, temos
que o escoamento é turbulento.
A Figura 1, a seguir, ilustra outra situação, com tinta injetada em uma linha
de água para facilitar a observação do movimento. Com a válvula posicionada
à jusante na linha, é possível controlar a vazão do fluido. Permanecendo com
a válvula praticamente fechada, o fluido adquire uma velocidade baixa ao
longo da linha, e podendo ser observado o escoamento laminar (Figura 1a).
Ao abrir cada vez mais a válvula, ocorre a transição e, devido ao aumento da
velocidade, o escoamento se torna turbulento (Figura 1b).
Note que a explicação até o presente momento sobre o escoamento ser
laminar ou turbulento foi meramente qualitativa, ou seja, observando-se
somente o grau de movimentação e ordenamento do movimento e usando
a velocidade do fluido para isso. Entretanto, há uma forma quantitativa de
classificar se o escoamento é laminar ou turbulento, e a transição entre esses
escoamentos sofre influência de outros parâmetros além da velocidade, con-
forme veremos adiante.
(a)
(b)
Número de Reynolds
Para um escoamento ser classificado como laminar ou turbulento, três parâ-
metros relacionados à caracterização do escoamento são usados. O primeiro,
conforme já vimos, é a velocidade do escoamento. À medida que a velocidade
aumenta, ocorre a tendência de transição do escoamento laminar para o tur-
bulento. Outro parâmetro se refere ao comprimento característico do campo
de escoamento: o diâmetro de uma tubulação, por exemplo, para escoamentos
internos. Conforme esse valor aumenta, ocorre, também, a tendência de tran-
sição do escoamento laminar para o turbulento. O terceiro e último parâmetro
é a viscosidade cinemática do fluido escoando: à medida que a viscosidade
cinemática diminui, mais fácil se torna o movimento e, dessa forma, mais
fácil é para o fluido se tornar turbulento.
μ
ϑ=
ρ
VL
Re = (1)
ϑ
4(πD2/4) (a)
Dh = =D
πD
D
4a2
Dh = =a a (b)
4a
a
4ab 2ab a
Dh = = (c)
2(a + b) a + b b
Força inercial
Re =
Força viscosa
Remodelo = Rereal
r
U0 u D
x
L ρVméd
∆P = f (6)
D 2
L Vméd
2
hL = f (7)
D 2g
Perda de carga no escoamento de fluidos 11
(a) Vméd
u(r)
r
Escoamento laminar
Vméd
(b)
r
u(r)
0
Camada turbulenta
Camada de
superposição
Camada
amortecedora
Escoamento tubulento
Subcamada viscosa
Figura 4. Diferença entre os perfis de velocidade de um escoamento
(a) laminar e (b) turbulento. Observe que embora sejam distintos, ambos
apresentam a mesma velocidade média, representada pelo valor Vméd.
Fonte: Adaptada de Çengel e Cimbala (2015).
12 Perda de carga no escoamento de fluidos
( (
1 ε 2,51
= –2,0 ∙ log + (9)
√f 3,7D Re√ƒ
https://goo.gl/hkFs44
Perda de carga no escoamento de fluidos 13
ε/D = 0,001
f
De transição ε/D = 0,0001
0,01 ε/D = 0
Turbulento liso
0,001
103 104 105 106 107 108
Re
{ [ ( ( (([{
–2
ε 5,02 ε 5,02 ε 13
f = – 2,0 log – log D – log + (10)
3,7 D Re Re 3,7 D Re
Vméd2
hL = K (11)
2g
45°
v v v v
v
v v
Válvulas
Válvula de globo, completamente aberta: KL = 10 Válvula de gaveta, completamente aberta: KL = 0,2 Figura 6. Alguns valores
1
Válvula de ângulo, completamente aberta: KL = 5 4 fechada: KL = 0,3
1
de K para acessórios
Válvula de esfera, completamente aberta: KL = 0,05 2 fechada: KL = 2,1
3
usualmente encontrados
Válvula de retenção de batente: KL = 2 4 fechada: KL = 17
em escoamentos internos.
* Esses valores são representativos para os coeficientes de perda. Os valores reais dependem muito do projeto e da fabricação das componentes e podem diferir dos Fonte: Adaptada de Çengel e
valores dados de forma considerável (particularmente para as válvulas). Os dados reais do fabricante devem ser usados no projeto final. Cimbala (2015).
Perda de carga no escoamento de fluidos
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Leituras recomendadas
BARRAL, M. F. Perda de carga. 30 p. Santo André: Centro Universitário Fundação Santo
André, 2007. (Notas de Aula). Disponível em: http://www.leb.esalq.usp.br/leb/disci-
plinas/Fernando/leb472/Aula_7/Perda_de_carga_Manuel%20Barral.pdf. Acesso em:
26 mar. 2019.
WHITE, F. M. Mecânica dos fluidos. 8. ed. Porto Alegre: AMGH; Bookman, 2018. 864 p.