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Disciplina: Hidráulica

AULA 02
Revisão Fenômenos de transporte

Professor: Ricardo Horta


Conceitos básicos
• Hidráulica: Ciência que estuda as características físicas de fluidos líquidos
em repouso (hidroestática) ou em movimento (hidrodinâmica).

• Fluidos: Pode-se definir fluido como qualquer substância que, sob a ação


de uma força tangencial, se deforma continuamente no sentido desta força.
Incluem os líquidos, gases, e o plasma.
Classificação dos fluidos
Os fluidos podem ser classificados segundo três categorias: (i) tipo de escoamento,
(ii) regime de escoamento e quanto ao seu (iii) comportamento reológico.
(i) Tipos de escoamento:
• Laminar: Partículas movem-se em trajetórias bem definidas, em lâminas ou
camadas. Em geral, ocorre para fluidos muito viscosos ou em baixas
velocidades.
• Turbulento: Partículas movem-se em trajetórias irregulares, com movimento
aleatório. Situação mais comum nos problemas práticos de engenharia. Fluidos
pouco viscosos ou em altas velocidades.
Experimento de Reynolds (1883)
Experimento de Reynolds (1883)
A experiência de Reynolds (1883) demonstrou a existência de dois tipos de
escoamentos, o escoamento laminar e o escoamento turbulento. O
experimento teve como objetivo a visualização do padrão de escoamento de
água através de um tubo de vidro, com o auxílio de um fluido colorido
(corante).
Experimento de Reynolds (1883)
Aspecto do escoamento no tubo de vidro
Para pequenas vazões, o líquido corante forma um
filete contínuo paralelo ao eixo do tubo. Vazões
crescentes induzem oscilações que são amplificadas
à medida que o aumento vai ocorrendo, culminando
no completo desaparecimento do filete, ou seja,
uma mistura completa no interior do tubo de vidro
do líquido corante, indicando uma diluição total. É
possível concluir que ocorrem dois tipos distintos de
escoamentos separados por uma região de
transição.
Aspecto do escoamento no tubo de vidro
Inicialmente, usando pequenas velocidades, ele
observou que o líquido escoava-se ordenadamente,
como se lâminas do líquido se deslizassem uma em
relação às outras, e a este estado de movimento ele
denominou laminar. Logo que a velocidade foi
sendo gradativamente aumentada, ele observou que
o líquido passou a escoar de forma desordenada,
com as trajetórias das partículas se cruzando, sem
uma direção definida. A este estado de movimento
ele chamou de turbulento ou desordenado.
Zona de transição
Tentando repetir a sua experiência, em sentido contrário, começando de uma
velocidade maior (regime turbulento) e, gradativamente reduzindo a velocidade,
ele observou que o fluido passou do regime turbulento para o laminar, porém a
velocidade que ocorreu nesta passagem era menor que aquela em que o regime
passou do laminar a turbulento. Ficou, portanto, uma faixa de velocidade onde
não se pôde definir com exatidão qual o regime de escoamento. A esta faixa,
chamou de zona de transição.
Velocidade crítica de escoamento

Velocidade crítica superior: é aquela onde ocorre a passagem do regime laminar


para o turbulento.

Velocidade crítica inferior: é aquela onde ocorre a passagem do regime


turbulento para o laminar.
Tipos de escoamento
As principais características dos escoamentos são:
a) Escoamento laminar: é definido como aquele no qual o fluido se move em camadas,
ou lâminas, uma camada escorregando sobre a adjacente havendo somente troca de
quantidade de movimento molecular.
b) Escoamento turbulento: é aquele no qual as partículas apresentam movimento
caótico macroscópico, isto é, a velocidade apresenta componentes transversais ao
movimento geral do fluido. O escoamento turbulento apresenta também as seguintes
características importantes: Irregularidade, difusividade, elevado número de Reynolds,
flutuações tridimensionais (vorticidade), dissipação de energia.
Número de Reynolds (Re)
A natureza de um escoamento, isto é, se laminar ou turbulento e sua posição relativa
numa escala de turbulência é indicada pelo número de Reynolds (Re). O número de
Reynolds é a relação entre as forças de inércia (Fi) e as forças viscosas (Fμ):
Número de Reynolds

Re = ρvD / μ Re = vD / υ
Re: adimensional
υ: viscosidade cinemática (m²/s)
v: velocidade do fluido (m/s);
υ = μ / ρ (m²/s)
D: diâmetro interno da tubulação(m);
νágua = 1,02 x 10-6 m2.s-1
ρ : densidade do líquido (kg/m3);
μágua = 1,02 x 10-3 Pa.s
μ: viscosidade dinâmica (Pa.s = 1N.s /m2)
Número de Reynolds
Através das experiências realizadas por Reynolds, este estabeleceu que:
Re < 2300: escoamento laminar
2300 < Re < 2400: regime de transição
Re > 2400: escoamento tubulento
A classificação atual estabelecida pela ABNT difere um pouco da estabelecida
por Reynolds e é a seguinte :
Re ≤ 2000 escoamento laminar;
2000 < Re < 4000 → escoamento de transição; e
Re ≥ 4000 escoamento turbulento.
Número de Reynolds
De modo geral, por causa da pequena viscosidade da água e pelo fato da
velocidade de escoamento ser sempre superior a 0,4 ou 0,5 m.s -1, o regime
dos escoamentos, na prática, é turbulento.

Supondo escoamento de água em uma tubulação de 20mm e vmín de 0,4 m.s-1


Re = vD / υ
Re = 0,4 x 0,02 / 1,02 x 10-6 = 7843,14 > 2400 (escoamento turbulento)
Situação mais comum nos problemas práticos de engenharia
Classificação dos fluidos
(ii) Regimes de escoamento:
• Livre: O líquido está sempre em contato com a atmosfera (superfície livre,
sujeito à pressão atmosférica). Sua seção transversal funciona parcialmente
cheia. O escoamento do líquido ocorre por ação exclusiva da gravidade.
Ex: córregos, rios, canais, tubulações parcialmente cheias.
• Sob pressão ou forçado: Conduto fechado, sem contato com o meio
externo. A pressão exercida pelo líquido sobre a parede da tubulação é
diferente da pressão atmosférica. O líquido circulante preenche toda a
seção transversal. Ocorre pela ação da gravidade ou através de
bombeamento. Ex: interior das tubulações.
Escoamento em condutos livres
Escoamento em condutos forçados
Classificação dos fluidos
(iii) Comportamento reológico:

Reologia é o campo da ciência que estuda a deformação e o fluxo da matéria.


O termo foi definido em 1929 por Eugene Cook Bingham e tem sua origem na
palavra grega rheos que significa fluir e logos que significa estudo ou
ciência.
Comportamento reológico
Experimento das placas paralelas
Fluidos Newtonianos
Fluido não-Newtoniano
Viscosidade aparente ou absoluta
Comportamento reológico

 Fluidos newtonianos apresentam taxas de deformação diretamente


proporcionais às tensões cisalhantes aplicadas. Ex: água.
 Fluidos não newtonianos não apresentam taxas de deformação
proporcionais às tensões cisalhantes aplicadas. Ex: tintas, concreto, pasta
de dente, polímeros.
Comportamento reológico
Comportamento reológico
Revisão
 Pressão;
P = F/A (N/m2)
• 1 Pa = 1 N/m2
• 1 kPa = 103 N/m2
• 1 MPa = 106 N/m2
• 1atm = 1,01*105 N/m2

Vasos comunicantes

A pressão que um fluido exerce sobre uma superfície qualquer só depende da altura!
A pressão não depende do volume do recipiente mas sim da coluna d’água (Lei de Stevin)
Revisão
 Pressão;

P = F/A
P = mg/A
P = ρvg/A
P = ρvg/A x h/h
 P = ρvgh/A.h
P = ρvgh/v
P = ρgh
Revisão
 Pressão;
Equação de continuidade
fluxo ou vazão: Ø = (m3/s ou L/s)
ØA =  ØB
=
V = A*x
=, mas v = d/

Aa*va = Ab*vb= constante

S1v1 = S2*v2 = constante


Conceitos básicos
Eq. de continuidade e Equação de energia (Equação de Bernoulli)
Premissa: São aplicáveis para os fluidos ideais.
Características de um fluido ideal:
 Homogêneo;
 Incompressível (densidade sempre permanece constante com o tempo);
 Não viscoso (não apresenta resistência ao escoamento);
 Escoamento estacionário (pressão e velocidades são sempre as mesmas
em um determinado ponto de escoamento do líquido).
Revisão
Revisão
Equação de pressão (Equação de Bernoulli)

P1 ρgh1 P2 ρgh2 constante

Carga estática
Carga dinâmica

• P1 – pressão inicial (N/m2)

• ρgh1 – carga de pressão devido à energia potencial (N/m2)

• – carga de pressão devido à energia cinética (N/m2)


Exemplos práticos
Revisão
Equação de carga (Equação de Bernoulli): Convertendo a equação da
unidade de pressão (N/m2) para carga vertical (m)
P1 ρgh ) dividido pelo peso específico do líquido (), tem como resultado:
s/m3)= ρ (/m3). g (m/s2)

ÁGUA =
1000kg/m3 ou
1g /cm3

(m) ÁGUA =
10.000N/m2 ou
1g /cm3
Revisão
Equação de carga (Equação de Bernoulli)
ΔH12

Carga estática Carga dinâmica


• (m) – energia ou carga de pressão
• (m) – carga de posição (energia potencial de posição em relação a um
plano horizontal de referência)
• (m) – energia ou carga cinética
• ΔH (m) – perda de carga ou perda de energia (na forma de calor e atrito
com a tubulação)
Questão 1
Determinar a velocidade de saída no ponto 2, a partir da eq. de Bernoulli
0 0
P1 ρgh1 P2 ρgh2
P1 = P2 = Patm

ρgh1 =
V2 = (2gh1)
V2 = (2. 9,8. 10)
Dados:
h1 = 10m
V2 = /s
g = 9,8m/s2
Questão 2
Água entra em uma tubulação de 70cm de diâmetro interno a 0,2 m3/s a 300kPa. A
tubulação obtém uma queda de elevação de 25m, passando por uma tubulação de
50cm de diâmetro interno. Calcule a velocidade e a pressão da água na seção 2 da
tubulação.
Questão 2
Determinar a velocidade e a pressão da água no ponto 2.
0

Q = Av Dados:
V1 = Q/A = 0,2/π (0,7)2/4 = 0,52m/s D = 0,7m, d=0,5m;
V2 = Q/A = 0,2/π (0,5)2/4 = 1,02m/s H=25m;
Q=0,2m3/s
P1 = 300KPa
Questão 2
Determinar a velocidade e a pressão da água no ponto 2.

γ =ρ.g = 1000kg/m3 x 9,81m/s


γ =9810N/m3
25
P2 = 544.826,27 Pa
Dados: P2 = 544,8 kPa
D = 0,7m, d=0,5m;
H=25m;
Q=0,2m3/s
P1 = 300KPa
Diagrama de energia no escoamento
Diagrama de energia no escoamento
• Plano de carga efetivo: É a linha que demarca a continuidade da altura da
carga inicial, através das sucessivas seções de escoamento;
• Linha piezométrica: Linha imaginária que representa apenas as parcelas
estáticas da carga ( Z). Fica acima do conduto de uma distância igual à
pressão existente, e é expressa em altura do líquido. É chamada também de
gradiente hidráulico.
• Linha de energia: Linha imaginária que representa a energia total do fluido
em um duto ou canal aberto ().
Obs: para fluidos em escoamento livre (canal
aberto), a linha piezométrica sempre coincide
com a superfície do fluido.
Conceitos básicos
1- À medida que a velocidade do fluxo
diminui, as linhas de energia e piezométrica
se aproximam;

2- As linhas se direcionam para baixo na


direção do fluxo devido à perda de carga;

3- Mudanças bruscas (curvas acentuadas,


alargamento, redução) causam descidas
bruscas nas duas linhas;

4- Um conjunto motor-bomba causa um


aumento brusco nas duas linhas, uma
turbina tem o efeito contrário.
Conceitos básicos
5- O líquido irá consumir energia para vencer
as resistências ao escoamento entre as seções
1 e 2. Portanto a carga total em 2 será menor
do que em 1, e esta diferença é a energia
dissipada sob forma de calor.

6- Como a energia calorífica (derivada do atrito


entre o fluido e as paredes da tubulação) não
tem utilidade no escoamento do líquido, diz-se
que esta parcela é a perda de carga ou perda
de energia, simbolizada comumente por: hf.
Questão 3 - Resolução

• P1 + γaguad – 0,1 γHg – γ agua(d-0,1) = P2


• P1 + γaguad – 0,1 γHg – γ agua d + 0,1γagua = P2

• P1-P2 = +0,1 γHg - 0,1γagua


γ = 104N/m3
agua

• P1-P2 = 0,1(γHg - γagua )


• P1-P2 = 0,1(13,6 – 1)*104
Questão 3 - Resolução

P1-P2 = 12,6.103 N/m2

A1v1 = A2v2

v2 = A1v1/A2
v2 = 20v1/10
v2 = 2v1
Questão 3 - Resolução
ΔH12

1,26 (4v12 v12) /2.10


3v12 25,2
v1 2,898m/s

Q = A1.v1 = 20.10-4 . 2,898 = 0,0058 m3/s


Obrigado!
Dúvidas: ricardo.horta@cefetmg.br

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