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Mecânica dos Fluidos

Aula 13

Escoamento viscoso
incompressível
Classificação dos
escoamentos viscosos
Camada limite
Escoamento viscoso incompressível
Objetivo geral

Aplicar os princípios básicos da conservação da


massa, da quantidade de movimento e da energia
aos escoamentos viscosos incompressíveis.

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Escoamento viscoso incompressível
Objetivos específicos

 Analisar o escoamento viscoso em tubos e dutos;


 Identificar os valores limites para o Nº de Reynolds;
 Computar NRe para escoamentos em tubos
cilíndricos;
 Descrever o perfil de velocidades para o
escoamento laminar.
 Definir raio hidráulico;

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Escoamento viscoso incompressível
Introdução
 Na unidade anterior estudamos os princípios
básicos que descrevem a conservação da massa,
da quantidade de movimento e da energia;
 Foram impostas algumas restrições, entre elas, que
o fluido era invíscido;
 No entanto, não existe fluido sem viscosidade.

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Escoamento viscoso incompressível
Introdução
 A viscosidade dá origem às forças de cisalhamento,
que são inexistentes em um fluido perfeito.
 A viscosidade cinemática da água é da ordem de
10-5.
 Sendo assim, era de se esperar que os efeitos
viscosos fossem desprezíveis em relação a outras
forças na equação do momento linear.
 Esta condição é, em parte verdadeira, em campos
afastados de corpos sólidos, como veremos.
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Escoamento viscoso

HISTÓRICO

•séc. XVIII – Leonhard Euler - começou


a dedução sistemática das equações que
regem o comportamento do escoamento
dos fluidos (não viscosos)
Fonte: BBC media

• séc XIX – Claude Navier (1827) e


Simeon Poisson (1831) – Introduziram
os efeitos da viscosidade nas equações
de Euler.
Escoamento viscoso

HISTÓRICO

• séc XIX – Barre de Saint-Venant


(1843) e George Stokes (1845) –
introduziram o conceito de:
Tensão de cisalhamento como uma
função linear da taxa de deformação
Pressão termodinâmica num ponto do
escoamento

Fonte: BBC media


Escoamento viscoso

EQUAÇÕES DE NAVIER - STOKES

• Equações diferenciais parciais não lineares;


• Obtidas a partir da segunda Lei de Newton;
•Válida para fluido contínuo (diferenciável)
Escoamento viscoso incompressível
Histórico
 1845 - Formulação das equações do movimento de
fluidos viscosos de Navier-Stokes;
(Grande dificuldade)
 Engenheiros práticos não se entusiasmaram com
os esforços matemáticos;
 Séc. XIX – Estudo da dinâmica dos fluidos ficou
dividido entre a análise teórica e empírica.
 1904 – Prandtl introduziu o conceito da camada
limite, que possibilitou a reunificação dos 2 ramos
9 de estudiosos.
Escoamento viscoso incompressível
Classificação

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Escoamento viscoso incompressível
Experimento de Reynolds
Osborne Reynolds fez uma experiência para tentar
caracterizar o regime de escoamento, que a
princípio ele imaginava depender da velocidade de
escoamento.

OSBORNE REYNOLDS

11 (1842 - 1912)
Escoamento viscoso incompressível
Experimento de Reynolds
A experiência consistia em fazer o fluido escoar com
diferentes velocidades, para que se pudesse
distinguir a velocidade de mudança de
comportamento do fluido em escoamento e
caracterizar estes regimes.
Para visualizar mudanças, era injetado na tubulação o
corante permanganato de potássio, utilizado como
contraste.

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Escoamento viscoso incompressível
Experimento de Reynolds

 Inicialmente, usando pequenas velocidades, ele


observou que o líquido escoava ordenadamente,
como se lamínulas do líquido deslizassem umas em
relação às outras, e a este estado de movimento,
ele denominou laminar.

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Escoamento viscoso incompressível
Experimento de Reynolds

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Escoamento viscoso incompressível
Experimento de Reynolds

 Logo que a velocidade foi sendo gradativamente


aumentada, ele observou que o líquido passou a
escoar de forma desordenada, com as trajetórias
das partículas torcendo-se e cruzando-se,
formando novelos de fluidos, sem uma direção
definida. A este estado de movimento, ele chamou
de turbulento ou desordenado.

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Escoamento viscoso incompressível
Experimento de Reynolds

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Escoamento viscoso incompressível
Experimento de Reynolds

 A diferença entre os dois tipos de escoamento está


associada ao fato de que, no escoamento laminar ,
tem-se transferência de quantidade de movimento
a nível molecular.
 No escoamento turbulento, as partículas se
misturam rapidamente enquanto se movimentam
ao longo do escoamento, a nível macroscópico.

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Escoamento viscoso incompressível
Experimento de Reynolds

 Esta diferença está associada com as forças que


atuam no elemento de fluido.
 Quando as forças viscosas dominam em relação às
forças de inércia, o escoamento apresenta
comportamento laminar.
 Quando as forças de inércia dominam sobre as
viscosas, o escoamento se comporta como
turbulento.
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Escoamento viscoso incompressível
Experimento de Reynolds

O parâmetro que mede a razão entre as forças de


inércia e forças viscosas recebe o nome do
cientista que inicialmente estudou o escoamento
dos fluidos viscosos:
 Número de Reynolds, Re

ρv D
 Definido como: Re =
μ
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Escoamento viscoso incompressível
Experimento de Reynolds

Tentando repetir a experiência em sentido


contrário, começando de uma velocidade maior
(regime turbulento) e, gradativamente reduzindo a
velocidade, Reynolds observou que:

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Escoamento viscoso incompressível
Experimento de Reynolds

 O fluido passou do regime turbulento para o


laminar, porém a velocidade em que ocorreu esta
passagem era menor que aquela em que o regime
laminar passou a turbulento.
 Ficou, portanto, uma faixa de velocidade onde não
se pôde definir com exatidão qual o regime de
escoamento. A esta faixa, ele chamou de zona de
transição.
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Escoamento viscoso incompressível
Experimento de Reynolds

Sendo assim, ele distinguiu duas velocidades:

 Velocidade crítica superior: é aquela onde ocorre


a passagem do regime laminar para o turbulento;

 Velocidade crítica inferior: é aquela onde ocorre a


passagem do regime turbulento para o laminar.

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Escoamento viscoso
Experimento de Reynolds

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Escoamento viscoso incompressível
Números de Reynolds críticos

ρv D
μ

OSBORNE REYNOLDS
(1842 - 1912)

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Escoamento viscoso incompressível
Exemplo 8.1 MOTT, 4ª ed.
Enunciado
Determine se o fluxo é laminar ou turbulento se água a
70ºC escoa em uma tubulação com uma vazão de
285L/min.

DADOS:
Diâmetro do tubo: 25mm
Viscosidade cinemática da água: 4,11 x 10-7 m2/s

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Escoamento viscoso incompressível
Exemplo 8.1 MOTT, 4ª ed. Modelo
Dados Matemático
ρv D v D
D = 25mm Re = =
μ ∨
Visc cinem.= 4,11 x 10-7 m2/s Q πD 2
v= A=
A 4
Pede-se: Resolução
Re = ? πD 2 3,14 x ( 25mm ) 2 1m 2
A= = x = 5 x10 − 4 m 2
4 4 10 6 mm 2
Q L 1m3 1min 1
v= = 285 x x x = 9,5m / s
A min 1000 L 60s 5,0 x10 − 4 m 2
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Escoamento viscoso incompressível
Exemplo 8.1 MOTT, 4ª ed. Modelo
Dados Matemático
ρv D v D
D = 25mm Re = =
μ ∨
Visc= 4,11 x 10-7 m2/s
v = 9,5m / s

Pede-se: Resolução
= 9,5 x 25 x10 − 3 m x
vD m 1 s
Re = ? Re = = 5,82 x105
∨ s 4,11x10 − 7 m 2

Re = 5,82 x105 ( Escoamento turbulento )


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Escoamento viscoso incompressível

 Em um escoamento laminar, unidimensional, a


Tensão de cisalhamento está relacionada com o
gradiente de velocidade, pela relação simples:

dv
τ= μ
dy

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Escoamento viscoso incompressível

 Para escoamento turbulento, nenhuma relação


simples é valida.
 Flutuações tridimensionais e aleatórias da
velocidade aumentam a tensão de cisalhamento
efetiva.
 Consequentemente, não existem relações
universais entre o campo de Tensões e o campo de
velocidades para os escoamentos.

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Escoamento viscoso incompressível

 A turbulência é um fenômeno inevitável e quase


sempre indesejável, porque cria resistência ao
escoamento;
 Embora muitos escoamentos turbulentos de
interesse sejam permanentes, a presença de
flutuações aleatórias de velocidade torna a análise
do escoamento extremamente difícil, sem solução
analítica, apoiada fortemente em teorias semi-
empíricas e em dados experimentais.

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Escoamento viscoso incompressível
Escoamento interno

 O transporte de fluidos normalmente é conduzido


em condutos fechados. Como os escoamentos
internos e externos apresentam características
diferentes, é conveniente estudá-los
separadamente.

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Escoamento viscoso incompressível
Escoamento interno
 Os escoamentos internos são confinados por
superfícies sólidas, como: tubos, dutos, bocais,
difusores, contrações,
expansões,
válvulas e acessórios.

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Escoamento viscoso incompressível
Escoamento em tubos

Algumas regras básicas devem ser estabelecidas antes


de iniciarmos o estudo dos escoamentos internos:

 O duto está totalmente preenchido com fluido;


 O principal mecanismo que promove o escoamento do
fluido é o gradiente de pressão;

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Escoamento viscoso incompressível
Exemplo 8.1 MUNSON, 2ª ed.

Enunciado
Água a 10ºC escoa num tubo que apresenta D = 19mm.
Determine:
a) O tempo mínimo para encher um copo de 359ml com
água, se o escoamento for laminar.
b) O tempo máximo para encher o mesmo copo, se o
escoamento for turbulento.
DADOS:
3 μ = 1,307 x 10 − 3 N .s / m 2
ρ = 1000 Kg / m
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Exemplo 8.1 MUNSON 2ª ed.

. Modelo
Dados Matemático
ρv D
ρ = 1000 Kg / m3
Re =
μ
μ = 1,307 x 10 − 3 N .s / m 2 V
Q= vxA πD 2
Q= A=
t 4
D = 19mm Resolução
Re μ − 3 N .s m3 1
V = = 2300 x 1,307 x10 x x = 0,15m / s
ρD m 2 103 Kg 19 x10 − 3 m
Pede-se:
= 4 x 359 x10 − 6 m 3 x
4 xV s
t= = 8,44 s
t=? v x π D2 3,14 x (0,019m) 2 x0,15m
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Escoamento viscoso incompressível
. Modelo
Dados Matemático
ρv D
ρ = 1000 Kg / m3
Re =
μ
V πD 2
μ = 1,307 x 10 − 3 N .s / m 2 Q= Q= vxA A=
t 4
D = 19mm Resolução
Re μ − 3 N .s m3 1
V = = 4000 x 1,307 x10 x x = 0,275m / s
ρD m 2 103 Kg 19 x10 − 3 m
Pede-se:
= 4 x 359 x10 − 6 m 3 x
4 xV s
t= = 4,6 s
t=? v x π D2 3,14 x (0,019m) 2 x0,275m
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Escoamento viscoso incompressível
Escoamento em tubos

 As observações experimentais mostram que


quando um fluido escoa paralelamente a uma
superfície, as moléculas do fluido em contato com a
superfície aderem a esta. É como se a viscosidade
tivesse o mesmo efeito de uma cola.
 A velocidade relativa do fluido na superfície do
tubo é zero.

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Escoamento viscoso incompressível
Escoamento em tubos

 As moléculas do fluido aderidas à superfície


exercem sobre as demais um efeito de frenagem
que diminui, à medida que se aproxima do centro
da tubulação.
 Desta forma, percebe-se que não há atrito da
massa fluida com as paredes da tubulação, devido
à existência de uma camada de velocidade igual a
zero adjacente às paredes, denominada de camada
limite.
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Escoamento viscoso incompressível
Escoamento em tubos

 Analisando a geometria de um tubo, percebemos


que este apresenta uma seção de alimentação e
uma de descarga.
 A região do escoamento próxima da seção de
alimentação é denominada região de entrada.
 Normalmente o fluido entra no conduto, com um
perfil de velocidade uniforme.

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Escoamento viscoso incompressível
Escoamento em tubos
Região de entrada X Escoamento plenamente desenvolvido

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Escoamento viscoso incompressível
Escoamento em tubos

 Não existe linha divisória precisa entre a região do


escoamento potencial, onde o atrito é desprezível,
e a camada limite.
 No entanto, é costume defini-la como a região em
que a velocidade do fluido (paralela à superfície) é
inferior a 99% da velocidade da corrente livre.

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Escoamento viscoso incompressível
Escoamento em tubos

 A espessura da camada limite aumenta ao longo


da superfície a partir do bordo de ataque, onde é
zero.
 O escoamento se inicia como laminar, e à medida
que a camada aumenta ao longo da superfície,
aparece a região de transição, e o escoamento na
camada limite pode tornar-se turbulento, se o
comprimento de entrada for suficientemente longo.
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Escoamento viscoso incompressível
Escoamento em tubos

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Escoamento viscoso incompressível
Escoamento em tubos

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Escoamento viscoso incompressível
Perfil de velocidade no escoamento em tubos

 O perfil de velocidade do escoamento em um tubo


depende das características do escoamento
(laminar ou turbulento) e do comprimento de
entrada.
 A sequência laminar-transição-turbulenta ocorre em
todos os escoamentos, desde que o comprimento
de entrada seja suficientemente longo.

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Escoamento viscoso incompressível
Escoamento em tubos

Com relação ao comprimento de entrada (Le), o


número adimensional Le/D correlaciona –se com
Re. Os valores típicos dos comprimentos de
entrada são dados por:

 Para escoamento laminar: Le/D = 0,06 Re


 Para escoamento turbulento Le/D = 4,4 (Re)1/6

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Escoamento viscoso incompressível
Escoamento em tubos

 Para Re muito baixos (Re = 10), o comprimento de


entrada pode ser curto: Le = 0,6 D
 Para Re próximos do limite crítico do escoamento
laminar (Re = 2000), o comprimento de entrada
pode ser grande: Le = 120 D

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Escoamento viscoso incompressível
Perfil de velocidade nos escoamento em tubos

 Os cálculos do perfil de velocidade e da


distribuição de pressão na região de entrada são
muito complexos

 A partir do final da região de entrada o escoamento


é mais simples de descrever, porque a velocidade é
é independente de x. É função somente do raio.

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Escoamento viscoso incompressível
Perfil de velocidade nos escoamento em tubos

 Desde que as características do tubo continuem as


mesmas, o escoamento terá as características de
plenamente desenvolvido, sem sofrer as
interferências da camada limite.

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Escoamento viscoso incompressível
Perfil de velocidade nos escoamento em tubos

 No entanto, nem sempre isto acontece.


Frequentemente , de alguma maneira o diâmtero
pode ser alterado devido a contrações, ou aumento
do diâmetro, presença de curvas, ou outros
componentes.
 Desta forma, quando as distâncias entre os
componentes da tubulação são pequenas, o
escoamento plenamente desenvolvido nunca é
atingido.
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Escoamento viscoso incompressível
Queda de pressão nos escoamento em tubos

 Nestas regiões onde o escoamento não é


plenamente desenvolvido, como é o caso da região
de entrada, o fluido acelera e desacelera. Existe um
equilíbrio entre as forças de pressão, as forças
viscosas e as forças de inércia. O resultado disto é
a formação de um gradiente de pressão.

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Escoamento viscoso incompressível
Queda de pressão nos escoamento em tubos

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Escoamento viscoso incompressível
Queda de pressão nos escoamento em tubos

 O módulo do gradiente de pressão é maior na


região de entrada do que na região de escoamento
plenamente desenvolvido.

 A força de pressão é necessária para vencer as


forças viscosas geradas no escoamento.

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Escoamento viscoso incompressível
Vazão nos escoamento em tubos
 Por causa da queda de pressão, a vazão do fluido
sofre alterações.

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Escoamento viscoso incompressível
Vazão nos escoamento em tubos
 Para escoamento laminar, a vazão é diretamente
proporcional à
queda de pressão.

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Escoamento viscoso incompressível
Vazão nos escoamento em tubos
 Para escoamento turbulento, com Re muito
grandes, a vazão é
proporcional à
raiz quadrada
da queda de
pressão.

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Escoamento viscoso incompressível
Escoamento laminar plenamente desenvolvido

Há 3 alternativas clássicas para estudar o


escoamento laminar plenamente desenvolvido:

 A partir das equações de Navier Stokes;


(Computacional)
 A partir da análise dimensional;
 A partir da Segunda Lei de Newton (Analítica)

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Referências
 CARVALHO, Daniel Fonseca de. Fundamentos de Hidráulica. Cap. 7.
2009
 FOX, Robert W.; McDONALD, Alan T. Introdução à mecânica dos
fluidos. Ed. LTC: Rio de Janeiro. 2009. 6ªed.
 HANSEN, Arthur G. Mecánica de fluidos. Ed. Limusa: México.1974.
Parte IV. Cap. 10
 LOUREIRO, Eduardo - Mecânica dos Fluidos
 MOTT, Robert L. Applied Fluid Mechanics. Prentice Hall: New Jersey.
1994
 MUNSON, Bruce R; YOUNG, Donald F.; OKIISHI, Theodore H.
Fundamentos da mecânica dos fluidos. Edgard blucher: São Paulo.
1997. Vol 1
 http://www.escoladavida.eng.br/mecflubasica/aulasfei/22008/exp_Reynolds.ht

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