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Introdução aos Fenômenos de

Transporte – TEC 414


Aula 7
Escoamento viscoso
incompressível
Classificação dos
escoamentos viscosos
Camada limite
Escoamento viscoso incompressível
Objetivo geral

Aplicar os princípios básicos da conservação da massa, da


quantidade de movimento e da energia aos escoamentos
viscosos incompressíveis.

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Escoamento viscoso incompressível
Objetivos específicos

 Analisar o escoamento viscoso em tubos e dutos;


 Identificar os valores limites para o Nº de Reynolds;
 Computar NRe para escoamentos em tubos cilíndricos;
 Descrever o perfil de velocidades para o escoamento laminar

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Escoamento viscoso incompressível
Introdução
 Na unidade anterior estudamos os princípios básicos que descrevem a
conservação da massa, da quantidade de movimento e da energia;
 Foram impostas algumas restrições, entre elas, que o fluido era
invíscido;
 No entanto, não existe fluido sem viscosidade.

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Escoamento viscoso incompressível
Introdução
 A viscosidade dá origem às forças de cisalhamento, que são inexistentes em um fluido perfeito.
 A viscosidade cinemática da água é da ordem de 10 -5.
 Sendo assim, era de se esperar que os efeitos viscosos fossem desprezíveis em relação a
outras forças na equação do momento linear.
 Esta condição é, em parte verdadeira, em campos afastados de corpos sólidos, como
veremos.

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Escoamento viscoso

HISTÓRICO

•séc. XVIII – Leonhard Euler - começou


a dedução sistemática das equações que
regem o comportamento do escoamento
dos fluidos (não viscosos)
Fonte: BBC media

• séc XIX – Claude Navier (1827) e


Simeon Poisson (1831) – Introduziram
os efeitos da viscosidade nas equações
de Euler.
Escoamento viscoso

HISTÓRICO

• séc XIX – Barre de Saint-Venant


(1843) e George Stokes (1845) –
introduziram o conceito de:
Tensão de cisalhamento como uma
função linear da taxa de deformação
Pressão termodinâmica num ponto do
escoamento

Fonte: BBC media


Escoamento viscoso incompressível
Histórico
 1845 - Formulação das equações do movimento de fluidos viscosos de Navier-Stokes;

(Grande dificuldade)
 Engenheiros práticos não se entusiasmaram com os esforços matemáticos;
 Séc. XIX – Estudo da dinâmica dos fluidos ficou dividido entre a análise teórica e empírica.
 1904 – Prandtl introduziu o conceito da camada limite, que possibilitou a reunificação dos 2
ramos de estudiosos.

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Escoamento viscoso incompressível
Classificação

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Escoamento viscoso incompressível
Experimento de Reynolds
Osborne Reynolds fez uma experiência para tentar
caracterizar o regime de escoamento, que a
princípio ele imaginava depender da velocidade de
escoamento.

OSBORNE REYNOLDS

10 (1842 - 1912)
Escoamento viscoso incompressível
Experimento de Reynolds
A experiência consistia em fazer o fluido escoar com
diferentes velocidades, para que se pudesse
distinguir a velocidade de mudança de
comportamento do fluido em escoamento e
caracterizar estes regimes.
Para visualizar mudanças, era injetado na tubulação o
corante permanganato de potássio, utilizado como
contraste.

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Escoamento viscoso incompressível
Experimento de Reynolds

 Inicialmente, usando pequenas velocidades, ele observou que o líquido


escoava ordenadamente, como se lamínulas do líquido deslizassem
umas em relação às outras, e a este estado de movimento, ele
denominou laminar.

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Escoamento viscoso incompressível
Experimento de Reynolds

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Escoamento viscoso incompressível
Experimento de Reynolds

 Logo que a velocidade foi sendo gradativamente aumentada, ele observou que o
líquido passou a escoar de forma desordenada, com as trajetórias das partículas
torcendo-se e cruzando-se, formando novelos de fluidos, sem uma direção
definida. A este estado de movimento, ele chamou de turbulento ou desordenado.

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Escoamento viscoso incompressível
Experimento de Reynolds

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Escoamento viscoso incompressível
Experimento de Reynolds

 A diferença entre os dois tipos de escoamento está associada ao fato de que, no


escoamento laminar , tem-se transferência de quantidade de movimento a nível
molecular.
 No escoamento turbulento, as partículas se misturam rapidamente enquanto se
movimentam ao longo do escoamento, a nível macroscópico.

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Escoamento viscoso incompressível
Experimento de Reynolds

 Esta diferença está associada com as forças que atuam no elemento de fluido.
 Quando as forças viscosas dominam em relação às forças de inércia, o escoamento
apresenta comportamento laminar.
 Quando as forças de inércia dominam sobre as viscosas, o escoamento se comporta
como turbulento.

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Escoamento viscoso incompressível
Experimento de Reynolds

O parâmetro que mede a razão entre as forças de inércia e forças viscosas recebe o nome do cientista
que inicialmente estudou o escoamento dos fluidos viscosos:
 Número de Reynolds, Re

 Definido como:

ρv D
Re 
μ
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Escoamento viscoso incompressível
Experimento de Reynolds

Tentando repetir a experiência em sentido contrário, começando de uma


velocidade maior (regime turbulento) e, gradativamente reduzindo a
velocidade, Reynolds observou que:

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Escoamento viscoso incompressível
Experimento de Reynolds

 O fluido passou do regime turbulento para o laminar, porém a velocidade em que


ocorreu esta passagem era menor que aquela em que o regime laminar passou a
turbulento.
 Ficou, portanto, uma faixa de velocidade onde não se pôde definir com exatidão qual
o regime de escoamento. A esta faixa, ele chamou de zona de transição.

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Escoamento viscoso incompressível
Experimento de Reynolds

Sendo assim, ele distinguiu duas velocidades:

 Velocidade crítica superior: é aquela onde ocorre a passagem do regime laminar para o
turbulento;

 Velocidade crítica inferior: é aquela onde ocorre a passagem do regime turbulento para o laminar.

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Escoamento viscoso
Experimento de Reynolds

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Escoamento viscoso incompressível
Números de Reynolds críticos

ρv D
μ

OSBORNE REYNOLDS
(1842 - 1912)

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Escoamento viscoso incompressível
Exemplo 8.1 MOTT, 4ª ed.
Enunciado
Determine se o fluxo é laminar ou turbulento se água a 70ºC escoa em uma tubulação com uma vazão de
285L/min.

DADOS:
Diâmetro do tubo: 25mm
Viscosidade cinemática da água: 4,11 x 10 -7 m2/s

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Escoamento viscoso incompressível
Exemplo 8.1 MOTT, 4ª ed. Modelo
Dados
D = 25mm
Matemático
Visc cinem.= 4,11 x 10-7 m2/s ρv D v D
Re  
μ 
Pede-se:
Re = ? Q πD 2
v A
A 4
Resolução
πD 2 3,14 x  25mm 2 x 1m 2
A   5 x10  4 m 2
4 4 10 6 mm 2
Q L 1m3 1min 1
v  285 x x x  9,5m / s
A min 1000 L 60 s 5,0 x10  4 m 2
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Escoamento viscoso incompressível
Exemplo 8.1 MOTT, 4ª ed. Modelo
Dados
D = 25mm
Matemático
Visc= 4,11 x 10-7 m2/s ρv D v D
Re  
μ 
Pede-se:
Re = ?
v  9,5m / s

Resolução
25 x10 3 m x
vD m 1 s
Re   9,5 x  5,82 x105
 s 4,11x10  7 m 2

Re  5,82 x105 Escoamento turbulento 


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Escoamento viscoso incompressível

 Em um escoamento laminar, unidimensional, a


Tensão de cisalhamento está relacionada com o
gradiente de velocidade, pela relação simples:

dv
τμ
dy

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Escoamento viscoso incompressível

 Para escoamento turbulento, nenhuma relação simples é valida.


 Flutuações tridimensionais e aleatórias da velocidade aumentam a tensão
de cisalhamento efetiva.
 Consequentemente, não existem relações universais entre o campo de
Tensões e o campo de velocidades para os escoamentos.

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Escoamento viscoso incompressível

 A turbulência é um fenômeno inevitável e quase sempre indesejável, porque cria


resistência ao escoamento;
 Embora muitos escoamentos turbulentos de interesse sejam permanentes, a
presença de flutuações aleatórias de velocidade torna a análise do escoamento
extremamente difícil, sem solução analítica, apoiada fortemente em teorias semi-
empíricas e em dados experimentais.

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Escoamento viscoso incompressível
Escoamento interno

 O transporte de fluidos normalmente é conduzido em condutos


fechados. Como os escoamentos internos e externos apresentam
características diferentes, é conveniente estudá-los separadamente.

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Escoamento viscoso incompressível
Escoamento interno
 Os escoamentos internos são confinados por superfícies
sólidas, como: tubos, dutos, bocais, difusores, contrações,
expansões,
válvulas e acessórios.

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Escoamento viscoso incompressível
Escoamento em tubos
Algumas regras básicas devem ser estabelecidas antes de iniciarmos o estudo
dos escoamentos internos:
 O duto está totalmente preenchido com fluido;
 O principal mecanismo que promove o escoamento do fluido é o gradiente de
pressão;

água sob
pressão

p
ar atm

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Escoamento viscoso incompressível
Escoamento em tubos
 Condutos forçados: nestes a pressão interna é diferente da pressão atmosférica. Nesse tipo de
conduto, as seções transversais são sempre fechadas e o fluido circulante as enche completamente.
 Condutos livres: nestes, o líquido escoante apresenta superfície livre, na qual atua a pressão
atmosférica.
A seção não necessariamente apresenta perímetro fechado e quando isto ocorre, para satisfazer a
condição de superfície livre, a seção transversal funciona parcialmente cheia.

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Escoamento viscoso incompressível
Exemplo 8.1 MUNSON, 2ª ed.
Enunciado
Água a 10ºC escoa num tubo que apresenta D = 19mm.
Determine:
a) O tempo mínimo para encher um copo de 359ml com água, se o escoamento for laminar.
b) O tempo máximo para encher o mesmo copo, se o escoamento for turbulento.
DADOS:

ρ  1000 Kg / m3 μ  1,307 x 10 3 N .s / m 2
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Escoamento viscoso incompressível
.Exemplo 8.1 MUNSON, 2ª ed. Modelo
Dados Matemático
ρv D
ρ  1000 Kg / m3
Re 
μ
μ  1,307 x 10 3 N .s / m 2 V
Qvx A
πD 2
Q A
t 4
D = 19mm Resolução
Re μ  3 N .s m3 1
V   2300 x 1,307 x10 x x  0,15m / s
ρD m 2 103 Kg 19 x10  3 m
Pede-se:
 4 x 359 x10 6 m 3 x
4 xV s
t  8,44s
t=? v x π D2 3,14 x (0,019m) 2 x0,15m
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Escoamento viscoso incompressível
.
Exemplo 8.1 MUNSON, 2ª ed. Modelo
Dados Matemático
ρv D
ρ  1000 Kg / m3
Re 
μ
V πD 2
μ  1,307 x 10 3 N .s / m 2 Q Qvx A A
t 4
D = 19mm Resolução
Re μ  3 N .s m3 1
V   4000 x 1,307 x10 x x  0,275m / s
ρD m 2 103 Kg 19 x10  3 m
Pede-se:
 4 x 359x10 6 m 3 x
4 xV s
t  4,6s
t=? v x π D2 3,14 x (0,019m) 2 x0,275m
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Escoamento viscoso incompressível
Escoamento em tubos

 As observações experimentais mostram que quando um fluido escoa paralelamente


a uma superfície, as moléculas do fluido em contato com a superfície aderem a
esta. É como se a viscosidade tivesse o mesmo efeito de uma cola.
 A velocidade relativa do fluido na superfície do tubo é zero.

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Escoamento viscoso incompressível
Escoamento em tubos

 As moléculas do fluido aderidas à superfície exercem sobre as demais um efeito de


frenagem que diminui, à medida que se aproxima do centro da tubulação.
 Desta forma, percebe-se que não há atrito da massa fluida com as paredes da
tubulação, devido à existência de uma camada de velocidade igual a zero adjacente
às paredes, denominada de camada limite.

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Escoamento viscoso incompressível
Escoamento em tubos

 Analisando a geometria de um tubo, percebemos que este apresenta uma seção de


alimentação e uma de descarga.
 A região do escoamento próxima da seção de alimentação é denominada região de
entrada.
 Normalmente o fluido entra no conduto, com um perfil de velocidade uniforme.

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Escoamento viscoso incompressível
Escoamento em tubos
Região de entrada X Escoamento plenamente desenvolvido

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Escoamento viscoso incompressível
Escoamento em tubos

 Não existe linha divisória precisa entre a região do escoamento potencial,


onde o atrito é desprezível, e a camada limite.
 No entanto, é costume defini-la como a região em que a velocidade do fluido
(paralela à superfície) é inferior a 99% da velocidade da corrente livre.

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Escoamento viscoso incompressível
Escoamento em tubos

 A espessura da camada limite aumenta ao longo da superfície a partir do bordo de


ataque, onde é zero.
 O escoamento se inicia como laminar, e à medida que a camada aumenta ao longo da
superfície, aparece a região de transição, e o escoamento na camada limite pode
tornar-se turbulento, se o comprimento de entrada for suficientemente longo.

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Escoamento viscoso incompressível
Escoamento em tubos

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Escoamento viscoso incompressível
Escoamento em tubos

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Escoamento viscoso incompressível
Perfil de velocidade no escoamento em tubos

 O perfil de velocidade do escoamento em um tubo depende das características


do escoamento (laminar ou turbulento) e do comprimento de entrada.
 A sequência laminar-transição-turbulenta ocorre em todos os escoamentos,
desde que o comprimento de entrada seja suficientemente longo.

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Escoamento viscoso incompressível
Escoamento em tubos

Com relação ao comprimento de entrada (Le), o número adimensional Le/D correlaciona


–se com Re. Os valores típicos dos comprimentos de entrada são dados por:

 Para escoamento laminar: Le/D = 0,06 Re


 Para escoamento turbulento Le/D = 4,4 (Re) 1/6

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Escoamento viscoso incompressível
Escoamento em tubos

 Para Re muito baixos (Re = 10), o comprimento de entrada pode ser


curto: Le = 0,6 D
 Para Re próximos do limite crítico do escoamento laminar (Re = 2000), o
comprimento de entrada pode ser grande: Le = 120 D

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Escoamento viscoso incompressível
Perfil de velocidade nos escoamento em tubos

 Os cálculos do perfil de velocidade e da distribuição de pressão na região de entrada


são muito complexos

 A partir do final da região de entrada o escoamento é mais simples de descrever,


porque a velocidade é é independente de x. É função somente do raio.

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Escoamento viscoso incompressível
Perfil de velocidade nos escoamento em tubos

 Desde que as características do tubo continuem as mesmas,


o escoamento terá as características de plenamente
desenvolvido, sem sofrer as interferências da camada limite.

49
Escoamento viscoso incompressível
Perfil de velocidade nos escoamento em tubos

 No entanto, nem sempre isto acontece. Frequentemente , de alguma maneira o


diâmtero pode ser alterado devido a contrações, ou aumento do diâmetro, presença
de curvas, ou outros componentes.
 Desta forma, quando as distâncias entre os componentes da tubulação são
pequenas, o escoamento plenamente desenvolvido nunca é atingido.

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Escoamento viscoso incompressível
Queda de pressão nos escoamento em tubos

 Nestas regiões onde o escoamento não é plenamente desenvolvido,


como é o caso da região de entrada, o fluido acelera e desacelera. Existe
um equilíbrio entre as forças de pressão, as forças viscosas e as forças
de inércia. O resultado disto é a formação de um gradiente de pressão.

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Escoamento viscoso incompressível
Queda de pressão nos escoamento em tubos

 O módulo do gradiente de pressão é maior na região de entrada do que na região de


escoamento plenamente desenvolvido.

 A força de pressão é necessária para vencer as forças viscosas geradas no


escoamento.

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Escoamento viscoso incompressível
Escoamento laminar plenamente desenvolvido

Há 3 alternativas clássicas para estudar o escoamento laminar plenamente desenvolvido:

 A partir das equações de Navier Stokes;


(Computacional)
 A partir da análise dimensional;
 A partir da Segunda Lei de Newton (Analítica)

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Escoamento viscoso

EQUAÇÕES DE NAVIER - STOKES

• Equações diferenciais parciais não lineares;


• Obtidas a partir da segunda Lei de Newton;
•Válida para fluido contínuo (diferenciável)
Escoamento viscoso

EQUAÇÕES DE NAVIER - STOKES


Escoamento viscoso

EQUAÇÕES DE NAVIER - STOKES


Escoamento viscoso

EQUAÇÕES DE NAVIER - STOKES


Escoamento viscoso

EQUAÇÕES DE NAVIER - STOKES


Escoamento viscoso

EQUAÇÕES DE NAVIER - STOKES

• Permitem determinar campos de velocidade e


pressão em escoamentos de fluidos;

• Estabelece que mudanças no momento e na


aceleração de uma partícula fluida são resultado das
mudanças de pressão e das forças viscosas
dissipativas atuando no interior do fluido
Escoamento viscoso

EQUAÇÕES DE NAVIER - STOKES

• Permitem determinar campos de velocidade e


pressão em escoamentos de fluidos;

• Estabelece que mudanças no momento e na


aceleração de uma partícula fluida são resultado das
mudanças de pressão e das forças viscosas
dissipativas atuando no interior do fluido
Análise dimensional
Introdução

 A maior parte dos problemas da mecânica dos fluidos relacionadas ao


escoamento de fluidos reais (viscosos) não tem solução estritamente analítica.
 Sendo assim, a solução de muitos problemas é alcançada com a utilização de
métodos analíticos e experimentais combinados.

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Análise dimensional
Introdução
Engenheiros precisam estar familiarizados com a abordagem experimental
dos escoamentos viscosos para:
 utilizarem corretamente dados experimentais públicos que constam de
artigos, manuais e livros;
 planejarem e executarem experimentos em laboratórios, quando necessário.

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Análise dimensional
Introdução
No entanto, na realidade, todo fluido tem viscosidade.
Sendo assim, vamos analisar a queda de pressão para o escoamento de
um fluido com viscosidade numa tubulação cilíndrica, retilínea,
horizontal e cuja parede apresente rugosidade. Algumas variáveis
devem ser consideradas.

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Análise dimensional

 O ideal seria a resolução analítica do problema e


através de uma lei física, relacionar a variável
dependente ∆P, com as variáveis dependentes,
relacionadas com as características do tubo e do
fluido

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Análise dimensional

SOLUÇÃO EMPÍRICA

 Que experimentos devem ser conduzidos para


determinar a queda de pressão dentro do tubo?

 De que depende a queda de pressão?

 Que parâmetros são significativos para a resolução


do problema?

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Análise dimensional

Vamos especificar alguns parâmetros cujo senso


comum nos leva a crer que variáveis são significativos:

Com relação à tubulação :


 O comprimento: L
 O diâmetro do tubo: D
 A variação média do raio interno do tubo: ε
(altura média da rugosidade)
Análise dimensional

Vamos especificar alguns parâmetros cujo senso


comum nos leva a crer que variáveis são significativos:

Com relação ao fluido:


 A viscosidade : μ
 A massa específica do fluido: ρ

Com relação ao escoamento:


 A velocidade média: V
 A queda de pressão: ∆P
Análise dimensional
Introdução
Pelo menos 7 parâmetros estão envolvidos:
Comprimento do tubo: L
Diâmetro do tubo: D
Rugosidade do tubo: 
Velocidade do escoamento: v
Massa específica do fluido: 
Viscosidade do fluido: 
Queda de pressão: P

68
Análise dimensional

∆P = f(L,D,V, ρ, μ, ε)
7 variáveis
Análise dimensional
Introdução
Para determinar a dependência da queda de pressão (P) com os
outros 6 parâmetros envolvidos, seriam feitos experimentos com
todos fatores variando ao mesmo tempo, para se estabelecer a
se há dependência entre eles e com a variável desejada.

70
Análise dimensional
Introdução
De acordo com a quantidade de níveis que cada parâmetro seja estudado, teríamos os diferentes planejamentos
experimentais:
 5 níveis: Nº de experimentos: 56= 15.625
 6 níveis: Nº de experimentos: 66= 46.656
 7 níveis: Nº de experimentos: 76= 117.649
 8 níveis: Nº de experimentos: 86= 262.144
 9 níveis: Nº de experimentos: 96= 531.441
 10 níveis: Nº de experimentos: 106= 1.000.000

71
Análise dimensional
Introdução

Considerando que cada experimento deve ser realizado em duplicata, este número dobra.

É razoável imaginar quantas horas seriam dedicadas a este projeto, sem contar o
dispêndio de energia, de materiais e a fase posterior de tratamento dos dados e análise
dos resultados

72
Análise dimensional

Felizmente para uma investigação experimental,


a tarefa de obter resultados significativos
não é tão desesperadora!!
Análise dimensional
Introdução

Felizmente
isto não é
necessário.

74
Análise dimensional
Introdução

Para simplificação da atividade podemos fazer uso de uma aproximação muito


útil, um procedimento formalizado teórico, denominado:

Teorema dos  de Buckingham

75
Análise dimensional

O uso da análise dimensional permite obter


resultados significativos com muito menos esforço.

Teorema de Buckingham
(1867 – 1940)
Análise dimensional
Teorema dos  Buckingham

 O lorde do condado de Buckingham descobriu, no início do século XX, uma relação de


enorme valor.

 Como ele usou a letra grega para designar os


grupos adimensionais seu teorema ficou conhecido como o teorema dos .

77
Análise dimensional

Dado um problema físico que possa ser expresso


pela relação:

q1 = f (q2, q3,..., qn)

Onde:
q1: é o parâmetro dependente
q2, q3,..., qn: são os (n-1) parâmetros independentes
Análise dimensional

Matematicamente podemos expressar a expressão


funcional equivalente por:

g = f (q1,q2, q3,..., qn) = 0

Onde:
g: é uma função não especificada, diferente de f
Análise dimensional

Contextualizando para o exemplo citado, podemos


escrever:

g = f (∆P, l,D,V, ρ, μ, ε) = 0
Análise dimensional

O Teorema de Buckingham afirma que o


investigador não precisa tomar em consideração
cada uma das variáveis em separado, para obter
uma expressão válida de uma lei física.

Pode-se reduzir o número de variáveis em uma


quantidade igual ao número de dimensões em
que se expressam estas variáveis.
Análise dimensional

Ou seja, os parâmetros podem ser agrupados em uma


quantidade de razões adimensionais, dadas pela
fórmula:

n–K

Onde:
n: números de parâmetros do problema
k: número mínimo de dimensões independentes
necessárias para especificar as dimensões de todos os
parâmetros
Análise dimensional
Teorema dos  Buckingham
Passo 1: Listagem dos parâmetros (n) envolvidos
Se todos os parâmetros pertinentes não forem incluídos, uma relação pode ser obtida, mas não fornecerá
a história completa.
Se houver inclusão de parâmetros que não têm efeito sobre o fenômeno físico em estudo, o processo de
análise dimensional mostrará que eles não entram na relação buscada.
P = g(L, D, , , , v)
G = (P, L, D, , , , v) = 0 (n = 7 parâmetros)

83
Análise dimensional
Teorema dos  Buckingham
Passo 2: Escolha das dimensões básicas (k)

Selecione um conjunto (k) de dimensões primárias.

Por exemplo:MLT ou FLT (Em ambos os casos k = 3)

84
Análise dimensional
Teorema dos  Buckingham
 Passo 3: Expressão dos parâmetros em termos das dimensões básicas
Expresse todos os parâmetros em termos das dimensões básicas
(MLT), G = (P, L, D, , , , v) = 0
 P [M/LT2]
 L
 D
 
 
 
 v

85
Análise dimensional

Passos para determinação dos grupos :

 Listar as dimensões de todos os parâmetros em


termos das dimensões primárias: (MLT)
Variável D l ∆P V ε ρ μ
Dimensão L L ML-1 t -2 L t -1 L ML -3 ML-1 t -1
Análise dimensional
Teorema dos  de Buckingham

 Passo 4: Determinação do número de termos 

n () = n – k = 4

87
Análise dimensional
Teorema dos  de Buckingham

 Passo 5: Escolha das variáveis de referência

Escolha uma quantidade de variáveis de referência (r), que seja igual ao número de dimensões básicas. Estes
parâmetros não podem ter as mesmas dimensões finais.

Ex.: (,v, D ) r=k=3

88
Análise dimensional
Teorema dos  Buckingham
Os 7 parâmetros envolvidos no cálculo da queda de pressão em um tubo horizontal podem ser classificados:
Comprimento do tubo: L
Diâmetro do tubo: D
Rugosidade do tubo: 
Massa específica do fluido: 
Viscosidade do fluido: 
Velocidade do escoamento: v
Queda de pressão: P
GEOMÉTRICOS
(dimensões lineares)

FÍSICOS

CINEMÁTICOS
89
Análise dimensional

Passos para determinação dos grupos :

 Selecionar da lista um nº de parâmetros a serem


repetidos (r), igual ao nº de dimensões primárias
(m), desde que sejam incluídas todas as
dimensões primárias
m = r = 3 parâmetros a serem repetidos
Variável D l ∆P V ε ρ μ
Dimensão L L ML-1 t -2 L t -1 L ML -3 ML-1 t -1
Análise dimensional
Passo 6: Construção dos termos 
Estabeleça equações dimensionais combinando os
parâmetros selecionados no Passo 5 com cada um dos
outros parâmetros a fim de formar grupos adimensionais.
G = (∆P, l, ρ, V, D, μ, ε) = 0

 1 = ρa Vb Dc ∆P
 2 = ρ d Ve Df l
 3 = ρ g Vh Di ε
 4 = ρ j Vk Dm μ
Análise dimensional
Teorema dos  de Buckingham
Passo 7: Resolução dos sistemas de equações dos termos 
Resolva as equações dimensionais para obter os n-k grupos  adimensionais. G = (P, L, D, , , , v) = 0

 a v b D c P M :0  a 1  a  1
π1 ρ
a L : 0   3a  b  c  1  c  0
 M  L  
    b L  c  M   M 0 L 0 T 0 T :0  b  2  b 2
 3 t   2
L     LT  P
π1 
1 v 2 D 0 P ρv 2
92 π1  ρ
Análise dimensional

Encontrando o grupo adimensional 1:

 1 = ρa Vb Dc ∆P =

M: a + 1 = 0 a=-1
L: -3a + b + c – 1 = 0 c= 0
T: - b + 2 = 0 b=-2

1 = ρ-1 V-2 D0 ∆P
Análise dimensional
Teorema dos  de Buckingham
Passo 7: Resolução dos sistemas de equações dos termos 
Resolva as equações dimensionais para obter os n-k grupos  adimensionais. G = (P, L, D, , , , v) = 0

L
d e f π2 
π2  ρ v D L D

94
Análise dimensional
Teorema dos  de Buckingham
Passo 7: Resolução dos sistemas de equações dos termos 
Resolva as equações dimensionais para obter os n-k grupos  adimensionais. G = (P, L, D, , , , v) = 0

g h i 
π3  ρ v D  π3 
D

95
Análise dimensional
Teorema dos  de Buckingham
Passo 7: Resolução dos sistemas de equações dos termos 
Resolva as equações dimensionais para obter os n-k grupos  adimensionais. G = (P, L, D, , , , v) = 0

j k m μ
π4  ρ v D μ π4 
ρvD

96
Análise dimensional
Teorema dos  de Buckingham
Passo 8: Verificando a adimensionalidade dos termos 

μ
π4 
L L ρvD
π2  1
D L
P
 π1 
π3 
D ρv 2

97
Análise dimensional
Teorema dos  de Buckingham
Dada uma relação entre n parâmetros, então os n parâmetros podem ser agrupados em
n-k razões independentes adimensionais, ou parâmetros que podem ser expressos na
forma funcional por:


G  π 1, π 2 , π 3 , ..., π n k  0 
π1  g π 2 , π 3 , ..., π n  k 

98
Análise dimensional
Teorema dos  de Buckingham
Passo 9: Encontrando a função dos termos 
P L  μ
π1  π2  π3  π4 
ρv 2 D D ρvD

π1  g π 2 , π 3 , ..., π n  k 
P  L  μ 
 g  , , 
ρv 2 D D ρ v D 

99
Análise dimensional
Teorema dos  de Buckingham

A forma da função deve ser determinada experimentalmente. Entretanto, em vez de realizar 1 milhão
de experimentos, pode-se estabelecer a natureza da função a partir de 10 experimentos apenas.

P  L  μ 
 g  , , 
ρv 2 D D ρ v D 

10
Análise dimensional
Teorema dos  de Buckingham

Somente o parâmetro precisa ser


μ
 da velocidade, por exemplo.
π 4variação
variado. E isto pode ser feito simplesmente pela
ρvD

P  L  μ 
 g  , , 
ρv 2 D D ρ v D 

10
Referências
 CARVALHO, Daniel Fonseca de. Fundamentos de Hidráulica. Cap. 7. 2009
 FOX, Robert W.; McDONALD, Alan T. Introdução à mecânica dos fluidos. Ed.
LTC: Rio de Janeiro. 2009. 6ªed.
 HANSEN, Arthur G. Mecánica de fluidos. Ed. Limusa: México.1974. Parte IV.
Cap. 10
 LOUREIRO, Eduardo - Mecânica dos Fluidos
 MOTT, Robert L. Applied Fluid Mechanics. Prentice Hall: New Jersey. 1994
 MUNSON, Bruce R; YOUNG, Donald F.; OKIISHI, Theodore H. Fundamentos
da mecânica dos fluidos. Edgard blucher: São Paulo. 1997. Vol 1
 http://www.escoladavida.eng.br/mecflubasica/aulasfei/22008/exp_Reynolds.htm

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