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Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

Instituto Politécnico da Universidade Católica

Introdução a Mecânica dos Fluidos

Professor Leandro Pires Gonçalves


Introdução a Mecânica dos Fluidos

A Mecânica dos Fluidos estuda o comportamento dos


fluidos em repouso (fluidoestática) e em movimento
(fluidodinâmica), além de sua interação com suas
fronteiras sejam elas outros fluidos ou sólidos.

Mas o que é um fluido?


Introdução a Mecânica dos Fluidos

Imagine um corpo sólido limitado por duas placas como


na figura. Aplicando uma força sobre a placa superior,
paralela à superfície superior do corpo, o sólido se
deforma e cessada a força o corpo ele recupera seu
formato inicial (deformação elástica).
Introdução a Mecânica dos Fluidos
Introdução a Mecânica dos Fluidos

A estrutura cúbica do diamante é


uma rede CFC com dois átomos Estrutura molecular do
por ponto da rede. polietileno
Introdução a Mecânica dos Fluidos

Se o mesmo procedimento for realizado em um fluido


(líquido, vapor ou gás), ele irá se deformar de forma
contínua sob a ação da força cisalhante e não será
possível para ele retomar a organização inicial de suas
partículas.
Introdução a Mecânica dos Fluidos
Introdução a Mecânica dos Fluidos

Moléculas de água e ligações dipolo Moléculas de ácido clorídrico


referidas como pontes de hidrogênio. e ligações dipolo-dipolo.
Introdução a Mecânica dos Fluidos

Este comportamento ocorre nos fluidos devido a


aderência das partículas do fluido em contato com as
superfícies.

Essa condição de não-escorregamento nos permite


assumir que a velocidade das partículas do fluido em
contato com qualquer superfície terão a mesma
velocidade da superfície.
Condição de não escorregamento

Introdução de contraste em Uso de anticogelantes em aviões e


escoamento de água com estagnação estagnação de água condensada sobre
do contraste na parede as asas durante o voô.
Introdução a Mecânica dos Fluidos

Além disso, o espaço médio entre as moléculas que


compõem o fluido é bastante inferior às dimensões
físicas dos problemas comumente estudados na
engenharia.

Isto permite que o fluido seja tratado como um meio


contínuo e sejam utilizadas operações matemáticas como
a derivação e integração.
Introdução a Mecânica dos Fluidos

Para melhor entender o comportamento dos fluidos é


necessário conhecer algumas de suas propriedades.

Viscosidade: determina a resistência de um fluido a se


deformar pela ação de uma força de cisalhamento.
Introdução a Mecânica dos Fluidos
Introdução a Mecânica dos Fluidos

A taxa de deformação do fluido é definida como:


𝛿𝛼
lim
𝑑𝑡 →0 𝛿 𝑡
Introdução a Mecânica dos Fluidos

Ao invés de trabalharmos com ângulos é possível operar com


deslocamento horizontal das partículas, dx, basta tomar a
tangente do ângulo dα.

Da trigonometria, sabemos que para ângulos pequenos, a


tangente é aproximadamente igual ao próprio ângulo.
Introdução a Mecânica dos Fluidos

Como a placa superior se move com uma velocidade


constante δu, podemos usar a própria definição de
velocidade para descrever o deslocamento da placa δx.

Substituindo a expressão do deslocamento na equação


do ângulo δα.
Introdução a Mecânica dos Fluidos

Portanto é possível reescrever a expressão da taxa de


deformação do fluido em função de variáveis mais
simples de serem determinadas experimentalmente.
Introdução a Mecânica dos Fluidos

Newton observou que a ação de uma tensão


cisalhamento sobre um fluido é proporcional a taxa de
deformação do fluido. Para equacionar este
comportamento foi usada a viscosidade como constante
de proporcionalidade.
Introdução a Mecânica dos Fluidos

Para obter a força cisalhante sobre o escoamento basta


conhecer a área de contato entre a placa e o fluido.

Como a velocidade da placa é constante, para equilibrar


a força de cisalhamento, o fluido produz sobre a placa
uma força de atrito de mesma intensidade porém de
sentido contrário a força de cisalhamento.
Introdução a Mecânica dos Fluidos

Exemplo: Um bloco cúbico uniforme de aresta a = 10 cm é puxado


sobre uma superfície horizontal sobre a qual há uma fina película de
óleo com viscosidade μ = 0,3 N.s/m². A película de óleo tem
espessura h = 1 mm. Supondo que a distribuição de velocidades na
película de óleo seja linear, determine qual deve ser a força
necessária para puxar o bloco com velocidade constante V = 0,8 m/s.
Introdução a Mecânica dos Fluidos

Exemplo: Seja um escoamento laminar de água a 20 °C em um


duto circular fixo. A velocidade das moléculas de água em um
ponto qualquer, longe da região de entrada, é dada por:

Determine:

a) a velocidade máxima do escoamento;


b) o raio do duto;
c) a tensão de cisalhamento nos pontos r = 0 m e r = 0,4 m.
Introdução a Mecânica dos Fluidos

Exemplo: Um viscosímetro pode ser construído a partir de um


cilindro concêntrico a uma camisa. A rotação do cilindro deforma
o fluido de teste contido na folga entre o cilindro e a camisa. Seja
um viscosímetro cuja camisa possui um diâmetro interno de 120
mm e cujo cilindro possui 100 mm de diâmetro,
200 mm de altura e rotaciona a 400 rpm sob a
ação de um torque de 3,80 Nm. Determine a
viscosidade do fluido.
Classificação dos Fluidos
Classificação dos Fluidos
Outras propriedades dos Fluidos

Densidade:

Peso específico:

Viscosidade cinemática:
Tensão Superficial
Classificação dos escoamentos
Conceitos

Trajetória: caminho percorrido pelas partículas em um


escoamento.
Conceitos

Campo de velocidades ou perfil de velocidades :


Função que representa a velocidade de qualquer partícula do
fluido em função de sua posição e do tempo.

Escoamento uniforme: o módulo e o sentido do vetor velocidade


são os mesmos em todo o escoamento, mas podem variar com o
tempo.
Conceitos

Regime permanente: as propriedades do escoamento e a


velocidade das partículas não depende do tempo.

Regime transiente: as propriedades do escoamento e a


velocidade das partículas são dependentes do tempo.

Escoamentos uni, bi e tridimensionais: são caracterizados pelo


número de variáveis necessárias para descrever o escoamento.
Conceitos
Escoamento completamente desenvolvido: a velocidade das
partículas não variam na direção do escoamento, o campo de
velocidades já está completamente formado.

Escoamento em desenvolvimento: a velocidade das partículas


variam na direção do escoamento, o campo de velocidades
encontra-se em formação.
Escoamento Viscoso x Escoamento Invíscido

Quando as partículas de uma determinada região de um fluido


movem-se em relação as partículas de regiões adjacentes, surgem
forças de atrito entre elas devido à resistência do fluido às
deformações produzidas pelo movimento relativo dessas partículas.

Escoamentos em que os efeitos da viscosidade estão presentes e são


significativos são ditos escoamentos viscosos.
Escoamento Viscoso x Escoamento Invíscido

Entretanto, em muitos escoamentos reais, existem regiões onde as


forças viscosas são muito pequenas em relação as forças inerciais
e no escoamento, normalmente em regiões afastadas de superfícies
sólidas. Nestes casos, é comum desprezar os efeitos da viscosidade
do fluido.

Esta abordagem simplifica a


análise do escoamento sem
produzir erros consideráveis..
Escoamento Laminar x Escoamento Turbulento
Escoamento Viscoso x Escoamento Invíscido

Quando um fluido escoa lentamente, suas partículas se movimentam de


maneira ordenada formando camadas que deslizam umas sobre as
outras e o escoamento é dito laminar.

O escoamento laminar é portanto, caracterizado pela baixa


difusividade das partículas que compõem o fluido entre suas camadas.
Escoamento Viscoso x Escoamento Invíscido

No escoamento turbulento, a velocidade das partículas do fluido é


maior e varia de maneira randômica. Portanto possuem grande
difusividade, sendo impossível observar camadas definidas na
maior parte do escoamento.

No escoamento turbulento, a dissipação da energia do escoamento


é maior do que no laminar, porém é desejável quando o objetivo é
o transporte de nutrientes ou trocas térmicas.
Escoamento Viscoso x Escoamento Invíscido

É possível determinar numericamente, se o regime de escoamento é


laminar ou turbulento através do número de Reynolds.

O número de Reynolds relaciona as forças inerciais e viscosas do


escoamento.

V* - Velocidade característica L* - Comprimento característico


Escoamento Viscoso x Escoamento Invíscido

Para escoamentos sobre placas:

(velocidade da corrente livre)

(comprimento da placa)

Para ReL ≤ 500000 o escoamento é laminar, para ReL > 500000 o


escoamento é turbulento.
Escoamento Viscoso x Escoamento Invíscido

Para escoamentos em tubos:

(velocidade média do escoamento)

(diâmetro da tubulação)

Para ReD ≤ 2300 o escoamento é laminar, para ReD > 4000 o

escoamento é turbulento. Para 2300 < ReD ≤ 4000 para


escoamentos em duto, considera-se que o escoamento está em uma
zona de transição e apresenta características de ambos os regimes.
Escoamento interno x Escoamento externo

Escoamentos externos ocorrem ao redor de corpos imersos em um


fluido.

Nos escoamentos internos o fluido está completamente envolto por


uma superfície sólida
Escoamento compressível x Escoamento incompressível

Escoamentos compressíveis ocorrem quando a densidade varia em


algum ponto no escoamento. Enquanto em escoamentos
incompressíveis a densidade é constante.
Escoamento compressível x Escoamento incompressível
Escoamento compressível x Escoamento incompressível

A compressibilidade de um escoamento é mais comum em


escoamentos envolvendo gases e ocorrem quando o número de
Mach, Ma, é maior de 0,3.
Escoamento natural x Escoamento forçado

Escoamentos naturais ocorrem quando apenas as forças


gravitacionais induzem o movimento.

No caso dos escoamentos forçados, o movimento é produzido a


partir do uso de uma máquina de fluxo, como bombas,
ventiladores, compressores, etc.

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