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Aula 1

A mecânica dos fluidos trata tanto o fluido em repouso (estática) quanto


em movimento (dinâmica).
Alguns exemplos de aplicações:

• Meio de transporte: Carros, barcos, aviões, submarino;


• Projeto Aerodinâmico em edifícios, pontes, estruturas metálicas;
• Máquinas de Fluxo, bombas, compressores, Ventiladores,
sopradores, turbinas;
• Tubulações;
• Escoamento sobre corpos robustos
Um substância existe em quatro estados ou fases fundamentais:
• Sólido;
• Líquido;
• Gasoso;
• Plasma (em temperaturas muito elevadas)
Uma substância no estado líquido ou gasoso é denominado de fluido.
Quando analisamos o comportamento de um fluido observamos que é
oposto de um sólido: fluidos tendem a escoar quando interagimos com
eles; sólidos tendem a se deformar ou dobrar.
Do ponto de vista da mecânica dos fluidos, toda matéria encontra-se em
somente dois estados: sólido e fluido.
O fluido é uma substância que se deforma CONTINUAMENTE sob a
aplicação de uma tensão de cisalhamento (tangencial), ainda que seja pequena.
Portanto, um fluido é incapaz de suportar tensão de cisalhamento [τ =
F/A]) quando em repouso.

 Fase Líquida – é composta de Estrutura molecular de um líquido


moléculas relativamente agrupadas
com forças coesivas fortes que
tendem a manter o seu volume.
 Fase Gasosa – As moléculas de gás são amplamente espaçadas, com
forças coesivas desprezíveis. Um gás é livre para se expandir até que
encontre paredes que o confinem.
Estrutura molecular de um gás
A massa específica de um substância é a massa contida numa unidade de
volume.

m  kg 
  3 (1)
V m 
onde m é a massa (kg) e V é o volume (m3).
Dependendo do fluido estudado, podem apresentar massa específica
distinta. Normalmente, a massa específica de líquidos é pouco influenciada
devido às variações de pressões e temperaturas. No entanto, ao considerar um
gás, a massa específica dos gases é fortemente influenciada tanto pela
pressão quanto pela temperatura. Sob certas condições, a massa específica de
um gás está relacionada com a pressão e a temperatura através da relação,
onde R é a constante do gás (J/kgK), m é a massa do gás (kg), p a pressão do
gás (Pa) e T é a temperatura do gás (K). Essa relação é conhecida como LEI
DOS GASES IDEIAS ou EQUAÇÃO DE ESTADO e apenas se aplica as
fluidos com comportamento de gases ideais.
Alternativamente, utilizando as tabelas termodinâmicas podemos
encontrar valores de massa específicas através do conhecimento do valor do
volume específico (ν).

O volume específico é o volume ocupado por uma unidade de massa.


Alguns valores de massa específica para líquido a 1 atm e 20°C
Alguns valores de massa específica para gases a 1 atm
Exemplo:

Determine a densidade (massa específica) e a massa de ar em uma sala


cujas dimensões são 4m x 5 m x 6 m, a 100 kPa e 25 °C.
A razão entre a massa específica e um valor relativo, isto é, a massa
específica da ÁGUA a uma certa temperatura (~4°C) é conhecida como
GRAVIDADE ESPECÍFICA ou DENSIDADE RELATIVA (GE).
(4)

onde a massa especifica da água a ~4°C é de 1000 kg/m3.


O peso específico, , de uma substância é definido como o peso da
substância contido em um volume.
N
  g  3 (5)
m 
onde g é a aceleração da
gravidade (g = 9,81 m/s2). O
peso específico é usado para
caracterizar o peso do sistema
fluido e será utilizado com
maior frequência quando a
variável de interesse estará
diretamente ligado ao peso do
sistema.
Apenas com a determinação da massa específica ( ) e peso específico
(γ) não é suficiente para descrever o comportamento dos fluidos, pois fluidos
podem ter a massas específicas com valores próximos e ter comportamento
de fluidez (capacidade de escoar) completamente diferentes.
Essa “fluidez” ou “aderência”
Força de arrasto no ar e água
interna ou externa de um fluido é
considerada uma propriedade
chamada de viscosidade. É uma
propriedade que influencia a potência
necessária para mover um aerofólio
através da atmosfera, é responsável pelas
perdas de energia associadas ao transporte
de fluidos em dutos, canais e tubulações.
Para obter uma relação para a viscosidade, considere uma camada fluida
entre duas placas planas muito grandes (ou equivalente, duas placas paralelas
imersas em um corpo líquido grande), separados por uma distância l.
Aplicando uma força F constante na placa superior, enquanto a inferior se
mantem fixa, após os tempos iniciais, observa-se que a placa superior se move
continuamente sob a influência desta força, com velocidade constante V.
O fluido em contato com a parte superior da placa prende-se à superfície
da placa (conhecida como condição de não-deslizamento) e move-se com ela
a mesma velocidade.
A tensão cisalhante que vai agir sobre a Comportamento de um
camada fluido é definida como, fluido com escoamento laminar

 F (6)
A
onde τ é a tensão cisalhante (Pa) F é
a força (N) e A a área de contato
entre a placa e o fluido (m2).
Viscosidade
O fluido em contato com a placa inferior assume a velocidade daquela
placa, que é nula. Em um escoamento laminar estacionário, a velocidade do
fluido entre as placas varia linearmente entre 0 e V, e assim, o gradiente de
velocidade e perfil de velocidade, Comportamento de um fluido com
du V escoamento laminar
y
 (7) e u y  V (8)
dy l l
onde y é a distância vertical da placa inferior
(m), l a distância entre as placas (m) e V a
velocidade da placa superior (m/s).
Durante um intervalo de tempo infinitesimal dt, os
lados das partículas do fluido ao longo de uma reta vertical
MN giram de um ângulo infinitesimal dβ enquanto a placa superior move-se
de uma distância infinitesimal da = V dt. O deslocamento angular ou
deformação (ou tensão de cisalhamento) é expresso como,
cat(opo) da V du (9)
d  tg    dt  dt
cat(adj) l l dy
Viscosidade
Rearranjando a Equação (8), a taxa de Comportamento de um
fluido com escoamento laminar
deformação sob a influência da tensão de
cisalhamento, torna-se
d du
d 
du
dt ou  (9)
dy dt dy

Observe que a taxa de deformação de


um elemento fluido (dβ/dt) é equivalente
ao gradiente de velocidade ( du/dt ).
Além disso, a partir de várias resultados empíricos (experimentos em
laboratórios), notou-se que para a maioria dos fluidos a taxa de
deformação (dβ/dt) é diretamente proporcional à tensão de
cisalhamento τ,

  d
du
ou  (10)
dt dy
Viscosidade
Os fluidos para os quais a taxa de deformação é proporcional à
tensão de cisalhamento são chamados de fluidos newtonianos, em
homenagem a Sir Isaac Newton, que os definiu primeiro em 1687. A maioria
dos fluidos comuns tais como água, ar, gasolina e óleos são fluidos
newtonianos.
Para haver uma distinção em fluidos e a Equação (10) se tornar uma
igualdade, a constante de proporcionalidade α foi substituída por uma
propriedade do fluido que escoa, μ. Portanto, no escoamento cisalhante
unidimensional de fluidos newtonianos, a tensão cisalhante é expressa pela
relação linear conhecida como LEI DE NEWTON DA VISCOSIDADE,

  du    du (11)
dy dy
onde μ é a viscosidade absoluta ou dinâmica do fluido (N.s/m2 ou Pa.s). A
força cisalhante que atua sobre uma camada de fluido newtoniano é,
du
 F (6)    du (11) F  A (12)
A dy dy
O comportamento de fluido newtoniano deve respeitar a
proporcionalidade entre a tensão de cisalhamento e taxa de deformação,
gerando uma relação linear representando por uma reta, cuja declividade é a
viscosidade do fluido.

Taxa de deformação de fluido


newtoniano
Para fluidos que a taxa de deformação (du/dy) não é proporcional a
tensão de cisalhamento (τ), isto é, a relação entre elas não é não-linear, os
fluidos são denominados de fluidos não-newtonianos.
Nesse caso, a inclinação da curva é
denominada de viscosidade aparente do Taxa de deformação de fluido não-
newtoniano
fluido e depende de cada fluido, por
exemplo:
Fluidos Dilatantes: fluidos para os
quais a viscosidade aparente aumenta com
a taxa de deformação, exemplo, amido,
areia em suspensão;
Fluidos Pseudoplásticos: são os
fluidos que tornam-se menos viscosos à
medida que cisalhamento aumenta,
exemplo, polímeros e fluidos com
partículas em suspensão.
Taxa de deformação de fluido não-
newtoniano.

Fluidos Plásticos de Bingham:


resistência a uma baixa tensão de
cisalhamento e, assim, comportam-se como
sólidos, mas deformam continuamente
quando a tensão de cisalhamento excede
seu limite de carga, passando então a se
comportar como fluido, exemplo, pasta de
dente.
No estudo da ciências térmicas, em especial da mecânica dos fluidos, a
razão entre a viscosidade dinâmica (μ) e a massa específica () aparece
frequentemente. Por conveniência, essa razão é denominada de viscosidade
cinemática (ν),
  m2 
   (13)
  s 
Em geral, a viscosidade depende da temperatura e da pressão, embora a
dependência da pressão seja bastante fraca. Para líquidos, tanto a viscosidade
dinâmica como a cinemática são praticamente independente da pressão
e qualquer variação pequena de pressão é normalmente desprezada,
exceto em casos de pressões extremamente altas.
Para gases, este também é o caso para a viscosidade dinâmica (pra
pressões baixas e moderadas), mas não para a viscosidade cinemática,
uma vez que a densidade de um gás é proporcional à sua pressão.
Como a viscosidade é uma propriedade, seu valores são encontrados em
tabelas na literatura.
Gráficos de viscosidade dinâmica e cinemática
 Exemplo:
Uma placa infinita move-se sobre uma segunda placa, havendo entre
elas uma camada de líquido, como mostrado. Para uma pequena
altura da camada, d, podemos supor uma distribuição linear de
velocidade no líquido. A viscosidade do líquido é 0,65 centipoise e sua
densidade relativa é 0,88. Determine:

(a) A viscosidade absoluta do líquido, em Pa . s.


(b) A viscosidade cinemática do líquido, em m2/s.
(c) A tensão de cisalhamento na placa.
A coesão permite às partículas fluidas resistirem a pequenos esforços de
tensão (tração), por exemplo, a formação de uma gota d´água deve-se à
coesão.
Quando um líquido está em contato com um sólido, a atração exercida
pelas moléculas do sólido pode ser maior que a atração existente entre as
moléculas do próprio líquido. Essa propriedade é denominada de adesão.

Formação de gotas d´água, efeitos de coesão e adesão


Na superfície de um líquido em contato com o ar, há a formação de uma
verdadeira película elástica. Isso ocorre porque a atração entre as moléculas
do líquido é maior que a atração exercida pelo ar e porque as moléculas
superfícies atraídas para o interior do líquido tenderam a tornar a área da
superfície um mínimo. É o fenômeno da tensão superficial (σs, alguns autores
usando a nomenclatura τ).

Tais fenômenos são possíveis por causa da tensão superficial


que equilibra o peso desses objetos.
Os valores de tensão superficial são
encontrados em tabelas, seu valor varia com a
temperatura e é expresso em N/m, por exemplo:

Variação da τ da água doce com a temperatura


ÇENGEL, Yunus A. CIMBALA, John M. Mecânica dos Fluidos: Fundamentos e
Aplicações, McGraw-Hill, 2007.
FOX, Robert W. MCDONALD, Alan T., PRITCHARD, Philip, J., LEYLEGIAN,
John, C. Introdução à Mecânica dos Fluidos. 8. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2015.
MORAN, M.J., SHAPIRO, H.N., MUNSON, B.R., DEWITT, D.P. – Introdução à
Engenharia de Sistemas Térmicos: Termodinâmica, Mecânica dos Fluidos e Transferência
de Calor, LTC, Rio de Janeiro, 2005.
MUNSON, Bruce R.; YOUNG Donald F.; e OKIISHI Theodore H. Fundamentos
da Mecânica dos Fluidos. 2 ed. São Paulo: Edgard Blücher, Vol. 1 e 2. 1997.
WHITE, F M - Mecânica dos Fluidos. 6. ed. McGraw-Hill, 2011.

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