Física II

ESTÁTICA DE FLUIDOS
- Pressão
- Princípio de Pascal
- Lei de Boyle-Mariotte
- Princípio de Arquimedes
- Compressibilidade

Jorge Costa
jorge.costa@iseclisboa.pt
 Estática de Fluidos

Estados da matéria
Existem quatro estados da matéria: sólidos, líquidos, gases e plasmas. No Universo em
geral, os plasmas são os mais comuns. Aqui na Terra, os sólidos, os líquidos e os gases
predominam.
Da experiência quotidiana, sabemos que um sólido tem um volume e uma forma
definidos, um líquido tem um volume definido, mas não tem uma forma definida, e um
gás não confinado não tem nem um volume nem uma forma definidos.
Estas descrições ajudam-nos a definir os estados da matéria, mas são um pouco artificiais.
Por exemplo, o asfalto, os plásticos e o vidro são normalmente considerados sólidos, mas
em longos intervalos de tempo tendem a fluir como líquidos. Da mesma forma, a maioria
das substâncias podem ser um sólido, um líquido ou um gás (ou uma combinação de
qualquer um desses três), dependendo da temperatura e pressão a que estão sujeitos.

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Estática de Fluidos

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 Estática de Fluidos

Estados da matéria
Os sólidos e os líquidos têm a propriedade de, sob uma tentativa de os comprimir,
resistir à compressão devido à acção interna de forças atómicas repulsivas fortes.
No estado gasoso, as moléculas estão em constante movimento aleatório e
exercem apenas forças fracas umas sobre as outras. A distância média entre as
moléculas de um gás é bastante grande em comparação com o tamanho das
moléculas. Como resultado, ao contrário dos sólidos e líquidos, os gases podem
ser facilmente comprimidos.

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Densidade e Pressão
Massas iguais de alumínio e ouro têm uma importante diferença física: o volume
ocupado pelo alumínio é mais de sete vezes superior ao volume ocupado pelo
ouro. Embora as razões para esta diferença ocorra ao nível atómico e nuclear, uma
medição simples dessa diferença é o conceito de densidade.

A densidade de um objecto de composição uniforme pode ser representada pela

razão entre a sua massa e o volume que ocupa:
𝑴
𝝆=
Unidades SI: kg/m3 𝑽

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Densidade e Pressão

Para um objeto com composição não uniforme, a equação anterior define uma
densidade média. As unidades mais comuns para definir a densidade são kg/m3 no
sistema SI e g/cm3 no sistema cgs.
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Densidade e Pressão
As densidades da maioria dos líquidos e
sólidos variam levemente com mudanças de
temperatura e pressão; as densidades dos
gases variam muito com essas mudanças.

Em condições normais, as densidades dos

sólidos e líquidos são cerca de 1000 vezes
maiores que as densidades dos gases.

Esta diferença implica que o espaçamento

médio entre moléculas num gás sob tais
condições é cerca de dez vezes maior do que
num sólido ou num líquido.

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Exercício 25
Considere um colchão de água medindo 2,00 m de comprimento por 2,00 m de
largura e com uma altura de 30,0 cm. Se este estiver cheio de água, determine a
massa e o peso da água que se encontra no colchão. R: 1,2x103 kg

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Densidade e Pressão
A densidade relativa define-se pela razão entre a sua densidade e a densidade da
água a 4 °C, que é 1,0x103 kg/m3. Por definição, a densidade relativa é uma
quantidade adimensional. Por exemplo, se a gravidade específica de uma
substância for 3,0, sua densidade é 3,0 x (1,0x103 kg/m3) = 3,0x103 kg/m3.

A força exercida por um fluido sobre um objeto é

sempre perpendicular às superfícies do objeto,
como mostra a figura.

Se F representar a magnitude de uma força

exercida na perpendicular sobre uma determinada
área de superfície A, então a pressão média P é a
razão entre a força e a área: 𝑭
𝑷=
𝑨
Unidades SI: Pascal (Pa = N/m2) 9
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Exercício 26
Com o objectivo de relacionar densidade, pressão e peso, determine:
a) o peso de uma coluna cilíndrica de água com 40,0 m de altura e 1,00 m de raio.
R: 1,23x106 N
b) a força exercida pelo ar no topo da coluna cilíndrica. Considere que a pressão
do ar é 1 atm (1,013x105 Pa). R: 3,17x105 N
c) a pressão à profundidade de 40 m que
suporta a coluna de água. R: 4,93x105 Pa

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Variação da Pressão com a Profundidade

Quando um fluido está em repouso num recipiente, todas as porções do fluido devem
estar em equilíbrio estático. Além disso, todos os pontos na mesma profundidade devem
estar na mesma pressão, caso contrário, o fluido fluiria da região de pressão mais alta para
a região de pressão mais baixa.

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Variação da Pressão com a Profundidade

Se considerarmos um fluido contido no volume indicado pela região mais escura na figura,
esta região tem uma área transversal A e se estende da posição y1 até a posição y2 abaixo
da superfície do líquido. Neste volume de fluido agem três forças externas: a força da
gravidade, Mg; a força ascendente P2A exercida pelo líquido abaixo dela; e uma força
descendente P1A exercida pelo fluido acima dela. Uma vez que o volume de fluido
considerado está em equilíbrio, o somatório das forças identificadas deve ser igual a zero.
Então temos: 𝑷 𝑨 − 𝑷 𝑨 − 𝑴𝒈 = 𝟎
𝟐 𝟏

Utilizando a definição de densidade, dada por:

𝑴 = 𝝆𝑽 = 𝝆𝑨(𝒚𝟏 − 𝒚𝟐 )

e substituirmos na equação anterior, obtemos:

𝑷𝟐 = 𝑷𝟏 + 𝝆𝒈 𝒚𝟏 − 𝒚𝟐

𝑷 = 𝑷𝟎 + 𝝆𝒈𝒉
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Exercício 27
Num enorme petroleiro, um dos tanques foi inundado com água salgada até uma
profundidade h2 = 5,00 m. No topo da água existe uma camada de petróleo com
h1 = 8,00 m, de acordo com a vista de secção transversal do tanque representado
na figura abaixo. O óleo tem uma densidade de 0,700 g/cm3. Determine a pressão
no fundo do tanque. (considere que a densidade da água salgada é 1025 kg/m3).
R: 2,06x105 Pa

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Exercício 27a
Se um mergulhador atingir uma profundidade de 50,0 m num lago, determine a variação
de pressão que ele sofre relativamente à superfície. R: 4,9x105 Pa

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Como a pressão num fluido depende da profundidade e da pressão à sua

superfície P0, qualquer aumento de pressão na superfície vai ser transmitido a
todos os pontos do fluido.
Este efeito foi reconhecido pela primeira vez pelo cientista francês Blaise Pascal
(1623-1662) e é conhecido por princípio de Pascal.
Qualquer variação na pressão aplicada a um fluido fechado é transmitida
uniformemente e sem redução para cada ponto do fluido e para as paredes do
recipiente

𝑭 𝟏 𝑭𝟐
= 16
𝑨𝟏 𝑨𝟐
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Exercício 28
Numa estação de serviço automóvel existe um elevador operado por ar
comprimido que exerce uma força sobre um pequeno pistão de seção transversal
circular com um raio de r1 = 5,00 cm. Esta pressão é transmitida por um líquido
incompressível para um segundo pistão de raio r2 = 15,0 cm.
a) Determine a força que o ar comprimido deve exercer sobre o pequeno pistão
para levantar um carro que pesa 13300 N? Negligencie o peso dos pistões.
R: 1,47x103 N
b) Que pressão de ar produzirá uma força dessa magnitude?. R: 1,87x105 Pa

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Medições de Pressão
Um dispositivo simples para medir a pressão é o manómetro de tubo aberto.

Uma extremidade de um tubo em forma de U contendo um líquido é aberto para

a atmosfera e a outra extremidade é conectada a um sistema de pressão
desconhecida P. A pressão no ponto B é igual a P0 + ρgh. A pressão em B é, no
entanto, igual à pressão em A, que também é a pressão desconhecida P.

A pressão P é a pressão absoluta e P – P0 é a

pressão manométrica. Neste sistema, se P for
maior que a pressão atmosférica, h é positivo. Se
P for menor que a pressão atmosférica (um vácuo
parcial), h é negativo, significando que a coluna
da direita é menor que a coluna da esquerda.

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 Estática de Fluidos

Medições de Pressão
Outro instrumento usado para medir a pressão é o barómetro, inventado por
Evangelista Torricelli (1608–1647). Um longo tubo fechado numa extremidade é
preenchido com mercúrio e, em seguida, invertido num prato de mercúrio. A
extremidade fechada do tubo é quase um vácuo, então sua pressão pode ser
considerada zero, pois P0 = ρgh. Observe que o barómetro mede a pressão da
atmosfera, enquanto o manómetro mede a pressão de um fluido fechado.
A pressão de uma atmosfera é definida como sendo a pressão
equivalente a uma coluna de mercúrio que tem exatamente 0,760
m de altura a 0 °C com g = 9,80665 m/s2. A esta temperatura, o
mercúrio tem uma densidade de 13,595x103 kg/m3. Assim:

P0 = ρgh = 13,595x103 x 9,80665 x 0,7600 = 1,013x105 Pa = 1 atm

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Exercício 28a
Determine a força exercida por uma coluna de água com 36,0 m de altura numa
barragem com 300 m de comprimento. R: 1,91x103 MN

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Princípio de Arquimedes
Um princípio fundamental que afeta os objetos submersos em fluidos foi
descoberto pelo matemático e filósofo grego Arquimedes.
Todo o corpo mergulhado num fluido (líquido ou gás) sofre, por parte do fluido,
uma força vertical para cima, cuja intensidade é igual ao peso do fluido
deslocado pelo corpo.

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Princípio de Arquimedes
Se substituirmos o fluido sombreado por uma bola de canhão com o mesmo
volume, apenas se altera a massa na qual a pressão atua, de modo que a força de
impulsão é a mesma: Fimp = Mg, onde M é a massa do fluido deslocado, não a
massa da bola de canhão. A força da gravidade na bola, mais pesada, é maior do
que no fluido, então a bola de canhão afunda.
O princípio de Arquimedes pode ser obtido a partir
da Equação 𝑷𝟐 𝑨 − 𝑷𝟏 𝑨 − 𝑴𝒈 = 𝟎, que relaciona a
pressão com a profundidade. As forças horizontais
cancelam-se, mas na vertical P2A atua para cima, no
fundo do bloco e P1A juntamente com a força de
gravidade Mg, actuam para baixo, dando

𝐹𝑖𝑚𝑝 = 𝑃2 𝐴 − 𝑃1 𝐴 = 𝑀𝑔 𝑭𝒊𝒎𝒑 = 𝝆𝒇𝒍𝒖𝒊𝒅𝒐 𝑽𝒇𝒍𝒖𝒊𝒅𝒐 𝒈

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Princípio de Arquimedes
Quando um corpo está totalmente imerso num líquido, podemos ter as seguintes
condições:
• se este permanecer parado no ponto onde foi colocado, a intensidade da força
de impulsão é igual à intensidade da força gravitacional (Fimp = Mg);
• se o corpo se afundar, a intensidade da força de impulsão é menor do que a
intensidade da força gravitacional (Fimp < Mg);
• por sua vez se ele for levado para a
superfície, a intensidade da força de
impulsão é maior do que a intensidade da
força gravitacional (Fimp > Mg).

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 Estática de Fluidos

Princípio de Arquimedes
Caso I: Para corpos totalmente imersos, o volume de fluido deslocado é igual ao
próprio volume do corpo. Neste caso, a intensidade do peso do corpo e da
impulsão são dadas por:
𝑷 = 𝝆𝒄 𝑽𝒄 𝒈 𝒆 𝑭𝒊𝒎𝒑 = 𝝆𝒇 𝑽𝒄 𝒈

Comparando-se as duas expressões observamos que:

• se ρc > ρf , o corpo desce em movimento acelerado (FR = P – Fimp);
• se ρc < ρf , o corpo sobe em movimento acelerado (FR = Fimp – P);
• se ρc = ρf , o corpo encontra-se em equilíbrio.
Quando um corpo mais denso que um líquido é totalmente imerso nesse líquido,
observamos que o valor do seu peso, dentro desse líquido é, aparentemente,
menor do que no ar. A diferença entre o valor do peso real e do peso aparente
corresponde à impulsão exercida pelo líquido:
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Paparente = Preal – Fimp e Fresultante = Preal – Fimp
 Estática de Fluidos

Exercício 29
Um objecto com massa de 10,0 kg e volume de 0,002 m3 é colocado totalmente
dentro da água (ρH2O = 1 kg/L). Determine:
a) o peso do objecto. R: 98,0 N
b) a intensidade da força de impulsão que a água exerce no objecto. R: 19,6 N
c) o valor do peso aparente do objecto. R: 78,4 N
d) a aceleração do objecto, desprezando o atrito com a água. R: 7,84 m/s2

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 Estática de Fluidos

Princípio de Arquimedes
Caso II: Para um corpo flutuando num líquido, temos as seguintes condições:
1) O corpo encontra-se em equilíbrio:
Fimp = P

2) O volume de líquido que ele desloca é menor do que o seu volume:

Vdeslocado < Vcorpo

3) A sua densidade é menor do que a densidade do líquido:

ρcorpo < ρfluido

4) O valor do peso aparente do corpo é nulo:

Paparente = Preal – Fimp = 0

A razão entre os volumes imerso e total do corpo é dada por:

𝑽𝒊𝒎𝒆𝒓𝒔𝒐 𝝆𝒄𝒐𝒓𝒑𝒐
Fimp = P  ρfluidoVimersog = ρcorpoVcorpog  =
𝑽𝒄𝒐𝒓𝒑𝒐 𝝆𝒇𝒍𝒖𝒊𝒅𝒐 26
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Exercício 30
Um bloco de madeira (ρc = 0,65 g/cm3), com 20,0 cm de aresta, flutua na água
(ρágua = 1,00 g/cm3). Determine a altura do cubo que permanece dentro da água.
R: 0,13 m

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 Estática de Fluidos

Exercício 31
Um caçador de pechinchas compra uma coroa de “ouro” na Feira da Ladra.
Chegado a casa, pendura a coroa numa balança e verifica que o seu peso é igual a
7,84 N. Posteriormente, imerge a coroa em água e volta a pesá-la, obtendo um
peso igual a 6,86 N. Será que a coroa é feita de ouro puro? Considere a densidade
da água igual a 1000 kg/m3. R: 8,0x103 kg/m3

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Exercício 31a
A densidade da água do mar (1030 kg/m3) é maior que a do gelo (920 kg/m3). Os
icebergues flutuam, de modo que uma parte do seu volume permanece fora da
água. Utilize o principio de Arquimedes para determinar a percentagem do
volume do iceberg que está imersa. R: 89%

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