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Macaé, 2021/2
Equilíbrio de Fases
Bibliografia.
Esta apostila foi inteiramente construída consultando os livros listados abaixo. Em alguns
casos, utilizaram-se figuras dos respectivos livros, aquelas disponíveis no material de
apoio ao professor disponibilizado pelas Editoras, ou ainda figuras amplamente divulgadas
na Internet.
O objetivo é meramente acadêmico, para que se constitua um material de estudos para os
acadêmicos do Curso de Química.
1) LEVINE, N.I. Físico – Química. 6° Ed. vol 1., Rio de Janeiro, 2012.
2) G. Castellan. Fundamentos de Físico-Química, vol 1, Ed. LTC, 1986
3) P. W. Atkins, Físico-Química, 4, 5, 6, 7, 8 ed., LTC.
4) W. J. Moore, Físico-Química, Ed. E. Blucher Ltda, EDUSP, 1976.
5) P.W. Atkins, fundamentos de físico-química, 3º ed.
6) D. A. MacQuarrie e J. D. Simon, Physical Chemistry - A Molecular Approach,
University Science Books, 1997.
7) Artigos científicos relacionados
2
Introdução a equilíbrio de fases
3
temperatura e pressão. Para cada substância existe uma faixa de temperatura e pressão
na qual ela mantém suas características como espécie, mudando apenas de fase de
agregação.
Um exemplo é a água pura, à temperatura inferior ou igual a 0°C, submetida
à pressão de 1atm, ela se encontra na fase sólida; entre 0°C e 100°C, submetida à mesma
pressão, ela se encontra na fase líquida e a 100°C também submetida à mesma pressão,
ela passará para a forma de vapor de água, ou seja, fase gasosa. Definindo essas fases
de agregação podemos dizer que:
Na fase gasosa: as partículas da substância estão com maior energia cinética. Elas ficam
muito distantes umas das outras. Movem-se com muita velocidade e colidem entre si.
Na fase Sólida: as partículas que formam a substância possuem a menor energia cinética;
elas permanecem praticamente imóveis, unidas por forças de atração mútuas e dispostas,
em geral, de acordo com um arranjo geométrico definido. No caso das moléculas de água,
esse arranjo é em forma de anéis, no qual sempre há um átomo de hidrogênio entre dois
de oxigênio. O arranjo das moléculas de água, na fase sólida, é o responsável pelo
aumento do seu volume. Então, ao se congelar, a água se expande, formando o gelo que é
menos denso que a água na fase líquida.
4
Uma das formas de apresentar essas mudanças físicas de estado, saber em
que condições de temperatura e pressão permitem a coexistência de duas ou mais fases
num sistema constituído por um componente, ou ainda saber a que temperatura uma fase
se transforma em outra, mantendo a pressão constante, é utilizando o diagrama de fases
(Figura 2)
5
Fases (P): é um estado da matéria uniforme em sua composição química e estado físico.
Uma parte estruturalmente homogênea do sistema, que possui propriedades físicas e
químicas características;
• Exemplo 1: Diferentes fases sólidas de uma substância (P = 1).
• Exemplo 2: Solução de dois líquidos miscíveis (P = 1).
• Exemplo 3: Mistura de gelo moído e água (P = 2).
• Exemplo 4: CaCO3(s) em decomposição térmica (P = 3).
Componentes (C): São elementos químicos e/ou compostos que constituem uma fase;
Número mínimo de espécies constituintes quimicamente independentes necessárias para
definir a composição de todas as fases do sistema em equilíbrio.
Observação: Quando não há reações químicas, o número de constituintes químicos
coincide com o número de componentes.
Equilíbrio: Um sistema está em equilíbrio quando suas características não mudam com o
tempo, e tende a permanecer nas condições em que se encontra indefinidamente, a não
ser que seja perturbado externamente. Já em termos termodinâmicos, um sistema está em
equilíbrio quando sua energia livre é mínima (∆G = 0) (Figura 1), consideradas as
condições de temperatura, pressão e composição em que ele se encontra. Variações
dessas condições resultam numa alteração da energia livre, e o sistema pode
espontaneamente se alterar para outro estado de equilíbrio (no qual a energia livre seja
mínima para as novas condições de temperatura, pressão e composição).
transição de fase: é a conversão espontânea de uma fase em outra, que ocorre a uma
temperatura característica para uma dada pressão. A temperatura de transição (Ttrans) é a
temperatura na qual as duas fases estão em equilíbrio (𝑑𝐺 = 0).
Pressão de vapor e pressão de vapor de sublimação: Considere uma substância pura
liquida num recipiente fechado, inicialmente em vácuo (Figura 3). Uma porção do líquido
vai evaporar e exercer uma pressão. Quando o sistema entra em equilíbrio numa dada
temperatura, a pressão que o gás exerce é chamada de pressão de vapor do líquido, que é
uma propriedade da substância em questão. Caso semelhante ocorre quando um sólido
6
está em equilíbrio com seu vapor. Neste caso, a pressão do gás é chamada pressão de
vapor de sublimação. Desta forma, a curva de equilíbrio líquido/vapor no digrama de fase
nos diz como a pressão de vapor do líquido varia com a temperatura (análogo é o caso da
pressão de vapor de sublimação).
(a) (b)
7
O equilíbrio de fases e as transições de fase ocorrem frequentemente no mundo à
nossa volta, desde a ebulição da água em uma chaleira até a fusão das geleiras do Ártico.
O ciclo de evaporação da água, a condensação que leva à formação de nuvens e a queda
pluviométrica têm um papel fundamental na ecologia do planeta.
Acredita-se que o universo passou por transições de fase no início de sua história à
medida que se expandiu e resfriou após o Big Bang (M.J.Rees, Before the Beginning,
Perseus, 1998, p. 25), e alguns físicos acreditam que o Big Bang que deu vida ao universo
foi uma transição de fases produzida por flutuações aleatórias em um vácuo quântico
preexistente (A. H. Guth, The Inflationary Universe, Perseus, 1997, p.12-14 e Cap.17).
8
CAPÍTULO 1 – Equilíbrio de fase de sistemas de 1 componente
1.1 - Introdução
Um exemplo de equilíbrio em fases é o constituído por uma ÚNICA fase (sistema
monofásico), por exemplo, a água pura (se ignorarmos a dissociação da água).
Para um sistema constituído de apenas 1 componente, o potencial químico é a
energia de Gibbs molar.
𝐺
𝜇= 𝐸𝑞. 1
𝑛
Onde
: potencial químico
𝐺: energia de Gibbs
𝑛: número de mols
9
As derivadas totais e parciais são muito utilizadas em físico-químicas, pois nos
permite perceber e entender com uma maior facilidade, como que uma função de estado
varia com as mudanças de propriedades do sistema, como pressão (P), temperatura (T) e
volume (V).
Substituindo as equações 𝐸𝑞. 4𝑎, 𝑏, na equação 2, temos:
𝑑𝐺 = −𝑆𝑑𝑇 + 𝑉𝑑𝑃 + ∑𝑖 𝜇 𝑑𝑛𝑖 𝐸𝑞. 5
𝜕𝐺
Portanto, podemos escrever que: 𝜇𝑖 = ( ) 𝐸𝑞. 1
𝜕𝑛 𝑃,𝑇
Figura 4: Quando duas ou mais fases estão em equilíbrio, seus potenciais químicos
são iguais. Obedecem a equação 6.
10
A figura 5 mostra as regiões onde às fases sólidas, líquida e gasosa são
estáveis, para substâncias simples. A fase com menor potencial químico a uma
temperatura específica é a fase mais estável nesta temperatura. Abaixo da temperatura de
fusão (baixas temperaturas), o sólido é a fase mais estável. Entre a temperatura de fusão e
de ebulição, o líquido é a fase mais estável e acima da temperatura de ebulição (altas
temperaturas), o gás é a fase mais estável.
Nas temperaturas de transição (temperatura onde ocorre o processo de fusão
e de ebulição), os potenciais químicos das fases são iguais e, portanto estão em equilíbrio.
Isso significa dizer que são regiões onde às duas fases coexistem em equilíbrio.
1
3
11
Figura 5: Dependência do potencial químico em função da temperatura para sólido, líquido
e gás.
Um resumo da figura 5 é:
Na região (1): TTfusão: a fase sólida apresenta um menor potencial químico, logo é a
mais estável.
Na região (2): 𝑇 = 𝑇𝑓𝑢𝑠ã𝑜 logo, o 𝜇𝑠ó𝑙𝑖𝑑𝑜 = 𝜇𝑙í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 : as duas fases estão em equilíbrio e,
portanto coexistem.
Na região (3): 𝑇𝑓𝑢𝑠ã𝑜 < 𝑇 < 𝑇𝑒𝑏𝑢𝑙𝑖çã𝑜 : a fase líquida apresenta um menor potencial
químico, logo é a mais estável.
Na região (4): 𝑇 = 𝑇𝑒𝑏𝑢𝑙𝑖çã𝑜 logo, o 𝜇𝑙í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 = 𝜇𝑔á𝑠 : as duas fases estão em equilíbrio e,
portanto coexistem.
Na região (5): 𝑇 > 𝑇𝑒𝑏𝑢𝑙𝑖çã𝑜 : fase gasosa apresenta um menor potencial químico, logo
é a mais estável.
O potencial químico das fases muda com a temperatura e a pressão, como
observado nas equações 4 e 5.
Para a Figura 5, podemos escrever para uma mudança de fase de sólido para líquido.
𝑑𝐺
= (𝜇 𝐿 − 𝜇 𝑆 ) 𝐸𝑞. 7
𝑛
Onde: 𝜇 𝐿 : 𝑝𝑜𝑡𝑒𝑛𝑐𝑖𝑎𝑙 𝑞𝑢í𝑚𝑖𝑐𝑜 𝑑𝑜 𝑙í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜
𝜇 𝑆 : 𝑝𝑜𝑡𝑒𝑛𝑐𝑖𝑎𝑙 𝑞𝑢í𝑚𝑖𝑐𝑜 𝑑𝑜 𝑠ó𝑙𝑖𝑑𝑜
12
1.2) Variação do potencial químico com a Temperatura
𝜕𝐺
(𝜕𝑃) = 𝑉𝑚 Eq.4b
𝑇
13
Quando a pressão diminui, 𝑑𝑃 é negativo, como normalmente o volume molar (Vm) é
sempre positivo, 𝑑𝜇 é negativo e o potencial químico decresce proporcionalmente com o
volume da fase, Figura 6a, b.
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Quando colocamos uma garrafa fechada com água no congelador, o que
acontece????? A garrafa estoura, devido ao fato de que o volume da água sólida é maior
que o volume da água líquida.
O comportamento da água é devido a sua estrutura. A fase sólida apresenta
um arranjo mais ordenado que a fase líquida. As duas estruturas podem ser comparadas
na figura 7, onde se observa a ordem de longo alcance do gelo e o espaço vazio que esta
ordem implica. Essa é a razão pela qual o gelo é menos denso que a água líquida ao
contrario do que ocorre com a maioria das outras substâncias.
Uma característica importante deste tipo de estrutura é o elevado grau de
porosidade. No gelo, todas as moléculas de água formam o número máximo de ligações
de hidrogênio. Isto só é possível porque o movimento molecular é muito baixo, permitindo
que as pontes de hidrogênio se mantenham estáveis. Ao fornecer calor ao bloco de gelo, a
energia cinética das partículas aumenta e algumas pontes de hidrogênio partem-se e as
unidades estruturais ordenadas desagregam-se. Os espaços vazios existentes na estrutura
anterior são preenchidos pelas unidades desagregadas, ou por moléculas individuais, e a
água para o estado líquido.
15
substância pura, como na Figura 8, poderia envolver equilíbrio sólido-líquido, sólido-vapor,
ou líquido-vapor ou até o equilíbrio sólido-sólido.
Vamos ver agora, como a termodinâmica pode nos ajudar a localizar as
curvas de equilíbrio de fases e assim, nos permite desenhar um diagrama de fases.
16
𝑑𝜇 𝛼 = 𝑑𝜇 𝛽 𝐸𝑞. 15
Podemos, a partir da equação 3, escrever para cada fase:
𝛽 𝛽
𝑑𝜇 𝛼 = 𝑉𝑚𝛼 𝑑𝑃 − 𝑆𝑚
𝛼
𝑑𝑇 𝐸𝑞. 16 𝑑𝜇 𝛽 = 𝑉𝑚 𝑑𝑃 − 𝑆𝑚 𝑑𝑇 𝐸𝑞. 17
𝛽 𝛽
𝛼
Onde: ∆𝑆𝑚 = 𝑆𝑚 −𝑆𝑚 𝑒∆𝑉𝑚 = 𝑉𝑚 − 𝑉𝑚𝛼 , assumindo que a transição é de → e
𝑑𝑇 𝑒 𝑑𝑃 são as variações de T e P na ida do ponto 𝑎 até o ponto 𝑏 ao longo da curva de
equilíbrio 𝛼 − 𝛽.
Onde ∆𝑉𝑚 e ∆𝑆𝑚 são as variações de volume e de entropia para a transição de fase
𝛼 − 𝛽.
A equação 21 é chamada de equação de Clapeyron, é uma equação diferencial e
uma expressão exata para a inclinação do limite de fases e fundamental ao se discutir o
qualquer equilíbrio entre as duas fases de uma substância pura.
A partir da equação 121, podemos localizar de forma exata a localização das fases,
𝑑𝑇
a partir da diferencial 𝑑𝑃.
17
∆𝐻𝑚
∆𝑆𝑚 = 𝐸𝑞. 22
𝑇
𝑑𝑃 ∆𝐻𝑚
Portanto: = 𝐸𝑞. 21𝑏
𝑑𝑇 𝑇∆𝑉𝑚
𝑑𝑃 ∆𝑓𝑢𝑠ã𝑜 𝐻
= 𝐸𝑞. 23
𝑑𝑇 𝑇∆𝑓𝑢𝑠ã𝑜 𝑉
18
Figura 9: Limite de fase típico para o equilíbrio sólido-líquido. Esta inclinação implica que
com o aumento da pressão, a temperatura de fusão aumenta.
19
A equação 25 fica:
𝑑𝑇 1
Lembrando que =
𝑇2 𝑇
A equação 27 fica:
𝑃2 ∆𝐻𝑚 1 1
𝑙𝑛 = − ( − ) Eq. 28
𝑃1 𝑅 𝑇2 𝑇1
(a) (b)
Figura 10: (a) A inclinação da curva de equilíbrio líquido-gás (vaporização) e (b) curva de
equilíbrio sólido-gás (sublimação) perto do ponto triplo.
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___________________________________________________________________
Exercícios de fixação resolvido:
O ponto de ebulição normal do etanol é 78,3 C, e, a essa temperatura,
∆𝑣𝑎𝑝 𝐻 = 38,9 𝑘𝐽/𝑚𝑜𝑙. A que valor, P deve ser reduzido se quisermos ferver o etanol a 25
C em uma destilação a vácuo?
Resposta:
O ponto de ebulição é a temperatura na qual a pressão de vapor do líquido se iguala
à pressão aplicada P sobre o líquido. O valor desejado da pressão aplicada P é,
dessa forma, a pressão de vapor do etanol a 25 C. Para resolvermos, temos que
determinar a pressão de vapor do etanol a 25 C. Sabemos que a pressão de vapor
no ponto de ebulição normal é de 1 atm (760 Torr). A variação da pressão de vapor
com a temperatura é dada pela equação 26. Se assumirmos que variação ∆𝑣𝑎𝑝 𝐻
com a temperatura é ignorada, a integração dá a equação 28:
𝑃2 ∆𝐻𝑚 1 1
𝑙𝑛 = − ( − )
𝑃1 𝑅 𝑇2 𝑇1
760 𝑡𝑜𝑟𝑟
𝑙𝑛 = 2,38
𝑃1
ln 760 − 𝑙𝑛𝑃1 = 2,38 6,63 − 2,38 = 𝑙𝑛𝑃1
𝑙𝑛𝑃1 = 4,25 𝑷𝟏 ≅ 𝟕𝟎, 𝟏 𝒕𝒐𝒓𝒓
A pressão de vapor experimental do etanol a 25 C é 59 Torr. O erro substancial no
resultado é devido a não idealidade do vapor e à variação ∆𝑣𝑎𝑝 𝐻 com a temperatura.
21
Para 1 g de gelo, ∆𝑓𝑢𝑠ã𝑜 𝐻 = 333,6 𝐽 𝑒 o volume molar do líquido e do sólido são 1 cm 3
e 1,091 cm3 respectivamente. Não se esqueça de que o ponto normal corresponde a
uma pressão de 1 atm. (Resposta: 272,40 K)
3) No ponto de fusão normal do NaCl, 80,1 C, sua entalpia de fusão é 28,8 kJ/mol, a
densidade do sólido é de 2,16 g/ cm3 e a densidade do líquido é 1,73 g/ cm 3. Que
aumento de pressão é necessário para elevar o ponto de fusão em 1 2,16 C?
(Resposta: 39 atm)
22
Figura 11: Diagrama de fases do CO2.
23
que a água líquida. Isto provoca mudanças atípicas no diagrama de fase da água.
∆𝑉𝑚 = 𝑉𝑚,𝑙𝑖𝑞 − 𝑉𝑚,𝑠𝑜𝑙 e como o volume do líquido é menor,a variação de volume é negativa.
A patinação no gelo só é possível, em parte, porque diminui o ponto de fusão
em virtude da pressão exercida pelo peso do patinador através da lâmina do patim.
24
quantidade da fase, são conhecidas como propriedades extensivas. Este último tipo não
importam muito no estudo dos equilíbrios de fase.
Um sistema monofásico de um componente, por exemplo, tem um grande
número de propriedades intensivas. Para descrever o estado de um sistema simples deste
tipo, deve-se medir e indicar valores para a maior parte dessas propriedades, isto é, indicar
a pressão, a temperatura e a densidade.
É sabido, devido a experiências que não é necessário especificar todas essas
propriedades para caracterizar completamente o sistema.
O número de graus de liberdade de um sistema é definido como o menor
número de variáveis intensivas que deve ser especificado para valores de todas as demais
variáveis intensivas que deve ser especificado para os valores de todas as demais
variáveis intensivas. O número de graus de liberdade é representado por F.
A coexistência de duas fases em equilíbrio implica que:
25
Para um sistema com 1 componente, como a água pura, fixamos C = 1 e a
regra das fases se reduz a 𝐹 = 3 − 𝑃. Quando só uma fase está presente, 𝐹 = 2, o que
implica que P e T podem variar independentemente. Em outras palavras, um sistema com
uma única fase é representado por uma região num diagrama de fases.
Quando 2 fases estão em equilíbrio, 𝐹 = 3 − 𝑃 e portanto F = 1, indicando
que a pressão não pode variar livremente se nós fixarmos a temperatura. Em outras
palavras, um sistema com uma única fase é representado por uma linha num diagrama de
fases.
Quando 3 fases estão em equilíbrio, 𝐹 = 3 − 𝑃 e portanto F = 0. Essa
condição invariante especial pode ser estabelecida somente em uma temperatura e
pressão definida. O equilíbrio das três fases é representado então por um ponto, o ponto
triplo, no diagrama de fases.
RESUMINDO:
• Sistemas com um componente
(C = 1 → F = 3 – P).
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CAPÍTULO 2 – Equilíbrio de fase de sistemas de 2 componente
27
A pressão parcial de vapor de um componente em uma solução ideal de dois
líquidos voláteis é dada pela lei de Raoult.
𝑝𝐴 = 𝑥𝐴 𝑝𝐴∗ Eq. 30
𝑝𝐵 = 𝑥𝐵 𝑝𝐵∗ Eq. 31
Onde 𝑝𝐴∗ e 𝑝𝐵∗ é a pressão de vapor de A puro e de B puro respectivamente; 𝑥𝐴 é a
composição do líquido
Já a pressão de vapor total para a mistura é, portanto,
28
𝑦𝐵 = 1 − 𝑦𝐴 Eq. 37
Se:
∗
pA
✓ > 1: significa que A é o componente mais volátil
p∗B
29
28, 𝐹 ′ = 1. A linha entre os pontos (a-b) corresponde ao sistema em que há as duas fases
presentes (uma líquida e uma vapor). Fora desta região há somente uma fase. Em altas
pressões (acima da curva em preto), o sistema contém somente a fase vapor, portanto
𝒛𝑨 = 𝒙𝑨 que é a composição do líquido e a pressão aplicada é maior que a pressão de
vapor. Abaixo da curva em verde, o sistema contém somente a fase líquida, portanto 𝒛𝑨 =
𝒚𝑨 que é a composição do vapor e a pressão aplicada é menor que a pressão de vapor
(Figura 15).
30
Onde 𝑛𝛼 e 𝑛𝛽 são as quantidades das duas fases; 𝑙𝛼 e 𝑙𝛽 são as distâncias
entre as fases
A proporção é dada pela relação:
𝑛𝛼 𝑙𝛼 = 𝑛𝛽 𝑙𝛽 Eq. 39
Em outras palavras:
𝑛ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑚𝑜𝑙𝑠 𝑑𝑎 𝑓𝑎𝑠𝑒 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑚𝑝𝑜𝑠𝑖çã𝑜 𝛼 𝑙𝛼
=
𝑛ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑚𝑜𝑙𝑠 𝑑𝑎 𝑓𝑎𝑠𝑒 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑚𝑝𝑜𝑠𝑖çã𝑜 𝛽 𝑙𝛽
Resolução: A primeira coisa a fazer é calcular a fração molar do benzeno, que tem a
maior pressão de vapor. LEMBRANDO QUE: quanto maior for a pressão de vapor,
mais volátil será o líquido, e menor será sua temperatura de ebulição.
𝒏𝟏 𝟏 𝒎𝒐𝒍 𝟏
𝒙𝟏 = = = = 𝟎, 𝟑𝟑𝟑
𝒏𝒕𝒐𝒕𝒂𝒍 𝟏𝒎𝒐𝒍 (𝒃𝒆𝒏𝒛𝒆𝒏𝒐) + 𝟐 𝒎𝒐𝒍𝒔 (𝒕𝒐𝒍𝒖𝒆𝒏𝒐 𝟑
31
diagrama de fases temperatura-composição, em que um dos eixos é a temperatura e o
outro é a fração molar.
Primeiramente, vamos considerar o diagrama de fases de uma mistura
binária de dois componentes voláteis. Esse tipo de mistura é extremamente importante
para a compreensão da destilação fracionada, que é uma das técnicas de ampla utilização
na indústria e no laboratório.
Podemos esperar que o ponto de ebulição de uma mistura de dois líquidos
voláteis varie suavemente a partir do ponto de ebulição de um dos componentes puros,
quando esse líquido está presente, até o ponto de ebulição do outro componente puro,
quando apenas esse outro líquido está presente. Esse comportamento é em geral
observado em laboratório e é representado pela figura 17.
Podemos acompanhar as mudanças que ocorrem durante a destilação
fracionada de uma mistura de líquidos voláteis seguindo o que acontece quando uma
mistura com a composição 𝒂𝟏 é aquecida.
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topo da coluna. Embora muitas misturas líquidas binárias tenham diagrama de fases
temperatura composição que se assemelham a figura 17, existem casos muito
importantes, onde se observam diferenças marcantes. Por exemplo, às vezes encontram-
se um máximo na curva do ponto de ebulição (Figura 18).
33
O diagrama da Figura 19 também é azeotrópico, mas o comportamento é
diferente.
34
hexano. A solubilidade das duas fases varia com a temperatura, e, portanto, a composição
e a proporção das duas fases se alteram quando a temperatura muda. O diagrama de
fases característico é mostrado na Figura 20.
Na figura 16, observa-se que acima da parábola só existe 1 fase (P=1), isso
significa que os dois líquidos são completamente miscíveis. Abaixo da parábola, temos 2
fases (P=2).
Supondo que o eixo do X representa o nitrobenzeno sendo adicionado ao
hexano, a figura 16 pode ser explicada da seguinte maneira:
Quando uma pequena quantidade de nitrobenzeno é adicionada ao hexano, a
uma temperatura T, o nitrobenzeno dissolve-se completamente; entretanto, à medida que
mais nitrobenzeno é adicionado, surge um momento em que ele não dissolve mais. Agora,
a amostra consiste de duas fases em equilíbrio entre si (abaixo da parábola), uma mais
abundante consiste em hexano saturado com nitrobenzeno e a outra, menos abundante,
consiste em nitrobenzeno saturado com hexano.
35
Até que temperatura a mistura deve ser aquecida para obter uma única fase em 1 atm?
Utilize a regra da Alavanca.
Resposta:
A resposta é baseada na figura abaixo:
36
𝑙𝛼 = 0,1𝑙𝛽
Este resultado significa que, nesta temperatura (290 K), a fase rica em
hexano é 10 vezes mais abundante do que a fase rica em nitrobenzeno. Acima de 293 K
existe somente 1 única fase (onde o hexano e o nitrobenzeno são completamente
miscíveis). Esta temperatura é chamada de temperatura crítica superior.
37
A baixas temperaturas, os dois componentes são mais miscíveis, porque
formam um complexo fraco; a altas temperaturas, este complexo deixa de existir e os dois
componentes são menos miscíveis (passa a ter duas fases (P = 2)).
Alguns outros sistemas possuem as duas temperaturas (inferior e superior). É
o caso na água/nicotina (Figura 22). A razão pode estar no fato de que depois que os
complexos fracos foram rompidos, levando a miscibilidade parcial, o movimento térmico
em temperaturas mais altas, novamente homogeneiza a mistura.
38