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Formação Continuada

Ensino de Química

Tópico: Transformações e estrutura atômica.

Objetivos: Definir estados da matéria e processos físicos e químicos; conhecer propriedades


únicas da água como composto químico e solvente; revisar conceitos básicos de transformações
químicas e introduzir o aluno a modelos atômicos.

Prezados alunos, tudo bem? Nesta aula apresentaremos uma breve revisão sobre
conceitos químicos básicos. Discutiremos as diferenças entre processos físicos e processos
químicos, além de algumas propriedades físico-químicas da água. Por fim, iremos discutir sobre
modelos atômicos e propriedades periódicas dos elementos.
Neste curso iremos frequentemente utilizar dois níveis de tratamento dos fenômenos
químicos: o nível macroscópico e o nível microscópico. Definimos aqui o nível microscópico como
aquele com dimensões da ordem de 10-9 metros, ou seja, da ordem de nanômetros. O nível
macroscópico corresponde as observações feitas utilizando uma grade quantidade de matéria, da
ordem de mols. Lembre-se que 1 mol corresponde aproximadamente a 6,02x1023 de algo. Os
fenômenos ligados ao mundo microscópico correspondem tipicamente ao comportamento de um
átomo ou molécula, objetos de dimensões manométricas (da ordem de nanômetros).
Normalmente o químico realiza experimentos no mundo macroscópico e o interpreta em termos
com comportamento de átomos e moléculas, ou seja, objetos microscópicos. Falamos que
normalmente, pois o avanço da ciência tem deslocado esta barreira cada vez mais próxima ao
mundo microscópico. Por exemplo, há experimentos que são capazes de detectar o
comportamento da absorção individual de luz em moléculas! Em nosso curso veremos que a
química frequentemente trabalha realizando a ponte entre propriedades microscópicas e
macroscópicas da matéria.
Neste momento e importante definirmos o que são em nosso contexto matéria,
substância, composto e elemento químico. Matéria é tudo aquilo que tem massa e ocupa um
lugar no espaço. Substância é um tipo de matéria com propriedades físico-químicas uniformes, tais
como densidade e ponto de fusão. Composto químico é um tipo de substância que é constituída
de mais de um emento químico. E por fim, elemento químico é uma espécie atômica neutra cujas
propriedades são definidas pelo número de prótons, ou número atômico (comumente designado
pela letra Z).
Os compostos químicos são representados por meio de sua fórmula química, que
representa a proporção dos átomos presentes no composto químico em questão em números
inteiros. Se a fórmula química corresponder ao número e proporção dos átomos presentes na
molécula, ela é chamada de fórmula molecular, caso contrário é chamada de fórmula empírica.
Por exemplo, a fórmula molecular da água oxigenada é H2O2 enquanto que sua fórmula empírica é
dada apenas por HO. Existem muitas outras representações de compostos químicos, incluído
várias representações gráficas como por exemplo dados pela figura 1. A fórmula molecular da
água é dada por H2O, a da amônia por NH3 e a da sacarose por C12H22O11.

(a) (b)

Figura 1: Painel (a): representação gráfica do tipo bola e bastão (do inglês ball and stick) da molécula de água.
Painel (b): representação gráfica do tipo bola e bastão da molécula de sacarose. Os átomos de oxigênio são
representados pelas esferas em vermelho, os átomos de hidrogênio pelas esferas brancas enquanto que os
átomos de carbono pelas esferas em cinza escuro. As ligações químicas entre os elementos são representadas
pelos bastões.

Transformações Químicas
Consideramos que existe uma transformação química quando há a formação de um novo
composto químico a partir dos existentes. Para que isto ocorra devemos ter o rearranjo dos
átomos presentes nestes compostos. Do ponto de vista microscópico, este rearranjo é o resultado
da quebra e formação de novas ligações químicas. Transformações que não resultam na formação
de novos compostos químicos são consideradas transformações físicas.

DEFINIÇÃO MACROSCÓPICA MICROSCÓPICA (ATÔMICO)

TRANS. A substância é a mesma As partículas (átomos/moléculas) são rearranjadas


FÍSICA Forma original é recuperável (modificação das interações intermoleculares)

TRANS. Átomos são rearranjados para formar novas


A substância é diferente
QUÍMICA substâncias ((ligações rompidas e/ou formadas)
Vale a pena neste momento classificar alguns processos usuais em químicos ou físicos. A
combustão por exemplo é uma reação da substância com oxigênio, portanto, uma transformação
química. Mudanças de estado de substâncias puras (fusão, vaporização, sublimação), também
chamadas de mudanças de fase, normalmente são classificadas como transformações físicas pois
não formam novos compostos químicos.
Os estados de agregação da matéria são chamados de fases e são caracterizados por
propriedades físico-químicas homogêneas. Por exemplo, para a água a pressão ambiente (1 atm)
temos as fases sólida (gelo), líquida (água líquida) ou gasosa (vapor d’agua). Cada fase é estável
dentro e um certo intervalo de temperatura e pressão, e, excedido este intervalo, provocamos
uma mudança na fase no material. Para que uma substância pura mude de fase é necessário que
algum calor seja fornecido ou retirado do sistema (ou modifiquemos a pressão), ou seja, é
necessário que aqueçamos ou resfriemos o material.

Figura 2: Diagrama de fases da água em logxlinear. As regiões sólido, líquido e vapor estão designadas
pelas cores bege, verde e azul. Enquanto há apenas uma fase líquida e vapor, temos várias fases sólidas
possíveis que reflete diferentes arranjos das moléculas de água. O gelo formado a zero graus e 1 ATM é o
gelo hexagonal (Ih). Figura retirada de
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Phase_diagram_of_water.svg em 01/02/2017.
O gráfico contendo os intervalos de estabilidade de uma substância em função da pressão
e temperatura produz o que chamamos de diagrama de fases deste sistema. O diagrama de fase
da água é bem complexo, e pode ser visto na figura 2. Note que não há a formação de novos
compostos químicos, portanto todos os processos representados pelo diagrama de fases são
processos que correspondem a transformações físicas. Podemos ver pelo gráfico que o ponto de
fusão da água (a linha que separa o sólido do líquido) diminui com a pressão e alcança o valor
mínimo de 238.5K a 212.9x106 Pascal (K corresponde a temperatura em graus Kelvin). Em
unidades usuais isto corresponde a temperatura de -35℃ e 212 mil Atmosferas.
O calor fornecido em uma mudança de fase a pressão constante é chamado de calor
latente deste composto. O calor latente de fusão da água a 1 ATM é de 333.55 Joule/g e em
valores absolutos é maior do que o da maioria das substâncias estáveis na forma líquida a
temperatura e pressões ambiente.
Os processos de transformação químicas são representados por meio de equações
químicas. Por exemplo, a reação de formação da água a partir dos seus elementos é dada por:

H2 + ½ O2➝ H2O.

A água também é formada em uma reação ácido-base, como por exemplo entre HCl e NaOH em
solução aquosa (o
sufixo aq. HCl(aq) + NaOH(aq)➝ Na+(aq) + Cl-(aq) + H2O(l). indica que
a solução é aquosa):

A representação de processos químicos por equações deve obedecer aos princípios de


conservação de massa (a matéria é conservada) e carga. Veremos as regras para expressar
processos químicos por equações em outros módulos deste curso.

Átomos
Hoje em dia poucos duvidam da existência de átomos. Podemos literalmente vê-los com o
uso de técnicas avançadas de microscopia, como a microscopia de força atômica e a microscopia
de tunelamento. A figura 3 mostra uma imagem produzida pela técnica de microscopia de força
atômica de uma molécula de pentaceno.

Acredita-se que o conceito de átomo, ou que a matéria é composta por partículas


elementares indivisíveis, surgiu a muito tempo na Grécia antiga (4 século a.c.). Várias
contribuições foram feitas por cientistas famosos na direção da construção de um modelo atômico
da matéria. Partindo de Democritus, passamos por Dalton (século XVIII), J.J. Thomson (1905), E.
Rutherford (1908-1911), Rutherford-Bohr (1913) e finalmente E. Schrödinger (1924). Muito tempo
depois de Demócrito, Dalton propôs a ideia de elementos químicos como sendo constituídos pelo
mesmo tipo de átomo. Thomson descobriu o elétron e que o átomo é composto de partículas
negativas e positivas. Rutherford propôs vários modelos atômicos. Baseado em dados oriundos do
experimento de Geiger e Marsden (o experimento da folha fina de ouro) ele propôs um modelo
atômico em que o átomo possui um núcleo positivo, massivo e muito pequeno. Niels Bohr,
juntamente com Rutherford, usou ideias seminais da mecânica quântica (uma nova teoria à
época) para propor seu modelo atômico orbital (ou modelo planetário do átomo). Nele, o núcleo
positivo ficava ao centro e elétrons orbitavam este núcleo em órbitas estacionárias.

Bohr
O modelo de Bohr foi um sucesso pois era capaz de explicar observações curiosas sobre as
emissões de luz com comprimentos de onda definidos proveniente de átomos de hidrogênio. De

Figura 3: Modelo de um sistema de microscopia de força atômica com uma ponta de ouro modifica
com uma molécula de CO e imagem resultante em cores. A molécula sendo investigada é um
Figura 4: Espectro
pentaceno. Imagem discreto dode
retirada átomo de hidrogênio. As cores designam transições envolvendo o
mesmo estado final e não a da radiação emitida. A região do visível esta em preto e corresponde a
https://www.zurich.ibm.com/st/atomic_manipulation/images_pentacene_fig1.html.
série de Balmer. Figura retirada da página https://en.wikipedia.org/wiki/Hydrogen_spectral_series.
uma maneira formal dizemos que o espectro (emissão característica) do átomo de H é discreto, ou
seja, é composto de linhas espectrais (ao contrário de contínuo – que possui todos os
comprimentos de onda em um certo intervalo). O que se conhecia na época eram emissões
contínuas resultantes da emissão de filamentos (lâmpadas) ou mesmo por tubos de raios
catódicos. O espectro de um átomo ou composto é produzido quando damos energia a amostra
como, por exemplo, a aquecemos.

Dentre os conceitos revolucionários introduzidos pela mecânica quântica esta a ideia de


que a energia é quantizada (é dai que vem o conceito de quantum), ou seja, um sistema estável só
pode assumir um certo número de estados discretos caracterizados por um número quântico
definido. Quando o sistema sofre transições entre estes estados discretos, há a emissão ou
absorção de luz, que ocorre também de forma discreta. Esta emissão discreta foi descrita
empiricamente por Johannes Rydberg, que propôs uma equação que relaciona o comprimento de
onda da luz emitida com séries de números inteiros (eq. abaixo, RH é a constante de Rydberg e λ é
o comprimento de onda da radiação emitida). O modelo do átomo de Bohr permitiu calcular a
energia de ligação de um elétron ao átomo de H nos vários estados discretos possíveis e com isso

calcular o valor do comprimento de onda de todas as emissões possíveis. Na equação abaixo, n1


corresponde ao estado inicial e n2 ao estado final da transição.

Em 1924 E. Schrödinger aplicou uma nova teoria que estava trabalhando (a mecânica
quântica) para o problema do átomo definido por Bohr. Os valores de energia obtidos para a sua
solução foram os mesmos obtidos por Bohr, mas, ao contrário de Bohr, Schrödinger não precisou
realizar suposições difíceis de justificar como o porque o elétron simplesmente não cai no núcleo,
já que uma partícula eletricamente carregada e acelerada deve emitir radiação e perder energia
(de acordo com as equações de Maxwell da eletrodinâmica). Adicionalmente, o modelo de Bohr
não é capaz de explicar o espectro de emissão de outros átomos da tabela periódica contendo
mais de um elétron.

 Tarefa desta aula: Resolver os exercícios propostos.


Elabore seu trabalho no modelo disponibilizado.
Bom trabalho a todos!

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