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Priscila Ferreira de Sales Amaral

Priscila Ferreira de Sales Amaral


DEPARTAMENTO DE FORMAÇÃO GERAL(DFG)

Nepomuceno 2023
Qualquer parte desta publicação pode ser reproduzida, desde que citada a fonte.

Unidade Nepomuceno
Direção geral
Tássio Spuri Barbosa
Direção adjunta
Luciano dos Reis Fabi
Coordenação do curso técnico integrado em Eletrotécnica
Israel Teodoro Mendes
Coordenação do curso técnico integrado em Mecatrônica
Jader Bosco Gomes
Coordenação do curso técnico integrado em Redes de Computadores
Gualberto Rabay Filho
Coordenação de Assuntos Acadêmicos
Cristhian Flamarion Gomes de Carvalho
Coordenação de Desenvolvimento Estudantil
Ana Flávia Martins da Mata
Projeto Gráfico e Diagramação
Pedro Godoy (CDCOA)
SUMÁRIO
Eixo Temático 1: 8
Transformações da matéria

Eixo Temático 2: 12
Leis Ponderais das Reações Químicas

Eixo Temático 3: 14
NOX e Reações de Oxirredução

Eixo Temático 4:
17
Funções Inorgânicas

Eixo Temático 5:
21
Noções de estequiometria

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APRESENTAÇÃO
Este material didático-pedagógico foi preparado com a finalidade de dar um
suporte sobre assuntos de Química e que serão trabalhados ao longo do terceiro
bimestre. Ele consiste de um e-book em formato digital que reúne conteúdos,
listas de exercícios e proposição de atividades avaliativas, para serem conduzidas
individualmente ou em equipes. Ele surgiu da necessidade de adequação dos
conteúdos ao Novo Ensino Médio e na busca de se trabalhar diferentes
temáticas sob perspectivas contextualizadas e interdisciplinares. Para tanto,
pensa-se em uma fusão de conteúdos macroscópicos em uma visão
microscópica.
Vale ressaltar que tudo que é proposto pode ser conduzido no ensino presencial
e no EnsinoRemoto Emergencial (ERE).
Espero que este material continue auxiliando a docente e os estudantes da área.
Deixo meu afetuoso abraço e disponibilidade para auxiliar no que for necessário
e sanar possíveis dúvidas que possam surgir ao longo do ano.

Cordialmente,
Priscila Ferreira de Sales Amaral
Eixo Temático 1:
Transformações da matéria
Introdução:
Será que ocorrem mudanças nas propriedades dos alimentos quando eles são cozidos? Nesse caso, há ou não
alterações nas substâncias que o constituem?

Deve-se avaliar as modificações da natureza, densidade...

As transformações da matéria podem ser observadas em todos os lugares: em casa, no trabalho, no caminho
para a escola, em nosso próprio corpo, e até mesmo em lugares bem distantes, como nas estrelas e planetas. Para
descrever as transformações da matéria, devem ser observados os sistemas nos estados: inicial e final, como no
exemplo do amadurecimento da banana.

Fenômenos Físicos e Químicos


As transformações físicas são aquelas que não alteram a natureza da matéria, ou seja, é mantida a
composição química das substâncias, conforme pode ser observado na fusão do gelo ou um papel sendo rasgado em
pedaços cada vez menores.

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Por outro lado, nas transformações químicas (reações químicas), o material (ou materiais) presente
(presentes) no sistema inicial é (são) transformado (transformados) em novos materiais.
Enquanto as substâncias inicialmente presentes (reagentes) diminuem a sua quantidade, as substâncias
formadas (produtos) aumentam sua quantidade, conforme pode ser observado ao se inserir uma placa de zinco em
uma solução de CuSO4.

Os meios provocadores das Reações Químicas consistem de um ponta pé inicial para a ocorrência desse tipo
de transformação e que incluem: calor, ação mecânica, contato, eletricidade e luz, representadas pelas seguintes
imagens:

Representação das reações químicas


As reações químicas são representadas por equações químicas, em que os reagentes são separados dos
produtos por →. Quando há mais de um reagente ou produto, coloca-se um sinal de + entre eles.
Coloca-se o estado físico (sólido, líquido ou gasoso) entre parêntesis na forma subscrita. Quando algum
reagente ou produto é envolto pelo meio aquoso, coloca-se a representação(aq).
Exemplo: Zn(s) + CuSO4(aq) → ZnSO4(aq) + Cu(s)

Evidências das reações químicas


❑ Liberação de bolhas
❑ Emissão de luz e energia térmica
❑ Mudança de cor, cheiro, formação de sólido

Observações:
1) Algumas reações ocorrem sem que haja modificação perceptível. Para tanto, deve-se determinar as
propriedades iniciais e finais.
2) Em muitas reações químicas há desprendimento de calor: são reações exotérmicas. Quando o calor é
absorvido, a reação é endotérmica.

Tipos de reações químicas


As reações são classificadas de modo a facilitar o seu estudo.

Reação de metátese ou dupla troca: Átomos ou grupos de átomos das substâncias reagentes são
trocados(permutados).
3Ca(OH)2(aq)+ Al2(SO4)3(aq) → 2 Al(OH)3(s) + 3 CaSO4(s)
Reação de análise ou decomposição: Uma substância se transforma em várias outras (formação de dois ou mais
produtos a partir de um reagente).

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H2CO3(aq) → H2O(l) + CO2(g)
CaCO3(s) → CaO(s) + CO2(g)

Reação de síntese ou adição: Um único produto é formado por dois ou mais reagentes.
3 H2(g) + N2(g) → 2 NH3(g)

Reação de oxirredução: Reações que envolvem a transferência de elétrons entre os elementos das substâncias
reagentes.
Exemplo: Quando um prego de ferro metálico se oxida parcialmente na presença de ar úmido→ formação de
“ferrugem”.
4 Fe(s) + 3 O2(g) + n H2O(l) → 2 Fe2O3.nH2O(s)

Reação de simples troca ou deslocamento: Uma substância simples reage com uma composta, formando outra
substância simples e composta.
Zn(s) + CuSO4(aq) → ZnSO4(aq) + Cu(s)

Reatividade dos metais:

Um metal situado à esquerda reage com uma substância formada por íons de metais situados à direita. Exemplos:
1) Zn(s) + CuSO4(aq) → ZnSO4(aq) + Cu(s)
2) Ag(s) + Cu(NO3)2(aq) → Não ocorre reação química

Reações de metais com soluções em que há íons H+(aq):


Reação entre metais e substâncias de caráter ácido (liberam íons H+ em solução aquosa). Quando um
metal entra em contato com esse tipo de substância, há liberação de bolhas, que correspondem à formação de gás
hidrogênio (H2(g)).

Exemplos:
1) Mg(s) + HCl(aq) → MgCl2(aq) + H2(g)
2) Pd(s) + HCl(aq) → Não ocorre reação química

Reatividade dos ametais:

Exemplos:
1) Cl2(g) + 2 HI(aq) → 2 HCl(aq) + I2(s)
2) I2(s) + HCl(aq) → Não ocorre reação química

Exemplos de reações de dupla troca


Uma das condições que ocorra esse tipo de reação é a formação de precipitados (compostos pouco solúveis)
→ Reação de precipitação.

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Eixo Temático 2:
Leis Ponderais das Reações Químicas
Introdução:
As leis ponderais das reações químicas envolvem os aspectos quantitativos das transformações. Elas são
resumidas na Lei de Lavoisier e na Lei de Proust.

Lei de Lavoisier

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Lei das Proporções Definidas ou Constantes
(Lei de Proust)

Aplicações da Lei de Proust


a) Determinação da composição percentual de uma substância
Exemplo: Sabe-se que 10 g de cobre se combinam com 5,06 de enxofre, formando 15,06 g de sulfeto cúprico.
Determine o percentual de cobre e enxofre no composto:

b) Determinação da composição percentual de uma substância


Exemplo: Sabe-se que 56 g de óxido de cálcio neutralizam 98 g de ácido sulfúrico, formando 136 g de sulfato de
cálcio e 18 g de água.
Determine:
a) A massa de óxido de cálcio necessária para neutralizar 196 g de ácido sulfúrico
b) A massa de água formada quando 196 g de ácido sulfúrico reagem

CONSIDERAÇÕES FINAIS
As Leis Ponderais de Lavoisier e de Proust relacionam os aspectos quantitativos das transformações da
matéria. As reações químicas envolvem a quebra de ligações nos reagentes e formação de ligações nos produtos.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

Lisboa, Júlio Cezar Foschini et al. (2016). Ser protagonista, 1º ano: ensino médio, 3ª ed., São Paulo: Edições SM.

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Eixo Temático 3:
NOX e Reações de Oxirredução
Introdução:
Número de oxidação (NOX) ou estado de oxidação corresponde à carga real (ligação iônica) ou imaginária (ligação
covalente) que um átomo adquire quando faz ligação covalente. Eles são indicados acima dos elementos.

Regras para atribuição dos números de oxidação:


1) Nos elementos livres (estado não combinado), cada átomo tem número de oxidação zero. Exemplos: H2; Br2;
Na; Be; K; O2; P4.
2) Para íons compostos por apenas um átomo (íons monoatômicos), o número de oxidação é igual à carga do íon.
Exemplos: Li+= +1; O2-=-2.
3) Os números de oxidação de metais alcalinos e da prata é +1.
4) Os números de oxidação de metais alcalino-terrosos, Zn e Cd, o número de oxidação é +2.
5) O alumínio tem número de oxidação +3 em todos os seus compostos.
6) Na maioria dos compostos de oxigênio, o número de oxidação é -2, mas no peróxido de hidrogênio (H2O2) e
íon peróxido (O22-), o seu número de oxidação é -1.
7) O número de oxidação do hidrogênio é +1, exceto quando está ligado a metais em compostos binários.
Exemplos: Para LiH, NaH e CaH2, o nox do hidrogênio é -1.
8) O flúor tem número de oxidação -1 em todos os compostos. Os outros halogênios (Cl, Br e I) têm números
de oxidação negativos quando existem como íons haletos nos seus compostos. Quando combinados com oxigênio,
eles têm número de oxidação positivos.
9) Em uma molécula neutra, o somatório dos números de oxidação de todos os todos os elementos é igual a
zero.
10) Em um íon poliatômico, o somatório dos números de oxidação de todos os elementos tem que ser igual à
carga do íon.
11) Os números de oxidação não são obrigatoriamente números inteiros.

REAÇÕES DE OXIRREDUÇÃO
INTRODUÇÃO
A reação de oxirredução consiste de uma transformação química em que elétrons são transferidos de uma
espécie química (molécula, íon) para outra. Esse tipo acontece acontece em diversas situações. Processos de
transferência de elétrons são mais comuns do que você pode imaginar e ocorrem em fenômenos cotidianos, como a
combustão de substâncias e a formação de ferrugem. Além disso, acontecem em todos os seres vivos.
Para citar dois exemplos, a respiração celular e a fotossíntese consistem em reações de oxirredução. O
conjunto de todas as reações químicas que ocorrem em um organismo vivo e são inerentes ao seu funcionamento
recebe o nome de metabolismo. Uma parte dos processos metabólicos de todos os seres vivos envolve reações de
oxirredução. Os procariontes, seres vivos cujo organismo é constituído de uma única célula que não apresenta
núcleo delimitado por membrana nem estruturas membranosas no citoplasma (organelas), apresentam uma enorme
diversidade de processos metabólicos, alguns dos quais são altamente específicos e relacionados a condições
ambientais particulares às quais estão adaptados.

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Entre os diversos procariontes que vivem nos solos estão as bactérias nitrificantes. Para obter energia,
algumas delas convertem amônio (NH4+) em nitrito (NO2- ) e, simultaneamente, gás oxigênio (O2) em água (H2O).
Outras convertem nitrito (NO2-) em nitrato (NO3-) e, ao mesmo tempo, gás oxigênio (O 2) em água (H2O). Como
podemos concluir, a partir dessas informações, que esses são processos de oxirredução? Qual reagente perde
elétrons e qual os recebe? O estudo desta aula vai capacitá-lo não apenas a entender as respostas como o ajudará
a ampliar o seu entendimento do que é transferência de elétrons.

Reações de oxidação: São reações que envolvem a perda de elétrons por uma espécie química. Nesse processo,
verifica-se o aumento do número de oxidação. Exemplo: Zn(s) → Zn2+(aq) + 2e-
Reações de redução: São reações que envolvem o ganho de elétrons por uma espécie química. Nesse processo,
verifica-se a diminuição do número de oxidação. Exemplo: 2H+(aq) + 2e-→ H2(g)
Equação global: Corresponde ao somatório das reações de oxidação e de redução. Para o exemplo dado, tem-se
que a equação global correspondente é dada por:
Zn(s) + 2H+(aq) → Zn2+(aq) + H2(g)
Observações:
➢ Oxidação e redução são processos simultâneos, em que um não existe sem o outro.
➢ O número de elétrons perdidos por uma espécie é igual ao número de elétrons ganhos por outra espécie, de
modo que o número de elétrons é INALTERADO.

Agentes oxidantes e agentes redutores:


• Agente oxidante: É a espécie que age causando a oxidação de algum elemento presente nos
reagentes.Consiste da espécie de reagente que contém o elemento que sofre redução. Exemplo: H+.
• Agente redutor: É a espécie que age causando a redução de algum elemento presente nos
reagentes.Consiste da espécie de reagente que contém o elemento que sofre oxidação . Exemplo: Zn.

Balanceamento de reações por oxirredução:


1) Calcular o total de elétrons perdidos ou recebidos pelas espécies que sofrem oxidação ou redução.
Observação: Para este cálculo, mutiplica-se o módulo da variação do número de oxidação pela maior atomicidade
com a qual o elemento aparece na equação, esteja no primeiro membro ou segundo membro.
2) O coeficiente estequiométrico colocado na frente da espécie que contém o elemento que sofre oxidação
será igual a variação da espécie que contém o elemento que sofre redução e vice-versa.
3) Esses coeficientes estequiométricos devem ser colocados na frente das espécies químicas utilizadas para o
cálculo, estejam elas no primeiro ou no segundo membro da equação química.
4) Os passos anteriores consistem do ponto de partida: O restante do balanceamento é realizado por
tentativas.
Observação:
Em equações iônicas, a carga elétrica total no primeiro membro (reagentes)= carga elétrica no segundo
membro (produtos).

Exemplos de balanceamento de reações por oxirredução:

1) H2S(aq)+ HNO3(aq) → H2SO4(aq)+ NO(g) + H2O(l)


Equação balanceada: 3H2S(aq) + 8 HNO3(aq) → 3 H2SO4(aq)+ 8 NO(g) +4 H2O(l)
2) Br2(l) + HClO(aq) + H2O(l) → HBrO3(aq) + HCl(aq)
Equação balanceada: Br2(l) + 5 HClO(aq) + H2O(l) → 2 HBrO3(aq) + 5 HCl(aq)
3) Cu(s) + HNO3(aq) → Cu (NO3)2(aq) + NO2|(g) + H2O(l)
Equação balanceada: Cu(s) + 4 HNO3(aq) → Cu (NO3)2(aq) + 2 NO2(g)+ 2 H2O(l)
4) NH3(g)+ O2(g) → NO(g) + H2O(l)
Equação balanceada: 4 NH3(g)+ 5 O2(g) → 4 NO(g) + 6 H2O(l)

Demanda bioquímica de oxigênio (DBO)


O gás oxigênio (O2) é uma espécie química cuja presença em meio aquoso é muito importante. Em um
ambiente aquático, o gás oxigênio dissolvido é consumido rapidamente pela oxidação da matéria orgânica, que
representamos na equação a seguir por {CH2O}:
{CH2O}+ O2 → CO2 + H2O na presença de microorganismos

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A menos que a água seja novamente aerada de forma eficiente, como em um fluxo turbulento em leito raso,
ela rapidamente perderá gás oxigênio dissolvido e não suportará formas de vida aquática que dele dependem. Em
adição à oxidação de matéria orgânica mediada por microrganismos, o gás oxigênio da água pode ser consumido
pela bio-oxidação de material nitrogenado, e pela oxidação química ou bioquímica de agentes redutores
inorgânicos:
4Fe2+(aq) + O2(g) +10H2O(l) →4Fe(OH)3(s)+ 8H+(aq)
2SO3-2(aq) +O2(g) →2 SO4-2(aq)
Todos esses processos contribuem para a desoxigenação da água. O grau de consumo de gás oxigênio por
oxidação microbiologicamente mediada de contaminantes na água é chamada demanda bioquímica de oxigênio (ou
demanda biológica de oxigênio), DBO.
Fonte consultada: MANAHAN, S. Environmental Chemistry. 10. ed. Boca Raton: CRC Press, 2017. p. 145-146.
(Tradução dos autores.) (Adaptado).

A demanda bioquímica de oxigênio (DBO) é uma medida do material bioquimicamente oxidável presente na
água expressa em termos do gás oxigênio requerido para consumi-lo. Mais precisamente, a DBO é definida como a
massa em miligramas de gás oxigênio que reage com o material presente em uma amostra de 1 L mantida no escuro
por cinco dias a 20 °C.
Fonte consultada: HOCKING, M. B. Handbook of Chemical Technology and Pollution Control. 3. ed. San Diego:
Academic Press, 2005. p. 127. (Tradução dos autores.) (Adaptado).

A solubilidade do O2(g) em água é de apenas 9 mg/L (nove miligramas por litro) a 20 °C e menos ainda sob
temperaturas mais elevadas. O suprimento de oxigênio pode ser renovado pelo contato com o ar, como em
correntezas rápidas. Mas, em água parada ou em solos encharcados, a difusão do oxigênio com origem na
atmosfera é lenta em relação à velocidade do metabolismo microbial, e o oxigênio se esgota. Fonte consultada:
SPIRO, T. H.; STIGLIANI, W. M. Química Ambiental. 2. ed. São Paulo: Pearson, 2009. p. 216

CONSIDERAÇÕES FINAIS
As reações de oxirredução consistem dos processos que envolvem a transferência de elétrons e que
culminam em aplicações cotidianas. Saber os processos de oxidação e de redução será fundamental para o
entendimento de Eletroquímica, cujos conteúdos serão desenvolvidos ao longo das outras aulas.

LISBOA, Júlio Cezar Foschini et al. (2016). Ser protagonista, 1º ano: ensino médio, 3ª ed., São Paulo: Edições SM.

Moderna plus: Ciências da Natureza e suas Tecnologias. -- 1. ed. -- São Paulo: Moderna, 2020. Vários autores.
Obra em 6 v. Observação: Para a construção da aula, foi adotado o volume 5.

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Eixo Temático 4:
Funções Inorgânicas
Introdução:
Classificar compostos químicos se tornou necessário ao longo do tempo em virtude das inúmeras substâncias
conhecidas e catalogadas na Química. Além disso, saber as propriedades de cada uma dessas substâncias seria
praticamente impossível. Uma importante teoria (a teoria da dissociação iônica) proposta pelo químico sueco
Svante August Arrhenius é um dos métodos que possibilitou explicar a condutividade elétrica de algumas soluções
e também classificar as diferentes substâncias pelas suas características comuns.
Uma função química pode ser caracterizada pela presença de um átomo ou grupo de átomos, neutros ou
carregados, responsáveis pela semelhança no comportamento químico das diferentes substâncias que compõem a
função. As funções inorgânicas compreendem os óxidos, ácidos, bases e sais.

1) ÓXIDOS:
Os óxidos constituem compostos binários do oxigênio, sendo este elemento, o mais eletronegativo.

Fórmula geral dos óxidos:


Considerando um elemento químico E, de número de oxidação +z. E lembrando que o oxigênio tem número -
2, tem-se que: E+z O-2 , cuja inversão dará: E2Oz

Uma importante classificação dos óxidos: Quanto ao comportamento químico

Óxidos básicos: São aqueles óxidos que reagem com água formando base ou reagem com ácido formando sal e
água. Esses óxidos são formados por metais de baixo número de oxidação (+1, +2 ou +3), sendo sólidos iônicos com
elevadas temperaturas de fusão e ebulição. São pouco solúveis em água, com exceção dos óxidos das famílias IA
(1)- metais alcalinos e II A(2)-metais alcalino-terrosos.

Óxidos ácidos ou anidridos: São aqueles óxidos que se comportam como ácidos em reações de neutralização ou
que, em meio aquoso, originam ácidos. São formados por metais de alto número de oxidação ou por ametais (nesse
caso, são considerados gases). Exemplos: SO2, SO3, CO2, N2O5, CrO3, MnO3 e Mn2O7.

Óxidos anfóteros: São óxidos que se comportam como óxidos ou como bases em reações de neutralização,
dependendo do meio. Normalmente, reagem com ácidos ou bases fortes, definindo o seu caráter. Em meio
neutro,os óxidos anfóteros não apresentam reatividade. Exemplos: Al2O3, SnO, SnO2, PbO, PbO2, As2O5, Sb2O3 e
Sb2O5.

Óxidos neutros: São óxidos indiferentes, não reagindo com ácidos, bases ou água. São óxidos gasosos de ametais.
Exemplos: CO, NO e N2O.
Nomenclatura dos óxidos:

1) Quando o elemento forma um único óxido, tem-se:


Óxido de ______________________________ (nome do elemento)
Exemplos: Na2O: óxido de sódio CaO: óxido de cálcio

2) Quando o elemento forma mais de um óxido, deve-se enunciar o nox do elemento em algarismo romano, ou
enunciar o número de átomos do elemento e o número de átomos do oxigênio. Exemplos: FeO: óxido de ferro (II)
ou monóxido de (mono)ferro Fe2O3: óxido de ferro (III) ou trióxido de diferro
Observações: Pode-se ainda utilizar a seguinte nomenclatura:
Óxido _____________________________(nome do elemento) + oso (menor nox)
Óxido _____________________________(nome do elemento) + ico (maior nox)
Nomenclatura para anidridos:
➢ Se o elemento possui 1 nox: anidrido + nome do elemento + terminação ico.
➢ Se o elemento possui 2 nox:
anidrido + nome do elemento + terminação oso (<nox)
anidrido + nome do elemento + terminação ico (>nox)
➢ Se o elemento possui 4 nox:
anidrido +hipo+ nome do elemento + terminação oso (<nox)
anidrido + nome do elemento + terminação oso (segundo <nox)
anidrido + nome do elemento + terminação ico(segundo >nox)
anidrido + per+ nome do elemento + terminação ico (>nox)

2) BASES ou HIDRÓXIDOS:
➢ Definição de Arrhenius: São compostos que em solução água sofrem dissociação iônica, produzindo um íon
negativo, o íon OH- (Íon hidróxido ou oxidrila).
Exemplos:
NaOH →Na+ + OH-
Ca(OH)2→ Ca2+ + 2 OH-
Al(OH)3→ Al3+ + 3 OH-

➢ Classificação das bases


a) De acordo com o número de hidroxilas
Monobases: Na dissociação iônica, liberam um íon OH-. Exemplos: NaOH; NH4OH.
Dibases: Na dissociação iônica, liberam dois OH-. Exemplos: Ca(OH)2; Fe(OH)2.
Tribases: Na dissociação iônica, liberam três OH-. Exemplos: Al(OH)3; Fe(OH)3.
Tetrabases: Na dissociação iônica, liberam quatro OH-. Exemplos: Pb(OH)4; Sn(OH)4.

b) De acordo com o grau de dissociação iônica:


Bases fortes: Grau de dissociação iônica próxima de 100%. Exemplos: Bases de metais alcalinos e metais
alcalinos terrosos. Exceção: Mg(OH)2. São iônicas.
Bases fracas: Grau de dissociação iônica inferior a 5%. Exemplos: NH4OH e hidróxidos dos demais metais. São
covalentes.

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c) De acordo com a solubilidade em água:
Solúveis: Metais alcalinos. Exemplo: NH4OH.
Pouco solúveis: Metais alcalinos terrosos. Exemplo: Ca(OH)2.
Praticamente insolúveis: Todas as demais.

Nomenclatura (elemento com um número de oxidação):


Hidróxido de + _______________________(nome do elemento)
Exemplos: NaOH (hidróxido de sódio)
Nomenclatura (elemento com dois números de oxidação):
Hidróxido + _______________________(nome do elemento)+ oso (menor nox)
Hidróxido + _______________________(nome do elemento)+ ico (maior nox)
Exemplos:
Fe(OH)3: hidróxido férrico; Fe(OH)2: hidróxido ferroso.

3) ÁCIDOS:
➢ Definição de Arrhenius: São compostos que em solução água sofrem ionização, produzindo um íon positivo,
o íon H+.
Exemplos:
HCl →H+ + Cl-
HNO3→ H+ + NO3-
H2SO4→ 2H+ + SO42-
H3PO4→ 3H+ + PO43-

➢ Classificação dos ácidos


a) De acordo com o número de hidrogênios ionizáveis
Monoácidos: Na ionização, liberam um íon H+. Exemplos: HCl; HNO3
Diácidos: Na ionização, liberam dois íons H+. Exemplos: H2SO4; H2CO3
Triácidos: Na ionização, liberam três íons H+. Exemplos: H3PO4; H3BO3
Tetrácidos: Na ionização, liberam quatro íons H+. Exemplos: H4P2O7; H4SiO4

b) De acordo com a presença ou não de oxigênio


Hidrácidos: Não contêm oxigênio
Nomenclatura:
ácido+ _______________________(nome do elemento)+ ídrico
Exemplos:
HCl (ácido clorídrico)
H2S (ácido sulfídrico)

Oxiácidos: Contêm oxigênio


Nomenclatura (elemento com um número de oxidação):
ácido+ _______________________(nome do elemento)+ ico
Exemplos:
H2CO3 (ácido carbônico); H3BO3 (ácido bórico)
Nomenclatura (elemento com dois números de oxidação):
ácido+ _______________________(nome do elemento)+ oso (menor nox)
ácido+ _______________________(nome do elemento)+ ico (maior nox)
Exemplos:
HNO3: ácido nítrico; HNO2: ácido nitroso; H2SO4: ácido sulfúrico; H2SO3: ácido sulforoso

Nomenclatura (elemento com quatro números de oxidação):


ácido+ hipo+ _______________________(nome do elemento)+ oso (menor nox de todos)
ácido+ ______________________ (nome do elemento)+ oso (segundo menor nox)
ácido+ _______________________(nome do elemento)+ ico (segundo maior nox)
ácido+ per+ _______________________(nome do elemento)+ ico (maioor nox de todos)

Exemplos: HClO4: ácido perclórico; HClOs: ácido clórico; HClO2: ácido cloroso; HClO: ácido hipocloroso
Exceções à regra: B, P, As, Sb
1 H2O: meta (adição de uma água); 2 H2O: piro; 3 H2O: ORTO (adição de três moléculas de água). Exemplos:
H3PO4: ácido ortofosfórico; H4P2O7: ácido pirofosfórico; HPO3: ácido metafosfórico

c) De acordo com o grau de ionização:


Ácidos fortes: Grau de ionização superior a 50%. Exemplos: HCl; H2SO4.
Ácidos moderados ou semifortes: Grau de ionização situado entre 5% e 50%. Exemplos: HF (8%) e H3PO4 (27%).
Ácidos fracos: Grau de ionização inferior a 5%. Exemplos: HCN; H2CO3; H3PO4.
4) SAIS:

➢ Definição de Arrhenius: São compostos formados a partir das reações entre ácidos e bases. São
compostos iônicos.

Terminação Terminação do sal


do ácido
Ídrico Eto
Oso Ito
Ico Ato

Classificação dos sais


a) De acordo com a reação de neutralização
Sais neutros ou normais: Provenientes da reação entre ácidos fortes e bases fortes. Exemplos: NaCl; Na3PO4;
Ca(NO3)2.
Sais ácidos: Provenientes da reação entre ácidos fracos e bases fortes. Possuem hidrogênios ionizáveis em sua
estrutura. Exemplos: NaHCO3; Na2HPO4.
Sais básicos: Provenientes da reação entre ácidos fortes e bases fracas. Possuem oxidrilas em sua estrutura.
Exemplo: Al(OH)2Cl.
Outros sais...
Sais duplos ou mistos: Derivados de dois ácidos ou duas bases diferentes. Exemplos: KNaSO4; CaClBr
Sais hidratados ou hidratos: São sais que cristalizam com uma ou mais moléculas de água. Exemplo: CuSO4. H2O
Sais complexos: Sais formados por um cátion ou ânion complexo. Exemplos: [Cu(NH3)4]SO4; K4[Fe(CN)6]

Nomenclatura:
➢ Proveniente do nome do ácido
Exemplos:
NaCl- cloreto de sódio (proveniente do ácido clorídrico)
NaNO2- nitrito de sódio (proveniente do ácido nitroso)
Ca3(PO4)2- ortofosfato de cálcio (proveniente do ortofosfato de cálcio)

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Eixo Temático 5:
Noções de Estequiometria
Introdução:
A capoeira é uma manifestação cultural brasileira que envolve música, dança e luta. Ela foi criada pelos
africanos escravizados no Brasil como forma de preservar suas raízes e ancestralidade, bem como de lutar e
resistir à dominação e à escravidão. Em 2014, a prática foi declarada pela Organização das Nações Unidas para a
Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), patrimônio imaterial da humanidade e, a partir de 2016, passou a ser
considerada também um esporte, atualmente praticado em diversos países.
A energia requerida para o esforço muscular durante diferentes atividades físicas, como a capoeira, é
obtida pela hidrólise de ATP, uma molécula produzida pelo organismo a partir dos nutrientes dos alimentos.
Você faz ideia de quantas moléculas de ATP são necessárias para que o nosso organismo consiga realizar as
atividades diárias? Ou quantas vezes, em média, uma mesma molécula de ATP é convertida em ADP e esta,
novamente, em ATP? Objetos macroscópicos podem ser contados e, dessa forma, podemos falar, por exemplo, em
cinco moedas, um par de meias ou duas dúzias de bananas.
E contar átomos e moléculas, será possível? O que inviabiliza essa contagem de modo direto é que eles são
extremamente pequenos e isso dificulta visualizar e contar individualmente cada átomo de uma amostra
macroscópica que, por menor que seja, contém um número imenso de moléculas e átomos. Contudo, o trabalho de
diversos cientistas permitiu um meio indireto para realizar essa contagem. Contar de modo indireto pode ser
comparado a ter um grande lote de parafusos, todos de massa idêntica, e desejar saber quantos há ao todo.
Utilizando uma balança esse número pode ser determinado, concorda? Vamos exemplificar o procedimento.
Digamos que uma fábrica produza parafusos de 5 g cada um. A produção mensal é de 100 kg de parafusos.
Contá-los individualmente até seria possível, mas há um modo bem mais rápido para saber quantos parafusos são
produzidos: 100 kg equivalem a 100.103 g, ou 1.105 g, isto é, 100.000 g (cem mil gramas). Dividindo pela massa de
cada parafuso, 5 g, determinamos a produção mensal: 2. 104, ou 20.000 (vinte mil) parafusos.
Nesta primeira aula, você aprenderá como consultar a tabela periódica para chegar ao valor da massa de
átomos, de moléculas e de íons e como usar medidas de massa para avaliar quantos átomos, moléculas ou íons há em
certa amostra de matéria. Aprenderá também o significado da grandeza quantidade de matéria e a utilidade da
constante de Avogadro.
Texto retirado da coleção adotada pelo CEFET/MG: MODERNA PLUS, Volume 3, página 37.

Fórmulas Químicas
As fórmulas e equações químicas possuem significado quantitativo.
Exemplo de uma fórmula química: H2O (fórmula química) – A molécula dessa substância contém exatamente 2
átomos de hidrogênio e 1 átomo de oxigênio.
Exemplo de uma equação química: C3H8(g) + 5 O2(g) → 3 CO2(g) + 4 H2O(g). A combustão de um mol de moléculas de
C3H8(g) necessita de 5 mols de moléculas de O2, formando 3 de CO2(g) e 4 de H2O(g). Neste sentido, é necessário
entender alguns conceitos considerados primordiais para o entendimento dos cálculos estequiométricos.

A) A unidade de massa atômica (u):


A massa atômica corresponde a 1/12 da massa de um átomo do isótopo de 12C, sendo considerada a massa de um
átomo. Os cientistas escolheram um dos isótopos e atribuíram a ele o valor 12 (exato) para comparar a massa dos
átomos. Exemplo: F=19 u→ Os átomos do elemento químico flúor tem massa que é 19 vezes maior que 1/12 da
massa de um átomo de 12C. Vale ressaltar a notória diferença entre massa atômica e número de massa, visto que a
massa atômica, considera a contribuição dos elétrons.
B) Massa atômica de um elemento químico: Corresponde à massa média de seus átomos. Por conveniência, essa
grandeza é geralmente expressa em unidades de massa atômica. Exemplo: Consideremos uma amostra de 100
átomos do elemento químico boro (B), no qual há 20 átomos de 10B e 80 átomos de 11B. A massa media do átomo de
boro será de 10,8 u.
C) Peso molecular, peso fórmula ou massa molecular: Somatório das massas atômicas de todos os átomos. Pela
IUPAC, o termo mais correto é a massa molecular, pois peso consiste do produto da massa pela aceleração da
gravidade. Exemplo: MM H2SO4= (2x1 + 1x32 + 4x 16) u = 98 u. Quando a fórmula química corresponde à igualdade
com o símbolo do elemento químico, a massa molecular é igual à massa atômica. Exemplo: MM Na= 23 u. As
substâncias iônicas são formadas por redes tridimensionais de íons, não podendo ser falado de moléculas de NaCl
e sim compostos de caráter iônico. É certo também dizer que a fórmula unitária corresponde à fórmula química da
substância. Exemplo: MM NaCl= (23+35,5) u.
D) A grandeza quantidade de matéria (mol) e a constante de Avogadro: Unidade de contagem especial
utilizado para descrever números grandes de átomos e de moléculas. Um mol corresponde à quantidade de matéria
que contém tantos objetos (átomos, moléculas ou o que consideramos) quantos números de átomos em exatamente
12 g de 12C isotopicamente puro. Por meio de experimentos, foi verificado que 1 mol tem aproximadamente
6,02x1023 átomos ou moléculas. O número 6,02x1023 foi definido como o número de Avogadro, devido ao cientista
italiano que realizou tal experimentação. Exemplos: 1 mol de átomos de 12C= 6,02x1023 átomos de 12C; 1 mol de
moléculas de H2O= 6,02x1023 moléculas de H2O 1 mol de íons NO3-= 6,02x1023 íons NO3-.
E) Massa molar: É definida como a massa (em gramas) de 1 mol de uma determinada substância. É numericamente
igual à massa molecular, sendo apenas substituída a unidade: “u” por “g/mol”. Exemplo: NaCl= 23+ 35,5= 58,5
g/mol.
F) Conversões entre massa, mols e número de partículas: Para converter gramas para mols ou vice-versa use a
massa molar. Para converter mols para fórmulas unitárias ou vice-versa, use o número de Avogadro.

APLICANDO CONHECIMENTOS:

Exercícios de Fixação da coleção de livros adotada pelo CEFET/MG- MODERNA PLUS, Capítulo 3, página 42.

1) O silício é utilizado na elaboração de componentes eletrônicos. Calcule quantos átomos há em um cristal de


56 mg de silício.
2) Além do silício, o germânio é outro elemento empregado em eletrônica. Para serem usados em determinados
componentes, cristais de germânio devem conter, para cada bilhão (109) de átomos de germânio, um átomo de
outro elemento químico propositalmente adicionado (chamado dopante). Faça uma estimativa de quantos átomos
dopantes há em um cristal de 73 mg de germânio.
3) O acetileno, C2H2, é um gás usado como combustível em maçaricos para soldar metal. Um serralheiro
comprou um botijão de acetileno, no qual há 13 kg dessa substância. Quantos mols de acetileno esse profissional
comprou? Quantas moléculas de acetileno há nessa quantidade de matéria?
4) Há mais moléculas dentro de um extintor de incêndio que contém 6 kg de CO2 ou de um garrafão de
bebedouro que contém 5 kg de água?

ATIVIDADE COMPLEMENTAR:

Acesse a simulação PhET “ Isótopos e massa atômica”, disponível em:


https://phet.colorado.edu/sims/html/isotopes-and-atomic-mass/latest/isotopes-and-atomic-mass_pt_BR.html
para visualizar em nível molecular os isótopos na natureza.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ATKINS, P.; LORETA, J. Princípios de Química: Questionando a vida moderna e o meio ambiente. Porto Alegre:
Bookman, 7 ed., 2018.

BROWN, T.L.; Jr., H.E.L.; Bursten, B.E.; Murphy, C.J.; Woodward, P.M.; Stolzfus, M.W. Química: A ciência
central. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 13 ed., 2016.

LISBOA, J. C. F. et al. (2016). Ser protagonista, 1º ano: ensino médio, 3ª ed., São Paulo: Edições SM.
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