Você está na página 1de 34

Química Geral

Curso: ACSP
1º ano / Aula Nº 11
Prof. Natália D. dos S.
Fernandes
2022
TEMA 6. Reacções de oxidação.

6.1 Estados de oxidação.


6.2 Reacções de acerto oxi-redox.
6.3 Titulações oxi-redox.
6.4 Electrólise.
 Objectivo Geral:

Conhecer as reacções redox.

 Objectivos Específicos:

6.1 Descrever os estados de oxidação.


6.2 Balancear as Reacções de oxi-redox.
6.3 Caracterizar os titulações oxi-redox.
6.4 Definir o Electrólise.
6.1 Descrever os estados de oxidação.

Introdução

As reaсções que envolvem perda e ganho de electrões são denominadas


reaсções de oxidação-redução.
Algumas delas são muito importantes no mundo que nos cerca e estão
presentes nos processos que permitem a manutenção da vida.

A foto mostra bolhas de


oxigénio sendo liberadas
por planta aquática.
A fotossíntese é um exemplo de reaсção de oxidação-
redução. As moléculas de clorofila utilizam energia
luminosa para produzir o gás oxigénio:
6 CO2 + 6 H2O C₆H₁₂O₆ + 6 O2

Tanto a fotossíntese como o metabolismo da glicose no


organismo:
C₆H₁₂O₆ + 6 O2 6 CO2 + 6 H2O
são reacções de oxidação-redução.
Todas as reacções de oxidação-
redução ocorrem com a transferência
de electrões. Esse processo de
transferência de electrões pode ser
evidenciado por um experimento
bastante simples.

Ao introduzirmos um fio de cobre (Cu)


numa solução aquosa de nitrato de
prata (AgNO3), verificamos, após
certo tempo, que ocorre a formação
de um depósito de prata e que a
solução adquire a cor azul,
característica dos íons Cu²⁺.

Nas reacções de oxidação-redução,


como a demonstrada na foto, ocorre
transferência de electrões.
As reacções envolvidas podem ser representadas pelas equações:

Cu⁰ Cu⁺² + 2 e – perda de electrões


2 Ag⁺ + 2 e 2 Ag⁰ - ganho de electrões

Neste exemplo, cada reacção é denominada semi-reacção.


Semi-reacção é forma explícita dos electrões envolvidos numa
reacção redox.

2Ca(s) + O₂(g) → 2CaO(s)

A semi-reacção que envolve perda de electrões designa-se por


reacção de oxidação.

A semi-reacção que envolve ganho de electrões designa-se por


reacção de redução.
2Ca → 2Ca²⁺ + 4 ē
reacção de oxidação

O₂ + 4 ē → 2O²¯
reacção de redução
Na formação do óxido de cálcio, o cálcio é oxidado. Diz-se que
actua como agente redutor visto ceder electrões ao oxigénio
causando assim a sua redução.

O oxigénio é reduzido actuando como agente oxidante porque


aceita electrões do cálcio causando assim a sua oxidação.
Como já se viu, as reacções de oxidação- redução
ocorrem com transferência de electrões de uma
espécie para outra, ou seja, no decorrer da recção há
mudanças de números de oxidação representado
abreviadamente por (NOX).

O NOX de um átomo é defenido como sendo o


número de electões que esse átomo perde ou ganha
na ligação iónica, ou que perderia ou ganharia se, na
ligação covalente, os electrões da ligação fossem
transferidos para o átomo mais electronegativo.
O NOX descreve o estado de oxidação de um átomo de
um elemento, ou seja, a carga que tem em relação ao
átomo neutro. O NOX deve ser determinado para cada
átomo isoladamente.
REGRAS PARA DETERMINAR NOX
-
1 O NOX de um átomo de um elemento no estado livre ou fazendo
parte de uma substância elementar é zero. Ex: Fe; C; O2; H2.

2- O NOX de um ião monoatómico é igual a sua respectiva carga. Ex: o


nox de (Mg²⁺) = +2; nox de (Cl⁻) = -1.

3- A soma algébrica dos números de oxidação dos átomos numa


molécula é zero.

4- A soma algébrica dos NOX dos átomos num ião poliatómico é igual
a carga desse ião.

5- O NOX dos átomos dos elementos do 1º grupo da T.P (Li, K, Na) é


igual a +1 e os do 2º grupo (Ba, Ca, Mg) é +2
6. O hidrogénio apresenta NOX = +1 excepto nos hidretos metálicos que é -1.
Ex: HCl: nox de H é = +1; no hidreto de sódio(NaH), nox de (H) = -1.

7. O oxigénio apresenta o NOX = -2, excepto nos peróxidos nos quais nox = -1,
e no fluoreto de oxigénio, no qual nox = +2.

Ex: Na molécula de água (H2O), o nox de (O) = -2; Na molécula de peróxido de


hidrogénio (H2O2), o nox de (O) = -1; No fluoreto de oxigénio (OF2), o nox = +2

8. O fluor tem número de oxidação -1 em todos os compostos.


Os outros halogéneos (Cl, Br, I) têm números de oxidação negativos quando
existem como iões halogenetos nos seus compostos.

Quando combinados com oxigénio, por exemplo, nos oxoácidos e oxoaniões,


têm números de oxidação positivos.
Ex: ClO₃¯(clorato).
CLASSIFICAÇÃO DAS REACÇÕES REDOX
As reacções de oxidação- reduçaõ classificam-se em :

1- Reacções redox de combinação ou de síntese:


Aquelas em que as espécies químicas se combinam formando
novo composto.

Ex: 2C (s) + O₂(g) ↔ 2CO(g)

2- Reacções redox de decomposição ou intramolecular:

Aquelas em que num só composto existem elementos que se


oxida e que se reduz, originando assim duas ou mais espécies
mais simples.

Ex: 2KClO₃(s) ↔ 2KCl(s) + 3O₂(g)


3- Reacções redox de deslocamento :

Neste tipo de reacção um átomo ou ião de um elemento é substituido


por outro átomo ou ião de outro composto presente na reacção.

Ex: 2Na(s) + 2H₂O(l) → 2NaOH(aq) + H₂(g)

4- Reacções redox de dismutação ou disproporcionação ou ainda auto-


oxidação- redução:

São aquelas onde numa espécie química existe um só elemento


químico que se oxida e se reduz.

Ex: Hg₂Cl₂(s) ↔ Hg(l) + HgCl₂(s)


6.2 Reacções de acerto oxi-redox.

Regras para balanceamento por oxi-redução

1. Determinar o Nox de todos os elementos químicos presentes na


reacção:
+3 -2 +2 -2 0 +4 -2
Fe₂O₃ + CO Fe + CO₂
2. Identificar o elemento química que oxida (agente redutor) e o elemento
químico que reduz (agente oxidante).
reduz

+3 -2 +2 -2 0 +4 -2
Fe₂O₃ + CO Fe + CO₂
oxida
3. Calcular a variação total de Nox do elemento que oxida e do
elemento que reduz.
reduz: ∆ = 3-0 = 3
+3 -2 +2 -2 0 +4 -2
Fe₂O₃ + CO Fe + CO₂
oxida: ∆ = 4-2 = 2

4. Identificar o elemento que oxida e o elemento que reduz de maior


índice na equação. Estes elementos devem se localizar no mesmo
membro da equação:

Fe₂O₃ + CO Fe + CO₂
5. Multiplicar o índice deste elemento por sua variação de Nox.
∆=3×2=6

Fe₂O₃ + C₁O Fe + CO₂


∆=2×1=2
6. Inverter os valores finais entre as duas substâncias que
apresentam os elementos químicos que estão sendo
trabalhados. Considerando-os coeficientes da reacção:
∆=3×2=6

Fe₂O₃ + CO Fe + CO₂
∆=2×1=2

2 Fe₂O₃ + 6 CO Fe + CO₂
7. Acertar os coeficientes restantes pelo método dos
tentativas:
2 Fe₂O₃ + 6 CO 4Fe + 6CO₂
8. Observar se os coeficientes são os menores números
inteiros possíveis caso não sejam, efectuar a operação
matemática necessária para torná-los os menores inteiros
possíveis:
2 Fe₂O₃ + 6 CO 4Fe + 6CO₂(: 2)

1 Fe₂O₃ + 3 CO 2Fe + 3CO₂


6.3 Caracterizar os titulações oxi-redox.

A análise volumétrica (titrimétrica) consiste na análise química quantitativa


efectuada pela medição do volume de uma solução, cuja concentração é
rigorosamente conhecida (solução-padrão), que reage com um volume
conhecido da solução que contém a espécie química a ser determinada. Esta
operação é assim designada por titulação.

A titulação é uma técnica analítica, que tem como finalidade determinar a


concentração exacta de uma solução.

Na análise volumétrica, a solução de concentração conhecida é designada


por titulante e aquela cuja concentração se pretende determinar é designada
por titulado.
O titulante é adicionado ao titulado até que se atinja a quantidade
estequiométrica.

A titulação termina quando se atinge o ponto final da reacção ou ponto de


equivalência da reacção.

O ponto final é detectado pela variação de uma propriedade física ou química


da solução a ser titulada, utilizando indicadores ou instrumentalmente. Quando
se utilizam indicadores, esta variação é facilmente detectada, pois corresponde
a uma alteração de cor.

Numa titulação ideal, o ponto final visível coincidirá com o ponto final
estequiométrico. Na prática há sempre uma pequena diferença, que constitui o
chamado erro de titulação.
O ponto de equivalência corresponde a um ponto na titulação quando a
quantidade de reagente padrão adicionada é axatamente equivalente à
quantidade de analito.

O ponto final é um ponto na titulação quando ocorre uma alteração física


associada à condição de equivalência química.

Erro de titulação é diferença no volume ou massa entre o ponto de equivalência


e o ponto final.

Tipos de volumetria

As volumetrias podem classificar-se segundo a reacção química que ocorre


durante a titulação, e atendendo à técnica de doseamento.
Assim, relativamente à reacção química consideram-se as
seguintes volumétricas:
 Volumetria de Ácido-base – É utilizada quando a espécie
química a dosear é um ácido ou uma base segundo
Bronsted.

 Volumetria de precipitação – Utilizam-se reacções que


levam à formação de um precipitado (composto pouco
solúvel).
 Volumetria de Oxidação-redução (redox) – Ocorre
quando há transferência de electrões entre o titulante e
o titulado.

 Volumetria de complexação – Este tipo de volumetria é


utilizado quando se pretende dosear uma espécie
química que origina um complexo estável.
Quanto à técnica de doseamento as volumetrias podem classificar-se em:
 Volumetria directa – Nesta técnica a solução titulante é, geralmente, adicionada
directamente à solução a titular. É o método mais simples e mais utilizado.

 Volumetria de retorno – É utilizada quando a espécie a dosear ou não reage, ou


reage lentamente com a solução titulante.
Efectua-se adicionando à espécie a dosear um volume de excesso,
rigorosamente medido, de uma terceira espécie química. Esta terceira espécie
química reage com a espécie a dosear segundo uma equação química definida.
A quantidade em excesso é posteriormente titulada directamente utilizando uma
solução padrão adequada.

 Volumetria indirecta – Recorre-se a este tipo de volumetria nas seguintes


situações: a espécie química a dosear não reage directamente com a solução
padrão; a espécie química a dosear não reage estequiométricamente com a
solução padrão; não existe indicador apropriado. Nesta volumetria faz-se reagir
a espécie que se pretende dosear, com um volume em excesso de um reagente
adequado e titula-se em seguida um dos produtos da reacção.
TIPOS DE VOLUMETRIAS DE OXIDAÇÃO-REDUÇÃO
Em volumetria de redox utilizam-se oxidantes ou redutores fortes.

Os oxidantes permanganato (MnO₄¯) e dicromato (CrO₇²¯) e o redutor (I¯) são


as espécies geralmente utilizados neste tipo de volumetria.

A volumetria em que se utiliza uma solução padrão de permanganato de


potássio, designa-se por permanganatometria.

A volumetria, onde se utiliza solução padrão de dicromato de potássio designa-


se dicromatometria.

Já o ião iodeto (I¯) é um redutor forte e é utilizado na chamada iodometria.

 Nesta volumetria, o método é o da volumetria indirecta, adicionando-se à


solução a titular um volume em excesso de ião iodeto que ao ser oxidado,
origina iodo (I₂).
6.4 Electrólise.

A electroquímica é a área da Química que estuda não só os processos


envolvidos na produção de corrente eléctrica a partir da transferência de
electrões em reacções de oxidação-redução, mas também a utilização de
corrente eléctrica para desencadear reacções redox.

Na área da electroquímica tem particular importância o desenvolvimento de


pilhas e baterias e processos de electrólise.

Pilhas
As pilhas electroquímicas são usadas para produzir electricidade a partir de
uma reacção redox.

Pilha (célula galvânica ou voltaica) - dispositivo electroquímico que funciona


com base numa reacção redox espontânea que origina e mantêm um
movimento ordenado de electrões (corrente eléctrica).
A pilha de Volta
A primeira pilha eléctrica foi criada em 1800 pelo físico italiano Alessandro Volta.
Essa pilha era constituída por conjuntos de duas placas circulares metálicas, de
zinco e cobre (os eléctrodos), entre as quais existia um algodão embebido em
solução electrolítica (condutora de corrente eléctrica). Cada conjunto de placas
e algodão formava uma célula eléctrica. Nesta célula, os electrõesfluem de
placa de Zn para a placa de Cu, mantendo a lãmpada acesa durante um
pequeno intervalo de tempo.
Constituição de uma pilha:
 2 eléctrodos isolados - cátodo (positivo - ocorre uma redução) e ânodo
(negativo - ocorre uma oxidação).
 electrólito - solução condutora, normalmente aquosa, que contém iões
metálicos que reagem com os eléctrodos.
 ponte salina - solução electrolítica inerte cuja função é permitir a migração de
iões entre as soluções de electrólito onde se encontram mergulhados
separadamente os eléctrodos.
Cada pilha é caracterizada por possuir uma determinada força electromotriz (f.
e.m) ou potencial, que corresponde ao valor de diferença de potencial (d.d.p)
entre os seus eléctodos.

 Maior f.e.m - maior capacidade de gerar corrente eléctrica

A d.d.p de uma pilha depende de:


 naturesa dos eléctrodos (oxidante, redutora);
 concentrações das soluções electrolíticas;
 temperatura.

Condições padrão -T =25ºC (sol.electrolítica = 1 mol/dm3)


Tipos de pilhas comerciais:
 Não rrecarregáveis (primárias);
 Recarregáveis (secundárias).

Não recarregáveis:
• Seca - pilha alcalina (KOH)
• De Mercúrio - pilha de óxido de mercúrio e zinco
• De Lítio - pilha de lítio e dióxido de manganês com d.d.p. mais elevado
• Célula de combustível - pilha utiliza como combustíveis gasosos o H2 e o O2.

Recarregáveis:
• Bateria (acumulador de chumbo)
• Bateria de níquel-cádmio
A electrólise é um processo não espontâneo em que a passagem de corrente
eléctriica através de um sistema reaccional líquido, no qual existem iões,
desencadeia reacções redox.
A electrólise é realizada numa tina electrolítica (voltâmetro), na qual a corrente
eléctrica é produzida por um gerador exterior. Os eléctrodos são geralmente
inertes (Pt ou grafite). As substâncias que são submetidas a electrólise podem
estar fundidas ou em solução aquosa.

Na electrólise, o eléctrodo negativo é o catodo e o eléctrodo positivo é o ânodo.


Referência Bibliográfica
1. ATKINS, P.; JONES, L.(2006) Princípios de química: questionando a vida moderna e o meio
ambiente. Porto Alegre: Bookman.
2. RUSSELL, J.B. (1994) Química geral. 2.ed. São Paulo: Pearson Makron Book.
3. ROSENBERG, J.L.; EPSTEIN, L.M. (2002) Química geral. 8.ed. Porto Alegre: Edgard Blucher.
4. BRADY, J.E.; GERARD, E.H. (1986) Química geral. 2.ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e
Científicos.
5. FELTRE RICARDO, (2005) “Fundamentos da Química” Brasil. Volume único, editora
moderna.
6. PINTO A. MARTINS R, “Nova Enciclopédia temática Física e Química”, Lisboa, Nova Editora.
7. FABIOLA C, PEDRO J, MARTINS R, “Nova Enciclopédia temática. Exercícios de
matemática , física e química”, Lisboa. Nova Editora. T-233433898
8. USBERCO J, SALVADOR E (2002) ” Química”, Volume Único, São Paulo. 5ª Edição
reformada.
9. CHANG R, (2005) “Química” , 8ª Edição.
10. GEORGE I. SACKHEIM, LEHMAN, (2001) "Química e Bioquímica para Ciências
Biomédicas". 8ª edição. Editora Manole.
11. PINTO M. ( 2006) Manual de trabalhos laboratoriais de Química Orgânica e Farmacêutica.
Lisboa. Porto. Escolar Editora.
12. REIS C., ALÇADA M., AZEVEDO I.(2002) Práticas de Bioquímica para Ciências da Saúde.
Lisboa. Porto. Coimbra.Lidel.
13. SIMÕES J., etc.(2008) Guia do Laboratório química e Bioquímica.Lisboa. Porto. Lidel.
14. BURROVS H., PEREIRA M.(2006) Química sínteses e estrutura. Uma abordagem prática.
Lisboa. Ecsolar Editora.

Você também pode gostar