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Apostila de Balanço Material e

Energético

Professora: Flavia Gerjoi Bezerra

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PROCESSOS INDUSTRIAIS

Nos processos industriais são necessários os seguintes princípios : Química, física e a


físico-química. Especificamente a termodinâmica e a cinética química. Tendo como
principal objetivo a obtenção de resultados economicamente satisfatórios com o mínimo
de dados obtidos em instalações pilotos ou semi-industriais.

Os projetos industriais são classificados em 3 grupos:

1 grupo: estabelecimento de funções que devem ser executadas pelas diversas


unidades do processo→ processo (química)
2 grupo: estabelecimento das especificações processuais do equipamento necessário
para desempenhar funções → operações unitárias (física)
3 grupo: seleção do equipamento e dos materiais de construção, projeto mecânico e a
integração das unidades projetadas→ projeto de instalação (mecânica)

Para se resolver problemas dos 1 e 2 grupos usamos a estequiometria industrial.

É usando a estequiometria que é possível operar um processo economicamente

As ferramentas utilizadas são: balanços materiais, balanços de energia, relações de


equilíbrio e equação de velocidade de processos.

Equações Químicas

As reações químicas são representadas no papel através de equações químicas. Por


exemplo, o gás hidrogênio (H2) pode reagir com o gás oxigênio (O2) e formar água
(H2O). A equação química para esta reação é escrita como:
2H2+O2→ 2H2O
O ' +' deve ser lido como ' reage com' e a seta como ' produz'. As fórmulas químicas à
esquerda representam as substâncias iniciais, chamados reagentes, à direita são
mostradas as substâncias produzidas pela reação, chamados de produtos. Os números
na frente das fórmulas são chamados coeficientes (o número '1' normalmente é omitido).

Uma vez que átomos não são criados nem destruídos em uma reação, uma equação
química tem que ter um número igual de átomos de cada elemento em cada lado da seta
(isto é: Diz-se que a equação é 'balanceada').

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Os passos envolvidos na busca de uma 'equação balanceada' para uma reação química
são:

Passo #1: Experimentalmente determinar reagentes e produtos.


Passo #2: Escrever a equação "sem equilíbrio" que usa fórmulas de reagentes e
produtos.
Passo #3: Escrever 'equação balanceada' determinando os coeficientes que fornecem
números iguais de cada tipo de átomo em cada lado da equação (geralmente, valores de
número inteiros)
Nunca devem ser mudados subscritos quando tentamos equilibrar uma equação
química. Mudando uma subscrição, muda a identidade atual de um produto ou reagente.
O equilíbrio de uma equação química envolve mudanças nas quantidades relativas de
cada produto ou reagente.

Exemplo:
Considere a reação de queima do gás metano (CH4) no ar.
Passo #1: Esta reação consome oxigênio (O2) e produz água (H2O) e gás carbônico
(CO2).

Passo #2: escrever a equação química desequilibrada


CH4+O2→CO2+H2O
Passo #3: contar os átomos nos reagentes e produtos:

Só existe até então, metade dos hidrogênios nos produtos do que nos reagentes.
Conserta-se isto dobrando o número relativo de moléculas de água na lista de produtos:

Observa-se que enquanto isto equilibrou os átomos de carbono e hidrogênio, existem


agora 4 átomos de oxigênio nos produtos, e 2 nos reagentes. Equilibram-se os átomos
de oxigênio dobrando o número de átomos de oxigênio nos reagentes:

Ao fim do passo #3, existe um equilíbrio na equação química da reação do metano com
oxigênio. Assim, uma molécula de metano reage com duas moléculas de oxigênio para
produzir uma molécula de gases carbônicos e duas moléculas de água.
O estado físico de cada substância química pode ser indicado usando os símbolos (g),
(l), e (s) (para gás, líquido e sólido, respectivamente):
CH4+2O2→CO2+2H2O

RESUMINDO: diz-se do processo que visa estabelecer uma igualdade entre as diversas
substâncias de uma determinada reação, assim em: H2 + O2 → H2O, denota-se que duas
moléculas de hidrogênio reagem com duas de oxigênio para formar a água que só
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possui uma molécula de oxigênio, ou seja, existe uma disparidade nesta equação que
pode ser corrigida com a multiplicação por dois da substância H2 e H2O, assim temos:
2H2 + O2 → 2H2O. Este processo de representação multiplicativa para estabelecer a
igualdade em uma reação é denominado balanceamento e nos diz a proporção exata de
reagentes que devemos possuir para a aquisição de um produto, ou seja, no caso da
água, se tivéssemos 1 quilo de oxigênio, deveremos obter 2 quilos de hidrogênio para
produzirmos 2 quilos de água

Balanceamento de reações por óxido-redução

Em certas reações se encontram átomos que ganham elétrons e outros que os perdem.
Quando um átomo perde elétrons, ele se oxida e o seu nox aumenta. Quando um átomo
ganha elétrons, ele se reduz e o seu nox diminui.

oxidação, nox aumenta =>


5- 4- 3- 2- 1- 0 1+ 2+ 3+ 4+ 5+
<= redução, nox diminui

Os processos de oxidação e redução são sempre simultâneos. O átomo que se oxida,


cede seus elétrons para que outro se reduza. O átomo que se reduz recebe os elétrons
do átomo que se oxida. Assim, quem se oxida é agente redutor e quem se reduz é
agente oxidante. A igualdade na quantidade dos elétrons na redução e na oxidação é a
base do balanceamento de reações pelo método de óxido-redução.

Regras para o balanceamento

1º) Determinar, na equação química, qual espécie se oxida e qual se reduz.


2º) Escolher os produtos ou reagentes para iniciar o balanceamento.
3º) Encontrar os Δoxid e Δred .
Δoxid = número de elétrons perdidos x atomicidade do elemento
Δred = número de elétrons recebidos x atomicidade do elemento
As atomicidades são definidas no membro de partida (reagentes ou produtos).
4º) Se possível, os Δoxid e Δred podem ser simplificados. Exemplificando.
Δoxid = 4 Δred = 2
simplificando ...
Δoxid = 2 Δred = 1
5º) Para igualar os elétrons nos processos de oxidação e redução:
O Δoxid se torna o coeficiente da substância que contém o átomo que se reduz.
O Δred se torna o coeficiente da substância que contém o átomo que se oxida.
6º) Os coeficientes das demais substâncias são determinados por tentativas, baseando-
se na conservação dos átomos.

Exemplo

NaBr + MnO2 + H2SO4 → MnSO4 + Br2 + H2O + NaHSO4


O Br se oxida, pois tem nox = -1 no primeiro membro e nox = 0 no segundo. Esta
oxidação envolve 1 elétron e como sua atomicidade no NaBr é igual a 1, temos ...
Δoxid = 1 x 1 = 1
O Mn se reduz, pois tem nox = +4 no primeiro membro e nox = +2 no segundo. Esta
redução envolve 2 elétrons e como sua atomicidade no MnO2 é igual a 1, temos ...
4
Δred = 2 x1 = 2
Invertendo os coeficientes obtidos ...
2 NaBr + 1 MnO2 + H2SO4 → MnSO4 + Br2 + H2O + NaHSO4
Os demais coeficientes são obtidos por tentativas ...
2 NaBr + 1 MnO2 + 3 H2SO4 → 1 MnSO4 + 1 Br2 +2 H2O + 2 NaHSO4
Os coeficientes iguais a 1 foram colocados somente por questões de evidência, uma vez
que os mesmos são dispensáveis.

Balanceamento de reações incompletas

Podemos escrever as reações colocando somente os compostos que são importantes


para o balanceamento por oxi-redução, são chamadas de semi-reações, no seu
balanceamento por oxi-redução somente são realizados os itens do 1 ao 5, os outros
átomos não são balanceados.
Exemplo: NaBr + MnO2 → MnSO4 + Br2
O Br se oxida, pois tem nox = -1 no primeiro membro e nox = 0 no segundo. Esta
oxidação envolve 1 elétron e como sua atomicidade no NaBr é igual a 1, temos ...
Δoxid = 1 x 1 = 1
O Mn se reduz, pois tem nox = +4 no primeiro membro e nox = +2 no segundo. Esta
redução envolve 2 elétrons e como sua atomicidade no MnO2 é igual a 1, temos ...
Δred = 2 x1 = 2
Invertendo os coeficientes obtidos
2 NaBr + 1 MnO2 → 1 MnSO4 + 1 Br2

Balanços De Massa

A Engenharia Química tem por objeto estudar, identificar e posteriormente determinar as


operações que causam transformações físicas ou químicas nos materiais que é
designado por processo, ou seja, processo é qualquer operação ou conjunto de
operações que provoquem uma transformação física ou química numa substância ou
numa mistura de substâncias.
São exemplos dessas operações:
Produção de produtos químicos, Transporte de fluidos, Movimentação de sólidos a
granel, Redução e aumento de tamanho, Geração e transferência de calor, Destilação,
Absorção de gases, Reações bioquímicas, entre outros.

O material que entra num processo designa-se por entrada ou alimentação do processo
e o que deixa o processo designa-se por saída ou produto. Dá-se o nome de unidade do
processo ao equipamento no qual se efetuam as operações que integram o processo:
por exemplo, tanques de armazenagem de matérias-primas e de produtos, fornalhas,
colunas de destilação e seu equipamento auxiliar, reatores químicos, entre outros. A
cada unidade do processo está associado um conjunto de correntes processuais de
entrada e saída formadas pelos materiais que entram e saem da unidade. Há ainda a
considerar, as entradas e saídas de energia. Se a entrada e saída de materiais num
processo se derem continuamente ao longo do tempo, diz-se que o processo é
contínuo. Se a entrada e saída de materiais se derem de forma localizada no tempo,
não se verificando qualquer entrada ou saída de materiais nos tempos intermediários, o
processo é denominado por bateladas, sendo também designado por processo
descontínuo (“batch”). Constitui tarefa do engenheiro químico projetar novas unidades de
processo, supervisionar a operação de unidades existentes ou implementar nelas
modificações, de modo a adaptá-las a novas condições de trabalho. Para isso, torna-se
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necessário identificar e quantificar as variáveis do processo cujos valores definem as
condições de operação das unidades do processo: quantidades, composições e
condições (pressão, temperatura, estado físico, etc.) dos materiais que entram e saem
de cada unidade do processo. Os balanços de massa constituem a base do projeto de
um processo. Um balanço de massa estabelecido sobre todo o processo determinará as
quantidades de matérias-primas necessárias e os produtos produzidos. Balanços sobre
cada uma das unidades do processo estabelecem as correntes e as composições das
correntes desse mesmo processo. Em projeto processual é essencial dominar bem os
cálculos de balanços de massa. Estuda-se nesta disciplina os fundamentos dos balanços
de massa, usando exemplos simples para ilustrar cada tópico. Só a prática permitirá
ganhar destreza para realizar cálculos que, por vezes, são muito complexos. Há certas
regras fundamentais para efetuar balanços de massa. Essas regras incluem a definição
de um sistema e a aplicação da lei da conservação da massa ao sistema.

Sistemas

Por sistema entende-se uma parte arbitrária ou a totalidade de um processo considerada


especificamente para análise. Tudo aquilo que não faz parte do sistema constitui o meio
que o rodeia, ou seja, o resto do Universo. Para definir um sistema como parte separada
do resto do Universo torna-se necessário criar as fronteiras do sistema. Um sistema diz-
se aberto (ou de escoamento) quando se dá transferência de material através da
fronteira do sistema (entrada, saída ou ambos os casos) Um sistema através de cujas
fronteiras não há transferência de material, no intervalo de tempo considerado, diz-se
fechado. Haverá sempre ocasiões em que um sistema é aberto: por exemplo, quando
introduzimos os reagentes e quando retiramos os produtos de um reator operando por
lotes ou partidas ("batch"). Nestes casos, para estudarmos o sistema como sistema
fechado centramos a nossa atenção no intervalo de tempo entre os instantes em que se
deu a entrada e a saída de materiais. Se através da fronteira de um sistema não houver
transferência de materiais nem de energia, o sistema diz-se isolado.

Balanço material com e sem reação química

Conforme já dito anteriormente, o balanço material é uma ferramenta utilizada para


estimar as quantidades de matérias-primas necessárias e os produtos produzidos, em
processos químicos e físicos. Nos processos químicos, em que ocorrem reações
químicas, acontece o rearranjo dos átomos para a formação de produtos com outras
características físico-químicas, através de um balanço material com reação química é
possível determinar teoricamente as quantidades de reagentes necessários para uma
dada reação química ou a quantidade de produtos produzidos a partir de uma dada
quantidade de reagentes utilizados, levando em conta a pureza dos reagentes e
rendimento da reação. Nos processos físicos, onde somente ocorre a mistura entre os
componentes de entrada, serão estabelecidas as correntes e as composições das
correntes de cada uma das unidades do processo, ou seja, a determinação da
quantidade de matéria total de cada corrente além das suas concentrações, desta
maneira, é possível identificar e quantificar as variáveis do processo cujos valores
definem as condições de operação das unidades do processo: quantidades,
composições e condições (pressão, temperatura, estado físico, etc.)

O balanço material com reação química é também chamado de cálculo estequiométrico.

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Cálculo Estequiométrico – balanço material com reação química

CÁLCULO ESTEQUIOMÉTRICO: é o cálculo das quantidades (mols, gramas, volume,


etc.) de substâncias presentes numa reação. Ex.: 1N2 + 3H2 → 2NH3

O cálculo das massas das substâncias que se combinam num dado processo químico se
baseia na informação, qualitativa e quantitativa, fornecida pela equação química que
representa a reação envolvida. A estequiometria baseia-se na aplicação da lei das
proporções múltiplas. A equação química ou estequiométrica de uma reação química,
uma vez acertada, indica os números de moléculas dos reagentes e dos produtos que
intervêm na reação; a partir destes valores é possível calcular as massas.

Além das conversões por balanceamento, podemos contar com fórmulas auxiliares como
Clayperon e Equação Geral dos Gases Perfeitos para se estabelecer a quantidade exata
de uma determinada substância.

EQUAÇÃO DE CLAYPERON: usada para gases ideais. Diz respeito a uma fórmula que
relaciona diretamente as propriedades dos gases com as situações ambientais. Sendo
sempre compensada a alteração em um destes fatores com o remanejamento em outra
de forma a sempre se obter uma igualdade. P . V = n . R . T
Onde:
P é a pressão dada em atm (atmosfera)
V é o volume dado em L (litros)
R é uma constante gasosa equivalente a 0,082 para atmosferas
T é a temperatura dada em ºK (kelvin)
n é o número de mols dado pela expressão
Onde:
m é a massa da substância dada em g (gramas)
M é o equivalente grama da substância dado em g

PROCEDIMENTO PARA RESOLUÇÃO DE ESTEQUIOMETRIA:

Quando se efetuam cálculos em sistemas com reação química tomando uma base em
massa segue-se o seguinte procedimento:
Balancear (equacionar) a equação química (para efeito de multiplicação de mols)
Passar os dados do exercício (o que o exercício passa) e o pedido (o que se pede) para
mols.
Estabelecer as proporções através de regra de três.

(1) Utiliza-se o peso molecular para calcular o número de mols da substância


correspondentes à base;
(2) converte-se este número de mols no correspondente número de mols do produto ou
reagente desejado, multiplicando-o pela relação estequiométrica apropriada, de acordo
com a equação química;
(3) finalmente, converte-se o número de mols do produto ou reagente numa massa.

No exemplo abaixo se apresenta a equação da reação de combustão do heptano, com a


respectiva informação fornecida:

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Exemplo: C7H16 + 11O2 → 7CO2 + 8H2O
C7H16 11O2 7CO2 8H2O
1 molécula 11 moléculas 7 moléculas 8 moléculas
1 mol 11 mols 7 mols 8 mols
1*(7*16+16*1) g 11*(2*16) g 7*(12+2*16) g 8*(2*1+1*16) g
100g 352g 308g 144g
452g 452g

Os coeficientes numéricos que intervêm na equação química designam-se por


coeficientes estequiométricos. As diversas relações que são possíveis definir entre os
coeficientes estequiométricos de uma dada equação química permitem calcular os mols
de uma substância correspondentes aos mols de outra substância.

Exemplo

Calcular a massa de óxido de cobre II a partir de 2,54 gramas de cobre metálico,


sabendo-se que a reação é: Cu + O2 → CuO. Dados: (O =16, Cu =63,5)

Cu + O2 → CuO Balanceamento via tentativas: 2Cu + O2 → 2CuO


reação 2Cu O2 2CuO
Coeficientes da reação 2 1 2
Massa molar dos 63,5g 16*2= 32g 63,5+16=79,5g
constituintes (g/mol)
Dados do exercício 2,54g
Dados em mols 2,54/63,5 = 0,04 X Y
Regra de três -- 0,04*1/2 = 0,02 0,04*2/2=0,04
Massa dos constituintes 2,54g 0,64g 3,18g
Conferência 2,54+0,64=3,18g = 3,18g

Pureza De Reagente

PUREZA DE REAGENTE: naturalmente não ocorre 100% de pureza com os materiais


encontrados na natureza.
- RESOLUÇÃO DADA A QUANTIDADE DE IMPUREZA: que virá expressa na
forma de porcentagem em um exercício. Para sua resolução calcula-se,
inicialmente, a quantidade pura (convertendo para a quantidade específica) e, por
fim, resolve-se o exercício normalmente
- RESOLUÇÃO OMITIDA A QUANTIDADE DE IMPUREZA: então se é pedida
justamente a pureza!. Para sua resolução risca-se, primeiramente, a quantidade
impura, depois se calcula o valor correto da reação (como se o reagente fosse
puro) e, por fim, estabelece-se a porcentagem, comparando-se com o resultado
da reação
- OBS.: a massa impura é sempre maior que a pura, pois esta é a soma desta mais
os compostos impuros

Grau de pureza: é o quociente entre a massa (m) da substancia pura e a massa (m´) do
total da amostra, ou seja massa pura mais as impurezas, para dar em porcentagem,
multiplica-se por 100.
m
Pureza(%) =  100

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Exemplo:
Deseja-se obter 180 litros de dióxido de carbono, medidos na CNTP, pela calcinação de
um calcário a 90% de pureza. Qual a massa de calcário necessária? Dados (C=12,
O=16, Ca=40), reação: CaCO3 → CaO + CO2

CaCO3 → CaO + CO2 Balanceamento via tentativas: 1CaCO3 → 1CaO + 1CO2

reação 1CaCO3 1CaO 1CO2


Coeficientes 1 1 1
Massa molar dos 40+12+3*16=100 40+16=56 12+2*16=44
constituintes (g/mol)
Dados do exercício -- -- 180L
Dados em mols, Y X 8,04mols
calcular por
clapeyron (PV=nRT),
P=1atm, R=0,082,
T=273K
Regra de três 8,04 8,04 8,04
Massa dos 8,04*100=804g 8,04*56=450,24g 8,04*44=353,76(g)
constituintes puros
Conferência 804g 450,24+353,76=804g
Porcentagem de 90% 100% 100%
pureza
Massa dos 893,33g* 450,24g 353,76(g)
constituintes impuros
804 804
* 0,9 =  m´=
m´ 0,9
Conversão e Rendimento

É importante distinguir entre conversão e rendimento. Conversão diz respeito aos


reagentes; rendimento diz respeito aos produtos.

Conversão
A conversão é uma medida da fração do regente que reage. Para otimizar o projeto de
um reator e para minimizar a formação de subprodutos, a conversão de um dado
reagente é muitas vezes menor que 100%. Se houver mais que um reagente, deve
especificar-se o reagente em que se baseia a conversão. A conversão define-se pela
seguinte expressão:

É freqüente também definir conversão global e conversão no reator ou por passagem no


reator. Na conversão global, as quantidades que entram na definição de conversão
referem-se às entradas e saídas do sistema; na conversão no reator, as quantidades
referem-se à entrada e saída do reator. Esta definição dá a conversão de um
determinado reagente em todos os produtos. Por vezes dão-se valores de conversão
que se referem a um determinado produto, normalmente o produto desejado. Neste caso
há que especificar além do reagente também o produto. Na realidade trata-se de um
modo de especificar um rendimento.

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Exemplo
Na fabricação de cloreto de vinilo (CV) pela pirólise do dicloroetano (DCE), a conversão
no reator está limitada a 55% para reduzir a formação de carbono, que suja os tubos do
reator. Calcular a quantidade de DCE necessária para produzir 5 000 kg/h de CV.

Resolução:
C2H4Cl2 → C2H3Cl+ HCl
reação C2H4Cl2 C2H3Cl HCl
Coeficientes 1 1 1
Massa molar dos 12*2+4*1+35,5*2=99 12*2+3*1+35,5=62,3 1+35,5=36,5
constituintes (g/mol)
Dados do exercício -- 5000Kg/h --
Dados em mols X 5000/62,3=80,25 Y
Regra de três (mols) 80,25 80,25
Massa dos 7944,75g 5000 2929,12g
constituintes puros
Conferência 7944,75g 5000+2929,12=7944,75g
conversão 55%
Massa do reagente 14445g
total

Rendimento De Reação

O rendimento é uma medida da qualidade de funcionamento de um reator ou instalação.


Usam-se várias definições diferentes de rendimento, sendo importante indicar com
clareza a base de quaisquer valores de rendimento.

RENDIMENTO DA REAÇÃO: porcentagem de reação consumada após sua efetuação.


- RESOLUÇÃO COM O DADO DO RENDIMENTO: que virá na forma de
quantidade específica. Para obter o rendimento, calcula-se, inicialmente, o que foi
pedido pela maneira normal admitindo-se 100% de rendimento e, por fim, calcula-
se o rendimento através convertendo-se na porcentagem estipulada
- RESOLUÇÃO OMITIDO-SE O RENDIMENTO: então se é pedido justamente o
rendimento! Para obtê-lo, risca-se, primeiramente, o rendimento incerto, depois se
calcula o valor correto da reação como se o rendimento fosse total e, por fim,
estabelece-se a porcentagem comparando-se com o resultado da reação

OBS.: pela pureza constatamos o aproveitamento da reação antes desta ocorrer e pelo
rendimento é possível constamos a porcentagem de impurezas contidas na reação
depois de sua ocorrência

Rendimento (R) de uma reação é quociente entre a quantidade (q) de produto realmente
obtida e a quantidade (q´) de produto que seria teoricamente obtida pela equação
química correspondente.

q
Re n dim ento% =  100

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Exemplo

Queimando-se 30 g de carbono puro com rendimento de 90%, qual a massa de dióxido


de carbono obtida? C+O2→ CO2

reação C O2 CO2
Coeficientes 1 1 1
Massa molar dos 12 32 44
constituintes (g/mol)
Dados do exercício 30 -- --
Dados em mols 30/12=2,5 X Y
Regra de três (mols) 2,5 2,5 2,5
Massa dos 30 80 110
constituintes puros
Conferência 30+80=110 110
Rendimento 90%*
Massa do reagente 30g 80g 99g
total
X
* 0,90 =  X = 0,9  110 = 99 g
110

Excesso de Reagente e Reagente Limitante

Nas reações industriais raramente se alimenta o reator nos constituintes em proporções


estequiométricas exatas. Pode fornecer-se um reagente em excesso para promover a
reação desejada; para maximizar o aproveitamento de um reagente dispendioso; ou para
assegurar reação completa de um reagente, como na combustão.

É necessário indicar claramente qual o reagente que é tomado como referência para o
cálculo do excesso. Este se designa muitas vezes como reagente limitante.

Exemplo
A oxidação do etileno para produção do óxido de etileno dá-se de acordo com a seguinte
reação:2C2H4+O2→2C2H4O. A alimentação contém 100 Kmol de etileno e 100 Kmol de
oxigênio. Indique qual o reagente em excesso e qual a sua %.

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Resolução:
reação 2C2H4 1O2 2C2H4O
Coeficientes 2 1 2
Massa molar dos 2*12+4=26 2*16=32 2*12+4+16=44
constituintes (g/mol)
Dados do exercício 100 100 --
(Kmol)
Verificação da proporção 1*1002*100 (fora da proporção)
100200(excesso)
Substituição do reagente 1*100=2*X
em excesso
Regra de três 100 50 100
Excesso (mols) 0 100-50=50 --
Quantidade de excesso 50*32=1600%
em gramas
Massa dos constituintes 100*26=2600g 50*32=1600g 100*44=4400g
% de excesso -- 100-50/50=100% --

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Fração em Massa, Fração Molar e Massa Molecular Média de uma mistura.

As correntes envolvidas nos processos químicos raramente são formadas por


substâncias puras, sendo normalmente misturas de substâncias: usualmente misturas de
líquidos ou gases ou soluções de um ou mais solutos num solvente. Torna-se necessário
conhecer a composição química de cada corrente. A composição de uma mistura
contendo a substância A pode ser expressa como:
Fração em massa de A: xA = (massa de A)/(massa total)
Fração molar de A: yA = (nº mols A/nº mols total)
Os valores numéricos das frações em massa e molares são independentes das unidades
que figuram no numerador e no denominador, desde que estas sejam as mesmas. A
percentagem em massa de A é (100 % xA) e a percentagem molar é (100 % yA). Para
uma dada mistura, a soma de todas as frações em massa é igual à unidade, bem como
a soma de todas as frações molares. Como é óbvio, a soma das percentagens em
massa é igual a 100, bem como a soma das percentagens molares.

Massa molar média de uma mistura, M (g/mol, kg/kmol, lb/mol, etc.), é a razão entre a
massa de uma amostra da mistura (mt) e o número de mols de todas as espécies
químicas presentes na amostra (nt). Se yi e Mi forem, respectivamente, a fração molar e
a massa molecular do componente i, então:

Demonstra-se facilmente que a expressão que permite calcular a massa molecular


média de uma mistura a partir das frações em massa dos componentes é:

Concentração
Concentração em massa de um componente de uma mistura ou solução é a massa
desse componente por unidade de volume da mistura ou solução (g/cm 3, lbm/ft3, etc.). A
concentração molar de um componente é o número de mols do componente por unidade
de volume da mistura ou solução (kmol/m3, mol-lb/ft3, etc.). A molaridade de uma solução
é o valor da concentração molar do soluto expressa em g de soluto/litro de solução.

Corrente em Massa e Corrente em Volume

Nas instalações industriais que trabalham em processo contínuo verifica-se uma


movimentação contínua de materiais de um ponto para o outro, por exemplo, entre as
unidades de fabricação ou de armazenagem. A velocidade de deslocamento de material
através de uma tubulação denomina-se corrente desse material. A corrente pode ser
expresso como corrente em massa (massa/tempo) ou como corrente em volume
(volume/tempo).
Corrente em massa é a quantidade de massa de material que atravessa a seção reta do
tubo na unidade de tempo.
Corrente em volume é a quantidade de volume de material que atravessa a seção reta
do tubo na unidade de tempo.
Estas duas correntes estão relacionadas pela massa por unidade de volume do material

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em que é a corrente em massa, é a corrente em volume e n é a massa por
unidade de volume do material.

Lei da conservação da massa

O esquema seguinte representa uma ou mais unidades de processo ou um processo


completo, indicando-se as correntes de entrada e saída de materiais.

Um balanço material no sistema deverá contabilizar as entradas e saídas de materiais e


a variação da quantidade de materiais no interior sistema devido aos consumos e
geração. A equação geral do balanço material para qualquer sistema em processamento
pode escrever-se como:

Material sai = Material entra + Geração - Consumo - Acumulação

De um modo geral, podemos efetuar balanços de um sistema relativo a:


1. Massa total
2. Mols totais
3. Massa de um composto químico
4. Massa de uma espécie atômica
5. Mols de um composto químico
6. Mols de uma espécie atômica
7. Volume (raramente).
Quando os valores das variáveis do sistema são constantes ao longo do tempo diz-se
que o processo está em estado estacionário. Caso contrário, trata-se de um processo
em estado não estacionário ou regime transitório. Num processo em estado estacionário
o termo de acumulação será nulo. Se excetuarmos os processos nucleares - que estão
fora do âmbito da disciplina- , não há geração nem consumo de massa, mas, se ocorrer
uma reação química, pode haver formação ou consumo de uma determinada espécie, no
processo, pelo que haverá que considerar os termos de geração e consumo na equação
do balanço. Assim, na ausência de reação química a equação do balanço em estado
estacionário reduz-se a:

Material sai = Material entra

Quando efetuamos um balanço às espécies atômicas (C, H, O, etc.), num processo em


regime estacionário, os termos de geração e consumo são nulos, independentemente de
haver ou não reação química, pelo que a equação do balanço material tem também a
forma anterior da equação. Pode escrever-se uma equação de balanço para cada uma
14
das espécies separadamente identificáveis que estejam presentes, elementos,
compostos ou radicais; e para a totalidade das substâncias.

Número de Constituintes Independentes

Pode escrever-se uma equação de balanço para cada constituinte independente. Nem
todos os constituintes num balanço serão independentes.

Sistemas sem Reação Química

Se não houver qualquer reação química, o número de constituintes independentes é


igual ao número de espécies químicas distintas presentes.
Considere-se a produção de um ácido de nitração por mistura de ácido nítrico a 79%
com ácido sulfúrico a 98%. O número de espécies distintas é 3; água ácido sulfúrico e
ácido nítrico.

Sistemas com Reação Química

Se o processo envolver reação química o número de constituintes independentes não


será necessariamente igual ao número de espécies químicas, visto que algumas podem
estar relacionadas pela equação química. Nesta situação o número de constituintes
independentes pode calcular-se pela relação seguinte: Número de constituintes
independentes = Nº de espécies químicas - Nº de equações químicas independentes.

Exemplo
Se se prepara o ácido de nitração usando oleum em vez de ácido sulfúrico a 98%,
haverá quatro espécies químicas distintas: ácido sulfúrico 98%, trióxido de enxofre, ácido
nítrico, água. O trióxido de enxofre reagirá com a água produzindo ácido sulfúrico pelo
que há apenas três constituintes independentes.

Equação da reação: SO3 + H2O → H2SO4


Nº de espécies químicas: 4
Nº de reações: 1
Nº de constituintes independentes: (4 - 1) 3

Escolha da Fronteira do Sistema

A lei de conservação é válida para a totalidade do processo e para qualquer subdivisão


do processo. A fronteira do sistema define a parte do processo que se considera. As
correntes de entrada e de saída do sistema são os que atravessam a fronteira e devem
equilibrar-se com a substância gerada ou consumida no interior da fronteira. Qualquer
processo pode ser subdividido de modo arbitrário para facilitar os cálculos de balanço de
massa. A escolha criteriosa da fronteira do sistema pode muitas vezes simplificar
consideravelmente os cálculos. Não se podem dar regras rígidas e rápidas para a
15
escolha da fronteira apropriadas para todos os tipos de problemas de balanço de massa.
A escolha da melhor subdivisão para qualquer processo concreto é uma questão de
apreciação e depende da visão da estrutura do problema, a qual só pode adquirir-se
através da prática. As seguintes regras gerais servirão de guia:

1. Em processos complexos, colocar primeiro a fronteira em torno de todo o


processo e se possível calcular as correntes de entrada e de saída. Entrada de
matérias primas e saída de produtos e subprodutos.
2. Escolher as fronteiras para subdividir o processo em etapas simples e fazer um
balanço sobre cada etapa separadamente.
3. Escolher a fronteira em torno de qualquer andar de forma a reduzir tanto quanto
possível o número de correntes desconhecidas.
4. Na primeira etapa, abranger quaisquer correntes de recirculação dentro da
fronteira do sistema.

Escolha da Base de Cálculo

A escolha correta da base de cálculo determinará muitas vezes a sua simplicidade ou


complexidade. Tal como na escolha da fronteira do sistema, não se podem estipular
regras ou métodos de aplicação geral para a escolha da base de apropriada em relação
a um determinado problema. A escolha depende da capacidade de apreciação resultante
da experiência. Algumas regras orientadoras que ajudarão na escolha.
1. Tempo: Escolher a base de tempo em que se pretende usar os resultados; por
exemplo, kg/h , ton/ano.
2. No caso de processos descontínuos usar uma carga.
3. Escolher para base de cálculo a corrente em relação ao qual se possuir mais
informação.
4. Muitas vezes torna-se mais fácil trabalhar em mols, em vez de massa mesmo quando
não há reação. No caso de haver reação é muito mais simples trabalhar em mols, devido
a aplicação da estequiometria.
5. No caso de gases, se as composições forem dadas em volume, usar uma base molar
lembrando que as frações em volume são equivalentes às frações molares a pressões
moderadas.

Método Algébrico Geral

Problemas simples de balanço de massa, envolvendo apenas um pequeno número de


incógnitas, podem normalmente resolver-se por métodos diretos simples. A relação entra
as grandezas desconhecidas e a informação dada pode normalmente ver-se com
clareza. No caso de problemas mais complexos, e no caso de problemas com várias
etapas de processamento, pode usar-se um método algébrico mais formal. Atribuem-se
símbolos algébricos a todos as correntes (Q1, Q2, Qn,.... ) e composições ( x1, x2, xn ... ) .
Escrevem-se depois equações de balanço em torno de cada subsistema para os
constituintes independentes (espécies químicas ou elementos). Os problemas de
balanço de massa são exemplos particulares do problema geral de projeto. As incógnitas
são composições ou correntes e as equações de relação resultam da lei de conservação
de massa e da estequiometria da reação. Para que um dado problema tenha solução
deve ser possível escrever um número de equações igual ao número de incógnitas.

16
Exemplo
Considere-se uma unidade de separação, como seja uma coluna de destilação, a qual
divide uma corrente do processo em duas correntes de produto. Seja a corrente de
alimentação, Q1, 10 000 kg/h; as composições: benzeno 60%, tolueno 30% e xileno
10%.

Resolução:
Há três correntes: alimentação, destilado e resíduo e três constituintes em cada corrente.
Número de variáveis (correntes e constituintes) = 9
Número de equações de balanço de massa independentes = 3
Número de variáveis a especificar para haver solução (9 - 3) = 6
Três variáveis estão especificadas; a corrente de alimentação e a composição fixam a
corrente de cada constituinte na alimentação.
Número de variáveis a especificar pelo projetista (6 - 3) = 3. Podem escolher-se
quaisquer três correntes.
Normalmente escolher-se-iam a composição e a corrente de destilado ou a composição
e corrente de resíduo.

Determinação das Correntes e Composições

É óbvio, mas deve se realçar, que a soma das correntes dos diversos constituintes em
qualquer corrente não pode exceder a corrente total. E também, que a soma das
diversas frações molares ou em peso tem de ser igual à unidade. Portanto, a
composição de uma corrente fica completamente definida se forem dadas as
concentrações de todos os constituintes exceto um. As correntes constituintes numa
corrente (ou as quantidades numa carga) serão completamente definidas por qualquer
das seguintes maneiras:
1. Especificando a corrente (ou quantidade) de cada constituinte.
2. Especificando a corrente total (ou quantidade) e a composição.
3. Especificando o fluxo (ou quantidade) de um constituinte e a composição.

Exemplo
A corrente de alimentação para um reator contém: 16% de etileno, 9% de oxigênio, 31%
de nitrogênio e ácido clorídrico. Se a corrente de etileno for 5 000 kg/h, calcular as
correntes dos diversos constituintes e a corrente total. Todas as % são ponderais.

Resolução:
% HCl = 100 - (16+9+31) = 44
%C2H4 = 5000/total x 100=16
a corrente total = 5000 x 100/16 = 31250 kg/h
a corrente de O2 = 9/100 x 31250 =9687 kg/h
N2=31250 x 31/100 = 9687 kg/h
HCl = 31250 x 44/100 = 13750 kg/h
17
Regra geral: O quociente entre a corrente de um qualquer constituinte e o de qualquer
outro constituinte é igual ao quociente entre as composições nos dois constituintes. A
corrente de qualquer constituinte, no exemplo anterior, podia ser calculada diretamente a
partir do quociente entre a respectiva % e a do etileno e entrando com a corrente deste
último.

Corrente de HCl = 44/16 x 5000 = 13750 kg/h

Método Geral em Problemas de Balanços de Massa

O melhor modo de abordar um problema depende da informação dada, da informação


que se requer do balanço e dos constrangimentos que advêm da natureza do problema.
Não se pode definir um método de resolução ótimo que abranja tudo, e que se aplique a
todos os problemas. O método por etapas que a seguir se transcreve é apresentado
como um auxiliar na resolução eficaz de problemas de balanço de massa. Será
vantajoso empregar-se o mesmo tratamento geral para organizar a resolução do balanço
de energia e outros problemas de projeto.

Método
Etapa 1. Traçar um diagrama de blocos de processo. Representar cada etapa
significativa por um bloco, ligado por linhas e setas para indicar as correntes de ligação e
o sentido do fluxo.
Etapa 2. Fazer uma lista de todos os dados disponíveis. Representar no diagrama de
blocos as correntes (ou grandezas) e as composições das correntes conhecidas.
Etapa 3. Fazer uma lista de toda a informação que se requer do balanço.
Etapa 4. Decidir sobre as fronteiras de sistema.
Etapa 5. Escrever todas as reações químicas envolvidas para os produtos principais e
subprodutos.
Etapa 6. Anotar quaisquer outros dados do problema tais como: composições de
correntes especificadas, azeótropos, equilíbrios entre fases, inertes.
Etapa 7. Anotar quaisquer composições das correntes que se possam conhecer
aproximadamente.
Etapa 8. Verificar o número de equações de conservação (e outras) que se podem
escrever, e comparar com o número de incógnitas.
Etapa 9. Decidir quanto à base de cálculo.
A ordem por que se efetuam as etapas pode variar conforme convier ao problema.

Processos com Recirculação

Usam-se freqüentemente processos em que uma corrente é reenviada (recirculada) para


uma etapa anterior na seqüência do processamento. Se a conversão de um reagente
valioso num processo for apreciavelmente inferior a 100%, a substância que não reagiu
é normalmente separada e recirculada. O retorno de refluxo ao topo de uma coluna de
destilação é um exemplo de um processo com recirculação no qual não há qualquer
reação. Nos cálculos de balanços de massa a presença de correntes de recirculação
torna-os mais difíceis. A presença de recirculação implica que algumas das equações de
balanço de massa terão de ser resolvidas simultaneamente. Estabelecem-se as
equações com as correntes de recirculação como incógnitas e resolvem-se usando os
métodos usuais para a resolução de sistemas de equações simultâneas. No caso de
problemas simples, com apenas um ou dois ciclos de recirculação, pode muitas vezes
18
simplificar-se o cálculo através de uma escolha cuidadosa da base de cálculo e da
fronteira do sistema.

Purga

Normalmente é necessário sangrar uma quantidade de uma corrente de recirculação


para impedir a acumulação de material indesejado. Por exemplo, se uma alimentação de
reator contiver constituintes inertes que não sejam separados da corrente de
recirculação nas unidades de separação, estes inertes se acumulariam na corrente de
recirculação até que a corrente por fim consistiria apenas nesses inertes. Teria que
purgar uma certa parte da corrente para manter o teor em inertes dentro dos limites
aceitáveis. Normalmente usaria uma purga contínua. Em condições estacionárias: Perda
de inerte na purga = Velocidade de entrada de inertes no sistema. A concentração de
qualquer constituinte na corrente de purga será a mesma que na corrente de
recirculação no ponto onde é extraída a purga. Portanto, a purga necessária pode
determinar-se a partir da seguinte relação: (Corrente de Alimentação) x (Concentração
do inerte na alimentação) = (Corrente de Purga) x (Concentração do inerte na
recirculação.

Exemplo
Na produção de amoníaco a partir de hidrogênio e do nitrogênio, a conversão baseada
em quaisquer das matérias primas, está limitada a 15%. O amoníaco produzido é
retirado por condensação a partir da corrente do produto do reator e o material que não
reagiu é recirculado. Se a alimentação contiver 0,2% de argônio, calcular a corrente da
purga necessária para manter o argônio na corrente de recirculação abaixo de 5,0%. As
% são volumétricas.

Resolução:
Base: 100 mols de alimentação
Diagrama do processo:

Desvio (“By pass”)

Uma corrente pode ser dividida sendo uma parte desviada de algumas unidades. Este
procedimento é usado muitas vezes para controlar a composição ou temperatura da
corrente. Os cálculos de balanços de massa em processos em que há correntes com
desvio (“By pass” na literatura de língua inglesa) são semelhantes aos que envolvem
recirculação, exceto no fato de a corrente ser enviada para diante e não para trás. Isto
normalmente torna os cálculos mais simples do que no caso de recirculação.
19
Exemplo de balanço de massa de uma de processo de produção de polímeros

O diagrama mostra as etapas principais num processo para a produção de um


polímero. A partir dos dados seguintes, calcular as correntes para a produção de
10000 kg/h.

Reator, rendimento no polímero. 100%


Conversão 90%
Polimerização na polpa 20% monômero/água
Catalisador 1kg/1000kg de monômero não reagido
Inibidor (inerte) 0,5kg/1kg de monômero não reagido
Filtro, água de lavagem. 1prox. 1Kg/1 Kg de polímero
Coluna de recuperação 98% de monômero recuperado
Secador, alimentação. 5% de água
Perdas 1%

Resolução:
Na resolução apresentam-se apenas as correntes necessárias para ilustrar a escolha da
fronteira de sistema e o método de cálculo. Considere-se a primeira fronteira de sistema
em torno do filtro e do secador.

Com 1% de perda, o polímero que entra no subsistema será: 10000/0,99 = 10101 kg

Considere-se a fronteira seguinte em torno do sistema reator; podem então se calcular


as alimentações para o reator.

20
inibidor

Com 90% de conversão, a alimentação em monômero será: =10101/09=11223 kg

Monômero não reagido = 11 223 - 10 101 = 1 122 kg


Agente de paragem, a 0,5kg/ 1000 kg de monômero não reagido = 1 122 x 0,5 x 10-3 =
0,6 kg
Catalisador, a 1kg/1000 kg monômero, teremos: = 11 223 x 1 x 10 -3 = 11 kg
Seja Q1 a água introduzida no reator; nesse caso para monômero a 20%
0,2 = (11223/(Q1+11223)) ➔ Q1 =11223(1-0,2)/0,2 = 44892Kg

Considera-se agora novamente o subsistema filtro - secador:


Água no polímero para o secador, a 5% (desprezando a perda de polímero) = 10 101 x
0,05 = 505 kg
O balanço sobre o subsistema reator e filtro - secador dá os caudais para a coluna de
recuperação:
água, 44 892 + 10 101 -505 = 54 448 kg
monômero, monômero não transformado = 1 122 kg
Considere-se, agora, o sistema de recuperação

Com 98% de recuperação: recirculação para o reator = 0,98 x 1 122 = 1 100 kg


Composição de efluente: 23 kg monômero, 54 448 kg água.
Considerando agora a alimentação do reator em monômero

O balanço ao nó dá a quantidade necessária de monômero fresco


= 11 223 - 1 100 = 10 123 kg

21
BALANÇOS DE ENERGIA
Tal como nos balanços de massa, pode considerar-se que a energia se conserva em
todos os processos exceto nos processos nucleares. A conservação de energia, porém,
difere da conservação de massa pelo fato de a entalpia puder gerar-se (ou consumir-se)
num processo químico. As substâncias podem transformar-se ao longo de um processo
(reagirem), mas o caudal de massa total que entra numa unidade de processo tem de
ser igual ao caudal que sai (em estado estacionário), o mesmo não acontecendo com a
entalpia. A entalpia total das correntes de saída poderá não ser igual à das correntes de
entrada se nos processos se gerar ou consumir entalpia; como por exemplo a que é
devida ao calor da reação. A energia pode existir sob várias formas: calor, energia
mecânica, energia eléctrica, etc..., mas é a energia total que se conserva.

Conservação de Energia

Tal como para a massa, pode escrever-se uma equação geral para a conservação de
energia num sistema:

Acumulação = Energia saída - Energia entrada + Geração - Consumo

De acordo com o Primeiro Princípio da Termodinâmica a energia total de um sistema


não pode ser criada ou destruída, pelo que a equação geral de balanço de energia total
num sistema se reduz à forma:

Acumulação de Energia no Sistema = Energia saída - Energia entrada

Pode escrever-se um balanço de energia para qualquer etapa de um processo. A


energia pode existir sob muitas formas e isto, até certo ponto, torna o balanço de energia
mais complexo de que o balanço de massa.

Formas de Energia
Energia Potencial
É a energia devida à posição do sistema num campo potencial (por exemplo, um campo
gravitacional ou um campo eletromagnético) ou devida à configuração do sistema em
relação a uma configuração de equilíbrio (por exemplo, devida à extensão de uma mola).
No caso de um sistema no campo da gravidade terrestre a energia potencial Ep de um
corpo de massa m será:

em que
z = altura acima de uma determinada cota arbitrária (para a qual Ep é considerada nula);
g = aceleração da gravidade;

Se m for a corrente em massa de uma corrente em escoamento, Ep representa a


energia potencial transportada pela corrente por unidade de tempo.

Energia Cinética
É a energia devida ao movimento de um corpo. A energia cinética Ec de um corpo de
massa m movendo-se com a velocidade v em relação à superfície da Terra:

22
Se um fluido entrar no sistema com um caudal em massa m e uma velocidade uniforme
v, o valor de Ec obtido através da equação anterior representa a energia cinética
transportada pelo fluido para dentro do sistema por unidade de tempo.

Energia Interna
É a energia associada ao movimento das moléculas em relação ao centro de massas do
sistema, ao movimento de rotação e vibração e interações eletromagnéticas das
moléculas e ainda ao movimento e interações dos constituintes atômicos e subatômicos
das moléculas. A energia interna de um sistema depende quase exclusivamente da
composição química, do estado de agregação e da temperatura dos materiais do
sistema. É independente da pressão para os gases perfeitos e quase independente da
pressão para os sólidos e líquidos. Deste modo, a energia total de um sistema é igual à
adição das energias potencial, cinética e interna do sistema e representa-se por:

A energia transfere-se entre um sistema e o meio que o rodeia quer sob as formas acima
referidas de energia potencial e energia cinética, quer sob as formas de calor e trabalho.
Num sistema aberto (há transferência de massa através das fronteiras do sistema)
podem coexistir todas estas formas de transferência de energia. Num sistema fechado
(não há transferência de massa através das fronteiras do sistema), a energia pode
transferir-se entre o sistema e o meio exterior apenas sob as formas de calor e de
trabalho.

Calor
O calor (Q) corresponde a uma transferência de energia em conseqüência de uma
diferença de temperatura entre o sistema e o meio exterior. O fluxo de calor dá-se
sempre no sentido da temperatura mais elevada para a mais baixa. Um sistema não
contém "calor", mas as transferências de calor ou trabalho para um sistema fazem variar
a sua energia interna. Convencionou-se considerar positivo o calor recebido por um
sistema a partir do exterior e negativo o que é transferido do sistema para o exterior.

Trabalho
A energia transfere-se sob a forma de trabalho (W) como resultado de uma força atuante
que não seja uma diferença de temperaturas, por exemplo uma força, um binário ou uma
diferença de potencial elétrico. Realiza-se trabalho quando uma força atua ao longo de
uma distância:

Quando o trabalho resulta de uma variação de pressão ou volume:

Para integrar esta função é necessário conhecer a relação entre pressão e volume. Em
projetos de processos necessita-se muitas vezes de uma estimativa do trabalho
23
realizado ao comprimir ou expandir um gás. Pode obter-se uma estimativa imprecisa
supondo uma expansão adiabática reversível (isentrópica) ou expansão isotérmica,
conforme a natureza do processo. No caso da expansão isotérmica (expansão a
temperatura constante):

PV = constante

No caso da expansão adiabática (ausência de troca de calor com o exterior):

em que quociente entre os calores específicos, Cp / Cv . Consideramos positivo o


trabalho realizado por um sistema sobre o meio que o rodeia e negativo o trabalho
realizado pelo meio sobre o sistema. Em alguns textos de termodinâmica adota-se uma
convenção oposta para o sinal do trabalho, devendo tomar-se precauções para uma
utilização coerente das fórmulas.

Energia Elétrica
As formas de energia elétrica e mecânica são incluídas na parcela do trabalho num
balanço de energia. A energia elétrica apenas será significativa em balanços de energia
sobre processos eletroquímicos.
.
O BALANÇO DE ENERGIA

Balanços de Energia em Sistemas Fechados


Num sistema fechado não há transferência de massa através das fronteiras do sistema,
pelo que o termo da acumulação na equação do balanço de energia representa a
diferença de energias totais do sistema num instante final e num instante inicial. Além
disso, as únicas formas de transferência de energia através das paredes do sistema
serão calor e trabalho. Assim, podemos escrever:

A equação de balanço de energia total de um sistema fechado pode escrever-se em


termos diferenciais:

Na aplicação da equação a um determinado processo deverão considerar-se os


seguintes pontos:
a) Atendendo ao que acima se disse acerca da energia interna, se não houver variações
de temperatura, mudanças de fase ou variações de composição química no processo e
se os materiais do sistema forem sólidos, líquidos ou gases perfeitos, então

24
b) Se o sistema e o meio exterior estiverem à mesma temperatura ou se o sistema for
perfeitamente isolado do ponto de vista térmico, então Q = 0. Este sistema designa-se
por adiabático.
c) O trabalho realizado por um sistema fechado sobre o meio exterior ou pelo meio
exterior sobre o sistema é realizado mediante deslocamento das fronteiras do sistema
contra uma força resistente ou por geração de uma corrente elétrica ou de radiação que
atravessa as fronteiras do sistema. Se não houver partes móveis ou geração de
correntes num sistema fechado, então
d) No termo deverão incluir-se quaisquer variações de energia potencial que
ocorram no sistema, além da eventual variação de energia potencial gravitacional.

Balanços de Energia em Sistemas Abertos (Regime Estacionário)


Num sistema aberto em regime estacionário, o Primeiro Princípio da Termodinâmica
exprime-se sob a forma da equação do balanço da energia total do sistema:

Entra de energia = Sai de energia

A equação é um caso particular da equação

, com o termo da acumulação


nulo que resulta do regime estacionário. Considere-se um processo em estado
estacionário representado na figura seguinte:

25
Considerando a totalidade das correntes j, a equação de balanço de energia escreve-se:

W é o trabalho total “líquido” realizado pelo sistema sobre o meio exterior, por unidade
de tempo. Neste caso, o trabalho é igual à soma do trabalho mecânico e do trabalho de
escoamento:
W = Wmec. + Wescoamento

O trabalho de escoamento representa a diferença entre o trabalho realizado pelo sistema


sobre o meio exterior para fazer sair as diversas correntes e o trabalho realizado pelo
exterior sobre o sistema para introduzir no sistema as correntes de entrada. Pode
exprimir-se pela equação:

Finalmente, a equação de balanço de energia escreve-se:

Em processos químicos as variações de energia cinética e potencial entre as entradas e


as saídas do sistema são normalmente pequenas em comparação com as parcelas de
calor e trabalho e podem geralmente desprezar-se. Deste modo, a equação de balanço
de energia pode escrever-se:

Esta equação simplificada é normalmente suficiente para fazer a estimativa das


necessidades de aquecimento e arrefecimento das diversas operações unitárias
envolvidas nos processos químicos. Na maioria dos casos a parcela referente ao
trabalho mecânico é desprezível e o balanço reduz-se à simples equação do balanço de
calor:

26
Quando se gera calor num sistema, por exemplo, num reator químico:

em que é o calor de reação.

Cálculo da Entalpia Específica

Apenas para os materiais mais correntes se dispõe de valores tabelados da entalpia. Na


ausência de dados publicados podem usar-se as seguintes expressões para obter a
estimativa da entalpia específica. Para substâncias puras, sem mudança de fase:

em que To = temperatura de referência


T0 = entalpia específica à temperatura de referência
T = entalpia específica à temperatura T,
Cp(T) = capacidade calorífica específica da substância a pressão constante, em função
da temperatura Se ocorrer uma mudança de fase entre a temperatura especificada e a
temperatura de referência, adiciona-se o calor latente da mudança de fase à variação do
calor sensível.

em que
Tf = Temperatura de mudança de fase
Cp1(T) = capacidade calorífica específica da primeira fase, abaixo de Tf,
Cp2(T) = capacidade calorífica específica da primeira fase, acima de Tf,
= calor latente de mudança de fase

A capacidade calorífica específica a pressão constante variará com a temperatura e para


usar as equações anteriores há que dispor de valores em função da temperatura. No
caso de líquidos e gases Cp é normalmente expresso como uma equação empírica em
série de potências, por exemplo:

Capacidades Caloríficas Específicas Médias

O uso de capacidades caloríficas específicas médias facilita muitas vezes o cálculo de


variações de calor sensível; a capacidade calorífica específica média no intervalo de
temperatura T1 a T2 é definido pela seguinte equação:

27
Os valores dos calores específicos médios vêm tabelados em vários manuais. Se os
valores forem calculados a partir de uma certa temperatura de referência, T0, nesse
caso a variação de entalpia entre as temperaturas é dada por:

em que To é a temperatura de referência a partir da qual se calcularam os valores de p

C . Se Cp T ( ) for expresso como um polinômio da forma


nesse caso a forma integrada da capacidade calorífica específica média será:

Se Cp T ( ) for um polinômio da forma então a capacidade calorífica


específica média será:

A variação de entalpia específica entre T1 e T2 passa a ser:

Entalpia de Misturas

No caso de gases, os calores de mistura são normalmente desprezáveis e as


capacidades caloríficas específicas e as entalpias podem considerar-se aditivos sem
introduzir qualquer erro significativo nos cálculos de projeto.

em que ya, yb e yc são as frações molares dos


componentes a, b e c. No caso de misturas de líquidos e de soluções, o calor de mistura
(calor de solução) pode ser significativo e por isso deve ser adicionado ao calcular a
entalpia de mistura. No caso de misturas binárias, a entalpia específica da mistura à

temperatura T é dada por:

Os calores de mistura e os calores de solução determinam-se experimentalmente e


estão tabelados nos manuais para as soluções mais correntemente usadas. Se não se
dispuser de quaisquer valores, deve ponderar-se ao decidir se o calor de mistura no
sistema tem probabilidade de ser significativo. No caso de misturas orgânicas o calor de
mistura é geralmente muito pequeno em comparação com as outras grandezas de calor
e normalmente pode desprezar-se ao efetuar um balanço para determinar os requisitos
de aquecimento e arrefecimento do processo. Os calores de solução de compostos
orgânicos e inorgânicos em água podem ser elevados, especialmente no caso dos
ácidos minerais e bases fortes.

28

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