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Escola Preparatória de Cadetes do Exército

EsPCEx
Cadetes do Exército

NV-009AB-21
Cód.: 7908428800444
Obra Produção Editorial

Carolina Gomes
EsPCEx - Escola Preparatória de Josiane Inácio

Cadetes do Exército Karolaine Assis


Maciel F. Rigoni
Cadetes do Exército
Organização

Arthur de Carvalho
Autores
Revisão de Conteúdo
FÍSICA • Jean Pegoraro, Fernando Bertolaccini e Ygor
Lacerda Ana Beatriz Mamede
Ana Cláudia Prado
QUÍMICA • Carolina Sobral
Fernanda Silva
GEOGRAFIA • Zé Soares Jaíne Martins
Karina Oliveira
HISTÓRIA • Jean Talvani
Nataly Ternero
INGLÊS • Rebecca Soares
Diagramação
LÍNGUA PORTUGUESA • Monalisa Costa, Ana Cátia
Dayverson Ramon
Collares, Giselli Neves, Paloma da Silveira Leite e
Isabella Ramiro Higor Moreira
Willian Lopes
MATEMÁTICA • Kairton Batista (Prof.º Kaká) e Sérgio
Mendes
Capa
REDAÇÃO • Nelson Sartori Joel Ferreira dos Santos

Projeto Gráfico

Daniela Jardim & Rene Bueno

Edição:

Maio/2021

Todos os direitos autorais desta obra são reservados e protegidos


pela Lei nº 9.610/1998. É proibida a reprodução parcial ou total,
por qualquer meio, sem autorização prévia expressa por escrito da
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APRESENTAÇÃO
Um bom planejamento de seus estudos é determinante para
sua preparação de sucesso na busca pela tão almejada aprova-
ção em um cargo público. Por isso, pensando no máximo apro-
veitamento de seus estudos, esse livro foi organizado de acordo
com os itens do Edital Nº 2/21 S Conc Adms, de 29 de abril de
2021 da Escola Preparatória de Cadetes do Exército (EsPCEx). Os
assuntos foram didaticamente reorganizados em um sumário
planejado para otimizar o seu tempo e o seu aprendizado.

Ao longo da teoria, você encontrará boxes – Importante e Dica


– com orientações, macetes e conceitos fundamentais cobrados
nas provas. E para treinar seus conhecimentos, a seção Hora de
Praticar, trazendo exercícios gabaritados dos últimos certames.

A obra que você tem em suas mãos é resultado da competência


de nosso time editorial e da vasta experiência de nossos profes-
sores e autores parceiros – muitos também responsáveis pelas
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um diferencial na sua preparação. Nosso time faz tudo pensan-
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VERSO DA APOSTILA
SUMÁRIO

FÍSICA......................................................................................................................................27
MECÂNICA........................................................................................................................................... 27

INTRODUÇÃO AO MÉTODO CIENTÍFICO NA FÍSICA.......................................................................................27

CONCEITOS BÁSICOS DE CINEMÁTICA..........................................................................................................30

MOVIMENTO UNIFORME..................................................................................................................................31

MOVIMENTO UNIFORMEMENTE VARIADO.....................................................................................................32

GRÁFICOS DA CINEMÁTICA.............................................................................................................................32

MOVIMENTOS SOB AÇÃO DA GRAVIDADE.....................................................................................................33

COMPOSIÇÃO DE MOVIMENTOS E CINEMÁTICA VETORIAL........................................................................33

MOVIMENTOS CIRCULARES............................................................................................................................34

DINÂMICA............................................................................................................................................ 35

QUANTIDADE DE MOVIMENTO.........................................................................................................................40

IMPULSO............................................................................................................................................................40

TRABALHO E ENERGIA.....................................................................................................................................42

POTÊNCIA..........................................................................................................................................................44

RENDIMENTO.....................................................................................................................................................44

TORQUE..............................................................................................................................................................45

ESTÁTICA DE UM PONTO MATERIAL E DE UM CORPO EXTENSO RÍGIDO...................................................45

LEIS DE KEPLER E GRAVITAÇÃO UNIVERSAL................................................................................. 46

HIDROSTÁTICA................................................................................................................................... 48

TERMOLOGIA...................................................................................................................................... 51

CONCEITOS FUNDAMENTAIS DE TERMOLOGIA.............................................................................................51

TERMOMETRIA..................................................................................................................................................52

PROPAGAÇÃO DO CALOR.................................................................................................................................52

DILATAÇÃO TÉRMICA DE SÓLIDOS E LÍQUIDOS.............................................................................................54

MUDANÇAS DE FASE E DIAGRAMAS DE FASE................................................................................................64


TERMODINÂMICA............................................................................................................................... 58

GASES IDEAIS....................................................................................................................................................58

ONDAS.................................................................................................................................................. 64

MOVIMENTO HARMÔNICO SIMPLES..............................................................................................................65

CONCEITOS BÁSICOS DE ONDAS E PULSOS..................................................................................................69

FENÔMENOS ONDULATÓRIOS.........................................................................................................................72

Reflexão............................................................................................................................................................. 72
Refração............................................................................................................................................................ 72
Difração............................................................................................................................................................. 74
Interferência...................................................................................................................................................... 74

ONDAS SONORAS..............................................................................................................................................75

EFEITO DOPPLER...............................................................................................................................................79

ÓPTICA................................................................................................................................................. 80

PRINCÍPIOS DA ÓPTICA GEOMÉTRICA...........................................................................................................80

REFLEXÃO DE LUZ.............................................................................................................................................82

ESPELHOS..........................................................................................................................................................82

Espelho Plano................................................................................................................................................... 82
Espelhos Esféricos........................................................................................................................................... 83

REFRAÇÃO LUMINOSA.....................................................................................................................................87

LENTES ESFÉRICAS..........................................................................................................................................90

INSTRUMENTOS ÓPTICOS...............................................................................................................................93

O OLHO HUMANO E DEFEITOS DA VISÃO.......................................................................................................94

ELETRICIDADE..................................................................................................................................... 94

PRINCÍPIOS DA ELETROSTÁTICA....................................................................................................................94

CARGA ELÉTRICA..............................................................................................................................................94

POCESSOS DE ELETRIZAÇÃO..........................................................................................................................95

FORÇA ELÉTRICA..............................................................................................................................................96

CAMPO ELÉTRICO.............................................................................................................................................97

CONDUTORES EM EQUILÍBRIO ELETROSTÁTICO...........................................................................................97

POTENCIAL ELÉTRICO......................................................................................................................................98

ENERGIA POTENCIAL ELÉTRICA......................................................................................................................98


CORRENTE ELÉTRICA.....................................................................................................................................101

CORRENTE ALTERNADA.................................................................................................................................101

RESISTÊNCIA ELÉTRICA.................................................................................................................................102

ASSOCIAÇÃO DE RESISTORES.......................................................................................................................103

LEIS DE KIRCHHOFF........................................................................................................................................103

POTÊNCIA E ENERGIA NA CORRENTE ELÉTRICA.........................................................................................104

CAPACIDADE ELÉTRICA..................................................................................................................................105

ENERGIA ARMAZENADA NOS CAPACITORES..............................................................................................105

ASSOCIAÇÃO DE CAPACITORES....................................................................................................................105

GERADORES E RECEPTORES ELÉTRICOS.....................................................................................................106

APARELHOS DE MEDIÇÃO ELÉTRICA............................................................................................................106

CONCEITOS INICIAIS DO MAGNETISMO.......................................................................................................108

FORÇA MAGNÉTICA........................................................................................................................................111

CAMPO MAGNÉTICO......................................................................................................................................112

INDUÇÃO ELETROMAGNÉTICA......................................................................................................................112

TRANSFORMADORES.....................................................................................................................................113

QUÍMICA.............................................................................................................................. 119
MATÉRIA E SUBSTÂNCIA ................................................................................................................119

PROPRIEDADES GERAIS E ESPECÍFICAS; ESTADOS FÍSICOS DA MATÉRIA E SUAS


CARACTERÍSTICAS; CARACTERIZAÇÃO E PROPRIEDADES; DIAGRAMA DE MUDANÇA DE ESTADOS
FÍSICOS............................................................................................................................................................119

MISTURAS E TIPOS DE MISTURAS; PROCESSOS DE SEPARAÇÃO DE MISTURAS: SISTEMAS; FASES


E SEPARAÇÃO DE FASES................................................................................................................................119

SUBSTÂNCIAS PURAS; SIMPLES E COMPOSTAS........................................................................................120

TRANSFORMAÇÕES DA MATÉRIA E UNIDADES DE MATÉRIA ...................................................................121

ENERGIA E MEIO AMBIENTE..........................................................................................................................121

GRANDEZAS E UNIDADES DE MEDIDA; MASSA, VOLUME, TEMPERATURA, PRESSÃO E DENSIDADE....121

ESTRUTURA ATÔMICA MODERNA.................................................................................................121

INTRODUÇÃO À QUÍMICA AO LONGO DA HISTÓRIA DE EVOLUÇÃO DAS TEORIAS ATÔMICAS E A


EVOLUÇÃO DOS MODELOS ATÔMICOS.........................................................................................................122

OS ELEMENTOS QUÍMICOS: NÚMERO ATÔMICO, NÚMERO DE MASSA E ÍONS; A CARACTERIZAÇÃO


DOS ELEMENTOS ISÓTONOS, ISÓTOPOS, ISÓBAROS E ISOELETRÔNICOS E A CONFIGURAÇÃO
ELETRÔNICA....................................................................................................................................................122
DIAGRAMA DE LINUS PAULING – O DIAGRAMA DA DISTRIBUIÇÃO ELETRÔNICA E O PRÍNCIPIO DE
EXCLUSÃO DE PAULI (REGRA DE HUND) E NÚMEROS QUÂNTICOS...........................................................123

LEIS PONDERAIS: AS LEIS DE LAVOISIER E PROUST...................................................................................124

CLASSIFICAÇÕES PERIÓDICAS......................................................................................................124

HISTÓRICO DA CLASSIFICAÇÃO PERIÓDICA; TABELA PERIÓDICA E SUA ORGANIZAÇÃO; OS


ELEMENTOS QUÍMICOS: SEUS GRUPOS, FAMÍLIA E PERÍODO E A CLASSIFICAÇÃO DOS ELEMENTOS ......
124

PROPRIEDADES PERIÓDICAS: A ELETRONEGATIVIDADE, ELETROPOSITIVIDADE; REATIVIDADE,


AFINIDADE ELETRÔNICA, POTENCIAL DE IONIZAÇÃO E RAIO ATÔMICO..................................................126

LIGAÇÕES QUÍMICAS ......................................................................................................................124

AS LIGAÇÕES QUÍMICAS: IÔNICA, COVALENTE E METÁLICA....................................................................125

PROPRIEDADE DAS SUBSTÂNCIAS: A POLARIDADE DAS MOLÉCULAS, SUAS FORÇAS


INTERMOLECULARES E RELAÇÃO DE SOLUBILIDADE.................................................................................127

FÓRMULA ESTRUTURAL E REATIVIDADE DOS METAIS...............................................................................128

CARACTERÍSTICAS DOS COMPOSTOS IÔNICOS E MOLECULARES ..........................................128

GEOMETRIA MOLECULAR: POLARIDADE DAS MOLÉCULAS.......................................................................128

NÚMERO DE OXIDAÇÃO..................................................................................................................................128

ESTADO FÍSICO E LIGAÇÕES INTERMOLECULARES; TEMPERATURAS DE FUSÃO E EBULIÇÃO............129

FUNÇÕES INORGÂNICAS ................................................................................................................129

FUNÇÃO QUÍMICA INORGÂNICA: ÁCIDO.......................................................................................................129

FUNÇÃO QUÍMICA INORGÂNICA: BASE........................................................................................................129

FUNÇÃO QUÍMICA INORGÂNICA: SAL...........................................................................................................130

FUNÇÃO QUÍMICA INORGÂNICA: ÓXIDO.......................................................................................................130

REAÇÕES QUÍMICAS........................................................................................................................130

TIPOS DE REAÇÕES QUÍMICAS E SUAS CLASSIFICAÇÕES E CONCEITUAÇÃO DE OXIDORREDUÇÃO....130

PREVISÃO E CONDIÇÕES DE OCORRÊNCIA DAS REAÇÕES QUÍMICAS: BALANCEAMENTO DE


EQUAÇÕES QUÍMICAS PELO MÉTODO DA TENTATIVA; OXIRREDUÇÃO E MÉTODO ÍON-ELÉTRON .......131

GRANDEZAS QUÍMICAS...................................................................................................................133

RELAÇÕES DE MASSA: MASSAS ATÔMICA E MOLECULAR........................................................................133

MASSA MOLAR; QUANTIDADE DE MATÉRIA E SUA DETERMINAÇÃO, NÚMERO DE AVOGADRO E


VOLUME MOLAR..............................................................................................................................................133

ESTEQUIOMETRIA ...........................................................................................................................133

TIPOS DE FÓRMULAS QUÍMICAS...................................................................................................................133


ASPECTOS QUANTITATIVOS DAS REAÇÕES QUÍMICAS.............................................................................134

CÁLCULOS ESTEQUIOMÉTRICOS, AS LEIS PONDERAIS E A LEI VOLUMÉTRICA......................................134

AS LEIS PONDERAIS E A RELAÇÃO COM O REAGENTE LIMITANTE DA REAÇÃO......................................135

REAÇÕES COM SUBSTÂNCIAS IMPURAS E RENDIMENTO DA REAÇÃO....................................................135

GASES................................................................................................................................................136

CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS GASES: TEORIA CINÉTICA DOS GASES: VARIÁVEIS DE ESTADO
DOS GASES E TRANSFORMAÇÕES GASOSAS..............................................................................................136

EQUAÇÃO GERAL DOS GASES IDEAIS...........................................................................................................136

LEIS DE BOYLE E DE GAY-LUSSAC: EQUAÇÃO DE CLAPEYRON E EQUAÇÃO DE ESTADO.........................136

QUANTIDADE DE MATÉRIA; PRINCÍPIO DE AVOGADRO E ENERGIA CINÉTICA MÉDIA............................137

MISTURAS GASOSAS; PRESSÃO PARCIAL E LEI DE DALTON...................................................................137

DIFUSÃO GASOSA, NOÇÕES DE GASES REAIS, LIQUEFAÇÃO E DENSIDADE DOS GASES........................138

TERMOQUÍMICA...............................................................................................................................138

PODER CALORÍFICOE RELAÇÃO ENTRE MATÉRIA E CALOR.......................................................................138

REAÇÕES QUE LIBERAM E ABSORVEM ENERGIA: OS PROCESSOS ENDOTÉRMICOS E


EXOTÉRMICOS, OS TIPOS DE ENTALPIA (CALOR OU ENTALPIA EM REAÇÕES QUÍMICAS), A LEI
DE HESS E EQUAÇÕES TERMOQUÍMICAS.....................................................................................................138

CÁLCULO DE CALORES DE REAÇÕES: A ENTALPIA, DETERMINAÇÃO DA VARIAÇÃO DE


ENTALPIA (∆H)................................................................................................................................................139

REPRESENTAÇÕES GRÁFICAS EM TERMOQUÍMICA E VARIAÇÃO DE CALOR NAS MUDANÇAS DE


ESTADO............................................................................................................................................................140

ENERGIA DE LIGAÇÃO E CÁLCULOS COM ENERGIA DE LIGAÇÃO..............................................................140

ENTROPIA E ENERGIA LIVRE..........................................................................................................................140

CINÉTICA QUÍMICA..........................................................................................................................141

A VELOCIDADE DAS REAÇÕES; OS FATORES QUE A INTERFEREM E A TEORIA DE COLISÃO..................141

CONDIÇÕES PARA OCORRÊNCIA DE REAÇÕES............................................................................................142

TIPOS DE VELOCIDADE DE REAÇÃO E OS CÁLCULOS QUE ENVOLVAM A VELOCIDADE DE REAÇÃO......142

LEI DA VELOCIDADE DE REAÇÕES.................................................................................................................143

SOLUÇÕES.........................................................................................................................................143

SOLUÇÕES: DEFINIÇÃO, CLASSIFICAÇÃO E TIPOS .....................................................................................143

CRITÉRIOS DE SOLUBILIDADE E ASPECTOS QUANTITATIVOS DAS SOLUÇÕES.......................................144

DILUIÇÃO E MISTURA DE SOLUÇÃO: A RELAÇÃO ENTRE ESSAS GRANDEZAS........................................145


EQUILÍBRIO QUÍMICO.......................................................................................................................146

SISTEMAS EM EQUILÍBRIO, GRAU DE EQUILÍBRIO, CONCEITUAÇÃO DE REAÇÃO REVERSÍVEL E


DESLOCAMENTO DE EQUILÍBRIO...................................................................................................................146

CONSTANTE DE EQUILÍBRIO, O QUOCIENTE DE REAÇÃO E A CONSTANTE DE IONIZAÇÃO.....................147

PRINCÍPIO DE LE CHATELIER E CONCEITUAÇÃO DE CATALISADOR..........................................................147

GRAU DE EQUILÍBRIO, GRAU DE IONIZAÇÃO, O EFEITO DO ÍON COMUM, EQUILÍBRIO IÔNICO E A


LEI DE DILUIÇÃO DE OSTWALD......................................................................................................................147

HIDRÓLISE E SUAS CONSTANTES, HIDRÓLISE DOS SAIS, PH, POH, SOLUÇÕES ÁCIDAS E BÁSICAS,
ACIDEZ E BASICIDADE EM SOLUÇÕES, EQUILÍBRIO E PRODUTO IÔNICO DA ÁGUA, O PRODUTO DE
SOLUBILIDADE, INDICADORES E SOLUÇÃO TAMPÃO..................................................................................148

REAÇÕES ENVOLVENDO GASES E O EQUILÍBRIO ENTRE LÍQUIDO E GASES.............................................149

ELETROQUÍMICA...............................................................................................................................149

CONCEITUAÇÃO DE ÂNODO; CÁTODO E POLARIDADE DOS ELETRODOS..................................................149

Células Galvânicas: Pilhas e Baterias............................................................................................................ 149


Montagem de Pilhas....................................................................................................................................... 149

PROCESSOS DE OXIDAÇÃO E REDUÇÃO.......................................................................................................150

POTENCIAL PADRÃO E APLICAÇÃO DAS TABELAS.....................................................................................150

Potencial de Pilhas......................................................................................................................................... 150

A ESPONTANEIDADE DAS REAÇÕES.............................................................................................................150

EQUAÇÃO DE NERNST E AS PILHAS E BATERIAS........................................................................................151

Cálculos de Voltagem de Pilhas.................................................................................................................... 151

CONCEITUAÇÃO DA CORROSÃO E ELETRÓLISE; A PARTIR DA LEI DE FARADAY......................................151

MÉTODOS PROTETIVOS E REVESTIMENTOS..............................................................................................151

RADIOATIVIDADE..............................................................................................................................152

RADIAÇÕES: SUA ORIGEM, PRINCIPAIS PROPRIEDADES E AS LEIS QUE AS REGEM...............................152

DETECÇÃO DAS RADIAÇÕES E SÉRIES RADIOATIVAS................................................................................152

VELOCIDADE DA REAÇÃO RADIOATIVA POR MEIO DA CINÉTICA E AS PRINCIPAIS CONSTANTES


RADIOATIVAS .................................................................................................................................................153

TRANSMUTAÇÃO DE ELEMENTOS NATURAIS E FISSÃO E FUSÃO NUCLEAR...........................................153

USO DE ISÓTOPOS RADIOATIVOS EFEITOS DA RADIAÇÕES ......................................................................153

PRINCÍPIOS DA QUÍMICA ORGÂNICA............................................................................................154

FUNÇÕES ORGÂNICAS E SUA NOMENCLATURA EM VIRTUDE DO GRUPO FUNCIONAL..........................154

CLASSIFICAÇÃO DAS CADEIAS CARBONICAS ............................................................................................156


PROPRIEDADES FÍSICAS E QUÍMICAS DOS COMPOSTOS ORGÂNICOS....................................................157

SÉRIES HOMÓLOGAS: PROPRIEDADES FUNDAMENTAIS DO ÁTOMO DE CARBONO, FUNDAMENTAIS


DO ÁTOMO DE CARBONO, TETRAVALÊNCIA E HIBRIDIZAÇÃO DE ORBITAIS............................................158

ISOMETRIA DE COMPOSTOS ORGÂNICOS...................................................................................................158

CISÃO DE LIGAÇÕES QUÍMICAS, GRUPOS ORGÂNICOS SUBSTITUINTES E RADICAIS, DIRIGÊNCIA


DE GRUPOS SUBSTITUINTES E EFEITOS ELETRÔNICOS.............................................................................158

POLÍMEROS E REAÇÕES DE POLIMERIZAÇÃO.............................................................................................158

MÉTODOS DE OBTENÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS, FONTES E USOS DE COMPOSTOS


ORGÂNICOS, PETRÓLEO E DERIVADOS E BIOCOMBUSTÍVEIS...................................................................159

PROPRIEDADES................................................................................................................................159

PROPRIEDADES FÍSICAS DA MATÉRIA E TEMPERATURAS DE FUSÃO E EBULIÇÃO................................159

PRESSÃO DE VAPOR E A INTERFERÊNCIA DA TEMPERATURA..................................................................159

AS PROPRIEDADES COLIGATIVAS: EBULIOSCOPIA TONOSCOPIA, CRIOSCOPIA E OSMOSCOPIA


(OSMOSE, PRESSÃO OSMÓTICA E OSMOSE REVERSA)..............................................................................160

GEOGRAFIA........................................................................................................................ 167

I - GEOGRAFIA GERAL............................................................................................... 167


LOCALIZANDO-SE NO ESPAÇO.......................................................................................................167

ORIENTAÇÃO E LOCALIZAÇÃO......................................................................................................................167

Coordenadas Geográficas e Fusos Horários e Cartografia......................................................................... 167


A Cartografia e as Visões de Mundo: as várias formas de representação da superfície terrestre,
projeções cartográficas, escalas e convenções cartográficas...................................................................169

O ESPAÇO NATURAL........................................................................................................................175

ESTRUTURA E DINÂMICA DA TERRA............................................................................................................175

Evolução geológica deriva continental.......................................................................................................... 175


Placas tectônicas, dinâmica da crosta terrestre.......................................................................................... 177
Tectonismo, vulcanismo, intemperismo....................................................................................................... 177
Tipos de rochas e solos................................................................................................................................. 178
Formas de relevo e recursos minerais.......................................................................................................... 178

AS SUPERFÍCIES LÍQUIDAS............................................................................................................................179

Oceanos e mares: hidrografia........................................................................................................................ 179


Correntes Marinhas: tipos e influência sobre o clima e a atividade econômica........................................180
Utilização dos recursos hídricos e situações hidroconflitivas.................................................................... 180
A DINÂMICA DA ATMOSFERA........................................................................................................................181

Camadas e suas características ................................................................................................................... 181


Composição e principais anomalias: El Niño, La Niña................................................................................. 181
Buraco na camada de ozônio e aquecimento global................................................................................... 182
Fatores do clima............................................................................................................................................. 183
Elementos do Clima........................................................................................................................................ 183
Tipos climáticos.............................................................................................................................................. 183

OS DOMÍNIOS NATURAIS...............................................................................................................................183

Distribuição da vegetação e características gerais das grandes paisagens naturais...............................183

IMPACTOS AMBIENTAIS.................................................................................................................................184

Poluição........................................................................................................................................................... 184
Erosão.............................................................................................................................................................. 187
Assoreamento................................................................................................................................................. 187

O ESPAÇO POLÍTICO E ECONÔMICO..............................................................................................187

INDÚSTRIA ......................................................................................................................................................187

O processo de industrialização...................................................................................................................... 187


A primeira, a segunda e a terceira revolução industrial............................................................................... 187
Tipos de indústria........................................................................................................................................... 188
A concentração e a dispersão industrial....................................................................................................... 188
Os conglomerados transnacionais................................................................................................................ 188
Os novos fatores de localização industrial................................................................................................... 188
As fontes de energia e a questão energética................................................................................................ 189

IMPACTOS AMBIENTAIS AGROPECUÁRIA....................................................................................................190

Sistemas agrícolas......................................................................................................................................... 190


Estrutura agrária e uso da terra..................................................................................................................... 190
Agricultura e meio ambiente.......................................................................................................................... 191

PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA, COMÉRCIO MUNDIAL DE ALIMENTOS E A QUESTÃO DA FOME,


GLOBALIZAÇÃO E CIRCULAÇÃO....................................................................................................................191

Os fluxos financeiros...................................................................................................................................... 191


Transportes .................................................................................................................................................... 191
Os fluxos de informação ............................................................................................................................... 192
O meio tecno científico-informacional.......................................................................................................... 192
Comércio mundial .......................................................................................................................................... 192
Blocos econômicos........................................................................................................................................ 192
Os conflitos étnicos e as migrações internacionais .................................................................................... 194

A DIVISÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO (DIT) E AS TROCAS DESIGUAIS A NAÇÃO


E O TERRITÓRIO, OS ESTADOS TERRITORIAIS E OS ESTADOS NACIONAIS..............................................194
A organização do Estado Nacional e o poder global................................................................................... 194
Nova ordem mundial...................................................................................................................................... 194
Fronteiras estratégicas................................................................................................................................... 195

O ESPAÇO HUMANO.........................................................................................................................195

DEMOGRAFIA...................................................................................................................................................195

Teorias demográficas..................................................................................................................................... 195


Estrutura da população.................................................................................................................................. 196
Crescimento demográfico.............................................................................................................................. 196
Transição demográfica................................................................................................................................... 196
As Migrações Populacionais no Mundo........................................................................................................ 196

URBANIZAÇÃO................................................................................................................................................197

Processo de urbanização .............................................................................................................................. 197


Espaço urbano e problemas urbanos .......................................................................................................... 197
Principais indicadores socioeconômicos..................................................................................................... 197

II - GEOGRAFIA DO BRASIL..................................................................................... 198


O ESPAÇO NATURAL........................................................................................................................198

CARACTERÍSTICAS GERAIS DO TERRITÓRIO BRASILEIRO: POSIÇÃO GEOGRÁFICA...............................198

Limites e fusos horários ............................................................................................................................... 199

GEOMORFOLOGIA: ORIGEM E FORMAS........................................................................................................200

CLASSIFICAÇÕES DO RELEVO.......................................................................................................................201

A classificação do relevo de Aroldo de Azevedo.......................................................................................... 201


A classificação do relevo de Aziz Ab’Saber.................................................................................................. 201

ESTRUTURA GEOLÓGICA A ATMOSFERA E OS CLIMAS..............................................................................202

Fenômenos climáticos................................................................................................................................... 202

OS CLIMAS NO BRASIL...................................................................................................................................204

DOMÍNIOS NATURAIS: DISTRIBUIÇÃO DA VEGETAÇÃO..............................................................................205

Características gerais dos domínios morfoclimáticos................................................................................ 207


Aproveitamento econômico e problemas ambientais................................................................................. 210

RECURSOS HÍDRICOS: BACIAS HIDROGRÁFICAS........................................................................................211

Aquíferos......................................................................................................................................................... 213
Hidrovias.......................................................................................................................................................... 214
Degradação ambiental................................................................................................................................... 214

O ESPAÇO ECONÔMICO..................................................................................................................................214
A FORMAÇÃO DO TERRITÓRIO NACIONAL...................................................................................................214

Economia colonial e expansão do território ................................................................................................. 214


Da cafeicultura ao Brasil urbano-industrial .................................................................................................. 215
Integração territorial....................................................................................................................................... 216

INDUSTRIALIZAÇÃO PÓS-SEGUNDA GUERRA MUNDIAL............................................................................217

Modelo de substituição das importações e Abertura para investimentos estrangeiros...........................217


Dinâmica espacial da indústria...................................................................................................................... 217
Polos industriais............................................................................................................................................. 217
A indústria nas diferentes regiões brasileiras e a reestruturação produtiva..............................................217
O aproveitamento econômico dos recursos naturais.................................................................................. 218

ATIVIDADES ECONÔMICAS............................................................................................................................218

Os recursos minerais...................................................................................................................................... 218


Fontes de energia e meio ambiente.............................................................................................................. 219
O setor mineral e os grandes projetos de mineração................................................................................... 220

AGRICULTURA BRASILEIRA...........................................................................................................................220

Dinâmicas territoriais da economia rural...................................................................................................... 220


A estrutura fundiária....................................................................................................................................... 221
Relações de trabalho no campo.................................................................................................................... 221
A modernização da agricultura...................................................................................................................... 221
Êxodo rural...................................................................................................................................................... 222

AGRONEGÓCIO E A PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA BRASILEIRA E COMÉRCIO...........................................222

Globalização e economia nacional................................................................................................................ 223


Comércio exterior........................................................................................................................................... 224
Integração regional (Mercosul e América do Sul)........................................................................................ 224
Eixos de circulação e custos de deslocamento............................................................................................ 225

O ESPAÇO POLÍTICO.........................................................................................................................227

FORMAÇÃO TERRITORIAL..............................................................................................................................227

Território, fronteiras, faixa de fronteiras........................................................................................................ 227


Mar territorial e Plataforma Continental........................................................................................................ 227
Zona Econômica Exclusiva Brasileira........................................................................................................... 227
Estrutura político-administrativa, estados, municípios, distrito federal e territórios federais...................228
A divisão regional, segundo o IBGE, e os complexos regionais e políticas públicas.................................230

O ESPAÇO HUMANO BRASILEIRO...................................................................................................234

DEMOGRAFIA...................................................................................................................................................234

Transição demográfica................................................................................................................................... 234


Crescimento populacional............................................................................................................................. 234
Estrutura etária, política e demográfica........................................................................................................ 235
Mobilidade espacial (migrações internas e externas)................................................................................. 235

MERCADO DE TRABALHO...............................................................................................................................237

Estrutura ocupacional e participação feminina............................................................................................ 237

DESENVOLVIMENTO HUMANO......................................................................................................................238

Os indicadores socioeconômicos................................................................................................................. 238

URBANIZAÇÃO BRASILEIRA..........................................................................................................................238

Processo de urbanização .............................................................................................................................. 238


Rede urbana, hierarquia urbana, regiões metropolitanas............................................................................ 240
Regiões Integradas de Desenvolvimento (RIDEs), espaço urbano e problemas urbanos.........................241

HISTÓRIA............................................................................................................................ 247
A SOCIEDADE FEUDAL (SÉCULOS V A XV).....................................................................................247

FORMAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA FEUDAL..........................................................................247

A ORGANIZAÇÃO POLÍTICA FEUDAL.............................................................................................................248

O RENASCIMENTO COMERCIAL E URBANO..................................................................................248

ESTADOS NACIONAIS EUROPEUS.................................................................................................................249

ABSOLUTISMO................................................................................................................................................249

MERCANTILISMO............................................................................................................................................250

A EXPANSÃO MARÍTIMA EUROPEIA..............................................................................................250

O RENASCIMENTO CULTURAL, O HUMANISMO E AS REFORMAS RELIGIOSAS.......................251

A MONTAGEM DA COLONIZAÇÃO EUROPEIA NA AMÉRICA.......................................................252

SISTEMA COLONIAL ESPANHOL...................................................................................................................252

SISTEMA COLONIAL INGLÊS..........................................................................................................................253

SISTEMA COLONIAL FRANCÊS......................................................................................................................253

SISTEMA COLONIAL HOLANDÊS...................................................................................................................253

O SISTEMA COLONIAL PORTUGUÊS NA AMÉRICA......................................................................253

ESTRUTURA POLÍTICO-ADMINISTRATIVA...................................................................................................253

ESTRUTURA SOCIOECONÔMICA...................................................................................................................255

INVASÕES ESTRANGEIRAS............................................................................................................................256
EXPANSÃO TERRITORIAL...............................................................................................................................256

REBELIÕES COLONIAIS...................................................................................................................................256

MOVIMENTOS EMANCIPACIONISTAS...........................................................................................258

CONJURAÇÃO MINEIRA.................................................................................................................................258

CONJURAÇÃO BAIANA...................................................................................................................................258

ILUMINISMO E DESPOTISMO ESCLARECIDO...............................................................................................259

REVOLUÇÕES INGLESAS, REVOLUÇÃO INDUSTRIAL E REVOLUÇÃO FRANCESA....................259

A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL (SÉCULO XVIII A XX).......................................................................................260

A INDEPENDÊNCIA DOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA...........................................................................261

A REVOLUÇÃO FRANCESA E A RESTAURAÇÃO: O CONGRESSO DE VIENA E A SANTA ALIANÇA...........262

O BRASIL IMPERIAL..........................................................................................................................263

O PROCESSO DA INDEPENDÊNCIA DO BRASIL............................................................................................263

O PENSAMENTO E A IDEOLOGIA NO SÉCULO XIX........................................................................266

IDEALISMO ROMÂNTICO................................................................................................................................266

SOCIALISMO UTÓPICO E SOCIALISMO CIENTÍFICO....................................................................................266

CARTISMO.......................................................................................................................................................266

A DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA...................................................................................................................266

LIBERALISMO..................................................................................................................................................267

ANARQUISMO..................................................................................................................................................267

DARWINISMO SOCIAL.....................................................................................................................................267

POSITIVISMO...................................................................................................................................................268

O MUNDO À ÉPOCA DA PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL................................................................268

O IMPERIALISMO E OS ANTECEDENTES DA PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL.............................................268

PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL........................................................................................................................268

A REPÚBLICA VELHA NO BRASIL..................................................................................................................269

CONFLITOS BRASILEIROS DURANTE A REPÚBLICA VELHA.......................................................................270

O MUNDO À ÉPOCA DA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL.................................................................272

O PERÍODO ENTRE GUERRAS.........................................................................................................................272

SEGUNDA GUERRA MUNDIAL........................................................................................................................273

O BRASIL NA ERA VARGAS.............................................................................................................................275


A PARTICIPAÇÃO DO BRASIL NA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL................................................................277

O MUNDO NO AUGE DA GUERRA FRIA...........................................................................................277

A RECONSTRUÇÃO DA EUROPA E DO JAPÃO E O SURGIMENTO DO MUNDO BIPOLAR...........................277

OS PRINCIPAIS CONFLITOS DA GUERRA FRIA.............................................................................................278

A REPÚBLICA BRASILEIRA ENTRE 1946 E 1985..........................................................................................280

O MUNDO NO FINAL DO SÉCULO XX E INÍCIO DO SÉCULO XXI...................................................282

DECLÍNIO E QUEDA DO SOCIALISMO NOS PAÍSES EUROPEUS...................................................................282

CONFLITOS DO FINAL DO SÉCULO XX...........................................................................................................284

A REPÚBLICA BRASILEIRA DE 1985 ATÉ OS DIAS ATUAIS..........................................................285

GOVERNO SARNEY..........................................................................................................................................285

GOVERNO COLLOR E GOVERNO ITAMAR......................................................................................................285

GOVERNO FERNANDO HENRIQUE CARDOSO...............................................................................................286

GOVERNO LULA...............................................................................................................................................286

GOVERNO DILMA.............................................................................................................................................287

GOVERNO TEMER E GOVERNO BOLSONARO................................................................................................287

INGLÊS................................................................................................................................. 291
LEITURA DE TEXTOS E INTERPRETAÇÃO......................................................................................291

COMPREENSÃO...............................................................................................................................................291

PRODUÇÃO......................................................................................................................................................292

ADEQUAÇÃO VOCABULAR.............................................................................................................................294

SINÔNIMOS EM INGLÊS..................................................................................................................................295

COGNATOS.......................................................................................................................................................295

EXPRESSÕES IDIOMÁTICAS...........................................................................................................................296

ESTRATÉGIAS PARA INTERPRETAR TEXTOS...............................................................................................296

ADJETIVOS........................................................................................................................................297

ADJETIVOS POSSESSIVOS............................................................................................................................298

ADJETIVOS RELATIVOS..................................................................................................................................298

ADJETIVOS INTERROGATIVOS......................................................................................................................299

ADJETIVOS DETERMINANTES.......................................................................................................................299
ADVÉRBIOS........................................................................................................................................300

TIPOS DE ADVÉRBIOS.....................................................................................................................................300

SUBSTANTIVOS................................................................................................................................302

TIPOS DE SUBSTANTIVOS..............................................................................................................................302

GÊNERO DOS SUBSTANTIVOS.......................................................................................................................303

PLURAL DOS SUBSTANTIVOS........................................................................................................................304

ARTIGO...............................................................................................................................................304

CONJUNÇÕES...................................................................................................................................306

MODAL AUXILIARIES........................................................................................................................306

PREPOSIÇÕES...................................................................................................................................308

PRONOMES........................................................................................................................................310

PRONOMES PESSOAIS...................................................................................................................................310

PRONOMES POSSESSIVOS............................................................................................................................311

PRONOMES REFLEXIVOS...............................................................................................................................311

PRONOMES DEMONSTRATIVOS, RELATIVOS E INDEFINIDOS....................................................................312

PRONOMES INTERROGATIVOS......................................................................................................................312

DETERMINANTES E QUANTIFICADORES................................................................................313
DETERMINANTES............................................................................................................................................313

QUANTIFICADORES.........................................................................................................................................313

FORMAS VERBAIS............................................................................................................................314

SIMPLE PRESENT............................................................................................................................................314

SIMPLE PRESENT CONTINUOUS...................................................................................................................315

SIMPLE PAST...................................................................................................................................................315

PAST CONTINUOUS.........................................................................................................................................316

PRESENT PERFECT.........................................................................................................................................317

PRESENT PERFECT CONTINUOUS.................................................................................................................318

PAST PERFECT.................................................................................................................................................318

PAST PERFECT CONTINUOUS........................................................................................................................318

SIMPLE FUTURE..............................................................................................................................................319

FUTURE CONTINUOUS....................................................................................................................................320
FUTURE PERFECT CONTINUOUS...................................................................................................................320

IMPERATIVO E SUBJUNTIVO.........................................................................................................................321

PORTUGUÊS...................................................................................................................... 327
LEITURA, INTERPRETAÇÃO E ANÁLISE DE TEXTOS.....................................................................327

LEITURA, INTERPRETAÇÃO E ANÁLISE DOS SIGNIFICADOS PRESENTES NUM TEXTO E


RELACIONAMENTO DESTES COM O UNIVERSO EM QUE FOI PRODUZIDO................................................327

FONÉTICA..........................................................................................................................................330

CONCEITOS INICIAIS......................................................................................................................................330

ORTOÉPIA E PROSÓDIA..................................................................................................................................331

ORTOGRAFIA...................................................................................................................................................330

ACENTUAÇÃO GRÁFICA.................................................................................................................................332

NOTAÇÕES LÉXICAS, ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS.....................................................................332

MORFOLOGIA....................................................................................................................................333

ESTRUTURA E FORMAÇÃO DAS PALAVRAS.................................................................................................333

PROCESSOS DE DERIVAÇÃO..........................................................................................................................334

ORIGENS DAS PALAVRAS DA LÍNGUA PORTUGUESA..................................................................................336

CLASSIFICAÇÃO E FLEXÃO DAS PALAVRAS................................................................................................336

CONECTIVOS E FORMAS VARIANTES...........................................................................................................351

SEMÂNTICA.......................................................................................................................................351

SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS.....................................................................................................................351

SINTAXE.............................................................................................................................................354

TERMOS ESSENCIAIS DA ORAÇÃO...............................................................................................................354

TERMOS INTEGRANTES DA ORAÇÃO............................................................................................................357

TERMOS ACESSÓRIOS DA ORAÇÃO..............................................................................................................358

PERÍODO COMPOSTO.....................................................................................................................................359

SINAIS DE PONTUAÇÃO.................................................................................................................................362

SINTAXE DE CONCORDÂNCIA........................................................................................................................365

SINTAXE DE REGÊNCIA...................................................................................................................................369

EMPREGO DO INFINITIVO...............................................................................................................................371

EMPREGO DO VERBO “HAVER”......................................................................................................................371


TEORIA DA LINGUAGEM..................................................................................................................372

HISTÓRIA DA LÍNGUA PORTUGUESA............................................................................................................372

LINGUAGEM, LÍNGUA, DISCURSO E ESTILO..................................................................................................372

NÍVEIS DE LINGUAGEM ..................................................................................................................................372

FUNÇÕES DA LINGUAGEM..............................................................................................................................373

ESTILÍSTICA......................................................................................................................................374

FIGURAS DE SINTAXE.....................................................................................................................................374

FIGURAS DE PALAVRAS..................................................................................................................................375

FIGURAS DE PENSAMENTO............................................................................................................................376

ALTERAÇÕES INTRODUZIDAS NA ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA PELO ACORDO


ORTOGRÁFICO DA LÍNGUA PORTUGUESA....................................................................................377

NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO......................................................................................................................377

LITERATURA BRASILEIRA................................................................................................................379

HISTÓRIA DA LITERATURA.............................................................................................................................379

GÊNEROS LITERÁRIOS....................................................................................................................................379

LINGUAGEM POÉTICA.....................................................................................................................................380

ELEMENTOS DA NARRATIVA.........................................................................................................................382

CORRENTES LITERÁRIAS...............................................................................................................................383

PRÉ-MODERNISMO.........................................................................................................................................388

MODERNISMO BRASILEIRO...........................................................................................................................390

PÓS-MODERNISMO.........................................................................................................................................391

MATEMÁTICA.................................................................................................................... 397
TEORIA DOS CONJUNTOS E CONJUNTOS NUMÉRICOS..............................................................397

REPRESENTAÇÃO DE CONJUNTOS...............................................................................................................397

CONJUNTO VAZIO...........................................................................................................................................398

CONJUNTO UNIVERSO....................................................................................................................................398

SUBCONJUNTOS.............................................................................................................................................398

INTERSECÇÃO DE CONJUNTOS ....................................................................................................................400

DIFERENÇA DE CONJUNTOS..........................................................................................................................401

COMPLEMENTAR DE B EM RELAÇÃO À A.....................................................................................................402


CONJUNTO DOS NÚMEROS NATURAIS E INTEIROS....................................................................................402

NÚMEROS PRIMOS, MDC E MMC...................................................................................................................404

CONJUNTO DOS NÚMEROS RACIONAIS.......................................................................................................406

FATORAÇÃO.....................................................................................................................................................408

NÚMERO DE DIVISORES..................................................................................................................................409

MÍNIMO MÚLTIPLO COMUM...........................................................................................................................409

RAZÃO, PROPORÇÃO E SUAS PROPRIEDADES............................................................................................410

CONJUNTO DOS NÚMEROS REAIS................................................................................................................412

NÚMEROS COMPLEXOS.................................................................................................................................412

RADICIAÇÃO DE NÚMEROS COMPLEXOS – EXTRAÇÃO DE RAÍZES..........................................................416

FUNÇÕES...........................................................................................................................................418

DEFINIÇÃO.......................................................................................................................................................418

DOMÍNIO, CONTRADOMÍNIO E IMAGEM DA FUNÇÃO..................................................................................419

FUNÇÕES INJETORAS, SOBREJETORAS E BIJETORAS...............................................................................419

FUNÇÕES PARES E ÍMPARES..........................................................................................................................420

FUNÇÕES PERIÓDICAS E COMPOSTAS.........................................................................................................420

RELAÇÕES ENTRE FUNÇÕES..........................................................................................................................421

RAIZ DE UMA FUNÇÃO....................................................................................................................................421

FUNÇÃO CONSTANTE, CRESCENTE E DECRESCENTE.................................................................................421

FUNÇÃO DEFINIDA POR MAIS DE UMA SENTENÇA.....................................................................................422

AS FUNÇÕES Y= K/X, Y= RAIZ QUADRADA DE X E SEUS GRÁFICOS, TRANSLAÇÃO, REFLEXÃO E


FUNÇÕES..........................................................................................................................................................422

FUNÇÃO INVERSA E SEU GRÁFICO................................................................................................................424

FUNÇÃO LINEAR, AFIM E QUADRÁTICA........................................................................................424

FUNÇÃO LINEAR E AFIM.................................................................................................................................424

SINAL DA FUNÇÃO AFIM................................................................................................................................425

INEQUAÇÕES PRODUTO E QUOCIENTE PARA FUNÇÃO AFIM ....................................................................425

FUNÇÃO MODULAR..........................................................................................................................430

DEFINIÇÃO, GRÁFICO, DOMÍNIO E IMAGEM..................................................................................................430

EQUAÇÕES MODULARES................................................................................................................................430

INEQUAÇÕES MODULARES............................................................................................................................431
FUNÇÃO EXPONENCIAL...................................................................................................................431

DEFINIÇÃO, CARACTERÍSTICAS, DOMÍNIO, IMAGEM E GRÁFICO...............................................................431

EQUAÇÕES EXPONENCIAIS............................................................................................................................432

INEQUAÇÕES EXPONENCIAIS........................................................................................................................432

FUNÇÃO LOGARÍTMICA...................................................................................................................432

LOGARITMO.....................................................................................................................................................432

DEFINIÇÃO, CARACTERÍSTICAS, DOMÍNIO, IMAGEM E GRÁFICO ..............................................................433

EQUAÇÕES LOGARÍTMICAS...........................................................................................................................433

INEQUAÇÕES LOGARÍTMICAS.......................................................................................................................433

LOGARITMOS DECIMAIS................................................................................................................................435

TRIGONOMETRIA..............................................................................................................................435

TRIGONOMETRIA NO TRIÂNGULO RETÂNGULO (SENO, COSSENO E TANGENTE)....................................435

ARCOS NOTÁVEIS............................................................................................................................................436

IDENTIDADES TRIGONOMÉTRICAS FUNDAMENTAIS..................................................................................438

MEDIDAS DE ARCOS E ÂNGULOS...................................................................................................................440

CICLO TRIGONOMÉTRICO..............................................................................................................................441

REDUÇÃO.........................................................................................................................................................441

FUNÇÕES TRIGONOMÉTRICAS......................................................................................................................442

LEI DOS SENOS E LEI DOS COSSENOS..........................................................................................................448

TRANSFORMAÇÕES TRIGONOMÉTRICAS....................................................................................................449

FÓRMULAS DO ARCO DUPLO.........................................................................................................................450

TRANSFORMAÇÃO EM PRODUTO.................................................................................................................452

EQUAÇÕES E INEQUAÇÕES............................................................................................................................452

CONTAGEM E ANÁLISE COMBINATÓRIA.......................................................................................455

PRINCÍPIO MULTIPLICATIVO E ADITIVO DA CONTAGEM............................................................................455

COMBINAÇÕES ...............................................................................................................................................457

BINÔMIO DE NEWTON.....................................................................................................................................457

PROBABILIDADE...............................................................................................................................458

PROBABILIDADES: EXPERIMENTO ALEATÓRIO E ESPAÇO AMOSTRAL....................................................459

PROBABILIDADE EM ESPAÇOS AMOSTRAIS EQUIPROVÁVEIS..................................................................459


PROBABILIDADE DA UNIÃO DE DOIS EVENTOS OU OPERAÇÕES COM EVENTOS ...................................460

PROPRIEDADES DAS PROBABILIDADES ......................................................................................................460

PROBABILIDADE CONDICIONAL....................................................................................................................461

PROBABILIDADE DE DOIS EVENTOS SUCESSIVOS E EXPERIMENTOS BINOMIAIS..................................462

MATRIZES, DETERMINANTES E SISTEMAS LINEARES .............................................................463

MATRIZES........................................................................................................................................................463

TIPOS DE MATRIZES.......................................................................................................................................463

OPERAÇÕES COM MATRIZES ........................................................................................................................464

SISTEMAS DE EQUAÇÕES LINEARES............................................................................................................469

SEQUÊNCIAS NUMÉRICAS E PROGRESSÕES................................................................................471

SEQUÊNCIAS NUMÉRICAS.............................................................................................................................471

PROGRESSÃO ARITMÉTICA...........................................................................................................................472

TERMO GERAL DA PA......................................................................................................................................472

TERMO GERAL DA PG.....................................................................................................................................473

GEOMETRIA ESPACIAL DE POSIÇÃO.............................................................................................473

POSIÇÕES RELATIVAS ENTRE DUAS RETAS................................................................................................474

POSIÇÕES RELATIVAS ENTRE DOIS PLANOS...............................................................................................474

PERPENDICULARIDADE ENTRE DUAS RETAS, ENTRE DOIS PLANOS E ENTRE RETA E PLANO..............474

PROJEÇÃO ORTOGONAL................................................................................................................................475

GEOMETRIA ESPACIAL MÉTRICA...................................................................................................475

POLIEDROS CONVEXOS, POLIEDROS DE PLATÃO, POLIEDROS REGULARES: DEFINIÇÕES,


PROPRIEDADES E RELAÇÃO DE EULER.........................................................................................................475

PRISMAS..........................................................................................................................................................477

PIRÂMIDE.........................................................................................................................................................479

CILINDRO..........................................................................................................................................................480

CONE.................................................................................................................................................................481

ESFERA.............................................................................................................................................................483

INSCRIÇÃO E CIRCUNSCRIÇÃO DE SÓLIDOS................................................................................................483

GEOMETRIA ANALÍTICA PLANA.....................................................................................................484

PONTO .............................................................................................................................................................484

RETA.................................................................................................................................................................485
CIRCUNFERÊNCIA...........................................................................................................................................488

ELIPSE .............................................................................................................................................................493

HIPÉRBOLE......................................................................................................................................................495

PARÁBOLA.......................................................................................................................................................497

RECONHECIMENTO DE CÔNICAS A PARTIR DE SUA EQUAÇÃO GERAL.....................................................498

GEOMETRIA PLANA.........................................................................................................................499

ÂNGULOS.........................................................................................................................................................499

CIRCUNFERÊNCIAS, CÍRCULOS E SEUS ELEMENTOS..................................................................................501

Ângulos na Circunferência............................................................................................................................. 501

PARALELISMO ................................................................................................................................................503

PERPENDICULARIDADE .................................................................................................................................503

TRIÂNGULOS...................................................................................................................................................504

SEMELHANÇA DE TRIÂNGULOS....................................................................................................................504

PONTOS NOTÁVEIS DO TRIÂNGULO..............................................................................................................505

TRIÂNGULOS RETÂNGULOS...........................................................................................................................505

RELAÇÕES MÉTRICAS NO TRIÂNGULO RETÂNGULO QUALQUER..............................................................507

RELAÇÃO DE STWART....................................................................................................................................508

FEIXE DE RETAS PARALELAS E TRANSVERSAIS..........................................................................................508

TEOREMA DE TALES........................................................................................................................................509

TEOREMA DA BISSETRIZ INTERNA E EXTERNA DE UM TRIÂNGULO.........................................................509

POLÍGONOS.....................................................................................................................................................510

POLÍGONOS REGULARES...............................................................................................................................511

QUADRILÁTEROS NOTÁVEIS..........................................................................................................................511

ÁREAS FIGURAS PLANAS...............................................................................................................................513

CONGRUÊNCIA DE FIGURAS PLANAS...........................................................................................................515

RAZÃO ENTRE ÁREAS.....................................................................................................................................516

POLÍGONOS INSCRITOS (INSCRIÇÃO) E CIRCUNSCRITOS (CIRCUNSCRIÇÃO)........................................517

POLINÔMIOS.....................................................................................................................................518

DEFINIÇÃO DE FUNÇÃO POLINOMIAL...........................................................................................................518

GRAU DE UM POLINÔMIO...............................................................................................................................518
POLINÔMIOS IDÊNTICOS................................................................................................................................519

POLINÔMIO INULO.........................................................................................................................................519

OPERAÇÕES COM POLINÔMIOS ...................................................................................................................519

TEOREMA DO RESTO......................................................................................................................................520

TEOREMA DE D’ALEMBERT ............................................................................................................................520

DISPOSITIVO PRÁTICO DE BRIOT-RUFFINNI................................................................................................521

EQUAÇÕES POLINOMIAIS................................................................................................................521

TFA: TEOREMA FUNDAMENTAL DA ÁLGEBRA (OU TEOREMA DA DECOMPOSIÇÃO) – FATORAÇÃO .....521

DE UM POLINÔMIO..........................................................................................................................................521

RELAÇÕES DE GIRARD (RELAÇÃO ENTRE COEFICIENTES E RAÍZES)........................................................522

MULTIPLICIDADE DE UMA RAIZ (OU DE RAÍZES).........................................................................................524

RAÍZES COMPLEXAS (OU RAÍZES IMAGINÁRIAS).......................................................................................524

TEOREMA DE BOLZANO.................................................................................................................................524

REDAÇÃO............................................................................................................................ 529
QUESTÕES INICIAIS..........................................................................................................................529

DISSERTAÇÃO..................................................................................................................................................531

ESTRUTURA DISSERTATIVA...........................................................................................................................531

ESTRATÉGIAS ARGUMENTATIVAS................................................................................................................532

TEORIA DAS MÁSCARAS................................................................................................................................534

APROFUNDAMENTO DA ELABORAÇÃO DO PARÁGRAFO DISSERTATIVO.................................................538

20 DICAS COM SÍNTESE DE ALGUNS ASPECTOS DE GRANDE RELEVÂNCIA............................................543


REPRESENTAÇÃO EM NOTAÇÃO
NÚMERO
CIENTÍFICA

250000 2,5.105

FÍSICA 3000000 3,0.106

354000000 3,54.108

A convenção é que se separe com vírgula antes do


MECÂNICA último número diferente de zero à esquerda.
Sendo uma notação científica qualquer: X . 10b,
INTRODUÇÃO AO MÉTODO CIENTÍFICO NA FÍSICA
tem-se:
X: fator,
A Física é o ramo das Ciências Exatas que visa o
10: base e
entendimento de inúmeros fenômenos naturais.
b: expoente.
Assuntos como: estática, movimento, óptica, termolo-
gia, eletricidade, magnetismo e Física, moderna serão
abordados nesse material. Com a notação científica, pode-se efetuar as ope-
Agora, atentaremos aos diversos estudos relacio- rações de: soma, subtração, multiplicação, divisão e
nados à introdução da Física como: notação científi- exponenciação. Então:
ca, ordem de grandeza, gráficos, sistema de medidas,
tipos de grandezas e operações com vetores. O primei- „ Soma: conserva-se a base e o expoente, e
ro capítulo é essencial para o bom entendimento das depois, soma-se os fatores.
próximas seções.
A linguagem desse conteúdo visa o aprendizado 2,0.103 +3,0.103 = 5,0.103
objetivo de cada tema, explorando os tópicos mais
importantes dentro de cada subárea da Física. Tabe- Observa-se que, nesse caso, os expoentes necessi-
las, ilustrações, diagramas e resoluções de exemplos tam ser iguais.
serão sempre abordados de forma clara, para que a
finalidade desse material seja alcançada. Sem delon- „ Subtração: conserva-se a base e o expoente, e
gas, vamos aos conteúdos! depois, subtrai-se os fatores.

Notação Científica 8,0.105 – 2,0.105 = 6,0.105

No imenso campo da Física, a observação de Observa-se que, nesse caso, os expoentes necessi-
números muito grandes, como por exemplo a massa tam ser iguais.
do Sol (cerca de 150000000 km), de números muito
pequenos, como por exemplo a carga elementar de „ Multiplicação: multiplica-se os fatores e soma-
um átomo (cerca de 0,00000000000000000016 C) é -se os expoentes.
algo corriqueiro. Para que ocorra a simplificação des-
ses tipos de números, surgiu a “notação científica”, 2,0.10² x 3,0.104 = 6,0.108
que transforma cada número (grande ou pequeno)
em um múltiplo ou submúltiplo de potências de base „ Divisão: divide-se os fatores e subtrai-se os
10. Vamos analisar cada caso: expoentes.
„ Exponenciação: eleva-se o fator e multiplica-
„ Se o número for pequeno: desloca-se a vírgu- -se o expoente.
la da esquerda para a direita, somando-se uma
unidade (negativa) no expoente da base 10 para (3,0.102)3 = 9,0.106
cada casa deslocada. Veja o exemplo abaixo:
Ordem de Grandeza
REPRESENTAÇÃO EM NOTAÇÃO
NÚMERO Utiliza dos preceitos de notação científica para
CIENTÍFICA
estimar a potência de base 10 que mais se aproxima
0,001 1,0.10-3 do valor desejado.
Por exemplo:
0,0000025 2,5.10-6 2,3.10³ possui ordem de grandeza igual a 10³ (10
0,788 7,8.10-1 x10 x 10 = 1000), já que é a potência que mais se apro-
xima de 2,3.103 = 2,3 x 10 x 10 x 10 = 2300.
Conclui-se que, nesse caso, 102 (10 x 10 = 100) se
A convenção é que se separe com vírgula após o localiza muito abaixo do valor estimado e 104 (10 x 10
FÍSICA

primeiro número diferente de zero à direita. x 10 x 10 = 10000) muito acima do valor estimado, tor-
nando 103 (10x10x10 = 1000) o valor mais apropriado.
„ Se o número for grande: desloca-se a vírgula Regras para a ordem de grandeza:
da direita para a esquerda, somando-se uma Sendo X.10b e , então:
unidade (positiva) no expoente da base 10 para Se X < , ou seja, X < 3,16 (lê-se “menor”), então a
cada casa deslocada. Como no exemplo abaixo: ordem de grandeza será 10b. 27
Se X ≥, (lê-se maior e igual) então a ordem de gran- Dentro de uma unidade pode haver diversas con-
deza será 10b + 1. versões, tais como:
Vamos aos exemplos:
„ Unidades de comprimento: de centímetro
„ 1,7.108 possui ordem de grandeza 108, pois 1,7 é para metro, de quilômetro para centímetro etc.
menor que 3,16. „ Unidades de área: de metro quadrado para
„ 4,5.106 possui ordem de grandeza igual a 106+1 = centímetro quadrado, de milímetros quadra-
107, pois 4,5 é maior que 3,16. dos para metros quadrados etc.
„ Unidades de velocidade: de quilômetros por
Sistema de Unidades hora para metros por segundo etc.

Como uma grandeza está relacionada com algo Segue abaixo um resumo com as conversões mais
que pode ser medido e comparado, surge a necessida- utilizadas nas provas de concursos públicos:
de de unidades de comparação, ou seja, unidades de
medidas. Sabe-se que 2 m (metros) é maior que 1 m UNIDADES DE
(metro), pois existe uma unidade de medida chamada UNIDADES DE SUPERFICIE
COMPRIMENTO
“metro” que é utilizada para fazer essa comparação.
Sabe-se que um carro a 100 km/h está mais rápido que
um carro a 20 km/h, pois existe uma unidade de medi- multiplica-se por 10 multiplica-se por 102
da que é chamada de “quilômetros por hora – km/h”,
que é capaz de dar o auxílio para essa comparação.
Com isso, surge a necessidade de estabelecer Km hm dam m dm cm mm Km2 hm2 dam2 m2 dm2 cm2 mm2
padrões de unidades para serem usadas em qualquer
lugar do planeta, e a partir disso surge as unidades
fundamentais e derivadas do sistema internacional divide-se por 10 divide-se por 102
de medidas (SI). As tabelas que demonstram esse sis-
tema estão anexadas logo abaixo: UNIDADES DE VOLUME UNIDADE DE
OU CAPACIDADE VELOCIDADE
Grandezas fundamentais do SI
x 3,6
multiplica-se por 103
GRANDEZA UNIDADE SÍMBOLO

Comprimento Metro m Km3 hm3 dam3 m3 dm3 cm3 mm3 m/s Km/h
Massa Quilograma kg
divide-se por 103 ÷ 3,6
Tempo Segundos s

Corrente elétrica Ampere A


Observa-se, também, outras conversões que todo
Temperatura Kelvin K
estudante de concurso público deve ficar atento:
Quantidade de
Mol mol Outras Conversões Importantes
matéria

Intensidade luminosa Candela cd


GRANDEZA EQUIVALÊNCIA

1 minuto 60 segundos
Grandezas Derivadas do SI
1 hora 3600 segundos
GRANDEZA UNIDADE SÍMBOLO
1 dia 24h = 86.400 segundos
Área Metro quadrado m²
1 m³ 1000 litros
Volume Metro cúbico m³
1 dm³ 1 litro
Velocidade Metro por segundo m/s
1 cm³ 1 ml
Metro por segundo
Aceleração m/s² 1 kg 1000 g
ao quadrado

Força Newton N
A única forma de aprender sobre unidades de medi-
Pressão Pascal Pa = N/m² das e suas conversões é praticando (e não, decorando).
É importante saber que, além das conversões vis-
Quilograma por tas até agora, há também múltiplos e submúltiplos
Densidade Kg/m³
metro cúbico (também chamados de prefixos) que, às vezes, são uti-
lizados junto das unidades de medidas.
Energia Joule J = N.m

Potência Watts W = j/s

28
Principais Múltiplos e Submúltiplos utiliza-se setas (vetores) para representar esse
tipo de grandeza. Exemplos: força, aceleração,
NOME SÍMBOLO VALOR velocidade, campo elétrico, deslocamento,
impulso, momento linear, etc.
Tera T 1012
Operações Básicas com Vetores, Composição e
Giga G 109
Decomposição de Vetores
Mega M 106
Vetores são “setas” que são orientadas em direção
Quilo K 103 e sentido.
Mili m 10-3 Para entender melhor, observe a representação
abaixo:
Micro μ 10-6

Nano n 10-9

Exemplos:

„ 10 Kg = 10.103g, ou seja, 10 kg (Quilogramas)


equivale a 10.103g (gramas), já que foi usado o
múltiplo quilo (K = 10³).
„ 2 MPa = 2,0. 106Pa (uso do prefixo Mega)
„ 6 Kbytes = 6,0.103bytes (uso do prefixo Quilo) Com eles, pode-se aplicar operações básicas, como:
„ 9 nC = 9,0.10-9C (uso do prefixo Nano) soma, subtração, multiplicação por um escalar e
decomposição. Observe cada caso abaixo e veja que
VETORES os resultados não possuem unidades de medida, pois
não estão sendo aplicados em contextos específicos:
O vetor é uma figura representada por uma seta. A
seta leva consigo a intensidade (também chamada de Soma de Vetores Paralelos
módulo) do objeto que ela representa, assim como sua
direção e sentido. Quando se fala de velocidade, por A soma de vetores paralelos ocorre quando os
exemplo, necessita-se estabelecer seu valor (inten- vetores se encontram em uma mesma direção (hori-
sidade ou módulo), sua direção (vertical, horizontal zontal, vertical ou diagonal) e em um mesmo sentido,
ou diagonal) e seu sentido (da esquerda para direi- ou seja, a ponta da seta aponta para a mesma posição.
ta, da direita para a esquerda, de baixo para cima ou Nesse caso, o vetor resultante (R) é a soma numéri-
de cima para baixo) – uma seta representa essas três
ca do valor de cada vetor. Observe a representação
características.
abaixo:
Observe a imagem abaixo:

Subtração de Vetores Paralelos

A subtração de vetores paralelos ocorre quando os


Conceituação de Grandezas Escalares e Vetoriais vetores se encontram em uma mesma direção (hori-
zontal, vertical ou diagonal) e em um sentido oposto,
Grandezas relacionam-se a tudo que pode ser ou seja, a ponta da seta aponta para posições opostas.
medido, como por exemplo: a velocidade, o tempo, a Nesse caso, o vetor resultante (R) é a subtração numé-
temperatura, a força, a pressão, a densidade, etc. rica do valor de cada vetor.
Agora, perceba que dentro desse tema surgem A função das barras laterais (módulo) é transfor-
duas subdivisões: mar o número em positivo, se o resultado final for
negativo. Isso acontece, pois o interesse é no valor
„ Grandezas escalares: São grandezas que são final do vetor, e não em seu sinal. Observe a represen-
suficientemente representadas por valores tação abaixo:
numéricos, sem a preocupação com a direção
ou sentido. Exemplos: tempo, temperatura,
volume, massa, etc.
FÍSICA

„ Grandezas vetoriais: São grandezas que além


de um valor (também chamado de módulo),
necessitam de uma direção (horizontal, verti-
cal, diagonal) e um sentido (da esquerda para
direita, da direita para esquerda, de cima
para baixo ou de baixo para cima). Com isso, 29
Multiplicação de Vetores por um Escalar passos serão realizados com todos os vetores disponí-
veis para a soma, sendo que o espaço que sobrar no
Se um vetor for multiplicado por um escalar desenho, será o vetor resultante da operação. Observe
(número qualquer), seu valor será alterado na pro-
a representação a seguir:
porção da multiplicação. Multiplicando por dois, seu
tamanho dobra; por três, seu tamanho triplica, e assim
sucessivamente. Observe a representação abaixo:

Soma de Vetores Perpendiculares

Vetores perpendiculares possuem um ângulo de


90º entre eles. A soma é realizada pelo teorema de
Pitágoras. Observe a representação abaixo:

Decomposição de Vetores

Em contextos específicos da Física, vetores na dire-


ção diagonal são difíceis para se trabalhar. Nesse con-
texto, surge o artifício da decomposição de vetores.
Utilizando as relações de seno e cosseno, consegue-
-se decompor um vetor na diagonal em dois vetores
(um na horizontal e outro vertical). Observe a repre-
sentação a seguir:
Soma de Vetores Oblíquos

Vetores oblíquos, diferentemente dos perpendicu-


lares, possuem um ângulo qualquer entre eles (exce-
tuando ângulos paralelos e perpendiculares – assuntos
tratados acima). Nesse caso, a soma é realizada pela
lei dos cossenos. Observe a representação a seguir:

CONCEITOS BÁSICOS DE CINEMÁTICA

A cinemática é o ramo da mecânica que estuda o


movimento sem levar em consideração a sua origem,
Soma de Vetores pelo Método Poligonal
ou seja, as forças que ocasionam esse movimento não
Com esse método, pode-se somar mais de dois são estudadas.
vetores de uma única vez. Para isso, une-se um vetor Para iniciar esse conteúdo, é preciso entender
30 pela origem e o outro pela extremidade (ponta). Esses sobre sistemas referenciais.
Referencial: é utilizado para analisar se um corpo Uma velocidade negativa indica que o objeto está
está parado (repouso) ou em movimento. Para isso, contrário ao eixo adotado como principal.
compara-se um corpo a outro corpo. Exemplo: Exemplo: se adotarmos da esquerda para direi-
Imagine um ônibus em movimento em uma aveni- ta como sentido principal, um carro transitando da
da com todos os passageiros sentados. Pode-se afirmar direita para esquerda terá uma velocidade negativa.
que dois passageiros estão parados (em repouso) se Portanto, não confunda velocidade negativa (que
comparados um com o outro, porém, os mesmos passa- envolve o eixo adotado), com aceleração negativa (que
geiros estão em movimento quando comparados a uma indica que o objeto está diminuindo a velocidade –
pessoa que está caminhando no passeio desta avenida. “freando”). A velocidade média de um objeto é a divisão
Conclui-se que comparar significa estabelecer um da distância percorrida pelo tempo gasto nesse trajeto:
referencial de análise entre dois ou mais corpos.
DS
Vm =
O MOVIMENTO DT
Unidade padrão de velocidade média: m/s
Grandezas fundamentais da mecânica: tempo, Unidade usual de velocidade média: km/h
espaço, velocidade e aceleração.
Quando se fala em movimento, surge a necessida- z Aceleração: é a taxa que a velocidade está aumen-
de de entendermos a definição de algumas grandezas: tando ou diminuindo em relação ao tempo. Sua
unidade padrão (e que comumente é utilizada nos
z Tempo: na mecânica clássica, tempo é aquele que exercícios) é o m/s².
não depende do referencial. É muito utilizado para
comparar grandezas em um devido intervalo. Exemplos:
Um objeto com uma aceleração de 2m/s², aumen-
Exemplo: a unidade de velocidade “Km/h” utiliza ta a velocidade de 2m/s em 2m/s a cada segundo (daí
uma unidade de tempo (hora) para fazer a compara- o “s²” na unidade de m/s²). Nesse caso, o objeto está
ção com a unidade de comprimento “Km”. Um carro “acelerando”.
a 100 km/h percorre 100 km a cada unidade de hora Do mesmo modo, um objeto com uma aceleração
(tempo). Observação: de -35m/s², diminui a velocidade de 35m/s em 35m/s
a cada segundo.
UNIDADE DE TEMPO EQUIVALÊNCIA

1 min 60 segundos Dica


� Uma aceleração negativa indica que o objeto
1 hora 3600 segundos
está diminuindo a velocidade em relação ao tem-
1 dia horas = 86400 segundos po (o objeto estará “freando”).
� A aceleração média de um corpo é a divisão
da variação da velocidade pelo tempo gasto para
z Variação de espaço e distância percorrida: A esse feito:
variação de espaço se relaciona com a distância de DV
um ponto tomado como inicial. Am =
DT
Já a distância percorrida leva em conta todo o � Unidade padrão de aceleração média: m/s²
caminho percorrido. Exemplo:
MOVIMENTO UNIFORME

É o movimento horizontal e em linha reta que não


ocorre a variação da velocidade do objeto (a veloci-
dade se mantém a mesma em todo o trajeto). Pode-se
concluir que o objeto não possui aceleração.
A equação que traduz esse movimento é:

Vamos imaginar uma pessoa caminhando de “A”


até “C” e voltando na posição “B”. A distância per-
corrida é todo o trajeto: 10m + 5m = 15m, porém, a
variação de espaço corresponde apenas ao que efeti-
vamente foi distanciado do ponto “A”: 5m

z Velocidade: é a relação entre uma grandeza de espa-


ço por uma grandeza de tempo. Exemplo: m/s (lê-se
metros a cada segundo), km/h (lê-se quilômetros a
cada hora).
FÍSICA

UNIDADE CONVERSÃO

Km/h para m/s ÷ 3,6

m/s para km/h × 3,6

31
MOVIMENTO UNIFORMEMENTE VARIADO Em contrapartida, se a velocidade for negativa, a
reta constante e abaixo do eixo “t”.
É o movimento horizontal e em linha reta que a
velocidade está em constante mudança. Essa altera- Velocidade x Tempo
ção é causada pelo surgimento de uma grandeza cha-
mada de aceleração. Esse tipo de movimento possui
quatro principais equações que o define: V V>0 V
V<0

Reta acima do eixo “t“: +V


Reta abaixo do eixo “t“: +V
t t

z Gráficos do MRUV

O MRUV possui três principais gráficos:

„ Posição x tempo: representado por uma pará-


bola com a concavidade dependendo do sinal
da aceleração.
„ Velocidade x tempo: representado por uma
reta com a inclinação dependendo do sinal da
velocidade.
„ Aceleração x tempo: representado por uma
reta constante. Quando a aceleração é positiva,
a reta localiza-se acima do eixo “t”. Quando a
aceleração é negativa, a reta localiza-se abaixo
do eixo “t”.

Observe as representações logo abaixo:

Posição x Tempo

espaço a>0

Para encontrar a equação correta basta:


Organizar os dados fornecidos pelo enunciado.
Encontrar a equação (dentre as quatro informa-
das) que esses dados se encaixem. V<0 V>0

retardado acelerado
GRÁFICOS DA CINEMÁTICA vértice (V=0)
0 tempo
Tanto o MRU quanto o MRUV possuem gráficos
com definições específicas que nos ajudam a entender
cada movimento. Vamos entender cada tipo:
S= S0 + v0 t + 1 at2 a> 0 = concavidade
2 voltada para cima
z Gráficos do MRU

O gráfico “S x t” é uma reta crescente se a velocida-


espaço a<0
de do objeto for positiva.
vértice (V=0)
Em contrapartida, se a velocidade for negativa, a
reta será decrescente. retardado acelerado

V>0 V<0
Posição x Tempo

S S
Reta crescente: +V
0 tempo
S0
S0 Reta decrescente: -V

S= S0 + v0 t + 1 at2 a< 0 = concavidade


t t 2 voltada para baixo

O gráfico “v x t” é uma reta constante e acima do


32 eixo “t” se a velocidade do objeto for positiva.
Velocidade x Tempo MOVIMENTOS SOB A AÇÃO DA GRAVIDADE

V Os movimentos estudados até agora ocorrem na


direção horizontal. Porém, e se esse movimento ocor-
V (t)
a> 0 = movimento acelerado rer na direção vertical?! Aí trata-se do movimento em
V0 queda livre.
Assim, temos que queda livre é o movimento que
t
0 t ocorre na direção vertical no sentido de cima para
baixo onde, a resistência do ar não é levada em conta.
V Apenas em que consideração a aceleração da gravida-
de do planeta em questão.
V0
Nesse contexto, dois objetos de massas diferen-
a< 0 = movimento retardado tes cairão ao mesmo tempo quando largados de uma
a<0
mesma altura.
Como se trata de um movimento acelerado (gra-
0 t
vidade), as equações são as mesmas vistas no MRUV,
trocando apenas a letra “a” (aceleração) por “g”
Aceleração x Tempo
(gravidade).
Utiliza-se “ +g ” quando o objeto está caindo e “ -g ”
quando o objeto está subindo. Observe a imagem abaixo:

–g
VF = Vi ± gt

SF = Si + Vi · t ± gt2
2
VF2 = Vi2 ± 2 · g · ΔS

z Relação dos Gráficos do Movimento ΔS = Vi + VF · t


2
Após conhecer os gráficos de cada movimento, é +g
de suma importância o entendimento das transforma-
ções de cada gráfico em relação ao seu eixo.
Encontra-se a tangente (Δy/Δx) dos eixos quando
se deseja:

„ Com o gráfico da “posição vs tempo” encontrar


a velocidade. Si = Posição inicial (m)
SF = Posição final (m)
„ Com o gráfico da “velocidade vs tempo” encon-
Vi = Velocidade inicial (m/s)
trar a aceleração.
t = Tempo (s)
a = Aceleração (m/s2)
Encontra-se a área abaixo do gráfico quando se ΔS = Variação da distância (m)
deseja: g = aceleração da gravidade (m/s2)

„ Com o gráfico da “aceleração vs tempo” encon-


COMPOSIÇÃO DE MOVIMENTOS E CINEMÁTICA
trar a velocidade.
VETORIAL
„ Com o gráfico da “velocidade vs tempo” encon-
trar a posição.
E se o movimento de um objeto estiver ocorrendo
na diagonal?! Nesse caso, trata-se do lançamento de
Observe a ilustração abaixo contendo essas
anotações: projéteis ou movimento oblíquo.
Esse tipo de movimento caracteriza-se por possuir
Transformações uma trajetória que forma um ângulo com a horizon-
tal. Observe a imagem abaixo:
área área

S V a
FÍSICA

t t t

tangente tangente 33
Como o vetor da velocidade inicial (V0) está volta- equações do MRUV (para o vetor vertical) e as
do para a diagonal, em várias questões será preciso deduções demonstradas no quadro acima.
decompô-lo nas direções horizontal (V0x) e vertical
(V0y). Para isso, utilize-se das regras apresentadas no MOVIMENTO CIRCULAR
primeiro capítulo dessa apostila. Recapitulando:
Imagine um Hamster dentro de uma roda. Dentro
dela ele pode andar e fazer com que a roda gire e pro-
duza um movimento para frente.

a) Pode-se chamar de velocidade linear (v) a veloci-


dade horizontal produzida pelo Hamster.
b) Pode-se chamar de velocidade angular (w) a velo-
cidade angular produzida dentro da roda.

Observe a imagem abaixo:

Quando decomposto em dois vetores, o vetor


horizontal (V0x) se equivale ao movimento retilíneo
uniforme (MRU), já o vertical (V0y) se equivale ao
movimento retilíneo uniformemente variado (MRUV).
Observe a imagem abaixo:

Com isso, surgem algumas outras características:

„ Raio da circunferência: distância linear do cen-


tro da circunferência a borda. Unidade: “metro”.
„ Frequência: é o número de ciclos a cada segun-
do. Unidade: “Hertz”.
„ Período: é o tempo gasto para cada ciclo. Uni-
dade: “segundo”.
„ Distância angular: distância no arco da cir-
Equação do MRU cunferência em relação ao seu ângulo de ori-
gem. Unidade: “Radianos”
„ Aceleração centrípeta: é a aceleração que
Equações do MRUV causa a mudança na direção da velocidade
em algum objeto que execute o movimento cir-
cular. Ela é sempre orientada para o centro da
circunferência e impede que o objeto saia da
A partir de algumas deduções de equações, chega-
trajetória circular. Unidade: rad/s².
-se a algumas relações importantes para esse tipo de
movimento:
As equações que regem esse tipo de movimento são:
ΔS
V02.sen2θ
Altura máxima = Hmáx =
2.g

ΔƟ
V02.sen(2θ) R
Distância máxima = Dmáx =
g
C
V0y
Tempo de subida =
g

Tempo de subida = Tempo de descida


Velocidade linear: V = w · R
„ O ângulo de 45º produz a maior distância de
Velocidade angular: w = ΔS ou w = 2πf ou w = 2π
lançamento. R T
„ Tenha sempre em mente a relação dos valores Frequência: f = 1
dos senos e cossenos dos ângulos notáveis (30°, T
60°, 90°). Frequência: T = 1
f
„ Para as resoluções das questões, utilize a
Aceleração centrípeta: Acp = V2
equação do MRU (para o vetor horizontal), as
34 R
Sendo: z Imagine você em movimento retilíneo uniforme
(MRU) em cima de uma bicicleta com uma velo-
V = Velocidade linear (m/s) cidade constante de 10 km/h. Você não vê um
w = Velocidade angular (rad/s) cachorro na calçada e, infelizmente, colide com
ΔS = Deslocamento angular (rad) ele. Você será arremessado para frente já que seu
T = Período (s) corpo possui inércia e, portanto, não “queria” que
f = Frequência (hz) o estado de MRU fosse alterado (essa é a “tendência
Acp = Aceleração centrípeta (rad/s2) ao movimento”).
R = raio de circunferência (m)
A bicicleta parou ao bater no obstáculo primeiro,
porém seu corpo ainda continuou em movimento até
encontrar algum outro obstáculo. Daí a importância do
DINÂMICA cinto de segurança nos automóveis (“frear” a inércia
dos corpos em acidentes com veículos automotores).
A dinâmica é o ramo da mecânica que estuda o
movimento considerando a sua origem, ou seja, são z Dentro de um carro, em MRU, ao fazer uma curva
estudadas as forças que ocasionam e modificam esse para a direta, seu corpo parece quente a virar para
movimento. a esquerda – isso é outra implicação da inércia, já
Aqui veremos: as leis de Newton; a ação das for- que no movimento curvilíneo surgem forças capa-
ças externas e internas; sistemas referenciais iniciais
zes de alterar o estado de MRU e seu corpo possui a
e referenciais não inerciais; lei de Hooke; centros de
massa e de gravidade; momento linear e sua conser- “vontade” de permanecer no estado inicial.
vação; teorema do impulso e colisões.
Sem delongas, vamos aos conteúdos! Observe algumas ilustrações a seguir envolvendo
esse conceito.
LEIS DE NEWTON

São compostas de três leis que estabelecem a base


para a mecânica clássica. Elas fundamentam o con-
ceito de “força” e sua implicação no surgimento e na
alteração do movimento de um corpo.
A publicação dessas leis ocorreu pelo físico Inglês
Isaak Newton no ano de 1687 com o livro “Princípios
Matemáticos da Filosofia Natural”. Vamos analisar
uma a uma.

Primeira Lei de Newton

Newton descreve o seguinte trecho em sua primei-


ra lei:
“Um objeto permanecerá em repouso(“parado”)
ou em movimento uniforme em linha reta
(MRU) a menos que tenha seu estado alterado
pela ação de uma força externa”.

O intuito dessa lei é definir o propósito existencial de


uma força: alterar o estado de repouso ou MRU de um cor- De forma simplificada, as principais característi-
po. Não existindo forças, esses estados não serão alterados cas que alteram o estado de repouso ou de MRU de
(aqui não levando em consideração as forças dissipativas, um corpo são:
como por exemplo a resistência do ar, o atrito etc.).
Para o melhor entendimento desse tópico, vamos
analisar o conceito de inércia: z A aceleração.
Inércia é a resistência que um corpo produz ao z A frenagem.
sofrer uma alteração do seu estado de repouso ou de z O movimento curvilíneo.
MRU, ou seja, a inércia é a tendência (vontade) que os
corpos possuem em permanecer em repouso ou em Assim, tomando como base a 1ª lei de Newton (lei
MRU. Quanto maior a massa do objeto, mais inércia da inércia), dois conceitos importantes podem ser
ele possuirá. A alteração desse estado é causada por explicados:
uma grandeza chamada “força”.
A inércia é facilmente entendida com alguns exem- z Sistema de referência inerciais: na compara-
plos do nosso cotidiano. Vejamos: ção de dois corpos, o “corpo de referência” será
dito “inercial” se este estiver em repouso ou MRU
FÍSICA

z Imagine uma pedra com uma massa imensa. Você


quando relacionado ao outro.
amarra uma corda e tenta puxá-la. Provavelmente
não irá conseguir movê-la. Isso ocorre pois ela pos- Levando em consideração uma pessoa dentro de
suiu uma inércia grande, ou seja, “uma vontade” um ônibus que está em repouso ou em MRU (linha
de permanecer em repouso. Para mudar esse esta- reta com velocidade constante) pode-se afirmar
do, há necessidade de uma força extremamente que o ônibus é um sistema referencial inercial
grande. quando relacionado à pessoa. 35
z Sistema de referência não inerciais: na compa-
ração de dois corpos, o “corpo de referência” será
dito “não inercial” se este não estiver em repouso
ou MRU quando relacionado ao outro (como por
exemplo: acelerando, freando, ou fazendo curvas).

Exemplo: Levando em consideração uma pessoa


dentro de um ônibus que está constantemente ace-
lerando (MRUV) pode-se afirmar que o ônibus não é
um sistema referencial inercial quando relacionado à
pessoa.
Sabe-se que o planeta Terra não é um referencial
Vamos para um exemplo do dia a dia: um avião se
inercial já que possui o movimento de rotação, porém, movimenta utilizando a terceira lei de Newton. Os moto-
nas questões de nível médio, ela pode ser considerada res empurram o ar para trás (ação) e o ar, por sua vez,
como um sistema inercial levando em consideração empurra o avião para frente (reação). As forças possuem
curtos intervalos de tempo. mesmas intensidades e direções; porém, sentidos opos-
tos. Vários outros exemplos podem ser relacionados:
Segunda Lei de Newton
a) Quando uma pessoa está andando, ela empurra o
A segunda lei de Newton, também conhecida como chão para baixo (ação) e “o chão” a empurra para
o “princípio fundamental da dinâmica”, nos fornece cima (reação).
b) Quando alguém solta uma bexiga que estava cheia
que a força resultante que atua em um determinado
de ar, ela se movimenta para frente, pois o ar que
corpo é o produto de sua massa e aceleração que ele
saiu da bexiga (ação) produziu uma força com
possui. Observe a representação a seguir:
mesma direção e sentido oposto (reação).

FR = m × a

FR = Força resultante (N)


m = Massa (kg)
a = aceleração (m/s2)

Observe a imagem a seguir:

Se as forças de ação e reação possuem mesmas


intensidades, elas não se anulam, pois uma mesma
força agindo em corpos diferentes produz efeitos dife-
rentes para cada corpo.
Exemplo: imagine um cavalo puxando uma carro-
ça. Levando em consideração a lei da ação e reação,
as forças de ação (cavalo) e reação (carroça) não se
anulam pois elas agem em corpos diferentes. Com
Para uma massa igual, o aumento de forças produz isso, o cavalo consegue se movimentar, e movimentar
uma maior aceleração. Todavia, a mesma força em a carroça.
objetos com massas diferentes, a produção da acele- Desse modo, conclui-se que o par de forças ação e
ração é inversamente proporcional às massas (quanto reação só produzirá movimento se ocorrerem em cor-
pos diferentes.
mais massa, menos aceleração).
FORÇAS ESPECIAIS
Terceira Lei de Newton
Força Peso (P)
Conhecida como a lei da “ação e reação”, pode-se
enuncia-la como: “toda força de ação produz uma for- É a força causada pela aceleração da gravidade do
ça de reação, com mesmas direções, porém, com senti- local em que o objeto esteja inserido. É orientada para
36 dos opostos”. Observe a imagem a seguir: o centro do planeta em questão.
Força de Atrito

A força de atrito é aquela que age no sentido con-


trário ao movimento, e com isso, essa força tende a
atrapalhá-lo. Existem dois tipos de atritos:

z Força de atrito estático (Fatest) = É a que a super-


fície oferece para INICIAR o movimento.
z Força de atrito dinâmico (Fatd) = É a resistência
P=mxg
que a superfície oferece após o início do movimen-
to do objeto.
P = Peso (N)
m = Massa (Kg)
Observe a ilustração e as equações abaixo:
g = Gravidade do lugar em questão (m/s²)

Não confunda massa com peso:


Massa: é a quantidade de matéria (átomos e molécu-
las) que um corpo possui. Sempre é medida em balanças,
com a unidade quilograma (kg) como padrão de medida.
Peso: é uma força de atração gravitacional apon-
tada para o centro do planeta e expressa em Newton
(N).
Exemplo: Na Terra ou em Marte, uma pessoa tem as
mesmas massas (os átomos e moléculas não mudam),
porém possui pesos diferentes (já que cada planeta
possui uma aceleração da gravidade diferente). Força de atrito estático
Força Normal de Contato F atest = µ est . N

A força normal (N) é aquela que aponta na mes- Sendo:


ma direção e em sentido contrário ao apoio que o
objeto esteja localizado. Observe a imagem abaixo: • F atest é a força de atrito estático;
• µ est é o coeficiente de atrito estático;
• N é a Força Normal.

Força de atrito dinâmico

F atd = N . µd
Sendo:

• F atd é a força de atrito dinâmico;


• µd é o coeficiente de atrito dinâmico;
• N é a Força Normal.

Fonte: https://brasilescola.uol.com.br/

Assim, temos que:

z O coeficiente de atrito estático é sempre maior que


o coeficiente de atrito dinâmico, e por esse motivo,
Tração é mais fácil manter o movimento do que iniciá-lo.
z Em superfícies horizontais a força normal (N) será
Força de tração (ou tensão) ocorre quando cabos ou
igual ao peso (P=m.g) do objeto em questão.
fios estão aplicados no sistema. Observe a imagem abaixo:
z O coeficiente de atrito (u) não tem unidade de
medida e quanto maior seu valor, mais resistência
a superfície oferece.

Lei de Hooke
FÍSICA

A força que é originada no armazenamento da


energia em molas e elásticos, é chamada de “força
elástica” e é regida pela lei de Hooke. Nela é estabele-
cido que a força produzida por uma mola ou elástico
é proporcional ao produto da constante elástica do
material pelo valor de seu alongamento. 37
Essa força depende de duas características: a cons-
tante do material (quanto maior essa constante mais
difícil será de esticar ou comprimir esse material) e
sua deformação (o quanto ele está comprimido ou
esticado).

Observe a imagem a seguir:

Fe = K · X Observa-se nas imagens a representação da junção


dos vetores que estudamos até agora, daí o nome: dia-
Fe = Força elástica (N)
grama de forças. Esse diagrama dependerá da análise
K = Constante elástica (N/m)
de cada caso.
X = defromação da mola (m) Assim, temos que:

Diagrama de Forças z O vetor peso sempre aponta para o centro do Pla-


neta em questão;
É a representação gráfica (em desenho) da ação de z A força normal sempre apontará para o sentido
todas as forças que estão agindo em um corpo num contrário ao da superfície de contato;
dado instante de tempo. Essas forças podem ser: força z A força resultante (que produz o movimento) sem-
peso, força de tração, força de atrito, força normal etc. pre aponta no sentido do movimento;
z A força de atrito é sempre contrária ao movimento;
Dica z A força de tensão (ou tração) é aplicada em cabos
ou cordas.
A representação dos diagramas de forças é o
passo inicial para a resolução de diversas ques- Centro de Massa
tões da mecânica, pois a análise dos vetores-for-
ça nos ajudará a entender como cada força está É o ponto em que se pode considerar que toda
influenciando (ou não) no estado de repouso ou a massa de um corpo está localizada. Se o objeto
movimento de um corpo. for homogêneo, seu centro de gravidade coincide
com o centro geométrico. Observe algumas figuras
homogêneas:
Observe alguns exemplos a seguir:

Retângulo

b/2

Círculo
h
2
CM
h CM

38
E se a figura não for homogênea? Nesse caso, apli-
2.0 + 3.1 + 5.4
cam-se as equações a seguir: xCM
2+3+5

xcm = 2,3 cm

m1y1 + m2y2 + m3y3


yCM
m1 + m2 + m3

2.0 + 3.2 + 5.1


yCM
2+3+5

ycm = 1,1 cm

m₁x₁ + m₂x₂ + m₃x₃


xCM = Fonte: https://www.infoescola.com/
m₁ + m₂ + m₃
Com isso, encontramos as coordenadas “x” e “y” do
m₁y₁ + m₂y₂ + m₃y₃
yCM = centro de massa de um corpo não homogêneo.
m₁ + m₂ + m₃
Centro de Gravidade
Exemplo:
É o ponto em que se pode considerar que a gravi-
z Determine as coordenadas do centro de massa do dade está sendo aplicada (para objetos pequenos ela
sistema de partículas indicado ao lado. coincide com o centro de massa). Aqui tomamos como
“grande” um prédio de 10 km de altura, nesse caso
os centros não coincidirão – sabe-se que um prédio
dessas proporções é algo inexistente. Então, de modo
geral, pode-se entender que o centro de gravidade
sempre coincidirá com o cento de massa do objeto e
as equações do centro de massa valerá para o centro
de gravidade (vide equações e exemplo acima).
Observe a ilustração a seguir:

Perceba que, nesse caso, o objeto não é homogê-


neo e, por isso, a média ponderada de seus pontos será
necessária para encontrarmos o centro de massa des-
Os corpos apresentam equilíbrio estático quando a
se conjunto.
linha que passa pelo centro de gravidade atinge a base
de apoio do objeto. Observe a imagem a seguir:
As coordenadas das particulas são:

m1 → x1 = 0 ; y1 = 0

m2 → x2 = 1 ; y2 = 2

m3 → x3 = 4 ; y3 = 1
FÍSICA

Deste modo, as coordenadas do centro de massa são:

m1x1 + m2x2 + m3x3


xCM
m1 + m2 + m3
39
Ponto Material Na imagem anterior percebe-se que a força centrí-
peta está sempre apontada para o centro da circunfe-
Na comparação entre dois objetos, se um corpo é rência formando um ângulo de 90º com a velocidade
extremamente menor que o outro, ele será chamado do objeto. Essa força é diretamente proporcional à
de ponto material. Essa comparação ocorre, se ele massa e à velocidade do objeto, e, inversamente pro-
fizer parte de uma questão, sua dimensão não influen- porcional ao raio da circunferência.
ciará na resolução (seu pequeno tamanho é desconsi-
derado para os cálculos). QUANTIDADE DE MOVIMENTO

Exemplos: A quantidade de movimento (Q) de um corpo rela-


ciona com produto da massa (em kg) de um corpo pela
z Uma pessoa é considerada um ponto material em sua velocidade (em m/s). A unidade padrão da quan-
relação à Terra. tidade de movimento é kg.m/s (lê-se quilograma por
z Uma moeda é considerada um ponto material em metros por segundo).
relação a um caminhão.
z A lua é considerada um ponto material em relação Q=m·v
à via láctea.

Impulso Q = Quantidade de movimento (kg.m/s)


M = massa (kg)
V = velocidade (m/s)
O impulso (I) recebido por um corpo relaciona-se
com a força recebida (em Newtons) por ele em um
Observe o exemplo:
intervalo de tempo (em segundos). A unidade padrão
de impulso é N.s (lê-se Newton por segundo).
Sabe-se, também, que a área abaixo do gráfico Determine a quantidade de movimento de um
“força vs tempo” resulta no impulso adquirido pelo objeto de massa de 5 kg que se move com velocidade
igual a 30 m/s.
corpo.
a) Q=6 kg.m/s
Observe a ilustração abaixo:
b) Q=30 kg.m/s
c) Q=150 kg.m/s
d) Q=15 kg.m/s
e) Q=60 kg.m/s

Sendo m = 5kg e v = 30 m/s basta aplicar a equação


da quantidade de movimento:
Q = m.v
Q = 5.30
Q = 150 kg.m/s
Força que Atua nos Movimentos Circulares Esse valor indica a taxa de transferência de movi-
mento de um corpo, ou seja, sua quantidade de
A força que atua nos movimentos circulares é a movimento. Essa equação será de suma importân-
força que “puxa” o objeto para o centro da circunfe- cia nos conteúdos sobre a “conservação da quanti-
rência. Ela forma um ângulo de 90º com a velocida- dade de movimento” e “colisões”. Resposta: Letra C.
de linear do objeto. Sem essa força o objeto não seria
capaz de manter o movimento curvilíneo, tendendo a IMPULSO
seguir o sentido horizontal da velocidade.
Observe a imagem e a equação a seguir: Esse teorema relaciona o impulso e a quantidade
de movimento em uma equação. Essa equação infor-
ma que a variação da quantidade de movimento (ou
seja, a quantidade de movimento final menos a ini-
cial) de um corpo é igual ao seu impulso (multiplica-
ção da força e o tempo decorrido).
Observe a representação a seguir:

I = δQ
ou

F.δt = Qf - Qi
ou

m. v²
Fc = F.δt = (m.vf) - (m.vi)
R

Fc = força centrípeta (N) Sendo:


m = massa do objeto (Kg) I : impulso (N.s)
40 v = velocidade do objeto (m/s) δQ: varição da quantidade de movimento (kg.m/s)
F: força (N)
COLISÕES
δt: tempo decorrido (s)
Qf: quantidade de movimento final (kg.m/s) Ocorre quando, após a coli-
m: massa (kg) são, os objetos permanecem
Colisão parcialmente
vf: velocidade final (m/s) separados e com velocidades
elásticas
vi: velocidade inicial (m/s) diferentes (o sistema perde
energia cinética).
Com isso, possuindo os dados corretos em mãos,
Ocorre quando, após a coli-
pode-se encontrar a incógnita que estiver faltando na
são, os objetos permanecem
equação.
Colisão inelástica grudados e com velocidades
Exemplo:
iguais (Há uma perda máxima
Um objeto desloca-se com movimento linear igual energia cinética).
a 50 kg.m/s, mas choca-se com uma parede e gasta
0,02 s para parar. Por meio do teorema do impulso,
O coeficiente de restituição (e) é a divisão da velo-
determine o valor da força necessária para parar esse
cidade relativa de afastamento pela velocidade relati-
objeto.
va de aproximação.
a) 1000 N
z O coeficiente 1 diz que a velocidade de afastamen-
b) 1500 N to é igual a de aproximação.
c) 2000 N z O coeficiente entre 0 e 1 diz que a velocidade de afas-
d) 2500 N tamento é menor que a velocidade de aproximação.
e) 3000 N z O coeficiente zero indica que não existe velocidade
de afastamento (já que nesse caso, os objetos per-
Pelo teorema do impulso e da variação da quantida- manecem “grudados”).
de de movimento sabe-se que:
F.Δt = ΔQ Observe o resumo logo a seguir:
A variação da quantidade de movimento do objeto
vai de 50 kg.m/s para zero (o objeto parou, sem velo- QUANTIDADE
COEFICIENTE
TIPO DE ENERGIA DE
cidade, sem quantidade de movimento final), logo, COLISÃO CINÉTICA
DE
RESTITUIÇÃO
MOVIMENTO
podemos concluir que ΔQ = 50 Kg.m/s. Sendo assim, (E)
temos:
Completamente
F.0,02 = 50 Elástica
conservada
Conservada 1
F.2x10 – 2 = 50
Parcialmen- Parcialmente
50 Conservada 0<e<1
te Elástica conservada
F= -2
2x10
Dissipação
Inelástica Conservada 0
F = 25 x 102 máxima
F = 2500 N Resposta: Letra D.
Fonte: Brasilescola.uol.com.br
Colisões
Observe que nos três casos a quantidade de movi-
mento é conservada, com isso, a equação da conserva-
Nas colisões, a quantidade de movimento (Q) está
ção da quantidade de movimento poderá ser usada.
totalmente envolvida. Ela que mede o modo de trans-
ferência de movimento de um corpo quando este é Equação da Conservação da Quantidade de
colidido com outro. Movimento (Lei da Conservação)
Imagine uma colisão frontal de um caminhão e um
carro com as mesmas velocidades. Por que o carro se Tendo dois objetos com massas “m” (não neces-
deforma mais? Isso está relacionado com o material sariamente iguais), velocidades iniciais “vi” (não
de que o automóvel é feito e, também, com a quanti- necessariamente iguais) e velocidades finais “vf” (não
dade de movimento (Q). necessariamente iguais), pode-se estabelecer que a
A quantidade de movimento (movimento linear) quantidade de movimento inicial (Qantes) é neces-
pode ser definida pelo produto da massa pela veloci- sariamente igual à quantidade de movimento final
(Qfinal). Se “Q = m.v”, então pode-se estabelecer uma
dade. Então, quanto maior a massa, maior a quanti-
equação para cada objeto (em situações iniciais e
dade de movimento, explicando o caso de o caminhão
finais). Com isso, podemos encontrar algum dado que
transferir mais movimento para o carro do que o car- o exercício não nos forneceu, desde que ele tenha nos
ro para o caminhão. fornecido todos os outros dados necessários. Observe
Pode-se definir as colisões em três tipos: essa esquematização logo abaixo:

COLISÕES Qantes = Qdepois


FÍSICA

Ocorre quando, após a colisão,


Para dois objetos colidindo:
os objetos permanecem sepa-
Colisão perfeitamen-
rados e com velocidades dife-
te elástica
rentes (o sistema não perde m · vi + m · vi = m · vf + m · vf
energia cinética). Objeto 01 Objeto 02 Objeto 03 Objeto 04
41
Sendo: Aqui vai uma dica para sua prova: Se a questão
disponibilizar o gráfico da força atuante em um corpo
m = massa (Kg) em função de seu deslocamento, você poderá calcular
vi = velocidade inicial (m/s) a área abaixo da linha do gráfico para encontrar o tra-
vf = velocidade fnicial (m/s) balho realizado pelo corpo.
Observe a imagem de um gráfico envolvendo esses
Conceito de Forças Internas e Forças Externas conceitos:

z Forças internas: São forças que agem de dentro


para fora do sistema e não possuem a capacida-
de de alterar a quantidade de movimento de um
corpo. Exemplo: uma pessoa dentro de um carro
“empurrando” o volante não será capaz de alterar
sua quantidade de movimento.
z Forças externas: São forças que agem de fora para
dentro do sistema e possuem a capacidade de alte-
rar a quantidade de movimento de um corpo. Exem-
plo: a força peso que atua em um carro é capaz de
alterar sua quantidade de movimento de um corpo. Fonte: http//www.proenem.com.br/

TRABALHO E ENERGIA Nesse caso, a área abaixo do gráfico é um trapézio,


ou seja, basta calcular numericamente essa área para
Alguém já te disse a seguinte frase: “Olha, hoje se chegar ao trabalho realizado pelo corpo.
estou com bastante energia!” ou “Meu carro é mui- Ex.: Uma pessoa empurra uma caixa com uma for-
to potente”, ou ainda, “Meu carro é muito eficiente ça de 20 N. Essa caixa desloca-se por 10 metros. Qual é
(rendimento)”? Aqui serão esclarecidos alguns temas o trabalho produzido por essa pessoa?
relacionados ao nosso cotidiano como: trabalho, ener- T = F. ΔS
gia, potência e rendimento. T = 20. 10
Então, vamos demonstrar quais são os principais T = 200J
tipos de energia e sua conservação.
Vamos aos conteúdos! ENERGIA

TRABALHO O enunciado formal de energia diz: “energia é a


capacidade que um corpo possui de realizar traba-
Na física, o trabalho está relacionado com duas lho”. Dessa frase pode-se interpretar que, quanto mais
características: força e deslocamento. Sempre que energia um corpo possui, maior será o trabalho que
uma força produz um certo deslocamento, esse corpo ele conseguirá executar, logo, maior será a relação
produziu um trabalho. Veja a representação a seguir: entre força x deslocamento desse corpo.

Importante!
Ao analisarmos o último parágrafo, consegui-
mos responder a pergunta feita na parte inicial
dessa seção: “Alguém já te disse a seguinte
frase? Olha, hoje estou com bastante energia”.
Teoricamente, uma pessoa com bastante ener-
gia produzirá bastante trabalho, que, por sua vez,
produzirá um grande deslocamento (movimen-
to). Entendeu? Isso é a física contida no dia a
dia. Nos subtópicos abaixo exploraremos outros
Trabalho de uma força: conceitos envolvendo energia.

T = F · ΔS
Pode-se classificar a energia em três tipos: ener-
gia cinética, energia potencial gravitacional e energia
T = Trabalho (J)
potencial elástica. Vamos analisar uma a uma.
F = Força (N)
ΔS = Deslocamento (m)
Energia Cinética
Na imagem anterior, observa-se que uma pessoa
está empurrando um carrinho com pedras. A força Energia cinética é a energia associada ao movi-
que a pessoa faz, multiplicada pelo deslocamento (dis- mento. Em termos gerais, sempre que um objeto
tância percorrida), nos remete a uma grandeza cha- possui velocidade, ele possuirá energia cinética. Essa
mada de Trabalho. energia é calculada pela multiplicação da massa do
A unidade padrão de trabalho é o Joule, represen- objeto pela velocidade ao quadrado, dividindo esse
42 tado pela letra “J”. resultado por dois. Observe a equação logo a seguir:
elástica estão em constante transformação, uma se
m · V² transformando na outra.
Ec =
Observe a representação a seguir:
2

Sendo:

Ec = energia cinética (J)


m = massa (Kg)
v = velocidade (m/s)
A unidade padrão de medida de energia é o Jou-
le, representada pela letra “J”. Observe que, quanto
maior a massa ou a velocidade de um corpo, maior
sua energia cinética.
Observando-se a imagem acima, percebe-se que,
Energia Potencial Gravitacional
nos pontos mais altos, o skatista possui somente uma
certa altura (h) em reação ao solo (energia potencial
Energia potencial gravitacional é a energia asso-
gravitacional). Porém, quando ele está no ponto mais
ciada à altura. Em termos gerais, sempre que um obje-
baixo da trajetória, ele só possui uma certa velocidade
to está a uma certa altura do solo, ele possuirá energia
(energia cinética). Conclui-se que a energia potencial
potencial gravitacional. Essa energia é calculada pela
gravitacional está constantemente se transformando
multiplicação da massa do objeto, a gravidade do pla-
em energia cinética (velocidade), isto é, a conservação
neta e a altura em relação ao solo. Observe a equação:
da energia mecânica. Observe o quadro-resumo:

Epg = m · g · h CONSERVAÇÃO DA ENERGIA MECÂNICA

Nos pontos mais altos Existência da energia po-


Sendo:
da figura tencial gravitacional
Epg = energia potencial gravitacional (J) No ponto mais baixo da A energia potencial gra-
m = massa (Kg) figura vitacional é transforma-
g = gravidade (m/s²) da em energia cinética
h = altura (m) (movimento).
Observe que, quanto mais alto o corpo está, maior
será sua energia potencial gravitacional. Em um sistema isolado (sem perdas de energia),
uma energia se transforma na outra sem perdas
Energia Potencial Elástica externas. No exemplo acima, o skatista está fazendo
com que uma certa altura (h) se transforme em veloci-
Energia potencial elástica é a energia associada às dade (v), ou seja, toda energia potencial gravitacional
molas e elásticos. Em termos gerais, sempre que uma está se transformando em energia cinética. Nesse caso
mola ou um elástico está comprimido ou esticado, a equação será:
ele possuirá energia potencial elástica. Essa energia
é calculada pela multiplicação da constante elástica
do objeto pela sua deformação ao quadrado, sendo o Epg = Ec
resultado divido por dois. Observe a equação:
Ou seja:

k · x²
Epe = m · v²
2 m·g·h=
2
Sendo:
Todos os casos deverão ser analisados individual-
Epe = energia potencial elástica (j) mente para que seja encontrada quais equações de
k = constante elástica do material (N/m) energias estão em constante transformação, e, portan-
x = deformação do objeto (m) to, devem ser igualadas.
A constante elástica (K) depende de cada material
(normalmente o exercício fornece o valor no enuncia- Dissipação da Energia
do da questão). Quanto maior esse valor mais difícil se
torna para esticar ou comprimir esse material. Até aqui aprendemos três tipos de energia: cinéti-
FÍSICA

ca, potencial gravitacional e potencial elástica. Sabe-


Conservação da Energia Mecânica -se que uma está constantemente se transformando
na outra (princípio da conservação), todavia, é conhe-
Esse princípio informa que toda energia é trans- cido que, nessas transformações, parte da energia é
formada, portanto, nunca será criada ou destruída. As perdida, seja pelo atrito, pela elevação da temperatu-
energias cinética, potencial gravitacional e potencial ra, pela dissipação sonora etc. 43
Como essa perda é muito pequena, ela poderá ser rendimento. Observe que a potência total sempre será
desprezada, e, com isso, não entrará em nossos cálcu- maior que a potência útil, visto que parte da potência é
los (a não ser que o exercício nos obrigue a calculá-la). perdida pelas forças dissipativas (atrito, som, calor etc.).
Em suma, mesmo tendo o conhecimento que, em Observe a equação dessa representação:
um caso real essa perda existe, a fim da resolução das
questões mais corriqueiras de nível médio, não calcu-
laremos a dissipação da energia e vamos supor que a Potência últil
n= x 100
conservação da energia é totalmente perfeita.
Potência total
POTÊNCIA
Ex.: Um liquidificar possui potência útil de 100W e
A potência de uma força é o trabalho realizado por potência total de 125W. Qual é o rendimento, em per-
ela em um determinado instante de tempo. Na com- centual, desse liquidificador?
paração entre dois carros, um carro mais potente é o
que realiza mais trabalho (movimento) em um dado
intervalo de tempo quando comparado a um carro 100
P= x 100 = 80%
que realiza menos trabalho (movimento) em um mes- 125
mo intervalo de tempo.
Entende-se, portanto, que a potência de uma força
(potência mecânica) é o quão rápido um objeto trans- Ao analisar essa equação, vê-se que esse motor
forma uma certa força em movimento (os motores tem um rendimento de 80% (20% é perdido por forças
fazem muito isso). Quanto mais rápida essa transfor- dissipativas).
mação, mais potente é o objeto (compare, por exem-
plo, uma Ferrari com um Fusca e faça sua análise).
Forças Conservativas
A equação da potência de uma força é:
Força conservativa é aquela que age no sistema
T e produz um efeito que conserva a energia mecâni-
P= ca final (energia cinética + energia potencial). Como
ΔS
exemplo, pode-se citar a força peso, que transforma
a energia potencial gravitacional (um objeto com um
Sendo:
certo peso caindo) em energia cinética (energia do
P = Potência (W) movimento).
T = Trabalho (J)
Δt = Intervalo de tempo (s) Observe essa dica para sua prova:
Sempre que uma força age no sentido de somente
A unidade de medida padrão de potência é Watts,
alterar a energia cinética ou energia potencial de um
com o símbolo “W”. Quanto mais potência, mais tra-
corpo, essa força será conservativa.
balho é realizado em um determinado intervalo de
tempo.
Em alguns exercícios podem aparecer algumas Forças Dissipativas
unidades de potência usuais, ou seja, que não são
padrão. A seguir estão os nomes e as respectivas con- Força dissipativa é aquela que age no sistema e
versões para Watts. produz um efeito que não conserva a energia mecâ-
1KW (1 quilowatt) = 1000W nica final (energia cinética + energia potencial).
1MW (1 megawatt) = 1000W = 1000KW Como exemplo, pode-se citar a força de atrito, que
1CV (1 cavalo-vapor) = 735W transforma energia cinética (movimento) em ener-
1HP (1 horse-power) = 746W gia térmica (esquentando a superfície de contato).
Fonte: https://www.soficisa.combr/ Essa energia transformada em calor não será compu-
tada em nenhuma das três energias estudadas até o
Ex.: Um objeto realiza um trabalho de 100 J em 20 momento: cinética, potencial gravitacional ou poten-
segundos. Qual é sua potência média nesse intervalo
cial elástica. Por esse motivo ela recebe o nome de for-
de tempo?
ça dissipativa.

T 100
P= = = 5W Dica
ΔT 20
Sempre que uma força age no sentido de alte-
rar a energia cinética e/ou energia potencial
Ao analisar essa equação, vê-se que esse objeto em outras formas de energia: atrito (térmico),
possui uma potência média de 5 watts. arrasto etc., essa força receberá o nome de fora
dissipativa.
RENDIMENTO

O rendimento (n) é a eficiência de um dado objeto. Como exemplo, temos que em um carro freando,
Para encontrá-la, basta efetuar a divisão da potência as pastilhas de freio esquentam muito, fazendo com
útil (utilizada) pela potência total. Multiplicando-se que toda essa energia seja perdida (força dissipativa
44 o resultado por cem, encontra-se o percentual desse de atrito das pastilhas)
Para a criação de um carro mais eficiente, o apro- z Sabe-se que Sen(0º) = 0, então não haverá toque
veitamento dessa energia será de suma importância para esse ângulo (torque paralelo).
(sabe-se que já existem alguns (poucos) carros com z Sabe-se que Sen(90º) = 1, então, nesse caso, o tor-
essa tecnologia). que será máximo (torque perpendicular).

ESTÁTICA Em se tratando de sentido do torque:


Adota-se o sentido positivo quando o objeto girar
Estática é o ramo da dinâmica que estuda equilí- no sentido anti-horário.
brio dos corpos que não se movimentam (estão em Adota-se o sendo negativo quando o objeto girar
repouso) ou que estão em movimento retilíneo uni- no sentido horário.
forme (MRU). Vamos aos conceitos:
ESTÁTICA DE UM PONTO MATERIAL E DE UM
TORQUE CORPO EXTENSO RÍGIDO

Momento de uma força (ou torque). Relaciona-se Um ponto material estará em equilíbrio estático
com a força que produz um movimento de rotação. (repouso) quando todas as forças que agirem sobre
ele resultarem em zero (parado). Observe a ilustração
abaixo:
Exemplos:

„ Uma pessoa abrindo uma porta (maçaneta).


„ Uma pessoa apertando um parafuso com uma
chave de fenda.

Observe a ilustração abaixo:

Se os vetores estivem no mesmo plano (XY) pode-se


decompô-los nos eixos “x” e “y” para depois estabele-
cer a relação de equilíbrio para cada eixo separada-
mente. Observe a imagem a seguir:

Na imagem anterior percebe-se que a força aplica-


da na ferramenta produz o giro no parafuso. Esse giro
é chamado de momento ou torque. Quanto maior o
braço da alavanca, maior a multiplicação da força no
ponto de aplicação.
As equações de torque envolvem dois conceitos:

z Se a força está sendo aplicada com o ângulo de 90º


(equação I) ou
z Se a força está sendo aplicada com um ângulo dife-
rente de 90º (equação II):

 
M = F . d (I) A adição algébrica das projeções de todas as forças
  na direção do eixo X é igual a zero:
M = F . d . senθ (I)
F1x + F2x + F3x = 0
Sendo:

M=Módulo do Momento da Força.(N.m)


FÍSICA

A adição algébrica das projeções de todas as forças


F=Módulo da Força. (N)
na direção do eixo Y é igual a zero:
d=distância entre a aplicação da força ao ponto de
giro; braço de alavanca. (m)
F1y + F2y + F3y = 0
sen θ=menor ângulo formado entre os dois vetores.

Fonte:www.sofisica.com.br/ 45
Com: Aceleração Gravitacional
F1x + F1.cosθ
F1y + F1.senθ Aceleração gravitacional, ou aceleração da gravida-
de é a grandeza relacionada com a força gravitacional
Condições de Equilíbrio Estático de um Corpo que cada planeta exerce nos corpos que estão imer-
Extenso sos em seu campo gravitacional. Cada planeta “puxa”
para seu centro todos os corpos que estão nessa fai-
Para um corpo extenso todas as regras do equilí- xa de interação (campo gravitacional). Esse “puxão”
brio do ponto material são aplicáveis, porém com o exerce uma aceleração no corpo em questão, e essa
acréscimo de uma outra característica: o somatório aceleração é chamada de aceleração gravitacional.
dos momentos (ou torques) necessitam resultar em Cada planeta possui um valor, que é tabelado, de
zero para que esse corpo não rotacione. Observe a aceleração da gravidade. Esse valor age igualmente
imagem a seguir: em todos os corpos, ou seja, um caminhão ou uma
casa receberão esse mesmo valor de aceleração. Para
o planeta Terra, sabe-se que esse valor é aproximada-
mente 9,81 m/s², e, em várias questões, pode-se arre-
dondá-lo para 10 m/s².
Como exemplificação temos que dois objetos de
massas diferentes, como um caminhão e uma bola de
futebol, quando largados de uma mesma altura, che-
garão ao solo no mesmo tempo! Isso acontece pois a
aceleração da gravidade é a mesma para os dois cor-
pos (na terra: g = 10m/s²).
Lembrando que, nesse caso, a resistência do ar
precisará ser desprezada.
z Conversões de sinais para o equilíbrio dos corpos
rígidos:
Lei da Gravitação Universal
„ Para a análise horizontal (fx) adota-se o senti-
do positivo da esquerda para a direita (→) A lei da gravitação universal foi idealizada por Isaac
„ Para a análise vertical (fy) adota-se o sentido Newton (1643-1727), proporcionando um incrível avan-
ço teórico para a época (e ainda se faz importante até os
de baixo para cima como o sentido positivo (↑)
dias de hoje). Com ela, foi possível prever os raios das
„ Para a análise de momentos (M) adota-se a
órbitas dos planetas, o período dos asteroides, eclip-
rotação no sentido anti-horário como positivo.
ses, a massa e raio de planetas e estrelas etc.
Isaac Newton descobriu que dois objetos que pos-
Condições de Equilíbrio Estático do Ponto Material e
suem massas (m1 e m2) atraem-se entre si. Essa atração
do Corpo Extenso
é proporcional ao produto das massas com a constante
da gravitação universal (G = 6,67.10-11 N.kg²/m²) e inver-
As condições de equilíbrio estático de um corpo
samente proporcional à distância ao quadrado entre
relacionam-se com as forças necessárias para que
os centros de massas analisados. Esse enunciado ficou
esse corpo permaneça em repouso (parado). Antes de
conhecido como “a lei da gravitação universal”.
iniciar esse conteúdo, atente-se na diferenciação:
Observe a representação a seguir, levando em con-
sideração a Terra e a Lua:
PONTO MATERIAL CORPO EXTENSO

Ocorre quando o tamanho Ocorre quando o tamanho


do corpo é desprezível do corpo NÃO é desprezí-
(pequeno) em relação a vel (pequeno) em relação
outro corpo. a outro corpo.
Exemplo: uma casa é Exemplo: um carro é um
um ponto material quan- corpo extenso em relação
do comparada com um a uma motocicleta.
planeta.

LEIS DE KEPLER E GRAVITAÇÃO


Sendo:
UNIVERSA
F = Forças gravitacional (N)
O ser humano sempre teve a curiosidade de enten- G = Constante da gravitação universal (6,67.10 N·Kg²/0²)
der as relações físicas do planeta em que vive, assim
M= Massa do objeto 01
como as relações e características dos astros ao seu
m = Massa do objeto 02
redor. Nesse sentido, vários estudos foram feitos,
ao longo da história para esclarecer algumas dessas r = Distância entre os centros de massas dos objetos (m)
dúvidas, tendo notoriedade os estudos de Johannes
Kepler (1571-1630) e Isaac Newton (1643-1727). Observe que a força com a qual a Terra atrai a
Aqui, abordaremos os conceitos de: aceleração gra- Lua é a mesma com a qual a Lua atrai a Terra (F1 =
vitacional, leis da gravitação universal, leis de Kepler F2). Isso ocorre de acordo com o princípio da terceira
46 e movimento dos corpos celestes. lei de Newton (ação e reação): sempre que um corpo
exerce uma força em outro corpo, este exercerá a mesma força no primeiro corpo, na mesma direção, porém, em
sentido oposto.
Como essas forças são iguais, os corpos permanecem em equilíbrio.
Essa interação não ocorre somente com astros ou planetas, mas sim com quaisquer corpos que possuem massa
e estão interagindo.

Leis de kepler e o Movimento dos Corpos Celestes

O Físico e matemático Johannes Kepler (1571-1630) estabeleceu três leis que são os alicerces dos movimentos
dos corpos celestes. Corpos celestes são quaisquer objetos que existem no espaço sideral. Pode ser um único obje-
to (sol, lua, asteroide) ou uma junção deles que estão unidos por forças gravitacionais (estrelas duplas, galáxias,
sistema solar).
Vamos às leis!

1ª Lei de Kepler

A 1ª lei de Kepler é conhecida como “lei das órbitas”. Essa lei informa que, para todos os planetas que orbitam
em tono do Sol, sua orbita será elíptica (oval) e terá o Sol como um dos focos dessa elipse. Observe a representação
a seguir:

Sol

Planeta
F2

F1

Fonte: https://www.sofisica.com.br/

Analisando a imagem anterior, vê-se que não importa o planeta (Terra, Marte, Vênus, Júpiter...), sua trajetória
sempre será oval (elíptica).
Sabe-se da matemática que uma elipse possui dois focos (F1 e F2) e o enunciado da primeira lei de Kepler informa
que um dos focos sempre será ocupado pelo Sol.

2ª Lei de Kepler

A segunda lei de Kepler é conhecida como “lei das áreas”. Ela informa que o segmento de reta que liga o Sol
ao planeta em questão percorrerá áreas iguais em intervalos de tempos iguais. Observe a representação a seguir:

Δt

A1 Sol

A2
FÍSICA

A1 A2
= Δt
Δt Δt

Fonte: https://www.sofisica.com.br/

47
Analisando a imagem, percebe-se que, para um
intervalo de tempo igual, as áreas (A1 e A2) percorri- HIDROSTÁTICA
das pelo planeta em posições diferentes sempre será
a mesma, ou seja, mesmo se as figuras sombreadas Hidrostática é o ramo da física que estuda os flui-
tiverem formatos diferentes, a área final terá como dos em repouso (parados). Um fluido pode ser carac-
resultado um único valor. terizado como uma substância que se apresenta no
estado líquido ou no estado gasoso.
3ª Lei de Kepler Aqui veremos os conceitos de pressão, densidade,
pressão atmosférica, experiência de Torricelli, prin-
A terceira lei de Kepler, também conhecida como cípio de Pascal, princípio de Stevin, e princípio de
“lei dos períodos”, diz que a divisão (quociente) dos Arquimedes, conhecido também como empuxo.
quadrados dos períodos pelo cubo de suas distân-
cias médias até o sol é igual a uma constante k, igual Pressão
a todos os planetas. Sabe-se que o período é o tempo
necessário para o planeta dar uma volta em torno do Pressão é a relação da força perpendicular (F)
sol, e a distância média é a média dos raios que unem aplicada em uma região de área (A) de um objeto
o planeta até o Sol. Observe a representação dessa qualquer.
equação logo abaixo: A unidade padrão de pressão é N/m² ou Pa (Pascal),
sendo as duas equivalentes.
T² Observe a equação a seguir :
=K

Sendo: F
P=
T = Período do planeta A
a = Distância média do planeta até o sol
P = Pressão ( N/m² ou Pa)
Observe a tabela abaixo que demonstra a aplica- F = Força aplicada (N)
ção da equação acima para planetas diferentes. A = Área (m²)

RAIO PERÍODO Dica


PLANETA MÉDIO EM ANOS T²/R³
DA ÓRBITA TERRESTRES Para uma mesma força de aplicação, uma maior
área ocasionará uma menor pressão; e, uma
Mercúrio 0,387 0,241 1,002 menor área, uma maior pressão. Observe a ilus-
tração a seguir:
Vênus 0,723 0,615 1,001

Terra 1,000 1,000 1,000

Marte 1,524 1,881 1,000

Júpiter 5,203 11,860 0,999

Saturno 9,539 29,460 1,000

Urano 19,190 84,010 0,999

Netuno 30,060 164,800 1,000 z Com isso, conclui-se que a pressão é inversamente
proporcional a área, ou seja, quando uma aumen-
ta, a outra diminui e, quando uma diminuiu, a
Fonte: https://mundoeducacao.uol.com.br/
outra aumenta.
z Unidades usuais de pressão (não é padrão): N/cm²,
Pode ser observado na tabela que a mesma divisão
mmHg, Psi etc.
(T²/R³) efetuada em planetas diferentes resulta em um
mesmo valor (aproximadamente 1). Por isso, o resul-
Densidade
tado da divisão pode ser chamado de constante (k).
Leia atentamente ao quadro-resumo dessa seção logo
É a razão entre a massa do objeto e seu volume. A
a seguir:
unidade padrão de densidade é o kg/m³. Já a unidade
usual é o g/cm³.
GRAVITAÇÃO
Vamos a alguns exemplos:
Lei da Gravitação Estabelece a atração en-
Universal tre corpos celestes.
z Um objeto com uma densidade de 15 kg/m³ signifi-
1ª Lei de Kepler Lei das órbitas. ca dizer que para cada metro cúbico de material, a
massa será igual a 15 kg.
2ª Lei de Kepler Lei das áreas. z Um objeto com uma densidade de 50 g/cm³ signi-
fica dizer que para cada cm³ de material, a massa
3ª Lei de Kepler Lei dos períodos.
48 será igual a 50 g.
Pode-se observar que para um mesmo volume, aproximada de 100.000 N. Esse valor também pode ser
materiais mais densos possuem uma maior massa, e, expressado em outras unidades equivalentes, como:
materiais menos densos possuem uma menor massa.
Observe a imagem a seguir: 100.000 Pa = 100.000 N/m² = 1 atm = 760 mm/Hg

Experiência de Torrichelli

A atmosfera faz uma pressão sobre todos na super-


fície da Terra. Essa pressão nada mais é que o “peso
acima das nossas cabeças” que está pressionando
uma certa área. Esse peso é ocasionado pelos átomos
e moléculas desse ambiente. Torrichelli, no século
XVII, conseguiu medir a pressão atmosférica com uma
experiência relativamente simples. Essa experiência
se consistiu em algumas etapas:

É possível concluir que o metal possui uma maior ETAPA PROCESSO


densidade quando relacionado com a borracha, ou
seja, o conjunto de átomos e moléculas do metal pos- 1ª Encheu totalmente um tubo de mercúrio.
sui um “peso” maior quando comparado com os áto- Posicionou a base (aberta) do tubo em um
mos e moléculas da borracha. 2ª
recipiente que também continha mercúrio.

Dica Percebeu que o tamanho da coluna de mer-


3ª cúrio em relação ao nível da superfície de
Caso seja necessário transformar de g/cm³ para mercúrio correspondeu à 76 cm.
kg/m³ basta multiplicar o valor por 1000.
Observou que na parte superior do tubo sur-

Pressão Atmosférica giu uma área sem ar (vácuo)

Com isso, Torricelli concluiu que a pressão


A pressão atmosférica é a pressão exercida pela atmosférica que existia em cima da super-
atmosfera (oxigênio e outros gases) sobre a super- 5ª
fície do líquido pressionou o líquido e o fez
fície terrestre. Sabe-se que todos os corpos sobre a subir a uma altura de 76 cm.
superfície terrestre estão sofrendo a ação da pressão
atmosférica. Sabendo que 76 cm = 760 mm, ele estabele-
Como a pressão varia com a quantidade de gás na ceu que, ao nível do mar, a pressão atmos-
atmosfera, pode-se observar que: férica seria igual a 760 mmHg (lê-se 760
6ª milímetros de mercúrio).
z Quanto mais alto a posição do objeto, menor será a Obs: Já vimos acima que esse valor é equi-
pressão atmosférica sobre ele. valente à 100.000 N/m² ou 1 atm (uma
z Quanto mais baixo a posição do objeto, maior será atmosfera).
a pressão atmosférica sobre ele.

Sabe-se também que a temperatura é proporcio- Observe a ilustração a seguir que exemplifica todas
nal à pressão. Então quanto mais alto a posição de um essas etapas mencionadas.
objeto, menor será a pressão, e consequentemente
menor a temperatura. Por isso que o clima nas monta-
nhas tende a ser baixo.
Observe a imagem a seguir:

Maior altitude
=
Menor pressão
atmoférica

Partículas de ar

Menor altitude
=
Maior pressão
FÍSICA

atmosférica

Observação: A pressão atmosférica a nível do mar Princípio de Pascal


(nível zero) é tabelada. Seu valor é aproximadamente
100.000 Pa ou 100.000 N/m². Ou seja, ao nível do mar, Expressa a pressão hidráulica exercida por um
para cada m² de área, a atmosfera exerce uma pressão fluido em equilíbrio. Pascal afirmou: 49
“O aumento da pressão exercida em um líquido em do líquido, a gravidade do planeta, e a altura de que
equilíbrio é transmitido integralmente a todos os este objeto está da superfície do líquido (Stevin desco-
pontos do líquido bem como às paredes do recipien- briu isso).
te em que ele está contido”.
Se levarmos em conta a pressão acima da superfí-
Entende-se desse enunciado que quando apli- cie do líquido (pressão atmosférica), encontraremos a
camos uma força em um embolo qualquer (de área pressão total.
menor), se este embolo estiver interligado em outro Observe a representação desse enunciado logo a
embolo (de área maior) por uma mangueira com seguir:
um fluido em seu interior, essa força é transmitida
integralmente (totalmente) para esse último embolo
(imagine duas seringas de diferentes tamanhos cheias
de água e interligadas por um mangueira – aperte o
embolo menor e verifique que você fará uma força
pequena nesse embolo, porém, conseguirá levantar o
embolo maior facilmente). Esse princípio “da multi-
plicação de forças” é utilizado em inúmeros ramos da
engenharia.

Sendo:

P = Pressão do fluido (Pa ou N/m²)


P₀ = Pressão atmosférica (ao nível do mar: 100.00 Pa)
d = Densidade do fluido (Kg/m³)
g = Gravidade local (m/s²)
h = Altura de imersão no fluido (m)

Na figura anterior, observa-se que quanto mais fun-


do o objeto estiver, mais pressão ele sofrerá do fluido
(quanto maior o valor de “h”, maior o valor de “P”).
É importante saber que a pressão hidrostática
F ₁ e F₂: Forças aplicadas aos êmbolos 1 e 2 depende apenas da posição vertical do objeto, e não
A₁ e A₂: Áreas dos êmbolos 1 e 2 de sua posição horizontal, nem mesmo do formato do
Nessa ilustração, percebe-se que a força aplicada recipiente. Observe a imagem a seguir:
em F1 é transmitida integralmente (totalmente) para
F2, mesmo sendo aplicada em uma área menor. Com
uma pequena força aplicada em F1, produz efeitos
significativos em F2.
Isso tem várias aplicações na mecânica como:
elevadores hidráulicos, freios hidráulicos, direções
hidráulicas, pistões hidráulicos, etc.
Em se tratando de unidade, na equação acima as
forças são representadas em Newtons (N) e as áreas
em metros quadrados (padrão). Muitas vezes as
áreas necessitarão ser convertidas para essa unidade
padrão de área.
Princípio de Arquimedes (Empuxo)
Conversões de áreas:

z cm² para m²: divide-se por 10000. Você já percebeu que conseguimos boiar na água?
z mm² para m²: divide-se por 1000000. E que outros objetos também conseguem? Porque
isso ocorre?! Esse feito é ocasionado pelo princípio de
Princípio de Stevin – Pressão Hidrostática em Arquimedes (também chamado de impulso).
Diferentes Níveis de um Fluido Qualquer Arquimedes disse: “Todo corpo mergulhado num
fluido recebe um impulso de baixo para cima igual ao
Estabelece a pressão sofrida por um objeto quan- peso do volume do fluido deslocado, por esse motivo, os
do ele está imerso em um fluido (líquido ou gasoso). corpos mais densos que a água, afundam, enquanto os
Assim, antes de Stevin: menos densos flutuam.”
Observa-se que no empuxo o objeto necessita estar
“A diferença entre as pressões de dois pontos de um
imerso em um fluido, e com isso surgirá uma força
fluido em equilíbrio (repouso) é igual ao produto
vertical, de baixo para cima tendo sentido contrário
entre a densidade do fluido, a aceleração da gravida-
de e a diferença entre as profundidades dos pontos”. ao peso do corpo.
O empuxo é diretamente proporcional à densida-
Considerando a citação anterior, tem-se que qual- de do líquido, à gravidade do planeta e o volume de
quer fluido exerce uma pressão em um corpo que está líquido deslocado pelo objeto (Arquimedes descobriu
50 imerso nele. Essa pressão é proporcional a densidade isso).
Vide esquematização abaixo: energia cinética. Quanto maior a energia cinética
média das moléculas, maior a temperatura do objeto.
Além da energia cinética, as moléculas possuem
energia potencial, que está associada às interações entre
elas, sendo assim, a energia total, a soma das energias
cinética e potencial, é denominada energia interna.
A seguir, podemos representar de forma esquemáti-
ca, as moléculas (esferas) que constituem o corpo, em
vibração:

E=d·g·v

E = empuxod = densidade do fluido (kg/m³)


g = gravidade do local (m/s²)
V= volume deslocamento (m³)
Se dois corpos possuem a mesma agitação térmica,
Podemos observar que o empuxo sofrido por um eles estão com a mesma temperatura.
corpo é igual ao produto da densidade do fluido pela O conceito de calor é a energia térmica trocada
gravidade local e o volume deslocado no fluido. entre dois corpos mediante uma diferença de tempe-
Em relação à flutuabilidade, tem-se que: ratura entre eles, ou seja, calor é a energia térmica em
trânsito que se desloca do corpo de maior temperatu-
CRITÉRIOS DE FLUTUABILIDADE ra para o corpo de menor temperatura.
Calor e temperatura não são grandezas equivalen-
Se P < E O objeto flutua tes! Um corpo não possui calor, pois calor é uma ener-
gia em trânsito.
Se P = E O objeto permanece em equilíbrio
É importante ressaltar que quanto maior a dife-
Se P > E O objeto afunda rença de temperatura entre dois corpos, maior será o
fluxo de energia térmica entre eles. Na figura a seguir,
os corpos A e B trocam energia térmica, onde TA é tem-
d = densidade do fluido (kg/m³) peratura do corpo A, TB é a temperatura do corpo B e
g = gravidade do local (m/s²) Q é a quantidade de calor trocada entre eles.
V= volume deslocamento (m³)
Q
Importante observar que o empuxo sofrido por
um corpo é igual ao produto da densidade do fluido
pela gravidade local e o volume deslocado no fluido. A B
Em relação à flutuabilidade, tem-se que:
TA > TB
CRITÉRIOS DE FLUTUABILIDADE
Quando as propriedades termométricas de dois
Se P < E O objeto flutua
ou mais sistemas não variam no decorrer do tempo,
Se P = E O objeto permanece em equilíbrio dizemos que eles estão em equilíbrio térmico entre si.
Logo, as trocas de energia ocorrem até que os corpos
Se P > E O objeto afunda atinjam a temperatura de equilíbrio.

TERMOLOGIA A B

CONCEITOS FUNDAMENTAIS DE TERMOLOGIA


T’A = TB
É recorrente em nosso cotidiano associarmos o
conceito de calor e temperatura de forma errônea, Podemos generalizar o conceito de equilibro térmi-
como, por exemplo, dizer “hoje está calor”. No entan- co para mais de dois sistemas, por meio da chamada
to, esses conceitos possuem significados distintos: pois Lei Zero da termodinâmica. Considere três sistemas, A,
o conceito de temperatura está relacionado à consti- B e C. Durante uma experiência, no primeiro momen-
FÍSICA

tuição da matéria. to, consta-se o equilíbrio térmico entre A e C. Supo-


Assim, podemos considerar a temperatura de um nha agora que mantidas constantes as condições de C,
corpo como uma grandeza que está diretamente liga- tenha constatado, em um segundo momento, o equilí-
da ao grau de agitação de suas moléculas. A energia brio térmico entre B e C. Logo, as conclusões que pode-
associada a essa agitação é chamada energia térmica, e mos tomar é que o sistema A está em equilíbrio térmico
como as moléculas estão em movimento, elas possuem com B. 51
O enunciado da Lei Zero da Termodinâmica diz o Como podemos observar, para obter-se a tempe-
seguinte: dois sistemas em equilíbrio térmico com um ratura correspondente a uma escala, basta saber a
terceiro estão em equilíbrio térmico entre si. temperatura em outra, com isso, podemos estabelecer
uma proporção
TERMOMETRIA
Tc - 0 TF - 32 TK - 273
Para definir a temperatura de um corpo, utiliza-se = =
escalas termométricas, que são escalas graduadas, ou 100 - 0 212 - 32 373 - 273
seja, um instrumento que dispõe de uma escala de
valores para conhecer a temperatura de algo. As três Simplificando, temos:
que mais se destacam são:

Escala Celsius Tc TF - 32 TK - 273


= =
5 9 5
Proposta em 1742, pelo astrônomo sueco Anders
Celsius, atualmente a escala Celsius é a mais utilizada
Assim, essas relações são válidas para quaisquer
em todo mundo. É uma escala relativa que usa como
temperaturas. Tomando duas temperaturas é possível
pontos fixos de referência o ponto de fusão e solidifi- encontrar o valor correspondente.
cação da água, ambos a uma pressão de 1 atm. O inter-
valo entre esses dois pontos foi dividido em 100 partes
PROPAGAÇÃO DO CALOR
iguais e cada divisão equivale a 1° C (1 grau Celsius).
Sendo o ponto fusão 0°C e ponto de ebulição 100° C.
O calor pode se deslocar de uma região para outra
de um corpo, podendo estes corpos estarem em conta-
Escala Kelvin
to ou não. Esse fenômeno é chamado de transferência
ou propagação de calor, podendo ocorrer em meios
A escala Kelvin foi elaborada em 1848, pelo Físico sólidos, fluidos ou até mesmo no vácuo.
britânico William Thomson, homenageado com o títu-
Há três tipos de propagação de calor:
lo de Lord Kelvin. Durante as experimentações, perce-
beu-se que é impossível reduzir a temperatura de uma
Condução do Calor
substância a um valor igual ou inferior a -273,15° C.
Esse valor de temperatura é chamado de zero absoluto
O calor se propaga por condução, quando há con-
ou 0 K, uma temperatura que é impossível de ser atin-
tato entre os corpos. Nesse processo há transporte de
gida. Desse modo, essa é uma escala absoluta e sua
energia sem deslocamento de matéria.
subdivisão possui o mesmo tamanho da escala Celsius.
Há vários exemplos no cotidiano que demonstram
O ponto de fusão da água corresponde a 273 K e o pon-
esse fenômeno e para exemplificar, imagina-se uma
to de ebulição da água corresponde a 373 K.
pessoa segurando uma barra metálica em um dos seus
extremos, enquanto o outro extremo está próximo a
Escala Fahrenheit
uma chama. Nota-se que, decorrido um certo interva-
lo de tempo, o extremo da barra que a pessoa estava
A escala Fahrenheit foi proposta no ano de 1727
segurando estará também aquecido. A seguir, apre-
pelo físico alemão-polonês Gabriel Daniel Fahrenheit.
senta-se uma figura exemplificando essa situação:
Apenas cinco países adotaram essa escala, dentre eles
os Estados Unidos. Possui como pontos fixos o ponto
de fusão da água 32° F e o ponto de ebulição da água
212° F, ambos a uma pressão de 1 atm. O intervalo
entre esses dois pontos fixos é igual a 180 partes, cada
divisão equivale a 1° F (1 grau Fahrenheit).

Conversão entre Escalas Termométricas

Para converter valores de temperaturas entre as


escalas, vamos considerar C, F e K as temperaturas
de um determinado corpo nas escalas Celsius, Fahre- A condução do calor nesse exemplo pode ser expli-
nheit e Kelvin, respectivamente. Para obter as funções
cada da seguinte forma: após a extremidade da barra
termométricas que relacionam as três escalas é neces-
ser aquecida, as partículas dessa região adquirem mais
sário considerar os pontos de fusão do gelo e ebulição
energia, no qual provoca uma agitação maior delas,
da água, além de alinhar as três escalas com as tempe-
além de fazer com que elas vibrem com maior ampli-
raturas, como mostrado no esquema a seguir:
tude, transmitindo essa vibração às partículas mais
próximas, que em seguida também passam a vibrar
com amplitudes maiores, e assim sucessivamente.
O choque entre as partículas se propaga por toda
extensão da barra metálica, resultando no aqueci-
mento da região que não estava em contato direto
com a fonte de calor.
Além disso, há materiais que são bons condutores de
calor, como os metais, por exemplo, e outros materiais
52 que possuem maior dificuldade em conduzir o calor,
que são chamados de isolantes térmicos. A madeira, o Convecção
isopor, a cerâmica, o tijolo de barro, o gelo, os líquidos
e os gases são exemplos de isolantes térmicos. A propagação de calor por convecção é caracteri-
zada pelo arrasto de matéria, ou seja, a convecção não
pode ocorrer em meios sólidos, sendo um processo
Dica
característicos dos fluidos, líquidos e gases. Tomamos
Muitos pensam que os casacos são feitos para como exemplo uma panela que contém uma certa
aquecer o corpo no inverno, no entanto, ele é quantidade de água, que ao ser aquecida sob a chama
utilizado para diminuir as trocas de calor com o de um fogo, a porção de água que está situada no fun-
do da panela recebe o calor em primeiro lugar, tendo
meio, atuando como um isolante térmico.
um aumento de temperatura e volume, no qual resul-
ta na diminuição da densidade em relação à porção de
Fluxo de Calor água restante situada acima. Logo, essa porção menos
densa e mais quente se desloca para a parte superior
Como sabemos, o sentido espontâneo que o calor dando espaço para a porção de água fria e mais densa,
se propaga é sempre de uma região de maior tempe- que desce para o fundo da panela, formando assim,
ratura para outra de menor temperatura. Tendo isso correntes de convicção. Esse ciclo se repete, enquan-
em vista, chamamos de fluxo de calor a quantidade to houver aquecimento de água. A seguir, podemos
de calor que atravessa uma sessão reta do corpo que o visualizar esse processo:
conduz, por unidade de tempo. O fluxo de calor pode
ser calculado da seguinte maneira:

Q
Ø=
Δt

Onde Q é a quantidade de calor e Δt é o interva-


lo de tempo. A unidade de fluxo de calor no Sistema
Internacional de Medidas é o watt (W), essa unidade é
o mesmo que Joule por segundo. Ao longo desse mate-
rial vamos entender o porquê a unidade de quanti-
dade de calor (Q) é dada em Joule, ou seja, joule por O processo de movimentação do ar, formação
segundo. de brisa e ventos pode ser explicado por convecção.
Vamos imaginar um cilindro condutor que possui Durante o dia, quando os raios solares atingem a Ter-
um comprimento L, no qual as suas extremidades ra, o ar que fica próximo ao solo se aquece, ficando
menos denso e em seguida sobe, levando os poluentes
estão em temperaturas diferentes, sendo T₁ > T₂. A
terrestres e sendo substituído pelo ar que está situa-
quantidade de calor Q é transmitido de uma extremi-
do nas camadas superiores que está mais frio e mais
dade a outra em um intervalo de tempo Δt.
denso.
No entanto, durante o inverno, essa incidência
solar é menor e o solo se esfria rapidamente, o que faz
com que o ar em contato com o solo seja mais frio e
mais denso que o ar das camadas superiores, por isso
não há correntes de convecção, aumentando assim, a
concentração de poluentes no ar que respiramos.
Esse fenômeno é conhecido como Inversão Tér-
mica, no qual uma camada de ar quente se sobrepõe
a uma camada de ar frio.
Verifica-se que o fluxo de calor Ø é diretamen-
te proporcional à diferença de temperatura (T₁ e T₂)
Irradiação Térmica
entre os extremos do cilindro e a área da secção trans-
versal A, e inversamente proporcional ao comprimen- A irradiação térmica efetua-se por meio de ondas
to L do cilindro. Logo, podemos escrever: eletromagnéticas denominadas ondas caloríficas ou
calor radiante. Além disso, o fenômeno de irradiação
T₁ - T₂ térmica pode ser entendido quando uma radiação ele-
Ø=K·A� � tromagnética é absorvida por um corpo, causando a
L elevação de sua temperatura, ou seja, irradiação é a
forma de propagação de calor por meio de radiação
Nessa equação, K é uma constante que depende térmica. Nesse processo, não é necessário um meio
para se propagar, isto é, o calor pode se propagar
FÍSICA

das características do material que constitui o cilin-


dro e é denominada coeficiente de condutividade tér- no vácuo.
Há alguns exemplos, que podemos identificar esse
mica do material. O seu valor é diferente para cada
tipo de propagação, como ao acendermos uma lâm-
tipo de material. Nos condutores térmicos, o valor de
pada incandescente e ao nos aproximarmos dela sem
K é maior que nos isolantes térmicos. Por exemplo, a
tocá-la, podemos sentir o calor por ela produzido. Esse
prata possui K = 418 _ m $ k i e a madeira 0,13 _ m $ k i .
w w
mesmo processo que acontece com a lâmpada é o que 53
acontece entre o sol e planeta Terra, o calor é propa- E por último, quando há variação das três dimen-
gado por irradiação. A seguir, uma ilustração desses sões, tratamos de dilatação volumétrica.
exemplos:
Dica
A dilatação de um corpo depende de três fato-
res: do material que o constitui, das dimensões
iniciais e da variação de temperatura.

A seguir, vamos analisar os três tipos de dilatação:

Dilatação Linear

A dilatação linear ocorre quando a variação em


A garrafa térmica é um exemplo no qual podemos uma única dimensão do corpo é mais relevante com
entender os três tipos de propagação de calor. Ela con- a aumento de sua temperatura. Nesse caso, a variação
serva a temperatura dos líquidos quentes e gelados, e do comprimento é o que nos interessa.
para que isso seja possível, a perda ou ganho de ca- Vamos considerar um barra metálica como apre-
lor pelo líquido para o ambiente deve ser minimizada, sentada na figura a seguir, com um comprimento ini-
qualquer que seja o processo: condução, convecção ou cial L0 a uma temperatura inicial T1 . Ao aumentar a
irradiação. Para evitar a condução e a convecção, a am- temperatura da barra para T2 , o seu comprimento
pola interna é feita de vidro, sendo este um material passa a ser L.
isolante térmico e com paredes duplas, entre as quais
se faz vácuo. A parede de vidro é espelhada para que
não ocorra a perda de calor por irradiação.

DILATAÇÃO TÉRMICA DE SÓLIDOS E


LÍQUIDOS
Quando fornecemos calor a um corpo, verificamos Logo, ΔL = L - L₀ é a variação de comprimento, ou
que ele tem um aumento de temperatura, e da mesma seja, a dilatação linear da barra na variação de tempe-
forma quando há liberação de calor, a temperatura ratura ΔT = T₂ - T₁.
diminui. É relevante enfatizar que a variação do compri-
Além disso, por meio do conceito de temperatura, mento depende do tipo do material que constitui a
sabemos que a maior agitação das partículas está asso- barra e essa influência está no fato de que as intera-
ciada a uma maior temperatura. No entanto, sabemos ções mais fortes entre partículas do material fazem
que uma maior agitação está associada a uma neces- com que elas se afastem menos ao se dilatar e intera-
sidade de espaço, o que faz com que as partículas se ções mais fracas fazem com que elas se afastem mais.
afastem uma das outras, aumentando as dimensões do E a grandeza física que mede essa influência é chama-
corpo. Essa situação é denominada de dilatação térmica. da de coeficiente de dilatação térmica.
A seguir, vamos conhecer os tipos de dilatação térmica:
Para o caso de dilatação linear, essa grandeza é
denominada α (letra grega alfa), coeficiente de dila-
Dilatação dos Sólidos
tação linear.
Destas relações, podemos escrever:
Em várias situações, como em construções de edi-
fícios de concretos, nos trilhos de trem ou até mesmo
nas calçadas, é necessário deixar um espaço, pois ao ΔL = T₀ · α · ΔT
serem aquecidos pelo sol, precisam ter um espaço para
se dilatar ou quando a temperatura diminui, se con- Onde ΔL é a variação do comprimento, α é o
traírem. Outro exemplo que podemos notar em nosso coeficiente de dilatação linear e ΔT é a variação da
cotidiano são os cabos de rede elétrica, que sempre temperatura.
apresentam uma certa folga entre os postes e nunca Sendo ΔL proporcional ao comprimento inicial e a
são instalados totalmente esticados, isso é para evitar variação de temperatura ΔT.
uma tração excessiva quando a temperatura cai, o que O comprimento final (L) pode ser calculado da
poderia causar ruptura dos fios e, consequentemente, seguinte forma:
uma interrupção de energia.
Em geral, com o aumento da temperatura, há L = L₀ + ΔL
aumento do volume de um corpo. No entanto, existem
situações em que a dilatação em uma das três dimen-
Substituindo o ΔL na equação acima, temos:
sões é mais significativa do que a variação do volume
do corpo na totalidade. Assim, dizemos que quando o
corpo se dilata somente no comprimento, consideran- L = L₀ (1 + α · ΔT)
do apenas a variação em uma das dimensões, tratar-
mos de dilatação linear. Dilatação Superficial
Nos casos em que é considerado a variação da área
superficial dos corpos, podemos afirmar que esse cor- Analogamente ao que foi dito para dilatação linear,
54 po apresenta dilatação superficial. podemos calcular a dilatação de uma placa.
Vamos considerar que a face de um cubo tenha área que contém o líquido, pois parte do calor que aquece
inicial S₀ com uma temperatura inicial T1 e, após ser esse líquido é absorvido também pelo recipiente, que
aquecido, apresenta área final S e temperatura final T. tem suas dimensões modificadas ao dilatar-se. Assim,
surge entre eles uma dilatação aparente. Analisando o
caso em que o recipiente se encontra completamente
cheio, ao aumentar a temperatura do sistema, o reci-
piente deverá dilatar, mas o líquido dilatará mais que
o recipiente. Aqui nota-se que parte do líquido extra-
vasa, no qual o volume extravasado é exatamente a
dilatação aparente.
Logo, é possível perceber que a dilatação real do
É possível verificar que a variação da área (ΔS) líquido é dada pela soma da dilatação volumétri-
depende do tipo de material que constitui a superfície, ca sofrida pelo recipiente e a dilatação aparente do
sendo diretamente proporcional à área inicial (S₀) e à
líquido:
variação de temperatura (ΔT).

ΔS = S₀ · β · ΔT ΔVLíquido = ΔVRecipiente + ΔVaparente

Sendo β o coeficiente de dilatação superficial do Sendo que, para cada ΔV, é possível escrever a
material que constitui a placa. relação de dilatação, ou seja:
A área final de uma placa pode ser calculada da
seguinte maneira: V₀ · γ líquido · ΔT = V₀ · γ recipiente · ΔT =
S = S₀ (1 + β · ΔT ) = V₀ · γ aparente · ΔT
O coeficiente de dilatação superficial do material
que constitui a placa pode ser calculado por β = 2α. Nota-se que V₀ e ΔT são os mesmos em todos os ter-
mos, logo:
Dilatação Volumétrica
γlíquido = γrecipiente + γaparente
Agora vamos considerar que há dilatação nas três
dimensões, altura, largura e comprimento, aumentan- Sendo essa a relação entre os coeficientes de
do o seu volume. Considere um bloco com um volume dilatação volumétrica do líquido e do material do
inicial V₀ a uma temperatura inicial T₁ e, após ser aque-
recipiente.
cido, apresenta um volume V e uma temperatura T₂.
Em geral, aumentando a temperatura de uma
substância, ocorre um aumento de seu volume, exceto
com a água entre 0° C e 4° C, que ocorre o fenômeno
inverso. Esse fenômeno é chamado de Dilatação anô-
mala da água.

CAPACIDADE CALORÍFICA
A variação do volume (ΔV) é diretamente proporcio-
Como vimos, a definição de calor pode ser enten-
nal ao volume inicial V₀, a variação de temperatura (ΔT)
depende do tipo de material de que é feito o bloco. dida como a energia em trânsito entre corpos com
temperaturas diferentes, no entanto, essa definição
só veio depois. Antes, a comunidade científica consi-
ΔV = V₀ · γ · ΔT
derava o calor uma substância fluida, invisível e sem
Sendo γ coeficiente de dilatação volumétrica do massa, presente no interior dos corpos. E o termo que
material. se utilizava para denominar essa substância era “caló-
Seguindo a mesma forma que nos outros casos, o rico”, proposto por Antoine Laurent Lavoisier. Ele
volume final do bloco pode ser calculado pela relação: considerava o calórico como um dos elementos mais
fundamentais da natureza, quanto mais quente fosse
V = V₀ ( 1 + γ · ΔT ) um corpo, maior era a quantidade de calórico.
Outros físicos da época estudavam e realizavam
O coeficiente de dilatação volumétrica pode ser experimentos relacionados à teoria do calórico. Ben-
calculado por γ = 3 α . jamim Thompson por volta do ano de 1798, durante
FÍSICA

seu expediente na fábrica de armas, na qual ele tra-


Dilatação dos Líquidos
balhava na Alemanha, observou que as brocas de aço
Em comparação aos sólidos, os líquidos apresen- esquentavam muito durante as perfurações de tubos
tam forças de interação mais fracas entre as partícu- de aços nas produções de canhões e para que as bro-
las. No entanto, para estudar a variação de volume, cas não derretessem era necessário resfriá-las cons-
deve-se considerar também a dilatação do recipiente tantemente com água. 55
E, de acordo com a teoria do calórico, acreditava-se Q
C=
que o calor era proveniente do material retirado da TT
broca, pois quanto mais quente fosse um corpo, maior
era sua quantidade de calórico. Com isso, Thompson Para representar a capacidade térmica, usaremos
propôs que se tentassem perfurar os canhões com bro-
a letra C (maiúscula). Além disso, no SI, sua unidade
cas que perderam a capacidade de perfurar, porém
é J/K, porém pode ser usado também cal/ °C.
ele verificou que o calor produzido era ainda maior.
Tendo isso em vista, Thompson começou a ques-
tionar o modelo que explicava o calórico como CALOR ESPECÍFICO
substância, que essa teoria devia ser repensada. Ele
argumentou que o que acontecia era uma transforma- Pode-se definir calor específico como a quantidade
ção de trabalho mecânico em calor e que este seria de calor que devemos fornecer a uma amostra de uma
a forma de energia responsável pelo aquecimento do unidade de massa de um corpo para que ele possa
sistema. sofrer um aumento de temperatura de uma unidade.
E só então em 1847, o físico Hermann von Hel-
mholtz definiu calor como uma forma de energia Q
m · TT
C=
e que para todas as formas de energia há o equi-
valente em calor. E um ano depois, durante um
experimento, o físico James Joule, conseguiu medir Usaremos a letra c (minúsculo) para representar
precisamente a quantidade de calor produzida a o calor específico. No sistema internacional, medimos
partir de uma quantidade determinada de energia calor específico em J/kg s, mas também se usa cal/g °C.
mecânica e, com base em seus resultados, a teoria do Se desenvolvermos a equação anterior, veremos
calórico foi rejeitada.
que podemos escrever da seguinte maneira:
Vamos representar pela letra Q a quantidade de
calor trocado entre os corpos com temperaturas dife-
rentes. No Sistema Internacional (SI), a quantidade de Q = m · c · ΔT
calor é medida em Joule (J), em homenagem a James
Joule, porém é também muito utilizado a unidade Como podemos observar, para um mesmo mate-
caloria (cal). rial, quanto maior for a massa, maior será a quanti-
Da experiência de Joule, temos: dade de calor que deve ser trocada para uma dada
variação de temperatura. Além disso, outra conclusão
que se pode tomar é que a variação de temperatura de
1 Caloria (cal) = 4,186 Joule (J) um corpo, ao trocar uma certa quantidade de energia
térmica, depende do material de que é constituído o
É frequente o uso da unidade quilocaloria (kcal), corpo (calor específico) e de sua massa. A seguir, pode-
no qual 1Kcal = 10³ cal. mos encontrar na tabela o valor do calor específico de
algumas substâncias:
Importante!
SUBSTÂNCIA CALOR ESPECIFICO (CAL/ G °C)
Por definição, a quantidade de calor de 1 cal ele-
va a temperatura de 1 grama de água em 1° C. Ouro 0,032
Prata 0,056
Dada a definição de calor, é possível descrever o Cobre 0,093
que acontece a um corpo quando uma quantidade de Ferro 0,110
calor é fornecida a ele ou retirada por ele. Podemos
observar que esse corpo pode mudar de temperatu- Alumínio 0,200
ra, porém pode haver também mudança de fase da Gelo 0,550
matéria, no qual o calor pode ser classificado em dois Álcool 0,600
tipos: calor sensível e calor latente (esse veremos mais
adiante). Água 1,000

CALOR SENSÍVEL Como observamos na tabela acima, quanto maior


o calor específico, mais difícil é o aquecimento ou res-
Podemos definir calor sensível, sendo aquele que, friamento desse material ou substância, isto é, menor
fornecido a um corpo, provoca nele uma mudança
é a sua variação de temperatura quando recebe ou
em sua temperatura. E para entender melhor, vamos
perde uma mesma quantidade de calor.
conhecer duas grandezas físicas associadas à quanti-
dade de calor fornecida a um corpo: capacidade tér- Podemos também substituir Q na expressão da
mica e calor específico. capacidade térmica e teremos:

CAPACIDADE TÉRMICA Q m · c · TT
C= →C= →c=m·c
TT TT
A capacidade térmica de um corpo pode ser defini-
da como sendo a quantidade de calor necessária para Essa expressão mostra que a capacidade térmica
elevar ou diminuir a temperatura de um corpo de 1°C. pode ser expressa também pelo produto entre a mas-
56 Em termos matemáticos, podemos defini-la como: sa e o calor específico de um corpo.
CALOR LATENTE Onde m é a massa da amostra e L é a constante que
representa o calor latente. Esse depende da mudança
Quando a quantidade de calor trocado com o meio de estado (fusão/solidificação ou evaporação/conden-
provoca na substância ou no corpo uma mudança de sação) e da substância. Sendo assim, a quantidade de
fase, denominamos calor latente de transformação. calor Q trocada durante a mudança de fase de uma
Para entender melhor, imagine um cubo de gelo ao substância é dada pelo produto da massa pelo calor
nível do mar, ao fornecer calor, ele atinge a tempe- latente L. Geralmente, utiliza-se a unidade cal/g para
ratura de 0°C e inicia a mudança de fase, de sólido o calor latente de uma substância.
para líquido e se mantivermos a fonte de calor, a água É importante lembrar que até que ocorra total-
aquecerá e ao atingir a temperatura de 100°C, nova- mente a mudança de fase de uma substância, a tem-
mente irá passar por mudança de fase: líquida para peratura não se altera. Logo, o cálculo do calor latente
gasosa. Com isso, esse calor trocado é o que chama- não considera a variação de temperatura.
mos de calor latente de transformação ou de mudança A seguir, vamos conhecer o que são as curvas de
de fase. aquecimentos e resfriamento e como elas se apresen-
Podemos entender que mudança de fase é como tam graficamente.
uma transformação física, isto é, não há interferên-
cia na sua composição química, o calor trocado com o
corpo atua na forma de agregação de suas partículas.
A substância permanece a mesma ao final do proces-
so, porém em fases diferentes. Além disso, quando há
transformação física é possível reverter o processo e
a substância retorna a fase anterior. Quando as trans-
formações são capazes de modificar a substância e
não é possível o processo ser revertido, chamamos de
transformação química irreversível.
A seguir, podemos representar esquematicamen-
te as variadas mudanças de fase e seus respectivos
nomes: Como podemos observar no gráfico acima, as cur-
vas de aquecimento mostram como a temperatura de
um corpo ou substância varia em função da quantida-
de de calor trocada por ele.
Tomamos como exemplo um bloco de gelo que está
inicialmente a uma temperatura negativa, sob pressão
de 1 atm. Ao aquece-lo e fornecer um fluxo de calor
constante, percebe-se que com o passar do tempo, o
calor fornecido produz um aumento da temperatura
do bloco do gelo, até atingir seu ponto de fusão a 0°C,
sendo este o processo de mudança da fase sólida para
líquida. Nesse momento, a temperatura da mistura de
água e gelo permanece constante em 0°C, até que o
processo de fusão se complete, isto é, até que todo gelo
se transforme em água.
Após terminar o processo de fusão, o fornecimento
de calor volta a produzir o aquecimento da água até
que ela atinja seu ponto de ebulição em 100°C e a água
Ao analisar os processos de mudanças de fase começa a se transformar em vapor. A partir desse ins-
representados na imagem acima, podemos descrever tante, a temperatura da mistura de água e vapor para
da seguinte maneira: de subir e permanece constante em 100°C até que toda
água se transforme em vapor.
z Fusão: é o processo de passagem da fase sólida É necessário destacar que, embora a temperatura
para a fase líquida. permaneça constante durante o processo de mudança
z Solidificação: é o processo de passagem da fase de fase, o fornecimento de calor continua.
líquida para a fase sólida. Do mesmo modo que há a curva de aquecimento,
z Vaporização: é processo de passagem da fase existe também a curva de resfriamento, ao passo que
líquida para a fase gasosa. retirássemos progressivamente o calor, o fenômeno
z Condensação: é o processo de passagem da fase ocorreria de forma inversa.
gasosa para a fase líquida.
z Sublimação: é o processo de passagem da fase TROCAS DE CALOR EM UM CALORÍMETRO
sólida para fase gasosa.
z Ressublimação: também chamado de sublimação Ao misturar duas ou mais substâncias em um
inversa, é a passagem da fase gasosa para a fase recipiente isolado do meio externo, elas trocam calor
FÍSICA

sólida. entre si até que atinjam o equilíbrio térmico. Como


já mencionado no início, um sistema se encontra em
Em termos matemáticos, o calor latente de mudan- equilíbrio térmico quando todas as suas substâncias
ça de fase pode ser calculado da seguinte maneira: se encontrarem a uma mesma temperatura final. Isso
faz com que não ocorra trocas de calor com o meio. E
Q=m·L o recipiente no qual ocorrem essas trocas de calor é 57
chamado de calorímetro, pois ele não permite as tro-
cas de calor com a vizinhança. TERMODINÂMICA
Podemos dizer que para um sistema isolado, inde-
pendente do número de substâncias envolvidas, a A termodinâmica é a área da Física responsável
quantidade de calor recebido somada a quantidade de em estudar como a energia térmica pode ser usada
calor cedido, é igual a zero, ou seja, a soma de todas para produzir trabalho. E os estudos nesta área se
as trocas de calor ocorridos dentro do calorímetro é ampliaram e difundiram durante a Revolução Indus-
igual a zero. Logo, trial com o surgimento das máquinas térmicas, pois
era necessário a compreensão do seu funcionamento
e como fazer com que elas tivessem um melhor ren-
∑Q= 0 dimento e melhores resultados. Nesta sessão, vamos
estudar o comportamento dos gases, as leis da termo-
Sendo, dinâmica e as máquinas térmicas.

QRecebido+ Qcedido = 0 GASES IDEAIS

Dica Uma parte importante na termodinâmica é o estu-


do do comportamento dos gases. Os gases são fluidos
Deve-se levar em consideração a quantidade de altamente compressíveis, isto é, expandem-se espon-
calor recebida e cedida pelo calorímetro caso ele taneamente e ocupam toda capacidade quando con-
não seja ideal, além de considerar a quantida- tidos em recipientes. Um bom exemplo são os balões
de de calor que entra e sai do sistema por suas de festas que são preenchidos com gás. Ela neste tópi-
paredes. co vamos estudar os gases, nos quais chamaremos de
gases ideais. Também chamado de gás perfeito, o
MUDANÇAS DE FASE E DIAGRAMAS DE FASE gás ideal é aquele em que os efeitos das forças inter-
moleculares e o tamanho de suas moléculas podem
Vocês já devem ter ouvido falar dos três estados ser desprezados. Um gás real pode ter um comporta-
físicos da matéria: sólido, líquido e gasoso. Lem- mento ideal se colocado sob baixas pressões e altas
temperaturas.
bram deles? Vocês devem lembrar também que um
Para definirmos o estado de um gás, é necessário
dos principais fatores que permite condições para o
conhecermos o volume que ocupa, sua temperatura e a
desenvolvimento da vida e a diversidade de espécies
pressão exercida nas paredes do recipiente que ele está
que habitam em nosso planeta é a existência da água
contido. Essas grandezas, pressão (p), volume (V) e tem-
nesses três estados físicos ou três fases.
peratura (T) se relacionam e são chamados de variáveis
Essas mudanças de fase se devem às trocas de calor de estado.
com o meio, além disso, independente do estado físico Há uma equação que foi determinada experimen-
que uma substância se encontra, ela continua sendo a talmente e que relacionam essas três variáveis de
mesma. O que distingue o estado físico da matéria é o estado e o número de mols (n) de um certo gás. Ela
grau de liberdade que os átomos e moléculas possuem ficou conhecida como equação de Clapeyron e pode
ao interagirem. Essa liberdade pode ser entendida ser expressa da seguinte maneira:
como a intensidade das forças de interação molecular.
Na fase sólida, o grau de liberdade é muito peque-
no e a força de interação entre as moléculas é máxima.
p · V = n · R· T
A forma e o volume das substâncias são bem definidos
Sendo R a constante dos gases ideais. O seu valor
e as moléculas ficam rigidamente unidas.
depende das unidades das variáveis do gás:
O estado líquido, o grau de liberdade é maior e em
consequência a força de interação é menor, a forma e Para p _ m 2 i
N , V (m3) e T (K), teremos R = 8,31
o volume também são definidos. J
A fase gasosa, o grau de liberdade é máximo, não mol · K , sendo este no Sistema Internacional (SI).
há praticamente forças de interação entre as molécu- Para p = (atm), V(L) e T(K), teremos R = 0,082
las, o volume e a forma são indefinidos. atm $ L
É necessário enfatizar que esses estados físicos são mol K .
em um modelo ideal, com isso, vale lembrar que nem Com isso, por meio desta equação é possível cal-
todas as substâncias se comportam desta maneira, cular o volume molar de um gás. Além disso, verifica-
isto é, como um modelo ideal. -se que se o gás ideal apresentar o mesmo número de
A seguir, podemos visualizar, de forma ilustrativa, mols, nas mesmas condições de pressão e temperatu-
esses casos: ra, deverá ocupar o mesmo volume.
Podemos dizer que quando uma certa massa de
gás se encontra a 0°C (273 K) e pressão de 1 atm, ele
se encontra nas Condições Normais de Temperatura e
Pressão (CNTP).
Quando ao menos duas das três variáveis de esta-
do se alteram, dizemos que o gás sofreu uma transfor-
mação. No tópico a seguir, iremos estudar esses tipos
de transformações.
O número de unidades elementares existentes em
cada mol de matéria é representado pela constante de
58 Avogadro que é NA = 6,022 · 10-23 moléculas/mol. Além
disso, o número de mols pode ser calculado por meio Como a pressão é constante, em um gráfico de
m pressão por temperatura e pressão por volume, os
da relação n = M , onde m é a massa da substância e
M, a massa molar da mesma. gráficos ficariam da seguinte forma:

TRANSFORMAÇÃO GERAL DE UM GÁS

Ao considerar uma certa quantidade de um gás


ideal contido dentro de um recipiente fechado, no
qual suas variáveis de estado inicialmente são p₀, V₀,
T₀, ao sofrer uma transformação, suas variáveis de
estado final são dadas por p, V e T. Pela equação de
Clapeyron, podemos escrever os dois estados do gás:
p0 · V0 TRANSFORMAÇÃO ISOVOLUMÉTRICA
Inicial: p₀ · V₀ = n · R· T₀ ou =n.R
T0
Na transformação isovolumétrica, o que permane-
p·V ce constante ao longo da transformação é o volume do
Final: p · V = n · R· T ou =n·R gás. O físico responsável por realizar os experimentos
T e verificar essa transformação é Jacques Alexandre
Cesar Charles. Os resultados mostraram que para uma
determinada massa de gás mantida a volume constan-
Como mostrado anteriormente, o gás está encerra-
te, a pressão exercida é diretamente proporcional à
do dentro do recipiente fechado, com isso, o número de
temperatura absoluta. Com isso, em termos matemá-
mols do gás é o mesmo no início e no final da transfor-
ticos, podemos escrever:
mação, logo, os segundos termos das duas igualdades
acima são iguais, o que permite igualar os primeiros
termos, pois também são iguais, desta forma: p0 · V0 p·V
=
T0 T
p0 · V0 p·V
=
T0 T Nesse caso, V0 = V, logo

Sendo esta a equação geral de um gás, A seguir P0 p


vamos conhecer os tipos de transformação: =
T0 T
TRANSFORMAÇÃO ISOBÁRICA
Podemos representar a transformação isovolumé-
Durante uma transformação isobárica, a tempe- trica em um gráfico de pressão por temperatura:
ratura e volume de um gás são alterados, porém, a
pressão é mantida constante. Essa transformação foi
estudada por dois físicos franceses: Jacques Charles P
e Joseph Louis Gay-Lussac, no qual os resultados de
seus experimentos mostraram que se a pressão per-
manecer constante, o volume e a temperatura abso-
luta do gás são grandezas diretamente proporcionais,
desta forma podemos escrever:

p0 · V0 p·V T (K)
=
T0 T
Como o volume é constante, em gráficos de volu-
me por temperatura e pressão por volume, teremos as
Como p0 = p, temos seguintes representações:

V P
V0 V
=
T0 T

E pode ser representado por um gráfico de volume


por temperatura da seguinte maneira:
T (K) V
V
FÍSICA

A transformação isovolumétrica é também conhe-


cida por isométrica ou isocórica.

T (K) 59
TRANSFORMAÇÃO ISOTÉRMICA
p0 · V0 p·V
=
Durante uma transformação isotérmica, a tempe- T0 T
ratura do gás permanece constante. É muito comum
pensarmos que quando não há variação de tempera-
Neste caso, o gráfico que nos interessa é de pressão
tura, o gás não troca calor com o meio, no entanto,
por volume e nele vamos considerar duas isotermas
essa concepção é errada.
em estados de temperatura T1 e T2, sendo T1 < T₂, con-
O físico Robert Boyle, em 1660, realizou diversos
experimentos, nos quais submeteu uma quantidade forme representado a seguir:
de gás a temperatura constante, a diversos valores
de pressão. Os resultados mostraram que mantendo
a temperatura inalterada, a pressão e o volume desse
gás são grandezas inversamente proporcionais, isto é,
quando se dobra o volume, a pressão se reduz à meta-
de. Logo,

p0 · V0 p·V
=
T0 T

Sendo T0 = T, temos

p₀ · V₀ = p · V Imaginemos um gás contido em um cilindro. Par-


tindo do ponto A, onde temos p₁, V₁ e T₁, uma certa
Em um gráfico de pressão por volume, os dados
amostra desse gás será comprimido dentro do cilin-
obtidos experimentalmente fornecem uma cur-
dro, no qual se encontra isolado termicamente. Duran-
va característica desta transformação, essa curva é
te essa compreensão, o sistema se afasta da isoterma
conhecida como isoterma. A seguir podemos repre-
T₁ e se aproxima da isoterma T₂ no ponto B (p₂, V₂ e
sentar um gráfico característico:
T₂). Se ligarmos esses pontos (A e B), teremos uma cur-
va adiabática que representa uma compressão adia-
P
bática. Em nosso exemplo, a curva está representada
pela cor cinza.

ISOTERMA LEIS DA TERMODINÂMICA

Neste módulo, vamos continuar nossos estudos


V
sobre calor, porém vamos dar maior relevância no
seu uso como fonte energética para realização de
Os gráficos de pressão por volume e volume por trabalho mecânico, sendo esse o maior objetivo da
temperatura são apresentados da seguinte maneira: Termodinâmica. Vamos estudar também as duas leis
da Termodinâmica, sendo que elas são responsáveis
P V em explicar os principais aspectos que dominam as
transformações de energia. Em resumo, a primeira
lei trata das trocas energéticas dos sistemas gasosos e
os princípios de conservação da quantidade de ener-
gia que podem ser estabelecidos em todos os processos
T (K) de transformação. A segunda lei trata da qualidade da
T (K)
energia nesses processos.

TRANSFORMAÇÃO ADIABÁTICA Trabalho Realizado em uma Transformação Gasosa

Em todas as transformações que vimos até aqui, o Imagine agora uma certa quantidade de massa de
gás troca calor com a vizinhança, já a transformação um gás sofrendo uma transformação no qual há varia-
adiabática é aquela que o gás não troca calor com o ção de volume, esse gás exercerá uma força resultan-
meio externo. Isso pode acontecer pelo fato de a trans- → na base do êmbolo, que por sua vez, sofre um
te F
formação ocorrer de forma rápida, o que faz com

que não haja tempo para que o gás troque calor com deslocamento d , ao mesmo tempo, uma pressão atua
o meio externo. Nesta transformação são alteradas sobre as paredes do cilindro. Esse processo resulta em
todas as variáveis de estado do gás, ou seja, variam a um trabalho π realizado ou sofrido pelo gás. O termo
pressão, volume e temperatura. Desta forma, a equa- trabalho se destacará por diversas vezes em nossos
60 ção geral dos gases é válida: estudos. A seguir uma ilustração desse procedimento:
P

τ = A (área da figura)
d ΔV
V

⟶ Sendo assim, o trabalho é numericamente igual à


F
área sob a curva.
V0 = T0 V=T
Primeira Lei Da Termodinâmica

Nesse exemplo, foi fornecida uma quantidade


Como falado anteriormente, a primeira lei aborda
calor Q ao gás, que sofrerá uma transformação iso-
a conservação de energia de um sistema, além disso,
bárica (pressão constante). Neste caso, houve uma
ela verifica as trocas de energia sofridas pelo gás. Há
expansão do gás, isto é, aumento de volume.
dois processos de trocas de energia: trabalho e calor,
Quando a variação de volume é positiva, houve
com isso o gás sofre uma mudança de energia interna
expansão do gás e o mesmo realiza trabalho sobre o
referente a essas duas formas de troca de energia com
ambiente, trabalho positivo ΔV > 0 → τ > 0
o meio.
Quando a variação de volume é negativa, hou-
Mas como se dá o cálculo da energia interna de
ve compressão do gás e o ambiente realiza trabalho
um gás? É relevante saber que a energia interna de
sobre o gás, trabalho negativo ΔV > 0 → τ < 0
Quando não há variação de volume, transforma- um gás monoatômico é em função da sua temperatu-
ção isovolumétrica, não há realização de trabalho ΔV ra. Com isso, consideramos o estado inicial de um gás
=0→τ=0 contido em um recipiente, com n mols e a temperatu-
→ ra inicial T₀, a energia interna é dada por:
Agora, vamos calcular o trabalho τ da força F
exercida sobre o êmbolo pela equação do trabalho: 3
U0 = 2 n · R · T₀
τ = F · d · cosϴ Ao fornecer uma quantidade de calor, e ocorrer
aumento no volume do gás, a temperatura irá mudar

para T e, em consequência, a energia interna final é
Sendo θ o ângulo formado entre a força F e o des-
→ dada por:
locamento d , como os vetores têm as mesmas dire-
ções, o ângulo formado é zero. Logo, temos: 3
U= 2 n · R · T

τ=F·d Logo, podemos escrever que a variação de energia


interna de um gás é dada por:
Sabendo que a definição de pressão é dada por:
3
F ΔU = U - U₀ = 2 nRΔT
p= A
Agora podemos dizer que a variação de energia
Podemos manipular a equação acima e definir a interna de um gás, considerando as duas formas de
força como sendo: troca de energia, é dada pela diferença entre o calor
trocado e o trabalho realizado:
F=p·A
ΔU = Q - τ
Desta forma, substituindo a equação acima na
equação do trabalho, teremos: É válido algumas convenções de sinais:
Quando ocorre uma expansão do gás, o sistema
τ=p·A·d recebe calor, ou seja, Q>0.
Quando há compressão do gás, o sistema fornece
Sendo ΔV = A · d, temos que a definição de trabalho calor, ou seja, Q < 0.
em uma transformação isobárica pode ser calculado
da seguinte maneira: A primeira lei da Termodinâmica e as
Transformações Gasosas
τ = p · ΔV
FÍSICA

Quando os parâmetros de quantidade de calor


É relevante enfatizar que quando a transformação (Q), trabalho (τ) e energia interna (U) variam, ou
sofrida pelo gás não é isobárica, a fórmula acima não seja, assumem valores positivos, negativos ou nulos
é válida, porém pode-se calcular o trabalho por meio é necessário verificar como fica a equação mostrada
da área abaixo da curva em um gráfico de pressão por anteriormente e como a primeira lei se aplica a cada
volume: uma das transformações a seguir: 61
Transformação Isovolumétrica não há variação de energia interna. A seguir, a repre-
sentação de uma transformação cíclica em um gráfico
Como sabemos, nessa transformação não há varia- de pressão por volume:
ção no volume do gás. Se o gás não sofre variação no
volume, não há realização de trabalho. Com isso, P
A
ΔU = Q - τ
τ = Aciclo
Sendo τ = 0, a relação fica: Aciclo
C B
ΔU = Q
Neste caso, quando o gás recebe calor, sua ener-
gia interna aumenta, e caso contrário, quando perde Como mostrado na figura, o trabalho realizado
calor, sua energia interna diminui. Logo, pode-se con- numa transformação cíclica é numericamente igual à
cluir que as trocas de calor são utilizadas para alterar área do ciclo. Além disso, se o ciclo ocorre no sentido-
a energia interna do gás. -horário, o gás realiza trabalho sobre o meio, isto é,
trabalho positivo (τ > 0), se o ciclo ocorre no sentido
Transformação Isotérmica anti-horário, o meio realiza trabalho sobre o gás, tra-
balho negativo ( τ < 0).
Nesta transformação não há variação na tempera-
tura do gás, com isso sua energia interna também não Segunda Lei da Termodinâmica
pode variar. Logo ΔU = Q. Desta forma,
Sabemos que o principal objetivo da Termodinâ-
mica é explicar o funcionamento das máquinas tér-
τ=Q micas. E a segunda lei vem discutir o que são essas
máquinas e qual é o processo responsável por seu
Assim, o gás realiza trocas de calor com o meio, funcionamento (que envolve em seu funcionamento).
mas sua temperatura permanece constante. Esse Neste tópico vamos mostrar também os dois enuncia-
fenômeno acontece, pois, todo o calor recebido será dos da segunda lei e o que eles representam. Além dis-
usado na realização de trabalho. so, ela discute as transformações irreversíveis e suas
limitações.
Transformação Isobárica
MÁQUINAS TÉRMICAS
Nessa transformação não ocorre variação da pres-
são do gás, no entanto há variação de volume e tem- Máquinas térmicas são dispositivos que tem a fina-
peratura. Com isso, não se cancela nenhum termo na lidade de transformar ou transferir energia, isto é, são
equação da primeira lei da Termodinâmica, sendo dispositivos que opera em ciclos e, durante esse pro-
assim a relação permanece a mesma: ΔU = Q - τ. cesso, transforma calor em trabalho periodicamente.
As geladeiras, os motores dos automóveis e locomoti-
Transformação Adiabática vas a vapor são exemplos de máquinas térmicas.
O funcionamento de uma máquina térmica acon-
Na transformação adiabática, o gás não troca calor tece da seguinte forma: há duas fontes térmicas nas
com o meio externo, logo, Q = 0. Desta forma, temos quais vamos chamar de fonte quente e fonte fria, essas
que a variação de energia interna ΔU é dada por: fontes estão ligadas a máquina térmica. A fonte quente
está a uma temperatura T₁ e fornece energia na forma
ΔU = - τ de calor Q₁ à máquina. Parte desse calor é utilizado
pela máquina térmica para realizar trabalho, e a outra
Se o gás realiza trabalho (τ > 0), mas não recebe parte, o calor excedente Q₂, é rejeitado pela máquina
calor, a energia interna do gás deve diminuir ΔU < 0, térmica para a fonte fria que está à uma temperatura
em consequência disso a temperatura também dimi- T₂. É necessário enfatizar que a temperatura da fonte
nui. Caso aconteça o contrário, se o gás sofrer trabalho fria é menor que a temperatura da fonte quente T₂ < T₁.
(τ < 0), sem trocar calor com o meio externo, a energia A seguir, uma esquematização desse processo:
interna aumentará ΔU > 0 e há aumento de tempera-
tura também. Fonte Quente

Transformações Cíclicas Q1

Quando um gás parte de um estado inicial de pres- Trabalho


são, volume e temperatura, passando por estados Maquina
Térmica Realizado
intermediários e retorna ao mesmo estado inicial,
podemos dizer que o gás sofreu uma transformação
cíclica. Como os estados inicial e final são os mesmos,
Q2
nos permite concluir que não há variação de tempera-
tura, logo a variação de energia interna é nula ΔU = 0.
Além disso, como a transformação é cíclica, o calor Fonte Fria

62 trocado é equivalente ao trabalho realizado, com isso,


De acordo com o princípio de conservação de ener- Os refrigeradores funcionam da seguinte forma:
gia demonstrado na primeira lei da Termodinâmica, eles recebem calor Q₂ da fonte fria e cedem calor Q₁
temos que em uma transformação cíclica, a energia para a fonte quente, devido ao trabalho τ realiza-
interna é nula, ou seja, ΔU = 0. Logo, o trabalho reali- do pelo compressor. Normalmente, a fonte fria está
zado pela máquina térmica é igual à diferença entre a localizada no espaço que se quer refrigerar, retiran-
quantidade de calor Q₁ fornecida à maquina térmica e do calor, enquanto a fonte quente rejeita calor para
a quantidade de calor Q₂ rejeitada pela máquina. Des- o ambiente. A seguir uma esquematização desse
ta forma, temos: processo:

τ = Q₁ - Q₂
Fonte Quente
O rendimento η de uma máquina térmica é dado
pela relação entre a quantidade útil de energia que
se obtém e a quantidade total de energia fornecida à Q1
máquina, em outras palavras, o rendimento de uma
máquina é a razão entre o trabalho τ realizado pela τ
máquina e a quantidade de calor Q₁ que ela recebe,
com isso, podemos escrever: Refrigerador Compressor

τ
η=
Q₁
Q2
Para calcular o rendimento, em termos de porcen-
tagem, basta multiplicar a equação anterior por 100, Fonte Fria
logo:
Logo, podemos concluir que as máquinas frigorífi-
τ cas convertem trabalho em calor.
η= · 100 A eficiência (e) de um refrigerador é dado pela
Q₁
razão entre a quantidade de calor Q₂ recebida da fonte
fria e o trabalho mecânico τ realizado pelo compressor:
Para que o rendimento de uma máquina seja 100%,
seria necessário que todo o calor Q₁ fornecido fosse
Q₂
convertido totalmente em trabalho, mas isso nunca e=
acontece. τ
Tendo isso em vista, podemos mostrar os dois enun-
ciados da segunda lei da Termodinâmica. Enquanto a CICLO DE CARNOT
primeira lei estabelece a conservação de energia em
qualquer transformação, esses enunciados estabele- As primeiras máquinas térmicas foram à vapor e
cem condições para que as transformações termodi- possuíam um rendimento muito baixo. Com intuito de
nâmicas possam ocorrer. melhorar esse rendimento, em 1824, o físico Sadi Car-
O primeiro enunciado estabelece que: not propôs um ciclo termodinâmico que proporciona-
va um rendimento máximo a uma máquina térmica.
“O calor flui naturalmente de um reservatório Esse ciclo, chamado de ciclo de Carnot, opera entre
quente para um reservatório frio, mas nunca ao duas fontes térmicas e consiste em duas transforma-
contrário”. ções isotérmicas, uma a uma temperatura T₁ (fonte
quente) e a outra a uma temperatura T₂ (fonte fria) e
O segundo enunciado diz o seguinte: duas transformações adiabáticas, alternadas, confor-
me mostra o gráfico de pressão por volume:
“Nenhuma máquina térmica que opera em ciclos,
consegue transformar integralmente o calor em
P
trabalho”.
A
Máquinas Frigoríficas

Acabamos de falar que o calor flui espontanea- B


mente do corpo mais quente para o corpo mais frio.
Porém, há máquinas que realizam o processo inver- T1
D
so. Você agora pode estar se perguntando se esse fato
não violaria o enunciado da segunda lei da Termo- C T2
FÍSICA

dinâmica. No entanto, só violaria caso esse processo V


ocorresse de forma espontânea. Mas, é necessário o
fornecimento externo de energia por meio de um pro- Como podemos ver, na figura temos um ciclo de
cesso forçado que ocorre através de um compressor Carnot, em que:
que realiza o trabalho mecânico. Um bom exemplo
são as geladeiras das nossas casas. z AB ocorre uma expansão isotérmica; 63
z BC ocorre uma expansão adiabática;
z CD ocorre uma compressão isotérmica;
z DA ocorre uma compressão adiabática.

Importante!
Segundo Carnot, nenhuma máquina térmica que
opere entre duas temperaturas tem rendimento
maior do que aquela que opera segundo o ciclo
de Carnot.
Se tomarmos esse exemplo, é praticamente impro-
No entanto, é relevante enfatizar que por mais que vável, mas não é impossível que os gases se separem
o ciclo de Carnot possua o maior rendimento entre as novamente, isto é, voltem à ordem inicial que ocupa-
máquinas térmicas e por ser considerado ideal, ele vam antes da retirada da placa. Os fenômenos natu-
ainda não possui um rendimento 100%. rais são irreversíveis e, nos processos naturais, há
Em cada ciclo de Carnot, as quantidades de calor sempre a passagem espontânea de um estado ordena-
Q₁ e Q₂ trocadas com as fontes quentes e frias são pro- do para um estado desordenado.
porcionais as respectivas temperaturas T₁ e T₂. Sendo Com isso, podemos dizer que a degradação da
assim, temos: energia também é uma evolução para a desordem.
Desta forma, pode-se anunciar o princípio da degrada-
ção da energia, sendo esta, mais uma forma de enun-
Q₂ T₂ ciar a segunda Lei da Termodinâmica: “No Universo,
=
Q₁ T₁ à medida que o tempo passa, diminui a quantidade de
energia utilizável, ou seja, a energia se degrada”, tam-
bém podemos entender que a medida que o Universo
Como sabemos que o rendimento de uma máquina evolui, a desordem aumenta.
térmica é dado por η = Qx1 e o trabalho é dado por τ = Tendo isso em vista, podemos introduzir o concei-
Q₁ - Q₂, a equação fica da seguinte forma: to de entropia, que é dada pela variável de estado, que
nos processos irreversíveis, ela representa a medida
Q₂ da disponibilidade do emprego útil da energia. As
η=1- transformações naturais, sempre levam a um aumen-
Q₁
to na entropia do Universo.
Em termos matemáticos, podemos definir a varia-
Desta forma, em função das temperaturas, o rendi- ção da entropia de um sistema, representada pela
mento de uma máquina que opere segundo o ciclo de letra (S), como sendo a razão da quantidade de calor
Carnot é: (Q) cedida ou recebida durante uma transformação e
T₂ a temperatura (T) correspondente:
ηcarnot = 1 -
T₁
Q
ΔS =
T
Degradação da Energia

Vamos imaginar um recipiente no qual é dividi- A entropia é medida em J/K no Sistema Internacional.
do em duas partes, uma dessas partes é ocupado por
um gás de nitrogênio e a outra parte por gás oxigê-
nio e esses são separados por uma placa removível. A Importante!
seguir uma ilustração: Todo sistema isolado que sofre uma transforma-
ção irreversível tem sua entropia aumentada.

ONDAS
PERÍODO, FREQUÊNCIA E CICLO

Vamos estudar o sistema mais simples que pode


executar o movimento periódico.
Imagine um bloco preso em uma mola, na vertical,
O gás nitrogênio está sendo representado por boli- conforme a figura seguinte. Em um primeiro momen-
nhas e o gás oxigênio está sendo representado por to vamos desconsiderar todas as forças que atuam
triângulos. Se retirarmos a placa, os gases irão se mis- sobre o bloco (forças de atrito) e considerar apenas
turar espontaneamente, no qual ocorre uma distribui- a força que uma pessoa exerce para puxar ele para
ção dos dois gases dentro do recipiente, como mostra baixo, puxando-o até um ponto onde a mola se esti-
64 a figura a seguir: ca por completo, no ponto (-Xm) e, a seguir, liberamos
a força resultante e a aceleração, que são orientadas Com essa definição a frequência angular fica ω,
para cima, conforme o bloco sobe, ele ganha veloci-
dade até atingir a posição de equilíbrio, em 0. A força 2π
resultante neste ponto é igual a zero, mas como ele ω = 2πf =
está em movimento, passa da posição de equilíbrio. T .
Assim que o bloco chegar na posição (Xm), sua velo-
cidade será orientada para cima, mas a força resultan- MOVIMENTO HARMÔNICO SIMPLES
te e a aceleração estão orientadas para baixo, fazendo
com que a velocidade vá diminuindo ao passo que o O Movimento Harmônico Simples (MHS) é consi-
bloco desce novamente. Podemos analisar essa situa- derado o movimento oscilatório mais importante, já
ção na figura a seguir: que ele é bem fácil de se descrever matematicamen-
te e com ele é possível exemplificar muitas oscilações
que são encontradas na natureza.
Quando se fala em molas ideais, deve-se ter em
mente que, para a Física, “ideal” é algo perfeito no
mundo das ideias. Neste sentido, em um experimen-
to ideal, ocorre a deformação da mola sem que suas
propriedades sofram danos, sendo possível que, pos-
teriormente, ela retorne à posição de equilíbrio a qual
se encontrava.
Isso não ocorre no mundo real. Assim, caso você
pegue uma mola e a estique completamente, muito
provavelmente ela irá estragar e, não vai voltar para
a posição de equilíbrio novamente. Caso tenhamos
molas ideais, elas obedecerão à lei de Hooke, ou seja,
quando a força restauradora (F) que age sobre a mola
é diretamente proporcional ao deslocamento x da
Ao tirar uma foto de cada momento em que o bloco posição de equilíbrio, assim temos:
se movimenta, de forma a termos uma sequência do
movimento, podemos construir um gráfico de posição
Fαx,
ao longo do tempo, de modo que conseguimos ana-
Precisamos agora encontrar uma constante de pro-
lisar melhor o movimento do bloco. O bloco executa porcionalidade para tirarmos a igualdade da equação
um movimento periódico, já que ele exerce o mesmo anterior. Para esse caso temos o k que representa a
movimento repetidas vezes, de forma idêntica, em rigidez da mola, sendo assim, quanto maior for a cons-
intervalos de tempos iguais. Sendo um movimento tante elástica k, a mola será mais rígida, mais difícil
periódico, podemos definir alguns termos que estão de comprimir ou esticar. Dessa forma, nossa equação
presentes em todos os movimentos periódicos. F α x fica

F = –kx,
O sinal negativo é pelo fato de que a força que é
exercida sobre a mola é do tipo restauradora, sendo
assim, ela sempre tende a restabelecer o equilíbrio,
portanto ela é sempre oposta ao movimento do bloco
a partir da posição de equilíbrio.
A equação F = –kx nos fornece uma força que
independentemente do valor de x, sendo ele positivo,
O número de ciclos por uma unidade de tempo (s) negativo ou nulo, fornece o módulo e o sinal da força.
A constante k é sempre positiva e no SI suas unida-
é a frequência (f), sendo sempre positiva e medida no
des são N/m, Newtons por metro. Em um caso especial
SI por hertz, em homenagem ao físico alemão Heinri- em que não temos atrito, com a equação acima temos
ch Hertz: a força resultante que atua sobre o bloco. Quando
temos este cenário, que a força é diretamente propor-
cional ao deslocamento, o movimento é considerado
ciclo
1hertz = 1Hz = 1 = 1s-1. um MHS.
s Assim, essa equação nos dá a força resultante que
age sobre a mola.
Definimos também a frequência angular, ω, sendo Quando falamos de força restauradora que age
2π multiplicando a frequência: sobre qualquer objeto temos que lembrar dos estudos
da dinâmica, onde foi tratado sobre as leis de New-
ω = 2πf. ton, que vem de um grande físico do século XVI, que
em meio a uma pandemia teorizou as leis que regem
FÍSICA

Podemos definir também o período T, já que eles o movimento dos corpos e também inventou o cálcu-
são recíprocos: lo diferencial e integral. Da segunda lei de Newton,
temos que a força resultante que age sobre um corpo
é igual à massa vezes a aceleração, ou seja,
1 1
f= ou T = → →
T f F = ma,
, . 65
→ →
Substituindo a força (F) da equação F = ma em F = Agora temos a equação completa para explicar o
–kx , e isolando a, teremos fasor, a equação x(t) = Acos(ωt + ϕ) projetada nos eixos
x e y, fica

k → ^
x (t) = A(cos(ωt + 𝜙)x+sen(ωt + 𝜙)ŷ),
a=– x,
m
Ou seja, essa é a representação do vetor girante e a
Obtemos, então, a aceleração do componente
equação x(t) = Acos(ωt + ϕ) é uma forma bidimensio-
x do nosso MHS, sendo uma aceleração que não é
nal de representar o vetor ao longo do tempo, como
constante. podemos ver na figura a seguir

Importante!
Essa aceleração será essencial para nós no futu-
ro, então guarde ela!

Para encontrar as equações do MHS, que são a


posição e velocidade que dependem do tempo, ou
seja, x(t) e v(t), vamos analisar o movimento circular
de uma partícula:

Projetando a posição da partícula no eixo x, temos que


A equação x(t) = Acos(ωt + ϕ) é a função horária
para o MHS onde x é o deslocamento do MHS em fun-
x ção do tempo, A é a amplitude do movimento, ω é a
cosθ = ,
A frequência angular, t é o tempo e 𝜙 é o ângulo de fase
do MHS.
Assim, a posição da partícula pode ser encontrada, Vamos, agora, analisar a velocidade no MHS,
isolando x da equação acima

x = Acosθ.
Se considerarmos que em t = 0, o fasor é um núme-
ro complexo que representa uma função seno com
amplitude A, frequência angular ω e uma fase 𝜙, ele
é muito útil para representar um movimento de um
vetor que está no plano xy e está girando com velo-
cidade angular constante ω. Vamos tentar entender
melhor isso: Imagine antes de uma figura que de OP
faz um ângulo 𝜙 (positivo) com Ox, sendo assim, para
qualquer outro valor de t o ângulo θ = ωt + 𝜙, sendo o
Essa é a mesma figura em que analisamos a
ângulo 𝜙 uma fase. Podemos reescrever a equação x = posição da partícula. Agora, analisaremos a velo-
Acosθ, e teremos cidade, que está representada no Movimento

Circular Uniforme (MCU), sendo designada por vc e
66 x(t) = Acos(ωt + 𝜙), a velocidade projetada no eixo x e está representada

por v. Pelo zoom dado na partícula, podemos notar 3π
→ → sen(ωt+𝜙) = – 1 → ωt+𝜙 =
que v é a projeção de vc no eixo x, sendo assim:
2

v Logo, a velocidade máxima ocorre quando o obje-


senθ = ,
vc to passa pela posição de equilíbrio, onde a sua veloci-
dade, em módulo, será:
Do MCU temos as equações de velocidade e para o
ângulo inicial vmax = ωA.

v = ωR→v = ωA e θ = 𝜙+ωt. Agora, vamos analisar a aceleração no MHS, pri-


meiro observe a figura a seguir:
Vamos agora substituir as equações v = ωR→v = ωA
e θ = 𝜙+ωt em:

v
senθ =
vc

Logo, ficamos

vc = v ∙ senθ,

vc = ω ∙ A ∙ sen(𝜙+ωt),
Para ficar a mesma forma da equação x(t) = A
cos(ωt + ϕ), precisamos inverter os parâmetros do
seno e, para fazermos isso, precisamos utilizar as rela- A aceleração da partícula é representada analisan-
ções trigonométricas, então teremos do a projeção do seu movimento no eixo x, de modo
que temos
v(t) = – ω ∙ A ∙ sen(ωt+𝜙).
a
cosθ = ,
Vamos explicar agora o por que aparece o sinal acp
negativo na expressão (19) e, para isso, vamos preci-
sar fazer o uso de algumas relações trigonométricas. Assim, isolando a, encontramos
A primeira temos;
sen(a+b) = sen(a)cos(b)+sen(b)cos(a)
E uma segunda relação, é
a = acp cosθ,
–sen(b+a) = –sen(b)cos(a) – sen(a)cos(b)
Onde θ = 𝜙+ωt e como fizemos na equação vc = v ∙
Podemos isolar o sinal de menos na segunda senθ, teremos
expressão e teremos,
–sen(b+a) = –[sen(b)cos(a)+sen(a)cos(b)],
Ao isolar o sinal de menos da equação acima, per-
a = –acp cos(ωt+𝜙),
cebemos que voltamos na nossa primeira equação
Onde acp é a aceleração centrípeta sofrida pela par-
(sen(a+b) = sen(a) cos(b) + sen(b)cos(a)), mas com um tícula e ela é definida por acp = ω2A,
sinal de menos na frente, sendo assim, ao fazer o uso Substituindo em:
dessas relações, podemos mostrar que –sen(b+a) = –
[sen(a+b)]. Por isso temos um sinal de menos ao fazer 3π
uma transformação da equação vc = ω ∙ A ∙ sen(𝜙+ωt) sen(ωt+𝜙) = – 1 → ωt+𝜙 =
2
para v(t) = – ω ∙ A ∙ sen(ωt+ϕ).
Como a v c tem sentido contrário a x o sinal nega-
Obtemos:
tivo da equação vc = ω ∙ A ∙ sen(𝜙+ωt) está correto. Com
essa equação é possível analisar quando teremos a
velocidade máxima que qualquer objeto pode ter em a = – ω2 ∙ A ∙ cos(ωt+𝜙)
um MHS, sendo assim, os valores máximos e mínimos
para o seno é 1 e -1, então temos Podemos analisar que da equação vmax = ωA temos
o mesmo termo encontrado na equação x(t) = Acos(ωt
FÍSICA

+ 𝜙), sendo x(t) = A cos(ωt+𝜙) e a(t) = – ω2 ∙ A ∙ cos(ω-


π t+𝜙), na equação da aceleração podemos simplificar
sen(ωt+𝜙) = 1 → ωt+𝜙 =
2 como a =– ω2x.
A aceleração máxima ocorre quando um objeto no
MHS está no máximo da amplitude ou analisando a
e equação a = –acp cos(ωt+𝜙), temos 67
cos(ωt+𝜙) = 1 → ωt+𝜙 = 0 T V
0 0
e
T
– ωA
cos(ωt+𝜙) = –1 → ωt+𝜙 = π. 4
T
0
Sendo assim, em módulo: 2
3T
a = ω2A. ωA
4
Para que possamos compreender melhor todos T 0
os conceitos apreendidos até agora sobre o MHS e
também nos ajudar sobre os próximos conceitos que Gráfico da velocidade versus o tempo, utilizando
serão sobre a energia do MHS, vamos analisar os grá- a equação:
ficos de posição versus tempo, velocidade versus tem-
po e aceleração versus tempo, considerando 𝜙 = 0 e π
sen(ωt+𝜙) = 1 → ωt+𝜙 =
ω = 2π/T. Primeiramente vamos analisar o gráfico da 2
posição versus tempo de acordo com a equação x(t) =
A cos(ωt + 𝜙).
Como ela é negativa e temos a função seno, tere-
mos um gráfico com a concavidade para cima e come-
çando em zero.
Por fim, vamos analisar o gráfico da aceleração

T X
0 A
T
0
4 T A
T 0 – ω2A
–A
2 T
0
3T 4
0
4 T
ω2A
T A 2
3T
Gráfico da posição da partícula ao longo do MCU 0
4
com a tabela de valores com as posições mais relevan-
T – ω2A
tes do objeto.
Para a velocidade versus tempo, temos
Gráfico da aceleração versus o tempo, utilizando
a equação a = –acp cos(ωt+𝜙), como ela é negativa e
temos a função cosseno, podemos observar que o grá-
fico já começa em (– ω2A), pois o valor de T = 0.
Com o auxílio dos gráficos e das tabelas acima,
vamos agora fazer uma análise da energia do MHS.
A única força que atua sobre o nosso bloco, referen-
te à primeira figura, é a força conservadora da mola,
considerando-a como uma mola ideal, não temos for-
ças horizontais e assim a energia mecânica total do
sistema é conservada. Supondo também que a mola
68 não tem massa.
A energia cinética é dada por Da equação:

mV2 mvx2 k
K= →k = , a=– x
2 2 m

E a energia potencial
Você lembra que falei para guardar essa relação
que em alguma hora eu iria utilizá-la? Pois é, não era
kx2 mentira, a = – ω2 x = – kx/m, sendo a massa igual a m =
U= . k/ω2, e substituindo a m na equação acima, obtém-se:
2

Em alguns lugares você pode encontrar represen- kA2sen2 (ωt+𝜙) kA2cos2 (ωt+𝜙)
tando a energia cinética e a energia potencial por Ec e E= + ,
Ep, mas é apenas uma forma de representar. 2 2
A energia mecânica total é E = K + U, logo, temos
Temos um termo em comum na equação acima,
que é kA2/2, logo, isolando esse termo, temos
mvx2 kx2
E= + ,
2 2
kA2
E= (sen2(ωt+𝜙)+cos2(ωt+𝜙))
Como estamos em uma única dimensão, v = vx 2
, a energia mecânica total E está relacionada com a
amplitude do movimento A, que é seu deslocamento Há uma relação trigonométrica em que cos2 θ+sen2
máximo a partir do ponto de equilíbrio. Sendo que o θ = 1, logo temos
bloco vai indo de -A até A, com as velocidades iguais a
zero nestes pontos, vx = 0. Assim, nestes pontos a ener-
gia é inteiramente potencial, e kA2
E= ,
2
kA2
E= , Conseguimos provar, utilizando as equações da
2 posição e velocidade, a conservação de energia no
MHS.
Como E é constante, logo, seu valor sempre será Agora uma dica que deixo para você é: refaça as
igual a kA2/2 em qualquer outra posição. Assim, pode- contas que foram realizadas, para ter um aprendiza-
mos voltar na equação: do ainda maior sobre o MHS.

kx2 CONCEITOS BÁSICOS DE ONDAS E PULSOS


U=
2
Pulso
E teremos:
As ondas estão presentes em praticamente tudo
que está ao nosso redor, seja para enxergamos algo,
mvx2 kx2 kA2 enviar mensagens, assistir TV, ouvir músicas etc.
E= + = = constante. Podemos falar de muitos outros exemplos do uso das
2 2 2
ondas, mas vamos nos atentar em apenas algumas por
Você encontrou mais acima no texto relações para agora. Para começarmos os estudos de ondas, imagi-
a posição e velocidade, para o MHS, assim é uma boa nemos um sistema, em que temos um pistão, que pode
hora para você pensar: será que se eu usar essas rela- se movimentar na vertical, com uma corda presa a
ções na equação acima, o que podemos encontrar? ele e a corda fixa em outra extremidade, para ficar
Para isso vamos utilizar as equações x(t) = Acos(ωt + mais fácil de analisar essa situação, observe a figura
𝜙) e vc = ω ∙ A ∙ sen(𝜙+ωt) e substituir em: a seguir.

mvx2 kx2 kA2


E= + = = constante
2 2 2

E assim, teremos:

m(– ωAsen(ωt+𝜙))2 k(Acos(ωt+𝜙))2


E= + ,
2 2
FÍSICA

Elevando ao quadrado os termos, encontramos

mω2 A2 sen2 (ωt+𝜙) kA2cos2 (ωt+𝜙)


E= + ,
2 2
69
Quando o pistão realiza o movimento de subir e
descer, ele produzirá uma onda que irá se propagar
na corda, como podemos analisar na figura, essa per-
turbação é conhecida como pulso. Um pulso faz parte
de uma onda, agora quando temos o movimento de
sobe e desce do pistão repetidas vezes, teremos uma
sequência de pulsos, formando assim um trem de
ondas. O pulso se move sem alterar a estrutura da
corda, ou seja, os outros pontos na corda não sofrem
deformação, mas quando o pulso passa, eles se defor-
mam e depois voltam a posição original, assim o que Podemos ter uma situação onde temos os dois
se propaga é a energia e a deformação da corda. movimentos longitudinais e transversais, assim tere-
mos as ondas mistas. Podemos ver esse movimento
Ondas na superfície de líquidos.
Vamos imaginar um canal com água, com uma pla-
Vamos agora estudar um pouco sobre ondas. De ca que pode se movimentar para frente e para trás na
modo geral as ondas transportam energia e movimen- extremidade esquerda. Assim, ao fazer uma perturba-
to de um ponto ao outro, mas sem transportar maté- ção que se propaga ao longo do canal, as partículas
que estão na superfície do líquido descrevem trajetó-
ria entre esses pontos. Temos as ondas sonoras, que
rias circulares, que tem componentes longitudinais e
podem se propagar em líquidos, sólidos e gases, mas
transversais. Como podemos ver na figura a seguir:
as elas não se propagam no vácuo. Também temos as
ondas luminosas, que se propagam em sólidos (caso
eles forem transparentes ou translúcidos), em líqui-
dos, em gases e também no vácuo.
Além disso, as ondas podem ser classificadas em
ondas transversais, longitudinais e mistas.
Vamos agora classificar essas categorias de ondas:
Começando com as ondas transversais, primeiro
vamos imaginar uma corda esticada (mesmo exem- Além da classificação das ondas, podemos também
plo dado acima com o Pulso), assim ao agitar o lado analisa-las por sua dimensão de propagação.
esquerdo da corda, temos uma agitação se propagan- Como assim? Você deve estar se perguntando. Nós
do durante a corda, da esquerda para a direita. Então vivemos em um mundo em três dimensões, mas ainda
temos que o pulso produzido vai se propagando na temos uma dimensão e duas dimensões que consegui-
corda, mas o deslocamento neste meio é perpendicu- mos analisar e interagir. Exemplos de duas dimensões
lar ou transversal à direção de propagação da onda, são jogos de plataforma como Super Mario World
tendo o movimento designado por onda transversal. (para quem é mais velho).
Ainda há espaço para uma discussão de quantas
dimensões temos no nosso universo. Definimos mui-
tas vezes as dimensões como eixos no plano cartesia-
no. Assim, em uma dimensão uma partícula pode se
mover apenas no eixo x ou y ou z. Agora para duas
dimensões trabalhamos com dois eixos, formando
assim um plano de coordenadas, sendo um plano xy e
agora para três dimensões relacionamos os três eixos
para definir a posição de algo no espaço.
Agora, analisaremos outra situação, em que temos Podemos sim ter mais dimensões, mas fica muito
uma mola presa, parecido com o mesmo esquema complicado exemplificá-las.
apresentado acima, (quem já brincou com mola malu- Podemos sim ter mais dimensões, mas fica muito
ca pode ter percebido essa situação). Ao realizar uma complicado exemplifica-las. Terminando assim e se
perturbação, puxar a mola para frente e para trás, lembrando sobre dimensões vamos falar de alguns
teremos uma vibração paralela à direção do movi- exemplos, mas relacionados com ondas.
mento do pulso. Cada partícula que compõe a mola Vamos primeiro exemplificar as ondas unidimen-
oscila para frente e para trás e na mesma direção de sionais, ou seja, são ondas que se propagam em ape-
propagação da onda, tendo esse movimento o título nas uma dimensão, por exemplo, cordas de violão,
de onda longitudinal. linha da pipa, entre outras.
As ondas bidimensionais são aquelas que se
Existem outros exemplos desse tipo de onda, como
propagam em um plano, por exemplo, ondas sobre a
o som produzido por um alto-falante, mas você pode
água e por fim, as ondas tridimensionais são aquelas
se perguntar, como é produzido esse som e como é que se propagam nas três dimensões, como as ondas
essa onda? A resposta é que a vibração promovida sonoras.
pela bobina altera a pressão do ar e as partículas que Agora precisamos saber qual é a natureza dessas
são arrastadas, ou seja, temos uma massa de ar que é ondas. Elas podem ser de dois tipos, ondas mecânicas e
colocada em movimento. Podemos exemplificar essa eletromagnéticas. Vale ressaltar que a diferença entre
70 ocorrência na imagem a seguir: elas é o vácuo. Explicaremos isso mais detalhadamente.
As ondas mecânicas são ondas que precisam de a distância entre dois vales ou duas cristas, como um
um meio para se propagar. Ela se forma quando há comprimento de onda, designado pela letra grega
uma perturbação em um meio elástico, ou seja, a onda lambda (λ).
precisa de um meio material para se propagar como o
ar, água, osso (como alguns fones de ouvido), cordas,
entre outras.
As ondas eletromagnéticas são geradas pela osci-
lação de cargas elétricas, logo, uma carga elétrica em
movimento gera uma onda eletromagnética, como
ondas de rádio, raios-X, ondas luminosas, entre outras.
Além disso, essas ondas podem se propagar no
vácuo e em meios materiais. Vale ressaltar que elas
são muito usadas hoje em dia, como por exemplo, em
redes móveis e wi-fi.
Outro ponto a ser notado é que as Ondas eletro-
magnéticas são definidas por um campo elétrico e O comprimento de onda é então definido pela
campos magnéticos, oscilando perpendicularmente menor distância entre dois pontos que oscilam em
entre sim e se propagando no espaço, observe a figura fase, mas excluir quando temos dois pontos que não
a seguir: estão em fase, podemos definir o meio comprimento
de onda (λ/2). Quando começamos a estudar física, um
dos primeiros conceitos que aprendemos é sobre a
velocidade, que é definido pela variação da distância
dividido pela variação do tempo, ou seja


→ Δx
V= ,
Δt

A velocidade é um vetor, mas vamos trabalhar


com ela em módulo. A distância para o caso de ondas
→ → é Δx = λ e o tempo é Δt = T, onde T é o período, substi-
Os componentes de E e B são semelhantes, têm tuindo tudo isso na equação F α x, teremos
o mesmo período, mas em direções perpendiculares.

Ondas Periódicas λ
v= .
T
Já tratamos sobre ondas em geral, agora vamos
começar a especificar cada um dos temas citados, mas No início dos nossos estudos, tratamos sobre alguns
primeiro precisamos definir alguns conceitos mate- conceitos sobre período, frequência e ciclo, você lem-
máticos que serão a nossa ferramenta de trabalho, bra? Então, ao analisar a equação F = –kx, podemos
não precisa se assustar. substituir a frequência, e assim teremos
As ondas periódicas, em poucas palavras, são
ondas (uma sequência de pulsos) que oscilam de for-
ma idêntica em intervalos de tempos iguais, definido
v = λf,
isso podemos terminar por hoje, brincadeira ainda
Lembrando que a velocidade dos pontos que osci-
temos muito trabalho pela frente. Um bom exemplo
lam em MHS é dada pela equação: v(t) = – ω ∙ A ∙ sen(ω-
para esse tipo de onda é o Movimento Harmônico
t+𝜙), v(t) = – ωA\sen(ωt+𝜙).
Simples, ou simplesmente MHS, que será estudado
Tratamos acima de ondas periódicas transversais,
mais adiante. Para que seja melhor a sua compreen-
agora estudaremos as ondas periódicas longitudi-
são vamos analisar a figura a seguir:
nais. Também vimos os conceitos de ondas e demos um
exemplo para ondas longitudinais, o som se propagan-
do no ar, vamos agora dar outro exemplo: ondas longi-
tudinais promovidas por um cilindro que contém um
gás com um êmbolo, em uma das suas extremidades,
quase uma seringa. Observe a figura a seguir:

Nesta figura, há uma onda produzida por um MHS,


FÍSICA

onde A é a amplitude da onda e v a velocidade de


propagação. Em todos os pontos dessa onda, temos a
mesma frequência e amplitude da fonte, ou seja, um
movimento periódico. Em todas as ondas, temos os
pontos mais altos e os mais baixos, eles são denomina-
dos cristas e vales, respectivamente. Definimos então 71
Imagine que esse êmbolo fique oscilando em MHS, z O raio de onda é sempre perpendicular, isso é, tem
promovendo assim ondas longitudinais. Quando o um ângulo de 90º com a frente de onda.
êmbolo executa seu movimento, ele comprime o gás,
o que faz com que as moléculas fiquem agrupadas em
uma determinada região, e em outras regiões com
poucas moléculas do gás. Como o êmbolo faz esse
movimento na horizontal, de forma periódica, produ-
zirá várias regiões de moléculas agrupadas e regiões
com poucas moléculas, de maneira bem padroni-
zada. Podemos fazer uma analogia com o caso das
ondas longitudinais, isto é, onde temos regiões com
moléculas agrupadas identificamos como picos e as
regiões com poucas moléculas são os vales, você está
de acordo com isso? Sendo assim, podemos, refazer
as mesmas considerações acima e também iremos,
encontrar que a velocidade é v = λf.
Como falamos anteriormente, as ondas mecânicas
precisam de um meio elástico para se propagarem,
logo a velocidade irá depender deste meio. Se anali-
sarmos, veremos que essas ondas dependem somente
das características do meio, que podem ser a densida- Reflexão
de e a elasticidade.
Um exemplo dessa ocorrência é a sirene de uma A reflexão de ondas está presente em nosso cotidia-
ambulância que depende somente das propriedades no e é graças a ela que conseguimos enxergar, afinal,
do ar, e não do movimento da ambulância, Cabe, aqui, os raios de luz providos de uma fonte luminosa, ao
um questionamento: Quando uma ambulância passa chocar com os diversos elementos que estão ao nos-
por você o tom dela aumenta e logo em seguida dimi- so redor, são refletidos até chegar aos nossos olhos.
nui, não é mesmo? Essa dúvida será sanada quando Assim, quando uma onda colide com algum objeto e
formos estudar sobre o Efeito de Doopler. sua energia não é absorvida, mantêm-se todas as suas
propriedades, entretanto sua direção muda e para
FENÔMENOS ONDULATÓRIOS este fenômeno damos o nome de reflexão.

Os efeitos ondulatórios estão bastante presentes


em nosso cotidiano, nossa comunicação quase inteira-
mente depende de ondas, seja para falarmos e ouvir-
mos com as ondas sonoras emitidas por quem fala e
ouvida por nossos ouvidos, seja ao vermos tudo que
está ao nosso redor, afinal isso tudo depende da luz,
que, por sua vez, é uma onda eletromagnética (vere-
mos mais para frente sobre isso).
Mas, a forma com que as ondas se propagavam
intrigava os filósofos naturais e, entre eles, viveu um
filósofo, físico, matemático e astrônomo (chamado)
Chistiaan Huygens, um holandês que viveu no século A reflexão de ondas respeita duas leis, sendo elas
XVII e formulou as bases para a teoria ondulatória da
luz. z O raio incidente, o raio refletido e a reta normal1
Huygens propôs que a propagação das ondas acon- situam-se no mesmo plano.
tece, pois, cada ponto da frente de onda atua como z O ângulo refletido β possui o mesmo valor do
uma fonte que gera uma onda através de transferên- ângulo refletido α obedecendo a lei de Snell:
cia de energia, mantendo as características da onda
inicial. Estes pontos são chamados de fontes secun- sen(α) va
dárias e as ondas geradas por eles são chamadas de =
sen(β) vb
ondas secundárias.
A proposta de Huygens resulta em três Refração
consequências:
Vimos que a reflexão ocorre quando uma onda coli-
z A frente de onda A’ é a que envolve todas as ondas de com um objeto que não absorve sua energia, mas
secundárias criadas pelas fontes secundárias. muda sua direção. Entretanto, uma onda que muda de
z A distância entre A e A’ em uma onda periódica é o meio de propagação tem sua velocidade alterada e
comprimento de onda λ. chamamos este fenômeno de refração.

72 1 A reta normal é traçada perpendicularmente à superfície no ponto de incidência da onda.


Imagine os raios de luz vindo do Sol, no vácuo eles possuem a mesma frequência f, mesmo comprimento de λA
onda e a mesma velocidade de propagação vA, entretanto, ao entrar na atmosfera terrestre, eles sofrem o efeito
de refração e sua velocidade muda, passando a ser vB e, consequentemente, o comprimento de onda λB também
será diferente, afinal

vA = λA ∙ f e vB = λB ∙ f.

O ângulo de incidência também será diferente do ângulo refratado, pois

sen(α) vA λA ∙ f
= =
sen(β) vB λB ∙ f ,

Como a frequência continua a mesma nos dois meios, nossa relação simplifica da seguinte forma

sen(α) vA λA
= =
sen(β) vB λB

A partir dessa relação, podemos verificar que existe uma relação direta entre a velocidade de propagação de
uma onda e os ângulos de incidência e refratado.
Quando uma onda passa do meio A, cujo vA é maior que a velocidade vB, no meio B, o ângulo de incidência α
é maior que o ângulo refratado β.
Na situação reversa, quando a velocidade vA, no meio A, é menor que vB, no meio B, o ângulo de incidência α é
menor que o ângulo refratado β. Ambos os casos estão retratados nas figuras a seguir:

normal
λA

α
A
B

β λB
FÍSICA

73
normal Em geral não vemos a luz difratada pois os obs-
λA táculos presentes ao nosso redor possuem tamanhos
bastante superiores ao comprimento de onda da luz,
mas podemos ver os efeitos de difração da luz ao
apontar um laser em um fio de cabelo. Como mensu-
rado anteriormente, costumamos observar este efeito
α com o som, pois possui comprimento de onda com a
mesma proporcionalidade da maioria dos obstáculos
A que estão ao nosso redor.
λB B
β

Dica
fA = fB fA = fB
λA > λB λA < λB
Se vA > vB→ α > β Se vA < vB→ α < β

Difração

Uma característica da propagação de onda é que


ela segue a direção na qual aponta o raio de onda, Eco e Reverberação
entretanto, como é possível ouvir uma pessoa em um
cômodo diferente do que estamos, ou ouvir alguém Dois efeitos que estão diretamente ligados à refle-
falando do lado oposto de um muro? Isso só é possível xão são o eco e a reverberação. Esses dois efeitos con-
em decorrência a um efeito físico chamado difração. sistem no encontro de uma mesma onda com o seu
reflexo em um ponto do espaço.
Imagine que uma onda foi emitida em todas as
direções e que uma parcela delas foi refletida por
algum anteparo qualquer. Em um determinado tempo
e em um ponto do espaço, as ondas podem se encon-
trar e interagir.
O que diferencia um fenômeno do outro é o tempo
em que a onda refletida encontra a onda que foi emi-
tida sem que ocorresse nenhuma interação. Se o tem-
po de encontro for menor que 0,2 segundos ocorre
a reverberação, isso é, a amplitude da onda é aumen-
tada e isso é bastante comum nas igrejas medievais
que mesmo uma pessoa sem microfone consegue
falar para o público.
Se o tempo de encontro dessas ondas for superior
a 0,2 segundo ocorre o eco e é bastante comum quan-
do gritamos em um penhasco e escutamos algumas
vezes o som que emitimos.

Interferência
A difração é o encurvamento das ondas ao se
depararem com as bordas de um obstáculo ou de Até agora, estudamos as ondas se propagando em
fendas que possuem a mesma ordem de grande- um sentido, podendo até mesmo mudar sua direção,
za do comprimento de onda. Se o comprimento de e vimos que esse fenômeno é chamado refração. Mas
quando uma onda é refletida, o que acontece? Por
onda for relativamente menor em comparação com
exemplo, ao gritarmos próximo de um penhasco, con-
a barreira ou fenda, o efeito não ocorre, ou quando
seguimos ouvir o eco, ou seja, a onda que foi propaga-
ocorre, é de maneira bastante sutil, pois a onda atra- da em um sentido refletiu ao bater em um obstáculo
vessa a barreira. Já quando o comprimento de onda e mudou seu sentido. Entretanto, se continuarmos
é da mesma ordem de grandeza que o comprimento a gritar durante a reflexão do grito inicial, as ondas
de onda, ao atravessar uma fenda, o efeito acontece sonoras interagirem e se superpõem, e o efeito de
74 como mostrado na figura acima. superposição de ondas é chamado de interferência.
O princípio da superposição de ondas é o fenôme- corda. Imagine dois cenários, primeiro uma onda em
no do encontro entre duas ondas e, para calcular o uma corda, onde temos uma extremidade presa e outra
deslocamento destas ondas em qualquer momento, quando temos essa mesma onda, mas agora a corda
basta somar a função de onda de cada uma das ondas está solta na extremidade. Para te ajudar a imaginar,
envolvidas. observe a figura a seguir.
Ao se superporem, as ondas podem sofrer dois
tipos de interferências: interferência construtiva e
interferência destrutiva.
Quando duas ondas estão em fase e se encontram
no espaço, acontece uma interferência construtiva,
conforme vemos na figura da esquerda e, quando as
ondas estão fora de fase, o que ocorre é uma interfe-
rência destrutiva, conforme a figura da direita.

→ →
v v →
v

v

Para estudarmos como funciona um violão, preci-


Interferencia Construtiva Interferencia Destrutiva
samos analisar uma situação em que as extremidades
da corda estão fixas, caso contrário, não temos como
tocar o vilão. Iremos considerar a superposição de
duas ondas que se propagam em uma corda, sendo
→ → → →
uma incidente e outra a refletida.
v v v v A corda oscila para cima e para baixo em MHS
(notou que o MHS está aparecendo em tudo. Por isso
que eu falei que ele era muito importante), pensa que
a onda oscila da esquerda para direita, assim que ela
chega na extremidade da direita ela irá bater e voltar.
Mas temos outras ondas sendo produzidas que estão
Nas figuras estão representados apenas um pul-
indo e voltando, imagine essa situação! Quando uma
so de onda, mas as interferências ocorrem na sua
onda se encontra com outra, elas irão interagir, agora
totalidade. Os dois casos são consequências diretas
como vai ocorrer essa interação é o que precisamos
da superposição das ondas, visto que ao interagirem
entender.
somamos as funções de onda de cada uma e obtemos
uma função de onda resultante. Então temos uma onda que está se propagando ao
longo dessa corda e sua amplitude é constante e a sua
Ressonância velocidade não se altera, como vimos antes. O padrão
da onda se mantém constante e a sua amplitude se
Quem nunca acompanhou nos programas de audi- move na corda, como mostra na figura a seguir:
tório onde desafiam um participante a quebrar uma
taça de cristal com a voz? Para que isso ocorra é neces-
sário que o participante, em geral, um tenor ou qual-
quer pessoa que tenha um controle grande da sua voz
emita um som com a mesma frequência que as partí-
culas da taça vibram, aumentando a amplitude dessa
frequência até que o material quebre.
O fenômeno envolvido no exemplo citado acima é a
ressonância. Isso é quando um sistema recebe uma for-
ça externa periódica, no qual possui a mesma frequên-
cia do sistema oscilante, eles entram em ressonância
e passa a oscilar com frequência maior. Este efeito é
bastante comum em parques, em que crianças, balan-
çando, são empurradas por um adulto e a amplitude do
movimento do balanço se torna cada vez maior. Se analisarmos o movimento da onda, iremos per-
O efeito está presente em muitos outros exemplos ceber que existem pontos que nunca se movem, onde
de nosso cotidiano que, aparentemente, não possuem esses são chamados de nós, que está indicado pela
nenhuma característica ondulatória, entretanto, basi- letra N, entre os nós teremos pontos onde a ampli-
camente todas as partículas ao nosso redor estão varian- tude é máxima, esses pontos vamos chamar de ven-
do, porém, de forma quase sempre imperceptível. tre, designado pela letra V. Temos então um padrão
de onda que aparentemente não se move ao longo da
FÍSICA

ONDAS SONORAS corda, e é chamada de onda estacionária, ao contrá-


rio, temos ondas progressivas, que se movem ao longo
Já estudamos muitas propriedades das ondas até da corda.
agora, a partir desses conceitos vamos estudar as Já podemos analisar o violão! Como temos cor-
ondas sonoras. Então, primeiro, vamos analisaremos das presas nas duas extremidades, ao realizar uma
algumas situações da onda se propagando em uma vibração teremos então uma onda estacionária com 75
determinadas frequências, que são de ressonância do
nv
sistema, dando origem as ondas estacionárias. fn = ,
Observe a figura anterior, onde a onda em cinza 2L
escuro é uma onda se propagando e em cinza mais
Encontramos assim a frequência para o enésimo
claro é a onda que foi refletida. Nos pontos onde
termo que é a frequência fundamental multiplicada
a extremidade da corda está presa, temos nós, para
por n vezes. Pela equação:
cada modo de vibração, temos os harmônicos.
Para o primeiro caso, temos o primeiro harmônico nv
que possui um ventre, já para o segundo harmônico, fn =
2L
temos dois ventres e assim por diante. Agora preci-
samos recuperar uma informação fornecida acima;
É possível perceber que a frequência fundamen-
é sobre o comprimento de onda, definimos que ele tal depende somente da velocidade e do comprimento
é o menor comprimento de dois pontos que oscilam, da corda, mas para produzir um som a corda preci-
assim, para o de meio comprimento, é sa estar bem tensionada, certo? Por exemplo, caso
você coloque as cordas em um violão e não as aperte
(afinar o violão), como será o som? Não teremos som
λ1 algum, será algo bem diferente que o violão pode pro-
L= ,
2 duzir. Assim se então apertarmos as cordas do violão,
tencionando-as, as cordas irão produzir um som mui-
Ou seja, o comprimento de onda do primeiro har- to melhor.
mônico é Então para produzir o som são mais importantes
a tensão e a densidade linear da corda, que influencia
a velocidade de propagação da corda. Ao relacionar
λ1 = 2L, essas ideias teremos

Para o segundo harmônico será

λ2 2L
v= √ T
µ
,

L=2∙ → λ2 = .
2 2
Onde T é a tensão da corda e µ é a densidade linear,
Podemos encontrar uma relação entre os compri- logo substituindo essa equação em:
mentos de onda em cordas vibrantes, caso formos
prosseguindo com as relações acima, iremos encon- nv
fn =
trar que uma relação para qualquer comprimento de 2L
onda, em matemática dizemos para o enésimo termo,
assim podemos escrever Teremos

λn =
2L
n
, fn =
n
2L
√ T
µ
.

Sendo n = 1, 2, 3, até o infinito e além. Com a rela-


Essa equação nos dá a frequência fundamental de
ção do comprimento de onda, podemos encontrar as onda sonora criada no ar, com ela podemos conhecer o
frequências de ressonância, com a equação v = λf, só porquê o som de um piano é mais grave do que o som de
para lembrar, é v = λf. Sabendo que a velocidade v será um agudo produzido por um violino. Como a frequên-
a mesma em todos os pontos da corda, pois ela depen- cia tem dependia inversa ao comprimento da corda (L),
de somente da tração que a corda está submetida e com uma corda mais comprida temos sons mais graves,
da densidade linear da corda. Podemos reescrever a produzindo assim baixas frequências, agora com cordas
equação v = λf para n valores mais curtas, como as de um violino ou violão, temos sons
mais agudos, ou seja, com altas frequências. A tensão (T)
é proporcional à frequência, então ao aumentar a ten-
v = λnfn, são, temos um aumento da frequência. Agora a densi-
dade linear também altera o som, assim quanto maior
Com isso, a frequência é dada por
for ela, menor será a velocidade, e consequentemente
a frequência, por isso, as cordas da guitarra são feitas
v de aço, para ter as notas mais baixar, fazendo com que
fn = , tenhamos aquele solo de guitarra.
λn Entendemos até agora como o som é produzido em
cordas fixas, mas após termos ele produzido ele se pro-
Podemos substituir o valor do comprimento de paga e chega até o nosso ouvido, que é por onde julga-
onda, encontrada em: mos se a pessoa sabe ou não tocar um violão. Vamos
agora estudar como ele se propaga no ar e em outros
2L meios também (como em meios gasosos, líquido e soli-
λn = do), em sólidos? Você já deve ter percebido isso quando
n
76 você estava dormindo e seu vizinho ligou o som alto
em um domingo. O som é uma onda longitudinal, como O som reforçado ocorre quando o som da fonte
havíamos visto acima, sendo assim, temos as proprie- reflete em uma superfície e chega até um ouvinte. Per-
dades já estudadas acima sendo aplicadas porém, elas cebemos um som em um tempo muito menor que 0,1
são ondas mecânicas, ou seja, precisam de um meio s, é possível perceber outro som, sendo que o interva-
para se propagar. Uma forma mais simples de visua- lo entre os dois sons será imperceptível, assim o som
lizar as ondas sonoras é em ondas senoidais, que tem inicial será amplificado. É possível fazer uma compa-
valores bem definidos para a amplitude, frequência e ração com o seu estudo de ondas feito anteriormente,
comprimento de onda, como já vimos antes. que quando duas ondas são refletidas em uma parede,
O nosso ouvido é bem sensível às ondas sonoras, caso elas tenham a mesma amplitude, comprimento
assim, crianças podem ouvir sons com frequências de onda e fase, elas se sobrepõem e temos uma ampli-
entre 20 e 20.000 Hz¸ que está na faixa do interva- tude maior. Agora, para o fenômeno de reverbera-
lo audível, mas para frequências maiores, temos o ção, o ouvinte percebe que o som da fonte se prolonga
ultrassom e, para menores, o infrassom, vamos ana- um pouco mais, e esse fenômeno pode ser percebido
lisar a imagem abaixo. em palestras em auditórios, onde as ondas sonoras
percorrem todo o ambiente até chegar no ouvinte e
infrassom som audível ultrassom o atraso desse caminho é compensado pela reverbe-
ração. O fenômeno de eco é aquele em que você pode
gritar do alto de uma montanha e perceber que seu
0 20 20.000 f som se repetiu. Isso ocorre quando a onda emitida é
refletida com um tempo maior de 0,1 s, logo, é preciso
de ambientes com pouco objetos.
relembraremos agora a propagação do som em um
gás, observe a figura abaixo
Tubos Sonoros

Agora você já consegue julgar se uma pessoa sabe


tocar um violão e ainda como montar um estúdio de
música, com os conceitos de difração e reflexão das
ondas. Então, vamos para um instrumento que não
pode faltar em uma boa banda, que é a flauta doce.
Disse isso porque vamos estudar os tubos sonoros,
que são basicamente ondas estacionárias, agora den-
tro de um tubo. Nesse caso teremos os mesmos concei-
tos aprendidos para as cordas presas, modos normais,
mas agora sendo produzido pelo ar dentro do tubo,
A onda se propaga de forma periódica e a distân- que também vai depender das características do tubo,
cia entre os centros de duas compressões ou de duas como comprimento e suas extremidades.
descompressões corresponde a um comprimento de Dessa forma, temos que os tubos sonoros podem
onda. Como já vimos antes, λ é o comprimento de ser de dois tipos; fechados e abertos em uma extremi-
onda e f a frequência da onda sonora, então podemos dade. Uma flauta pode ser um exemplo de tubo fecha-
definir a velocidade, v = λf. do nas duas extremidades (existem flautas com uma
extremidade aberta) e para um tubo fechado temos o
órgão (não de um ser humano e sim um instrumento).
Importante! Em um órgão o som é produzido pelo ar que passa
pelos tubos; o ar é fornecido pelos foles ou ventoinhas
Ondas transversais longitudinais ou mecânicas, que ficam na extremidade inferior do tubo. Assim,
não transportam matéria. essa corrente de ar passa por uma extremidade estrei-
ta e é direcionada para a parte superior, chamada de
boca do tubo. A coluna de ar dentro do tubo vibra
As ondas sonoras se propagam da mesma forma e teremos os modos normais possíveis, como no caso
que as ondas longitudinais, estudadas anteriormente, das cordas fixas. A boca do tubo sempre estará aber-
sendo assim, os fenômenos de difração e reflexão tam- ta, assim, em cada extremidade teremos um ventre,
bém se aplicam para as ondas sonoras. Dessa forma, como podemos ver na figura a seguir:
para uma onda difratar, as dimensões dos obstáculos
e o comprimento de onda precisam ser da mesma
ordem de grandeza.
Para ondas sonoras na faixa audível temos os com-
primentos de onda máximo de 17 m e mínimo de 1,7
cm. Como você pode encontrar esses valores? Não é
uma tarefa difícil, precisamos utilizar a relação v = λf,
isolando o λ e a velocidade do som no ar é 340 ms–1 e
utilizando a frequência máxima e mínima para o som
audível, 20.000 Hz e 20 Hz.
Para o fenômeno de reflexão da onda sonora tam-
FÍSICA

bém podemos usar os mesmos conceitos de ondas,


mas temos algumas peculiaridades. Quando uma
onda sonora reflete em alguma superfície podemos
ter três fenômenos: reforço, reverberação e eco.

77
Dessa maneira na frequência fundamental, f1, E assim a frequência fundamental é
temos um nó no meio de dois ventres que correspon-
de ao padrão de uma onda estacionária, e como vimos
v
anteriormente, o comprimento de onda é dado por f1 =
duas vezes o comprimento do tubo, ou seja, λ = 2L . E 4L
as frequências podem ser obtidas, também utilizando
os conceitos apreendidos anteriormente, sendo f = v/λ.
Assim, a frequência fundamental é

v v
f1 = → f1 = ,
λ 2L

Da figura anterior, podemos perceber que, nos


próximos harmônicos, o número de nós vão aumen-
tando, assim, para o segundo harmônico, temos dois
nós, para o terceiro, três nós e assim por diante, mas o
que isso implica? Agora, o comprimento da corda será
L/2, L/3 e assim por diante. Note que para o primeiro
harmônico tínhamos L e o comprimento de onda era
λ = 2L, agora teremos
O valor da frequência fundamental para o tubo
fechado é a metade do valor encontrado para o tubo
λ aberto, de mesmo comprimento. Agora o próximo
= L → λ = 2L, modo é quatro terços do comprimento de onda, ou
2
seja, λ3 = 4L/3 e assim a frequência pode ser encon-
trada f3 = 3v/4L. Para o próximo harmônico teríamos
λ L quatro quintos do comprimento de onda e a frequên-
= → λ = L, cia seria f5 = 5v/4L , e assim por diante. Logo, podemos
2 2
relacionar com a frequência fundamental e teremos

λ L 2L fn = nf1
= →λ= ⋯
2 3 3 Do mesmo modo para o tubo aberto, só que agora
o valor de n não é o mesmo, ele precisa ter valores
E assim, a frequência é impares, ou seja, n = 1, 3, 5, 7 ... . Para tubos fechados
somente as frequências impares são possíveis.
v v
f1 = → f1 = , Audição Humana
λ 2L
Um dos nossos cinco sentidos é a audição, que tem
v v como objetivo receber determinado som e processá-
f2 = → f2 = , -lo. Para isso, o órgão (agora não é um instrumento)
λ L são as orelhas, que fica responsável em captar os sons
e direcioná-los para as vias auditivas centrais, que
serão processados no sistema nervoso e compreendi-
v 3v
f3 = → f3 = ⋯ dos pelo córtex. Para que o som seja processado ele
λ 2L precisa ter uma intensidade e também uma frequên-
cia na faixa do audível, como visto antes.
Ou seja, as frequências são múltiplas da frequên- Em nós seres humanos, o som causa vibrações
cia natural, para n valores dentro da orelha, o que provoca movimentos da
membrana timpânica, onde esse movimento faz com
fn = nf1, que pequenos ossos, que são eles: martelo, bigorna
e estribo, esses ossinhos tenham como função movi-
Onde n é um número inteiro, começando em 1, mentação de líquidos dentro da estrutura óssea, a
sendo n = 1, 2, 3 ... . cóclea. Assim dentro da estrutura óssea temos alguns
sensores que vão captar e transmitir essas vibrações
E se tivermos um tubo com as duas extremidades
do som para o córtex. Parece que saímos um pouco
fechadas, como uma flauta (não fechado completa-
da física para entrar em biologia, mas não, temos
mente, pois caso isso aconteça, a flauta não produzirá
muitos conceitos físicos aplicados nessa área, em nos-
nenhum som). Em uma extremidade do tubo teremos
so sistema auditivo funciona dessa forma, mas em
um ventre e, na outra, extremidade teremos um nó,
baleias, por exemplo, usam a reflexão das ondas para
como podemos ver na figura a seguir. Para a frequên-
se orientar. Enquanto humanos têm uma faixa audí-
cia mais baixa, teremos que o comprimento de onda
vel, de 20 a 20.000 Hz, outros animais podem perceber
será frequências até 100.000 Hz, assim morcegos emitem
uma onda de até 50.000 Hz e com a sua reflexão, eles
78 λ1 = 4L podem identificar e desviar de obstáculos.
EFEITO DOPPLER Analisando a equação acima, podemos perceber
que quando o ouvinte se aproxima da fonte sonora,
O efeito doppler foi analisado primeiramente por (v0 > 0), ele percebe um som com uma frequência mais
Christian Doppler, cientista austríaco no século XIX, alta, em relação à frequência que ele ouvia quando
ele enunciou da seguinte forma: quando existe um estava em repouso. Agora quando o ouvinte se afasta
movimento relativo entre uma fonte sonora e um da fonte sonora, (v0 > 0), ele vai ouvir uma frequência
ouvinte, a frequência do som percebida pelo ouvinte é menor.
diferente da frequência do som da fonte. Esse fenôme- Vamos agora analisar o caso em que ambos estão
no pode ser percebido quando uma ambulância passa em movimento, agora a fonte se move com uma velo-
por você, parece que a frequência do som vai dimi- cidade vs. A velocidade da onda no ar é v, já que essa
nuindo quando passa por você. Isso ocorre porque as velocidade depende das propriedades do meio e não
frequências aparentes ouvidas pelo ouvinte, dos sons muda se a fonte se move ou não. Mas agora o compri-
mais graves agudos provem do movimento relativo mento de onda não é mais constante, ou seja, preci-
entre a fonte e o detector. samos contabilizar o deslocamento de um ciclo para
Antes de começar a analisar o efeito Doppler do o outro.
som, vamos agora estabelecer algumas relações que Assim o tempo de emissão de um ciclo de uma
irão nos ajudar. Vamos considerar um caso particular, onda para o outro é dado pelo período T = 1/fS. Duran-
em que a velocidade da onda e do ouvinte estão se te esse período a onda percorreu uma certa distância,
propagando em uma linha reta que os une. Ou seja, x = vt, assim a distância que a onda percorreu é x = v/
as velocidades designadas por (velocidade do som) e fS e fonte também se moveu, xS = vS/fS. Determinamos
(velocidade do ouvinte), sendo positivo o sentido do anteriormente que o comprimento de onda é a distân-
ouvinte O para a fonte sonoro S. cia entre duas cristas, ou seja, a distância determinada
Podemos analisar esse fenômeno de duas for- pelo deslocamento relativo entre a fonte e o ouvinte.
mas: uma quando o ouvinte está em movimento e Na figura a seguir podemos perceber que isso não
se cumpre nesse caso, sendo assim, as distâncias de
a fonte em repouso e a outra quando o ouvinte em
uma crista para a outra não são iguais, para o ouvinte.
movimento e a fonte também está em movimento.
Agora você pode se perguntar, como vamos resolver
Supondo então que um ouvinte O está se movendo
esse problema? A resposta é: precisamos analisar os
com uma velocidade e se aproxima de fonte sonora
dois comprimentos de onda, o que está à frente da
S, seria um caso em que você está se aproximando
fonte e os que estão atrás.
de um carro com um alarme ligado. A fonte está emi-
tindo uma onda sonora com frequência e com com-
primento de onda . Vamos imaginar esse caso, onde
temos um carro com um alarme acionado, conforme
a figura a seguir:

As cristas das ondas que são emitidas pela fonte


em movimento, do ponto a para b ficam comprimidas
na frente da fonte e se dilatam atrás da fonte. Em fren-
As ondas são separadas pelas mesmas distâncias, λ, te a fonte, o comprimento de onda é dado por
as cristas da onda se aproximam do ouvinte com uma
velocidade de propagação, onde devemos considerar v vS v – vS
a velocidade do ouvinte, que será (v+v0). Podemos ago- λf = – → λf =
ra definir a frequência f0, que é percebida pelo ouvin- fS fS fS
te, conforme visto anteriormente, f = v/λ, substituindo
E na parte atrás da fonte o comprimento da onda é
os valores para essa frequência temos

v+vS
v+v0 v+v0 v+v0 λa =
f0 = → f0 = → f0 = � � fS
λ v v
FÍSICA

Onde λf e λa são o comprimento de onda da parte


fs
da frente e da parte de trás da fonte sonora as ondas
se contraem ou distendem devido ao seu movimento.
v0 Tratamos até então uma fonte que estava em repou-
fs → f0 = � 1+ � fs. so, agora temos um exemplo de uma fonte em movi-
v mento e assim temos esse padrão das ondas que são 79
emitidas. Então para encontrar a frequência que é uma onda eletromagnética é compreendida como
percebida pelo ouvinte, substituímos a equação: campos elétricos e magnéticos variando no espaço.

v+vS
λa =
fS

Em

v+v0 v+v0 v+v0


f0 = → f0 = → f0 = � �
λ v v
fs
v0 Um exemplo de geradores de ondas eletromagnéti-
fs → f0 = � 1+ � fs cas são as antenas de transmissão de emissoras de tele-
v
visão. As antenas consistem em um aparelho que faz
com que os elétrons sejam acelerados em seu interior,
E teremos. cargas elétricas aceleradas geram campos elétricos
oscilantes que culminam em uma onda eletromagné-
tica. Basta que a emissora ajuste a frequência no qual
v+v0 v+v0 v+v0
f0 = → f0 = → f0 = � � fS quer emitir sua programação e que você ajuste os
λ v+vS v+vS receptores da sua casa para que eles captem a onda
fS eletromagnética com aquela determinada frequência.
Existem ondas eletromagnéticas com diversos
O que podemos perceber da equação é algo muito tamanhos de comprimento de onda λ, algumas cujo λ
importante, ela foi deduzida seguindo uma situação são da ordem de quilômetros, são as conhecidas ondas
particular, mostrado na figura acima, em que temos o AM e outras com comprimento de onda da ordem de
movimento do ouvinte e da fonte em uma linha reta. 10 –10m, são conhecidas como raio X
Mas tal equação pode ser usada para qualquer situação A luz visível é uma pequena parcela de todo espec-
onde temos um movimento do ouvinte e da fonte ao tro eletromagnético e ela vai do vermelho até o viole-
longo de uma linha reta. Caso eles estejam em repouso ta. As ondas com comprimento de onda menor que o
ou ambos estão com a mesma velocidade, sendo assim do vermelho são as ondas de rádio AM. As ondas de
e v0 = vS e f0 = fS. Agora, quando a velocidade do ouvinte TV, micro-ondas, radares e infravermelho, são ondas
vai no sentido contrário da fonte, ou seja, quando eles que carregam menos energia e estão presente cons-
estão se afastando, o sentido da velocidade que entra tantemente ao nosso redor. Estas ondas interagem
na equação deve ser negativo. Caso o ouvinte esteja em muito pouco com a matéria, logo não são prejudiciais
repouso, v0 = 0 a frequência será f0 = [v/(v+vS)]fS. Outro à nossa saúde.
caso que podemos ter é quando a fonte se move em Já as ondas mais energéticas, acima do violeta pre-
direção ao ouvinte, assim o ouvinte escuta uma fre- cisam de maiores cuidados. Embora utilizadas para
quência mais alta, agora caso contrário, quando a fonte formação de imagem como o raio X e ultrassonografia,
se afasta do ouvinte, temos que a frequência percebida há um número de vezes por ano que são indicadas,
pelo ouvinte será mais baixa. Assim explicamos as dife- acima desse número, a exposição do corpo humano
renças de frequências que você percebe quando uma a essas radiações podem causar danos como câncer.
ambulância passa por você.

Ondas Eletromagnéticas
ÓTICA
Os estudos sobre efeitos elétricos e magnéticos
são bastante antigos na Física e há relatos que eles se PRINCÍPIOS DA ÓPTICA GEOMÉTRICA
iniciaram com observações de fenômenos como raios
que ocorrem durante uma tempestade e de rochas de Vimos anteriormente a concepção da luz como
magnetitas presentes na Ilha da Magnésia na Grécia. uma onda eletromagnética, sendo que, a luz visível
Depois de muitos estudos de forma separada o mate- consiste em apenas uma pequena parcela do espec-
mático escocês James Clerk Maxwell reuniu diversos tro eletromagnético. Há atualmente uma concepção
trabalhos feitos até o momento e unificou as teorias moderna sobre a natureza da luz, no qual se baseia
da eletricidade e do magnetismo formulando a teoria em fenômenos quânticos, no qual se explica a intera-
eletromagnética. ção da luz com a matéria, que pode refletir e refratan-
A partir do estudo feito por Maxwell, que reuniu as do, uma característica ondulatória, ou então realizar
equações das teorias elétricas e magnéticas, pode-se a fotossíntese de uma planta, uma característica de
concluir que campos elétricos variando ao longo do partículas. Para o modelo quântico a luz possui uma
tempo induzem um campo magnético e também que natureza dual, uma natureza de onda-partícula.
um campo magnético oscilando ao longo do tempo Muito antes da atual concepção dual sobre a luz,
induz um campo elétrico. Este é aquele momento clás- muitos estudos foram feitos sobre ela e nomes como
sico que os cientistas da ficção gritariam ‘EUREKA!’, Isaac Newton, Chistiaan Huygens, Thomas Young
pois se um campo elétrico variando é fonte de um cam- foram importantes para o aprimoramento sobre
po magnético, e o campo magnético variando é fonte conceitos referentes à luz. Através desses estudos foi
de um campo elétrico, ao gerar um deles o outro será constituída um ramo da Física chamado Óptica, no
80 gerado, dando origem a onda eletromagnética. Logo, qual se propõe a estudar fenômenos sobre a luz de
forma simples, usando leis empíricas e esquemas geo- em decorrência da propagação retilínea da luz, o que
métricos dos raios de luz, que possuem seu percurso você observa é formação de uma sombra na placa
representados por linhas. conforme podemos observar na figura a seguir.

Tipos de Fonte

O fato de podermos enxergar só é possível se um


objeto emana luz ou reflete a luz de uma fonte lumi-
nosa, para que assim parte dos raios de luz cheguem
até nossos olhos. A partir disso, podemos perceber
que existem certos utensílios que transformam algum
tipo de energia em luz, tal como o gás contido nas
lâmpadas florescentes que ao ser exposto a um cam-
po elétrico emana luz, ou mesmo o Sol que converte a
energia das reações nucleares em luz. Para esses uten-
sílios damos o nome de fontes luminosas, também
conhecidas como fontes primárias.
Existem ainda algumas coisas que não transfor- Já quando a fonte de luz tem dimensões parecidas
mam algum tipo de energia em luz, mas que podem com o objeto que está em sua frente, como, por exem-
ser vistos e até mesmo confundidos como uma fonte plo, se substituirmos a bola do exemplo anterior por
luminosa, tal qual a Lua. Na verdade, o que realmen- uma menor, o que acontece é que passa a existir duas
te ocorre é que esses objetos refletem parcialmente a regiões na placa, uma que bloqueia totalmente a luz, e
luz de uma fonte primária e são chamados de fontes como vimos anteriormente se chama sombra, e outra
secundárias. região que recebe parcialmente a luz proveniente da
lanterna, no qual denominamos penumbra.
Meios de Propagação

Antes do modelo sobre a natureza da luz como


uma onda eletromagnética, os físicos se questiona-
vam que se a luz é uma onda, como ela se propaga
fora da atmosfera da Terra? Para que a teoria ondu-
latória da época funcionasse eles imaginavam que
havia um meio universal que não possui massa, mas
que preenche todo o espaço chamado éter luminífero.
Este éter foi descartado por nunca terem comprovado
sua existência. Mas como onda eletromagnética, um
raio de luz pode propagar no vácuo, como ocorre com
os raios de luz vindos do Sol. Além do vácuo a luz pode
se propagar em alguns tipos de matérias e classifica- Um exemplo de sombra e penumbra são os eclip-
mos os meios de propagação da luz em transparente, ses. Um eclipse ocorre quando o plano da órbita da
translucido ou opaco. Lua coincide com o plano da órbita da Terra. Nessa
Um meio de propagação em que a luz possa se pro- situação a Lua passa em frente ao Sol e parte da luz
pagar e que podemos enxergar claramente objetos solar é bloqueada por ela, formando uma sombra
através dele é chamado de transparente. Vidros poli-
na Terra e outra parte da luz forma uma penumbra.
dos são um exemplo deste meio.
A parcela dos locais encobertos pela sombra da Lua
Quando o meio permite a propagação da luz, mas
recebe o que chamamos de Eclipse Total, já a parcela
não conseguimos identificar a forma de um objeto,
que encoberta pela penumbra recebe o que chama-
apenas conseguimos identificar que algo está por
mos de Eclipse Parcial.
detrás deste meio, é chamado de translúcido. Este
tipo de meio em geral absorve parcialmente a luz que Quando a Lua passa por de trás da Terra na mes-
passa por ele e podemos exemplificar os vidros foscos ma situação descrita anteriormente, ocorre o Eclipse
como exemplos de meios translúcidos. Solar, neste caso a Lua é totalmente encoberta pela
Já alguns meios impedem totalmente a passagem sombra da Terra. O que é uma péssima notícia para
da luz, absorvendo ou refletindo a luz que chega até quem acredita no formato da Terra plana, pois sua
eles, são chamados de opaco. Uma parede de tijolo ou sombra é redonda.
uma porta de madeira são exemplos de meios opacos. Outra evidência da propagação retilínea da luz são
as câmaras escuras, que nada mais são que uma caixa
Sombra e Penumbra feita com material opaco e com um pequeno orifício
em uma de suas faces. Quando colocamos uma fon-
Toda a ótica geométrica é baseada na ideia de que te primária ou secundária em frente a câmara, uma
a luz se propaga em linha reta independente da natu- parcela dos raios de luz emitidos pela fonte segue em
reza da luz. Um dos fatos que evidenciam a propaga- direção ao orifício presente na caixa. Para exempli-
ficar, usaremos um pássaro, no qual está refletindo
FÍSICA

ção linear da luz são as sombras e a penumbra.


Imagine a seguinte situação, você aponta uma uma parcela dos raios de luz em direção ao orifício.
lanterna daquelas bem pequenas para uma bola Para analisar o que está acontecendo usaremos pon-
opaca, cujo tamanho é relativamente superior ao da tos aleatórios do pássaro, por exemplo, o topo da cabe-
lanterna. Neste caso podemos considerar a lanterna ça e seus pés e, a partir disso, podemos observar que
um ponto de luz, ou um feixe de luz puntiforme. Ao os feixes refletidos passam pelo orifício formando
colocar a lanterna e a bola em frente a uma placa e uma figura no fundo da caixa, no qual denominamos 81
imagem. A imagem formada em uma câmara escura estivessem voltados apenas na direção de propagação
é invertida em relação ao objeto original. dos raios de luz.

REFLEXÃO DE LUZ

Tratamos a refração e a reflexão de ondas em


alguns capítulos anteriores, agora faremos o mesmo
com a luz, o que não precisa ser nenhuma novidade,
afinal, vimos na seção de Ondas Eletromagnéticas que
a luz possui natureza ondulatória. Vale ressaltar que
embora compreendamos a luz como onda eletromag-
nética, todos os conceitos acerca da ótica geométrica
S A
se baseiam na ideia de raios de luz, representados
simplesmente por linhas.
B

Leis da Reflexão

Um raio de luz incidente (RI) ao colidir com uma


superfície polida, como, por exemplo, um espelho pla-
no, é refletido formando o raio refletido (RR) e, ao rea-
lizarmos o experimento conforme ilustrado na figura
a seguir, observamos que este efeito obedece a duas
leis:

Quando uma lâmpada está ligada, conseguimos


identificar como fonte luminosa, pois a luz emitida
por ela chega até nossos olhos, entretanto, nem todos
os objetos que estão ao seu redor emitem luz. Vimos
que esses objetos podem ser considerados fontes
secundárias, pois a luz proveniente da lâmpada ou
qualquer outra fonte luminosa, ao colidir com estes
objetos, são refletidas e chegam até nossos olhos.
O fenômeno de reflexão da luz ocorre quando ela,
propagando-se por um meio, encontra uma superfície
de um segundo meio, e sua energia não é absorvida,
ou é apenas absorvida parcialmente, causando uma
mudança de direção da propagação da luz. Por exem-
plo, a luz provinda do Sol que se propaga pelo ar e z O RI, o RR e a reta normal N, uma reta traçada no
colide com uma parede e é refletida. ponto da reflexão, estão no mesmo plano, dizemos
A reflexão pode ocorrer de forma regular ou difusa que eles são coplanares.
e isso depende diretamente da superfície em que a luz z O ângulo no qual o RI incide o plano, é numeri-
foi refletida. Uma superfície como um espelho plano camente igual ao ângulo de reflexão, neste caso
reflete raios paralelos de forma que eles continuem ambos representados pela letra grega α.
paralelos, assim chamamos essa reflexão de regular

Importante!
Um raio de luz que colide com uma superfície
refletora polida de forma perpendicular, isso é,
com um ângulo de 90º com a superfície, retorna
para o mesmo lugar de onde veio.

ESPELHOS
S A
Espelho Plano
B
Um espelho é um objeto no qual a maior parte da
Já uma superfície áspera, como uma porta sem luz é refletida de forma regular e está presente em nos-
envernizar, reflete os raios de luz de forma aleatória, so dia a dia de muitas formas. Nesta etapa, trataremos
em todas as direções, dessa forma chamamos de refle- aqueles espelhos comuns, que você observa o reflexo
xão difusa. É graças a esse tipo de reflexão que vemos sem nenhuma distorção, seja aumentando a imagem
praticamente tudo ao nosso redor, afinal, se os raios como os espelhos usados por maquiadoras ou dimi-
incidentes fossem refletidos apenas em uma direção, nuindo a imagem de forma que você pode observar o
82 só enxergaríamos os objetos quando nossos olhos ambiente de forma ampla como os espelhos presentes
em ônibus. Assim, denominaremos este objeto refletor z A imagem virtual é a formada pelo prolongamento
de espelho plano, e, em geral, são obtidos por metais dos raios refletidos pelo espelho.
polidos.
Os espelhos que geralmente usamos em guarda- Podemos tratar os objetos no qual possuem mais
-roupas ou no banheiro são feitos de uma fina camada de uma dimensão de forma parecida com os objetos
de prata sob um vidro opaco. E geralmente, os espe- pontuais, ou seja, analisamos ponto a ponto do objeto
lhos são produzidos dessa forma, e é exatamente por real (A, B, C...). Podemos perceber que o espelho unifi-
esse motivo que os representamos com uma linha reta ca estes pontos de forma simétrica (A’, B’, C’...) forman-
caracterizando a superfície refletora e algumas retas do a imagem virtual.
perpendiculares caracterizando a camada opaca.
Para tratarmos a formação das imagens nos espe-
lhos vamos primeiramente ao caso mais simples de
uma fonte luminosa (primária ou secundária) pontual
e depois podemos generalizar para objetos de duas ou
três dimensões.
Conforme ilustrado na figura a seguir, considere
uma fonte pontual, no qual chamaremos de P, posta
na frente de um espelho plano, ela emite raios de luz
para todos os lados, mas vamos nos focar em apenas
um raio de luz que sai da fonte e incide na superfície
refletora de forma diagonal, para este raio daremos o
nome de RI. A partir das leis da reflexão e de proces-
sos empíricos, podemos observar um raio refletido, no
qual denominaremos RR e também observamos que a
extensão de RR coincide a reta N no ponto F’.

As imagens virtuais formadas pelos espelhos pla-


nos possuem as seguintes características:

z A imagem real e a virtual possuem simetria, isso


é, cada ponto da figura real está a uma distância
igual em relação ao espelho, em relação a sua ima-
gem virtual.
z O tamanho da imagem virtual é o mesmo da ima-
gem real.
z A imagem é direta, isso é, ela não fica de cabeça
para baixo como ocorre nas câmaras escuras, que
dizemos que são imagens invertidas.
z As imagens são enantiomorfas, isso é, conservam
Os pontos P e P’ são simétricos em relação ao espe-
a mesma forma, entretanto, são simetricamente
lho, logo a distância entre os P e o espelho é a mesma
inversas.
distância entre P’ e o espelho.
Podemos generalizar para todos os raios que saem
Espelhos Esféricos
da fonte e atingem o espelho, mas os únicos raios que
nossos olhos perceberão serão os refletidos em nos-
No estudo dos espelhos não nos limitamos apenas
sa direção. O ponto P’ é formado pela intersecção de
aos espelhos planos, afinal, estamos repletos de espe-
todos as extensões dos raios refletidos e pode passar a
lhos curvos ao nosso redor, por exemplo, nos espelhos
impressão de que a imagem que vemos no espelho é presentes em ônibus para podermos aumentar o cam-
a fonte de luz, entretanto, damos o nome de imagem po de visão ou espelhos utilizados por esteticistas para
virtual ao objeto visto em P’, afinal o que vemos é ape- ampliar a imagem.
nas um prolongamento dos raios refletidos no espelho Uma forma fácil de lembrar qual espelho é o côn-
e chamamos de imagem real ao objeto em P, de onde cavo e qual é o espelho convexo é fazer a letra C com
realmente saem os raios de luz. a mão. A parte de dentro da mão lembra um espelho
Podemos resumir a imagem formada em um espe- côncavo e a parte de fora lembra um espelho convexo.
FÍSICA

lho plano em três pontos: Os espelhos utilizados em retrovisores, dentro dos


ônibus ou mesmo na proximidade dos elevadores
z O objeto e a imagem possuem simetria, isso é, estão aumentam o campo visual de quem os utiliza, entre-
a mesma distância do espelho. tanto, vemos a imagem menor que o objeto. Estes
z A imagem real é formada pelos raios de luz que espelhos são chamados espelhos convexos e estão
partem da fonte efetiva de luz. demonstrados na figura a seguir: 83
z Os espelhos devem possuir ângulos de abertura
relativamente pequenos, em torno de 10º.
z Os raios de luz a serem refletidos devem estar pró-
ximos do eixo principal.
z Já raios a serem refletidos devem possuir uma leve
inclinação em relação ao eixo principal.

O Foco De Um Espelho Esférico

Considerando um feixe de luz que incide um espe-


lho côncavo, o que observamos é que os raios de luz
Espelho Convexo Espelho Côncavo incidentes de forma paralela ao eixo principal do
espelho convergem para um único ponto F, situado no
eixo principal, no qual denominamos foco principal.
Já os espelhos utilizados por esteticistas ou mesmo Podemos observar esta situação na figura abaixo. Nes-
por dentistas, para que possam enxergar a imagem te caso, o foco é considerado real, pois está situado a
ampliada, são os espelhos côncavos. Quando utiliza- frente do espelho.
dos a uma distância relativamente pequena a imagem
refletida por ele é direta e maior que a imagem real,
já quando olhamos a uma distância relativamente
grande, a imagem passa a ser invertida. O que define
o quão próximos ou distante para que a imagem fique
direta ou invertida são as propriedades do espelho
que veremos mais adiante.

Elementos Geométricos dos Espelhos Esféricos

Como já vimos a ótica geométrica utiliza-se de ele-


mentos geométricos para poder tratar os fenômenos
acerca da luz e, quando tratamos da reflexão da luz
nos espelhos esféricos, precisamos definir algumas Já nos espelhos convexos o que observamos é que
propriedades para entendermos com clareza a forma- o prolongamento dos raios que incidem paralelamen-
ção das imagens nesses espelhos. A seguir veremos os te converge para um ponto F atrás do espelho, este
principais elementos geométricos de um espelho for- ponto também é chamado de foco principal, entre-
mado por uma calota esférica: tanto é tido como virtual, justamente por estar situa-
do atrás do espelho. Embora os prolongamentos dos
raios de luz estão convergindo para um único ponto,
z C: O centro de curvatura, representado pela letra C,
o que observamos é que os raios refletidos pelos espe-
é o centro da esfera no qual da origem ao espelho.
lhos convexos são divergentes.
z r: O raio de curvatura, definido pela letra r, é o raio
da esfera no qual da origem ao espelho.
z V: O vértice, definido pela letra V, é o polo da esfera
geradora do espelho.
z Eixo Principal: O eixo principal, também pode
ser representado pelas letras e.p, é a reta definida
pelos pontos do centro de curvatura C e o vértice V.
z α: O ângulo α é a abertura do espelho.

Em razão da reversibilidade da luz, os raios que


incidem pelo foco nos espelhos côncavos são refle-
tidos paralelamente e os raios de luz que incidem
nos espelhos convexos, cujo prolongamento passa
pelo ponto de foco principal, também são refletidos
paralelamente.
Assim dizemos que se um raio de luz incide para-
lelamente ele “sai” pelo foco, e se um raio de luz inci-
de pelo foco ele “sai” paralelamente. Com essa frase
em mente fica mais fácil de fixar o conteúdo e não
se esqueça, a palavra “sai” está entre aspas, pois
Um matemático bastante conhecido na Física cha- ela é uma simplificação para dizer que os raios são
mado Gauss propôs algumas condições para a imagem refletidos.
refletida pelos espelhos esféricos polissen nitidez, e tais Nos espelhos esféricos de Gauss, isto é, aqueles
84 condições são: espelhos que seguem as condições de nitidez de Gauss,
a imagem é real, pois é formada no ponto de foco prin-
cipal, à frente do espelho. Já nos espelhos convexos a
imagem é virtual, pois, é formada no ponto de foco
principal na parte de trás do espelho.
O ponto de foco F está sempre situado no ponto
médio entre o seguimento formado pelos pontos C,
o centro de curvatura, e o ponto V, o vértice. Sendo
assim, a distância entre os pontos F e V é denominada
distância focal f. Ela equivale à metade do raio, assim,
podemos escrever

R
f= .
2
Figura 3
Casos Particulares de Reflexão dos Espelhos
Esféricos Agora faremos a mesma análise para os espelhos
convexos, as figuras que representam cada situação
Alguns raios específicos são importantes para a estão logo a seguir. Um raio cujo prolongamento passa
representação das imagens que são refletidas pelos pelo centro de curvatura C reflete sobre ele mesmo,
espelhos plano e nesse tópico trataremos com um como observamos na figura 1. O raio cujo prolonga-
pouco mais de cuidado de cada um deles. Agora anali- mento passa pelo ponto de foco F é refletido parale-
saremos os raios que incidem nos espelhos esféricos e lamente conforme apresentado na figura 2, e por fim,
que passam pelo centro de curvatura C, pelo ponto de o raio que incide no vértice do espelho é refletido de
foco principal F e pelo vértice V. forma que o ângulo do raio incidente seja igual ao
Nos espelhos côncavos, os raios incidentes que pas- ângulo do raio refletido como pode ser observado nas
sam pelo centro de curvatura C são refletidos sobre si figuras que seguem a seguir.
mesmos, conforme observamos na figura 1, já os raios
que incidem passando pelo ponto de foco principal F
são refletidos paralelamente ao eixo principal, con-
forme a figura 2 e por fim os raios que incidem nos
espelhos côncavos pelo vértice V são refletidos com o
mesmo ângulo de incidência como pode ser observado
na figura 3.

Figura 1

Figura 1

Figura 2
FÍSICA

Figura 2
Figura 3

85
Formação de Imagem nos Espelhos Esféricos espelho e invertida conforme observamos na figura
a baixo.
A partir dos conceitos apresentados até agora,
podemos analisar de forma geométrica a formação das
imagens refletidas por espelhos côncavos e convexos.
Em princípio precisamos fazer algumas considera-
ções que nos ajudarão bastante para compreendermos
bem a formação de imagens nos espelhos esféricos:

z Quando o objeto o e a imagem i formada no espe-


lho estão no mesmo semiplano, isto é, quando
observamos que eles estão ao mesmo tempo, aci-
ma ou abaixo do eixo principal, dizemos que a
imagem é direta. Caso contrário, dizemos que a
imagem é invertida.
z Se a posição da imagem for à frente do espelho,
dizemos que esta imagem é real e caso contrário, Caso II – Objeto no centro de curvatura
se a imagem for formada atrás do espelho, temos
uma imagem virtual. Quando o objeto o é colocado no ponto de centro de
z Em relação ao tamanho, a imagem i pode ser curvatura a imagem i formada possui o mesmo tama-
maior, menor ou igual ao objeto o. nho do objeto real, por ser formada antes do espelho
e invertida, conforme vemos na figura a seguir:
Espelhos Convexos

A imagem i de um objeto o colocado em frente a


um espelho convexo, diferente dos espelhos conve-
xos, não depende da distância. Para analisar a forma-
ção dessa imagem iremos utilizar dois raios de luz que
partem do topo da lâmpada: um incide o espelho de
forma paralela ao eixo principal, logo seu prolonga-
mento passa pelo ponto de foco F, e o outro incide o
espelho de forma que seu prolongamento passa pelo
ponto de centro de curvatura C. A imagem i é forma-
da pelo ponto de intersecção dos prolongamentos dos
raios e ela é sempre direta, virtual e menor que o obje-
to o.

Caso III – Objeto entre centro de curvatura e o foco

Um objeto o posto em um ponto qualquer que esteja


entre o centro de curvatura C e o ponto de Foco F, tem
imagem i maior, real e invertida, conforme a figura.

Espelhos Côncavos

A análise da imagem formada pelos espelhos côn-


cavos precisa de um pouco mais de atenção e obser-
varemos cinco casos diferentes, porém iremos utilizar
novamente dois feixes de luz, um passando pelo cen-
tro de curvatura e outro pelo foco, somente no caso
três usaremos um feixe de luz que passa pelo vértice.
Uma observação muito relevante a ser considera-
da é que qualquer uma das figuras analisadas abaixo
poderia ser feita levando em consideração o feixe que
Caso IV – Objeto no foco
passa pelo vértice, a escolha do autor é apenas uma
preferência didática.
Um objeto colocado no ponto de foco F, os raios
refletidos são paralelos e não se encontram, chama-
Caso I – Objeto antes do centro de curvatura
mos assim a imagem neste caso de imprópria.
Quando colocamos um objeto o antes do centro de
curvatura, a imagem i formada pelo espelho côncavo
86 é menor que o objeto, real, pois é formada antes do
y

0
F V

i
f
pf
p

Para definirmos as coordenadas do objeto e da


Caso V – Objeto entre o foco e o vértice imagem usamos o ponto p definido como a abscissa
do objeto, p’ como a abscissa da imagem, o como a
Um objeto o colocado entre os pontos de foco F e o altura do objeto, i como a altura da imagem e f como
vértice V de um espelho côncavo tem imagem i maior, a abscissa do foco, também tida como distância focal.
virtual, pois ela é formada atrás do espelho e direta, Em relação aos valores de cada coordenada nos
conforme verificamos na figura. espelhos convexos e côncavos, analisando a figura
acima vemos que:

ESPELHO ESPELHO
COORDENADA
CONVEXO CÔNCAVO

p >0 >0

p’ <0 >0

o >0 >0

i >0 <0

f <0 >0
Equações dos Espelhos Esféricos
Concluímos que as grandezas das imagens reais
Uma forma diferente de encontrar as imagens for- são positivas e as grandezas das imagens virtuais são
madas pelos espelhos esféricos é analisando de forma negativas. Além disso, podemos escrever as seguin-
analítica, isso é, descrevendo uma equação para que tes relações diante das considerações feitas até o
possamos analisar a imagem. Antes de chegar nessa momento
equação analisemos a figura a seguir e seus elementos.
O eixo das abscissas, chamado simplesmente de 1 1 1
eixo x é colocado na mesma distância do eixo princi- + = ,
p p' f
pal do espelho e está orientado contrário aos raios de
luz que incidem o espelho. O eixo das ordenadas, cha-
e também a relação
mado simplesmente de eixo y, é perpendicular ao eixo
das abscissas, tem como origem o vértice do espelho
i p'
e sua direção de crescimento está voltada para cima. =
o p

y em que a razão do tamanho da imagem i pelo


tamanho do objeto o é chamado de aumento transver-
sal e usamos a letra A em nossa equação
0 i
A= .
o
V i F
x
Importante!
� Se o e i têm sinais iguais, a imagem é direta;
f � Se o e i têm sinais opostos, a imagem é invertida.
FÍSICA

p p f

REFRAÇÃO LUMINOSA

Novamente trataremos outro fenômeno que não


é nenhuma novidade, afinal, é uma característica 87
direta da natureza ondulatória da luz. A refração O índice de refração do ar possui valor muito próxi-
ocorre quando os raios de luz emitidos por uma fon- mo ao índice de refração do vácuo, mas também depen-
te primária ou refletidos por uma fonte secundária de diretamente da cor da luz. Essa dependência se deve
incidem em uma superfície que divide um meio de ao fato de que a velocidade de propagação de cada cor
propagação A para outro B, no qual a velocidade de depende do produto da frequência de oscilação da onda
propagação do meio no segundo meio é diferente da luminosa f pelo sem comprimento de onda λ,
velocidade de propagação no primeiro meio e pode-
mos observar uma espécie de “quebra”, na figura a v = λ ∙ f.
seguir vemos um esquema o fenômeno:
Por meio dessa equação e com os dados obtidos
experimentalmente, os físicos concluíram que a cor
vermelha possui maior velocidade no ar que a cor
violeta, consequentemente o índice de refração da cor
vermelha é menor que da cor violeta.

Importante!
Em relação às cores do arco-íris, podemos escre-
ver que a velocidade decresce partindo do ver-
melho até chegar no violeta
vvermelho>vlaranja>vamarelo>vverde>vciano>vazul>vvioleta
Consequentemente, o índice de refração pode
ser descrito como crescente partindo da cor ver-
Costumamos observar esse fenômeno quando melha até a cor violeta
inserimos uma colher em um copo de água e ela pare-
nvermelho<nlaranja<namarelo<nverde<nciano<nazul<nvioleta
ce estar “quebrada” ou então quando olhamos alguém
com as pernas submersas em uma piscina e vemos as
pernas deslocadas em relação ao restante do corpo Podemos generalizar a expressão obtida anterior-
fora da água. mente para o índice de refração, antes o definimos
Em duas situações o efeito de refração não ocorre: como comparação da velocidade de propagação da
luz em um meio qualquer com a velocidade da luz
z Quando os raios incidentes são perpendiculares no vácuo. Mas a refração também ocorre passando
à superfície, os raios transmitidos também são de outros meios que não o vácuo e, dessa forma, con-
perpendiculares. sideraremos o índice de refração em um meio qual-
z Quando a luz tem a mesma velocidade de propa- quer denominado A com o índice de refração em
gação tanto no meio A, quando se propaga inicial- outro meio qualquer denominado B, assim podemos
mente, quanto no meio B. Um exemplo da segunda escrever
situação é o líquido de tetracloreto de carbono
(CCl4) e alguns tipos de vidro. nA
n AB = .
nB
Índice de Refração
Considerando um meio A cujo seu índice de refra-
Temos que ter bem claro em nossas mentes que a ção nA é maior que o índice de refração nB de um meio
refração ocorre devido à diferença da velocidade de B, dizemos que o meio A é mais refringente que o
propagação nos diferentes meios. Hoje sabemos que a meio B, isso é a refração.
luz tem a velocidade de propagação no vácuo de apro-
8
ximadamente c b 3 $ 10 m/s e nos demais meios ela Leis da Refração
possui velocidade menor, dependendo diretamente
da natureza desse material e também da cor da luz. A Primeira Lei da Refração diz que o raio inciden-
A relação entre a velocidade da luz no vácuo e a te, o raio refratado e a reta normal a superfície são
velocidade da luz em um meio A é chamada de índice coplanares, isso é, estão situadas no mesmo plano.
de refração. Dizemos que o índice de refração desse
meio é nA e calculamos da seguinte forma:

c
nA =
vA
,

Sendo v A a velocidade com que a luz se propaga


no meio A.
A velocidade da luz no vácuo possui o maior valor
em que é possível obter informações, logo, para este
material a consideraremos como a maior velocida-
de que a luz pode alcançar. Feita essa consideração
podemos observar que o índice de refração sempre
será maior ou igual a um, pois a velocidade da luz em
outros materiais sempre será menor que c.
88
Ao raio de luz incidente denominamos RI e ao raio
refratado damos o nome de RE. O ângulo no qual o RI
incide a superfície que separa os meios de propagação
damos o nome de α e o ângulo refratado β.
Já a segunda Lei da Refração considera dois meios
de propagação, sendo que o meio A possui o índice de
refração nA , a luz incide a superfície que separa os
dois meios com um ângulo α. O meio B possui índice
de refração nB e a luz é refratada com ângulo β, assim
escrevemos a seguinte relação

nA ∙ sen(α) = nB ∙ sen(β).
Também conhecida como Lei de Snell-Descartes
ou costumeiramente como Lei de Snell, ela pode ser
escrita levando em consideração que

c c
nA =
vA
nB = vB
, Em decorrência à reversibilidade da luz, a sua
e imagem que chega até o peixe também está acima do
ponto P, de onde você está. O que o peixe observa é o
Substituindo na expressão anterior temos prolongamento dos raios que culminam no ponto P’,
conforme a figura a seguir.
c c
$ sen (a) $ sen (b),
vA v
= B
Onde c é um fator comum dos dois lados da igual-
dade, sendo possível simplificar a equação e assim
temos a Segunda Lei da refração reescrita da seguinte
forma

sen (a) sen (b)


=
vA vB .
Um meio menos refrativo é o que possui menor
índice de refração comparado a outro meio, logo, o
meio A é menos refrativo que o meio B se nA < nB . Ana-
lisando a Lei de Snell-Descartes quando nA for menor
que nB, o ângulo de incidência α é maior que β.
Assim, sempre que houver o fenômeno de refra-
ção, o ângulo será maior para os meios cujo índice
de refração é menor, nos meios menos refringentes.
Já nos meios mais refringentes, os meios com maior
índice de refração, o ângulo será menor. Reflexão Total
Dizemos que nos meios menos refringentes os
raios se afastam da reta normal e nos meios mais Consideremos a seguinte situação: três raios lumi-
refringentes eles se aproximam da reta normal. nosos (a, b e c) que passam de um meio A, mais refrin-
gente, para o meio B, menos refringente. Como vimos
Formação De Imagem anteriormente, os raios no meio A ficam mais próxi-
mos da reta normal que os raios refratados no meio B.
Suponha que você se aproxime de um aquário com Chamaremos os raios refratados de a’, b’ e c’.
um peixe, conforme representado na figura a seguir:
Você está sendo representado pelo ponto P. Nesta figu-
ra podemos observar que os raios de luz que são refle-
tidos pelo peixe, posicionado no ponto O, percorrem
um espaço na água e difrata quando passa para o ar
e assim chega até seus olhos posicionados no ponto P.
Seus olhos observam o prolongamento dos raios que
chegam até eles, ou seja, para você que está observan-
do o peixe parece estar acima da posição real deno-
minada O’.
FÍSICA

89
Podemos observar que quanto maior o ângulo de Uma aplicação bastante direta dos prismas é a dis-
incidência, mais os raios refratados se afastam da reta persão da luz, isso é a desfragmentação de uma onda
normal, isso é, ângulo refratado aumenta limitando a luminosa policromática nas cores que a compõe. Por
90º, representado pelo ângulo βc. exemplo, a luz branca é a junção de todas as cores do
O ângulo αc, no qual a luz incide a superfície e é espectro visível e, ao passar por um prisma, ocorre a
refratado com o ângulo máximo βc é chamado ângulo decomposição das cores que a compõe. Quando vemos
limite e, em geral, o denominamos como ângulo L. um arco-íris o que enxergamos é a decomposição da
Aplicando a Segunda Lei da refração podemos definir luz branca ao ser refratada por um prisma, neste caso,
o ângulo L da seguinte forma: as gotículas de água funcionam como um prisma.
O motivo da dispersão da luz acontecer está rela-
n A $ sen (L) = n B $ sen (b c), cionado ao índice de refração de cada cor, isso é, cada
cor possui uma velocidade diferente dependendo do
Considerando o ângulo βc como 90º e sen(90°) = 1, material e a luz, ao passar por um meio em que a
podemos reescrever a equação da seguinte forma diferença entre os índices de refração é relevante, é
decomposta nas diferentes cores.
nB
sen (L) = .
nA LENTES ESFÉRICAS

O ângulo L depende diretamente da razão entre o Um dos aparatos óticos que está mais presente em
menor índice de refração pelo maior índice de refra- nosso cotidiano são as lentes, elas estão presentes nos
ção e quando a luz incide à superfície um meio de óculos, nas câmeras fotográficas e até mesmo a retina
refração menos refringente com ângulo maior que L, de nossos olhos funcionam como uma lente. Em geral,
ocorre a reflexão total. elas são um meio transparente, formada de materiais
Resumidamente, para ocorrer a reflexão total é como o vidro, algum tipo de acrílico ou até mesmo um
necessário que a luz seja refratada depois de se pro- cristal e que pode ter as duas faces curvadas ou uma
pagar de um meio mais refringente para um meio face curvada e outra reta.
menos refringente e o ângulo de incidência ser maior Na figura abaixo podemos observar os mais comuns
que o ângulo limite. tipos de lentes que podemos encontrar.

Prismas

Um prisma é um instrumento ótico bastante utili-


zado em diversos anteparos que depende da reflexão
da luz, tais como telescópios e até mesmo mouses óti-
cos. Eles, em geral são feitos de vidro e são projetados
de forma que a luz ao colidir com um de seus vértices biconvexa plano-convexa côncavo-convexa
reflita, ou seja, são projetados na condição de reflexão
total, como podemos observar nas figuras a seguir:

bicôncava plano-côncava côncavo-convexa

As lentes podem ser divididas em dois grupos, as


lentes delgadas de borda fina, representadas pela
primeira fila de lentes, e as lentes de bordas grossas,
presente na segunda fileira. Além disso, com relação
às faces das lentes, elas podem ser côncavas, convexas
ou retas.
As lentes ainda podem ser classificadas como con-
vergentes ou divergentes, isso é, podemos classificar
de acordo com a interação da lente com a luz.
Se os raios de luz incidirem paralelamente uma
lente e convergir para um ponto de foco F dizemos
que se trata de uma lente convergente.
Já quando os raios de luz incidem paralelamente
uma lente e divergem de um ponto de foco F, dizemos
que essa lente se trata de uma lente divergente. Nesse
caso o ponto de foco F é virtual, pois ele é formado
pelo prolongamento dos raios refratados.
Na figura a seguir representamos duas lentes, uma
Os prismas são ótimas soluções para os equipa- convergente e uma divergente, repare que o forma-
mentos óticos que precisam de reflexão da luz, pois to das lentes está um pouco diferente do que vimos
sua durabilidade é muito maior que os espelhos que anteriormente, isso se deve a uma simplificação des-
90 podem descascar. ses dois modelos de lentes. Além disso, a luz pode
incidir uma lente dos dois lados e isso implica que as
figuras abaixo apresentam apenas um dos casos pos-
síveis, entretanto se os raios de luz estivessem incidin-
do a lente no lado oposto ao apresentado, veríamos
um ponto de foco simétrico ao que vemos na figura,
porém, de forma também oposta.

Além disso, as lentes possuem dois focos que cha-


mamos de focos principais, sendo o foco principal do
objeto F e o foco principal da imagem F’. Eles possuem
simetria em relação ao centro ótico O.

Lente ConvergenteD

Em geral, o índice de refração das lentes é maior


que o índice de refração do meio em que ela está
inserida (n2 > n1), nesse caso as lentes de bordas finas
são convergentes e as lentes de bordas grossas são
divergentes.
Essa não é uma lei geral, pois se a situação inverte
Lente Divergente
(n1 > n2), as lentes de bordas finas passam a ser diver-
gentes e as lentes de bordas grossas passam a ser
A distância entre o centro ótico até o ponto de foco
convergente.
é chamada distância focal, representado pela letra f.
Também apresentamos na figura acima os pontos A e
Elementos Geométricos das Lentes
A’ que são pontos antiprincipais e estão a uma distân-
cia f dos pontos de foco.
Assim como fizemos nos espelhos esféricos, apre-
sentaremos os principais elementos geométricos pre-
Raios Particulares Nas Lentes Esféricas
sentes nas lentes. Nesta apresentação iremos utilizar
uma lente biconvexa e consideraremos a lente com
Para realizarmos a análise da formação das
índice de refração maior que o índice de refração do
imagens formadas por raios que incidem as lentes
meio externo.
esféricas delgadas daremos atenção a três casos par-
ticulares. Nesse momento apresentaremos uma aná-
Os elementos são:
lise muito próxima do que fizemos com os espelhos
esféricos e, consequentemente, você verá algumas
z O é o centro óptico da lente. semelhanças.
z V1 e V2 são os vértices de cada face da lente. Nas lentes delgadas todo raio de luz que incide de
z A distância entre V1 e V2 é chamada espessura da forma paralela ao eixo principal é refratado na dire-
lente.
FÍSICA

ção do foco principal imagem F’.


z C1 e C2 são os centros de curvatura de cada face da
lente,
z R1 e R2 são os raios de curvatura de cada face da
lente.

91
Lente Convergente Lente Convergente

Lente Divergente Lente Divergente

Todo raio de luz que incide nas lentes delgadas na Formação De Imagem nas Lentes
direção do foco objeto F saem de forma paralela ao
eixo principal. Para analisar a formação das imagens de objetos
cujo raios passam pelas lentes delgadas esféricas,
iremos utilizar o mesmo processo empregado para
obtenção das imagens dos espelhos esféricos, utiliza-
remos dois raios de luz dos casos particulares e ana-
lisaremos caso a caso para as lentes convergentes e
divergentes.

Lentes Convergentes

z Caso I – Objeto situado antes do ponto antiprincipal


Nesse caso a imagem é real, isso é, formada depois
da lente, invertida e menor em relação ao objeto.
Lente Convergente

Lente Divergente z Caso II – Objeto situado no ponto antiprincipal


Nesse caso a imagem é real, invertida e do mes-
Todo raio de luz que incide uma lente na direção mo tamanho que o objeto.
do centro de ótico O não sofre nenhum desvio.

92
Lente Divergente

Com as lentes divergentes, diferentemente das len-


tes convergentes, a imagem é sempre virtual, direta e
real em relação ao objeto e não depende da distância
que ele esteja da lente.

z Caso III – Objeto situado entre o ponto antiprin-


cipal e o ponto de foco
Nesse caso a imagem é real, invertida e maior em
relação ao objeto.

Equação das Lentes

Seguindo a mesma forma que definimos as equa-


ções para os espelhos esféricos, podemos definir as
mesmas equações aqui.

1 1 1 i p'
+ = e A= =- .
p p' f o p

Tal qual apresentamos na sessão dos espelhos esfé-


ricos, aqui vale a mesma convenção dos sinais:
z Caso IV – Objeto situado no ponto de foco Se A > 0, o e i possuem sinais iguais, a imagem é
Assim como nos espelhos esféricos, a imagem de direta.
um objeto colocado no foco de uma lente conver- Se A < 0, o e i possuem sinais opostos, a imagem é
gente tem imagem imprópria. invertida.

Lâminas

Ao tratarmos das lentes como fizemos acima, todo


nosso estudo depende diretamente de um fator que
consideramos no início deste capítulo, as lentes preci-
sam ser relativamente pouco espessas e graças a essa
característica chamamos de lentes delgadas.
Agora imagine uma placa de vidro espeça, o fenô-
meno de refração continua acontecendo, entretanto,
denominamos essa placa de vidro, ou qualquer outro
objeto com características parecidas com ela, de lâmi-
na de face paralelas.
Elas são bastante úteis quando é necessário des-
z Caso IV – Objeto situado entre o ponto de foco e viar a luz sem que haja mudança na direção de propa-
o centro ótico gação e podem ser utilizadas em experimentos acerca
Por fim, a imagem de um objeto colocado entre o da luz. Para podermos calcular o desvio que a luz
ponto de foco e o centro ótico possui imagem vir- sofre quando é refratada por uma lâmina utilizamos
tual, direta e menor que o objeto. a seguinte equação

sen (a - b)
d=e∙ cos (b)
,

Onde d é o desvio, e a espessura da lâmina, α é o


ângulo de incidência e β o ângulo refratado.
FÍSICA

INSTRUMENTOS ÓTICOS

Diversos avanços ocorreram na história da huma-


nidade graças a alguns instrumentos óticos, como por
exemplo, o telescópio de Galileu que possibilitou a
93
observação das Luas de Júpiter e a refutação do mode- é a curvatura acentuada das várias camadas que for-
lo Ptolomaico-Aristotélico de que a Terra era o centro mam a lente dos olhos ou então os olhos possuem for-
do Universo, afinal, se a Terra é o centro, porque have- mato mais oval do que o necessário.
ria objetos celestes rodeando outros planetas? Além Neste caso, a pessoa que apresenta esse problema
disso, ao observar as crateras da Lua, Galileu refutou possui dificuldades de enxergar elementos mais distan-
o fato dos corpos celestes serem imperfeitos, contradi- tes e a correção é dada pelo uso de lentes divergentes.
zendo as teorias da época. Outro problema é a hipermetropia que consiste
Tudo isso e muito mais só foi possível graças à uti- na convergência dos raios luminosos atrás da retina,
lização de instrumentos óticos que hoje é comum para isso é, quando os raios de luz chegam até a retina eles
nós e agora vamos conhecer alguns deles: ainda não convergiram. As razões para este problema
pode ser a falta de curvatura das camadas formadoras
Lupa da lente dos olhos ou então no formado mais arredon-
dado dos olhos do que o necessário.
As lupas consistem em lentes cujo objetivo é A pessoa que possui este defeito nos olhos tem pro-
ampliar objetos pequenos, nos quais temos dificulda- blemas para enxergar objetos que estão próximos e,
des de enxergar ou então letras pequenas de um texto. para corrigir este problema, faz-se necessário o uso de
Uma lupa nada mais é que a utilização de uma len- lentes convergentes.
te convergente colocada próxima à objetos, para que Outro defeito bastante comum é o astigmatismo.
eles possam se situar entre o ponto de foco e a lente. Esse problema pode ser tanto a miopia quanto a hiper-
metropia, entretanto em um eixo dos olhos. É como
Microscópio Composto se apenas uma parcela dos olhos possuísse algum dos
dois defeitos citados anteriormente.
Um grande avanço na ciência foi poder anali-
sar partículas que são impossíveis de enxergar sem
nenhum aparelho, pois possuem dimensão da ordem
de micrometros. Para que seja possível observar coi- ELETRICIDADE
sas nessa ordem de grandeza, utiliza-se o microscópio
composto, que consiste na associação de duas lentes PRINCÍPIOS DA ELETROSTÁTICA
convergentes situadas sobre o mesmo eixo princi-
pal. Uma delas consiste em uma lente objetiva como Na eletrostática, temos dois princípios básicos:
pequena distância focal e fica na extremidade voltada Atração e Repulsão, além de conservação de cargas
para o que se deseja observar. Na outra extremidade elétricas. Temos cargas positivas e negativas, sendo
fica uma lente com as mesmas características de uma assim, cargas de mesmo sinal se repelem e cargas de
lupa, no qual amplia a imagem da primeira lente. sinais opostos se atraem.
Para o princípio de conservação de cargas, não
Telescópio temos perda de carga em um sistema isolado, ou seja,
a soma algébrica de cargas elétricas, em um sistema
Já citado acima, os telescópios revolucionaram isolado, é constante. Por exemplo, se considerarmos
a visão de universo e com eles podemos ver objetos um sistema com três cargas A, B e C eletrizados, com
celestes que estão distantes de nós. Os telescópios sim- cargas qa, qb e qc, eles podem trocar cargas elétricas
ples são constituídos por duas lentes convergentes, entre si sendo em um sistema isolado. Após as trocas
uma objetiva com distância focal da ordem de metros de carga, teremos agora q’a, q’b e q’c, mas, no final, a
que é apontada para objeto que deseja observar e quantidade de cargas tem que ser igual à inicial, sen-
uma lente ocular. do assim:

O OLHO HUMANO E DEFEITOS DA VISÃO

O olho humano é um dos mais fascinantes instru-


∑Q antes = ∑Q depois

mentos óticos, afinal, nele podemos encontrar elemen-


tos nos quais ainda não conseguimos reproduzir com
a mesma precisão. Um desses elementos é o controle CARGA ELÉTRICA
de luz que entra em nosso olho exercido pela pupila
e mudança imediata da distância focal pela contra- Todos os corpos são formados de átomos. Cada
ção ou relaxamento do cristalino pelo músculo ciliar. átomo é constituído de partículas elementares, sendo
Essas funções podem até ser encontradas em máqui- os elétrons, prótons e os nêutrons. A carga elétrica
nas fotográficas, mas não com a mesma precisão que é quantizada, isto é, seu valor é múltiplo inteiro do
encontramos neste órgão. valor da carga elétrica elementar (e = 1,6 × 10–19C).
De forma bastante simplificada, nossos olhos pos-
suem elementos que funcionam como uma lente con-
vergente e os raios que incidem neles são projetados Q=n·e
em uma parte chamada retina.
O que pode acontecer é que um olho não saudável Q = Quantidade de Carga, unidade no SI é
pode possuir imperfeições, nos quais a imagem de um (C)=(coulombs).
objeto que vemos passa a convergir antes ou depois e = Carga Elementar (e = 1,6 × 10-19C).
da retina. n = Número de Partículas (número inteiro).
Uma pessoa que possui miopia os raios de luz que
incidem paralelamente aos olhos convergem antes da
94 retina e os fatores que podem levar a esse problema
ENTENDENDO A LÓGICA... ELETRIZAÇÃO DE CARGA DE CORPOS
CONDUTORES IDÊNTICOS
1 elétron tem –1,6 × 10–19 coulombs
2 elétrons têm –3,2 × 10–19 coulombs
3 elétrons têm –4,8 × 10–19 coulombs
Assim como:
1 próton tem +1,6 × 10–19 coulombs
2 prótons têm +3,2 × 10–19 coulombs
3 prótons têm +4,8 × 10–19 coulombs
Também podemos concluir que:
Um corpo pode possuir 9,6 × 10–19 C, pois 9,6 é múlti-
plo inteiro de 1,6. Média Aritmética
9,6 × 10–19
= 6 x 1,6 × 10
–19
(POSSÍVEL)
Q1 + Q 2
Um corpo não pode ter 6,88 × 10–19 C, pois 6,88 não é QF =
2
múltiplo inteiro de 1,6.
6,88 × 10–19 = 4,3 x 1,6 × 10–19 (IMPOSSÍVEL) Onde:
QF=carga final nas esferas idênticas
Use a lógica a seu favor. Isso é a mesma coisa da-
quelas pesquisas estilo “Fantástico” – “O brasileiro
tem em média 2,5 filhos”. Pense bem, é a mesma Dica
coisa: ou você tem 2 filhos ou tem 3 filhos. Isso tam- No exemplo apresentando, foi com apenas duas
bém ocorre na Quantização de Carga. esferas, mas, essa teoria é válida para quantas
esferas idênticas você fizer o contato. Se forem
PROCESSO DE ELETRIZAÇÃO 3 esferas, por exemplo, você irá somar a carga
das 3 e também dividir por 3.
Você já sabe que a matéria é constituída por áto-
mos, e esses possuem partículas menores ainda que Eletrização por Indução
são os prótons, elétrons e nêutrons. Quando um áto-
mo tem o mesmo número de prótons e elétrons, dize- Entre qualquer material; um neutro e o outro ele-
mos que ele está neutro. Caso tenha mais elétrons que trizado, necessita aterramento. Objeto induzido fica
prótons, dizemos que está negativo. Se tiver mais pró- com carga de tipo oposto ao indutor.
tons do que elétrons, ele está positivo. Dependendo da
nossa intenção, é interessante que os corpos estejam EXEMPLO 1
com uma carga ou outra. Um bom exemplo é uma
Dois condutores neutros (n°prótons = n°elétrons)
impressora que deixa a tinta eletrizada para conse-
guir empurrar ela para formar a impressão.
Existem três maneiras para tirarmos os corpos da
neutralidade (prótons=elétrons) e esses processos são:
Eletrização por Atrito, Eletrização por Contato e Ele-
trização por Indução.
Aproximo um indutor, assim, polarizando o induzido
Eletrização por Atrito

Existe um pré-requisito fundamental para ocorrer,


é necessário que seja materiais diferentes; um perde
e o outro ganha elétrons; ficam com cargas de tipos
opostos e iguais em módulo. Afasto as esferas primeiro e depois o indutor

EXEMPLO 2

Condutor Neutro(n° prótons = n°elétrons)


FÍSICA

Eletrização por Contato

Aqui os materiais podem ser iguais ou diferentes;


um neutro e outro eletrizado, ou ambos eletrizados;
ficam com sinais iguais e cargas proporcionais ao
tamanho. 95
Aproximo um indutor, assim, polarizando o induzido TIPO DE CONDUTORES
Gasosos: Conhecido como condutores de terceira clas-
se, eles têm o movimento de cátions e ânions. Mas,
diferente dos condutores líquidos, a energia é produzi-
da através de colisões entre as cargas e não de forma
única.
ISOLANTES
Conhecidos como dielétricos, neles há a ausência dos
Faço um aterramento no induzido elétrons livres. Pela Lei de Coulomb, podemos verificar
que os elétrons são fortemente ligados ao núcleo. São
exemplos de isolante elétricos: lã, madeira, plástico,
borracha, isopor, papel, vácuo e vidro.
SEMICONDUTORES
Podem se comportar como um isolante ou condutor, de
acordo com as condições físicas. Os exemplos mais co-
muns de semicondutores são germânio (Ge) e o Silício
(Si).
Elétrons descem pela repulsão e, assim, eletrizamos o SUPERCONDUTORES
induzido
Podem conduzir elétrons de um átomo para outro sem
resistência nenhuma, quando o material atingir a “tem-
peratura crítica” (Tc), que é a temperatura onde o mate-
rial se transforma em supercondutor.

FORÇA ELÉTRICA

No século XVII, Newton conseguiu entender como


funcionava a gravidade, porém ninguém até então
conseguia entender como funcionava a força de atra-
Dica ção entre cargas elétricas. No século XIX, o francês
Coulomb deduziu uma lei que descreve a força de
Guarde que, na Física Clássica, um corpo nunca interação entre cargas elétricas. Na ciência, isso é fun-
pode doar ou ganhar prótons, assim como eles damental, pois agora é possível estipular as distâncias
também não podem se mexer. Qualquer afirma- necessárias para organizar os componentes elétricos
ção de questão dizendo que as cargas positivas de aparelhos elétricos e também podemos calcular
se “mexeram”, está errada. uma distância mínima de centrais de alta tensão,
de modo que não coloque em risco as nossas vidas.
Condutores e Isolantes Na época de Coulomb, já se sabia que os opostos se
atraem e semelhantes se repelem, e as Leis de New-
Condutores e isolantes são materiais que se com- ton eram muito bem conhecidas. O francês conseguiu
portam de maneiras diferentes no que diz respeito aos demonstrar que as dependências que Newton tinha
elétrons (corrente elétrica). Condutores facilmente per- achado para explicar a gravidade eram semelhantes
às dependências das cargas elétricas.
mitem a movimentação livre dos elétrons, os isolantes
A Lei de Coulomb consiste em uma equação que
dificultam essa movimentação em função da sua estru-
descreve a dependência da Força elétrica entre duas
tura interna, ou seja, a passagem da corrente elétrica. cargas e sua distância de separação, podendo ser vista
Como as estruturas atômicas das substâncias são a seguir:
diferentes, os condutores possuem os elétrons livres
(fracamente ligado ao núcleo) na sua camada mais “Cargas elétricas de mesmo tipo repelem-se; de
afastada do núcleo (camada de valência) que os iso- tipos diferentes atraem-se. O módulo das forças de
lantes não têm. interação (F) entre dois pontos materiais de cargas
Condutores: Podemos generalizar, dizendo que elétricas Q1 e Q2 é diretamente proporcional ao pro-
duto dessas cargas e inversamente proporcional ao
os condutores são os metais em geral, e diferente do
quadrado da distância (d) entre esses pontos mate-
que muitas pessoas pensam, a água pura não conduz
riais. A direção das forças de interação entre os
eletricidade. pontos materiais de cargas Q1 e Q2 , cujos módulos
São exemplos de condutores elétricos os metais em são iguais a F, é a da reta que contém esses pontos;
geral, tais como cobre, ferro, ouro e prata. o sentido é de atração, quando as cargas forem de
sinais diferentes, ou de repulsão, quando forem
de mesmo sinal” (Charles Augustin de Coulomb,
TIPO DE CONDUTORES 1736-1806).
Sólidos: Conhecido pelos elétrons livres e são conduto-
res metálicos.
Líquidos: Conhecido como condutores eletrolíticos,
eles têm o movimento de cargas positivas (cátions) e
96 negativas (ânions) que é uma corrente elétrica.
Onde:
k· | Q1 | | Q 2 |
F= 2
d F = Força Elétrica na carga de teste, unidade no SI
é (N) = (newton);
Onde: q = Carga de teste, unidade no SI é (C).

K = Constante eletrostática do meio. Campo Elétrico Criado por Cargas Geradoras

Dica
Lembre-se sempre que a força é uma grande-
za vetorial, logo, todas as operações vetoriais
da Mecânica são válidas aqui na Eletrostática
também.

CAMPO ELÉTRICO

Qualquer partícula com carga elétrica modifica a


região ao seu redor, pelo simples fato de possuir car-
k. | Q |
ga elétrica, e essa modificação chamamos de campo E= 2
elétrico. d
O Campo Elétrico é um conceito que, junto com
Potencial Elétrico, é fundamental para o estudo da Onde:
eletrostática.
Imagine que o Campo Elétrico é como se fosse algo IQI = Módulo da carga geradora de campo elétrico.
invisível que existe para as cargas conseguirem inte-
ragirem entre si, é como se fosse o campo do futebol, Imagine o campo gravitacional(“gravidade”):
sem o campo não há jogo de futebol e sem Campo ele só existe em virtude da presença do nosso pla-
Elétrico não irá existir força elétrica. A diferença é neta Terra, o campo elétrico é análogo, só existe
que o campo de futebol nós vemos e o campo elétrico pela presença de carga elétrica geradora.
nós não conseguimos ver. Dentro do campo existem
regiões que são mais intensas, e para identificarmos CONDUTORES EM EQUILÍBRIO ELETROSTÁTICO
essas regiões nós utilizamos o conceito de potencial
elétrico. Gosto de dizer que Potencial Elétrico é como Quando um condutor é eletrizado, seja ele de qual-
se fosse uma altura elétrica, quanto maior a altura da quer formato e com uma certa quantidade de carga
queda, mais estrago podemos ter. Q, a repulsão existente entre as cargas as afasta o
Eu sei que isso está parecendo assunto de louco, mais distante possível uma das outras. Esse fenômeno
mas acredite, caro leitor, que ao olharmos as equa- corresponde a uma distribuição de cargas na super-
ções tudo fará, mas sentido. fície do condutor, na qual elas ficam em equilíbrio
eletrostático.
Vetor Campo Elétrico (E) É necessário saber que um condutor eletrizado
está em equilíbrio eletrostático quando não há movi-
O conceito de Campo Elétrico é fundamental para mento ordenado de cargas elétricas, isto é, não há
montarmos circuitos elétricos e também transmi- corrente elétrica. Por meio do conceito de equilíbrio
tirmos energia elétrica de um lugar do mundo para eletrostático, pode-se concluir que o campo elétrico
outro. no interior de um condutor eletrizado em equilíbrio
Eu gosto de dizer que Campo Elétrico e Potencial é nulo, qualquer que seja o formato do corpo, seja ele
Elétrico são como a tabuada: é obrigatório que você oco ou maciço. A seguir, uma ilustração desse caso:
saiba a tabuada, mas não significa que terá uma ques-
tão perguntando quanto é 4 vezes 2. Esse domínio téc- + + +
nico é essencial para outros tópicos da ciência, ou seja, + +
+ +
tentarmos entender campo elétrico e potencial elétri- + +
co isoladamente fica muito abstrato, mas com certeza +
+
Eint = 0 +
esses assuntos são essenciais para a continuidade da +
+
ciência. +
+ +
Matematicamente, dizemos que a orientação do +
+
Campo Elétrico é dada pela trajetória que o teste posi- + + + +
tivo iria percorrer no ponto analisado, devido à força
elétrica, ou seja, é uma definição que os cientistas ado- Potencial Elétrico de Cargas Pontuais
FÍSICA

taram de acordo com uma convenção, logo isso ficará


mais interessante nas hora dos exercícios. Na Física existem dois tipos de grandezas veto-
riais e escalares. As vetoriais são representadas por
F vetores e os escalares são representadas apenas por
E= números. Quando uma grandeza for escalar, teremos
q
que ter muito cuidado para considerarmos o sinal 97
matemático, ou seja, não iremos efetuar nenhum cál- As superfícies equipotenciais são regiões dentro de
culo em módulo. um campo elétrico em que a diferença de potencial
É sempre importante notar que potencial elétrico elétrico é zero, ou seja, ao deslocar uma carga dentro
é uma grandeza escalar, por isso, não usamos módulo de uma superfície equipotencial, não há realização de
na hora do cálculo. trabalho. Essas superfícies sempre são perpendicula-
res ao vetor do campo elétrico

k·Q
V=
d
Nos dois exemplos acima, as linhas pontilhadas
Para calcular o potencial criado em um ponto P representam essas superfícies.
qualquer, usamos:
ENERGIA POTENCIAL ELÉTRICA
POTENCIAL ELÉTRICO
Lei de Gauss
O conceito de Potencial é bem abstrato de definir,
mas podemos simplificar que é como se fosse um “des-
A lei de Gauus estabelece que o fluxo total (ϕtotal),
nível” elétrico: quanto maior o “desnível”, maior é a
através da superfície gaussiana, é igual à carga total
energia que podemos converter.
interna à superfície (qinterna), dividida pela permissivi-
dade elétrica do meio (ε): por isso é essencial definir-
Linhas de Campo
mos o que é Fluxo Elétrico(ϕ).
Agora, vamos falar de linhas de campo, ou seja, é
Fluxo Elétrico(φ)
como se fosse um mapa de como é o campo elétrico
em regiões próximas a carga elétrica.
Relaciona a quantidade de linhas de campo elétri-
Carga Positiva: Campo Elétrico é divergente e sai
co(E) (que penetra em uma superfície de área (A), em
da carga.
função do ângulo do “vetor área imaginário” e o vetor
campo elétrico.

Carga Negativa: Campo Elétrico é convergente e


entra na carga.

ϕ = E · A · cos θ

Linhas de força
Dica
Cuidado! Área é uma grandeza escalar, por isso
está escrito vetor área imaginário, pois nós ima-
ginamos um vetor perpendicular à superfície
para conseguirmos relacionar o ângulo.

Agora, iremos falar um pouco sobre a Lei em si e


como montar as superfícies gaussianas imaginárias.
É uma distribuição qualquer de uma ou mais car-
gas elétricas, envolta por uma superfície imaginá-
ria fechada qualquer envolvendo essas cargas. Essa
Superfícies Equipotenciais superfície recebe o nome de superfície gaussiana,
ela pode ter a forma que quisermos. A única regra é
Agora, vamos falar de superfícies equipotenciais que ela deve ser fechada e também podemos definir
que consistem em regiões onde o potencial elétrico quando estamos dentro ou fora da superfície gaussia-
98 tem o mesmo valor. na. A Lei de Gauss estabelece que o fluxo total (ϕtotal)
através da superfície gaussiana é igual à carga total
ANALISANDO A CARGA COM A SUPERFÍCIE
interna à superfície (qinterna), dividida pela permissivi-
GAUSSIANA
dade elétrica do meio (ε): por isso é essencial definir-
mos o que é Fluxo Elétrico(ϕ). É importante fazermos
uma adaptação e sempre escolhermos superfícies
gaussianas onde o fluxo elétrico seja perpendicular ao
“vetor imaginário área”. Assim, na Lei de Gauss usa-
remos o conceito infinitesimal de calcularmos todo o
fluxo sobre a superfície gaussiana.

ϕ = E · ∆A

Onde, nesse contexto, ∆A é a área total da superfí-


cie gaussiana imaginária, que já garantimos antes que
seja perpendicular ao fluxo elétrico.

k ·|Q|
E= 2
d
EXEMPLOS DE SUPERFÍCIES GAUSSIANAS

VERIFICANDO A FORMA DA GAUSSIANA

Dessa superfície não seria algo tão fácil, por isso sem-
pre escolhemos superfícies fáceis de calcular.

AGORA ANALISAMOS O CAMPO

Dessa superfície escolhida é a área superfícial de uma


esfera de raio r: ∆A = 4 π · r²

qinterna
U total =
FÍSICA

99
Dica
APLICANDO A LEI DE GAUSS
qinterna É importante lembrar que um corpo que está posi-
U total = tivo perdeu elétrons e, por isso, a sua carga líquida
f
é positiva. Nunca se esqueça que um corpo nun-
ca ganha ou perde prótons, pois esses estão no
Mas fluxo total é dado por ϕtotal = E · ∆A núcleo do átomo.
Substituindo
Blindagem Eletrostática
qinterna
E ·DA = Você já ouviu falar que se estiver dentro de um
f
carro e cair um raio nele você está seguro por causa
Mas a superfície gaussiana é uma esfera de raio d, en- dos pneus que são feitos de borracha?
tão ∆A=4 π · d² Isso é verdade! Mas não por causa dos pneus feitos
de borracha. Convido você para a seguinte reflexão: Se
2 qinterna você sentar em cima dos quatro pneus empilhados do
E · 4r·d = carro, você deixaria jogarem um raio na sua cabeça?
f
Isolando O motivo de você estar seguro dentro do carro é
Blindagem Eletrostática.
qinterna O Campo Elétrico no interior de condutores em
E= 2 equilíbrio eletrostático é nulo, ou seja, sem ter cam-
4r · d · f
po dentro do condutor, você não pode tomar choque.
qinterna Na figura abaixo coloquei um experimento da famosa
E= 2
4r · f · d Gaiola de Faraday.
mas

1
k= e qinterna= Q
4rf

Finalmente
k·Q
E= 2
d

Poder das Pontas

Agora, vamos falar de sobre o Poder das Pontas. Você


já ouviu falar que o raio nunca cai duas vezes no mes-
mo lugar?Isso está errado, pois as cargas se concentram
mais nas pontas e assim os raios sempre buscam pontas
eletrizadas na mediada do possível.
O poder das pontas mostra que se tivermos algum Fonte: http://www.ebanataw.com.br/raios/faraday.htm
condutor com alguma ponta, sempre terá maior con-
centração de carga nessas pontas. Em condutores Verificamos isso em aviões também, pois ao tomar
eletricamente carregados existe uma grandeza física, uma descarga elétrica, os seus passageiros ficam seguros.
chamada densidade superficial de carga, que basica-
mente diz que onde tiver “pontas” nos condutores, Diferença de Potencial Elétrico
terá uma concentração de cargas mais acentuado do
que no restante dele.
O conceito de Potencial é bem abstrato de definir,
mas podemos simplificar que é como se fosse um “des-
CONDUTOR NEUTRO nível” elétrico, quanto maior o “desnível”, maior é a
energia que podemos converter. A diferença de poten-
cial elétrico (∆V) entre dois pontos é a razão entre o
trabalho (W) necessário para mover uma carga(q)
entre duas superfícies equipotenciais.

W
| DV | =
q
CONDUTOR CARREGADO
O campo elétrico uniforme realiza trabalho sobre
a carga, e assim a carga do repouso (sem velocidade)
pode ganhar velocidade em virtude do trabalho reali-
zado pelo Campo Elétrico Uniforme, fazendo a partí-
cula ganhar Energia Cinética.

W = –q · ∆V
100
DQ
i=
Dt
Onde:

I = Intensidade de corrente elétrica, unidade no SI


é (A)=(c/s).
Δq = Quantidade de carga, unidade no SI é (C).
Δt = Intervalo de tempo, unidade no SI é (s).

Cálculo de Carga a Partir de um Gráfico

Usamos muitos dispositivos elétricos na nossa


vida, porém, nem todos funcionam com o mesmo tipo
Onde:
de corrente elétrica. Uma pilha de um controle remoto
funciona com corrente elétrica contínua, ou seja, que
W = Trabalho realizado pelo Campo Elétrico, uni-
só tem um sentido. Já uma tomada elétrica funciona
dade no SI é (J) = (joules). com corrente alternada, ou seja, com sentidos diferen-
q = Carga. tes a cada instante. Você, ao se deparar com isso, fica
∆V = Vf – Vi = Diferença de Potencial Elétrico, uni- sem recursos para calcular a quantidade de carga(∆Q)
dade no SI é (V)=(volts). que passa em um fio condutor, pois só aprendemos:

CORRENTE ELÉTRICA DQ
i=
Dt
É um movimento ordenado dos elétrons devido a
E essa equação só funciona para correntes elétri-
uma diferença de potencial (“voltagem). Os metais são cas constantes, e agora?
conhecidos por sua camada de valência (mais exter- Precisamos de um novo recurso para calcular
na) ter elétrons fracamente ligados ao núcleo e facil- essas correntes elétricas variáveis.
mente podem ser orientados com uma DDP (diferença Esse recurso é uma análise do gráfico de corren-
de potencial) diferente de zero. te elétrica por tempo. A área abaixo da curva corres-
ponde à quantidade de carga que passa no corpo.
DIFERENÇA DE POTENCIAL ENTRE O FIO SENDO I(A) I(A)
NULA
Fio Condutor

ΔQ
t (s) t (s)
Dica
Não existe movimento “ordenado de cargas elétricas”
Dica
DIFERENÇA DE POTENCIAL ENTRE O FIO SENDO
Nem sempre podemos usar i=∆Q/∆t, pois essa
NÃO NULA equação só funciona para cálculo de correntes
Fio Condutor constantes ou se a prova pedir a corrente média.
Caso seja uma corrente variável, temos que fazer
a análise gráfica.

CORRENTES ALTERNADA

Existe movimento “ordenado de cargas elétricas” e Corrente Contínua: Quando ela tem apenas um
damos o nome de CORRENTE ELÉTRICA sentido, geralmente é produzida pela ddp de uma
pilha que tem tensão contínua também.
Intensidade de Corrente Elétrica (i)
I(A) Corrente continua (CC)
Se um dia você precisar explicar o que é Corren-
te Elétrica para alguém em poucas palavras é muito
fácil, apenas diga que é o choque. Todo mundo algu-
ma vez já tomou um choque (com certeza uma lem-
brança ruim). Esse choque ocorre graças à corrente
FÍSICA

elétrica passando pelo nosso corpo.


Correntes Elétricas ocorrem em qualquer lugar
que exista Diferença de Potencial (“voltagem” como t(s)
chamamos no dia a dia). Matematicamente, ela é defi-
nida como a quantidade de carga que passa por um Corrente Alternada: É quando ela tem o sentido
condutor, durante um intervalo de tempo. alterado a cada instante de tempo já pré-definido, por 101
exemplo, no Brasil a frequência da nossa rede de ten- O conceito matemático de Resistência Elétrica é
são é 60 ciclos por segundo, significa dizer que em 1 dado pela definição:
segundo a corrente elétrica muda 60 vezes de sentido
nesse 1s. V
R=
i
I(A)
Corrente alternada (CA)
É interessante chamarmos a atenção que, para
facilitar a memorização, é preciso isolar o V.

V=R·i
t(s)
Em que:

V = Diferença de Potencial Elétrico (Tensão Elétri-


ca), unidade do SI(V) = (volts).
Lei De Ohm R = Resistência Elétrica à passagem de Corrente
Elétrica, unidade no SI(Ω) = (ohms).
OHM foi um físico responsável por entender Existem também outros fatores que influenciam
melhor a eletricidade com as equações que revolu- na Resistência Elétrica de um corpo, como fatores geo-
cionaram a ciência. Usamos a Lei de OHM em toda a métricos e o material de que são feitos.
parte da Eletricidade para dispositivos elétricos. Dife-
rente do que muitos pensam, a Lei de OHM não é uma
equação, e sim uma relação física fantástica que rela-
cionamos grandezas.
Com temperatura constante, corrente e voltagem
variam na mesma proporção (resistor ôhmico).
t·L
V R=
A
R cte
Em que:

ρ = Resistividade elétrica (diferencia um material


do outro a uma determinada temperatura), unidade
no SI(Ω · m) = (ohm · metro).
I L = Comprimento.
A = Área da secção transversal.
Esse gráfico demonstra como funciona a ddp (V) e
a corrente elétrica se o resistor for ôhmico (Resistên- Geralmente, os corpos são fios cilíndricos, por isso
cia Elétrica Constante). a área da secção transversal é calculada como área de
um círculo de Raio (r).
RESISTÊNCIA ELÉTRICA
A = πr2
Antigamente, os filósofos acreditavam que a natu-
reza era formada por 4 elementos, porém hoje em dia Efeito Joule
sabemos que existem muitos elementos na tabela.
Dependendo de que os elementos são feitos, os átomos Você já deve ter notado que, quando usa muito
oferecem uma resistência à passagem de corrente elé- tempo determinados aparelhos elétricos, esses ficam
trica. Em tudo que envolve eletricidade é utilizado quentes, isso ocorre pelo EFEITO JOULE que é um
resistores, graças a eles que temos toda a tecnologia. fenômeno que consiste na conversão de energia
São dispositivos que oferecem uma resistência à elétrica em calor. Verificamos isso em qualquer
passagem da corrente elétrica: dispositivo elétrico. Caso tenhamos o objetivo de
Representação Esquemática de Resistores calcular esse calor:

Q = i² · R · ∆t

Em que:
Q = Calor
i = Corrente elétrica
R = Resistência Elétrica do Material
102 ∆t = Intervalo de tempo analisado
ASSOCIAÇÃO DE RESISTORES LEIS DE KIRCHHOFF

Associação em Série Em nossas casas usamos a energia elétrica normal-


mente em 110 ou 220 volts, mas até chegar em nossas
Como você já viu anteriormente no título Capacito- residências, ela percorre um longo caminho, saindo
das usinas (hidrelétrica, termoelétrica, nuclear, entre
res e Associações, vamos apresentar aqui um exemplo
outras), onde temos os geradores elétricos e trafegam
de Associação em Série contextualizando a Associação por meio das linhas de transmissão. Durante esse
de Resistores. caminho, a energia elétrica vai passando por diversos
Associação em série: Podemos pensar que um divi- transformadores, que tem o papel de reduzir a tensão
sor de Tensão Elétrica (DDP) e todos os resistores são para que possamos usar em nossas casas. Essa grande
“percorridos” pelo mesmo valor de corrente elétrica. rede de distribuição, é um circuito muito complexo ou
rede elétrica.
R2 Req Uma rede elétrica é uma associação de geradores,
indutores, capacitores, resistores, receptores e outros
dispositivos elétricos, e eles estão todos interligados.
Geradores estão presentes em diversos dispositivos
R1 R3 eletrônicos, em automóveis, rádios, TV’s e em outros.
Para que possamos determinar a intensidade da cor-
+ - + rente elétrica que percorre nos diversos ramos da
-
rede elétrica, precisamos aplicar as leis de Kirchhoff.
Uma rede elétrica, pode ser representada como na
figura abaixo,
RESISTÊNCIA
Req = R1 + R2 + R3
EQUIVALENTE
CORRENTE
itotal = i1 + i2 + i3
ELÉTRICA
DDP Utotal = U1 + U2 + U3

Associação em Paralelo

Como você já viu anteriormente o exemplo de


dinheiro, vamos apresentar aqui novamente este
exemplo de Associação em paralelo contextualizando
os Resistores.
Temos algumas características nessa representação:
A ideia da associação de resistores é a mesma:
cientistas não fabricam infinitos valores de resistores, z Nó: é o ponto de encontro de três ou mais elemen-
mas, de acordo com a nossa necessidade, associamos tos do circuito, na nossa figura temos os pontos B
os resistores para dar o resultado desejado. e E como nós.
z Ramo; é um trecho do circuito que liga dois nós,
R1 temos na nossa figura ABEF, BCDE e BE, como
Req ramos dos nossos circuitos.
R2 z Malha: é um conjuto de ramos que forma um cir-
cuito fechado, na nossa figura temos três malhas,
R3 α, β e α + β, que são ABEFA, BCDEB e ABCDEFA,
respectivamente.
+ -
+ - Tendo em vista os elementos que compõem uma
VT rede elétrica, vamos agora apreender uma ferramen-
VT
ta para resolver exercícios que envolvam circuitos
elétricos. Para isso faremos o uso das duas leis de
Kirchhoff.
RESISTÊNCIA 1 1 1 1
= + +
EQUIVALENTE R eq R1 R 2 R3
Dica
CORRENTE
itotal = i1 + i2 + i3 Ambas as leis são conservação de energia nos
ELÉTRICA
trechos do circuito.
DDP Utotal = U1 = U2 = U3
Primeira Lei de Kirchhoff ou Lei dos Nós
FÍSICA

Se você pegar dois resistores, apenas em paralelo,


A corrente é o movimento das cargas positivas,
pode notar que a resistência equivalente dos dois é
sendo assim, em qualquer nó a soma das intensidades
calculada pela seguinte forma: “produto” pela “soma” de correntes elétricas que chegam em um nó é a soma
das que dele saem, ou seja, toda corrente que entra
produto = R1 · R 2 em um nó é a mesma quantidade de corrente que sai,
R eq = R1 + R 2
soma em uma equação matemática: 103
z Primeiro temos i3·R2: teremos um sentido positi-
∑i chegam = ∑ isaem vo para a corrente, já que no ramo AB, a corrente
coincide com o sinal adotado para o circuito;
Por exemplo, no nó A temos: z Seguindo o sentido da corrente, temos que E2 tem
sinal negativo, pois a corrente de BE entra no polo
negativo, e temos um gerador;
z Agora r2·i2, possui um sinal positivo, pois o sentido
da corrente no ramo BE, segue o sentido da malha.
z Já i4·R1, terá um sinal negativo, pois o sentido da
corrente é contrária ao adotado pela malha EF;
z Agora E1, teremos um sinal positivo para a corren-
i1= i2 + i3 te, já que ela entra no polo positivo e configurando
E1 um receptor;
E para o nó B teremos: z Por fim, temos r1·i1, terá um sinal positivo, já que
segue o sentido da malha.

A segunda lei de Kirchhoff se torna:

R 2 ⋅ i3 − E 2 + r2 ⋅ i2 − R 1 ⋅ i4 + E1 + r1 ⋅ i1 =
0
RELAÇÕES ENTRE GRANDEZAS ELÉTRICAS

Você vai verificar que todas essas situações apre-


sentadas a seguir já foram mencionadas anteriormen-
te, mas é interessante formalizarmos elas agora.
i1 + i 2 = i 3 + i 4 Existem várias grandezas elétricas que se relacio-
nam, algumas delas nós já vimos, como Tensão e Cor-
Segunda Lei de Kirchhoff rente Elétrica. Importante também relacionar todas
essas grandezas com potência elétrica.
Para a segunda lei de Kirchhoff, temos que a soma
das diferenças de potenciais (ddp) ao longo dos ramos, POTÊNCIA E ENERGIA NA CORRENTE ELÉTRICA
percorrida em qualquer sentido, é sempre nula.
O conceito físico de potência é a rapidez para uma
forma de energia se transformar em outra. Um bom
∑V = 0 exemplo disso é um resistor dentro de um chuveiro
elétrico, o qual converte energia elétrica em energia
térmica:
Para exemplificar, vamos analisar a malha α do
nosso circuito acima, como mostra na figura abaixo:
Energia
P=
tempo

Onde:

Energia, unidade no SI(J)=(joules);


Tempo, unidade no SI(s)=(segundos);
Potência, unidade no SI (W)=(watts)=(J/s) =(joules/
segundo).

É importante lembrar que no sistema internacio-


nal de medidas, a unidade de energia é em (J) = (jou-
les), porém em muitas questões eles apresentam a
unidade de energia em (k · W · h).

CONVERSÃO DE ENERGIA

O sentido da corrente nessa malha ainda não sabe- 1k · W · h = 1000 · W · h


mos, sendo assim, adotamos um sentido arbitrário 1h = 3600s
para cada corrente e vamos adotar um sentido para 1k · W · h = 1000 · W · 3600s
corrente no circuito todo. Assumindo que seja o horá- 1k · W · h = 3600 000 W · s
rio, isso não importa muito nesse momento, já que 1k · W · h = 3,6 . 10+6 W · s
quando resolvermos o problema iremos mostrar se Mas lembre que: (W) = (watts) = (J/s)
essa escolha foi correta ou não a partir do sinal encon-
trado para a corrente. Adotando essas condições para +6 J
a malha a que passa por ela uma corrente elétrica no 1k · W · h = 3, 6 · 10 s
·s
sentido horário, vamos analisar quais são as mudan-
ças do potencial ao longo do circuito. 1k · W · h = 3,6 · 10+6 J
104
Potência Elétrica em Resistores Onde:

No conceito de elétrica, é importante conseguirmos Q = Módulo das cargas de uma das placas
calcular a potência elétrica consumida nos resistores. V = Diferença de Potencial entre as placas
C = Capacitância, unidade no SI, (F)=(faraday)
Dica
ASSOCIAÇÃO DE CAPACITORES
Uma maneira fácil de lembrar como calcular a
potência elétrica em resistores é lembrando do Sempre que começamos o estudo de Associações
barulho que o pinto faz (piu). de Capacitadores, gosto de usar exemplos de dinhei-
ro. Atualmente, no Brasil, é possível termos 13 reais
P=i·U em dinheiro, mas com certeza não iremos olhar a car-
teira e achar uma nota de 13, pois não existe. Nós faze-
Em que: mos associações de dinheiro: uma nota de 10 reais e o
U = Tensão Elétrica, DDP, unidade no SI(V) = (volts). restante em moedas, por exemplo, e o resultado será
Podemos, ainda, calcular que a Potência pode ser os 13 reais. A ideia da associação de capacitores é a
dada como: mesma: cientistas não fabricam infinitos valores de
capacitores. De acordo com a nossa necessidade, asso-
ciamos os capacitores para dar o resultado desejado.
2
U
P = R · i2 ou P =
R Associação em Série

CAPACIDADE ELÉTRICA

Capacidade Elétrica também pode ser chamada


da Capacitância, inclusive é o nome mais usado em
provas. Aqui, nesse módulo, estudaremos dispositivos
elétricos chamados capacitores, que nos permitem
armazenar cargas elétricas e, por sua vez, energia elé-
CAPACITÂNCIA 1 1 2 3
trica para usarmos depois, um exemplo bem comum = + +
são os desfibriladores usados na medicina. EQUIVALENTE C eq C1 C2 C3
CARGA Qtotal = Q1 = Q2 = Q3
DDP Utotal = U1 + U2 + U3

Se você pegar dois capacitores, apenas, em série,


a capacitância equivalente é o famoso “produto” pela
“soma”.

produto C ·C
C eq = = 1 2
soma C1 + C 2

Associação em Paralelo

Fonte: https://br.pinterest.com/pin/839780661745426893/

ENERGIA ARMAZENADA NOS CAPACITORES

Você já imaginou “guardar” carga elétrica para


usar depois? curiosa essa ideia, né!!
Um capacitor tem essa função, ele consegue arma-
zenar cargas elétricas, como se fosse uma geladeira
que armazena alimentos para usarmos depois. A nos-
sa tecnologia hoje é toda em cima do uso de capacito- CAPACITÂNCIA
res, principalmente em dispositivos eletrônicos. Ceq = C1 + C2 + C3
EQUIVALENTE
Cada dispositivo elétrico tem a sua capacidade de
armazenar cargas, ou seja, a sua capacitância. O Con- CARGA Qtotal = Q1 + Q2 + Q3
ceito matemático de capacitância é a equação a seguir.
FÍSICA

DDP Utotal = U1 = U2 = U3
Q
C=
V

105
Dica Agora se deixarmos percorrer uma corrente elétri-
ca no gerador verificaremos que
Pode cair em prova os dois juntos, no mesmo cir-
cuito. A sugestão é sempre começar reduzindo
os capacitores que você identificar em série, e VAB < ε
depois, eles todos vão ficar acabando em parale-
Ou seja, pelo fato de percorrer corrente elétrica,
lo, mas isso não é uma regra, só um atalho.
não conseguimos usar toda F.E.M do gerador para o
circuito.
GERADORES E RECEPTORES ELÉTRICOS
Associação de Geradores
Gerador transforma algum tipo de energia em
energia elétrica. Na física existem dois geradores
Vamos falar de associações mais uma vez, só que
que iremos estudar: os geradores ideais e os gerado-
agora é de geradores.
res reais e todos eles são fundamentais para o estudo
de eletrodinâmica. Os geradores mais frequentes no
nosso dia a dia são as pilhas, por isso que os desenhos SÉRIE
irão lembrar a forma de uma.

Gerador Ideal

O gerador ideal é aquele que dizemos que não pos-


sui resistência interna, ou seja, pode fornecer toda a
εeq = ε1 + ε2 + ε3
energia para o circuito. req = r1 + r2 + r3

Podemos imaginar que é como se fosse uma pilha, εeq = ε1 – ε2 + ε3


onde a sua diferença de potencial de A para B (VAB) req = r1 + r2 + r3
seja igual a força eletromotriz do gerador(ε), que pode
ser chamada de F.E.M
Sempre fique atento às polaridades do gerador: se
VAB = ε estiver o menos de um gerador e, na sequência, um
mais de outro gerador, as suas F.E.M estão se ajudando.

Gerador Real

Todo gerador ao ser percorrido por corrente elé-


trica tem parte de sua energia “dissipada” por uma
resistência interna imaginária. Essa perda de energia E se for o contrário, menos de um gerador e, na
só é verificada com a passagem de corrente elétrica, sequência, um menos de outro gerador, eles estão se
por isso se olharmos um gerador real e um gerador atrapalhando, assim como o mais de um e, na sequên-
ideal, sem ter corrente elétrica, eles parecerão iguais. cia, o mais de outro.
Veremos, então, a representação do Gerador Real e
do Gerador Ideal respectivamente no quadro a seguir:

APARELHOS DE MEDIÇÃO ELÉTRICA

Os medidores elétricos são equipamentos utili-


zados para medir o quanto de energia elétrica e os
Podemos imaginar que é como se fosse uma pilha, valores de intensidade de algumas grandezas físicas.
em que a sua diferença de potencial de A para B (VAB) As pessoas erroneamente chamam de “amperagem” e
seja igual a força eletromotriz (ε) se não existir cor- “voltagem” essas grandezas medidas. O instrumento
rente elétrica(i) de medida elétrico mais frequente no uso de profissio-
nais elétricos é o multímetro, onde encontramos todas
as grandezas elétricas para serem medidas como ten-
VAB = ε são, corrente elétrica e resistência elétrica.
Os principais medidores elétricos são:

z Amperímetro: utilizado para medir a intensidade


da corrente elétrica, e deve ser colocado em série
106 em um circuito.
z Voltímetro: tem como finalidade medir a tensão Símbolos Convencionais
elétrica entre dois pontos de um circuito elétrico e
deve ser conectado em paralelo.
SÍMBOLOS CONVENCIONAIS
Além desses, também são muito utilizados os mul- RESISTOR
tímetros, aparelhos com várias funções que podem
fazer inúmeras medidas elétricas. Eles são conheci- Oferece uma resistência
dos também por instrumentos de medidas, serve para à passagem da corrente
fazermos medidas no circuito sem alterar as caracte- elétrica.
rísticas do circuito original.

Amperímetros
LÂMPADAS
O amperímetro ideal tem resistência nula e os sím-
bolos estão mostrados abaixo. Converte energia elétrica
em energia luminosa.
SÍMBOLO

DIODO Dispositivo que permite


a condução da corrente
elétrica em apenas um
sentido. Podemos usar ele
como uma chave para fe-
char e abrir o circuito.
LED
O LED é um diodo que
emite luz. A sigla LED é de
Light Emitting Diode. A luz
é produzida por interações
do elétron com o material
do que o LED é feito.

RESISTOR LIGHT
DEPENDENT RESISTOR A sigla LDR significa Light
Dependent Resistor. Sua
resistência varia conforme
Amperímetro está medindo apenas a corrente elé-
a intensidade da luz que in-
trica que “atravessa” R2.
cide sobre ele.
Luz  Resistência Mínima;
Voltímetros Sem luz Resistência
Máxima.
São representados, em geral, pela letra V colocada
dentro de um círculo ou, às vezes, cortado por uma
seta. Como medem a diferença de potencial elétrico Sensível a temperatura, a
entre dois pontos de um, devem ter seus terminais inse- RESISTORES NTC
sigla NTC significa Negative
ridos em paralelo com o trecho do circuito entre esses Temperature Coefficient.
pontos. O Voltímetro ideal possui resistência infinita. Temperatura Aumenta: Re-
sistência Diminui;
SÍMBOLO Temperatura Diminui: Re-
sistência Aumenta.
FUSÍVEIS
Fusível é um dispositivo
de proteção dos circuitos.
Filamento de metal de bai-
xo ponto de fusão. Assim,
quando o fusível é percorri-
do por uma corrente elétrica
acima do normal, o filamen-
to se funde e abre o circuito.

POTENCIÔMETRO Possui resistência elétrica


FÍSICA

ajustável. Para controlar as


características de entrada/
saída de aparelhos eletrô-
nicos, como volume, brilho,
tempo de funcionamento.
Voltímetro está medindo ddp entre o ponto A e B. 107
CONCEITOS INICIAIS DO MAGNETISMO Inseparabilidade

O estudo dos ímãs é o ponto de partida do nosso Os polos de um ímã são inseparáveis. Não existe
estudo do eletromagnetismo. monopólio-magnético.
Após vermos o conceito e a função de um imã, deli-
mitaremos os tipos que existem:

z Ímãs permanentes: São permanentes, no sentido


de que, quando magnetizados, retêm um nível de
magnetismo.
z Ímãs temporários: Agem como um ímã perma-
nente quando estão imersos em campo magnético
intenso, mas, perdem o seu magnetismo quando o
campo magnético desaparece.

Um ímã é divido em polos, um polo é chamado de


Norte e outro de Sul. Na figura a seguir veremos uma
imagem que é a representação esquemática de um ímã.

Linhas de Campo Magnético

As linhas do campo magnético são tangentes às


linhas de força. Além disso, elas são curvas, porque
o campo magnético não é uniforme, ou seja, é mais
intenso perto no polo do ímã.
FORÇA MAGNÉTICA

Desde a época da Grécia antiga já se conhecia


várias propriedades do Magnetismo. Os chineses
foram um dos primeiros a utilizar esse estudo da for-
ça magnética para se orientar, ou seja, graças a essa
força magnética que materiais sofrem entre si que
podemos criar muitas tecnologias que envolvam isso,
desde Usinas Hidroelétricas a motores de carro.
Seguindo a ideia de força magnética, temos que os
imãs interagem entre si, obedecendo algumas regras
As linhas de campo magnético são tangentes às
de atração e repulsão. Para uma melhor representa-
linhas de força e quanto maior a densidade de linha
ção, segue o quadro abaixo:
de força, mais intenso é o B, por isso, o B é mais inten-
so perto dos polos.
ATRAÇÃO
Quando são polos diferentes

CAMPO MAGNÉTICO

Já vimos muitas coisas até aqui, como: Campo Mag-


REPULSÃO
nético Terrestre, Bússola, Importância para as aves e
Quando são polos iguais etc. Durante muito tempo se pensou que Magnetismo
e Eletricidade eram ciências distintas, mas, em 1820,
um fato mudou tudo, o “Experimento de Oersted”.
Esse experimento foi o primeiro a mostrar evidências
de que o Magnetismo e a Eletricidade poderiam ser
encarados como dois lados de uma mesma moeda.
Mais à frente, foi definido os 3 fenômenos eletromag-
néticos. Podemos dizer, então, que esse fenômeno de
atração e repulsão, que é observado entre dois objetos
que possuem diferentes propriedades magnéticas, é
responsável por muita coisa. O movimento de cargas é
o responsável pelos experimentos magnéticos, já que
os átomos produzem seu próprio campo pelo simples
fato de se movimentarem.
108
De acordo com o Guia de Investimento:

“Antes desse período, os dois fenômenos eram vistos


como completamente separados, tanto que a teoria do
eletromagnetismo só foi aceita em meados do século
XIX. Hoje em dia, o eletromagnetismo e o magnetismo
são usados como base para o aperfeiçoamento de
muitos instrumentos do cotidiano. Do mesmo modo, ele
pode ser utilizado para a produção de energia, ondas de
rádio, aparelhos de comunicação, entre muitas outras
aplicações em empresas de engenharia elétrica”.
BÚSSOLA
Campo Magnético Terrestre

O campo magnético da Terra, também chamado de


Magnetosfera da Terra, é uma área ao redor do planeta
que sofre influência do campo de energia criado pelo
magnetismo do núcleo terrestre. Até hoje não se sabe ao
certo por que o planeta Terra tem um campo magnético,
mas o que importa é que, graças a esse campo magnéti-
co, os pássaros e nós conseguimos nos orientar.

ORIENTAÇÃO EM UM CAMPO

Classificação das Substâncias Magnéticas

Ferromagnéticos: Fortemente atraído por ímãs


como ferro, níquel e cobalto.
Paramagnéticos: Fracamente atraído por ímãs
como alumínio, o magnésio, o sulfato de cobre etc.
Diamagnéticos: Fracamente repelido por ímãs
Podemos imaginar a Terra como se fosse um gigan-
te ímã, em que tem um POLO NORTE . como o bismuto, o cobre, a prata, o chumbo e etc.

CAMPO MAGNÉTICO GERADO POR CORRENTE


Polo Norte Geográfico “abriga” o Polo Sul Magnético; ELÉTRICA

Polo Sul Geográfico “abriga” o Polo Norte Magnético. Michael Faraday (1791-1867) descobriu os efeitos
elétricos produzidos pelo magnetismo. Através desses
Dica fenômenos, chamados de indução eletromagnética, ele
explicou a natureza e as propriedades dos campos mag-
Em astronomia, estudamos que graças ao cam-
po magnético terrestre é possível vivermos na néticos alternados que pode gerar corrente elétrica.
Terra. Mais à frente, vamos estudar que no Sol Faraday explicou que o campo magnético é produ-
ocorre a reação de fusão nuclear, o que libera zido pelas cargas elétricas geradas a partir do atrito
uma energia chamada de ventos solares. Se entre os corpos que, por variar o fluxo magnético,
essas energias fossem lançadas diretamente sofrem atração ou repulsão. Graças a essa descober-
na Terra, não teríamos chance de sobreviver. O ta, hoje conseguimos transmitir energia elétrica para
campo magnético terrestre desvia grande parte
todo o mundo. O eletromagnetismo se divide em 3
desses ventos solares, permitindo, assim, a nos-
FÍSICA

sa vida na Terra. fenômenos eletromagnéticos que veremos a seguir.

Bússola Primeiro Fenômeno Eletromagnético

Uma bússola é um ímã, seu polo norte sempre acom- Carga elétrica em movimento gera campo magné-
panha a orientação do campo magnético. tico. (OERSTED) 109
REGRA DA MÃO DIREITA Nunca se esqueçam das notações

n·i
B fio =
2·r·d
Sentido do polegar é o da corrente elétrica e os outros
quatro dedos é a orientação do campo magnético. μ=Permeabilidade magnética
i= Corrente elétrica
Nunca se esqueçam das notações d= Distância até o ponto analisado

Lei de Ampère

A Lei de Ampère permite, em algumas situações a


determinação da intensidade do campo magnético. A
explicação de como se chega à formulação matemáti-
ca utilizada para a determinação da intensidade des-
ses campos é complexa, pois acaba utilizando ideias e
Corrente elétrica convencional é o sentido contrário da conceitos super avançados.
real, ou seja, a convencional é “imaginarmos” que as Para formulação matemática, considerando ape-
cargas positivas se movem. nas seus aspectos mais recorrentes em prova, con-
sideraremos uma linha imaginária. Verificaremos
Campo Magnético em uma Espira o campo magnético em cada ponto, em uma função
matemática que um somatório. Na prática, o aluno
deve apenas guardar a equação.

∑(B · Δ L) = μ .ienvolvida

Onde o termo B. é a soma de todas as contribui-


ções ao longo da linha imaginária. Ficará mais claro
no exemplo a seguir:

n·i
B centro = EXEMPLO DA APLICAÇÃO DA LEI DE AMPÈRE
2·R
μ= Permeabilidade magnética
i= Corrente elétrica
R= Raio da Espira

Lei de Biot-savart

Basicamente, essa lei é apenas uma fórmula para


calcularmos a intensidade do campo magnético em fios.

REGRA DA MÃO DIREITA


Temos um fio com corrente i entrando no plano

∑(B · Δ L) = μ · ienvolvida
∑(B · Δ L) = B∑( Δ L) = B(2 · π · d)
B(2 · π · d) = μ · ienvolvida
n · i envolvida
B=
2·r·d

Sentido do polegar é o da corrente elétrica e os outros


quatro dedos é a orientação do campo magnético

110
Eletroíma Para Achar a Orientação da Força Usamos a Regra
do Tapa com a Mão Direita
Com a unificação da eletricidade e o magnetismo
foi possível criar o eletroímã, que é um ímã que pode-
mos escolher a polaridade e também a intensidade de
seu campo magnético. Podemos chamar o eletroímã
de solenoide.
Um bom exemplo de eletroímã são aqueles dispo-
sitivos em ferro velho, usados para pegar as carcaças
de automóveis estragados.

Campo Magnético (B), entrando no plano e duas


cargas com velocidade(V) para o topo da página, a Di-
Campo Magnético em um Solenoide reção dessa força é perpendicular ao plano formado

pelos vetores →
Be V

N, n · i
B solenoide / = L Grandeza orientada do plano para o observador.
Grandeza orientada do observador para o plano
μ = Permeabilidade magnética
i = Corrente elétrica
L = Comprimento
N = Número de voltas

FORÇA MAGNÉTICA

A força magnética ocorre da interação magnética


entre dois corpos com características magnéticas.
Se analisarmos as cargas elétricas, a força só existe
quando há movimento da partícula com campo mag-
nético em que o ângulo entre a velocidade seja dife-
rente de 0° ou 180.
Considerando que uma carga puntiforme Q, com
velocidade v, é lançada em um campo magnético
uniforme B, passa a existir sobre ela uma força mag-
nética. Hoje em dia, em aceleradores de partículas,
usamos muito esses conceitos físicos.
Para existir força magnética sobre cargas elétricas
é necessário: Campo Magnético(B), entrando no plano e um fio de comprimento (L)
com corrente elétrica (i) para o topo da página
FÍSICA

1. Estar em movimento (ter velocidade);


2. Cortar as linhas de campo magnético (atravessar
as linhas de campo magnético).

111
Módulo da Força Magnética em Fio Condutor

Assim como vimos em cargas elétricas, existe uma


equação para calcularmos a força magnética de um
fio que sofre ao estar dentro de um campo magnético.

F = B · i · L · senθ

Onde:

F = Força magnética na carga


Grandeza orientada do plano para o observador.
B = Intensidade do vetor Campo Magnético
Grandeza orientada do observador para o plano I = Corrente elétrica convencional(positiva)
Módulo da força magnética em cargas L = Comprimento do fio
θ = Ângulo entre o vetor B e a i
F = B · V · |q| · senθ
INDUÇÃO ELETROMAGNÉTICA
Onde:
Fluxo Magnético (ф)
F = Força magnética na carga
Agora, veremos sobre o Fluxo Magnético. Esse se
B = Intensidade do vetor Campo Magnético refere à quantidade de linhas de indução que passam
V = Vetor velocidade da carga através de um material condutor.
|q| = Módulo da carga elétrica
θ = Ângulo entre o vetor B e o vetor V

CAMPO MAGNÉTICO

Em aceleradores de partículas, usamos muito esse


conceito das partículas entrarem perpendiculares ao
campo magnético, na figura a seguir verificaremos
isso

Ф = B · A · cosθ

Sendo:

Ф = Fluxo Magnético, unidade no SI (Wb)=(webber)


B = Campo Magnético, unidade no SI(T)=(tesla)
A = *”vetor” Área, unidade no SI (m²)=(metro²)
Θ = ângulo entre A e B.

Fcentrípeta = Fmagnética
Importante!
m·V
2
= B · V · |q| · sen 90° Área não é vetor, isso é apenas um recurso mate-
R
mático para usarmos ângulo.
m·V
= B · |q| · (1)
R LEI DE FARADAY-LENZ

Essa lei revolucionou a ciência pois, com a desco-


m·V
R= berta dela foi possível o desenvolvimento de todas as
|q | · B
linhas de transmissão de Energia Elétrica do mundo.
Foi uma revolução na época, pois permitiu que criás-
Onde: semos eletricidade a partir do magnetismo, e assim,
finalmente, unificaram a eletricidade e magnetismo.
R = Raio da Trajetória A Lei: Se o fluxo de indução magnética em uma
B = Intensidade do vetor Campo Mangético espira variar, surgirá uma corrente elétrica induzida
V = Vetor velocidade da carga associada a uma F.E.M (tensão). O sentido da corrente
112 |q| = Módulo da carga elétrica induzida se opõe às causas que a originaram.
CORRENTES NO MESMO SENTIDO

Faraday foi o responsável por descobrir que varia- ATRAÇÃO


ção de fluxo magnético produz correntes induzidas,
mas foi Lenz quem descobriu que o sinal da corrente
CORRENTES SENTIDOS DIFERENTES
induzida é contrário à variação de fluxo magnético:

DU
f=–
Dt

Onde:

ε = F.E.M = Força Eletromotriz, unidade no SI [volts] * REPULSÃO


∆Ф = Variação do fluxo, SI [Webber]
∆t = Tempo, SI [s] FORÇA MAGNÉTICA ENTRE OS FIOS
*F.E.M é uma DDP, logo também é valido:

ε=R·i n · i1 i 2 · L
F=
2·r·d
Dica
Onde:
Essa Lei de Faraday-Lenz possibilitou a transmis- μ = Permeabilidade magnética
são energia elétrica para todo o mundo. Quem i1 e i2= Correntes elétricas dos fios
gosta de filmes, aconselho o título: “O Menino L = Comprimento dos fios
que Descobriu o Vento”. d = Distância de separação dos fios

NA PRÁTICA
TRANSFORMADORES
Espira, aproximando-se do ímã:
Surge uma Corrente Induzida no sentido Anti-Horário. Transformadores são elementos utilizados para
levantar ou diminuir a tensão elétrica e a corrente elé-
tricas. Eles são fios enrolados, envolto por um núcleo
para melhorar o desempenho. É importante notar
que ele só irá funcionar se a ddp ou corrente for alter-
nada. Se utilizarmos ddp contínua, verificaremos que
a tensão de saída será nula.

Espira, aproximando-se do ímã:


Surge uma Corrente Induzida no sentido Horário.

V1 V
= 2
N1 N2

Onde:
N 1 = Número de espiras primárias
Força Magnética entre Dois fios N 2 = Número de espiras secundárias
FÍSICA

V 1 = Tensão primária
Verificamos experimentalmente como os fios se V 2 = Tensão secundária
comportam, dessa maneira, como será mostrado na
figura, se formos para uma prova é interessante levar
isso em mente:

113
3. (EsPCEx – 2020) Se um corpo descreve um movimen-
HORA DE PRATICAR! to circular uniforme, então:

1. (EsPCEx – 2020) Um lápis está posicionado perpen- z o módulo da força que age sobre o corpo é I zero;
dicularmente ao eixo principal e a 30 cm de distância z o vetor quantidade de movimento II com o tempo;
do centro óptico de uma lente esférica delgada, cuja z o trabalho realizado pela força é III ;
distância focal é -20 cm. A imagem do lápis é z a energia cinética é IV .
Observação: Utilizar o referencial de Gauss.
A opção que corresponde ao preenchimento correto
a) real e invertida.
das lacunas (I), (II), (III) e (IV) é:
b) virtual e aumentada.
c) virtual e reduzida.
a) I-diferente de II-não muda III-nulo IV-constante
d) real e aumentada.
b) I-diferente de II-muda III-diferente de zero IV-variável
e) real e reduzida.
c) I-igual a II-muda III-nulo IV-constante
2. (EsPCEx – 2020) Dois blocos A e B, livres da ação de d) I-diferente de II-muda III-nulo IV-constante
quaisquer forças externas, movem-se separadamente e) I-igual a II-não muda III-constante IV-variável
em um plano horizontal cujo piso é perfeitamente liso,
sem atrito. 4. (EsPCEx – 2020) Um ponto material oscila em torno
da posição de equilíbrio O, em Movimento Harmônico
(ANTES DA COLISÃO) Simples (MHS), conforme o desenho abaixo. A energia
mecânica total dosistema é de 0,1 J, a amplitude da
O bloco A tem massa mA = 1 kg e move-se com uma oscilação é de 10,0 cm e o módulo da máxima velo-
velocidade VA = 1 m/s, na direção do eixo y, no sentido cidade é de 1 m/s. Os extremos da trajetória desse
indicado no desenho. movimento têm velocidade iguala zero (v=0).
O bloco B tem massa mB = 1 kg e move-se com velo-
cidade VB = 2 m/s fazendo um ângulo de 60° com o Desprezando as forças dissipativas a frequência da
eixo y, no sentido indicado no desenho. Após a colisão oscilação em Hertz (Hz) é:
movimentam-se juntos em outro piso, só que agora
rugoso, com coeficiente de atrito cinético μc =0,1, con-
mola
forme o desenho abaixo.

(DEPOIS DA COLISÃO)

O conjunto dos blocos A e B, agora unidos, percorreu


até parar a distância de: V= 0 V= 0

Dados: Desenho ilustrativo - Fora de Escala


Aceleração da gravidade g = 10 m/s2
√3 1 √2
sin 60º = e cos 60º = a)
2 2 3π
mB mA
B A
VB = 2m/s VA = 1m/s √5
b)
π

60° 5
c)
Piso liso
π
Antes da Colisão √π
d)
Depois da colisão
3
θ Piso rugoso
√1
e)
A+B 2π
mA + mB

Desenho ilustrativo - Fora de Escala


5. (EsPCEx – 2020) Um campo elétrico é gerado por uma
partícula de carga puntiforme Q = 5,0·10-6 C no vácuo.
a) 0,200 m O trabalho realizado pela força elétrica para deslocar
b) 0,340 m a carga de prova q=2 · 10-8 C do ponto X para o ponto
c) 0,650 m Y, que estão a 0,20 m e 1,50 m da carga Q, respectiva-
d) 0,875 m mente, conforme o desenho abaixo é:
114 e) 0,950 m Dado: Constante eletrostática do vácuo k0=9 · 109 N m2/C2
X a) 2R
b) R√2
c) 5R
d) 3R
0,20 m e) R√3

8. (EsPCEx – 2020) Considere as seguintes afirmações


1,50 m abaixo:

Q Y I. No interior de uma esfera metálica condutora em equi-


Desenho ilustrativo - Fora de Escala líbrio eletrostático, o campo elétrico é nulo.
II. Um campo elétrico uniforme é formado entre duas pla-
a) 4,3 · 10-3 J cas paralelas, planas e eletrizadas com cargas opos-
b) 5,4 · 10-3 J tas. Uma carga negativa é abandonada em repouso no
c) 6,3 · 10-6 J interior dessas placas, então esta carga deslocar-se-á
d) 6,0 · 10-3 J da região de maior potencial elétrico para a de menor
e) 3,9 · 10-3 J potencial elétrico.
III. Um objeto eletrostaticamente carregado, próximo a
6. (EsPCEx – 2020) Considere uma máquina térmica que um objeto em equilíbrio eletrostático, induz neste uma
opera um ciclo termodinâmico que realiza trabalho. carga uniformemente distribuída.
A máquina recebe 400 J de uma fonte quente cuja IV. Uma carga puntiforme q = 1μC é deslocada de um
temperatura é de 400 K e rejeita 200 J para uma fonte ponto A até um ponto B de um campo elétrico. A força
fria, que se encontra a 200 K. Neste ciclo a máquina elétrica que age sobre q realiza um trabalho ζAB = 1 .
térmica realiza um trabalho de 200 J. 10-5 J, então a diferença de potencial elétrico entre os
pontos A e B é 100 V.
z Analisando o ciclo termodinâmico exposto acima con-
clui-se que a máquina térmica é um I. Das afirmações, é (são) correta(s) somente:
z Essa máquina térmica II a 1ª Lei da Termodinâmica.
z O rendimento desta máquina é III a 50%. a) I.
b) I, II e III.
A opção que corresponde ao preenchimento correto c) I, II e IV.
das lacunas (I), (II) e (III) é: d) I e IV.
e) II
a) I-refrigerador II-não atende III-maior que
b) I-refrigerador II-atende III-igual a 9. (EsPCEx – 2020) Um fio condutor no trecho KLM, sen-
c) I-motor térmico II-atende III-menor que do KL = 8,0 m e LM = 6,0 m, está dobrado em ângulo
d) I-motor térmico II-não atende III-maior que reto e está ortogonalmente inserido em um campo
e) I-motor térmico II-atende III-igual a magnético uniforme de intensidade B = 0,40 T. Este fio
está conectado a um circuito resistivo que é composto
7. (EsPCEx – 2020) O desenho abaixo mostra um semicír- por um gerador ideal de ddp (diferença de potencial) E
culo associado a uma rampa, em que um objeto puntifor- = 40 V e resistências ôhmicas de R1 = 8 Ω, R2 = 12 Ω
me de massa m, é lançado do ponto X e que inicialmente e R3 = 24 Ω , conforme desenho abaixo. A intensidade
descreve uma trajetória circular de raio R e centro em O. da força resultante de origem magnética que atuará
Se o módulo da força resultante quando o objeto pas- sobre o fio condutor no trecho KLM é
sa em Y é √5 mg, sendo a distância de Y até a super-
fície horizontal igual ao valor do raio R, então a altura R1 R2 R3
máxima(hmax) que ele atinge na rampa é: 24 Ω
8Ω 12 Ω

DADOS: Despreze as forças dissipativas.


Considere g a aceleração da gravidade. K
8,0 m
Lançamento do objeto
M L

X 40 V

6,0 m

O Y
Desenho ilustrativo - Fora de Escala
FÍSICA

hmax R R
a) 35,0 N
b) 40,0 N
c) 45,0 N
Superfície horizontal d) 85,0 N
Desenho ilustrativo - Fora de Escala e) 95,0 N 115
10. (EsPCEx – 2020) Considere o circuito elétrico ABCD Na extremidade A é presa uma esfera homogênea de
abaixo, que é formado por 4 (quatro) resistores ôhmi- volume igual a 20 L e peso igual a 500 N por meio de
cos sendo R1 = 0,5 Ω , R2 = 1 Ω , R3 = 2 Ω , R4 = 4 Ω e 2 um fio ideal tracionado. A esfera está totalmente imer-
(dois) geradores ideais E1 e E2. sa, sem encostar no fundo de um recipiente com água,
Sabendo que a diferença de potencial entre os termi- conforme o desenho abaixo. O valor do módulo da for-
nais do resistor R1 é zero, isto é, (VCD=0) e que o valor ça →F que faz 90° com o lado BC e mantém o sistema
da ddp (diferença de potencial) de E2 = 4 V então a ddp em equilíbrio estático, como o desenho abaixo é:
de E1 vale:
Dados: densidade da água: 1000 kg/m3
A aceleração da gravidade: 10 m/s2
R3 R4 sin 45o = √2 cos 45o = √2
E2 2 2

B D A
E1

R2 R1 F

C água

Desenho ilustrativo - Fora de Escala 45° 45°

pino
a) 1V fundo B
linha horizontal
b) 2V
c) 5V
d) 8V Desenho ilustrativo - Fora de Escala
e) 10 V a) 200√2N
b) 150 √2N
11. (EsPCEx – 2020) Um bloco homogêneo A de peso c) 130 √2N
6 N está sobre o bloco homogêneo B de peso 20 N d) 80 √2N
ambos em repouso. O bloco B está na iminência de e) 45 √2N
movimento.
O bloco A está ligado por um fio ideal tracionado ao 13. (EsPCEx – 2019) O circuito de um certo dispositivo
solo no ponto X, fazendo um ângulo com a horizontal elétrico é formado por duas pilhas ideais, possuindo
enquanto que o bloco B está sendo solicitado por uma cada uma tensão “V”, quatro lâmpadas incandescen-
força horizontal , conforme o desenho abaixo. tes, que possuem resistências elétricas constantes e
Os coeficientes de atrito estático entre o bloco A e o de mesmo valor, L1, L2, L3 e L4 , e fios condutores de
bloco B é 0,3 e do bloco B e o solo é 0,2. resistências desprezíveis, conforme o desenho abaixo.

A intensidade da força horizontal →


F aplicada ao bloco
B nas condições abaixo, capaz de tornar iminente o L1
movimento é: +
Pilha L3

Dados: cosθ + 0,6 e sinθ = 0,8
+ L2
Pilha
L4
A –

F
B
θ Desenho ilustrativo - Fora de Escala

x
Solo horizontal Considerando que as lâmpadas não se queimam, pode-
-se afirmar que
Desenho ilustrativo - Fora de Escala
a) a lâmpada L1 brilha mais que a L2.
a) 2,0 N b) todas as lâmpadas têm o mesmo brilho.
b) 9,0 N c) as lâmpadas L1,L2 e L3 têm o mesmo brilho.
c) 15,0 N d) a lâmpada L3 brilha mais que L2.
d) 18,0 N e) nenhuma das lâmpadas tem brilho igual
e) 20,0 N
14. (EsPCEx – 2019) Duas espiras circulares, concêntri-
12. (EsPCEx – 2020) O desenho abaixo apresenta uma cas e coplanares de raios R1 = 2π m e R2 = 4π m são
barra metálica ABC em formato de L de peso desprezí- percorridas, respectivamente, por correntes de intensi-
vel com dimensões AB = 0,8 m e BC = 0,6 m, articulado dades i1 = 6ª e i2 = 8ª, conforme mostra o desenho
em B por meio de um pino sem atrito e posicionada a
45° em relação à linha horizontal.

116
i2 = 8 A

R1
i1 = 6 A O

R2

Desenho ilustrativo - Fora de Escala

A intensidade (módulo) do vetor indução magnética no centro das espiras “O” é


Dado: o meio é o vácuo e a permeabilidade magnética do vácuo

a) 2 · 10-7 T.
b) 3 · 10-7 T.
c) 6 · 10-7 T.
d) 8 · 10-7 T.
e) 9 · 10-7 T.

15. (EsPCEx – 2019) Duas polias, A e B, ligadas por uma correia inextensível têm raios RA = 60 cm e RB = 20 cm, conforme
o desenho abaixo. Admitindo que não haja escorregamento da correia e sabendo que a frequência da polia A é fA = 30
rpm, então a frequência da polia B é

B
RA
RB

Desenho ilustrativo - Fora de Escala

a) 10 rpm.
b) 20 rpm.
c) 80 rpm.
d) 90 rpm.
e) 120 rpm.

16. (EsPCEx – 2019) O sistema de polias, sendo uma fixa e três móveis, encontra-se em equilíbrio estático, conforme mos-

tra o desenho. A constante elástica da mola, ideal, de peso desprezível, é igual a 50 N/cm e a força F na extremidade
da corda é de intensidade igual a 100 N. Os fios e as polias, iguais, são ideais.

Teto


F
FÍSICA

Piso

Desenho ilustrativo - Fora de Escala


117
O valor do peso do corpo X e a deformação sofrida 20. (EsPCEx – 2019) No triângulo retângulo isóceles XYZ,
pela mola são, respectivamente conforme desenho abaixo, em que XZ = YZ = 3,0 cm,
foram colocadas uma carga elétrica puntiforme Qx =
a) 800 N e 16 cm. +6 nC no vértice X e uma carga elétrica puntiforme Qy
b) 400 N e 8 cm. = +8 nC no vértice Y.
c) 600 N e 7 cm.
d) 800 N e 8 cm. X
e) 950 N e 10 cm.

17. (EsPCEx – 2019) Uma viga rígida homogênea Z com


100 cm de comprimento e 10 N de peso está apoiada 3,0 cm
no suporte A, em equilíbrio estático. Os blocos X e Y
são homogêneos, sendo que o peso do bloco Y é de 20
N, conforme o desenho abaixo.

Y 3,0 cm Z
100 cm

44 cm A intensidade do campo elétrico resultante em Z, devi-


do às cargas já citadas é
20 cm 8 cm
Dados: o meio é o vácuo e a constante eletrostática do
Y X N·m2
vácuo é K0= 9·109
c2
Z
A a) 2 · 105 N/C.
b) 6 · 103 N/C.
O peso do bloco X é c) 8 · 104 N/C.
d) 104 N/C.
a) 10,0 N. e) 105 N/C.
b) 16,5 N.
c) 18,0 N. 9 GABARITO
d) 14,5 N.
e) 24,5 N.
1 C
18. (EsPCEx – 2019) Um gás ideal é comprimido por um 2 D
agente externo, ao mesmo tempo em que recebe calor
de 300 J de uma fonte térmica. 3 D
Sabendo-se que o trabalho do agente externo é de 600
J, então a variação de energia interna do gás é 4 C

5 E
a) 900 J.
b) 600 J. 6 E
c) 400 J.
7 A
d) 500 J.
e) 300 J. 8 A

19. (EsPCEx – 2019) Um objeto retilíneo e frontal XY, per- 9 B


pendicular ao eixo principal, encontra-se diante de
10 B
uma lente delgada convergente.
Os focos F e F’, os pontos antiprincipais A e A’ e o cen- 11 B
tro óptico “O” estão representados no desenho abaixo.
Com o objeto XY, sobre o ponto antiprincipal A, pode- 12 A
-se afirmar que a imagem XY, , desse objeto é:
13 D
Dados: OF = FA e OF' = F' A' 14 A

X 15 D

Y
16 D
A F 0 F' A' 17 E

18 A

a) real, invertida, e do mesmo tamanho que XY. 19 A


b) real, invertida, maior que XY . 20 E
c) real, direita, maior que XY.
d) virtual, direita, menor que XY.
e) virtual, invertida, e do mesmo tamanho que XY.
118
Definidos os conceitos, compreenderemos como
ocorrem as mudanças de estado por meio do diagrama:

Sublimação

QUÍMICA Sólido
Fusão
Líquido
Vaporização
Gasoso
Solidificação Condensação

z Fusão: trata da passagem do estado sólido para o líqui-


MATÉRIA E SUBSTÂNCIA do. É semelhante à quando temos o gelo derretendo;
z Solidificação: trata da passagem do estado líqui-
Vemos diversos tipos de materiais no nosso dia a do para o sólido. É quando colocamos nossa água
dia e muitas vezes nos pegamos pensando: como será líquida no congelador e obtemos o gelo;
que são feitos? De quais substâncias se originam tais z Vaporização: trata da passagem do estado líquido
produtos? Como são classificados esses materiais? para o gasoso. Quando esquentamos nossa água
A resposta para toda essa indagação encontramos para fazer o café é possível ver o vapor formado;
sempre na Química, principalmente quando queremos z Condensação: trata da passagem do estado gasoso
saber quais as substâncias, quais as junções de reagen- para o líquido. Vemos muito isso quando ligamos
tes bem como suas propriedades físico-químicas. o ar-condicionado em nossas casas, ou seja, a água
Nesse capítulo, atentarem-nos aos conceitos sobre em seu estado gasoso é puxada pelo ar-condicio-
as propriedades gerais e específicas da matéria, clas- nado e sai como água na parte externa, ou mesmo
sificando as substâncias conforme seu estado, suas quando colocamos um copo de água gelado sobre
transformações, sua interação com o meio ambiente, a mesa e vemos a formação das gotículas de água
os processos de separação das misturas, conceituação por fora do copo (o chamado “copo suado”). Em
de fases da matéria, propriedades da matéria e apren- algumas literaturas, a passagem do gasoso para o
dendo a entender as unidades de medidas regidas pelo líquido pode ser encontrada como liquefação;
SI (Sistema Internacional de Medidas). z Sublimação: é quando temos a passagem de sólido
para gasoso ou gasoso para sólido de forma direta.
PROPRIEDADES GERAIS E ESPECÍFICAS; ESTADOS Vemos muito isso quando se adiciona bolinha de
FÍSICOS DA MATÉRIA E SUAS CARACTERÍSTICAS; naftalina no armário para remover umidade. Em
CARACTERIZAÇÃO E PROPRIEDADES E DIAGRAMA algumas literaturas, a passagem do gasoso para o
DE MUDANÇA DE ESTADO FÍSICO sólido pode ser encontrada como ressublimação.

Podemos encontrar as matérias em três estados dife- MISTURAS E TIPOS DE MISTURAS, PROCESSOS DE
rentes: sólido, líquido e gasoso. O que diferencia uma SEPARAÇÃO DE MISTURAS: SISTEMAS, FASES E
da outra é justamente a proximidade das moléculas que SEPARAÇÃO DE FASES
evidenciam esse estado físico. Quando falamos de esta-
Na natureza, encontramos diversos tipos de subs-
do físico da matéria estamos tratando, na verdade, de
tâncias, sejam elas no estado físico, sólido, líquido ou
uma mudança meramente de estado, ou seja, não temos
gasoso. Essas substâncias, de forma isolada, possuem
modificação da substância original (quando temos essa
suas próprias características, e em situações de reações
modificação chamamos de mudança química).
em que sejam misturados novos tipos de substâncias,
Em outras palavras, pensando na água como base,
teremos uma nova característica para esse produto.
podemos encontra-la nos três estados. Ela sempre será
É importante saber quais são as principais divisões
água, com a mesma fórmula de sempre, mas, em estado
(ou também chamados de grupos) nos quais essas
diferente (ou será líquida, ou será gelo, ou será vapor).
substâncias podem se alocar, sendo elas: sistemas de
Para evidenciarmos essas transformações, a tempe- característica homogênea ou heterogênea.
ratura será determinante. Com isso, vai ser conceituado Aqui iremos desmembrar cada uma dessas classifi-
a definição de cada um dos estados para uma posterior cações para que fique mais palpável e didático.
apresentação das mudanças entre os estágios.
z Sistemas homogêneos: são aqueles que, visivel-
z Estado sólido: estado em que as moléculas se encon- mente falando, se apresentam em uma única fase.
tram mais agrupadas. Apresentam um volume e Suas propriedades são constantes em todo o reci-
uma forma fixos; piente em que estiverem contidos;
z Estado líquido: com maior distanciamento entre as Exemplos: mistura de água com sal, água com açúcar.
moléculas, em se comparando com o sólido. Apre-
sentam um volume constante, mas a forma será z Sistemas heterogêneos: diferentemente dos homo-
QUÍMICA

variada. Diz-se do estágio líquido que ele adquire a gêneos, nos heterogêneos é possível enxergar duas
forma do recipiente em que for colocado; ou mais fases naquele mesmo recipiente. As suas
z Estado gasoso: o que apresenta maior espaçamen- propriedades serão diferentes também, obedecendo
to entre as moléculas. Possui volume variável e uma à característica individual de cada substância que ali
característica muito marcante: o gás suporta sofrer estiver contida;
compressão. A forma é idêntica ao de uma substân- Exemplos: água com óleo, óleos corporais trifási-
cia líquida. cos, granito. 119
Feitas as definições quanto aos tipos de sistemas, z Centrifugação: com a utilização de um eixo cen-
e classificando sua quantidade de fases, podemos tral em alta rotação é possível separar o sólido do
compreender seus processos de separação conforme líquido.
as mais utilizadas nos processos industriais e/ou no Exemplo: quando se lava a roupa, na etapa da
próprio dia a dia, bem como conhecer os tipos de mis- centrifugação, as roupas (representando a parte
turas que podem ser originadas por substâncias em sólida) são jogadas para a parede do botijão por
seus estados sólido, líquido ou gasoso. meio da ação de alta rotação do eixo central. Dessa
Os processos mais conhecidos e utilizados de forma, temos a separação do sólido e do líquido.
separação de misturas dizem respeito a três gran-
des grupos, sendo eles: separação do tipo sólido-só- Dica
lido formando mistura heterogênea; separação do
tipo sólido-líquido formando mistura heterogênea e Centrifugação pode-se considerar da seguinte
separação do tipo sólido-líquido formando mistura forma: é o centro em fuga, ou seja, tudo que esti-
homogênea. ver no eixo central será jogado para as paredes.

Separação do Tipo Sólido-Sólido Formando Mistura Separação do Tipo Sólido-Líquido Formando Mistura
Heterogênea Homogênea

Dentro desse grupo, temos os seguintes processos Dentro desse grupo temos os seguintes processos
de separação: a catação, a separação magnética e dis- de separação: evaporação, destilação simples e des-
solução fracionada, que serão explicados a seguir. tilação fracionada, que serão explicados a seguir.

z Catação: como sugere o próprio nome, tal proces- z Evaporação: é quando aquecemos o líquido até a
so consiste em “catar”, de forma manual, e separar mudança de fase, que passará a ser gasoso, sepa-
materiais sólidos; rando, portanto, o líquido do sólido (que se encon-
Exemplo: quando separamos as pedrinhas conti- tra dissolvido);
das no pacote de feijão ou mesmo o feijão impró- Exemplo: na obtenção do sal de cozinha, nas gran-
prio do feijão que está bom. des salinas, o sal úmido é colocado ao ar para que o
sol evapore a água ali contida e fique apenas o sólido.
z Separação magnética: é a utilização de um ímã
que visa atrair os metais (principalmente os que z Destilação simples: utilizado tanto para separar
possuam material ferroso no meio) contidos em sólido-líquido como líquido-líquido, tal processo
uma mistura; consiste no aquecimento de substâncias que pos-
suam pontos de ebulição distantes (pelo menos
Exemplo: passar o imã sobre uma mistura de fer-
80ºC de diferença entre um e outro);
ro e areia, pois, ao passar o ímã sobre a terra o
Exemplo: no processo de criação de bebidas desti-
metal será “puxado” e ficará preso.
ladas o etanol sendo separado da água.
z Dissolução fracionada: é um tipo de separação
z Destilação fracionada: semelhante a destilação
que se utiliza da adição de um solvente (que pode
simples, modificando apenas a relação do ponto
ser a água) para poder separar dois sólidos ou mais
de ebulição das substâncias envolvidas, que apre-
que estejam misturados. É um processo que por si
sentam diferença inferior a 80ºC.
só não converte uma separação instantânea, sendo
Exemplo: para obtenção dos combustíveis a base
necessário uma outra técnica, assim como uma fil-
de petróleo é utilizada uma torre de destilação fra-
tração, para separar efetivamente o que se deseja.
cionada. Em cada etapa existe um ponto de ebulição
Exemplo: separar mistura de areia e sal.
diferente, separando os diversos tipos que temos de
combustível fóssil.
Separação do Tipo Sólido-Líquido Formando Mistura
Heterogênea
SUBSTÂNCIAS PURAS, SIMPLES E COMPOSTAS
Dentro desse grupo, temos os seguintes processos As substâncias podem ser classificadas como puras,
de separação: filtração, decantação e centrifugação, simples e compostas.
que serão explicados a seguir.
z Substâncias puras: dificilmente serão encontradas
z Filtração: é quando um sólido é separado do líqui- de forma isolada em seu estado natural, podendo ser
do através de um papel filtrante. uma mistura. Suas propriedades físico-químicas são
Exemplo: no preparo do café é colocado o pó no constantes, não apresentando modificação diante de
filtro de papel e inserida a água, passando apenas temperatura e pressão. Seus exemplos estão dentro
o líquido e ficando retido o pó do café. da subdivisão dessa classe, ou seja, das substâncias
simples e compostas;
z Decantação: é o processo em que a separação se
dá em função da diferença de densidade do sólido z Substâncias simples: aquelas compostas por um
e da água. único elemento.
Exemplo: quando a água está com sólidos sus- Exemplos: N2, O2, O3, Br2.
penso deve-se aguardar um certo tempo para que
esses sólidos, que possuem maior densidade que z Substâncias compostas: como o próprio nome suge-
a água, se depositem no fundo, permitindo, dessa re, composta por 2 ou mais elementos diferentes.
120 forma, a separação das partes constituintes. Exemplos: CO2, CH4, NaCl, HCl.
TRANSFORMAÇÕES DA MATÉRIA E UNIDADES DE Obtenção de energia a partir da água
MATÉRIA
Gerada a partir da utilização da água como forma
As transformações da matéria correspondem a de obter energia, a energia hidrelétrica é a principal
qual fenômeno a matéria sofrerá no processo. São forma de obtenção de energia utilizada no Brasil. São
duas as transformações que a matéria pode sofrer: a feitos grandes reservatórios inundados para que a pas-
física e a química. sagem das águas pelas turbinas gere energia para abas-
A transformação física temos mencionada e concei- tecimento de diversos ramos. A energia obtida pela
tuada anteriormente, ou seja, trata da mudança de esta- água também pode ser chamada de energia hidráulica.
do que ela sofre sem modificar sua estrutura original,
propriedades e características. Sua passagem se dará GRANDEZAS E UNIDADES DE MEDIDA: MASSA,
exclusivamente em se tornar sólida, líquida ou gasosa. VOLUME, TEMPERATURA, PRESSÃO E DENSIDADE
Exemplo: passagem da água líquida (H2O (l)) para
o vapor (H2O (g)). Para a quantificação das matérias e para encontrar
Já na transformação química, as propriedades, carac- suas variações quanto aos estímulos que ela sofrerá
terísticas e estrutura original se modificam. por ação de temperatura e pressão, são definidas, utili-
Exemplo: quando queimamos um combustível geran- zando-se o Sistema Internacional de Medidas (SI), uni-
do CO2 + H2O. dades padrão para cada um dos quesitos interferentes
Quando falamos em matéria, estamos nos referindo na condição da matéria. Eles serão definidos a seguir:
a tudo que ocupa volume e espaço no universo. Os ele-
mentos da natureza, assim como um pedaço de madei- z Massa: é a porção que se refere a quantidade de
matéria existente num corpo. Sua unidade con-
ra ou o ar que nos rodeia são exemplos de matéria.
vencionada é o quilograma (Kg);
Elas possuem propriedades e características de
z Volume: refere-se ao espaço que essa matéria, dota-
forma generalizada e de forma específica. Dentro do
da de massa, ocupa. Sua unidade convencionada é o
grupo das propriedades gerais encontramos algumas
metro cúbico (m3);
características que são comuns a todas as matérias,
z Temperatura: quantifica a agitação das molécu-
sendo elas: a massa, a inércia, o peso, a elasticidade,
las, é aquele que mede a energia térmica que o
a compressibilidade, a extensão, a divisibilidade e a
corpo possui. Sua unidade convencionada é o Kel-
impenetrabilidade.
vin (K). A outra nomenclatura encontrada para a
Já para as características específicas são definidos
temperatura em Kelvin é temperatura absoluta;
os seguintes critérios: ponto de fusão e ebulição, pon- z Pressão: mede a quantidade de força empregada/apli-
to de ebulição e liquefação, calor específico, densida- cada em uma determinada área. Sua unidade conven-
de absoluta, propriedade magnética, maleabilidade, cionada é o Pascal (Pa) A unidade de Pascal tem outra
ductibilidade, dureza e tenacidade. equivalente, sendo:

ENERGIA E MEIO AMBIENTE


Pa = c N
2m
Dentro do quesito de geração de energia, encon- m
tramos possibilidades de utilizar um recurso que exis- Elas são diretamente proporcionais. Em que: N =
ta dentro do meio ambiente e que ofereça um menor Newton e m² = metro quadrado;
impacto possível ao nosso ecossistema. Dentro desse
contexto, serão faladas algumas formas de energia z Densidade: quantifica a relação entre a massa de
chamadas de “ecologicamente corretas”. um corpo e seu volume ocupado no espaço. Sua uni-
dade convencionada é grama por centímetro cúbico

d 3 n.
Obtenção de Energia a Partir da Biomassa g
cm
Oriunda da utilização de matéria orgânica de origem
vegetal ou animal, a biomassa é formada por uma varie-
dade de opções renováveis de energia. Ela é capaz de
fornecer calor para um sistema, gerar energia elétrica ESTRUTURA ATÔMICA MODERNA
e formar biocombustíveis como etanol e o gás natural.
O caminho para chegarmos a diversas conclusões
Dica acerca de toda formação atômica foi longo, com diver-
sos protagonistas brilhantes, que muitas vezes se opu-
O carvão vegetal que utilizamos também é uma nham ao que já havia sido consolidado, debates para
fonte renovável de geração de calor se chegar a um consenso universal, e ainda assim
temos pequenas divergências quanto a determinadas
z Obtenção de energia a partir do vento subáreas da teoria atômico-molecular.
QUÍMICA

Nesta etapa, iremos falar sobre essas teorias propos-


Gerada a partir da utilização dos ventos como for- tas por grandes nomes da química como: Dalton, Thom-
ma de obter energia, a energia eólica é captada por son, Rutherford, Rutherford-Bohr e Linus Pauling.
grandes pás de aerogeradores. Essa energia cinética Nesse capítulo, faremos uma introdução sobre a quí-
da massa de ar que passa por esses aerogeradores é mica e a evolução cronológica dos modelos propostos,
convertida em energia elétrica para poder ser consu- informações acerca dos elementos químicos, falando
mida. É considerada uma fonte limpa de energia. sobre seu número atômico, número de massa, o conceito 121
de íons, o que são elementos isótonos, isótopos, isóbaros Dica
e isoeletrônicos e o que é o Diagrama de Linus Pauling.
O número atômico é como se fosse a marca
registrada do elemento. É por meio dele que os
INTRODUÇÃO À QUÍMICA AO LONGO DA HISTÓRIA
elementos são posicionados na tabela periódica,
DE EVOLUÇÃO DAS TEORIAS ATÔMICAS E A
EVOLUÇÃO DOS MODELOS ATÔMICOS
em ordem crescente na linha.

Eletrosfera
Por meio dos conhecimentos adquiridos dentro da
química, é possível vivenciar um mar de descobertas
sobre os elementos químicos, por exemplo: como eles É o espaço vazio onde se encontram os elétrons. A
se rearranjam, se conectam e formam novas substân- seguir temos uma figura esquemática de um átomo.
cias, as quais denominamos produtos.
Esses produtos são, em suma, utilizados no nosso Núcleo
dia a dia e, por muitas vezes, não nos damos conta
desse mar de substâncias que utilizamos, como nas
situações mais corriqueiras em que fazemos uso dos
nossos produtos de limpeza caseira, até produções
industriais complexas e em quantidades enormes.
Para chegar a esse estágio, tivemos diversas mentes
brilhantes, pessoas essas que serão elencadas a seguir:

z Modelo de Dalton: foi quem mencionou que o áto-


mo era semelhante a uma bola de bilhar, ou seja,
Elétron
possuía formato esférico, maciço e não era possí-
vel separá-lo: indivisível. Próton
z Modelo de Thomson: foi quem contestou o mode- Nêutron
lo proposto por Dalton, dizendo que na verdade
o átomo não era indivisível e muito menos maci-
ço. Segundo suas próprias palavras: “O átomo é O átomo em seu estado fundamental obedece a
uma esfera de carga elétrica positiva, não maciça, uma distribuição eletrônica padrão em que os elétrons
incrustada de elétrons (partículas negativas), de são dispostos de tal forma a estabelecer um equilíbrio
modo que sua carga total seja nula”. O modelo de entre atração e repulsão das cargas existentes.
Thomson também é muito conhecido como “pudim De acordo com o Modelo de Bohr, os elétrons
de passas”. devem ser distribuídos de tal forma a obedecer ao seu
z Modelo de Rutherford: foi quem associou a com- respectivo nível de energia. Esses elétrons são distri-
posição de um átomo como sendo semelhante ao buídos nas conhecidas camadas K, L, M, N, O, P e Q,
sistema solar, onde o núcleo seria associado ao Sol seguindo-se essa ordem de dentro para fora, de 1 até
e os elétrons em seu entorno, os planetas. Depois 7, conforme exemplificado na figura a seguir.
de certo tempo, descobriu ainda que além das car-
gas negativas (elétrons) o núcleo possuía carga
positiva (intitulada próton) bem como partículas
neutras (intitulada nêutron).
z Modelo de Rutherford-Bohr: Bohr veio para com-
plementar o postulado por Rutherford. Segundo
Bohr: “Só é permitido ao elétron ocupar níveis ener-
géticos nos quais ele se apresenta com valores de
energia múltiplos inteiros de um fóton”.

OS ELEMENTOS QUÍMICOS: NÚMERO


ATÔMICO, NÚMERO DE MASSA E ÍONS; A
CARACTERIZAÇÃO DOS ELEMENTOS ISÓTONOS,
ISÓTOPOS, ISÓBAROS E ISOELETRÔNICOS E A
CONFIGURAÇÃO ELETRÔNICA

Um átomo é essencialmente constituído de duas par- Dentro dessas camadas, existe um detalhe a ser
tes, sendo elas: o núcleo e a eletrosfera. falado: cada camada possui uma limitação quanto
a quantidade de elétrons a serem distribuídos. Na
Núcleo sequência, será demonstrada essa distribuição por
meio de uma tabela para que se possa ter maior com-
É a parte central do átomo, sendo considerada preensão, bem como a aplicação de um exemplo.
como uma parte densa e maciça (Modelo de Dalton).
Encontra-se no núcleo também os nêutrons e prótons. Tabela 1 - Distribuição em nível, camada e elétrons
Os nêutrons são as conhecidas cargas neutras. Ser-
vem para diminuir a repulsão entre os prótons dentro NÍVEL 1 2 3 4 5 6 7
do núcleo.
E os prótons, por sua vez, são as partículas com CAMADA K L M N O P Q
cargas positivas. É a partir da quantificação deles que ELÉTRONS 2 8 18 32 32 18 2
122 definimos o número atômico (Z) dos elementos.
Exemplo: efetuar a distribuição eletrônica do ele- ISÓtoPos: ISO = mesmo/igual + o P de próton!
mento X que possui como número atômico Z = 78.
z Isóbaros: a característica dominante é que os ele-
NÍVEL 1 2 3 4 5 mentos considerados isóbaros têm a mesma quan-
CAMADA K L M N O tidade de massa e, além disso, isso ocorre apenas
entre elementos que sejam diferentes, que tenham
ELÉTRONS 2 8 18 32 18
quantidade de prótons diferentes.

A tabela periódica é composta por elementos quí- ISÓbaros: ISO = mesmo/igual + o baros de massa!
micos que são representados um a um, sendo infor-
mados seus respectivos nomes, o símbolo utilizado z Isoeletrônico: característica dominante é que os
para sua representação (que é a abreviação do seu elementos considerados isoeletrônicos têm a mes-
nome escrito na forma latina), o número atômico, a
ma quantidade de elétrons. Nessa classe são englo-
massa atômica e por vezes, em algumas tabelas, é pos-
bados tanto átomos como íons.
sível encontrar a distribuição eletrônica.
Exemplo: representação de um dos elementos quí-
DIAGRAMA DE LINUS PAULING – O DIAGRAMA
micos dentro da tabela periódica.
DA DISTRIBUIÇÃO ELETRÔNICA E O PRÍNCIPIO
DE EXCLUSÃO DE PAULI (REGRA DE HUND) E
NÚMEROS QUÂNTICOS

Utilizado para efetuar a distribuição dos elétrons


dentro da eletrosfera do átomo, o diagrama de Linus
Pauling é muito conhecido em todo meio químico.
É por meio dele que é possível aplicar o conceito
de níveis e camadas eletrônicas, considerando-se a
quantidade limite de elétrons em cada uma delas.
Esses elementos podem se agrupar e formarem um
A seguir, é representado o diagrama de Linus Pauling:
novo composto, que denominamos moléculas. Essas
moléculas podem ser compostas por elementos iguais,
como o O2, e por elementos diferentes, como o NaCl.
Foi mencionado acima algumas propriedades com
relação aos elementos, que são:

z Número atômico: expresso pela quantidade de


prótons no núcleo do átomo. Cada um desses ele-
mentos possui um valor para o número atômico.
z Número de massa: soma dos prótons e nêutrons
que estão dentro do núcleo.

Para expressar o número de massa existe uma fór-


mula: A = p + n, onde A = número de massa, p = quan-
tidade de prótons e n = número de nêutrons.
Temos ainda que: Z = A – n, onde Z = número atô-
mico. Pode-se encontrar também o número atômico
expresso pela letra P no lugar do Z. Então, é evidente
que Z = P.
Outras propriedades que podemos associar aos
átomos são:
Exemplo: Faça a distribuição eletrônica do elemento
z Isótonos: a característica dominante é que os ele- Escândio (Sc) que se apresenta com o número atômico 21.
mentos considerados isótonos têm a mesma quanti- Realizando a distribuição eletrônica, teremos a seguin-
dade de nêutrons, e além disso, isso ocorre apenas
te sequência: 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 3d1.
entre elementos que sejam diferentes, que tenham
Compreendido como funciona o Diagrama de Linus
quantidade de prótons diferentes, bem como núme-
Pauling, podemos desmembrar sobre os princípios da
ro de massa diferente.
Regra de Hund e os números quânticos.
QUÍMICA

ISÓtoNos: ISO = mesmo/igual + o N de nêutron! Será mostrado a seguir a classificação para nossos
números quânticos.
z Isótopos: a característica dominante é que os ele-
mentos considerados isótopos têm a mesma quan- z Número Quântico Principal (n): representa o
tidade de prótons e, consequentemente, o mesmo nível energético, ou ainda, a expressão da camada
número atômico, mas terão número de massa e de valência da distribuição dos elétrons, expresso
nêutrons diferentes. como a parte do número inteiro. 123
z Na tabela abaixo, corresponde aos números em metano+oxigênio  gás carbônico + água
destaque.

90 g + 180 g  162 g + 108g


K 1
Entrou 270 g Saiu 270 g
L 2
Já a Lei de Proust fala que em uma reação teremos
M 3 proporções constantes das substâncias envolvidas,
sejam elas os reagentes ou os produtos. É encontra-
N 4 da também como a Lei das Proporções Constantes. A
equação genérica abaixo exemplificará tal lei.
O 5
FeO + CO → Fe + CO2

P 6
1 mol 1 mol 1 mol 1 mol

Q 7
Nesse caso, dizemos que a proporção dos reagen-
z Número Quântico azimutal (l): é o subnível ener- tes é de 1:1, bem como a proporção dos produtos é de
gético expresso pelas letras “s”, “p”, “d” e “f”. Esses
1:1. Logo, seja a massa que colocar dos compostos,
subníveis são compostos por orbitais, ou seja, são
pares de spins opostos, sendo que cada um compor- deverá obedecer a essa proporção.
ta dois elétrons, para cada orbital. Pelo princípio de
Exclusão de Pauli, temos a seguinte disposição:

CLASSIFICAÇÕES PERIÓDICAS
No universo da Química temos diversos conceitos
existentes para nos auxiliar no entendimento da inte-
s p d f
ração entre os elementos químicos. Esses elementos
químicos possuem sua classificação periódica deter-
minada dentro da Tabela Periódica, que, por sua vez,
Os orbitais são cada um dos quadradinhos e, os spins,
os elétrons. Dessa forma, cada subnível será classificado: nos mostra os grupos, períodos e famílias a que cada
um dos átomos pertence.
s2 = 1 orbital e 2 spins. Nesse capítulo, atentaremos para os principais gru-
p6 = 3 orbitais e 6 spins. pos e famílias com a finalidade de compreender sua
d10 = 5 orbitais e 10 spins. conexão e interação. Vale salientar que, assim como nós
f14 = 7 orbitais e 14 spins. (seres humanos) fazemos parte de um núcleo familiar,
no qual possuímos afinidades, os elementos químicos
Se atentem que, em cada um dos subníveis, tere-
também seguem o mesmo padrão, ou seja, a classifica-
mos dispostos a quantidade máxima de elétrons que
cada um comporta, ou seja, s = 2 elétrons, p = 6 elé- ção deles está diretamente ligada ao comportamento
trons, d = 10 elétrons e f = 14 elétrons. similar que possuem.
No esquema abaixo, temos descritos cada um dos
termos de forma aplicada. HISTÓRICO DA CLASSIFICAÇÃO PERIÓDICA; A
TABELA PERIÓDICA E SUA ORGANIZAÇÃO; OS
Número Quântico Principal ELEMENTOS QUÍMICOS: SEUS GRUPOS, FAMÍLIA E
PERÍODO E A CLASSIFICAÇÃO DOS ELEMENTOS
2s2 Elétron no Número Quântico Azimutal
A Tabela Periódica é uma espécie de vitrine em que
Número Quântico Azimutal
estão em exposição todos os atributos que possuem os
LEIS PONDERAIS: AS LEIS DE LAVOISIER E PROUST elementos químicos. Ela possui uma sequência lógi-
ca de disposição, sendo ordenada de forma crescen-
As Leis Ponderais, ou seja, a Lei de Lavoisier e de te quanto ao número atômico do elemento. Além de
Lei de Proust norteiam os princípios da estequiome- alocar os elementos pelo número atômico, é feita em
tria, onde relacionam as massas dos elementos quími- subdivisões por grupo (ou família), deixando-os agru-
cos no que compete a interação das reações químicas. pados conforme suas características em comum.
A Lei de Lavoisier trata da proporcionalidade de
Cada elemento químico teve sua origem no nome
massa que está presente no reagente, bem como no
produto, ou seja, é a lei da conservação da massa: a em latim e ficou convencionado representá-lo por um
quantidade que entrar de reagente será exatamente símbolo. Este símbolo nada mais é que a abreviação do
a mesma quantidade de produto que sairá. A equação nome dele. Ao lado de todo símbolo, teremos seu respec-
124 genérica abaixo exemplificará tal lei. tivo número atômico, bem como o número de massa.
A classificação dos elementos se dá da seguinte forma:

z Metais: têm como propriedades principais serem bons condutores de calor, eletricidade, maleáveis e dúcteis.
Apresentam-se na forma sólida nas Condições Normais de Temperatura e Pressão (CNTP), excetuando-se o
mercúrio;
z Não metais: diferente dos metais, os não metais são considerados como elementos que não possuem boa
condução de corrente elétrica nem de calor. Na temperatura ambiente podem ser encontrados em qualquer
estado físico;
z Gases nobres: possuem configurações eletrônicas muito estáveis, ou seja, eles terão baixa afinidade eletrônica
com outro elemento. São considerados, inclusive, como inertes.

Na tabela periódica, os grupos são comumente conhecidos a partir da sua família, e a denominação para as famílias
leva em consideração que todos os elementos daquela coluna possuem em sua última camada de valência a quantida-
de de elétrons mencionada.
Os períodos são distribuídos nas linhas horizontais da tabela e possuem numeração estipulada pelo número
de seus níveis eletrônicos, ou seja, são ao todo sete períodos dispostos na ordem de cima para baixo.
Na figura abaixo, é possível identificar de forma simples esses períodos.

Os períodos representam a distribuição eletrônica das camadas K, L, M, N, O, P e Q.


Para identificarmos as famílias (ou grupos), observamos as colunas, ou seja, analisamos a Tabela Periódica
na vertical. Os elementos de uma mesma família vão apresentar igual distribuição eletrônica em sua camada de
valência, além de propriedades químicas muito semelhantes. A nova numeração das famílias é feita por meio dos
algarismos arábicos representados de 1 a 18, aumentando da esquerda para a direita.
Na figura abaixo, é possível identificar de forma simples as famílias distribuídas.

QUÍMICA

Actinídeos
125
Os principais grupos dos elementos químicos estão Dica
elencados a seguir: Para entender o conceito de eletronegativo, pen-
se que os elementos são carregados com elé-
z Grupo 1 - Metais alcalinos: esses elementos apre- trons, que possuem carga negativa, e, portanto,
sentam uma alta reatividade, principalmente com a quanto mais elétron ele puxar, mais negativo
água. Todos os elementos desse grupo são eletropo- estará!
sitivos (que têm a tendência em doar elétrons) e são
classificados como bons condutores de eletricidade e Eletropositividade
calor. Os elementos que pertencem ao grupo são: Li,
Na, K, Rb, Ce e Fr. Tendência que o átomo tem para perder elétrons.
z Grupo 2 - Metais alcalinos terrosos: essa nomen- Na figura a seguir, é esquematizada a intensidade dos
clatura deriva do local em que os elementos do elementos mais eletropositivos.
grupo são comumente encontrados: na terra.
Assim como os metais alcalinos, são eletropositi- eletronegatividade
vos, porém, possuem maior dureza e densidade
que os metais alcalinos. Os elementos que perten-
cem a esse grupo são: Be, Mg, Ca, Sr, Ba e Ra.
z Grupo 16 (ou 6A) - Calcogênios: com nome de
origem grega, calcogênio significa “formadores
de cobre”. Possui elementos com características
metálicas e não metálicas. Os elementos que per-
tencem a esse grupo são: O, S, Se, Te e Po.
z Grupo 17 (ou 7A) - Halogênios: são considera- Maior eletronegatividade
dos os mais eletronegativos da tabela periódica.
Pode-se encontrar combinação com quase todos os Para entender o conceito de eletropositivo, pense
elementos da tabela periódica. Os elementos que que os elementos são carregados com elétrons, que
pertencem a esse grupo são: F, Cl, Br, I e At. possuem carga negativa, e, portanto, quando ele doar/
z Grupo 18 (ou 8A) - Gases nobres: são os elemen- perder um elétron, menos negativo estará, ou seja,
tos mais estáveis da Tabela Periódica. Caracteri- está mais positivo!
zam-se por serem os conhecidos elementos que
“não se misturam com os demais”. São conside- Afinidade Eletrônica
rados inertes. Os elementos que pertencem a esse
grupo são: He, Ne, Ar, Kr, Xe e Rb. Quantifica a energia liberada por um átomo em seu
estado fundamental e no estado gasoso ao receber um
PROPRIEDADES PERIÓDICAS: A novo elétron. Evidencia ainda a quantidade mínima de
ELETRONEGATIVIDADE, ELETROPOSITIVIDADE, energia necessária para se retirar um elétron de um
REATIVIDADE, AFINIDADE ELETRÔNICA, determinado elemento. Possui comportamento similar
POTENCIAL DE IONIZAÇÃO E RAIO ATÔMICO ao da eletronegatividade, ou seja, tem seu crescimento
de baixo para cima e da esquerda para a direita.
A reatividade dos elementos está associada à capa-
Potencial de Ionização
cidade de as substâncias reagirem entre si. Os concei-
tos que estão diretamente associados a esse fato são
Diferente da afinidade eletrônica, o potencial de
o de eletronegatividade (quando se fala de interação
ionização quantifica a energia para retirar um elétron
dos ametais com outros elementos) e a eletropositi- de um átomo que se encontra em seu estado neutro,
vidade (quando se fala de interação dos metais com em estado fundamental e no estado gasoso. Conforme
outros elementos). vão sendo retirados os elétrons, através das camadas
(igual cebola), a energia requerida vai aumentando
Eletronegatividade de forma sucessiva. Apresenta comportamento simi-
lar ao da afinidade eletrônica e da eletronegatividade.
Tendência que o átomo tem para receber elétrons.
Os elementos mais eletronegativos estarão localiza- Raio atômico
dos na lateral esquerda da tabela periódica.
Na figura a seguir, é esquematizada a intensidade Propriedade periódica que define o tamanho do
dos elementos mais eletronegativos. raio de um átomo, que varia conforme sua posição
na Tabela Periódica. O raio pode aumentar e dimi-
Maior nuir diante do aumento do número atômico (Z) do
eletronegatividade
elemento.

LIGAÇÕES QUÍMICAS
Os elementos se comportam de modo muito único e
singular no meio ambiente, suas interações conforme
126 Menor eletronegatividade o tipo de natureza que possuem, suas características,
o modo como se comportam, tanto se unindo como se Exemplo:
repelindo, fazem parte do que se refere às interações
químicas.
Nesse capítulo, atentaremos para os tipos de liga-
ções químicas que essas substâncias efetuam, com
base na conceituação de ligação iônica, covalente e
metálica. A polaridade das moléculas e as forças inter-
moleculares bem como o critério de solubilidade em
função da polaridade.

AS LIGAÇÕES QUÍMICAS: IÔNICA, COVALENTE E


METÁLICA
Dica
No grupo dos metais, temos algumas caracterís- Essa relação de perda e ganho de elétron está
ticas físicas que são muito peculiares a esse grupo, associada à teoria do octeto, onde o elemento
como a tendência que eles têm de perder elétrons, e, que possuir 8 elétrons na sua última camada
por consequência dessa perda, acabar formando os de valência estará “satisfeito” e não quererá sair
cátions metálicos. Por conta desse tipo de comporta- daquela condição.
mento, eles se subdividem em dois tipos possíveis de
PROPRIEDADE DAS SUBSTÂNCIAS: A
ligação, sendo: POLARIDADE DAS MOLÉCULAS, SUAS FORÇAS
INTERMOLECULARES E RELAÇÃO DE SOLUBILIDADE
z Ligação Iônica
A polaridade trata da interação entre as moléculas,
É a associação de um metal com um ametal. É o por meio das forças intermoleculares e também deter-
clássico tipo de ligação onde o metal sempre perde minam a relação de solubilidade de uma substância
elétrons e, consequentemente, o ametal (ou o hidrogê- em outra.
nio também) acaba ganhando. Essa polaridade representa também os polos positivo
e negativo da molécula, classificando, em caso de afirma-
Exemplo:
tivo, como uma molécula polar, e em caso de molécula
que não apresentar polos, será considerada apolar.
Existe uma convenção química determinando que
as moléculas que se formarem por meio de ligação
iônica (um metal com um ametal) serão sempre con-
sideradas polares.
Já a força intermolecular tratará dos compostos
(sódio) (cloro)
que serão formados a partir do compartilhamento de
elétrons, ou seja, das ligações covalentes que podem
z Ligação Metálica acontecer entre as moléculas polares ou apolares.
Existem três tipos de forças que podemos destacar
Diferente da ligação iônica, nesse tipo de ligação formadas por essas ligações covalentes:
temos uma ligação entre dois elementos metálicos
iguais. z Forças de London ou dipolo-induzido: ocorre ape-
Exemplo: nas entre moléculas apolares, tendo seus elétrons
distribuídos uniformemente na eletrosfera. Exem-
plo: Gás metano (CH4).
z Força dipolo permanente ou dipolo-dipolo: inverso
das forças de London, a dipolo permanente acontece
entre as moléculas polares (excetuando-se quando
Íon existe o hidrogênio ligado a nitrogênio, flúor ou oxigê-
metálico nio). Nesses tipos de moléculas a interação será mais
intensa, se comparada ao dipolo induzido. Exemplos:
Ácido clorídrico (HCl) e Ácido cianídrico (HCN) e Gás
Elétron carbônico (CO2).
z Ponte de hidrogênio: ocorre também em molécu-
E, para finalizar com os nossos tipos de ligações, pos- las que sejam polares, tendo o elemento hidrogênio
suímos mais uma, é ela: diretamente ligado. Essa ponte se faz apenas em
situações onde tiver a presença do flúor, oxigênio
QUÍMICA

ou nitrogênio. É a que possui maior intensidade na


z Ligação Covalente
força, se comparada com as forças dipolo-dipolo
e dipolo permanente. O grande detalhe desse tipo
Neste tipo de ligação, não existe a relação de perda
de interação intermolecular está na diferença da
e ganho, mas sim de compartilhamento. Esse comparti- eletronegatividade entre os elementos que cons-
lhamento permite que os elementos envolvidos formem tituem parte da molécula. Exemplos: água (H2O
moléculas mais estáveis, obedecendo à teoria do octeto. – hidrogênio ligado ao oxigênio), amônia (NH3 127
– hidrogênio ligado ao nitrogênio) e ácido fluorí- Por meio dos tipos de ligações também é possível
drico (HF – hidrogênio ligado ao flúor). determinar se a molécula será polar ou apolar. Por
exemplo: quando temos compostos que se formam
Agora, faremos a associação da solubilidade da por ligações iônicas significa que temos íons associa-
substância com sua respectiva característica. Lem- dos, e a presença dos íons evidencia a presença de
brando que solubilidade trata dos conceitos entre polo positivo (cátion) e de polo negativo (ânion), logo,
soluto (a ser dissolvido) e solvente (meio ao qual será sempre serão consideradas como moléculas polares.
adicionado o soluto). Quando juntamos uma molécula polar à uma apo-
Lembre-se de que a água é considerada o solvente lar não acontecerá a solubilização.
natural Exemplo: água (polar) + óleo (apolar)
Já pararam para pensar no que pode interferir nessa
solubilidade? Por que temos solutos que não se dissol- NÚMERO DE OXIDAÇÃO
vem em determinados meios, mas em outros sim?
A resposta é muito simples, e a polaridade é um dos Quando se fala em oxidação de elementos, esta-
conceitos e princípios que podem ser aplicados. Costu- mos tratando da carga elétrica que ele adquire ao rea-
ma-se dizer, de forma muito objetiva e clara que: Polar lizar uma ligação iônica. A seguir, temos uma tabela
dissolve Polar, assim como Apolar dissolve Apolar. expressando o NOX de alguns elementos.
Podemos então concluir que, no critério solubilida-
de semelhante, dissolverá apenas seus semelhantes!
F, Cl, Br
-1
eI Quando fo-
FÓRMULA ESTRUTURAL E A REATIVIDADE DOS
NOX DE rem o mais
METAIS O, S, Se
ÂNIONS -2 eletronega-
e Te
tivo
Quando falamos de metal, via de regra, estamos
-3 NeP
tratando de elementos muito reativos, ou seja, eles
possuem bastante tendência a reagir com água, áci- +1 Li, Na, K, Rb, Cs, Fr e Ag
dos, bases, dentre outros tipos de substâncias. Abaixo
serão elencadas essas interações para que se com- Be, Mg, Ca, Sr, Ba, Ra,
+2
FIXOS Zn, e Cd
preenda melhor.
+3 Al e Bi
z Reação com ácido: um dos grandes exemplos empre-
gados nessa reação é a mistura de ácidos associados +4 Si
NOX DE
para reagir com o ouro e formar o ácido cloroáurico CÁTIONS +1 +2 Cu e Hg
(HAuCl4). Esse ácido é bastante utilizado em processos
industriais para fabricação de produtos de limpeza. +1 +3 Au
z Reação com água: os metais alcalinos e os metais
VARIÁVEIS +2 +3 Fe, Co, Ni e Cr
alcalinos terrosos reagem com a água podendo
formar H2 e NaOH. +2 +4 Sn, Pb, Mn e Pt
z Reação com base: nessa reação apenas os metais
zinco, chumbo, estanho e alumínio reagem com a +3 +5 As e Sb
base.
Observando esses valores bases, é possível deter-
minar o NOX dos elementos de acordo com o tipo de
substância formada.
CARACTERÍSTICAS DOS COMPOSTOS
IÔNICOS E MOLECULARES Dica
Dependendo da composição e interação da
Nesse capítulo, atentaremos para a geometria dos
molécula, o mesmo elemento pode apresentar
compostos, suas forças intermoleculares, seu número
número de NOX diferente (quando não for o caso
de oxidação, a relação de polaridade e solubilidade,
dentre tantos outros subtópicos pertinentes. de possuir um pré-determinado).

GEOMETRIA MOLECULAR: POLARIDADE DAS Outras informações importantes acerca do NOX


MOLÉCULAS são:

Classificada como uma propriedade física, a pola- z NOX de substâncias simples: sempre que tiver-
ridade de uma molécula é importante para com- mos a presença de uma substância simples, esta
preender os conceitos de solubilidade de determinado possuirá NOX = 0.
material em outro ou, até mesmo, para entender a
interação que existe entre as moléculas (chamadas de z NOX e íon: o NOX do íon sempre será o valor que
forças intermoleculares). sua carga apresentar.
Quando determinamos a polaridade da molécu- Exemplo: Ba2+  NOX = +2.
la, estamos na verdade definindo os polos que ela
possui, sendo positivo ou negativo, se apresentando z Soma de NOX dos elementos: quando temos
assim como uma molécula polar (pois possui polos) substâncias formadas a soma de seu NOX sempre
ou a ausência desses polos, representando assim uma será zero.
128 molécula apolar (pois não possui polos). Exemplo: NaCl  Na+1 + Cl-1 = +1 – 1 = 0.
z Soma de NOX com íon composto: quando temos z Pela quantidade de hidrogênio ionizável: Monoá-
um íon composto na molécula o NOX será igual a cido (com 1 H+), Diácido (com 2 H+), Triácido (com 3
carga do íon. H+) e Tetraácido (com 4 H+);
z Pela presença ou ausência do oxigênio: sendo
ESTADO FÍSICO E LIGAÇÕES INTERMOLECULARES Hidrácido, aquele que não possui o oxigênio na
E TEMPERATURAS DE FUSÃO E EBULIÇÃO composição da molécula do ácido e Oxiácido, aque-
la molécula que tem em sua composição o oxigênio.
Força intermolecular significa dizer que as molé-
culas possuem uma interação entre elas, e que cada Para generalizar a composição básica de um ácido,
uma contribuirá no sentido de estabelecer ligações temos uma fórmula geral descrita como HxA, sendo o
fortes e de difícil rompimento, bem como fracas e de hidrogênio expresso a frente da molécula (sempre!)
fácil rompimento. Esse tipo de força também é conhe- como a parte de cátion, o x o índice mostrando a quan-
cida como Força de Van der Waals. tidade de hidrogênios presentes na molécula e o A
O estado físico da matéria influencia diretamen- representando o ânion que irá se ligar no hidrogênio,
te nesse comportamento, assim como a relação de formando assim a molécula do ácido.
mudança do estado. Quando temos uma fusão, que é a A nomenclatura será sempre precedida pela pala-
vra ácido, que se refere à presença do H+ e em seguida
passagem do estado sólido para o líquido, ou quando
a complementação do nome representando a parte
temos uma vaporização, que é a passagem do estado
negativa da molécula, ou seja, o ânion.
líquido para o gasoso, estamos tendo na verdade uma
Existe uma grande ressalva a ser feita com relação
desorganização das moléculas. Essa desorganização
ao nome do ânion, pois, para poder formar o nome dele
ocasiona um afastamento entre as moléculas e, conse-
ligado ao hidrogênio, teremos de associar o tipo de ter-
quentemente, as forças intermoleculares se rompem.
minação que ele tem de forma isolada e efetuar a troca
A regra geral que se tem com relação aos estados na composição da molécula. De forma mais objetiva:
físicos e a temperatura é: quando temos forças inter-
moleculares fracas, possuímos substâncias mais volá- z Ânion com terminação em -ato, passa a ter final
teis, que se referem ao afastamento das moléculas -ico.
para adquirirem o estado gasoso, bem como a tempe- Exemplo: ânion clorato passa a ser ácido clórico.
ratura de ebulição dessa substância será menor.
z Ânion com terminação em -eto, passa a ter final
-ídrico;
Exemplo: ânion cloreto passa a ser ácido clorídrico.
FUNÇÕES INORGÂNICAS
z Ânion com terminação em -ito, passa a ter final -oso.
Dentro da química, temos dois grandes subgrupos Exemplo: ânion clorito passa a ser ácido cloroso.
que dividem os elementos conforme sua característi-
ca, sendo eles: Inorgânicos e Orgânicos. FUNÇÃO QUÍMICA INORGÂNICA: BASE
Nesta etapa, iremos falar sobre os compostos que
possuem origem inorgânica elencando os 4 tipos que Em nosso dia a dia, encontramos muitas substâncias
podemos ter: ácido, base, sais e óxidos. básicas, principalmente em compostos utilizados em pro-
Além disso, nos atentaremos à nomenclatura que dutos de limpeza em geral, assim como a soda cáustica.
cada um rege, quais os elementos chave que permitem De acordo com a teoria de Arrhenius, a base está
identificar a classe da molécula inorgânica, bem como a presente em substâncias que, em meio aquoso, se dis-
conceituação do que cada uma dessas funções significa. sociam e originam como ânion - o OH-. Outro detalhe
muito importante é que, na composição da molécu-
FUNÇÃO QUÍMICA INORGÂNICA: ÁCIDO la, será possível observar que a hidroxila (OH-) sem-
pre estará atrás, ou seja, será o último elemento da
molécula.
Em nosso dia a dia encontramos muitas substân-
Exemplos: como base, podemos citar o conhecido
cias ácidas, sejam elas sobre o aspecto de frutas cítri-
“diabo verde”, que nada mais é que a soda cáustica
cas, assim como o limão, bem como de compostos
(nome comercial) ou pela nomenclatura oficial: hidró-
utilizados em produtos de limpeza em geral, assim
xido de sódio (NaOH).
como o ácido muriático. Em algumas literaturas, é possível encontrar uma
De acordo com a teoria de Arrhenius, o ácido está correlação aos tipos de bases que existem de acordo
presente em substâncias que, em meio aquoso, se ioni- com a quantidade de hidroxila dissociável.
zam e originam como cátion - o H+. Outro detalhe mui- Essa classificação, de forma muito objetiva, pode ser
to importante é que, na composição da molécula, será descrita como:
possível observar que o hidrogênio (H) sempre estará na Pela quantidade de hidroxila dissociáveis: Mono-
frente, ou seja, será o primeiro elemento da molécula. base (com 1 OH-), Dibase (com 2 OH-), Tribase (com 3
Exemplos: como ácido , podemos citar o suco gás- OH-) e Tetrabase (com 4 OH-);
trico, que nada mais é que o ácido clorídrico (HCl). Para generalizar a composição básica de uma base,
QUÍMICA

Em algumas literaturas, é possível encontrar uma temos uma fórmula geral descrita como B1y+OHy1-, sen-
correlação aos tipos de ácidos que existem de acordo do a hidroxila expressa atrás da molécula (sempre!)
com a quantidade de hidrogênio ionizável, bem como como a parte de ânion, o y a carga representada pelo
com relação à presença e ausência de oxigênio na cátion a frente, que deverá ser “deslizada” como índi-
composição da molécula. ce para a quantificação da hidroxila e o B represen-
Essa classificação, de forma muito objetiva, pode tando o cátion que irá se ligar na hidroxila, formando
ser descrita como: assim a molécula da base. 129
A nomenclatura será sempre precedida pela pala- No que compete a formulação do nome do sal segue-
vra hidróxido de, que se refere à presença do OH- e -se a seguinte regra: NOME DO ÂNION + DE + NOME DO
em seguida a complementação do nome representan- CÁTION.
do a parte positiva da molécula, ou seja, o cátion. Exemplo: KNO2 = K+ + NO2- = Nitrito de potássio.
Existe uma grande ressalva a ser feita com relação
ao nome do cátion, pois, para poder formar o nome FUNÇÃO QUÍMICA INORGÂNICA: ÓXIDO
dele, deverá ser considerada a carga que o íon pos-
suir. De forma mais objetiva: Os óxidos são compostos que possuem 2 elementos
Quando o cátion possui NOX fixo: a situação é em sua composição, sendo o oxigênio o mais eletronega-
mais fácil, pois a nomenclatura ficará hidróxido de + tivo. Desses dois elementos, um será o cátion, posiciona-
nome do cátion. Os metais alcalinos, metais alcalinos do à frente, e o outro o ânion oxigênio na parte de trás.
Para generalizar a composição básica de um óxido,
terrosos, alumínio, zinco e prata são os elementos que
temos uma fórmula geral descrita como C2y+Oy2-, sen-
possuem NOX fixo na tabela periódica. Sendo assim,
do o oxigênio expresso atrás da molécula (sempre!)
qualquer elemento que estiver dentro desse grupo,
como a parte de ânion, o y a carga representada pelo
representará seu nome conforme o é. cátion a frente, que deverá ser “deslizada” como índi-
Exemplos: KOH = Hidróxido de potássio (K é da ce para a quantificação de oxigênio e o C represen-
família dos metais alcalinos); Ba(OH)2 = Hidróxido de tando o cátion que irá se ligar no oxigênio, formando
bário (Ba é da família dos metais alcalinos terrosos) e assim, a molécula do óxido.
Al(OH)3 = Hidróxido de alumínio. Assim como os sais, os óxidos podem alterar o pH
Quando o cátion possui NOX variável: diferente de uma solução aquosa. Dentre as classificações temos:
dos elementos com número de oxidação fixo, os que
se apresentam como variável terão uma forma um z Óxido ácido: aquele que em meio aquoso deixa-
pouco diferente para se descrever. Podemos ter as rá a solução com pH menor que 7, ou seja, ácido.
seguintes situações: hidróxido de + nome do cátion Como exemplo temos o CO2, SOx e NOx;
+ carga do nox em número romano ou hidróxido z Óxido básico: aquele que em meio aquoso deixará
de + nome do cátion + terminação ico ou oso. Para a solução com pH maior que 7, ou seja, básico (ou
perceber isso, veja o exemplo. também conhecido como alcalino). Como exemplo,
Exemplo: Pegaremos como base o elemento Cobre, tem o oxigênio ligado aos metais alcalinos e alcali-
que pode ter carga 1+ ou 2+. Utilizando a primeira forma nos terrosos;
de nomenclatura teremos, respectivamente: hidróxido z Óxido neutro: aquele que em meio aquoso não
de Cobre I e Hidróxido de Cobre II. Agora utilizando a alterará o pH da solução. Como exemplo temos o
monóxido de carbono.
segunda opção para o mesmo elemento e mesma ordem
de carga: Hidróxido cuproso e Hidróxido cúprico.
Além das propriedades de mudarem o pH da solu-
ção, temos também óxidos que em contato com a água
Dica formam peróxidos, ou seja, óxidos com uma “dose
Quando fazemos a nomenclatura com base na extra” de oxigênio, bem como os óxidos chamados de
anfóteros, que em meio aquoso podem se comportar
mudança na terminação ICO E OSO, sempre
como ácidos ou bases.
atentar a ordem, ou seja, o que for com carga No que compete à formulação do nome do óxido,
numérica MENOR, terminará em OSO, o que tiver segue-se a seguinte regra: óxido de + nome do elemen-
a carga numérica MAIOR terminará em ICO. to associado ao oxigênio.
Exemplo: Al2O3 = Óxido de alumínio.
FUNÇÃO QUÍMICA INORGÂNICA: SAL

Conhecemos em nosso dia a dia a formação de


alguns sais, principalmente o famoso sal de cozinha, REAÇÕES QUÍMICAS
o Cloreto de Sódio (NaCl).
Podemos encontrar sua formação a partir de um TIPOS DE REAÇÕES QUÍMICAS E SUAS
processo de neutralização, que nada mais é do que a CLASSIFICAÇÕES E CONCEITUAÇÃO DE
mistura de reagente ácido + reagente base formando OXIDORREDUÇÃO
um sal + água.
Sua grande característica é não possuir o cátion H+ A transformação que acontece com as substâncias,
por meio da modificação de seu estado inicial, é o que
nem a hidroxila OH-.
evidencia uma reação. Existem algumas formas para
Temos algumas classificações dentro da classe dos
se classificar essas reações químicas e sempre será em
sais de acordo com o seu comportamento em meio
função dos reagentes que estiverem em contato para
aquoso, ou seja, a relação de sua dissolução em água produzir uma nova substância, que também pode ser
e o pH que originará nessa mistura. Dentre as classi- chamado de produto.
ficações temos: A seguir serão explanados esses tipos de reações,
bem como seus conceitos.
z Sal ácido: aquele que em meio aquoso deixará a
solução com pH menor que 7, ou seja, ácido; z Reação de síntese ou adição: é quando se tem a
z Sal básico: aquele que em meio aquoso deixará a mistura de dois reagentes que acabam por produ-
solução com pH maior que 7, ou seja, básico (ou zir um único produto. A exemplificação genérica
também conhecido como alcalino); que evidencia esse tipo de reação é:
z Sal neutro: aquele que em meio aquoso não alte-
130 rará o pH da solução. M+N→O
z Reação de análise ou decomposição: é quando se z O cloro passou de NOX = 0 para NOX = 1-, o que
tem apenas um reagente que se decompõe e acaba indica que ele ganhou elétron, caracterizando des-
formando dois ou mais produtos. A exemplificação sa forma uma redução.
genérica que evidencia esse tipo de reação é:
PREVISÃO DE OCORRÊNCIA DAS REAÇÕES
M→N+O QUÍMICAS: BALANCEAMENTO DE EQUAÇÕES PELO
MÉTODO DA TENTATIVA, OXIRREDUÇÃO E MÉTODO
Dentro do grupo desse tipo de reação encontramos ÍON-ELÉTRON
alguns casos especiais, sendo eles:
O processo de reação química consiste num rear-
„ Eletrólise: é quando uma substância se decom- ranjo dos átomos presentes no reagente originando
põe em virtude da ação da corrente elétrica; produtos, com os mesmos átomos, mas uma substân-
„ Fotólise: é quando uma substância se decom- cia diferente. O ato de efetuar o balanceamento evi-
põe em virtude da ação da luz; dencia se existe uma quantidade mínima de reagente
„ Pirólise: é quando uma substância se decom- para poder originar esses produtos, e, caso não tiver,
põe em virtude da ação do calor ou do fogo. a reação não acontecerá.
Existem alguns tipos de formas de se realizar esse
z Reação de simples troca ou deslocamento: é quan- balanceamento, sendo eles: o método das tentativas, o
do temos, nos reagentes, uma substância simples método da oxirredução e o método do íon-elétron, que
reagindo com uma substância composta produzindo serão explanados a seguir:
duas novas substâncias, sendo que esse produto será
uma substância simples e uma substância composta. z Método das tentativas: é o mais conhecido e uti-
A exemplificação genérica que evidencia esse tipo de lizado, ele trata de alocar coeficientes, de forma
reação é: aleatória, visando equilibrar a relação de átomos
iguais na entrada e na saída. Sua metodologia
M + XY → MY + X segue uma ordem especifica, sendo:

z Reação de dupla troca: é quando se tem a inserção „ Primeiramente é atribuído um coeficiente para
de dois reagentes que produzem dois novos produ- o elemento que aparece apenas uma vez, tanto
tos. É condicionante que sejam dois reagentes com no reagente como no produto;
substâncias compostas formando dois produtos „ O elemento aparecendo mais de uma vez, em
com substâncias compostas. A exemplificação gené- ambos os lados, será prioridade o que possuir
rica que evidencia esse tipo de reação é: maior índice;
„ O índice atribuído em um átomo deverá ser o
mesmo para o que se encontra do outro lado;
MN + XY → MY + XN
„ Efetuar a mesma lógica para todos os demais
elementos lembrando que: a quantidade de um
A oxirredução é mais um exemplo de reação quími-
determinado átomo que entra deverá ser exa-
ca que evidencia a ocorrência dos processos de oxida-
tamente a mesma na saída.
ção, que é quando um átomo perde elétrons e a redução,
que é quando um átomo ganha elétrons. O conhecimen-
Exemplo: Efetuar o balanceamento por tentativa
to desses aspectos sobre oxirredução é muito relevante
da reação de combustão a seguir.
para compreender a corrosão dos metais, fixar conceito
de número de oxidação (NOX), efetuar balanceamento
C2H6O + O2 → CO2 + H2O
de reação por meio das reações de oxirredução, bem
como conseguir encontrar melhores formas para prote-
Obedecendo à regra, iremos primeiramente atri-
ger os metais do processo de corrosão.
buir os coeficientes para o elemento Carbono, ficando
Abaixo teremos o emprego de um exemplo para se
da seguinte forma:
compreender os componentes de um processo de oxirre-
dução, mas antes, algumas considerações importantes: o
1 C2H6O + O2 → 2 CO2 + H2O.
NOX de substâncias simples será sempre igual a zero; O
cloro possui NOX fixo quando ele é o mais eletronegati-
Efetuando essa etapa podemos constatar que tere-
vo, sendo igual a 1-; O ferro possui NOX variável, poden-
mos 2 carbonos entrando e 2 carbonos saindo. Com
do ser igual a 2+ ou 3+; A soma das cargas da molécula base nisso, podemos definir os demais elementos,
deverá ser igual a zero (quando não for um íon). agora, levando em consideração o hidrogênio, pois o
mesmo já está quantificado em 6 átomos na entrada.
Fe + Cl2 → FeCl3 Teremos dessa forma:

0 0 3 + 1- 1 C2H6O + O2 → 2 CO2 + 3 H2O.


QUÍMICA

Observando o que aconteceu na equação podemos Efetuada essa etapa, só nos resta atribuir o coefi-
perceber que: ciente para o oxigênio de entrada, levando em consi-
deração que já temos balanceado na saída 7 átomos
z O Ferro passou de NOX = 0 para NOX = 3+, o que de oxigênio, logo:
indica que ele perdeu elétrons, caracterizando
dessa forma uma oxidação; 1 C2H6O + 3 O2 → 2 CO2 + 3 H2O. 131
De posse do balanceamento correto podemos efe- ENTRADA SAÍDA
tuar a confirmação por meio da utilização do quadro
expositivo a seguir. 8 HI+ 1 H2SO4 1 H2S + 4 H2O + 4 I2

H = 8 . 1 + 1 . 2 = 8 + 2 = 10 H = 1 . 2 + 4 . 2 = 2 + 8 = 10
ENTRADA SAÍDA
I = 8 .1 = 8 I=4.2=8
1 C2H6O + 3 O2 2 CO2 + 3 H2O
S=1.1=1 S=1.1=1
C=1.2=2 C=2.1=2
O=1.4=4 O = 4 .1 = 4
H=1.6=6 H=3.2=6

O=1.1+3.2=1+6=7 O=2.2+3.1=4+3=7 z Método íon-elétron: esse método se baseia nas rea-


ções de oxirredução, dividindo-se a reação global em
duas semiequações. Essas semiequações são dividi-
Importante! das entre a que sofre redução e a que sofre oxidação,
devendo ser montada conforme segue:
O coeficiente 1 não precisa ser transcrito, colo-
cou-se no exemplo para evidenciar a etapa do „ Semiequação de redução: deve-se evidenciar os
balanceamento. elétrons ao lado dos reagentes e para o produto
apresentar o ânion;
„ Semiequação de oxidação: é o inverso da redução,
z Método de oxirredução: assim como sugestiona ou seja, do lado dos reagentes deve-se evidenciar
o nome, tal método consiste em aplicar o NOX de os ânions e do lado do produto os elétrons.
cada elemento participante da reação para encon- Exemplo: Efetuar o balanceamento da reação a
trar os coeficientes. Tal método não completa 100% seguir pelo método íon-elétron.
o balanceamento, sendo necessário, depois de uma
certa etapa, aplicar o método das tentativas. CuSO4 + Ni → NiSO4 + Cu
Exemplo: Determinar os coeficientes para a rea-
ção não balanceada a seguir. Neste tipo de método é preciso primeiramente iden-
tificar quem foram os elementos que sofreram redução
HI+ H2SO4 → H2S + H2O + I2 e oxidação.

A primeira etapa consiste em determinar o NOX


de cada um dos elementos da reação, conforme segue: Cu S O4 + Ni → Ni S O4 + Cu

H I + H2 S O4 → H2 S + H2 O + I2
2+ 6+ 2- 0 2+ 6+ 2- 0

É possível perceber que o cobre passou de 2+ para


1+ 1- 1+ 6+ 2- 1+ 2- 1+ 2- 0
0 evidenciando assim sua redução. Já o níquel passou
de 0 para 2+ evidenciando assim sua oxidação.
Determinado o NOX, agora deve-se determinar Definidos quem sofreu redução e quem sofreu
qual a variação dos elementos que sofreram oxida- oxidação, deve-se montar as semiequações, ficando
ção e redução bem como multiplicar o valor dessa expressas da seguinte forma:
variação pela atomicidade dos elementos, conforme
demonstrado a seguir: z Semiequação de redução: Cu2+ + 2 e- → Cu
Temos que o iodo sofreu oxidação, pois variou seu z Semiequação de oxidação: Ni → Ni2+ + 2 e-
NOX de 1- para 0, logo temos que a variação sofrida
foi de 1 e sua atomicidade também vale 1. Portanto, Feitas as semiequações, o balanceamento deve ser
podemos dizer que: ∆ = 1 . 1 = 1 feito de tal forma que exista o “cancelamento” dos
Em contrapartida, temos que o enxofre sofreu elétrons que foram ganhados ou cedidos. Efetuando
redução, pois seu NOX variou de 6+ para 2-, represen- essa etapa teremos a reação global das semiequações,
tando uma variação de 8 e com atomicidade igual a 1. ficando da seguinte forma:
Portanto, podemos dizer que: ∆ = 8 . 1 = 8
Definidos os coeficientes, os mesmos devem ser atri- Cu2+ + Ni → Ni2+ + Cu
buídos no processo reverso, conforme demonstrado:
A quantidade elétrons cedidos e ganhos foram
8 HI+ 1 H2SO4 → H2S + H2O + I2 iguais, ou seja, 2 e-. Quando isso acontece os coeficien-
tes estequiométricos permanecem o mesmo. Teremos,
Agora, as demais substâncias serão atribuídas dos portanto, a equação devidamente balanceada:
coeficientes segundo o método das tentativas. Logo,
teremos que: CuSO4 + Ni → NiSO4 + Cu

8 HI+ 1 H2SO4 → 1 H2S + 4 H2O + 4 I2 Em caso de não possuir a mesma quantidade de


elétrons ganhos e cedidos, deveriam ser feitas nas
Feito o balanceamento correto, podemos confir- semiequações multiplicações de números inteiros
132 mar o método observando o quadro a seguir. para que se chegasse a um equilíbrio entre as cargas.
Em que: n é a quantidade de matéria em mol; m é
GRANDEZAS QUÍMICAS a massa da substância em grama e M é a massa molar
da substância em g/mol.
RELAÇÕES DE MASSA: MASSAS ATÔMICA E Para o volume molar, temos que ele representa
MOLECULAR o espaço ocupado por uma substância, tendo como
referência 1 mol de matéria e 1 atm. Tal correlação
Quando se fala em massa atômica, estamos nos está explicita nas condições normais de temperatura e
referindo à massa que um átomo possui e o que evi- pressão (CNTP). O valor do volume molar para a dada
dencia tal grandeza é sua unidade de medida, que é condição é expresso como sendo 22,4 L.
expressa em unidades (“u”). Já a massa molecular cor-
responde à soma da massa atômica de cada elemento
que compor a molécula. Para ficar claro, observe o
exemplo aplicado a seguir.
Exemplo: Determinar a massa atômica e a massa ESTEQUIOMETRIA
molecular do butano (C4H10).
A molécula de butano é formada por dois elemen- Dentro da Química, conseguimos entender que
tos diferentes, sendo eles: 4 átomos de carbono e dez existem reações que ocorrem a partir da mistura de
átomos de hidrogênio, conforme é possível ver por substâncias (denominadas reagentes), originando
meio da fórmula molecular. A massa atômica do car- novas substâncias (denominadas produtos). No entan-
bono é igual a 12 u e a massa atômica do hidrogênio to, é necessário compreender que, para podermos
é igual a 1 u. Vale salientar que esse valor da massa adquirir um produto, precisamos quantificar os rea-
atômica é valido para cada um dos átomos existentes. gentes, a fim de se obter a porção ideal deste produto
De posse das massas atômicas é possível calcular a desejado. A estequiometria é quem nos auxilia nesse
massa molecular, conforme segue: quesito e será ela nosso objeto de estudo.
Nesse capítulo, atentaremos aos diversos estudos
MMC4H10 = (12 u . 4) + (1 u . 10) relacionados à estequiometria, como: tipos de fórmu-
las químicas, os aspectos quantitativos das reações
= 48 u + 10 u químicas, cálculos estequiométricos e conceitos de
reagente em excesso e limitante por meio das leis pon-
 MMC4H10 = 58 u derais, as leis volumétricas e reação com substâncias
impuras e seu rendimento.
MASSA MOLAR, QUANTIDADE DE MATÉRIA E
SUA DETERMINAÇÃO, NÚMERO DE AVOGADRO E TIPOS DE FÓRMULAS QUÍMICAS
VOLUME MOLAR
Dentro da química, possuímos essencialmente três
Quando falamos molar, temos implícito o conhe- tipos de fórmulas: as que são chamadas de molecular,
cimento químico de que se trata de uma abreviação as eletrônicas e a estrutural plana. Abaixo, serão defi-
da palavra molécula, logo, tudo que se referir a uma nidas cada uma delas para maior compreensão.
molécula terá em sua composição a designação molar.
Ao conceituar isso, fica fácil de entender que quan- z Fórmula molecular: é a mais conhecida e apon-
do se fala sobre massa molecular e massa molar esta- tada de forma simples, indicando quais elemen-
mos tratando de um mesmo valor numérico absoluto, tos temos presente na molécula, bem como sua
diferenciando-se apenas no quesito unidade de medida, quantidade.
ou seja, para a unidade de medida da massa molecular
teremos expresso como “unidades”, já para a massa Exemplo: H2SO4 (ácido sulfúrico) e NaOH (hidróxi-
molar teremos a relação “gramas por mol” (g/mol). do de sódio ou soda cáustica)
Outro fator importante é que a massa molar tem
uma relação direta, como sugestiona a própria unida- z Fórmula eletrônica: associada aos elétrons, ela
de de medida, com o seu número de mols, que por sua evidencia os elétrons da camada de valência do
vez está relacionado com o número de Avogadro. átomo. Pode-se encontrar com o nome de fórmula
O postulado do número de Avogadro diz que ele de Lewis.
trata de: “O número de entidades elementares contidas
em 1 mol correspondem à constante de Avogadro, cujo
valor é 6,02 x 1023 mol-1’’. Sendo assim, a massa molar
será conectada com tal valor da constante que eviden- Exemplo: Cl2 Cl Cl
cia as entidades químicas.
Para compreender a diferenciação das grandezas z Fórmula estrutural plana: é aquela que indica as
mencionadas vamos reaplicar o exemplo da massa ligações que os elementos fazem. Ela simboliza cada
molecular de butano. Logo, teremos que: um dos pares de elétrons ligados aos átomos e tem
A massa molecular de butano está para 58 unidades como representação um traço. Pode-se encontrar com
QUÍMICA

assim como a sua massa molar será MC4H10 = 58 g/mol. o nome de fórmula estrutural de Couper.
Falando agora sobre quantidade de matéria, temos Exemplo: Cl – Cl
que ela trata da razão entre a massa que ela contém e
sua respectiva massa molar. A fórmula que evidencia Lembre-se que é possível fazer uma ligação (sim-
essa razão é: ples), duas ligações (dupla) ou três ligações(tripla).
Dependerá de quantos pares de elétrons forem for-
m
n= mados entre os elementos associados. 133
M
ASPECTOS QUANTITATIVOS DAS REAÇÕES Dica
QUÍMICAS
Quando temos apenas um único átomo dentro
da molécula, o índice será omitido, ou seja, o
Para representar as reações químicas, mostrando
índice só aparecerá se tivermos 2 ou mais áto-
como elas se processam, seja com relação aos seus
mos do mesmo elemento dentro da molécula.
aspectos quantitativos ou qualitativos, nós utilizamos
as equações químicas.
Coeficiente Estequiométrico
Essas equações químicas são compostas pelos sím-
bolos representativos dos elementos químicos cons- Trata-se do número que fica à frente da molécu-
tantes na tabela periódica e por números que indicam la, ou antes da fórmula escrita. Ele é importantíssi-
quais substâncias fazem parte da composição da molé- mo, pois serve para indicar a quantidade existente de
cula e suas proporções desejadas para que possam cada substância, bem como a proporção de moléculas
promover reação. Esses símbolos, de forma individua- que participam da reação em questão.
lizada, são entendidos como os elementos químicos em A seguir, teremos um exemplo da reação química
seu estado elementar, ou seja, os elementos que encon- de síntese da amônia:
tramos representados na tabela periódica.
Por intermédio da interpretação dessas equações, Exemplo: 1 N2 + 3 H2 → 2 NH3
temos a possibilidade de encontrar informações impor-
Nessa equação, por meio dos coeficientes, vemos
tantes que nos ajudam a realizar os cálculos estequiomé-
uma molécula do reagente gás nitrogênio (N2), reagin-
tricos. Porém, quando iniciamos a interpretação do que
do com três de gás hidrogênio (H2), formando como
esses símbolos e números querem nos dizer, o primeiro produto duas moléculas de amônia (NH3). Assim, tere-
passo nos conduz ao balanceamento da reação, isto é, o mos como proporção estequiométrica 1:3:2.
número total de átomos que temos apresentados como
reagentes (nossa entrada) deve ser exatamente igual ao Mol (quantidade de matéria)
dos elementos dos produtos (nossa saída).
Quando temos uma reação química, existe a trans- Em analogia ao coeficiente estequiométrico, a
formação dos compostos dos reagentes em um novo quantidade de mol (ou também chamada de quantida-
tipo de composto. Veja as moléculas de forma única, de de matéria) expressa, em números, quantas molé-
ou seja, cada elemento que a constituir deverá estar culas estão participando da reação. Assim, no caso da
na mesma quantidade na entrada e na saída. síntese da amônia, temos 1 mol de N2 reagindo com 3
mols de H2, gerando como produto 2 mols de NH3.
Para podermos efetuar a etapa mencionada, é
necessário que entendamos os principais conceitos
CÁLCULOS ESTEQUIOMÉTRICOS, AS LEIS
que envolvem a temática do cálculo estequiométrico
PONDERAIS E A LEI VOLUMÉTRICA
e de balanceamento de reações, sendo definidos os
seguintes termos: índice, coeficiente estequiométrico Dentro dos conceitos voltados para o cálculo este-
e mol. Esses termos serão elucidados a seguir e nos quiométrico, temos estabelecida uma relação entre a
darão uma melhor compreensão do que se refere à quantidade de reagentes que devem ser introduzidos
parte quantitativa da reação. para uma reação acontecer e a quantidade de produto
formado nessa reação química.
Índice As Leis Ponderais, ou seja, a Lei de Lavoisier e Lei
de Proust, norteiam os princípios da estequiometria,
Número indicativo da quantidade de determinado pois relacionam as massas dos elementos químicos no
átomo presente na molécula formada. Encontramos que compete a interação das reações químicas.
tal número à direita do elemento (ou a sua frente, A Lei de Lavoisier trata da proporcionalidade de
massa que está presente no reagente, bem como no
dependendo da ótica) aparecendo subscrito, isto é, em
produto, ou seja, é a lei da conservação da massa: a
tamanho de fonte inferior as demais.
quantidade que entrar de reagente será exatamente
Exemplo: H2SO4 a mesma quantidade de produto que sairá. A equação
Primeiramente, é possível ver que na molécula do genérica a seguir exemplificará tal lei.
ácido sulfúrico temos como elementos constituintes o
Hidrogênio (H), o Enxofre (S) e o Oxigênio (O). Metano + Oxigênio  Gás carbônico + Água
O índice, conforme mencionado acima, indicará
quantos elementos da mesma espécie estão presen- 90 g + 180 g  162 g + 108g
tes na fórmula da molécula, que, no nosso caso, é a
de ácido sulfúrico. Desta forma, analisando elemento
por elemento teremos:
Entrou 270 g Saiu 270 g
z Índice do H: indica a existência de 2 átomos de
hidrogênio na molécula; Já a Lei de Proust fala que, em uma reação, teremos
z Índice do S: indica a existência de 1 átomo de proporções constantes das substâncias envolvidas,
enxofre na molécula; sejam elas os reagentes ou os produtos. É encontra-
z Índice do O: indica a existência de 4 átomos de da também como a Lei das Proporções Constantes. A
134 oxigênio na molécula. equação genérica abaixo exemplificará tal lei.
FeO + CO → Fe + CO2 AS LEIS PONDERAIS E A RELAÇÃO COM O
REAGENTE LIMITANTE DA REAÇÃO
1 mol 1 mol 1 mol 1 mol
É denominado reagente limitante aquele que faz
uma reação cessar a formação de novos produtos, ou
Nesse caso, dizemos que a proporção dos reagen- seja, quando um reagente é totalmente consumido,
tes é de 1:1, bem como a proporção dos produtos é de não teremos novos produtos sendo formados, pois as
1:1. Logo, seja a massa que colocar dos compostos, quantidades mínimas requeridas para a formação do
deverá obedecer a essa proporção. elemento não existem, e diante da inexistência de rea-
Temos ainda a Lei volumétrica de Gay-Lussac, na gente, paramos a reação.
qual foi estabelecido que existe uma relação de pro- Para resolver questões que envolvam reagentes
porção constante no volume das reações. Para ficar limitantes ou o reagente em excesso, seguimos três
mais evidente, observe a reação de síntese de amônia etapas distintas, sendo elas:
com volumes hipotéticos atribuídos:
1º Passo: Calcular a quantidade de cada reagente
nitrogênio + hidrogênio  amônia em mols, convertendo cada massa em quantidade de
2L + 1L  2L matéria, utilizando a massa molar.
2º Passo: Escolher um dos reagentes e usar a relação
Atente-se que a proporção, em volume, será de estequiométrica para calcular a quantidade teórica do
2:1:2. Logo, se dobrarmos o volume teremos a propor- segundo reagente necessário para completar a reação.
ção: 4:2:4, e assim por diante. 3º Passo: Verificar qual dos reagentes estão pre-
Diante dessas informações, teremos o questionamen- sentes na reação em quantidade maior que o neces-
to: Como devemos realizar um cálculo estequiométrico? sário. Este será o reagente em excesso e o outro será o
O cálculo estequiométrico pode ser feito conforme reagente limitante.
as 3 seguintes etapas:
Exemplo:
z 1. Escrever a equação química;
z 2. Balanceamento da equação química; Considere a seguinte reação corretamente balanceada:
z 3. Estabelecer a regra de três.
Exemplo: Na reação de combustão do metano 1 CH4 + 2 O2  1 CO2 + 2 H2O
(CH4), qual o número de mols de moléculas de O2
necessário para reagir com 5 mols de metano? Determinar o reagente limitante e o reagente em
excesso dessa reação, quando 180 g de metano reage
1° Passo – Nessa etapa, vamos descrever a equação com 200 g de oxigênio.
química:
1º passo: 1 CH4 + 2 O2  1 CO2 + 2 H2O.
CH4 + O2  CO2 + H2O A massa molar do CH4 é de 16 g/mol e do O2 é de
32 g/mol. Determinando a quantidade em mols (n) de
cada reagente, teremos:
2° Passo – Após definir a equação, devemos efe-
tuar o balanceamento:
n = m/MM
nCH4 = 180 g / 16 g/mol → nCH4 = 11,25 mol
ENTRADA (REAGENTE) SAÍDA (PRODUTO) nO2 = 200g / 32 g/mol → nO2 = 6,25 mol
1 CH4 + 2 O2 1 CO2 + 2 H2O
2º passo: Efetuar a relação estequiométrica para
C=1 C=1 encontrar a quantidade de O2 necessária para reagir
com 11,25 mol de CH4:
H=4 H=4

O=4 O=4 1 CH4 + 2 O2  1 CO2 + 2 H2O


1 mol --- 2 mols
11,25 --- x
É possível ver que, para a reação de 1 mol de meta- x = 22,5 mols de O2
no (CH4) com 2 mols de Oxigênio (O2), teremos a for-
mação de 1 mol de gás carbônico (CO2) e 2 mols de 3º passo: Por meio do cálculo anterior, verifica-
água (H2O). mos que seriam necessários 22,5 mols de O2 para rea-
3° Passo – Agora só efetuar a regra de três para gir totalmente com 11,25 mol de CH4. No entanto, o 1º
encontrar o valor esperado: passo mostrou que temos uma massa menor do que
essa, que é de 6,25 mol de O2. Assim, o CH4 é o reagen-
1 CH4 ____ 2 O2 te em excesso e o O2 é o reagente limitante.
1 mol ____ 2 mols
QUÍMICA

5 mols ____ x mols REAÇÕES COM SUBSTÂNCIAS IMPURAS E


x = 10 mols de O2. RENDIMENTO DA REAÇÃO

A relação sempre será convencionada de acor- Quando se fala em substância impura estamos
do com o parâmetro que o enunciado pedir, ou seja, dizendo que a massa de alguma substância não pos-
o enunciado será o guia que te dirá quais moléculas sui grau de pureza 100%. Essa relação de grau de
serão analisadas. pureza é dada por meio de uma razão entre a massa 135
considerada pura (mpura) e a massa total de uma deter- z Transformação isobárica: quando possui a mesma
minada amostra (mtotal). pressão, ou seja, a pressão constante;
Já a relação de rendimento refere-se à conversão z Transformação isotérmica: quando possui a mes-
de reagentes em produtos. Quando se faz essa relação, ma temperatura, ou seja, a temperatura constante;
é considerado um rendimento de 100%, ou seja, todo o z Transformação isovolumétrica, isométrica ou iso-
reagente reagiu e formou produto. Mas, na realidade, córica: quando possui o mesmo volume, ou seja, a
isso não acontece, devendo-se, ao final do cálculo, efe- volume constante.
tuar esse ajuste percentual.
EQUAÇÃO GERAL DOS GASES IDEAIS

Algo muito importante a ser falado antes de qual-


GASES quer coisa é: a equação que rege os gases é utilizada
para facilitar e direcionar de forma mais simplificada a
No nosso dia a dia temos sempre ao nosso redor condição a qual os gases são submetidos, ou seja, todos
diversos gases. Apesar de muitas vezes não conseguir- sabemos que as substâncias não se comportam de uma
mos enxergá-los, podemos ter certeza de que estão ao forma repetitiva, que seu movimento não é ordenado e
nosso entorno. perfeito, portanto, falar sobre um gás ideal não é estar
Como característica, o gás é uma das transforma- dizendo que ele seja 100% real na prática.
ções da matéria, e tem como fator marcante a disper-
Um gás será analisado conforme a variação que
são, que é o afastamento entre uma molécula e outra.
sofrer em três tipos de variáveis do estado: sua tem-
Faz parte de sua natureza o fator de compressibili-
peratura, sua pressão e seu volume. Tendo como base
dade, ou seja, ele admite redução no volume em que
essas três variáveis da transformação gasosa é que se
está contido. Podemos entender esse fenômeno da
compressão pegando como base uma seringa, que, até chegou a famosa equação geral dos gases.
certo limite, é possível mover o embolo e comprimir o Nessa equação são levados em consideração o
gás que estiver ali dentro. estado inicial e final de um gás de acordo com a variá-
Neste capítulo, atentaremos para a equação geral vel a que for submetido. Lembrando que essa equação
dos gases ideais, as leis que regem o objeto de estudo analisa o comportamento de um mesmo gás, e não de
“gases”, dentre elas a Lei de Boyle e de Gay-Lussac que uma mistura de gases.
se apresentará por meio da equação de Clapeyron (a
mais conhecida e utilizada de todas). Serão abordadas P1 ·V1 P2 ·V2
=
também as misturas gasosas, a relação de pressão par- T1 T2
cial e a Lei de Dalton.
Em que: P1 (pressão inicial), V1(volume inicial) e T1
(temperatura inicial) tratam do estado inicial em que
CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS GASES, TEORIA
CINÉTICA DOS GASES, VARIÁVEIS DE ESTADO DOS o gás se encontra e P2 (pressão final), V2 (volume final)
GASES E TRANSFORMAÇÕES GASOSAS e T2 (temperatura final) tratam do estado final ao qual
o gás foi submetido.
Dentro da química é muito comum estabelecer Outra denominação que podemos dar aos gases
características gerais a respeito das substâncias e com ideais é a de gases perfeitos!
os gases não é diferente. Eles possuem algumas pro-
priedades muito específicas: aceitam compressão, ou LEIS DE BOYLE E DE GAY-LUSSAC: EQUAÇÃO DE
seja, é possível diminuir o espaço e volume que ocu- CLAPEYRON E EQUAÇÃO DE ESTADO
pam; são expansíveis; se dilatam facilmente; e se mis-
turam com facilidade entre si. É muito comum nas áreas de exatas termos diversos
Em suma, quando se deseja aumentar a pressão de nomes próprios atribuídos às equações, isso acontece
um gás, não precisamos alterar sua temperatura, ape- devido a uma homenagem às pessoas que chegaram
nas precisa-se diminuir seu volume, ou seja, comprimi- àquele conhecimento que nos norteia até hoje.
-lo. Mas, quando se deseja alterar sua energia cinética, As Leis que iremos mencionar trazem esses nomes
é necessário mexer em sua temperatura, pois, segundo por conta de pessoas que contribuíram com cada uma
a teoria cinética dos gases, a energia cinética é direta- das frações pertencentes à junção da equação final. Cla-
mente proporcional à variação da temperatura. peyron utilizou-se das informações consolidadas por
As variáveis que se utilizam para os gases são:
Boyle e Gay-Lussac para chegar a uma equação geral.
A seguir serão apresentadas cada uma das par-
z Volume: será igual ao do recipiente em que estiver
celas evidenciadas pela contribuição de Boyle e Gay-
contido e terá como unidade de medida o litro (L)
-Lussac e a origem da Equação de Clapeyron.
ou mililitro (mL);
z Temperatura: será de acordo ao qual estiver subme-
tido e terá como unidade de medida o Kelvin (V); e Lei de Boyle
z Pressão: relaciona que quanto maior a altitude menor
a pressão, no entanto, a medida de unidade refere-se Proposta pelo físico e químico irlandês chamado
sempre à base ao nível do mar e pode ser em atmosfera Robert Boyle, ela apresenta a temperatura como sen-
(atm) ou milímetro de mercúrio (mmHg). do constante, a conhecida transformação isotérmica
dos gases ideais. Ao contrário da temperatura que per-
As transformações gasosas existentes são de acor- manece constante, para Boyle, apenas serão variáveis
do com a grandeza considerada constante, sendo sub- a pressão e o volume, sendo eles expressos como sen-
136 divida em: do inversamente proporcionais.
Lei de Gay-Lussac A fórmula que expressa quantificação dessa ener-
gia é:
Proposta pelo físico e químico francês Joseph Lou-
is Gay-Lussac ela apresenta a pressão como sendo Ecin = k . T
constante, a conhecida transformação isobárica dos
gases ideais. Ao contrário da pressão que permanece Em que: k é a constante de proporcionalidade do gás.
constante, para Gay-Lussac, apenas serão variáveis a
temperatura e o volume, sendo eles expressos como MISTURAS GASOSAS, PRESSÃO PARCIAL E LEI DE
diretamente proporcionais. DALTON

Equação de Clapeyron Quando levamos em consideração uma mistura,


seja de gases, líquidos ou sólidos, devemos ter a com-
A mais conhecida e utilizada para resolução de preensão de que cada um dos componentes possui
exercícios sobre os gases. Proposta por Émile Cla- suas propriedades de forma separada e ao efetuar a
peyron, a equação engloba as Leis propostas por Boy- mistura teremos uma nova situação.
le, Gay-Lussac, Charles e Avogrado. Ela é usada na Um exemplo prático do dia a dia é quando temos
descrição do estado termodinâmico dos gases ideais. dois copos de sucos separados. O suco A possui um
Sua fórmula é representada da seguinte forma: volume x e o suco B, volume y. Quando misturamos
os dois teremos um novo volume, ou seja, o volume da
P.V = n.R.T mistura total no copo será a soma do volume x de A e
do volume y de B. E para os gases essas analogias não
Em que: P é a pressão do gás, V é o volume, n é o serão diferentes. Temos o gás discriminado de forma
número de mol, R é a constante universal dos gases individual e na mistura com outro gás.
perfeitos, podendo ter os valores de 8,31 J/mol.K ou A Lei de Dalton fala exatamente isso, mas relacio-
0,082 atm.L / mol.K, e T é a temperatura. nando a pressão, dizendo que a pressão total da mis-
tura dos gases será a soma das pressões parciais de
cada um dos gases que estiverem na mistura.
Dica
Iremos fazer uma aplicação e ilustrar para que
A Equação de Clapeyron é considerada como a fique mais claro ainda. Vamos inicialmente conside-
Equação de Estado dos gases perfeitos. rar dois tipos de gases, 1 e 2. Cada um deles ocupará
o mesmo volume V, e terão a mesma temperatura T.
QUANTIDADE DE MATÉRIA, PRINCÍPIO DE Abaixo temos um sistema contendo os dois gases
AVOGADRO E ENERGIA CINÉTICA MÉDIA com uma válvula no meio separando-os e não permi-
tindo sua mistura. O gás 1 tem coloração preta e o gás
Um sistema é composto por uma certa quantida- 2 tem coloração cinza.
de de partículas, e essas partículas, por sua vez estão
relacionadas com a quantidade de matéria que existe
num meio. A unidade de medida que quantifica esse
tipo de sistema é o mol e pode ser obtido da seguinte
forma:

m
n=
M
Em que: n é a quantidade de matéria em mol; m é
a massa da substância em grama e M a massa molar Na figura acima temos cada um dos gases sepa-
em grama/mol. rados no seu espaço, tendo volume e temperatura
O Princípio de Avogadro se baseia no volume dos constantes. Para eles é possível individualizar suas
gases, propondo que quando se tem gases diferentes características conforme segue:
com mesmo volume na CNTP consequentemente eles
possuirão igual número de mols para as moléculas de p1 x . V = n1 x R xT e p2 x . V = n2 x R xT
gás. Ele possui um número padronizado para qual-
quer entidade elementar, ou seja, para os átomos, as Nesta nova etapa a válvula foi aberta, fazendo
moléculas, os íons, os elétrons, os nêutrons e prótons. com que os gases se misturassem e apresentassem
O valor da constante é 6,02 . 10-23 moléculas. um novo resultado. A figura abaixo exemplifica essa
Quando falamos em energia cinética média esta- mistura.
mos nos referindo aos gases que são formados por
moléculas que estão em constante movimento e em
desordem. Cada molécula tem uma velocidade pró-
pria. Existe também uma interação entre elas por
QUÍMICA

meio das colisões, e, essa colisão representa uma for-


ça normal de contato entre as moléculas e a energia
cinética é a única forma de energia que uma molécula
possui. É importante considerar que essas moléculas
possuem um tamanho minúsculo e que o volume ocu-
pado por essa molécula gasosa é, em sua maior parte, Na figura acima temos a mistura dos gases 1 e 2.
por grandes espaços vazios. Nesse contexto teremos que o número de mols ao 137
se misturar os gases será a soma dos elementos que
estão presentes no sistema. Dessa forma teremos que: TERMOQUÍMICA

nm= n1+ n2. A termoquímica trata sobre assuntos que nos são
familiar, ainda mais quando falamos de processos
que envolvam energia, calor e frio.
A mesma relação teremos para a composição da
Nesta etapa iremos falar sobre as reações de pro-
pressão, onde, a pressão total da mistura será a soma cessos exotérmicos, aqueles que liberam calor, e
das pressões dos gases 1 e 2. Dessa forma teremos que: das reações de processos endotérmicos, aqueles que
absorvem calor. Serão vistos ainda os tipos de ental-
pm= p1 + p2. pias que existem, o conceito da Lei de Hess e os cálcu-
los de entalpia.
E diante desse ponto temos o que estabelece a nos- Nesse capítulo, observaremos a aplicação dos concei-
sa Lei de Dalton. tos da termoquímica em questões do dia a dia para facili-
Equacionando todas as relações que mencionamos tar o entendimento a partir de exemplos práticos.
acima teremos a seguinte equação final:
PODER CALORÍFICO E RELAÇÃO ENTRE MATÉRIA E
Pm ·Vm P1 ·V1 P2 ·V2 CALOR
= +
Tm T1 T2
Poder calorífico diz respeito a uma determinada
A pressão total sempre será a soma das pressões quantidade de energia liberada no processo de com-
parciais, assim como o número de mol também segui- bustão considerando-se como constantes as unidades
rá a mesma regra. de massa ou volume do gás na reação, a pressão (101,33
kPa ou 760 mmHg ou 1.103,23 mbar) e a temperatura
DIFUSÃO GASOSA, NOÇÕES DE GASES REAIS, (15ºC). A unidade de medida que expressa o poder calo-
LIQUEFAÇÃO E DENSIDADE DOS GASES rífico é o MJ/kg quando se tratar da unidade de massa
ou MJ/m3 quando se tratar da unidade de volume.
Quando se tem uma mistura de gases diferentes e eles Conceituando-se matéria temos que: a matéria repre-
entram em contato um com o outro é possível perceber senta tudo o que está ao nosso redor, que possui massa e
que se misturam de forma espontânea. Esse processo ocupa espaço. Como exemplos temos: os átomos, o ar, a
terra e tudo que nos cerca.
de mistura espontânea é que recebe o nome de difusão
E, conceituando-se energia, temos que essa é tudo
gasosa. Um exemplo bastante conhecido são os balões de
que não se trata de matéria, ou seja, ela é definida como
parque que são inflados com a utilização de gás Hélio e uma força que tem a capacidade de produzir alguma
depois de um tempo ele acaba murchando. O que acon- ação ou movimento. Ao contrário da matéria, ela não
tece é que esse gás transpassa a superfície do balão para ocupa espaço. Temos como exemplos de energia: a luz,
poder entrar em contato com o ar atmosférico. a pressão, o fogo, a eletricidade, o som e o calor.
Ao se falar de gás não se pode esquecer que Cla- A relação que existe entre matéria e calor é que
peyron considera em sua fórmula apenas os que todo corpo que ocupa espaço na Terra possui em si
sejam ideais, ou seja, é admitido que o gás tenha um energia interna.
comportamento perfeito. No entanto, sabemos que na
vida real não funciona assim, e, em virtude disso que REAÇÕES QUE LIBERAM E ABSORVEM ENERGIA:
Van der Waals elaborou uma expressão que contem- OS PROCESSOS ENDOTÉRMICOS E EXOTÉRMICOS,
plasse essa “imperfeição” dos gases. Essa fórmula é OS TIPOS DE ENTALPIA (CALOR OU ENTALPIA EM
REAÇÕES QUÍMICAS), A LEI DE HESS E EQUAÇÕES
expressa da seguinte maneira:
TERMOQUÍMICAS

bP + l · (V - n · b) = n · R · T
2
a·n É comum associarmos um processo de combustão
2
V a uma reação exotérmica, assim como também pode-
mos associar a evaporação do nosso suor no corpo a
Em que a e b são parâmetros obtidos de forma
um processo endotérmico.
experimental e tem correspondência especifica para
A seguir, serão abordadas as principais caracterís-
cada tipo de gás. ticas desses tipos de reações bem como os exemplos
A liquefação, por sua vez, trata apenas de uma delas.
transformação de estado físico em que um gás passa
para o estado líquido. Processo Exotérmico
A densidade de um gás sempre dependerá de em
qual temperatura ele se encontrará bem como a pressão Possuindo significado de “para fora”, a reação exo-
que ele exerce, sendo expressa pela seguinte equação: térmica tem como principal exemplo a reação de com-
bustão. Toda vez que temos uma reação nesse sentido
t·M teremos um respectivo valor de entalpia, sendo ela: ΔH <
d= 0, ou seja, toda vez que ver um valor de entalpia negativo,
R·T
está certamente referindo-se a um processo exotérmico.
Em que: ρ é a pressão parcial do gás; M a massa Exemplos: no nosso dia a dia temos diversos exem-
molar do gás; R a constante universal dos gases e T a plos desse processo, tal qual, a combustão de combus-
temperatura do gás. A unidade de medida da densida- tível dentro do motor de carro, a queima do nosso gás
138 de é em g/L. de cozinha, a parafina das velas queimando.
Processo Endotérmico As equações termoquímicas apresentam o resulta-
do de uma entalpia conforme seu estado físico, repre-
Endotérmico significa “para dentro”, ou seja, a sentados em função de sua temperatura e pressão.
reação endotérmica tem como principal exemplo as Nada mais são do que uma parte integrada dos cál-
mudanças de estado físico das matérias. Toda vez que culos estequiométricos (pois relaciona a quantidade
temos uma reação nesse sentido teremos um respec- mols e massa dos elementos na reação) com a energia
tivo valor de entalpia, sendo ela: ΔH > 0, ou seja, toda necessária para a passagem na mudança de estado e a
vez que ver um valor de entalpia positivo, está certa- entalpia de cada um dos elementos.
mente referindo-se a um processo endotérmico.
Exemplos: a água fervendo, o processo de fotossín- CÁLCULO DE CALORES DE REAÇÕES: A ENTALPIA,
tese e as nossas conhecidas bolsas de compressas de DETERMINAÇÃO DA VARIAÇÃO DE ENTALPIA (∆H)
gelo.
Em geral, os cálculos que envolvem os conceitos de
Exotérmico = libera energia. Endotérmico = absorve entalpia se baseiam nas reações químicas que aconte-
energia. cem, sendo utilizadas as relações: reagentes e produ-
tos. Essa variação pode ser representada a partir da
A entalpia mensura a quantidade de energia que equação genérica a seguir:
cada substância possui de forma individual e combi-
nada (a chamada entalpia global de reação). Isso sig- X+Y Z+W
nifica dizer que existe uma padronização para poder
chegar ao resultado esperado. A fórmula em que Em que: X e Y = reagentes a serem consumidos;
podemos expressar essa relação é: Z e W = produtos formados.
Como já mencionado, para saber qual será a ental-
ΔH = Hprodutos – Hreagentes pia global da reação, é necessário que se tenha os
valores individuais das substâncias que serão utili-
Por meio da fórmula, fica evidente que cada uma zadas, bem como a dos produtos formados. Para que
das substâncias que compõem os reagentes e os pro- fique tudo claro, veja exemplo a seguir:
dutos apresentam uma entalpia própria. Exemplo: encontrar a entalpia global da reação
Temos também diversos tipos de situações em que e determinar se a reação se trata de um processo
são mensuradas as entalpias dos processos, sendo elas: endotérmico ou exotérmico com base nas seguintes
informações:
z Entalpia de mudança de estado: trata da energia
necessária para que 1 mol de determinada subs- ZnS + O2 → ZnO + SO2
tância mude de fase. Dentre os exemplos desse tipo Sendo: HZnS = - 50,00 Kcal/mol;
de entalpia temos a de vaporização, de fusão, de HO2 = 0 Kcal/mol;
liquefação (ou condensação) e de solidificação; HZnO = - 84,00 Kcal/mol;
z Entalpia de formação: caracterizada pelo calor HSO2 = - 71,00 Kcal/mol
que pode ser tanto liberado quanto absorvido para
ser possível formar pelo menos 1 mol de uma nova Com base na Lei de Hess:
substância. Lembrando que a entalpia de formação
de substâncias simples será sempre igual a zero; ΔH = Hfinal - Hinicial = Hprodutos - Hreagentes, e se atentando
z Entalpia de combustão: como muito mencionada para o correto balanceamento da reação teremos:
no processo exotérmico, essa entalpia será carac-
terizada pela quantidade de energia liberada em 1 Passo 1: Balanceando corretamente a reação:
mol de uma combustão completa;
z Entalpia de neutralização: todo processo de neu- 2 ZnS + 3 O2 → 2 ZnO + 2 SO2
tralização é baseado na reação entre um ácido e
uma base, portanto, esse tipo de entalpia levará Passo 2: As entalpias de formação sempre levam
em consideração a energia liberada na reação, em consideração 1 mol da substância, portanto, deve-
proporcional a 1 mol de H+ e 1 mol de OH-; mos verificar quais os respectivos números de mol na
z Lei de Hess: é baseada em uma fundamentação reação balanceada e adequar as entalpias reais.
experimental que correlaciona a variação da
entalpia em uma reação química. Tal lei se baseia HZnS = - 50,00 Kcal/mol x 2 = -100,00 Kcal/mol;
no estado inicial em que se encontra a reação, bem HO2 = 0 Kcal/mol x 3 = 0 Kcal/mol;
como na sua condição final após ocorrida a reação. HZnO = - 84,00 Kcal/mol x 2 = - 168 Kcal/mol;
Também é comumente conhecida como a lei que HSO2 = - 71,00 Kcal/mol x 2 = - 142 Kcal/mol.
soma o calor da reação.
Passo 3: De posse de todas as informações, agora
A equação geral que exemplifica essa lei é: podemos efetuar o cálculo da entalpia global, onde:
QUÍMICA

ΔH = Hfinal - Hinicial ΔH = Hprodutos - Hreagentes = [(-168) + (-142)] – [(-100) + (0)]

= -310 – (-100)  ΔH = -210 Kcal/mol.


Importante!
Passo 4: encontrado o valor da entalpia global,
Entalpia nada mais é que energia, seja ela dissi- constatamos que se trata do tipo ΔH < 0, portanto, é
pada ou absorvida! uma reação exotérmica. 139
REPRESENTAÇÕES GRÁFICAS EM TERMOQUÍMICA ENERGIA DE LIGAÇÃO E CÁLCULOS COM ENERGIA
E VARIAÇÃO DE CALOR NAS MUDANÇAS DE DE LIGAÇÃO
ESTADO
A energia de ligação nada mais é do que a energia
necessária para se quebrar ou formar ligações entre
As representações gráficas em termoquímica estão
os átomos de uma molécula. Quando se tem um rom-
relacionadas com os tipos de reações que ocorrem e das pimento nas ligações temos um processo endotérmico,
entalpias envolvidas nesse processo. Como exemplo grá- que é quando se faz necessária a absorção de energia
fico de uma reação endotérmica e exotérmica temos: para que aconteça tal quebra. Já quando desejamos
formar uma ligação, temos um processo exotérmico,
Processo Exotérmico que é quando ocorre a liberação de energia.
Para compreender essas interações entre rom-
pimento e formação de ligações, considere o cálculo
Entalpia
exemplificando a energia de ligação.
(H)
Exemplo: Dada a equação abaixo e suas respecti-
Reagente vas entalpias, defina se a reação que ocorre é endotér-
mica ou exotérmica.
ΔH < 0
X–Y+Z–WY–W+Z–Y

Produto Entalpias: [X-Y] = 60 Kcal;


[Z-W] = 90 Kcal;
[Y-W] = 90 Kcal;
Reação [Z-Y] = 220 Kcal

Processo Endotérmico Da reação acima é possível perceber que, para os


reagentes, é necessário absorver 60 Kcal e 90 Kcal, res-
Entalpia pectivamente, para se romper as ligações. A energia
(H) total de rompimento das ligações dos reagentes será
de 150 Kcal. Já para a formação dos produtos tem-se
Produto que são necessários 90 Kcal e 220 Kcal, respectiva-
mente, na liberação de formação. A energia total de
formação das ligações dos produtos será de 310 Kcal.
ΔH > 0
De posse dessas informações conseguimos obter a
variação da entalpia e definir o tipo de processo na
reação. Sendo a variação da entalpia expressa pela
Reagente
fórmula:

Reação ΔH = Ereagentes – Eprodutos = 150 – 310  ΔH = -80 Kcal.

Quando temos a variação de calor na mudança de Como ΔH<0, temos evidenciado um processo
estado físico estamos associando uma perda ou ganho exotérmico.
de energia no processo, e, cada um deles corresponde
ENTROPIA E ENERGIA LIVRE
a uma quantificação de entalpia diferente.
Muito utilizada na mecânica e na termodinâmica,
z Fusão: é um processo endotérmico onde a água a entropia serve para medir o grau de desordem que
em seu estado sólido precisa receber energia para um sistema apresenta. Ela está relacionada a espon-
que as ligações entre as moléculas se enfraqueçam taneidade dentro de um processo químico ou físico.
e passem para o estado líquido. A energia necessá- Se a reação acontece de forma espontânea, a entropia
aumenta e o sistema fica mais desordenado.
ria é de 7 kJ para cada mol;
Utilizando-se da temperatura em Kelvin (K), a fór-
z Solidificação: é um processo exotérmico onde a mula da entropia é explanada a seguir:
água em seu estado líquido precisa perder ener-
gia para que passe para o estado sólido. A energia DQ
DS =
necessária é de -7 kJ para cada mol; T
z Vaporização: é um processo endotérmico no qual
Em que: ∆S é a variação da entropia; ∆Q é a varia-
a água em seu estado líquido precisa receber ener- ção da quantidade calor e T é a temperatura.
gia para que as ligações entre as moléculas sejam A partir da análise da fórmula da entropia são fei-
rompidas para passarem para o estado gasoso. A tas as seguintes afirmações:
energia necessária é de 44 kJ para cada mol;
z Liquefação (ou condensação): é um processo z Processo isotérmico (ΔQ < 0): quando se mantém
a temperatura constante, o sistema perde calor e
exotérmico no qual a água em seu estado gasoso
consequentemente a entropia diminui;
precisa perder energia para que passe para o esta- z Processo com variação da temperatura (ΔQ > 0):
do líquido. A energia necessária é de -44 kJ para quando o sistema recebe calor do meio, a entropia
140 cada mol. aumenta;
z Processo sem troca térmica (ΔQ = 0): quando o sis- que se processa a percepção quanto a velocidade de
tema não efetua troca de calor no meio a entropia uma reação química.
fica constante. A velocidade na química leva em consideração
alguns fatores e, para poder verificá-la, deverá ser
A energia livre trata da quantidade de energia com base no consumo de determinados reagentes,
disponível no sistema para que ele realize algum tra- bem como na formação de novos produtos em função
balho, mas levando em consideração um meio com da unidade de tempo em que se processar essa reação.
pressão e temperatura constantes. Tal grandeza é uti- Vamos ver uma situação em que é possível entender
lizada apenas para calcular as variações que ocorrem perfeitamente como é a cinética química das reações.
dentro dos sistemas não estáticos. Exemplo: Em uma indústria fornecedora de ácido
clorídrico temos um processo muito único. A empresa
Dica se utiliza dos reagentes hidrogênio (H2) e nitrogênio (N2)
para produzir o seu produto, ou seja, o ácido clorídri-
A energia livre também pode ser denominada
co (HCl). Um operador percebeu que a cada 2,5 horas,
como Energia Livre de Gibbs.
a empresa conseguia produzir 500 Kg de HCl. Visando
saber qual era a velocidade dessa reação, ele realizou o
A fórmula que quantifica a energia livre é:
cálculo da cinética química. Que resultado ele obteve?
Para encontrar a velocidade dessa reação, ele fez a
ΔG = ΔH – T. ΔS.
relação de divisão entre a massa do produto adquirido
em função do tempo, sendo assim expressa a resolução:
Em que: ΔG é a variação da energia livre; ΔH é a
variação de entalpia; T a temperatura no sistema e ΔS
massa 500kg
a variação da entropia. V= V=  V = 200 Kg/h
A partir da análise da fórmula da energia livre são tempo 2, 5
feitas as seguintes afirmações: Não satisfeito apenas com o resultado obtido, o
operador ainda decidiu efetuar um cálculo para des-
z ΔG < 0: quando for negativo indica que a ener- cobrir, também, qual a velocidade de consumo dos
gia livre reduziu, o que indica que um trabalho reagentes no processo, tendo por base as mesmas 2,5
foi realizado e, portanto, trata de um processo horas e uma massa de 250 Kg de H2 e 250 Kg de N2.
espontâneo;
massa 250kg
z ΔG > 0: quando for positivo indica que a energia VH2 =  VH2 =  VH2 = 100 Kg/h
livre aumentou, o que indica que não houve tra- tempo 2, 5
balho realizado e, portanto, trata de um processo massa 250kg
não espontâneo; VN2 =  VN2 =  VN2 = 100 Kg/h
tempo 2, 5
z ΔG = 0: o sistema se encontra em equilíbrio e não
aconteceu alteração alguma no sistema.
Portanto, é possível verificar que, para um consu-
mo de 100 Kg/h de cada um dos reagentes, teremos a
formação proporcional de 200 Kg/h de produto.
Observe que existe diferença entre a velocidade de
CINÉTICA QUÍMICA formação dos produtos e de consumo dos reagentes.
Notem que, para o exemplo mencionado acima,
Sabemos que a todo momento reações químicas não levamos em consideração nenhum tipo de fator
acontecem, seja uma reação de neutralização em um
que pudesse acelerar ou atrasar a reação, mas eles
evento ambiental, seja um processo de decomposição
existem e serão evidenciados logo a seguir:
ou em um processo industrial. Fato é que em todos os
momentos de nossas vidas vamos evidenciar algum
z Superfície de contato: quem nunca teve um pro-
processo de reação química acontecendo.
blema de acidez e precisou tomar um sal de fru-
O que poucas pessoas pensam nesse processo todo
tas? E além de tomá-lo, quem nunca ficou olhando
é que cada uma dessas reações é única, sejam pela
composição dos seus elementos, reagentes e produtos, o momento em que adiciona o composto na água
ou pelo tempo que demoram para que essas reações e logo aquela efervescência aparece? É justamen-
ocorram efetivamente. te isso, quando colocamos aquele “pó” na água,
Nesse capítulo, atentaremos para as relações de temos diversas superfícies de contato representa-
cinética química para constatar qual a velocidade em das pelos grânulos do sal de frutas, e por ter tantas
que essas reações acontecem, os fatores que interfe- superfícies que entram em contato direto com a
rem nela, bem como os cálculos que são efetuados água é que a reação se acelera e é possível ver a
para reações que envolvem velocidade de consumo agitação das moléculas de antiácido. Se ele fosse
de reagentes ou de formação de produtos. em formato de comprimido, certamente não pro-
moveria tanta turbulência, pois a superfície de
A VELOCIDADE DAS REAÇÕES, OS FATORES QUE A contato exposta é menor.
QUÍMICA

INTERFEREM E A TEORIA DE COLISÃO


No contexto da superfície de contato temos atrela-
Você, em algum momento de curiosidade, já deve da a Teoria da Colisão, ou seja, esse contato entre as
ter visto alguns vídeos no Youtube com reações quí- moléculas nada mais é do que um choque, uma coli-
micas que acontecem. Deve ter percebido ainda que são entre elas que propícia a ocorrência da energia de
algumas dessas reações acontecem de forma muito ativação. É mais evidente acontecer entre os reagen-
rápida, e outras nem tanto assim, e é assim mesmo tes que estejam em seu estado gasoso. 141
z Concentração dos reagentes: a concentração está
Δ[produto]
diretamente ligada à velocidade da reação, pois,
Vm =
quanto maior for a concentração dos reagentes, Δt
mais rapidamente acontecerá a reação. Essa inte-
ração se dá pelas diversas colisões que acontecem Bem como teremos a representação da equação
entre as partículas; pelo consumo dos reagentes:
z Temperatura: assim como mencionado para a
concentração dos reagentes, a temperatura funcio-
nará da mesma forma, ou seja, quanto maior for a Δ[reagente]
temperatura, mais rápida será a reação. Podemos Vm =
Δt
observar isso claramente quando estamos cozi-
nhando. Se colocarmos o alimento numa panela
convencional, ele demorará um tempo para cozi- Atente-se ao fato de que, para a velocidade média
nhar, no entanto, ao colocarmos o mesmo alimen- dos produtos, temos um sinal negativo à frente, isso
to em uma panela de pressão (que alcançará uma representa que o reagente está sendo consumido, ou
seja, está diminuindo para formar o produto.
temperatura superior), o alimento cozinhará mui-
Após vistas as velocidades de forma individuali-
to mais rápido;
zada, tanto dos reagentes como dos produtos, iremos
z Catalisador: são excelentes para acelerar uma rea- elucidar como devem ser feitas as velocidades envol-
ção, e com um detalhe mais fantástico ainda, apesar vendo a equação global.
de promover um aumento na velocidade de gera- De modo geral, a velocidade média da reação leva
ção dos produtos, eles não participam da reação, ou em consideração a reação química, associando a con-
seja, não teremos formação de nenhum elemento centração dos elementos em função de seu coeficiente
secundário em função de sua presença ali. estequiométrico. Abaixo, está exemplificado de forma
objetiva para melhor compreensão.
CONDIÇÕES PARA OCORRÊNCIA DE REAÇÕES Primeiro, vamos mostrar a seguinte reação gené-
rica: xX + yY  zZ + wW, onde x, y, z e w são os coe-
Existem quatro requisitos básicos para determinar ficientes estequiométricos e X, Y, Z e W são nossas
a ocorrência de uma reação, sendo eles: substâncias.
De forma análoga, teremos a seguinte fórmula
z Os reagentes necessitam ter contato entre eles. É para a velocidade média da reação:
imprescindível que os reagentes sejam colocados
Vx Vy Vz Vw
juntos para que esse contato aconteça. Nesse con- Vm da reação x = Y = z = w
tato acontecerão os choques entre as moléculas, e,
ao se colidirem, as ligações se romperão para for- Agora, para consolidação do entendimento, será
mar os produtos; apresentado um exemplo aplicando a situação para
z É preciso que os elementos tenham afinidade entre velocidade média da reação global.
eles. Não adianta termos contato entre os reagen- Exemplo: Em um acidente ambiental, uma empre-
tes se eles não possuírem afinidade química; sa derramou ácido sulfúrico (H2SO4) em um solo. Para
z A colisão entre os reagentes deve ser efetiva. Den- efetuar a neutralização desse ácido, foi contratada uma
tro desse critério entra a Teoria da Colisão mencio- empresa especialista em solos. Depois de análise prévia,
nada acima; os técnicos decidiram que iriam efetuar a neutralização
z As colisões devem atingir o ponto de energia de através da adição de hidróxido de potássio (KOH).
Sabendo-se que, inicialmente tinham 10 mols,
ativação. Representa a quantidade mínima que
tanto de KOH quanto de H2SO4, e que após passadas
cada reação deve possuir para iniciar o processo
2 horas, sobraram apenas 4 mols de KOH e 7 mols de
de conversão dos reagentes em produtos.
H2SO4, sabe-se também que tivemos uma formação de
3 mols de K2SO4 e 6 mols de H2O, calcule a velocidade
TIPOS DE VELOCIDADE DE REAÇÃO E OS dos reagentes, de formação dos produtos e global.
CÁLCULOS QUE ENVOLVAM A VELOCIDADE DE Primeiro, escreve-se a reação global:
REAÇÃO
1 H2SO4 + 2 KOH  1 K2SO4 + 2 H2O.
Nesta etapa, veremos as correlações de variação
da velocidade, mediante concentração dos reagentes Efetuada a etapa da reação global, iremos efetuar
e dos produtos dentro de uma reação química. o cálculo da velocidade de consumo dos reagentes:
Nosso ponto de partida será com relação à velo- Ácido sulfúrico:
cidade média da reação, que pode ser expressa pela
seguinte equação: D [H2 SO 4] D [7 - 10] -3 mol/L
VH2SO4 = - Dt =- =- = 1,5
2 2 h

Variação de concentração Δ[concentração] Hidróxido de potássio:


Vm = =
Variação de tempo Δt D [KOH] D [4 - 10] -6 mol/L
VKOH = Dt
=- 2
=-
2
= 3,0
h
Teremos a variação da velocidade que compete a for- Através dos números expressos na velocidade dos
142 mação de produtos, sendo expressa da seguinte maneira: reagentes, é possível chegar à conclusão que serão
consumidos 1,5 mol/L dentro de uma hora de ácido Pode-se encontrar a nomenclatura para expressar
sulfúrico, bem como serão consumidos 3,0 mol/l den- a lei da velocidade das reações como sendo: Lei Ciné-
tro de uma hora de hidróxido de potássio. tica da Reação, Equação de Rapidez, Lei da Ação das
Após feitos os cálculos para determinar o consumo Massas ou Lei de Guldberg-Waage. Todas elas refe-
dos reagentes, serão realizados agora para os produ- rem-se a mesma lei.
tos, conforme segue:

D [K2 SO 4] D [3] mol/L


Sulfato de potássio: VK2SO4 = = 1,5
Dt 2 h SOLUÇÕES

D [H2 O] D [6] mol/L Quando falamos em misturas, um exemplo clássico


Água: VH2O = - Dt =
2
= 3,0 h que nos vêm à mente é ato de adicionar o pó de um
suco dentro de uma jarra com água para fazer nos-
Através dos números expressos na velocidade dos so refresco do almoço. E de fato, este é um exemplo
produtos, é possível chegar à conclusão: serão forma- plausível. No entanto, podemos ainda melhorar esses
dos 1,5 mol/L dentro de uma hora de sulfato de potás- conceitos e adicionar algumas informações a respeito
sio, bem como serão formados 3,0 mol/l dentro de desse ato: pode-se dizer que nessa mistura teremos, de
uma hora de água. certa forma, uma mistura homogênea, com a dissolu-
Para descobrir a velocidade da reação, podemos ção total do pó (que denominaremos soluto) dentro da
pegar tanto o resultado dos reagentes como dos pro- água (que denominaremos solvente). Essa mistura de
dutos e dividi-los por seu respectivo coeficiente este- soluto + solvente formará o que chamamos de solução.
quiométrico na equação balanceada. Veja a seguir: E, dessa forma muito simplista, estamos identifi-
cando conceitos muito corriqueiros no que compete a
H2 SO 4 KOH K2 SO 4 H2 O conceituação de misturas e soluções. Mas é claro que
Vm da reação = 1 = 1 = 1 = 2
temos muito mais conceitos que serão elencados e
1, 5 3, 0 1, 5 3, 0 apresentados neste material.
Vm da reação = 1 = 1 = 1 = 2 Nesse capítulo, atentaremos para a classificação,
definição e tipos de soluções que existem, os critérios
mol/L de solubilidade, bem como os aspectos quantitativos
Vm da reação = 1,5
h das soluções, mencionando, dentre eles, a concen-
LEI DA VELOCIDADE DE REAÇÕES tração comum, concentração molar (ou molaridade),
molalidade, fração molar, título e densidade. Veremos
Temos, na lei da velocidade de reações, uma cor- ainda diluição e as misturas de soluções por meio da
relação entre a velocidade em que acontece uma relação entre essas propriedades e por fim as proprie-
transformação química (se é rápida ou lenta) e a dades coligativas no que compete às soluções.
concentração inicial dos reagentes inseridos no meio
expressos em quantidade de matéria (mol/L). SOLUÇÕES: DEFINIÇÃO, CLASSIFICAÇÃO E TIPOS
Para compreender de forma prática veja a seguin-
te situação: Temos uma reação genérica expressa Quando falamos de soluções, estamos mencionan-
como sendo xX + yY  zZ + wW. Diante dessa equa- do sobre uma mistura que seja homogênea, ou seja,
ção, evidencie o que acontecerá mediante a situação apresentará apenas uma fase. Terá como componen-
experimentada: tes, minimamente, o soluto, que é o que se encontra
Se aumentarmos a concentração de X e Y, o que em menor proporção (em massa) dentro da solução
veremos acontecer com a velocidade da reação? e de um solvente, que se encontrará em uma maior
Resposta: quando aumentamos a concentração dos proporção (em massa) dentro da solução.
reagentes, aumentamos a quantidade de suas partículas, A mistura desse soluto com esse solvente terá como
portanto, teremos mais partículas se colidindo de forma denominação solução. Essas soluções possuem algu-
efetiva e um significativo aumento em sua velocidade. mas classificações quanto a sua propriedade e serão
Podemos afirmar, com base na compreensão da res- elencadas abaixo:
posta ao questionamento acima, que temos uma rela-
ção diretamente proporcional entre a concentração dos Estado Físico
reagentes e a velocidade da reação, ou seja, se aumen-
tarmos a concentração, aumentamos a velocidade, e, se Podemos encontrar em qualquer estado físico, sen-
diminuímos a concentração, diminuímos a velocidade. do subdivididos em:
Mas, além do fator concentração, temos a ação da
temperatura interferindo nessa velocidade também. z Solução Sólida: é uma mistura homogênea de
Em virtude disso, têm-se expressa a equação da lei da metais. É comum encontrar com o nome de liga
velocidade da reação como sendo: metálica. Elas nada mais são que soluções sólidas.
QUÍMICA

z Solução Líquida: encontramos em três formas


v = k . [X]α . [Y]β distintas, sendo elas:

Em que: v = a velocidade da reação; k = é a constan- „ Sólidos dissolvidos em líquidos: fazer aquele


te que leva em consideração exclusivamente a variação maravilhoso refresco adicionando pó na água
da temperatura; [X] e [Y] = a concentração dos reagen- trata-se de um exemplo muito corriqueiro do
tes; α e β = expoentes obtidos de forma experimental. dia a dia; 143
„ Líquidos dissolvidos em líquidos: outro exem- Para ficar mais claro, vamos elencar de forma indi-
plo muito fácil de se assimilar desse tipo de solu- vidualizada as relações supramencionadas:
ção é a mistura que existe na nossa gasolina, ou
seja, parte dela é de derivados de hidrocarbone- Massa
tos e o outro percentual de álcool;
„ Gases dissolvidos em líquidos: aquele aquá- Para o critério de massa, verificamos a massa adi-
rio que temos em casa onde adicionamos oxi- cionada de um soluto bem como a massa do solvente
gênio na água para os peixinhos trata-se de um para obter a massa da solução.
gás dissolvido no meio líquido; e por fim, temos A massa da solução será expressa da seguinte for-
„ Soluções Gasosas: o ar que respiramos tra- ma: massa da solução = massa do soluto + massa do
ta de uma mistura de oxigênio, nitrogênio e solvente.
outros gases presentes na atmosfera. Exemplo: Qual a massa da solução que contêm 30g
de sal dissolvidos em 100g de água? Massa da solução
Natureza das Partículas Dispersas = massa de sal + massa de água = 30g + 100g  Massa
da solução = 130g.
Será de acordo com o tipo de soluto que será adi-
cionado ao sistema. Podemos encontrar dois tipos Volume
diferentes:
Assim como para o critério de massa, o volume
z Soluções Iônicas: são as que contêm íons dissocia- obedecerá à relação do volume adicionado de um
dos no meio. É comumente denominado solução soluto bem como o volume de um solvente para obter
eletrolítica, e é muito empregada na eletroquími- o volume da solução.
ca, principalmente na ponte salina das pilhas. O volume da solução será obtido da seguinte for-
z Soluções moleculares: são as que contêm molé- ma: volume da solução = volume do soluto + volume
culas dissolvidas em seu meio e não apresentam as do solvente.
propriedades eletrolíticas, ou seja, não são condu- Exemplo: Qual o volume de uma solução que con-
tores de corrente elétrica. Como exemplo podemos tém 200mL de suco concentrado diluído em 800mL de
mencionar a mistura de açúcar na água. água? Volume da solução = volume do suco concentra-
do + volume da água = 200mL + 800mL  Volume da
Proporção entre Soluto e Solvente solução = 1.000mL = 1L.

Relaciona as massas de soluto e solvente, e em qual Número de Mols


proporção se encontram na solução. Temos as seguin-
tes classificações possíveis para isso: Assim como para o critério de massa, o número de
mols obedecerá à relação do número de mols adicio-
z Soluções diluídas: é quando a quantidade de mas- nado de um soluto bem como o número de mols de
sa de soluto adicionada é muito pequena em com- um solvente para obter o número de mols da solução.
paração à massa do solvente; O número de mols da solução será expressado da
z Soluções concentradas: inversa à solução diluída, seguinte forma: número de mols da solução = número
ou seja, a concentração do soluto é muito maior de mols do soluto + número de mols do solvente.
que a de solvente presente; Exemplo: Qual o número de mols da solução que
contem 15 mols de determinado soluto misturado
z Soluções saturadas: é quando adicionamos o máxi-
com 40 mols de solvente?
mo de soluto possível ao solvente. Essa quantidade
Número de mols da solução = número de mols
de soluto está relacionada ao coeficiente de solubili-
do soluto + número de mols do solvente = 15 + 40 
dade que possuir. As substâncias possuem coeficien-
Número de mols da solução = 55 mols.
tes diferentes entre si.
É convencionado que toda vez que se vê o índice 1
estamos falando sempre do soluto. Já para o índice 2,
O coeficiente de solubilidade (CS) mencionado
estamos falando sempre do solvente. Em contrapartida,
define a quantidade máxima que um soluto pode se
tudo que se referir à solução não possuirá índice algum.
dissolver completamente em 100g de água, ou seja,
Existem algumas fórmulas que são utilizadas para
não podemos ter presença de corpo de fundo. Esse
verificar os aspectos quantitativos, sendo elas:
coeficiente é expresso tendo a temperatura ambiente
como referência. Por exemplo, o coeficiente de solubi-
z Concentração comum (C): é a relação da massa
lidade do açúcar é de 33g de açúcar em 100 g de água.
de um soluto com o volume da solução. A fórmula
Se colocarmos 34g teremos a presença de 1g de corpo
que expressa essa variável é:
de fundo, isso significa que tudo que for acima de seu
coeficiente máximo não se solubilizará. m
C= V
1

CRITÉRIOS DE SOLUBILIDADE E ASPECTOS


QUANTITATIVOS DAS SOLUÇÕES Em que: m1 é a massa de soluto e V o volume da
solução.
A parte quantitativa sobre soluções trata do soluto
dissolvido em relação à quantidade de solvente. Nesse z Densidade (d): é a relação da massa da solução
sentido, temos alguns critérios que fazem parte dos com o volume da solução. A fórmula que expressa
conceitos de solubilidade, sendo eles: a massa, o volu- essa variável é:
me e o número de mols para as respectivas represen- m
d= V
144 tações de soluto, solvente e solução.
z Em que: m é a massa da solução e V o volume da Para quando levamos em consideração o soluto:
solução.
n1
X1 = n
Atenção: lembrar que a massa da solução é a soma
das de soluto com solvente, ou seja, m = m1 + m2.
Em que: n1 é o número de mols do soluto e n o
Na mesma proporção, o volume da solução será a
número de mols da solução.
soma das de soluto com solvente, ou seja, V = V1 + V2.

z Molaridade ou concentração molar (M): é a rela- Dica


ção do número de mols dos solutos com o volume Lembre-se de que o número de mols da solução
da solução. A fórmula que expressa essa variável é: (n) é a soma do número de mols do soluto e do
solvente, ou seja, n = n1 + n2.
n
M= V
1

Para quando levamos em consideração o solvente:


Em que: n1 é o número de mols do soluto e V o
volume da solução. n2
X2 = n
O número de mols é expresso também como sendo
Em que: n2 é o número de mols do solvente e n o
a massa sobre a massa molar da molécula, ou seja, n
número de mols da solução.
= m / MM.
z Normalidade (N): é a relação que se tem entre o
É possível encontrar a concentração molar repre-
equivalente-grama do soluto (neq) e o volume da
sentada como a seguinte fórmula também:
solução. A fórmula que expressa essa variável é:
m1
M = MM ·V n eq
1 N= v
Em que: m1 é a massa do soluto, MM1 é a massa
molar do soluto e V o volume da solução. Em que: neq é o número de equivalente-grama do
soluto e o V o volume da solução.
z Título em massa (T) e Título em volume (V):
para o título em massa, temos envolvida a massa DILUIÇÃO E MISTURA DE SOLUÇÕES: A RELAÇÃO
do soluto sobre a massa da solução, e para os cri- ENTRE ESSAS GRANDEZAS
térios de volume trata do volume do soluto sobre
o volume da solução. As fórmulas que expressam Quando falamos de diluição de uma solução, esta-
essa variável são: mos falando em adicionar solvente ao recipiente.
Podemos evidenciar isso em nosso dia a dia quando
m1 acrescentamos água no suco de laranja, quando colo-
T= m camos o detergente líquido na máquina de lavar rou-
pas, quando adicionamos água ou solvente em tintas,
Em que: m1 é a massa do soluto e m a massa da dentre tantos outros exemplos.
solução. No entanto, temos também o processo inverso ao
da diluição, que nada mais é que o aumento da con-
v1
T= v centração das soluções.
Quando efetuamos o processo de diluição da nos-
Em que: V1 é o volume do soluto e V o volume da sa solução, teremos que a massa do soluto se mante-
solução. rá inalterada, no entanto temos um aumento no que
compete ao volume final da solução.
z Molalidade (W): é a relação do número de mols Já em relação à concentração da solução, temos uma
do soluto pela massa de solvente. A fórmula que proporção inversamente proporcional, ou seja, na medi-
expressa essa variável é: da em que a concentração da solução aumenta, temos
uma diminuição com relação ao seu volume.
n1 Temos uma relação que rege esse tipo de compor-
W= m tamento expressado através da seguinte fórmula:
2

Em que: n1 é o número de mols do soluto e m2 a C . V = C’ . V’


massa do solvente.
É possível encontrar a molalidade representada
Em que: C e V são a concentração e volume inicial
como a seguinte fórmula também: e C’ e V’ são a concentração e volume final.
m1
W = MM ·m
ANÁLISE VOLUMÉTRICA (TITULOMETRIA)
QUÍMICA

1 2

Em que: m1 é a massa do soluto, MM1 a massa Esse procedimento laboratorial utiliza-se de um


molar do soluto e m2 a massa do solvente. determinado volume de uma solução com concen-
tração conhecida para determinar a concentração de
z Fração Molar (X): é a relação do número de mols uma outra solução que seja desconhecida.
do soluto ou do solvente pelo número de mols da Para determinar a concentração desconhecida é
solução. A fórmula que expressa essa variável é: importante que as soluções reajam entre si. A técnica 145
mais conhecida da análise volumétrica é a titulação e Compreendidos esses conceitos, vamos adentrar em
a equação para determinar a concentração por meio como essa dinâmica do equilíbrio químico funciona.
do volume é a seguir: Temos um processo dinâmico, com reações se
deslocando e acontecendo para ambos os lados. Para
M1.V1 = M2.V2 visualizar de uma forma mais clara, consideremos a
seguinte reação expressa de forma hipotética:
Em que: M1 é a molaridade da solução 1 e V1 é o
volume da solução 2, bem como M2 é a molaridade da rR + xX ⟺ pP + yY
solução 2 e V2 o volume da solução 2.
Em que: r e x são os coeficientes estequiométri-
cos dos reagentes e R e X os reagentes p e y são os
coeficientes estequiométricos dos produtos e P e Y os
produtos.
EQUILÍBRIO QUÍMICO Diante dessa reação, pode-se dizer que temos, ini-
cialmente, os reagentes R e X em sua concentração
SISTEMAS EM EQUILÍBRIO, GRAU DE EQUILÍBRIO, máxima, uma vez que a concentração dos produtos P e
CONCEITUAÇÃO DE REAÇÃO REVERSÍVEL E O Y são nulas. Ao passo que a reação se inicia, teremos o
DESLOCAMENTO DE EQUILÍBRIO consumo dos reagentes, que irão diminuir sua concen-
tração, e a formação dos produtos, que aumentarão sua
Antes de mais nada, para se entender quais são os concentração. E dessa forma, a reação acontecerá até
conceitos empregados nessa matéria, e aplicar efeti- que a situação se inverta, ou seja, ao fim da reação tere-
vamente os princípios do equilíbrio químico, preci- mos concentração máxima de P e Y, em contrapartida
samos efetuar algumas conceituações a respeito de as concentrações de R e X serão nulas. Nesse estado, as
reação química. concentrações dos reagentes e produtos não mais se
A reação química se baseia na combinação de alteram, chegando então na fase do equilíbrio.
reagentes para a formação de um produto com pro- A figura abaixo expressa esse equilíbrio.
priedades diferentes dos elementos que entraram. É
preciso compreender que temos limitações quanto
ao processamento dessa reação, ou seja, teremos, em
muitas situações, reações intermediárias incompletas
indesejadas no meio do caminho. Para entender, veja
o exemplo muito comum que acontece no dia a dia.
Exemplo: No processo de combustão de gás meta-
no temos a formação de gás carbônico representando
uma reação completa, mas teremos também uma rea-
ção incompleta formando monóxido de carbono.

Reação de combustão completa do metano:

CH4(g) + 2 O2(g) → CO2(g) + 2 H2O(g)

Reação de combustão incompleta do metano:

CH4(g) + 3/2 O2(g) → CO(g) + 2 H2O(g)

Outra situação precisa ser considerada nessa for-


Toda reação possui um rendimento, e, sabendo que
mação incompleta: a questão da reversibilidade dela,
uma reação dificilmente tem 100% de produtividade,
ou seja, existem situações em que as reações inter-
esse rendimento estabelece o grau de equilíbrio (α).
mediárias formam produtos que serão consumidos
Esse grau é indicado em porcentagem por cada mol de
dentro da própria continuidade da reação, seja rege-
substância formada dentro do processo. Quanto maior
nerando-se ou formando novos compostos. for o α, maior terá sido o caminho percorrido para for-
Para entender essa reação incompleta de reversi- mação de produto e do consequente equilíbrio.
bilidade, vejamos o exemplo a seguir. Para encontrar o percentual desse grau de equilí-
Exemplo: a produção da amônia ocorre em meio brio utilizaremos a seguinte fórmula:
fechado e tendo temperatura e pressão controladas
de forma a permanecerem constantes. Os reagentes
utilizados e o produto desejado (no caso a amônia) são número total de mols que reagiram
representados pela equação química abaixo: α=
quantidade inicial de mols
N2(g) + 3 H2(g) ⟺ 2 NH3(g)
Exemplo: numa reação de síntese da amônia,
Dica expressa pela seguinte reação química: N2(g) + 3 H2(g)
⟺ 2 NH3(g), temos 200 mols de N2. Ao atingir o equilí-
Toda vez que ver esse símbolo “⟺” significa que brio, foi possível verificar que ainda tinha sobrado 50
a reação com certeza é reversível, ou seja, acon- mols de N2. Qual o grau de equilíbrio para o reagente
146 tece em ambos os sentidos. nitrogênio?
Temos um total inicial de 200 mols e uma quanti- Constante de Ionização (Ki)
dade de 200 – 50 = 150 mols que efetivamente reagi-
ram. Logo, podemos alocar na fórmula e encontrar o É a constante que expressa o equilíbrio dos íons
grau: dissociados em um meio aquoso (solução) expresso
em mol/L.
150 Existe uma diferenciação quanto ao tipo de subs-
α = 200 = 0, 75 =75% tância que está participando da reação, sendo separa-
das em dois grupos:
É possível afirmar, portanto, que a reação chegou
ao equilíbrio após consumir 75% de N2. z Ionização: é quando se tem um ácido dissolvido,
gerando dois íons diferentes;
CONSTANTES DE EQUILÍBRIO, O QUOCIENTE DE z Dissociação: é quando se tem uma base dissolvi-
REAÇÃO E A CONSTANTE DE IONIZAÇÃO da, gerando um cátion e um ânion.

Temos relações expressas para as constantes de PRINCÍPIO DE LE CHATELIER E CONCEITUAÇÃO DE


equilíbrio tendo como base a concentração e a pressão. CATALISADOR
Abaixo, serão vistas as principais diferenças delas.
O Princípio de Le Chatelier se baseia na perturba-
Constante de Equilíbrio para Concentração (Kc) ção que um sistema químico pode sofrer, ou seja, ao
passar por um processo considerado desequilíbrio, o
Como sugestiona o próprio nome, leva em consi- sistema reagirá no sentido de eliminar esse desequilí-
deração a concentração dos reagentes e dos produ- brio visando o retorno ao seu estado de normalidade.
tos dentro de uma reação. Nesse tipo de constante, a Dentre os exemplos de perturbações externas, temos
temperatura deverá estar atrelada especificamente a o aumento ou diminuição: das concentrações, da tempe-
reação. Considere a seguinte reação hipotética: xX + ratura ou da pressão. Temos ainda a presença ou ausên-
yY ⟺ zZ + wW. cia do catalisador, que serve como acelerador de reação
Em que: X, Y, Z e W são os reagentes e produ- tendo como grande aliado o fato de não interagir com
tos, respectivamente. x, y, z e w são os coeficientes nenhum elemento da reação.
estequiométricos. Para essa expressão, teremos a
seguinte formulação para representar a constante de GRAU DE EQUILÍBRIO, GRAU DE IONIZAÇÃO, O
equilíbrio: EFEITO DO ÍON COMUM, EQUILÍBRIO IÔNICO E A LEI
DE DILUIÇÃO DE OSTWALD
z w
[z] · [w]
Kc = x y Quando falamos de grau de equilíbrio (α) estamos
[x] · [y]
nos referindo ao rendimento de reação. Nesse contex-
Na fórmula da concentração, sempre teremos os to são consideradas as quantidades de mols que um
produtos expressos no numerador, bem como os rea- reagente possui. Temos esse grau indicado por uma
gentes no denominador. porcentagem obtida por meio da seguinte fórmula:
Nessa fórmula, temos expressado o conhecido
quociente da reação.
nº de mols que reagiu
Exemplo: Iremos utilizar o nosso exemplo da sín- α= · 100
tese da amônia para poder mostrar onde devemos quantidade inicial de mols
alocar nossas moléculas. Lembrando que a reação
química será expressa por: N2(g) + 3 H2(g) ⟺ 2 NH3(g) Quanto maior for o percentual do equilíbrio signi-
fica que se tem uma maior probabilidade de a reação
[NH3]
2
atingir o seu equilíbrio.
Kc = 1 3 Compreenda essa relação por meio do exemplo
[N2] · [H2]
explicitado a seguir:
Seja uma reação química sendo: X + Y ⟺ Z.
Quanto maior o resultado de Kc, significa que Admitindo-se que teremos uma reação iniciada
maior será a concentração dos produtos na reação. com 200 mols de X, e, chegando ao equilíbrio temos
uma sobra de 40 mols de X, qual será o grau de equilí-
Constante de Equilíbrio para Pressão Parcial (Kp) brio desse reagente?
É possível, por meio das informações dadas, verifi-
Leva em consideração as variáveis Pressão, Tem- car quantos mols de X reagiram, ou seja, 200 – 40 = 160
peratura e Volume como sendo constantes. As pres- mols. Aplicando-se a fórmula teremos:
sões que são consideradas na reação são as chamadas
parciais. Considere a seguinte reação hipotética: xX +
número total de mols
yY ⟺ zZ + wW.
QUÍMICA

que reagiram 160


Em que: X, Y, Z e W são os reagentes e produtos, α= · 100 = · 100 = 80%
respectivamente. x, y, z e w são os coeficientes este- quantidade inicial de 200
quiométricos. Para essa expressão, teremos a seguinte mols
formulação para expressar a constante de equilíbrio:
Vale lembrar que, quanto mais elevado for o resul-
^pz h · ^p w h
z w tado percentual de α, maior será o caminho percorri-

^p xhx · ^p y hy
Kp = do para se chegar ao equilíbrio. 147
O grau de ionização é utilizado para se referir aos z Hidrólise de um de ácido fraco e uma base fra-
ácidos que são colocados em meio aquoso, referin- ca: teremos uma reação na qual o cátion e o ânion
do-se a sua capacidade de produzir íons e sua força. reagirão com os íons da água. O meio poderá ficar
Nele são considerados dois fatores muito importantes: neutro, ácido ou básico, pois, dependerá da força
o número de partículas de ácido que são dissolvidas, que o ácido e a base formados terão.
bem como o número de partículas ionizadas.
Assim como o grau de equilíbrio, é representado Como mencionamos bastante acima, temos concei-
pela letra α e sua representação matemática é dada tos que norteim a relação de ácido, base e neutro com
por: base no pH e pOH da solução. A seguir, serão abordados,
de forma mais clara, o que esses conceitos significam.
nº de partículas ionizadas Primeiramente é conveniente destacar o que é uma
α= · 100 solução ácida e uma solução básica. Temos como solução
nº de partículas dissolvidas ácida o meio que possuir a concentração de H+ maior
que a de OH- ([H+] > [OH-]), lincando, dessa forma, sua
ligação com a acidez do meio. Em contrapartida, temos
Para a força de um ácido são considerados os
como solução básicas o meio que possuir concentração
seguintes critérios: ácido forte (α ≥ 50 %); ácido mode-
de OH- maior que a de H+ ([OH-] > [H+]), lincando, dessa
rado (5% ≤ α ≤ 50 %) ou ácido fraco (α < 5 %).
forma, sua ligação com a basicidade do meio.
Em alusão ao Princípio de Le Chatelier, temos o
Quando falamos de pH, estamos nos referindo ao
equilíbrio iônico, que efetua o ajuste do equilíbrio do
potencial hidrogeniônico. É a escala mais conhecida
íon existente no meio aquoso, seja ele proveniente de
e utilizada e trata, de forma matemática, do logarit-
um ácido ou de uma base. Esse fenômeno de ajuste
mo negativo da concentração de íons H+ presentes
é denominado Efeito do Íon Comum, que tem como
no meio. A fórmula representativa é: pH = -log [H+].
função principal a diminuição do grau de ionização
Dentro dessa escala, temos uma numeração de 0 a 14,
do ácido ou o grau de dissociação da base.
sendo dividida entre substâncias ácidas, básicas ou
Feitas todas essas definições, é possível compreen-
neutras, conforme figura a seguir:
der a Lei de diluição de Ostwald, que é uma relação
matemática associando o grau de ionização e a cons-
tante de equilíbrio. A fórmula é expressa a seguir:

2
a ·M
Ki =
1-a
Em que temos: Ki = constante de ionização; α =
grau de equilíbrio e M = concentração molar.
Já quando falamos de pOH, estamos nos referindo
ao potencial hidroxiliônico. É a escala menos utiliza-
HIDRÓLISE E SUAS CONSTANTES, HIDRÓLISE DOS da e trata, de forma matemática, do logaritmo nega-
SAIS, PH, POH, SOLUÇÕES ÁCIDAS E BÁSICAS, tivo da concentração de íons OH- presentes no meio.
ACIDEZ E BASICIDADE EM SOLUÇÕES, EQUILÍBRIO A fórmula representativa é: pOH = -log [OH-]. Dentro
E PRODUTO IÔNICO DA ÁGUA, O PRODUTO DE dessa, escala temos uma numeração de 0 a 14, sendo
SOLUBILIDADE, INDICADORES E SOLUÇÃO TAMPÃO dividida entre substâncias ácidas, básicas ou neutras,
conforme figura abaixo.
A hidrólise trata da quebra de moléculas pela ação
da água e, para medi-la, é feita uma razão entre a con-
centração dos produtos pelos reagentes. A seguinte
expressão evidencia isso:

[produtos]
Kh =
[reagentes]
Os indicadores são substâncias que mostram se
o meio é ácido ou básico. Dentre os mais conhecidos
Para esse efeito, possuímos a hidrólise de sais que temos: papel tornassol fenolftaleína, azul de bromoti-
resultam na formação de ácido ou base que sejam fra- mol e alaranjado de metila.
cos. A seguir, serão explanados. A solução tampão é utilizada para manter o equilí-
brio do pH no meio.
z Hidrólise de um sal de ácido fraco e uma base
forte: teremos a reação dos ânions do ácido fra- Dica
co reagindo com os íons H+ que estão presentes na
água, resultando numa diminuição na concentra- No nosso organismo existe a solução tampão,
ção dos íons H+ no meio e, consequente, o aumento que é efetuada pela presença de bicarbonato de
de íons OH-, gerando assim uma solução básica; sódio.
z Hidrólise de um sal de ácido forte e uma base
fraca: teremos a reação dos cátions da base fraca O produto de solubilidade trata de solução insatu-
reagindo com os íons de OH- que estão presentes na radas, saturadas e supersaturadas. Esses critérios se
água. Resultando numa diminuição na concentra- apresentam da seguinte forma: quando temos uma
ção dos íons OH-, e, consequentemente, um aumen- solução insaturada significa que, ao adicionarmos
148 to de íons H+, gerando assim uma solução ácida; determinado sólido em um solvente, ele se dissolverá
por completo, mas não atingirá o seu ponto máximo A pilha, por exemplo, algo que utilizamos no nosso
de solubilidade, ou seja, ainda poderá ser adiciona- dia a dia, nada mais é do que uma aplicação prática
do mais sólido e se manter a solução homogênea. Já dos conceitos que envolvem a eletroquímica.
quando falamos de solução saturada, significa que a Nesse capítulo, nos atentaremos ao estudo dos
quantidade máxima de sólido que poderia ser adi- ânodos e dos cátodos, bem como sobre a polaridade
cionada foi, e, a partir daquele ponto, tudo o que for desses eletrodos; quais são os processos de oxidação
adicionado será depositado no fundo do recipiente (o e redução por meio da identificação de elementos
conhecido corpo de fundo). Por fim, a solução super- redutores e oxidantes, o que é número de oxidação,
saturada é o ponto em que se extrapolou o máximo potencial padrão, as pilhas e baterias e a equação de
desse sólido formando um depósito de sólidos não dis- Nernst, além dos processos de corrosão, eletrólise e as
solvidos no fundo do recipiente. leis de Faraday
Quando falamos em equilíbrio iônico da água,
estamos tratando exclusivamente da molécula e sua CONCEITUAÇÃO DE ÂNODO, CÁTODO E AS
capacidade de se auto ionizar. Essa autoionização POLARIDADES DOS ELETRODOS
forma íons hidrônio (H3O+) e hidróxido (OH-), tendo
seu equilíbrio deslocando da direita para a esquerda. Para que tenhamos movimentação de cargas car-
A forma simplificada dessa reação é a expressa pelo regadas eletricamente é necessário que tenhamos ele-
produto iônico como sendo: H2O(l) ⟺ H+(aq) + OH-(aq). trodos dotados de cargas positivas e negativas. Essas
Tem-se ainda que o produto iônico possui a seguin- cargas podem ser expressas como sendo um eletrodo
te fórmula e valor: carregado com cargas negativas, atraindo para si todas
as cargas de sinal oposto, ou seja, positiva, expressado
Kw = [H+] . [OH-] = (1.10-7 mol. L-1) . (1.10-7 mol. L-1) = como sendo o cátodo. É ele quem é a fonte de elétrons,
=1.10-14 (mol. L-1)2. ou também chamado de doador de elétrons. São eles,
os cátodos, responsáveis por gerar carga no sistema,
REAÇÕES ENVOLVENDO GASES E O EQUILÍBRIO sendo o ponto de partida da corrente elétrica.
ENTRE LÍQUIDO E GASES Se o cátodo é o elétrodo negativo que “puxa” as
partículas negativas, o ânodo será o seu oposto, ou
Quando se fala em reação envolvendo gás é pri- seja, é um elétrodo carregado com cargas positivas,
mordial saber algumas de suas características: atraindo para si todas as cargas de sinal negativo, ou
seja, os elétrons. Também pode ser uma fonte forne-
z São compressíveis: eles admitem compressão, sen- cedora de cargas positivas bem como aceitar elétrons.
do possível reduzir o volume que ocupam no espaço; O sentido da carga pode ocorrer do polo negativo
z São sensíveis a temperatura: quanto maior a para o positivo, e vice versa. Nas baterias, serão sem-
temperatura, maior o agito entre as moléculas, e pre associados da seguinte forma:
mais choques terão entre si. Esses choques promo-
vem uma ação direta na pressão em que estiverem Ânodo = polo negativo // Cátodo = polo positivo
contidos os gases;
z A pressão interfere na reação: a pressão parcial Células Galvânicas: Pilhas e Baterias
pode ser verificada a partir do tipo de substância e
a qual fator externo estará ligada. As pilhas, ou também conhecidas tecnicamente
como células eletroquímicas, são definidas da seguin-
A Lei de Henry é que estabelece a relação de equilí- te forma: “Dispositivos que possuem a capacidade de
brio entre os líquidos e os gases. Nessa lei é postulado efetuar uma transformação da energia química para
o seguinte conceito: “A concentração de gás dissolvido energia elétrica por meio de reações de oxirredução
(que ocorre transferência de elétrons)”.
na fase líquida é proporcional à Pressão Parcial deste
As pilhas são compostas em sua essência de um ele-
gás na fase gasosa”. Sendo assim, a fórmula que corre-
trólito e dois eletrodos. Esse eletrólito é muito conheci-
laciona essa ligação entre o líquido e o gás é a expres-
do também como ponte salina, que nada mais é do que
sa a seguir:
uma solução aquosa que contém íons.
As baterias possuem a mesma finalidade que as
ρA = XA . KA
pilhas, no entanto sua composição será essencial-
mente composta por diversas pilhas que podem ser
Em que: ρA é a pressão parcial de vapor da subs-
agrupadas tanto em série como em paralelo. São as
tância pura; XA a fração molar e KA a constante de
baterias que podem ser recarregáveis também.
Henry que é dependente da temperatura e da subs-
tância utilizada.
Montagem de Pilhas

Como mencionado, a pilha sempre terá reação de


oxirredução, tendo dois elétrodos que podem ser des-
ELETROQUÍMICA critos da seguinte forma:
QUÍMICA

Eletroquímica, junção das palavras eletricidade z Ânodo: polo negativo, que sofre a oxidação, per-
com química. Parece uma correlação estranha para dendo elétrons e sendo classificado como o agente
você? Se sim, saiba que é muito comum essa asso- redutor;
ciação multidisciplinar. Em algum momento existem z Cátodo: polo positivo, que sofre a redução,
conceitos que irão se intercalar para poder fornecer ganhando elétrons e sendo classificado como o
uma base e suporte adequado à compreensão. agente oxidante. 149
Podemos representar, de forma mais clara, a essên- Sendo assim, podemos verificar que: se um eletro-
cia da pilha: do possui um potencial alto (Eºred), ele terá a tendên-
cia a receber elétrons, e consequentemente uma alta
ÂNODO CÁTODO tendência de se comportar como agente oxidante, e,
portanto, sofrerá uma redução.
Sofre oxidação Sofre redução Já para o elétrodo que possuir um potencial baixo
(Eºoxid), ele terá a tendência a perder elétrons, e conse-
A  Ax+ + x e- Cx+ + x e-  C quentemente uma alta tendência de se comportar como
agente redutor, e, portanto, sofrerá uma oxidação.
Abaixo teremos uma tabela que pode represen-
PROCESSOS DE REDUÇÃO E OXIDAÇÃO
tar esses potenciais considerados padrão de alguns
elementos.
Nos fenômenos de oxirredução temos a ocorrência
de reações que promovem a transferência de elétrons,
de forma simultânea, originando os termos de oxida- ESTADO ESTADO
Eº RED Eº OXID
ção e redução. REDUZIDO OXIDADO
Na oxidação temos a perda de elétron pelo átomo, - 3,04 Li Li+ + e- 3,04
aumentando consequentemente o seu número de
oxidação (Nox). Já no processo de redução, temos o - 2,92 K K +e
+ -
2,92
ganho de elétron pelo átomo, diminuindo consequen-
- 2,90 Ba Ba + 2 e
2+ -
2,90
temente o seu número de oxidação (Nox).
Exemplo: Na reação do fósforo branco temos a - 2,89 Sr Sr2+ + 2 e- 2,89
seguinte equação:
- 2,87 Ca Ca2+ + 2 e- 2,87
2 Ca3(PO4)2 + 6 SiO2 + 10 C  6 CaSiO3 + 10 CO + 1 P4 - 2,71 Na Na + e + -
2,71
- 2,37 Mg Mg + 2 e
2+ -
2,37
Identificar quem sofreu oxidação, quem sofreu redu-
ção e quem são os respectivos agentes oxidante e redutor. - 1,66 Al Al + 3 e
3+ -
1,66
- 1,18 Mn Mn + 2 e
2+ -
1,18
- 0,83 H2 + 2 (OH)- 2 H2O + 2 e- 0,83
- 0,76 Zn Zn2+ + 2 e- 0,76
- 0,74 Cr Cr + 3 e
3+ -
0,74

Diante da situação teremos que o Agente redutor é - 0,48 S 2-


S+2e -
0,48
quem sofre a oxidação e o Agente oxidante é quem sofre - 0,44 Fe Fe + 2 e
2+ -
0,44
a redução. De forma resumida e elucidativa teremos
os conceitos assim empregados: - 0,28 Co Co + 2 e
2+ -
0,28
- 0,23 Ni Ni2+ + 2 e- 0,23
CONCEITOS IMPORTANTES
- 0,13 Pb Pb2+ + 2 e- 0,13
Reações em que temos a
Reações de Oxirredução 0,00 H2 2H +2e
+ -
0,00
transferência de elétrons

Perda de elétrons e Nox 0,15 Cu +


Cu + e
2+ -
- 0,15
Oxidação
aumentado 0,34 Cu Cu2+ + 2 e- - 0,34
Aquele que perde elétrons, H2O + ½ O2
Agente redutor aumenta seu Nox e sofre 0,40 2 (OH)- - 0,40
+ 2 e-
oxidação
0,52 Cu Cu+ + e- - 0,52
Ganho de elétrons e Nox
Redução 0,54 2 I- I2 + 2 e- - 0,54
diminuído

Aquele que ganha elétrons, A ESPONTANEIDADE DAS REAÇÕES


Agente oxidante diminui seu Nox e sofre
redução Quando o potencial apresentar valor maior que 0,
ou seja, quando o elemento que oxida possuir maior
POTENCIAL PADRÃO E SUA APLICAÇÃO DAS potencial padrão, comparando-se ao elemento que
TABELAS reduz, dirá que a reação ocorre de forma espontânea.
Logo, se o potencial apresentar valor menor que 0 a
Potencial de Pilhas reação não acontecerá de forma espontânea.
De forma representativa temos que:
Para saber se um elétrodo sofrerá redução ou oxida-
ção existe um meio muito importante, ou seja, por meio z ΔEº > 0, a reação acontecerá de forma espontânea;
da comparação dos potenciais de redução deles é possí- z ΔEº < 0, a reação não acontecerá de forma espontânea.
vel saber se o elétrodo terá tendência a ser um agente
oxidante ou redutor nesses processos de oxirredução.
150
A EQUAÇÃO DE NERNST E AS PILHAS E BATERIAS Para ambos os casos de eletrólise, a aplicação da
análise por meio de fórmula, sendo ela a da Lei de
Nernst foi a pessoa responsável por desenvolver a Faraday, é igualmente empregada. Temos duas leis em
equação matemática que leva em consideração a dife- específico para essa aplicabilidade, sendo:
rença de potencial (ddp) de uma pilha em funciona-
mento. Ela é expressa da seguinte forma: z 1ª Lei de Faraday: fala sobre a massa forma-
da durante o processo de eletrólise. Essa relação
0, 059
c
[C] · [D]
d de formação da massa é admitida como sendo a
ΔE = ΔEº - · log a b quantidade formada durante o processo sendo
n [A] · [B]
de forma proporcional à carga pela qual a partí-
Em: ΔE = variação do potencial da pilha em dado cula passou. Nessa primeira lei é calculada essa
momento; ΔEº = variação do potencial padrão da intensidade da energia que é aplicada ao sistema
pilha; [C] e [D] = são as concentrações dos produtos da em função de um determinado tempo. A fórmula
equação global da pilha, tendo ‘c’ e ‘d’ como coeficien- representativa será:
tes estequiométricos; [A] e [B] = são as concentrações
dos reagentes da equação global da pilha, tendo ‘a’ e m = K1 . Q
‘b’ como coeficientes estequiométricos; e n = número
de elétrons na oxidação e redução da pilha. Em que: m = massa; K1 = constante de proporciona-
lidade e Q = carga elétrica em Coulomb.
Cálculos de Voltagem de Pilhas
z 2ª Lei de Faraday: No processo eletrolítico, a mas-
Toda pilha, em seu funcionamento, terá um metal sa de uma substância produzida é diretamente
que sofrerá oxidação e um cátion sofrendo redução. proporcional ao equivalente-grama (E) dessa subs-
As equações genéricas que podemos expressar essa tância. A fórmula representativa será:
relação são:
m = K2. E
z Oxidação: um metal irá se oxidar se tornando um
cátion em meio aquoso.
Em que: m = massa; K2 = constante de proporciona-
O(s) → O+(aq) + e- lidade e E = equivalente grama.
A constante de proporcionalidade é a própria
z Redução: processo inverso da oxidação, ou seja, constante de Faraday e possui como valor numérico
um cátion em meio aquoso sofre redução e se tor- 1/96.500. A carga elétrica é expressa como 96.500 C,
na em um metal sólido. que representa diretamente 1 F.
Conhecidos os conceitos sobre a eletrólise, nos
R+(aq) + e- → R(s) remetemos agora á corrosão, que nada mais é do que
a deterioração que um metal sofre em consequência
Fazendo a equação global dessa reação teremos: do processo eletroquímico da reação de oxirredução.
Quando somamos as equações, temos a seguinte
equação global:
Dica
O(s) + bR+(aq) → cO+(aq) + R(s)
Lembrando que: oxidação = perda de elétrons e
Dessa forma, a equação de Nersnst é reescrita, eli-
redução = ganho de elétrons.
minando-se os metais sólidos, pois, por serem inalte-
Podemos mencionar também que a reação de
rados, ou seja, por não sofrer alteração, eles podem
oxirredução trata da transferência de elétrons entre
ser desconsiderados. Teremos a seguinte relação:
os átomos que participam da reação bem como a cor-
+ c rosão é causada principalmente a partir da ação do
0, 059 [O ] oxigênio nos metais.
ΔE = ΔEº - · log + b
n [R ] A ferrugem, que é o processo de oxidação no fer-
ro, é um grande exemplo dessa aplicação da ação do
CONCEITUAÇÃO DA CORROSÃO E ELETRÓLISE A oxigênio diretamente no ferro. Sem um meio aquoso
PARTIR DA LEI DE FARADAY (água) e oxigênio não temos a ocorrência de corrosão.

Eletrólise nada mais é do que um processo em que MÉTODOS PROTETIVOS E REVESTIMENTOS


se emprega a aplicação de energia externa no sistema,
promovendo um rompimento dos elementos partici- Quando falamos de metais, pilhas e baterias esta-
pantes. É um tipo de reação que não acontece de for- mos nos referindo a materiais que estão expostos a
ma espontânea. fatores de desgaste e corrosão. E, para aumentar a
QUÍMICA

Essa energia aplicada pode ser por meio de uma fon- vida útil desses materiais existem medidas proteti-
te química ou elétrica (que é a mais utilizada). Temos vas efetuadas por meio de revestimentos ou de ações
em sua essência dois tipos de eletrólises possíveis, sen- que diminuam a ação da corrosão e deem um tempo
do elas: Eletrólise Ígnea, que acontece na ausência de maior para eles.
meio líquido (água) e a Eletrólise em meio aquoso, que, Dentre os métodos protetivos e de revestimento temos
diferentemente da ígnea, acontece apenas em meio a quatro categorias essenciais que auxiliam na determina-
uma solução que contenha íons dissociados. ção da melhor técnica a ser aplicada, sendo elas: 151
z Modificação de processo: adição de substâncias em formato de onda ou de partículas. Esse é um meca-
inertes no meio corrosivo para controle do desen- nismo utilizado por esses átomos para ficarem mais
volvimento ou aceleração da corrosão bem como estáveis e muito mais leves.
utilização de substância higroscópica que retem Os tipos que encontramos de radioatividade podem
umidade formada no ambiente; ser vistos de duas formas: as radiações por partícula alfa
z Modificação do metal: o tipo de metal envolvido (α) e beta (β) e a outra como sendo raio gama (γ).
no meio pode acelerar a corrosão no meio devido Abaixo será falado de uma forma individualizada
a sua propriedade de: resistência (ou a falta dela) a respeito desses tipos de radiações.
à corrosão, a condutividade térmica, a dureza, a
resistência mecânica, dentre outros fatores. É z Raio alfa (α): trata-se de uma partícula positiva,
preciso entender o processo, o meio gerado e as que possui dois prótons e dois nêutrons em seu
possibilidades acerca do metal utilizado. É muito núcleo e capacidade baixa de penetração;
comum nesse sentido o emprego de ligas metálicas; z Raio beta (β): trata-se de uma partícula negativa,
z Modificação do meio corrosivo: é possível acon- de massa desprezível, com capacidade de penetra-
dicionar o meio corrosivo ao tipo de metal utiliza- ção maior que a do raio alfa;
do quando não existe a possibilidade de troca do z Raio gama (γ): trata de uma onda magnética, dota-
mesmo. A escolha de solventes alternativos é mui- da de muita energia. Possui maior capacidade de
to empregada nesse tipo de técnica; penetração se comparada com os raios alfa e beta.
z Revestimento protetor: é a mais comum na pro-
teção da superfície dos metais. Dentre as opções Na radioatividade, duas leis principais servem
existem: como regentes de seus princípios, sendo elas assim
enunciadas:
„ Revestimentos metálicos: utilizados para dimi-
nuir o contato do metal com o meio corrosivo. É z Primeira lei da radioatividade: o átomo que
uma espécie de camada que diminui a permea- se encontra na característica do tipo alfa terá a
bilidade do meio corrosivo com o metal; tendência a formar um novo átomo, tendo dois
„ Revestimento não metálico inorgânico: é quan- prótons e dois nêutrons a menos que o original,
do é feita uma deposição de compostos inorgâ- ficando com uma massa quatro vezes menor em
nicos resistentes à corrosão sobre a superfície proporções de unidades. A representação da rea-
do metal. Dentre os principais exemplos temos ção que faz parte dessa regra se dá da seguinte
a porcelana, sais e vidros; forma:
„ Revestimento não metálico orgânico: são tintas
e polímeros destinados à proteção da superfí- WA → 2 α4 + (Z - 2)Y(A-4)
Z
cie do metal, diminuindo a ação da corrosão e
aumentando a vida útil do material utilizado.
z Segunda lei da radioatividade: diferente do áto-
mo com característica de raio alfa, a segunda lei
trata da emissão de raio beta. Os átomos com essa
RADIOATIVIDADE característica terão sua massa atômica inalterada,
pois, conforme contextualizado, possui uma massa
Mesmo sem nos darmos conta, os elementos que desprezível. A única diferença que teremos é que o
possuem característica radioativa estão por toda par- número atômico desse átomo novo aumentará em
te, seja na usina nuclear, com a utilização do urânio, apenas uma unidade. A representação da reação
seja nas datações arqueológicas de fósseis com o uso que faz parte dessa regra se dá da seguinte forma:
do carbono 14, o iodo 131 utilizado na medicina para
WA →-1β0 +(z + 1) Y(A)
fazer mapeamento da tireoide, na agricultura, com a Z

utilização de isótopos radioativos nos adubos, dentre


tantas outras aplicações. Dica
Ficou surpreso, né? Às vezes não nos damos conta
de que substâncias que possuem um potencial risco, Como exemplo de átomo que sofre ação de raio
caso manipuladas de forma errônea, são tão dissemi- alfa temos o Plutônio 239, e, como que sofre
nadas e utilizadas assim. Mas não se preocupe, todos ação por raio beta, temos o Carbono 14.
são utilizados seguindo rígidas regras de segurança,
garantindo que apenas as propriedades desejáveis DETECÇÃO DAS RADIAÇÕES E SÉRIES RADIOATIVAS
deles sejam exploradas.
Nesse capítulo, atentaremos para a origem, bem Para se efetuar uma detecção de radiação, é
como as principais propriedades dessas radiações, as necessário equipamento técnico específico que pos-
leis que falam sobre a radioatividade, a velocidade sua a capacidade de captar e registrar a presença
das reações radioativas e sua cinética, além das cons- de radiação ionizante no ambiente. Esses detectores
tantes da radioatividade, para, por fim, entendermos conseguem determinar, a partir da interação de uma
o que são os termos fissão e fusão nuclear. radiação presente no meio com seu meio sensível, a
quantidade de radiação que ali existe.
RADIAÇÕES: SUA ORIGEM, PRINCIPAIS A série radioativa compreende um conjunto de
PROPRIEDADES E AS LEIS QUE AS REGEM elementos que possuem um núcleo instável e, em
virtude dessa instabilidade, eles sofrem determinada
De uma forma muito simples e objetiva, a radioati- sequência de desintegrações espontâneas. Mas, ape-
vidade de um átomo está relacionada a sua caracterís- sar da instabilidade, esse processo de desintegração
152 tica de emissão, de uma forma espontânea, de energia acontece de forma ordenada.
Na natureza encontramos, essencialmente, três z Meia-vida (n): tempo necessário para que metade
isótopos naturais e que são utilizados como base, sen- da capacidade radioativa seja atingida. Expressa
do eles: o Tório 232 (90232Th), o Urânio 238 (92238U) e o também quando chegou na metade da massa exis-
Urânio 235 (92235U). tente do isótopo radioativo. A fórmula que expres-
sa essa relação é demonstrada a seguir:
VELOCIDADE DA REAÇÃO RADIOATIVA POR MEIO n0
DA CINÉTICA E AS PRINCIPAIS CONSTANTES n= x
2
RADIOATIVAS
Em que: n = número de átomos após a meia-vida; no =
Assim como para as reações convencionais, para número de átomos inicial; x = quantidade de meias-vidas.
os elementos radioativos também verificamos a É comumente encontrada também a relação da
massa perdida, trocando-se apenas onde tem a letra
velocidade em que se processa a reação. No entanto,
n, de número de átomos, por m, de massa.
teremos algumas diferenciações em virtude de suas
características. Aqui veremos, por exemplo, o tempo
TRANSMUTAÇÃO DE ELEMENTOS NATURAIS E
de desintegração de um isótopo sob a ação das radia-
FISSÃO E FUSÃO NUCLEAR
ções alfa e beta.
Agora, após essas informações, iremos ver como Muitas vezes, quando tratamos de elementos radioa-
devem ser desenvolvidos esses cálculos para nossos tivos, as pessoas sentem muito medo e dúvida a respei-
átomos radioativos. to, principalmente quando envolvem conceitos técnicos
desconhecidos. Assim acontece com a fissão e fusão
z Velocidade de desintegração (v): expresso por nuclear, que são termos muito empregados, mas pouco
meio de dado matemático, a velocidade de desinte- conhecidos.
gração demonstra a relação entre a quantidade de Agora veremos, de forma individualizada, o que
átomos radioativos em função do tempo. A fórmula cada um desses termos significa.
que expressa essa relação é demonstrada a seguir:
Dn z Fissão nuclear: é o bombardeio ao núcleo do áto-
v= mo radioativo. A colisão entre esses átomos provo-
Dt
ca uma zina muito instável, e dessa instabilidade
Em que: Δn = n - no (n = número de átomos final vão se formando dois novos elementos que vão libe-
e no = número de átomos inicial); Δt = t- to (t = tempo rando uma grande quantidade de energia no meio.
final e to = tempo inicial). Como exemplo temos a bomba A (bomba atômica).
No processo de desintegração, vale destacar que z Fusão nuclear: é a formação de um novo ele-
a variação em n sempre será negativa, uma vez que mento a partir da fusão de dois outros elementos
com o passar do tempo a quantidade de átomo dispo- radioativos. Nesse processo, o núcleo de um átomo
nível para emitir radiação vai diminuindo. se funde ao de outro originando um único átomo
com um novo núcleo também. Pode-se citar que
z Constante radioativa (C): relaciona a velocidade também ocorre a liberação de calor pro meio.
de desintegração com a quantidade de átomos de Como exemplo, temos a bomba de hidrogênio.
isótopo radioativo. A fórmula que expressa essa
relação é demonstrada a seguir: Agora, conhecidos os termos e seus respectivos
exemplos, podemos descrever também a diferença
C=
v entre a aplicação e utilização de um e do outro.
n Um reator de uma usina nuclear representa um
Em que: v é a velocidade de desintegração e n = processo de fissão. Em suma, esses processos são
quantidade de átomos de isótopo radioativo. possíveis de se controlar, pois existe uma segurança
quanto à quantidade utilizada no processo.
Já numa bomba de hidrogênio, que se utiliza da
z Intensidade radioativa (i): mede a intensidade
fusão, não é possível controlar a reação, o que explica
da quantidade de partículas alfa e beta emitidas
seu potencial devastador.
pelo isótopo radioativo. Está diretamente relacio-
A formação de hélio na região do Sol é advinda
nada à constante radioativa e à quantidade de áto- da fusão de núcleos do hidrogênio, por isso há tanta
mos de isótopo radioativo. A fórmula que expressa luminosidade e calor.
essa relação é demonstrada a seguir: A transmutação de elementos naturais consiste
num processo desenvolvido em laboratório de físi-
i=C.n ca nuclear, utilizando ou não partículas radioativas,
visando transformar o núcleo de um elemento quí-
Em que: C é a constante radioativa e n = quantida- mico em um núcleo de um novo elemento. De forma
de de átomos de isótopo radioativo. representativa temos que:

z Vida média (Vm): mede o tempo em que um áto- Elemento A → Elemento B


mo de isótopo radioativo leva para se desintegrar. A
QUÍMICA

fórmula que expressa essa relação é demonstrada USO DE ISÓTOPOS RADIOATIVOS E EFEITOS DAS
a seguir: RADIAÇÕES
1
Vm= Os isótopos são elementos que possuem a capaci-
c
dade de emitir algum tipo de radiação. Assim como
A vida média leva em consideração uma grande todo elemento radioativo, possuem núcleo instável
quantidade numérica de átomos ao se desintegrar! que liberam essas radiações para se converter em um 153
novo elemento. O nome desse processo é encontrado = fica no meio da cadeia e se refere ao tipo de liga-
como sendo decaimento radioativo. ção entre os carbonos, no caso do alcano, são apenas
Esse decaimento é um conceito importante para a ligações simples expressas pelo infixo an + sufixo =
determinação de tempo de existência de uma substân- expressa o grupo do composto, no caso do alcano ser
cia. Outro nome que se pode aplicar para esse tempo é um hidrocarboneto acaba com O.
o tempo de meia vida do radioisótopo. Cada radioisó-
topo possui um tempo de meia vida específico. Exemplo: H3C – CH2 – CH2 – CH2 – CH3,
Como exemplo de radioisótopo temos: carbono 14,
que decai para nitrogênio 14. Essa é a substância que possui como nome penta-
no, ou seja:
Dica
pent = 5 Carbonos
A idade dos fósseis e de rochas sedimenta-
+
res são calculados com base na utilização de
an = apenas ligação simples entre carbonos
radioisótopos.
+
o = função orgânica Hidrocarboneto.
Os radioisótopos são utilizados bastante no nosso
dia a dia e nem percebemos, dentre suas aplicabilida-
Atente-se ao fato de que a relação de ligação será
des temos: na medicina, para tratamento e diagnósti-
expressa apenas de acordo com a cadeia orgânica
co de doenças; na agricultura, como fertilizantes; no
principal!
ramo industrial, para conservar alimentos.
Alcenos

PRINCÍPIOS DA QUÍMICA ORGÂNICA Mesma constituição que os alcanos, sendo que a


diferença consiste na presença de uma ou mais liga-
CONCEITOS BÁSICOS E FUNDAMENTAIS ção dupla no meio cadeia carbônica. A nomenclatura
obedecerá à seguinte ordem: prefixo = quantidade de
Quando falamos em carbonos, hidrogênios, oxi- carbonos na cadeia principal + infixo = fica no meio
gênio, nitrogênio, dentre outros, estamos falando da da cadeia e se refere ao tipo de ligação entre os carbo-
essência do que é a química orgânica. A maior parte nos; no caso do alceno, temos pelo menos uma ligação
dos compostos que fazem parte do nosso cotidiano dupla, expressaremos por meio do infixo en + sufixo
tem origem direta ou indireta na química orgânica. = expressa o grupo do composto, no caso do alceno ser
Nesse capítulo, atentaremos para a estrutura e um hidrocarboneto, acaba com O.
nomenclatura dos compostos orgânicos, os tipos de Exemplo: H3C = CH2 – CH2 – CH2 – CH3, essa é a
classificações com relação às cadeias carbônicas, bem substância que possui como nome pent-1-eno, ou seja,
como verificaremos suas propriedades físico-químicas PENT = 5 Carbonos + 1-EN = uma ligação dupla no car-
aplicadas. bono 1 + O = função orgânica Hidrocarboneto.

BIOMOLÉCULAS Alcadienos

As biomoléculas são compostos químicos que se Mesma aplicação do alceno, no entanto expressan-
originam das células de diversos seres vivos. São clas- do duas ligações duplas na cadeia carbônica principal.
sificadas como orgânicas, e seus principais elementos A nomenclatura obedecerá à seguinte ordem: prefixo
de composição se tratam do carbono, do hidrogênio, = quantidade de carbonos na cadeia principal + infixo
do nitrogênio e do oxigênio. = fica no meio da cadeia e se refere ao tipo de ligação
A forma como é organizada a molécula, em função entre os carbonos; no caso do alcadieno, temos duas
do carbono e dos grupos funcionais, confere a ela sua ligações duplas e expressaremos por meio do infixo
característica geométrica e seu arranjo espacial. en + sufixo = expressa o grupo do composto, no caso
do alceno ser um hidrocarboneto, acaba com O.
FUNÇÕES ORGÂNICAS E SUA NOMENCLATURA EM Exemplo: H3C = CH2 – CH2 = CH2 – CH3, essa é a subs-
VIRTUDE DO GRUPO FUNCIONAL tância que possui como nome pent-1,3-dieno, ou seja,
PENT = 5 Carbonos + 1,3-DIEN = uma ligação dupla no
A grande característica de um composto orgânico é carbono 1 e uma ligação dupla no carbono 3 + O = fun-
possuir átomos de carbono e hidrogênio em sua estru- ção orgânica Hidrocarboneto.
tura fundamental. Cada uma dessas cadeias apresenta
grupos funcionais subdivididos por classe conforme Alcinos
sua composição.
Nesta etapa iremos elencar cada uma dessas pro- Mesma constituição que os alcanos, sendo que a
priedades, assim como apresentar o modo como se diferença consiste na presença de uma ou mais liga-
dará a construção de sua nomenclatura. ção tripla no meio cadeia carbônica. A nomenclatura
obedecerá à seguinte ordem: prefixo = quantidade de
Alcanos carbonos na cadeia principal + infixo = fica no meio
da cadeia e se refere ao tipo de ligação entre os carbo-
Cadeia composta apenas de carbono e hidrogênio, nos; no caso do alcino, temos pelo menos uma ligação
tendo apenas ligações simples entre os carbonos. A tripla e expressaremos por meio do infixo IN + SUFI-
nomenclatura obedecerá à seguinte ordem: Prefixo = XO = expressa o grupo do composto, no caso do alceno
154 quantidade de carbonos na cadeia principal + Infixo ser um hidrocarboneto acaba com O.
Exemplo: H3C ≡ CH2 – CH2 – CH2 – CH3, essa é a radical. A nomenclatura obedecerá à seguinte ordem:
substância que possui como nome pent-1-ino, ou seja, prefixo = quantidade de carbonos na cadeia principal
PENT = 5 Carbonos + 1-IN = uma ligação tripla no car- + infixo = fica no meio da cadeia e se refere ao tipo de
bono 1 + O = função orgânica Hidrocarboneto. ligação entre os carbonos + sufixo = expressa o grupo
do composto, no caso do aldeído o final é AL.
Ciclanos
Exemplo: H3C – CH2 – CH = O, essa é a substância
que possui como nome propanal, ou seja, PROP = 3
Possui cadeia fechada, formando um ciclo. Com-
posição e ligação igual ao do alcano. A nomenclatura Carbonos + AN = apenas ligação simples entre carbo-
obedecerá à mesma designada para o alcano, tendo nos + AL = função orgânica aldeído.
na frente a palavra ciclo.
Exemplo: Cetona
CH2
Assim como o aldeído, terá em sua cadeia a pre-
sença da carbonila (= O), no entanto, diferentemen-
te do aldeído, a carbonila não estará na extremidade
H2C CH2 da cadeia, sendo colocada a carbonila (= O) como seu
radical. A nomenclatura obedecerá à seguinte ordem:
Essa é a substância que possui como nome ciclo- prefixo = quantidade de carbonos na cadeia principal
propano, ou seja, ciclo = cadeia fechada, em ciclo + infixo = fica no meio da cadeia e se refere ao tipo de
+ PROP = 3 Carbonos + AN = apenas ligação simples ligação entre os carbonos + sufixo = expressa o grupo
entre carbonos + O = função orgânica Hidrocarboneto. do composto, no caso da cetona o final é ONA.
Exemplo:
Aromático
H3C – CH2 – C – CH3
Conhecido pela presença do anel benzênico.
Exemplo: O

Essa é a substância que possui como nome butano-


na, ou seja, BUT = 4 Carbonos + AN = apenas ligação sim-
ples entre carbonos + ONA = função orgânica cetona.

Éster

seu nome é expresso como simplesmente benzeno. Expresso como sendo um radical inserido no meio
da equação principal: R – COO – R. A nomenclatura
Ácido Carboxílico obedecerá à seguinte ordem: prefixo = quantidade de
carbonos na cadeia principal + infixo = fica no meio
Caracterizado pelo grupo funcional R – COOH liga-
da cadeia e se refere ao tipo de ligação entre os carbo-
do à cadeia carbônica. A nomenclatura obedecerá à
seguinte ordem: ácido + prefixo = quantidade de car- nos + O + ATO + DE + NOME DO RADICAL.
bonos na cadeia principal + infixo = fica no meio da Exemplo:
cadeia e se refere ao tipo de ligação entre os carbonos
+ sufixo = expressa o grupo do composto, no caso do H3C – CH2 – C – O – CH3
ácido carboxílico o final é óico. O
Exemplo: H3C – CH2 – COOH, essa é a substância que
possui como nome ácido propanóico, ou seja, PROP =
Essa é a substância que possui como nome propa-
3 Carbonos + AN = apenas ligação simples entre carbo-
nos + ÓICO = função orgânica ácido carboxílico. noato de metila, ou seja, o primeiro nome refere-se a
todo carbono que vem antes do oxigênio + o que está
Álcool depois, logo, PROPANOATO = 4 Carbonos + apenas liga-
ção simples entre carbonos + O + ATO + radical METILA.
É quando temos a hidroxila (OH) ligada à cadeia car-
bônica. A nomenclatura obedecerá à seguinte ordem: Éter
prefixo = quantidade de carbonos na cadeia principal
+ infixo = fica no meio da cadeia e se refere ao tipo de É quando temos o oxigênio, ligado a carbonos, no
ligação entre os carbonos + sufixo = expressa o grupo meio da cadeia carbônica. A nomenclatura obedece-
do composto, no caso do álcool o final é OL. rá à seguinte ordem: prefixo da primeira cadeia com
Exemplo: H3C – CH2 – CH2 – OH, essa é a substância menor quantidade de carbono + OXI + nomenclatura
que possui como nome propanol, ou seja, PROP = 3
QUÍMICA

do hidrocarboneto com cadeia maior.


Carbonos + AN = apenas ligação simples entre carbo-
nos + OL = função orgânica álcool. Exemplo: H3C – CH2 – CH2 – O – CH3, essa é a subs-
tância que possui como nome metoxipropano, ou
Aldeído seja, prefixo da primeira cadeia menor: MET + OXI
+ PROP = 3 carbonos na cadeia maior + AN = apenas
Sempre estará alocado na extremidade da cadeia ligação simples entre carbonos + O = função orgânica
carbônica, sendo colocada a carbonila (= O) como seu Hidrocarboneto. 155
Fenol Diante desses critérios, vamos apresentar cada um
dos tipos possíveis.
É quando temos hidroxila (OH) ligada no anel aro-
mático. A nomenclatura obedecerá à seguinte ordem: Tipo de Fechamento da Cadeia
localização do grupo hidroxila (OH) + HIDRÓXI +
nome do anel aromático. Como mencionado acima, temos 3 principais tipos
Exemplo:
de composição com relação ao fechamento da cadeia:

z Cadeia aberta: também conhecida como acíclica


ou alifática, esse tipo de cadeia se apresenta de for-
ma muito linear, tendo suas extremidades abertas,
livres.

Exemplo:
OH H3C – CH2 – CH2 – CH2 – CH3.

Essa é a substância que possui como nome benze- z Cadeia fechada: conhecida também como cíclica,
nol ou hidróxi-benzenol ou ainda fenol. não existe nenhuma extremidade livre, forma um
ciclo.
Amina
Exemplo:
É quando temos a presença de nitrogênio na cadeia
carbônica, ligado apenas com carbonos e hidrogênios. CH2
A nomenclatura obedecerá à seguinte ordem: prefi-
xo = quantidade de carbonos na cadeia principal do
radical + infixo = fica no meio da cadeia e se refere ao
tipo de ligação entre os carbonos + sufixo = expressa o H2C CH2
grupo do composto, no caso da amina o final é amina.
Exemplo: H3C – CH2 – NH2, essa é a substância que z Cadeia mista: como sugestiona o próprio nome, é
possui como nome etilamina, ou seja, ETIL = 2 Carbo- uma mescla de parte aberta e parte fechada.
nos + AN = apenas ligação simples entre carbonos +
AMINA = função orgânica amina. Exemplo:

Amida CH2

É quando temos a presença de nitrogênio na


cadeia carbônica, ligado com oxigênio, carbonos e
hidrogênios. A nomenclatura obedecerá à seguinte H2C CH – CH2 – CH3
ordem: prefixo = quantidade de carbonos na cadeia
principal do radical + infixo = fica no meio da cadeia e z Aromática: é a cadeia que possui o anel aromático
se refere ao tipo de ligação entre os carbonos + sufixo em sua constituição.
= expressa o grupo do composto, no caso da amina o
final é amida.
Exemplo:
Exemplo:

H3C – CH2 – C – NH2


O

Essa é a substância que possui como nome propa-


namida, ou seja, PROP = 3 Carbonos + AN = apenas
ligação simples entre carbonos + AMIDA = função
orgânica amida.

CLASSIFICAÇÃO DAS CADEIAS CARBÔNICAS


Disposição dos Átomos Dentro da Cadeia Carbônica
Para a classificação das cadeias carbônicas, encon-
tramos na literatura quatro critérios essenciais para A disposição mencionada aponta se a cadeia pos-
poder identificá-las. São eles: sui ramificações ou se a cadeia é normal.

z Tipo de fechamento da cadeia (se é aberta, fecha- z Cadeia normal: cadeia com duas extremidades
da, mista ou aromática); livres e possui em sua composição apenas carbo-
z A disposição dos átomos dentro da cadeia carbônica; nos primários e secundários.
z O tipo de ligação existente entre os átomos de car-
bono da cadeia principal; Exemplo:
z Presença de heteroátomo na cadeia, ou seja, ele-
156 mentos que não sejam carbono nem hidrogênio. HC ≡ C – CH2 – CH2 – CH3.
Carbono primário é aquele que só se conecta com Polaridade
um único carbono, bem como carbono secundário é o
que se conecta com dois carbonos. Está direcionada aos elementos que constituem
a cadeia carbônica. Quando temos Carbono ligado
z Cadeia ramificada: como o próprio nome sugere, a Carbono ou Carbono ligado a Hidrogênio teremos
possui ramificações na cadeia, tendo mais de uma uma formação de ligação apolar. Não importa se as
extremidade e possuindo pelo menos um carbono ligações são simples, duplas ou triplas, lembrando que
terciário ou quaternário. a ligação existente será a covalente.
Exemplo: molécula de gás butano, com constitui-
Exemplo: ção apolar, que contém ligações simples entre carbo-
nos e hidrogênios. H3C – CH2 – CH2 – CH3.
CH3 Quando temos, na cadeia carbônica, a presença
de outros elementos, assim como o oxigênio, enxofre
HC ≡ C – CH – CH – CH3 e demais halogênios, a ligação passará a ser do tipo
CH2 polar. A região polar será aquela em que estiver o ele-
mento diferente de carbono e hidrogênio.
CH3 Exemplo: molécula de propanol, com constituição
apolar na região de carbonos e hidrogênios (H3C – CH2 –
Carbono terciário é aquele que se conecta com três CH2 –) e uma região polar com a função do álcool (OH).
outros carbonos, bem como carbono quaternário é o
que se conecta com quatro carbonos. H3C – CH2 – CH2 – O – H.

Tipo de Ligação entre os Átomos de Carbono Solubilidade

Numa cadeia carbônica podemos ter três tipos de Com a propriedade muito conhecida como “seme-
ligações entre os átomos de carbono, sendo simples, lhante que dissolve semelhante”, a solubilidade esta-
dupla ou tripla. A relação de ter esses tipos de ligações rá atrelada ao tipo de moléculas envolvidas, ou seja,
entre os átomos nos evidencia se a cadeia será satura- polar dissolverá na presença de outro polar, bem
da ou insaturada. como apolar dissolverá na presença de outro apolar.
Exemplo: é possível limpar a mão que está com
z Saturada: composta apenas de ligação simples. graxa com gasolina ou solventes de base apolar. Isso
se dá justamente por tanto a graxa quanto a gasolina
Exemplo: serem apolares.

H3C – CH2 – CH2 – CH2 – CH3 Forças Intermoleculares

z Insaturada: apresentará pelo menos uma ligação A força intermolecular entre os compostos orgâ-
dupla ou tripla no meio da cadeia. nicos é considerada fraca, se em comparação aos
compostos inorgânicos. A única que apresentará uma
Exemplo: força maior será a que tiver ponte de hidrogênio.
Dentre os grupos funcionais que fazem essa ponte de
H3C = CH2 – CH2 = CH2 – CH3 hidrogênio temos o do álcool (– OH) e os ácidos carbo-
xílicos (– COOH).
Presença de Heteroátomo
Estados Físicos
Dentro dessa classificação teremos a representação
de uma cadeia homogênea (em que não há heteroáto-
Podemos encontrar nos três estados possíveis, ou
mo no meio da cadeia) bem como heterogênea (em que
seja, sólido, líquido e gasoso. E, esse estado dependerá
terá a presença do heteroátomo no meio da cadeia).
de algumas características, que serão elencadas abaixo.
Exemplo 1: Teremos como exemplo uma cadeia
homogênea a seguir:
z Pontos de fusão e ebulição: em comparação aos
demais tipos de compostos, os que são inorgâni-
CH2 – CH2 – C – CH3
cos, ligados por ligações iônicas ou metálicas, terão
O pontos de fusão e ebulição menores. Isso se deve
à baixa força intermolecular, o que resulta numa
Exemplo 2: Teremos como exemplo uma cadeia menor quantidade de energia que precisa ser for-
heterogênea a seguir: necida para que possa ocasionar o rompimento da
molécula e modificar o seu estado físico;
QUÍMICA

H3C – CH2 – CH2 – CH2 – O – CH3 z Combustibilidade: grande parte das substâncias
orgânicas são classificadas como combustível, ou
PROPRIEDADES FÍSICAS E QUÍMICAS DOS seja, elas entram facilmente em combustão ao entrar
COMPOSTOS ORGÂNICOS em contato com o oxigênio. Diante de um ponto de
ignição, temos o suficiente para que aconteça a rea-
Existem algumas propriedades que podemos elencar ção, liberando energia para o meio. É a chamada rea-
a respeito das características dos compostos orgânicos. ção exotérmica (aquela que libera calor). 157
SÉRIES HOMÓLOGAS: PROPRIEDADES outro elemento. Neste tipo de cisão, tem-se a for-
FUNDAMENTAIS DO ÁTOMO DE CARBONO, mação de um produto chamado grupo substituin-
TETRAVALÊNCIA E HIBRIDIZAÇÃO DE ORBITAIS
te, no qual um composto orgânico gera radicais,
substituindo um ou mais hidrogênio da cadeia;
As séries homólogas representam compostos que
pertencem a uma mesma função orgânica e possuem z Homólise: baseada na quebra sem que para isso
diferentes quantidades do grupo metileno (CH2). Um haja o ganho ou a perda de elétrons. Neste tipo de
exemplo aplicado é o dos hidrocarbonetos de cadeia cisão, tem-se a formação de um produto chamado
aberta e saturados. radical, que é representado por R—.

A dirigência, por sua vez, será de acordo com a


CH4 ------------------------ CH4 + CH2 posição que o radical ficará livre, possibilitando que
outro elemento se ligue a cadeia e forme um novo
CH3 – CH3 --------------- C2H6 + CH2
composto. Para isso, ele se classifica como sendo orto,
CH3 – CH2 – CH3 ------ C3H8 + CH2 para ou meta dirigente. Essa classificação está atre-
lada à posição dentro da cadeia assumida, relacio-
CH3 – CH2 – CH2 – CH3 -- C4H10 nando-se, também, a presença de um radical preso à
cadeia. Na figura a seguir é possível observar como
As propriedades químicas dos compostos que funciona esse posicionamento.
fazem parte da série homóloga são muito semelhan-
tes, pois pertencem a uma mesma função química.
Quando falamos em carbono logo vem à mente a
quantidade de ligações que esse elemento faz, ou seja,
até 4 ligações. A tetravalência do carbono fala justamente
sobre essa característica de formar 4 ligações covalentes.
A hibridização trata de uma maior quantidade do
número de ligações covalentes dos compostos que
possuam orbitais incompletos em sua camada de
valência. O carbono segue um padrão diferente, pois,
para poder passar pela hibridização, precisa atender
as seguintes premissas:

z Ele deverá receber energia de um meio externo;


z Os elétrons que estejam no orbital mais externo
irão absorver essa energia;
z Os elétrons ficarão automaticamente excitados; O efeito eletrônico dessa dirigência se vincula a
z O elétron sairá de um orbital que já está completo conceituação de diferença de eletronegatividade, ou
e irá ocupar um espaço vazio em outro orbital; seja, o substituinte terá a tendência de polarizar uma
z Os orbitais que ficaram incompletos irão se unir. ligação nos núcleos de substâncias aromáticas. Com
isso, serão alternados, de maneira induzida, em cará-
ISOMERIA DE COMPOSTOS ORGÂNICOS ter positivo, para alguns carbonos presentes no anel.
Consequentemente, outros ficarão negativos.
Isomeria trata-se da característica de um compos-
to orgânico possuir uma mesma fórmula molecular,
POLÍMEROS E REAÇÕES DE POLIMERIZAÇÃO
no entanto, são moléculas que se diferenciam em vir-
tude da distribuição dos seus elementos constituintes.
De maneira objetiva, podemos associar a isomeria O polímero trata-se da construção de cadeias lon-
funcional, que trata da diferença do composto em seu gas contendo o elemento carbono. Sua significação
grupo funcional, por meio do seguinte exemplo: um se origina das palavras gregas “poli”, traduzida como
composto de fórmula molecular C2H6O pode tanto ser “muitos”, e “mero”, traduzida como “parte”. Ou seja,
um álcool, em que a fórmula estrutural plana é H3C – são muitas partes de um mesmo monômero se repe-
CH2 – OH, como pode ser um composto da família do tindo diversas vezes.
éter, o qual a fórmula estrutural plana é H3C – O – CH3. A polimerização é, justamente, a junção dessas
moléculas pequenas, buscando formar uma cadeia
CISÃO DE LIGAÇÕES QUÍMICAS, GRUPOS
grande (uma macromolécula).
ORGÂNICOS SUBSTITUINTES E RADICAIS,
Para entender como funciona a polimerização a
DIRIGÊNCIA DE GRUPOS SUBSTITUINTES E
EFEITOS ELETRÔNICOS partir de um monômero, observe a ilustração a seguir,
de um polímero muito conhecido e utilizado no dia a
A cisão de ligações químicas acontece quando liga- dia: o polietileno (PE).
ções do tipo covalente (que compartilha elétrons) é
rompida pelo fornecimento de energia à molécula.
Existem dois principais tipos de cisão:

z Heterólise: baseada na quebra de uma ligação,


evidenciando o ganho de elétrons por parte de
158 um elemento, bem como a perda de elétrons pelo
MÉTODOS DE OBTENÇÃO DE COMPOSTOS Como os combustíveis de origem fóssil são limita-
ORGÂNICOS, FONTES E USOS DE COMPOSTOS dos e demoram milhares de anos para se produzirem,
ORGÂNICOS, PETRÓLEO E DERIVADOS E a opção por biocombustíveis cresceu significativamen-
BIOCOMBUSTÍVEIS te. De maneira geral, esses combustíveis são obtidos de
fontes consideradas renováveis, originadas de vege-
A obtenção dos compostos orgânicos está associa- tais. As opções existentes como biocombustíveis são:
da aos processos industriais para produção de com- o etanol, biogás, biomassa e, até mesmo, o biodiesel.
bustíveis de origem fóssil, ou seja, a partir do petróleo.
A fonte de obtenção são as deposições marinhas, que
sofrem um processo de decomposição por muitos
anos e originam como produto o petróleo. As princi-
PROPRIEDADES COLIGATIVAS
pais formas de viabilizar o uso desses combustíveis
são os processos:
PROPRIEDADES FÍSICAS DA MATÉRIA E
TEMPERATURAS DE FUSÃO E EBULIÇÃO
z Destilação fracionada do petróleo: onde são
separados os principais componentes do petróleo,
Propriedades físicas da matéria são associadas
em função de seus respectivos pontos de ebulição;
com as características que um material possui. Quan-
z Cracking do petróleo: ao passar pela destilação
do se fala desse tipo de propriedade, não se pode
fracionada, a parte pesada constituinte do petróleo esquecer que não existe alteração da substância, ou
se deposita ao fundo. São as substâncias de cadeias seja, na mudança de estado física o composto é o mes-
longas que ficam como resíduos, e o cracking se mo antes e depois de sua transformação.
encarrega de quebrar essas moléculas para que A seguir, serão evidenciadas algumas dessas
possam ser utilizadas como combustível; características.
z Reformação catalítica do petróleo: transfor-
mação de hidrocarbonetos de cadeia alifática em z Ser mole (ou maleabilidade): por incrível que
aromáticos, tais como: o benzeno, o tolueno e o pareça, essa característica está associada à capaci-
naftaleno, principalmente. dade de maleabilidade da substância;

A palavra petróleo tem origem do Latim, signifi- Um exemplo aplicado é o lápis que possui grafite.
cando “pedra e óleo”. Trata-se de uma substância em Quando se transcreve numa folha de papel, o grafite
forma oleosa, que é inflamável, com densidade infe- se apresentará em forma de pó, mas não deixará de
rior a água e de odor forte. ser a mesma substância.
Seus derivados são classificados de acordo com
a mistura de hidrocarbonetos que apresentam as z Ser solúvel (solubilidade): outra característica
características: física. Está associada à capacidade de determinado
sólido (ou soluto) se dissolver em meio líquido (no
z Classe parafínica: são compostos que têm 75%, solvente);
ou mais, de parafina, como, por exemplo, os óleos z Ponto de fusão e ponto de ebulição: são funda-
leves. Fazem parte dessa classe, também, os com- mentados no princípio da mudança no estado físico
postos aromáticos com anéis simples ou duplos e da matéria. O ponto de fusão se refere à passagem
com baixo teor de enxofre na composição; do sólido para o líquido e o ponto de ebulição à
z Classe parafínico-naftênica: são compostos que passagem do líquido para o gasoso. Em ambas as
têm entre 50 e 70% de parafinas, e 20%, ou mais, de situações a ação da temperatura é essencial;
naftênicos, como, por exemplo, os óleos com cer- z Condutividade térmica ou elétrica: é a capaci-
to teor de resina e asfaltenos (na proporção de 5 dade da substância em conduzir calor ou energia.
e 15%). Constituem também baixo teor de enxofre Muito comum para substâncias pertencentes ao
na composição; grupo dos metais.
z Classe naftênica: são compostos que têm 70%,
ou mais, de substâncias naftênicas, com presença PRESSÃO DE VAPOR E A INTERFERÊNCIA DA
baixa de óleos. Constituem, também, baixo teor de TEMPERATURA
enxofre na composição;
z Classe aromática intermediária: são compostos Ao se falar de pressão de vapor, na verdade temos
que têm 50%, ou mais, de substâncias aromáticas implícito o conceito de força da molécula, ou seja, é o
e hidrocarbonetos, como, por exemplo, os óleos esforço que a molécula faz para colidir nas paredes do
pesados. Constituem teor de enxofre na composi- recipiente em que está contida, bem como as próprias
ção acima de 1%; colisões entre as moléculas. Nesse sentido, fica fácil
z Classe aromático-naftênica: são compostos que perceber que quanto maior é a velocidade com que
QUÍMICA

têm 35%, ou mais, de substâncias naftênicas. Os óleos essa molécula se desloca, maiores serão: os choques,
dessa classe são removidos das parafinas. Consti- a força e a pressão.
tuem teor de enxofre na composição entre 0,4 e 1%; A energia cinética contida na molécula é que defini-
z Classe aromático-asfáltica: são compostos que rá esse movimento dela e essa energia é afetada dire-
têm 35%, ou mais, de substâncias como asfaltenos tamente pela ação da temperatura: quanto maior a
e resinas. Os óleos pesados e viscosos são o princi- temperatura, mais rápida será a molécula, maior será a
pal exemplo. sua força de impacto e maior será a pressão desse vapor. 159
AS PROPRIEDADES COLIGATIVAS: EBULIOSCOPIA, π=M.R.T
TONOSCOPIA, CRIOSCOPIA E OSMOSCOPIA
(OSMOSE, PRESSÃO OSMÓTICA E OSMOSE Em que: π é a pressão osmótica, M a concentração
REVERSA) em mol/L, R é a constante dos gases (representada por
0,082 atm . L / mol . K) e T a temperatura em Kelvin.
As propriedades coligativas estão correlacionadas Na osmose reversa temos o seguinte processo
ao comportamento do líquido quando transformado acontecendo: quando a pressão exercida no meio é
em uma solução, ou seja, quando adicionamos um maior que a pressão osmótica considerada normal
soluto em um determinado solvente, cada um possui no meio de maior concentração o soluto é forçado a
uma característica própria e sua mistura gerará novas passar para o meio em que a concentração é menor.
propriedades após essa diluição. Ao chegar na membrana semipermeável o soluto fica
Exemplo: quando vamos fazer nosso macarrão, retido passando apenas o solvente.
podemos colocar inicialmente a água para ferver, ou
temos a opção em adicionar sal nessa água (o que for-
ma uma solução). Ao fazermos isso, notaremos algo
Dica
muito importante, a água pura sozinha irá entrar em Prestem atenção que, nas fórmulas expressas,
ebulição muito mais rápido do que quando ela estiver toda vez que ver o índice 2 estaremos sempre
com sal contido. Isso evidencia a mudança de sua pro- nos referindo a um solvente!
priedade coligativa.
Podemos encontrar dois tipos de soluções: as
chamadas moleculares, que possuem partículas de
moléculas, e a iônica em que estão presentes os íons HORA DE PRATICAR!
(também chamada de eletrólito).
Para que possamos evidenciar uma propriedade 1. (EsPCEx – 2020) Em épocas distintas, os cientistas
coligativa devemos ter um soluto que não seja volátil Dalton, Rutherford e Bohr propuseram, cada um, seus
bem como um solvente. A quantidade de partículas modelos atômicos. Algumas características desses
encontradas nessas soluções também denota a sua modelos são apresentadas na tabela a seguir:
intensidade no que tange às mudanças sofridas pelo
líquido. Dentro desse grupo, temos alguns critérios Modelo Característica(s) do Modelo I: Átomo contém
que são destacados a seguir: espaços vazios. No centro do átomo existe um núcleo
muito pequeno e denso. O núcleo do átomo tem carga
z Ebulioscopia: é quando o ponto de ebulição aumen- positiva. Para equilíbrio de cargas, existem elétrons ao
ta. O nome sugere justamente isso, o aumento da redor do núcleo. Modelo II: Átomos maciços e indivi-
temperatura de ebulição do solvente dentro de uma síveis. Modelo III: Elétrons movimentam-se em órbi-
solução. Existe uma fórmula que pode mensurar tas circulares em torno do núcleo atômico central. A
essa variação, sendo ela: energia do elétron é a soma de sua energia cinética
(movimento) e potencial (posição). Essa energia não
ΔTe = Te2 – Te pode ter um valor qualquer, mas apenas valores que
sejam múltiplos de um quantum (ou de um fóton). Os
Em que: Te é a temperatura de ebulição da solução elétrons percorrem apenas órbitas permitidas.
e Te2 a temperatura de ebulição do solvente.
A alternativa que apresenta a correta correlação entre
z Tonoscopia: trata da diminuição na pressão de o cientista proponente e o modelo atômico por ele pro-
vapor do líquido. Relaciona o decaimento da pres- posto é
são de vapor e um solvente ao ser misturado com
um soluto não volátil. Existe uma fórmula que a) Rutherford - Modelo II; Bohr - Modelo I e Dalton - Mode-
pode mensurar essa variação: lo III.
b) Rutherford - Modelo III; Bohr - Modelo II e Dalton -
ΔP = P2 – P Modelo I.
c) Rutherford - Modelo I; Bohr - Modelo II e Dalton - Mode-
Em que: P é a pressão de vapor da solução e P2 é a lo III.
pressão de vapor do solvente. d) Rutherford - Modelo I; Bohr - Modelo III e Dalton -
Modelo II.
z Crioscopia: trata do ponto de congelamento, quan- e) Rutherford - Modelo III; Bohr - Modelo I e Dalton -
do este diminui em função da adição do soluto não Modelo II.
volátil. Existe uma fórmula que pode mensurar essa
variação: 2. (EsPCEx – 2020) Ao emitir uma partícula Alfa (α) , o
isótopo radioativo de um elemento transforma-se em
ΔTc = Tc2 – Tc outro elemento químico com número atômico e núme-
ro de massa menores. A emissão de uma partícula
Em que: Tc é a temperatura de congelamento da solu- beta (β) por um isótopo radioativo de um elemento
ção e Tc2 é a temperatura de congelamento do solvente. transforma-o em outro elemento de mesmo número
de massa e número atômico uma unidade maior.
z Osmoscopia: relaciona a pressão osmótica de solu- Baseado nessas informações são feitas as seguintes
ções. É colocada uma membrana semipermeável ao afirmativas:
sistema resultando em soluções com mesma con-
centração. Existe uma fórmula que pode mensurar
160 essa variação:
238 234 d) II e III.
I. Na desintegração 92 U partícula + 92 U ocorre com a e) III e IV.
emissão de uma partícula β .
234 234
4. (EsPCEx – 2020) “No fenômeno físico, a composição
II. Na desintegração 91 Pa partícula + 92 U ocorre com da matéria é preservada, ou seja, permanece a mesma
a emissão de uma partícula β. antes e depois da ocorrência do fenômeno”.
III. A partícula alfa (α) é composta por 2 prótons e 4 “Reação química é toda transformação que modifica a
nêutrons. natureza da matéria (fenômenos químicos)”.
IV. Uma partícula beta (β) tem carga negativa e massa “No fenômeno químico, a composição da matéria é
comparável a do próton. alterada: sua composição antes de ocorrer o fenôme-
238 no é diferente da que resulta no final”.
V. O urânio-238 (92 U ), pode naturalmente sofrer um decai-
mento radioativo emitindo sequencialmente 3 partículas FONSECA, Martha Reis Marques da, Química Geral, São Paulo, Ed
226 FTD, 2007, Pág. 24 e 61.
alfa e 2 beta, convertendo-se em rádio 88 Ra).

Das afirmativas feitas, estão corretas apenas Considere os conceitos supracitados e as transforma-
ções representadas pelas equações químicas a seguir:
a) I, II e IV.
b) I e V. I. CaCO3 (s) → CaO (s) + CO2 (g)
c) II e III. II. H2O (l) → H2O (g)
d) II e V. III. H2 (g) + O2 (g) → H2O (g)
e) III, IV e V. IV. C(grafite) + O2 (g) → CO2 (g)

3. (EsPCEx – 2020) Diagramas de fases são gráficos Correspondem a reações químicas apenas as
construídos para indicar uma condição de tempera- transformações:
tura e pressão de uma substância e suas mudanças
de estado. Cada uma das curvas do diagrama indica a) I e III.
as condições de temperatura e pressão nas quais as b) II e IV.
duas fases de estado estão em equilíbrio. c) II, III e IV.
d) I, III e IV.
Modificado de USBERCO, João e SALVADOR, Edgard, Físico-química, e) I, II e III.
São Paulo, Ed Saraiva, 2009, Pág. 98
5. (EsPCEx – 2020) Em química orgânica existem várias
Considere o diagrama de fases da água, representado apresentações de fórmulas, como fórmulas mole-
na figura abaixo: culares e percentuais. A fórmula molecular indica o
número de átomos de cada elemento em uma molé-
cula da substância. A fórmula percentual indica a por-
centagem, em massa, de cada elemento que constitui
a substância. Uma maneira de determinação dessa
fórmula é a partir da fórmula molecular, aplicando-se
conceitos de massa atômica e massa molecular.

FONSECA, Martha Reis Marques da, Química Geral, São Paulo, Ed


FTD, 2007, Pág. 114

Tratando-se da estrutura e fórmula molecular, aldeí-


dos são substâncias orgânicas que apresentam em
sua estrutura o grupo carbonila ligado a um átomo de
hidrogênio, na ponta de uma cadeia carbônica.
Considere os seguintes aldeídos: metanal; etanal; pro-
panal; 3-metilbutanal e 2-metilbutanal.
Baseado nas fórmulas moleculares dos compostos
Baseado no diagrama e nos processos químicos citados, o aldeído que apresenta, em sua fórmula per-
envolvidos são feitas as seguintes afirmativas: centual, aproximadamente 54,5 % em massa de carbo-
no (C) na sua estrutura é o
I. A temperatura de fusão da água aumenta com o
aumento da pressão. a) metanal.
II. Na temperatura de 100 ºC e 218 atm a água é líquida. b) etanal.
III. A água sólida (gelo) sublima a uma pressão de vapor c) propanal.
superior a 1 atm. d) 3-metilbutanal.
IV. Na temperatura de 0 ºC e pressão de 0,006 atm, a
QUÍMICA

e) 2-metilbutanal.
água encontra-se na fase sólida.
6. (EsPCEx – 2020) O fósforo branco, de fórmula P4, é
Das afirmativas feitas, estão corretas apenas uma substância bastante tóxica. É utilizado para fins
bélicos como arma química de guerra em granadas
a) I, II e IV. fumígenas.
b) I e II.
c) II e IV. 161
Pode ser obtido a partir do aquecimento do fosfato de 8. (EsPCEx – 2020) “Solução saturada: solução que con-
cálcio, areia e coque em um forno especial, conforme tém a quantidade máxima de soluto em determinada
mostrado na equação balanceada da reação: quantidade de solvente, a determinada temperatura; a
relação entre quantidades máximas de soluto e quan-
2 Ca3(PO4)2 (s) + 6SiO2 (s) + 10C (s) → 6CaSiO3 (s) + 1P4 tidade de solvente é denominada de coeficiente de
(s) + 10CO (g) solubilidade”.
“Solução insaturada: quando a solução contém uma
A respeito da reação de obtenção do fósforo branco, quantidade de soluto inferior ao seu coeficiente de
seus participantes e suas características são feitas as solubilidade, na temperatura em que se encontra a
seguintes afirmativas. solução”.
“Solução supersaturada: quando a solução contém
I. O fósforo branco é classificado como uma substância uma quantidade de soluto dissolvido superior ao seu
iônica polar. coeficiente de solubilidade, na temperatura em que se
II. O fósforo branco (P4 ) é classificado como uma subs- ela se encontra. É instável”.
tância simples.
III. A geometria da molécula do gás monóxido de carbono USBERCO, João e SALVADOR, Edgard, Físico-química, São Paulo, Ed
é angular. Saraiva, 2009, Pág. 18.
IV. A massa de fósforo branco obtida quando se aquece
1860 g de fosfato de cálcio com rendimento de 80% é FONSECA, Martha Reis Marques da, Química Geral, São Paulo, Ed
FTD, 2007, Pág. 18 e 19.
de 297,6 g.
V. A distribuição eletrônica do átomo de cálcio no estado
fundamental é: 1s2 2s2 2p6 3s2 3p5. Considere o gráfico da curva de solubilidade em fun-
ção da temperatura para um sal hipotético A. No gráfi-
Das afirmativas feitas estão corretas apenas co, a linha contínua representa a solubilidade máxima
do soluto (sal A) em 100 g de água na temperatura
a) I, II, III e V. correspondente.
b) II e IV.
c) II, IV e V.
d) III e V.
e) I, III e IV.

7. (EsPCEx – 2020) O carbeto de cálcio, de fórmula CaC2,


é muito comum em equipamentos usados por explo-
radores de cavernas para fins de iluminação. Ele reage
com água e gera como um dos produtos o gás acetile-
no (etino), de fórmula C2H2, conforme mostra a equa-
ção, não balanceada, a seguir

CaC2 (s) + H2O (l) → C2H2 (g) + Ca (OH)2 (s) (equação 1)


Desenho ilustrativo - Fora de Escala
Sequencialmente, esse gás inflamável pode sofrer uma
reação de combustão completa, liberando intensa ener-
gia, conforme a equação, não balanceada, a seguir Acerca desse gráfico e processo de solubilidade são
feitas as seguintes afirmativas:
C2H2 (g) + O2 (g) → CO2 (g) + H2O (g) + calor (equação 2)
I. Na temperatura de 20 ºC, misturando-se 50 g do sal A
Uma massa de 512 g de carbeto de cálcio com pure- em 100 g de água, ter-se-á um sistema heterogêneo.
za de 50% (e 50% de materiais inertes) é tratada com II. Na temperatura de 40 ºC, a adição de 50 g do sal A em
água, obtendo-se uma certa quantidade de gás aceti- 100 g de água produzirá uma solução insaturada.
leno. Esse gás produzido sofre uma reação de com- III. 200 g de água dissolvem totalmente 90 g do sal A a 30 ºC.
bustão completa. IV. Uma solução contendo 60 g do sal A em 100 g de água
Considerando a reação de combustão completa do será saturada em 60 ºC.
acetileno nas condições ambientes (25ºC e 1 atm), o
volume de gases obtidos e o valor da energia liberada Das afirmativas feitas estão corretas apenas
como calor nessa reação, a partir da massa original de
carbeto de cálcio, são, respectivamente, a) I, II e IV.
b) II e III.
Dados: volume molar na condição ambiente = 24,5 c) I e IV.
L· mol-1 (25ºC e 1 atm); calor de combustão do etino d) III e IV.
= -1298 kJ · mol-1 ; e constante universal dos gases e) I, II e III.
R=0,082 L · atm · mol-1 · K-1 .
9. (EsPCEx – 2020) O oxalato de cálcio é oxidado por
a) 294 L e 3240 kJ. permanganato de potássio em meio ácido. A equação
b) 156 L e 2320 kJ. não balanceada dessa reação é representada a seguir:
c) 294 L e 4480 kJ.
d) 156 L e 6660 kJ. CaC2O4 + KMnO4 + H2SO4 → CaSO4 + K2SO4 + MnO2 + H2O
162 e) 294 L e 5192 kJ. + CO2
A soma dos coeficientes da equação da reação cor- Dado: √2= 1,4
retamente balanceada (menores números inteiros) e
o volume de CO2 liberado quando se faz reagir 384 g a) 600 km/h
de oxalato de cálcio por reação completa, na condição b) 729 km/h.
ambiente (25 ºC e 1 atm), são, respectivamente c) 1211 km/h
d) 422 km/h
e) 785 km/h
Dados: volume molar nas condições ambiente de tempe-
ratura e pressão (25 ºC e 1 atm): 24,5 L · mol-1 ; e constan-
12. (EsPCEx – 2020) Nestes últimos anos, os alunos da
te universal dos gases R=0,082 L · atm · mol-1 · K-1.
EsPCEx têm realizado uma prática no laboratório de
química envolvendo eletrólise com eletrodos inertes
a) 25 e 168 L. de grafite. Eles seguem um procedimento experimen-
b) 22 e 202 L. tal conforme a descrição:
c) 25 e 147 L. Num béquer de capacidade 100 mL (cuba eletrolítica)
d) 25 e 344 L. coloque cerca de 50 mL de solução aquosa de sulfa-
e) 22 e 98 L. to de zinco (ZnSO4) de concentração 1 mol·L-1. Tome
como eletrodos duas barras finas de grafite. Ligue-as
10. (EsPCEx – 2020) O ácido etanoico, também denomi- com auxílio de fios a uma fonte externa de eletricidade
nado usualmente de ácido acético, é um ácido orgâ- (bateria) com corrente de 2 Ampères. Esta fonte tem
nico e uma das substâncias componentes do vinagre. capacidade para efetuar perfeitamente esse processo
Considerando-se a substância ácido etanoico, pode- de eletrólise. Uma das barras deve ser ligada ao polo
negativo da fonte e a outra barra ao polo positivo da
-se afirmar que:
fonte. Mergulhe os eletrodos na solução durante 32
minutos e 10 segundos e observe.
I. É um composto cuja fórmula molecular é C2H6O.
II. Possui apenas ligações covalentes polares entre seus Considere o arranjo eletrolítico (a 25 ºC e 1 atm), con-
átomos. forme visto na figura a seguir:
III. Possui um carbono com hibridização sp2. Dados: 1 Faraday (F) = 96500 Coulomb (C) / mol de
IV. Possui dois carbonos assimétricos (quiral). elétrons
V. O anidrido etanoico (acético) é isômero de cadeia do
ácido etanoico (acético).
VI. Pode ser obtido pela oxidação enérgica do but-2-eno
em presença do permanganato de potássio e ácido
concentrado.
VII. Em condições adequadas, sua reação com sódio
metálico produz etanoato de sódio e libera H2.

Das afirmativas feitas, estão corretas apenas

a) III, VI e VII.
b) I, II, IV e V.
c) II, IV e VII.
d) I, III, V e VI.
e) III, IV, V, VI e VII.

11. (EsPCEx – 2020) Gases apresentam um fenômeno Desenho ilustrativo - Fora de Escala
chamado de difusão de gases.
Acerca do experimento e os conceitos químicos envol-
“Difusão gasosa é o movimento espontâneo das partí-
vidos são feitas as seguintes afirmativas:
culas de um gás de se espalharem uniformemente em
meio das partículas de um outro gás ou de atravessa- I. Na superfície da barra de grafite ligada como cáto-
rem uma parede porosa. do da eletrólise ocorre a eletrodeposição do zinco
Quando gases diferentes (A e B) estão a uma mesma metálico.
temperatura, para uma quantidade de matéria igual a II. A semirreação de oxidação que ocorre no ânodo da
1 mol de gás A e 1 mol de gás B, tem-se que a massa eletrólise é Zn (s) → Zn2+ (aq) + 2 e-.
do gás A (ma) será igual à massa molar do gás A (Ma), III. Durante o processo a barra de grafite ligada ao polo
e a massa do gás B (mb) será igual à massa molar do positivo da bateria se oxida.
gás B (Mb).” IV. No ânodo da eletrólise ocorre uma reação de oxidação
da hidroxila com formação do gás oxigênio e água.
FONSECA, Martha Reis Marques da, Química Geral, São Paulo, Ed V. A massa de zinco metálico obtida no processo de ele-
QUÍMICA

FTD, 2007, Pág. 110 trólise será de 0,83 g.

Considere que, em determinadas condições de tempe- Das afirmativas feitas, estão corretas apenas
ratura e pressão, a velocidade de difusão de 1 mol do
gás hidrogênio (H2) seja de 28 km/min. Nestas mes- a) I e IV.
mas condições a velocidade (em km/h) de 1 mol do b) I, III e IV.
c) I e V.
gás metano (CH4) é de 163
d) II e III. 16. (EsPCEx – 2019) Um analista químico realizou um
e) III, IV e V. experimento em que utilizou 200 mL de uma solução
de concentração 2 mol/L de ácido clorídrico (HCl) para
13. (EsPCEx – 2019) Considerando a distribuição ele- reagir com uma certa massa de bicarbonato de sódio
trônica do átomo de bismuto (83Bi) no seu estado (também denominado de hidrogenocarbonato de
fundamental, conforme o diagrama de Linus Pauling, sódio). Notou que nem todo o ácido reagiu com essa
pode-se afirmar que seu subnível mais energético e o massa de bicarbonato de sódio, restando um excesso
período em que se encontra na tabela periódica são, de ácido. Ao final do experimento, ele obteve um volu-
respectivamente: me de 6,15 L de gás carbônico, medidos a 27 ºC e 1
atm. Esse gás carbônico é oriundo da decomposição
a) 5d5 e 5º período. do ácido carbônico produzido na reação.
b) 5d9 e 6º período.
c) 6s2 e 6º período. Dados: R = 0,082 atm·L·mol-1·K-1
d) 6p5 e 5º período. T (Kelvin) = t (Celsius) + 273
e) 6p3 e 6º período.
Esse analista fez as seguintes afirmativas:
14. (EsPCEx – 2019) O critério utilizado pelos químicos
para classificar as substâncias é baseado no tipo de I. A equação química balanceada que descreve correta-
átomo que as constitui. Assim, uma substância forma- mente a reação citada é: Na2CO3 + 2 HCl → H2CO3 + 2
da por um único tipo de átomo é dita simples e a for- NaCl
mada por mais de um tipo de átomo é dita composta. II. Para a formação de 6,15 L de CO2, foram consumidos
Baseado neste critério, a alternativa que contém ape- 21 g de bicarbonato de sódio.
nas representações de substâncias simples é: III. É uma reação de oxidorredução e o ácido clorídrico é o
agente oxidante.
a) HCl , CaO e MgS. IV. Se todo esse ácido clorídrico fosse consumido numa
b) Cl2 , CO2 e O3. reação completa com bicarbonato de sódio suficiente,
c) O2 , H2 e I2. o volume de gás carbônico produzido seria de 9,84L.
d) CH4 , C6H6 e H2O.
e) NH3 , NaCl e P4. Assinale a alternativa que apresenta todas as afirmati-
vas corretas, dentre as listadas acima.
15. (EsPCEx – 2019) Devido ao intenso calor liberado, rea-
ções de termita são bastante utilizadas em aplicações a) I, II e III.
militares como granadas incendiárias ou em atividades b) II e III.
civis como solda de trilhos de trem. A reação de termita c) III e IV.
mais comum é a aluminotérmica, que utiliza como rea- d) II e IV.
gentes o alumínio metálico e o óxido de ferro III. e) II, III e IV.

A reação de termita aluminotérmica pode ser repre- 17. (EsPCEx – 2019) Um experimento usado nas aulas
sentada pela equação química não balanceada: práticas de laboratório da EsPCEx para compreen-
são da reatividade química é pautado na reação entre
Al (s) + Fe2O3 (s) → Fe (s) + Al2O3 (s) + Calor magnésio metálico (Mg0) e ácidoclorídrico (HCl).
Experimentalmente consiste em mergulhar uma fita
Dados: valores arredondados de entalpias padrão de de magnésio metálico numa solução de concentração
formação das espécies ΔHº, Al2O3 = −1676kJ/mol; 0,1 mol/L de ácido clorídrico.
ΔHº, Fe2O3 = −826kJ/mol l2O3 e 2O3
Acerca do processo acima descrito e consideran-
Acerca desse processo, são feitas as seguintes do-se ocorrência de reação, são feitas as seguintes
afirmativas: afirmativas:

I. Após correto balanceamento, o coeficiente do reagen- I. A ocorrência da reação é evidenciada pela formação
te alumínio na equação química é 2. de bolhas do gás oxigênio.
II. Essa é uma reação de oxidorredução e o agente oxi- II. Um dos produtos formados na reação é o óxido de
dante é o óxido de ferro III. magnésio.
III. Na condição padrão, o ΔH da reação é - 503 kJ para III. O coeficiente estequiométrico do ácido clorídrico,
cada mol de óxido de alumínio produzido. após a escrita da equação da reação corretamente
IV. Na condição padrão, para a obtenção de 56 g de ferro balanceada, é 2.
metálico, o calor liberado na reação é de 355 kJ. IV. O agente oxidante dessa reação de oxidorredução é o
ácido clorídrico.
Assinale a alternativa que apresenta todas as afirmati- V. Considerando a solução inicial do ácido clorídrico de
vas corretas, dentre as listadas acima. concentração 0,1 mol/L como 100 % ionizado (ácido
forte), o pH dessa solução é 2.
a) I, II e IV.
b) II, III e IV. Assinale a alternativa que apresenta todas as afirmati-
c) I e II. vas corretas, dentre as listadas acima.
d) I e III.
e) III e IV. a) I, II e III.
b) III e IV.
164 c) III, IV e V.
d) I, II e V. Não foram poucos os problemas enfrentados pelos
e) II e V. astronautas nessa missão. Um específico referiu-se
ao acúmulo de gás carbônico (dióxido de carbono -
18. (EsPCEx – 2019) O fósforo branco, substância quími- CO2) exalado pelos astronautas no interior do módulo
ca cuja estrutura é representada pela fórmula P4 , é lunar. No fato, os astronautas tiveram que improvisar
utilizado em algumas munições fumígenas (munições um filtro com formato diferente do usado comumente
que produzem fumaça). Ele pode ser obtido a partir da no módulo. Veículos espaciais são dotados de filtros
fosforita (Ca3(PO4)2), um mineral de fosfato de cálcio, que possuem hidróxidos que reagem e neutralizam o
por meio da reação com sílica (dióxido de silício - SiO2) gás carbônico exalado pelos tripulantes. Para neutra-
e carvão coque (C) num forno especial a 1300 ºC. lização do gás carbônico, o hidróxido mais utilizado
em veículos espaciais é o hidróxido de lítio. Em sua
A equação não balanceada da reação é: reação com o dióxido de carbono, o hidróxido de lítio
forma carbonato de lítio sólido e água líquida.
Ca3(PO4)2 (s) + SiO2 (s) + C (s) → CaSiO3 (s) + CO (g) + P4 (s)
Considerando o volume de 246 L de gás carbônico pro-
Acerca deste processo, são feitas as seguintes duzido pelos astronautas (a 27 ºC e 1 atm), a massa
afirmativas: de hidróxido de lítio necessária para reagir totalmente
comesse gás é de
I. Após o balanceamento da equação por oxidorredução,
a soma dos coeficientes estequiométricos é igual a 35. Dados: R = 0,082 atm·L·mol-1·K-1
II. O dióxido de silício é uma molécula que apresenta T (Kelvin) = t (Celsius) + 273
estrutura de geometria molecular angular.
III. O agente redutor do processo é o dióxido de silício. a) 54 g.
IV. Neste processo ocorre a oxidação do carbono. b) 85 g.
c) 121 g.
Assinale a alternativa que apresenta todas as afirmati- d) 346 g.
vas corretas, dentre as listadas acima. e) 480 g.

a) I, II e III. 9 GABARITO
b) I, III e IV.
c) II e IV.
d) III e IV. 1 D
e) I e IV.
2 D
19. (EsPCEx – 2019) Um aluno, durante uma aula de quí- 3 C
mica orgânica, apresentou um relatório em que indi-
cava e associava alguns compostos orgânicos com o 4 D
tipo de isomeria plana correspondente que eles apre-
5 B
sentam. Ele fez as seguintes afirmativas acerca des-
ses compostos e da isomeria correspondente: 6 B

I . os compostos butan-1-ol e butan-2-ol apresentam 7 E


entre si isomeria de posição.
8 E
II. os compostos pent-2-eno e 2 metilbut-2-eno apresen-
tam entre si isomeria de cadeia. 9 C
III. os compostos propanal e propanona apresentam
entre si isomeria de compensação (metameria). 10 A
IV. os compostos etanoato de metila e metanoato de etila
11 A
apresentam entre si isomeria de função.
12 A
Das afirmativas feitas pelo aluno, as que apresentam a
correta relação química dos compostos orgânicos cita- 13 E
dos e o tipo de isomeria plana correspondente são apenas
14 C
a) I e II. 15 C
b) I, II e III.
c) II e IV. 16 D
d) I, II e IV. 17 B
e) III e IV.
18 E
20. (EsPCEx – 2019) “Houston, temos um problema” -
QUÍMICA

Esta frase retrata um fato marcante na história das 19 A


viagens espaciais, o acidente com o veículo espacial 20 E
Apollo 13. Uma explosão em um dos tanques de oxi-
gênio da nave causou a destruição parcial do veículo,
obrigando os astronautas a abandonarem o módulo
de comando e ocuparem o módulo lunar, demovendo-
-os do sonho de pisar na lua nessa missão espacial. 165
ANOTAÇÕES

166
„ Pontos Cardeais

A Rosa dos Ventos é utilizada para sistematizar os


direcionamentos realizados, seguindo parâmetros e

GEOGRAFIA
permitindo a padronização.
A localização Norte geográfica é orientada pela
estrela Polar, sua referência inicial. Essa localização
pode também ser chamada de Setentrional ou Boreal.
I - GEOGRAFIA GERAL O Sul geográfico é a antípoda do Norte, ou seja, o
ponto exatamente contrário; sua referência é o Cru-
zeiro do Sul. Pode também ser chamado de Meridio-
nal ou Austral.
O paralelo Linha do Equador, referência central,
LOCALIZANDO-SE NO ESPAÇO faz a separação entre os hemisférios Norte e Sul.
O ponto Leste, também conhecido como Oriente,
ORIENTAÇÃO E LOCALIZAÇÃO está localizado à direita em relação ao Norte e o Sul.
Sua referência astronômica é o nascer do Sol.
Coordenadas Geográficas, Fusos Horários e À esquerda do Norte e do Sul, tem-se o ponto Oes-
Cartografia te, também chamado de Ocidente; seu ponto de refe-
rência é o pôr do Sol.
z Cartografia Esses quatro direcionamentos compõem os pontos
Cardeais, primeira face da rosa dos ventos, repre-
A Cartografia é uma técnica de produção sistemá-
sentados pelas siglas N (Norte), S (Sul), L (Leste) e O
tica de mapas originária da região da Mesopotâmia. A
(Oeste).
primeira representação cartográfica data aproxima-
Quanto mais distante for o ponto de chegada em
damente do século 23 a.C.; e sua origem está ligada à
relação ao ponto de partida, maior será o intervalo entre
necessidade de apresentar a outras pessoas um espa-
ço desconhecido. Por ser a região da Mesopotâmia, a os pontos cardeais, pois o ângulo entre eles é de 90º.
localidade onde surgiram os primeiros grupos sociais Reduzindo esse grau de distanciamento, temos os
organizados em sociedades, a criação da Cartografia pontos Colaterais, que são representados pelos sím-
nesse local foi uma questão de necessidade. bolos NE (Nordeste), NO (Noroeste), SO (Sudoeste) e
O aprimoramento das técnicas de produção ocor- SE (Sudeste). Esses pontos de orientação reduzem o
reu junto à intensificação do uso. Um mapa, além de intervalo em 45º.
representar um espaço, pode conter diversas infor- Por último, existem os pontos Subcolaterais,
mações; por esse motivo, é necessário ler corretamen- criando um intervalo ainda menor, de 22,5º. Sua
te suas informações. denominação é a combinação do ponto cardeal mais
O título (quando houver) é o ponto de partida. Em próximo junto ao colateral mais próximo, represen-
seguida, deve-se ler a legenda, que se trata de um pe- tados pelos símbolos SSO (Sul Sudoeste), OSO (Oeste
queno quadro normalmente disposto nas extremida- Sudoeste), SSE (Sul Sudeste), ESE (Leste Sudeste), ENE
des inferior ou superior do mapa, contendo as infor- (Leste Nordeste), NNE (Norte Nordeste), NNO (Norte
mações que o mapa transmite; para isso, podem ser uti- Noroeste) e ONO (Oeste Noroeste).
lizados símbolos, cores, ou a combinação de ambos. Observe a rosa dos ventos a seguir.
Um mapa deve ser uma reprodução proporcio-
nal fiel ao tamanho do espaço representado; para ser
possível realizar a conversão das distâncias no mapa NNO
para o distanciamento verdadeiro no espaço físico, há
NNE
NO NE
a necessidade do uso da escala cartográfica, represen-
tando o tamanho da redução do espaço originário em
relação ao mapa. Ele, necessariamente, deve conter ONO ENE
um ponto de orientação – preferencialmente, uma
rosa dos ventos com pontos cardeais ou minimamen-
te o Norte geográfico. Este último não possui relação O E
com a parte superior do mapa, pois os pontos cardeais
representam direções no plano superficial do planeta,
ou seja, representam direcionamentos na horizontal; OSO ESE
logo, o posicionamento norte pode ser representado
nas porções superior, inferior, laterais e diagonais.
Vale lembrar que a Cartografia não é apenas uma SO SE
representação de espaço com uso exclusivo da Geo-
SSO SSE
grafia; seu uso também é presente em disciplinas
como História e Sociologia. Órgãos governamentais
Disponível em: <https://infoenem.com.br/estudando-os-pontos-
também a utilizam para o desenvolvimento de polí-
GEOGRAFIA

colaterais-subcolaterais-e-a-rosa-dos-ventos/> Acesso em 12 fev.


ticas públicas. Até mesmo você, em seu cotidiano, faz 2021.
uso dos conceitos cartográficos, por exemplo, ao utili-
zar a localização de um aplicativo celular ou acionar
um GPS para se deslocar a um local desconhecido. „ Sistema de Linhas Imaginárias
São muitas as possibilidades do uso da Cartografia,
que auxilia as atividades cotidianas há muitos sécu- Para conseguirmos nos organizar e localizar na
los e, com a adição das tecnologias de georreferen- superfície, foi desenvolvido um sistema de linhas ima-
ciamento, a utilização se tornou mais simplificada e ginárias para facilitar nossos pontos de referência e
constante. localização. 167
As linhas verticais são os Meridianos, sendo o de utiliza, a partir da triangulação de dados dos satélites,
Greenwich considerado o Meridiano central e divisor cruzando a localização latitudinal combinada à locali-
dos hemisférios Oriental (Leste) e Ocidental (Oeste). zação longitudinal.
Observe a figura a seguir: O sistema GPS é propriedade do governo dos Esta-
dos Unidos da América; seu uso é aberto, mas, em caso
180º de necessidade ou em um eventual conflito, esse servi-
Antimeridiano de ço pode ser suprimido. Por isso, existe um sistema de
Greenwich propriedade do governo russo que realiza a mesma
tarefa que o GPS, chamado GLONASS. Essas funciona-
lidades estão no nosso dia a dia, já que o uso dos celu-
lares é nosso principal meio de utilização de dados
georreferenciados, como o GPS ou GLONASS.
Veja o mapa a seguir, apresentando as Coordena-
das Geográficas:
Greenwich

Longitude Longitude
Oeste 0º Leste

Disponível em: <https://educacao.uol.com.br/disciplinas/geografia/


coordenadas-geograficas-latitude-longitude-e-gps.htm> Acesso em
12 fev. 2021.

Os Meridianos a Leste possuem graus positivos; já


os a Oeste possuem graus negativos. Em 0º, tem-se o
Meridiano de Greenwich e, em 180º ou -180º, os opos- Disponível em <https://www.sabermais.am.gov.br/roteiro-de-estudo/
tos (Leste e Oeste, respectivamente). coordenadas-geograficas-56791>. Acesso em 12 fev. 2021.
Além dos Meridianos, existem os Paralelos, que
são as linhas horizontais. O Paralelo do Equador é o
central e divisor dos hemisférios Norte e Sul. Observe
a imagem a seguir:
Combinando os dados da Latitude com a Longitu-
Latitude de, é obtida a localização. A tabela a seguir também
Norte traz Coordenadas Geográficas, mas, nesse caso, sua
representação gráfica está indicando a localização de
algumas capitais.

CAPITAL LATITUDE LONGITUDE

0º Brasília 15º46’48’’ S 47º55’45’’ O

Washington 38º54’15’’ N 77º01’02’’ O


Equador
Tóquio 35º41’22’’ N 139º1’31’’ L

Londres 51º30’26’’ N 00º07’39’’ O


Latitude
Sul Nova Deli 28º36’36’’ N 77º13’48’’ L

Disponível em: <http://www.cp2.g12.br/blog/humaitaii/ Disponível em: <https://querobolsa.com.br/enem/geografia/latitude-


files/2020/03/1o-ANO-QUARENTENA-3-Coordenadas- e-longitude> Acesso em 12 fev. 2021.
Cartogra%CC%81ficas.pdf> Acesso em 12 fev. 2021.
z Fusos Horários
„ Latitude e Longitude
Os fusos horários, também chamados de zonas
Baseado na distância entre os Paralelos e Meri- horárias, foram estabelecidos através de uma reunião
dianos, há outra denominação para se referir ao dis- com representantes de 25 países em Washington, capi-
tanciamento em graus. As Latitudes são os graus de tal dos Estados Unidos, no ano de 1884. Assim, ocorreu
distanciamento entre os Paralelos; já as Longitudes a divisão do mundo em 24 fusos horários diferentes.
são os graus de distanciamento entre os Meridianos. A metodologia utilizada para essa divisão supõe
O cruzamento entre uma Latitude e uma Longitude que se passam em torno de 24 horas (23 horas, 56
fornece o dado da Coordenada Geográfica. minutos e 4 segundos) para que a terra realize de for-
ma completa o movimento de rotação, isto é, em torno
z Coordenadas Geográficas de seu próprio eixo, fazendo 360°. Portanto, durante o
período de uma hora, a terra se move exatos 15°. Esses
As coordenadas geográficas permitem identificar a dados são obtidos pela divisão da circunferência da
localização exata de um local. É esse sistema de Geor- Terra (360°) no momento usado para tornar o movi-
168 referenciamento que o GPS (Global Position System) mento rotativo (24 h).
O fuso de referência para a determinação do tempo Essa projeção costuma ser utilizada para represen-
é Greenwich, com valor de 0°. Este meridiano, também tar um hemisfério, normalmente centralizado a partir
chamado inicial, passa pelo território da Grã-Breta- de um dos polos. Seu uso mais famoso está na bandei-
nha, pela Europa Ocidental e pelo continente africano. ra da Organização das Nações Unidas (ONU), por não
O tempo determinado pelo fuso Greenwich recebe o
seguir o padrão eurocêntrico (forma de representar o
nome GMT (Greenwich Mean Time), A partir disso, os
outros limites das zonas horárias são estabelecidos. continente europeu na porção superior e ao “centro”
A Terra realiza seu movimento de rotação no sen- em relação aos demais continentes) habitualmente
tido de oeste para leste, passando assim em torno utilizado na projeção cilíndrica.
do seu próprio eixo. Dessa forma, os fusos a leste de Também pode ser utilizado para representar o mun-
Greenwich (que é o marco inicial) possuem as horas do por completo, mas as áreas do polo oposto à porção
adiantadas (+) a cada intervalo de 15°; já os fusos que centralizada serão muito distorcidas (ampliadas).
estão localizados a oeste de Greenwich têm as horas
atrasadas (-) a cada intervalo de 15°.
„ Projeção Cônica
Alguns países que possuem grande extensão ter-
ritorial no sentido leste-oeste têm mais de um fuso
horário. A Rússia, por exemplo, tem 11 zonas horários Projeção cônica é um tipo de projeção cartográfica
diferentes, como consequência de sua grande exten- na qual a superfície da Terra é representada através
são. O Brasil também possui mais de um fuso horário, de um cone imaginário, que fica em contato com a
porque o país tem vasta extensão territorial no sentido esfera em um determinado ponto (paralelo), ou quan-
leste-oeste, proporcionando assim a existência de qua- do o cone passa por dois paralelos distintos na esfera.
tro diferentes fusos horários. No ano de 2008, o quarto
fuso foi extinto, e a área que o abrangia passou a fazer
parte do fuso -3; porém, em setembro do ano de 2013, a
extinção foi negada, após a realização de um referendo
que ocorreu e que foi homologado em 2010.
Entender o sistema de fusos horários é de extrema
importância, especialmente para quem realiza via-
gens e tem contato com pessoas e relações comerciais
em lugares de diferentes fusos, diversos de seus locais
de origem, permitindo, assim, o conhecimento dos
horários em várias partes do mundo.

A Cartografia e as Visões de Mundo: As Várias Disponível em <https://atlasescolar.ibge.gov.br/conceitos-gerais/o-


Formas de Representação da Superfície Terrestre, que-e-cartografia/as-projec-o-es-cartogra-ficas.html> Acesso em 12
Projeções Cartográficas, Escalas e Convenções fev. 2021.
Cartográficas
„ Projeção Cilíndrica
Os mapas são uma forma de projeção cartográ-
fica, uma maneira de representar um espaço. Para
isso ocorrer de maneira organizada, existem alguns
critérios a serem seguidos em sua produção. Em con-
junto com a imagem apresentada, devem estar: título,
legenda e escala. Esses são os três itens básicos de um
mapa, pois ele deve transmitir informações, não ape-
nas imagens.

z Projeção Cartográfica

Existem diferentes tipos de projeções cartográfi-


cas. Veremos alguns tipos a seguir.
Disponível em <https://atlasescolar.ibge.gov.br/conceitos-gerais/o-
que-e-cartografia/as-projec-o-es-cartogra-ficas.html> Acesso em 12
„ Projeção Plana ou Azimutal: fev. 2021.

Assim como a projeção plana ou azimutal, esse


modelo é normalmente utilizado para representação
de um hemisfério, senão, causará a distorção observa-
da nessa imagem, na qual o polo Sul (oposto ao Norte
GEOGRAFIA

centralizado) aparece ampliado e distante em relação


ao Norte.
Esse modelo é mais utilizado para representar o
mundo por completo com seus hemisférios em um pla-
nisfério, pois causa menor distorção entre os hemisfé-
rios. Por ter seu uso mais intenso, existem diferentes
Disponível em <https://brasilescola.uol.com.br/geografia/projecoes- técnicas de reproduzir essa projeção. Dentre elas, três
cartograficas.htm>. Acesso em 12 fev. 2021. formas são as mais utilizadas: 169
„ Modelo Conforme O estadunidense Arthur Robinson é o responsável
por essa projeção. Seu objetivo é equilibrar a relação
tamanho territorial versus ângulos e contornos. Para
conseguir alcançar esses objetivos, essa projeção uti-
liza Paralelos retos e Meridianos curvos, quanto mais
distantes do central Greenwich.
Por mesclar as principais características de Mer-
cator e Peters, essa projeção é atualmente a mais uti-
lizada em livros e publicações quando se representa o
mundo em planisférios.

„ Projeção Afilática

Nesse tipo de projeção, não há manutenção dos


Disponível em: <https://www.geografiaopinativa.com.br/2018/03/
tipos-de-projecoes-cartograficas-equivalentes-conformes-
tamanhos, contornos e das áreas dos territórios, mas
equidistantes-e-afilaticas.html> Acesso em 12 fev. 2021. são minimizadas as distorções do conjunto (o mapa
por completo).
Desenvolvida pelo cartógrafo e matemático Gerhard
Mercator no século XVI, foi a primeira representação a
ampliar os territórios além do Velho Mundo (termo utili-
zado para se referir a Europa, Norte da África e Oriente
Médio, no período prévio à Expansão Marítima).
O objetivo principal era manter os ângulos e con-
tornos dos territórios, pois seu uso era, na época, volta-
do à navegação. Contudo, essa necessidade de manter
os contornos próximos à realidade acaba por ampliar
as áreas próximas aos polos. Isso ocorre por conta da
ampliação dos Paralelos mais distantes do Equador e,
por conta dessa característica, essa projeção recebe a
denominação de “Conforme”.

„ Projeção Equivalente Disponível em: <https://www.mundovestibular.com.br/estudos/


geografia/projecoes-cartograficas-3/> Acesso em 12 fev. 2021.

„ Projeção Equidistante

São preservadas as distâncias, mas há distorção


dos contornos e ângulos dos territórios.

Disponível em <https://brasilescola.uol.com.br/geografia/projecao-
peters.htm> Acesso em 12 fev. 2021.

Essa representação foi criada por Arno Peters, no


século XX. Embora não fosse um cartógrafo, a pro-
jeção de Peters tinha por finalidade representar os
espaços de maneira fiel ao tamanho dos territórios.
Para cumprir esse objetivo, a projeção de Peters
preserva os tamanhos dos continentes, mas acaba per-
dendo os ângulos e contornos detalhados da projeção
Disponível em: <https://www.curso-objetivo.br/vestibular/roteiro_
conforme. estudos/projecoes_cartograficas.aspx> Acesso em 12 fev. 2021.

„ Projeção Conforme Não Equidistante


„ Anamorfose

Tipo de representação cartográfica que utiliza dis-


torções propositais das formas dos territórios para
representar os temas a serem expostos. É um tipo de
cartografia temática, embora diferente do habitual,
são representações muito utilizadas para transmitir
informações.

Disponível em <https://brasilescola.uol.com.br/geografia/projecao-
170 robinson.htm> Acesso em 12 fev. 2021.
Observe o exemplo:

Rússia

Alemanha
China
Estados Turquia Irã
Unidos
Paquistão Japão
Anamorfose - mundo população
total - 2017 México
Egito
(mil habitantes) Bangladesh
Índia
Vietnã
Nigéria Filipinas
Etiópia
até 25 000,0
25 000,1 - 75 000,0 Brasil

Indonésia
75 000,1 - 150 000,0

150 000,1 - 325 000,0

mais de 1 339 180,1

Disponível em: <https://educa.ibge.gov.br/professores/educa-recursos/20815-anamorfose.html> Acesso em 12 fev. 2021.

Essa representação traça a população absoluta dos países. Repare como o Canadá e a Austrália ficam reduzi-
dos, embora sejam o segundo e sextos maiores países do mundo em extensão territorial (respectivamente). Nessa
Anamorfose, ficam reduzidos por conta da pequena população que possuem.
A Anamorfose a seguir representa os maiores produtores de petróleo, conforme descrito na legenda.

Canadá Nóruega
Rússia

casaquistão
Reino
Unido Iraque Irã
Estados Unidos
Kuwait
China

Argélia Catar
México Emirados
Arábia Saudita Árabes
Anamorfose - mundo produção Unidos
de petróleo Venezuela Nigéria
(mil barris/dia)
omã

104,0 - 1 000,0 Brasil


Austrália
Angola
1 000,1 - 2 000,0
2 000,1 - 5 000,0

5 000,1 - 12 354,0

Disponível em: <https://educa.ibge.gov.br/professores/educa-recursos/20815-anamorfose.html> Acesso em 12 fev. 2021.

A seguir, tem-se uma tabela e uma anamorfose da densidade demográfica do Brasil, comparada a um mapa
tradicional, lembrando que uma anamorfose é um tipo de mapa que sofre distorções/alterações de acordo com o
objeto de estudo em questão.
GEOGRAFIA

171
POPULAÇÃO TOTAL
UF ÁREA (KM2) 2017
(MIL HABILIDADES)
São Paulo 248.219,6 45.103,1
Minas Gerais 586.520,7 21.110,4
Rio de Janeiro 43.781,6 16.723,1
Bahia 564.732,5 15.324,6
Paraná 199.307,9 11.311,0
Rio Grande do Sul 281.737,9 11.310,1
Pernambuco 98.076,0 9.415,1
Ceará 148.887,6 9.021,5
Pará 1.247.955,2 8.328,3
Santa Catarina 95.738,0 6.988,5
Maranhão 331.936,9 6.964,7
Goiás 340.106,5 6.779,0
Espírito Santo 46.086,9 4.012,3
Paraíba 56.468,4 4.002,8
Amazonas 1.559.146,9 3.918,2
Rio Grande do Norte 52.811,1 3.507,6
Alagoas 27.848,1 3.369,2
Mato Grosso 903.202,4 3.297,2
Piauí 251.611,9 3.220,0
Distrito Federal 5.780,0 3.036,0
Mato Grosso do Sul 357.145,5 2.648,0
Sergipe 21.918,4 2.288,2
Rondônia 237.765,3 1.796,8
Tocantins 277.720,4 1.537,9
Acre 164.123,7 816,6
Amapá 142.828,5 791,8
Roraima 224.300,8 466,0

Roraima Amapá

Amazonas
Pará Maranhão Rio Grande
Ceará
do norte
Paraíba
Piauí Pernambuco
Acre
Tocantins Alagoas
Rondônia
Sergipe
Mato Grosso Bahia
Distrito
Federal
Goiás
Minas
Gerais
Mato Grosso Espírito
do sul Santo
São Paulo Rio de
População total - 2017
Janeiro
(mil habitantes) Paraná
466,0 - 1 000,0
1 000,1 - 5 000,0
Santa
5 000,1 - 10 000,0 Catarina
10 000,1 - 22 000,0 Rio Grande
45 103,1 do Sul

172 Figura 11: População total (número de habitantes), por Estado, em 2017
AP
CE RN
PA MA
AM
PI PS
RO TO PE
MT

GO DF BA AL
SE

MS MG

ES

SP

RJ

PR
Anamorfose - Brasil população total -
2017 (mil habitantes)

466,0 - 1 000,0

1 000,1 - 5 000,0 SC
5 000,1 - 10 000,0 RS
10 000,1 - 22 000,0

45 103,1

Figura 12: Anamorfose geográfica do tema população total , em 2017

Disponível em: <https://educa.ibge.gov.br/professores/educa-recursos/20815-anamorfose.html> Acesso em 12 fev. 2021.

z Legendas

Na Cartografia, uma das principais maneiras de transmitir informações por mapas e cartas gráficas é a utiliza-
ção de legendas, que são itens obrigatórios. Elas podem ser utilizadas por meio de símbolos ou cores.
As legendas são importantes por permitirem incluir nos mapas diversas informações sem a necessida-
de da escrita, que tornaria o mapa confuso e repleto de palavras, o que provavelmente dificultaria sua
interpretação. Quando são adequadamente utilizadas, as legendas fornecem dados acerca de acontecimentos ou
elementos existentes no Espaço Geográfico.
A simbologia a ser utilizada é escolhida com base nos critérios relacionados às necessidades de cada mapa.
Alguns exemplos são: divisão de áreas, indicação de atividades comerciais/industriais ou mesmo indicação de
aspectos sociais.
São três tipos principais de signos cartográficos: lineares, zonais e pontuais.

„ Símbolos Lineares GEOGRAFIA

Disponível em: <https://www.preparaenem.com/geografia/legenda-dos-mapas.htm > Acesso em 12 fev. 2021.

Normalmente, são utilizados para representar elementos naturais ou construções humanas, como rios, estra-
das, ferrovias, ruas. Além de representarem os itens informados na legenda, podem transmitir informações quan-
titativas ao modificar sua espessura para isso.
173
„ Símbolos Zonais Figura 2
Pontos Linhas Áreas

Disponível em: <https://exerciciosweb.com.br/geografia/simbolos-


cartograficos-e-sensoriamento-remoto-atividades/attachment/
espaco-natural-e-socioeconomigo/> Acesso em 12 fev. 2021.

z Escala Cartográfica

Disponível em: <https://www.preparaenem.com/geografia/legenda- Mesmo com intenso uso de tecnologia atual, os


dos-mapas.htm> Acesso em 12 fev. 2021. mapas podem ser importantes meios de orientação
no espaço, fazendo parte do planejamento de viagens,
Esse tipo de símbolo é utilizado principalmente por exemplo.
para indicar área ocupada, quando a extensão e a Portanto, sua representação deve ser fiel ao espaço
largura são importantes. Podem indicar regiões ou real. As escalas representam o volume de proporção
do espaço representado em relação ao espaço natural,
diferenciações naturais no relevo, como variação de
por isso, sua correta interpretação é importante.
cobertura vegetal, climática etc. Quanto maior a redução do local representado,
maior será o denominador da escala. Assim, indican-
„ Símbolos Pontuais do um mapa menor para representar uma área muito
grande, o espaço real é muito reduzido e, consequente-
mente, apresenta menor riqueza de detalhes do local.
Em contrapartida, mapas com escala pequena são
maiores, pois o espaço demonstrado foi menos redu-
zido, demonstrando, assim, maior detalhamento do
local.
Como exemplo, imagine um mapa do Brasil. Para
representar o país em uma folha, seu tamanho foi mui-
to reduzido; nessa redução, muitos detalhes do espaço
ficam impossíveis de serem observados. Logo, temos
uma pequena escala cartográfica e um mapa pequeno.
Agora, imagine um mapa da cidade de Santos, em
São Paulo. Por possuir um tamanho territorial muito
Disponível em: <https://pt.vecteezy.com/arte-vetorial/114510- menor que o país, um mapa desse município é menos
vector-de-simbolo-de-legenda-de-mapa-gratis> Acesso em 12 fev. reduzido em relação ao do Brasil. Esse mapa preservará
2021. melhor os detalhes do local, terá uma escala cartográfica
grande e, consequentemente, será um mapa maior.
Os símbolos pontuais podem ser variados e sua repre- Podem ser utilizados dois tipos distintos de escala:
sentação é praticamente infinita, basta identificar o sím- a gráfica e a numérica.
bolo na legenda. Veja as possíveis formas de legendas:
z Escala Gráfica
Figura 1 Exemplo 1
Pontos Linhas Áreas Escala
0 25 50 Km

Disponível em: <https://brainly.com.br/tarefa/30783086> Acesso


em 13 fev. 2021.

Exemplo 2

0 3 6 9 Km
OU
0 3 6 9

Quilômetros
Disponível em: <http://liramirian10.blogspot.com/2020/04/escala.
html> Acesso em 13 fev. 2021.
174
Esse tipo de escala faz a proporção de um centí-
ESCALA 1:5 000
metro do mapa em relação ao espaço da realidade. É 0 5 10 15 20 25 300 m
importante atentar-se à unidade de medida represen-
tada, se é uma proporção relativa a quilômetros ou
metros.
ESCALA 1:200 000
Na primeira imagem, é representada uma pro- 0 16 Km
2 4 6 8 10 12 14
porção de um centímetro, equivalente a vinte e cinco
quilômetros da realidade. Na segunda, a escala repre-
senta uma proporção de um centímetro, relativo a
ESCALA 1:5 000 000
três quilômetros no espaço real.
0 50 100 150 200 250 300 350 400 Km

„ Escala Numérica
Disponível em: <https://www.todamateria.com.br/escala-
cartografica/> Acesso em 13 fev. 2021.
Numerador
(área do mapa) Esse último exemplo conta com a escala numé-
rica combinado à escala gráfica. Podemos observar
1 : 50000 a conversão da escala numérica para o espaço real:
na primeira demonstração, um centímetro da escala
equivale cinco mil centímetros do espaço real. Con-
Denominador vertendo para metros, tem-se a distância de cinquenta
(área real) metros do espaço real.
Na segunda demonstração, a escala numérica apre-
Disponível em: <https://www.todamateria.com.br/escala-
senta um centímetro correspondente a duzentos mil
cartografica/> Acesso em 13 fev. 2021.
centímetros; ao converter, resulta-se uma distância de
dois quilômetros do espaço real. Por fim, a proporção
Importante! representada é de um centímetro da escala para cinco
milhões de centímetros, correspondentes a cinquenta
Quando não houver indicação da unidade de quilômetros do espaço real.
medida na escala, deve-se sempre considerar o
centímetro como a unidade representada. Outras Produções de Cartografia

z Planta: Normalmente utilizada na área da cons-


Nas escalas numéricas, como a representada na trução civil, é um tipo de representação do espaço
imagem, quando não há indicação da unidade de em escala grande, ou seja, pouquíssima redução
medida do denominador, deve-se sempre considerar do local representado, conseguindo transmitir
uma medida em centímetros. Ou seja, um centímetro com detalhes o local;
do mapa é equivalente a cinquenta mil centímetros z Carta: Utilizada especialmente em atividades de
do espaço real. gestão e planejamento, é um tipo de reprodução
Em questões de concurso, normalmente é neces- de escalas médias e grandes. São reproduções
sário converter essa medida para metros ou quilôme- detalhadas dos locais representados, normalmen-
tros, logo, é preciso realizar a divisão. 100 centímetros te utilizando simbologia para isso;
correspondem a um metro, e 1000 metros correspon- z Croqui: Simples representações do espaço, sem
dem a um quilômetro. Dessa maneira, na imagem que focar em técnicas específicas da cartografia, como
apresenta a escala gráfica de 1:50000, um centímetro escala. Esse tipo de representação é um “resumo”
do mapa equivalente a quinhentos metros do espaço com informações sobre os locais representados.
real, ou meio quilômetro.
Veja outros exemplos:

ESCALA NUMÉRICA ESCALA GRÁFICA O ESPAÇO NATURAL


1 : 500 000 0___5___10km ESTRUTURA E DINÂMICA DA TERRA
Lê-se da seguinte forma: Lê-se da seguinte forma:
1 cm no mapa equivale a 1 cm no mapa equivale a Evolução Geológica Deriva Continental
GEOGRAFIA

500 000 cm na realidade 5 km na realidade


ou A Teoria da Continental foi elaborada pelo geólogo
Ou seja, a realidade foi re- 2 cm no mapa equivalem alemão e meteorologista Alfred Wegener (1880-1930),
duzida 500 000 vezes a 10 km na realidade no início do século XX, como forma para explicar o for-
mato dos continentes. Segundo ele, os continentes já
Disponível em: <https://sites.google.com/a/agvv.edu.pt/geo- estiveram unidos e, com o passar dos anos, foram se
dinamica/conteudos-temas/7o-ano/tema-a/a-utilizacao-das-escalas separando até alcançarem o formato em que se encon-
> Acesso em 13 fev. 2021. tram nos dias atuais. 175
Wegener apresentou sua teoria, no ano de 1912, Deriva Continental
no Congresso da Sociedade Geológica de Frankfurt e,
alguns anos depois, em 1915, com o título “A origem
dos continentes e oceanos”. Rejeitada pela comunida-
de acadêmica durante as décadas de 1920 e 1930, tal
teoria só foi reconhecida, oficialmente, por volta da
década de 1960, graças ao sistema de mapeamento de
áreas oceânicas de elevada profundidade, por meio
da utilização de submarinos, que contava com tecno-
logia bastante avançada para a época.
Em sua teoria, Wegener afirmou que existia um
supercontinente, o qual fora denominado de Pan-
geia, e um único oceano, chamado de Pantalassa, que,
segundo ele, não possuía grande profundidade. Com o
passar dos anos e com a ocorrência de eventos geológi-
cos, o supercontinente foi dividido aos poucos, dando
origem a dois outros continentes, Laurásia (localiza-
do no Hemisfério Norte) e Gondwana (localizado no
Hemisfério Sul), há mais de 250 milhões de anos.
Para fortalecer sua teoria, Wegener utilizou argumen-
tos multidisciplinares, como questões geológicas, geofísi-
cas, elementos da Paleoclimatologia, da Paleontologia e
da Biogeografia, chegando à conclusão de que as porções
continentais são menos densas que o relevo oceânico e,
por isso, era possível à massa continental flutuar. Neste
sentido, as placas tectônicas, que formam a crosta da Ter-
ra, estariam flutuando sobre uma camada de rocha fun-
dida (chamada de manto), a qual move essas placas com
a força do magnetismo do interior da Terra.
Assim, a teoria tenta explicar de que forma os
aspectos geológicos do planeta foram formados, como,
por exemplo, cadeias de montanhas e fenômenos geo-
lógicos, como vulcanismo e abalos sísmicos, os quais,
por provocarem colisões e fragmentações de camadas
maiores, transformando-as em camadas mais finas,
fizeram com que se distanciassem umas das outras.
Alfred Wegener utilizou, como justificativa teóri-
ca, a tese de que havia uma clara semelhança entre
o entorno de dois continentes, a costa oeste da Áfri-
ca e a costa leste da América do Sul, já que as rochas
com a mesma idade geológica da América do Sul e da
África são semelhantes. Da mesma forma, pode-se
confirmar a semelhança entre a América do Norte e
a Europa, bem como entre a África e a Índia. Além
disso, as características da fauna entre a Austrália e
a Índia, bem como entre a África e o Brasil, também
confirmavam as evidências de sua teoria.
Por fim, ele apontou os registros de fósseis dos seres
vivos de mesmo tipo, os quais foram encontrados em
diferentes continentes, distantes geograficamente.
Wegener também utilizou, como evidências para expli-
car sua teoria, sedimentos encontrados no Polo Sul,
assim como em áreas da África do Sul e da Índia.
É preciso ressaltar que Wegener faleceu sem que
sua teoria fosse totalmente aceita pela comunidade
científica, fato este que só ocorreu, conforme mencio-
nado, na década de 1960.
Na imagem a seguir, podemos observar o processo
de afastamento e fragmentação das massas continen-
176 tais de acordo com a Teoria da Deriva Continental.
Placas Tectônicas, Dinâmica da Crosta Terrestre Nos movimentos convergentes de obducção, ocorre o
choque entre duas placas, porém sem ocorrer a submer-
A Teoria da Deriva Continental, proposta por são de uma placa em relação a outra, formando, assim,
Wegener, foi reformulada, nos anos de 1960, com a os limites conservativos. Uma consequência desse movi-
elaboração da Teoria da Tectônica de placas. A partir mento, como exemplo, foi a formação da falha geológica
do século XX, estudos indicavam a existência de pla- de San Andreas, na América do Norte. Os movimentos
cas tectônicas na formação de relevo, conhecida como convergentes de subducção são responsáveis pela for-
Dorsal Mesoceânica, localizada no Oceano Pacífico, mação de cadeias de montanhas, como a Cordilheira dos
na qual era possível observar o afastamento das áreas Andes, na parte ocidental da América do Sul.
continentais. É importante frisar que a realização Já os movimentos divergentes representam as
desses estudos só pôde ser concretizada por conta da áreas de afastamento entre duas placas tectônicas e a
Teoria da Deriva Continental, que dispunha sobre o consequente formação de fraturas, também conheci-
movimento dos continentes. das como fossas abissais, nesses locais em que o mag-
Partindo do pressuposto de que a litosfera, camada ma solidifica e renova a composição da crosta.
da terra formada por toda a parte sólida superior, é Além de mudanças nas formas continentais e
mais fina se comparada ao interior do planeta, pôde- oceânicas, o movimento de placas tectônicas também
-se concluir que, devido à pressão interna praticada proporciona outros fenômenos geológicos, como a
pelo magma, ela foi facilmente quebrada no decorrer ocorrência de abalos sísmicos e de erupções vulcâni-
dos anos. Assim, o movimento das placas seria o resul- cas. Os principais registros dessas ocasiões são mani-
tado dessa ruptura, que continua ocorrendo devido à festados nos limites entre as placas cujo exemplo mais
pressão exercida pelas correntes de convecção encon- conhecido, compreendendo a área de maior instabi-
tradas no interior da Terra. Observe a imagem: lidade geológica do planeta, é o Círculo de Fogo Pací-
fico, área que se estende do Ocidente da América do
Divergência Sul para a Ásia Oriental e algumas partes da Oceania.
Convergência Convergência Nessa área, terremotos – e, portanto, tsunamis – são
frequentes e intensos.
Ate
No geral, existem várias placas tectônicas. Em
nos
fer
algumas definições, seu número é maior, porque eles
Manto a estão divididos de acordo com suas estruturas e com
as manifestações que ocorrem internamente.
As principais placas tectônicas são: placa do Pací-
fico, placa Norte-americana, placa de Nazca, placa do
Caribe, placa de Cocos, placa Sul-americana, placa
Núcleo Externo Africana, placa Antártica, placa Euroasiática, placa da
Arábia, Placa da Austrália, placa das Filipinas e placa
Núcleo Interno Indo-australiana.

Tectonismo, Vulcanismo, Intemperismo


Para essa teoria, as placas tectônicas estão se
movendo, podendo ser na mesma direção ou nem
Os agentes do relevo terrestre são o vulcanismo e
sempre na mesma direção, provocando movimentos
o tectonismo (conhecidos como agentes formadores) e
de afastamento, de colisão ou movimentos laterais
o intemperismo (agente modelador). O vulcanismo é
(tangenciais). Vejamos a imagem a seguir:
um fenômeno geológico natural determinado por ati-
vidades vulcânicas. O processo de vulcanismo ocorre
Tipos de Zonas de Tensão Tectônica através da alta pressão e temperatura dentro da ter-
ra, ocasionando a expulsão de magma (lava), cinzas,
gases, poeira, vapor de água e outros materiais (piro-
clastos) na superfície.
O tectonismo, que pode ser chamado de diastro-
fismo, consiste nos movimentos das placas tectônicas,
resultado de pressões de dentro da terra, as quais atuam
no interior da crosta da Terra. Quando as pressões são
perpendiculares, os blocos continentais sofrem afasta-
Zona de Divergência mentos ou rupturas, além da ocorrência de tremores
de terra e da formação de cadeias de montanhas.
O intemperismo, ou processo de meteorização, é
um conjunto de processos de natureza física, química
e biológica e contribuem para a formação do relevo
terrestre, para a dinâmica climática do mundo, para
as transformações das rochas e, ainda, para a forma-
ção dos mais variados tipos de solos e relevos.
Convergência (Obdução) O processo de intemperismo está intimamente
GEOGRAFIA

ligado a agentes transformadores e modeladores dos


relevos, respectivamente chamados de “agentes endó-
genos” (que ocorrem dentro da terra) e “exógenos”
(que ocorrem na superfície do planeta). Os principais
agentes do processo de intemperismo são oriundos
de condições atmosféricas, como temperatura, clima,
ação de ventos, água, relevo, tipos de rochas, ação bio-
Convergência (Subducção) lógica e antrópica.
177
Os principais tipos de intemperismo são: Os principais tipos de rochas são os seguintes:

z Intemperismo físico: também chamado de “in- z Rochas Magmáticas ou Ígneas: formadas a partir
temperismo mecânico”, ocorre com processos fí- dos processos de solidificação e resfriamento do
sicos, com a fragmentação das rochas, formando, magma, são resultantes dos processos de erupções
assim, vários tipos de sedimentos (partículas de ro- vulcânicas. Podem ser classificadas como mag-
chas). É influenciado, principalmente, pela varia- máticas intrusivas – nas quais o processo de res-
ção de temperatura e pressão. Com isso, o processo friamento e solidificação ocorre dentro da crosta
de expansão e dilatação das rochas favorece sua terrestre – e rochas magmáticas extrusivas – nas
fragmentação; quais o processo de resfriamento e solidificação da
z Intemperismo químico: ocorre por meio de rea- substância magmática ocorre na superfície ou em
ções químicas que surgem através da ação dos áreas próximas;
ventos, água e temperatura, além de ações e rea- z Rochas Sedimentares: originam-se a partir do
ções que provocam mudanças e transformações
processo acumulativo de sedimentos, chamados
dos minerais, alterando, assim, a composição quí-
de partículas de rochas. Um tipo de rocha pree-
mica das rochas;
xistente sofre com as ações do intemperismo que
z Intemperismo biológico: por meio de processos
biológicos, esse tipo de intemperismo é causado, transformam o relevo, ocorrendo, assim, um des-
principalmente, pela decomposição de matéria gaste e essa rocha é dividida em inúmeras partí-
orgânica e de seres vivos, favorecendo a transfor- culas (processo conhecido como meteorização).
mação de rochas e enriquecimento do solo. Logo após esse processo ocorrer, o material (pó,
argila etc.) é transportado pela água e pelos ventos
Tipos de Rochas e Solos para outras áreas, em que, devido à acumulação
e à pressão, ocorre o processo de litificação, que é
O solo é a camada superficial da crosta terrestre. a união dessas partículas e fragmentos acumula-
É um complexo composto de materiais minerais e dos. Em seguida, ocorre o processo de solidificação
orgânicos. A formação e a composição dos solos são (diagênese), formando novos tipos de rochas;
resultantes da ação de vários elementos, como água, z Rochas Metamórficas: originam-se a partir de ou-
clima, organismos vivos, tipos de rochas etc. Devido tros tipos de rochas preexistentes (que são cha-
à ação conjunta desses fatores, vários tipos de solo se madas de rochas-mãe) sem que essas se decompo-
originam. O processo de decomposição das rochas, nham durante o processo, o qual é chamado de me-
por ação de agentes físicos, químicos ou biológicos, tamorfismo. Quando ocorre o transporte da rocha
dão origem a componentes minerais. A incorpora- chamada de original para outro ponto da litosfera,
ção e decomposição de matéria orgânica e vegetais fase em que as condições de temperatura e pressão
(húmus), contribuem para dar mais fertilidade ao são diferentes do seu local de origem, ocorre o pro-
solo. cesso de alteração das propriedades mineralógicas,
De acordo com a cor e com a textura, os solos po- formando-se, assim, as rochas metamórficas.
dem ser classificados e agrupados da seguinte maneira:
Formas de Relevo e Recursos Minerais
z De acordo com a cor:
O relevo terrestre apresenta diferentes formatos,
„ Solos avermelhados e amarelos: possuem gran- resultado da ação de agentes endógenos e exógenos,
des quantidades de óxido de ferro; conforme vimos anteriormente. Dentre as principais
„ Solos escuros: possuem grandes quantidades formas de relevo presentes na Terra, de acordo com a
de matéria orgânica; sua morfoestrutura, podemos destacar:
„ Solos claros: considerados fracos, com pouca
ou nenhuma presença de materiais orgânicos.
z Planaltos: são superfícies aplainadas em que os
processos erosivos são mais frequentes e mais in-
z De acordo com a textura:
tensos que os processos de sedimentação. Os sedi-
mentos deles, extraídos pelos agentes modificado-
„ Solo arenoso: é um tipo de solo que acumula
res do relevo, são transportados para as áreas mais
pouca água, não provocando a retenção; esse
baixas, onde são depositados.
tipo de solo possui poros de tamanho grandes,
os quais facilitam o processo de escoamento de
água; Nos planaltos, situam-se as serras, as quais apre-
„ Solo argiloso: tipo de solo capaz de acumular sentam superfícies bastante irregulares e com gran-
e reter uma quantidade maior de água e de des desníveis e as chapadas, as quais se elevam sobre
nutrientes, como, por exemplo, cálcio, potássio os planaltos, apresentando seus topos aplainados;
e ferro;
„ Solo orgânico: tipo de solo composto por uma z Planícies: São superfícies muito planas em que os
grande quantidade de matéria orgânica que processos de sedimentação – ou deposição de se-
está em processo de decomposição; esse tipo dimentos – são predominantes. Argila e grãos de
de solo também possui grandes quantidades de areia, além de outros sedimentos, são transporta-
areia e argila. dos dos morros e dos planaltos e depositados nas
áreas de planícies, contribuindo, assim, para o seu
Tipos de Rochas contínuo processo de formação. É importante des-
tacar, aqui, que, mesmo em altitudes superiores
Rocha é um conjunto de minerais presentes na a 200 metros, é possível identificar formações de
superfície terrestre formado por diferentes processos, planícies. No geral, as planícies estão acompanha-
como, por exemplo, tectonismo, intemperismo, ero- das do curso dos rios (fluviais), formando vales
178 são, dentre outros fatores. que se alargam a partir das margens dos rios;
z Cadeias de Montanhas: formadas por movimen- z Mares Interiores ou Continentais: quase não
tos tectônicos, como o encontro de placas, as mais possuem conexão com os oceanos (feita por meio
extensas cordilheiras ou cadeias de montanhas de estreitos). Exemplo: o Mar Mediterrâneo.
são, do ponto de vista geológico, jovens (possuin-
do entre 250 e 350 milhões de anos), datando, em De acordo com a “Organização Hidrográfica Inter-
sua maior parte, do início da Era Cenozóica. Maci- nacional”, existem cerca de 60 (sessenta) mares no
ços, ou cadeias montanhosas, foram formados em mundo (incluindo os golfos e baías), dentre os quais
tempos geológicos mais antigos e, por isso, foram podemos destacar:
intensamente desgastados por diversos agentes
de erosão, restando, por vezes, poucos vestígios z Mar Vermelho: situado entre a África e a Ásia,
de sua existência. Entre as principais cadeias de o Mar Vermelho é considerado como um golfo
montanhas, destacam-se a Cordilheira dos Andes (extensa baía) que apresenta grande biodiversida-
e as Montanhas Rochosas na América; o Cáucaso, de, totalizando uma área de 450 mil km²;
os Alpes e os Pirineus na Europa; a Cordilheira do z Mar Báltico: localizado no nordeste europeu, o
Atlas, na África; o Himalaia na Ásia e os Alpes neo- Mar Báltico possui área de 420 mil Km²;
zelandeses, na Oceania. z Mar Cáspio: considerado como o maior lago sal-
gado do mundo, com área de 371 mil km², o Mar
De acordo com as formações geológicas e a presen- Cáspio está no sudeste da Europa;
ça de recursos minerais, destacam-se: z Mar Morto: localizado no Oriente Médio, o Mar
Morto apresenta área de 650 km² e recebeu esse
z Os maciços antigos ou núcleos cratônicos: são nome por possuir elevada quantidade de sal, o que
áreas constituídas pelos escudos cristalinos, as impossibilita a existência de espécies;
estruturas mais antigas do planeta. Podem conter z Mar Negro: localizado entre a Europa, a Anatólia e
minerais metálicos, como ferro, níquel, manganês o Cáucaso, o Mar Negro possui área de 436 mil km²
etc.; e recebeu esse nome devido à grande quantidade
z As bacias sedimentares: são áreas que recebem de sais minerais em suas águas, responsáveis pela
os sedimentos das formações que a cercam (ou mudança em sua coloração;
cercavam no passado geológico). São constituí- z Mar Mediterrâneo: O maior mar interior conti-
das, principalmente, por rochas sedimentares, nental do mundo, o Mar Mediterrâneo está locali-
que podem conter petróleo, xisto betuminoso, gás zado em área de encontro entre três continentes: a
natural e carvão mineral, dentre outros recursos África, a Europa e a Ásia e possui área total de 2, 5
minerais; milhões de km²;
z Os dobramentos modernos: são áreas geologi- z Mar das Antilhas: Conhecido como o “Mar do
camente recentes que registram atividades tec- Caribe” ou “Mar da Caraíbas”, o Mar das Antilhas
tônicas, formadoras das grandes cordilheiras da está localizado entre a América Central e a Améri-
Terra. Podem apresentar minerais metálicos e não ca do Sul e possui área de 2,7 milhões de km²;
metálicos. z Mar de Aral: localizado na Ásia Central, o Mar de
Aral (em português, “Mar de Ilhas”) possui área de
AS SUPERFÍCIES LÍQUIDAS 68 mil km² e apresenta mais de 1500 ilhas;
z Mar de Bering: Com área de 2 milhões de Km², o
Oceanos e Mares: Hidrografia Mar de Bering está localizado entre o Alasca e a
Sibéria. Recebeu esse nome como forma de home-
Os Mares e Oceanos do mundo correspondem às nagear o navegador e explorador dinamarquês
porções ou massas líquidas do planeta Terra que ba- Vitus Jonassen Bering (1680-1741), que usou a
nham os continentes, assim como os rios, lagos e la- região para uma de suas rotas;
goas. São formados por grandes porções de água sal-
gada e são responsáveis por cobrir cerca de 71% da Em relação aos oceanos, no planeta Terra, existem
superfície terrestre. três, que são:
A ciência que estuda os mares e os oceanos é a
Oceanografia. Esses corpos de água são extremamen- z Oceano Pacífico: o maior oceano e o mais profun-
te importantes para garantir o equilíbrio climático do do do planeta, ele está localizado entre a Ásia, a
planeta, bem como a manutenção da biodiversidade. América e a Oceania, possuindo área total de 180
A maior diferença entre eles está na extensão que cada milhões de km² e profundidade de 10.000m aproxi-
um possui, visto que os mares são menores que os madamente, já que os fluxos comerciais aumenta-
oceanos, constituindo, assim, parte deles. Outra carac- ram bastante por conta do crescimento e expansão
terística que os diferencia é o fato de os mares serem da China;
fechados. Os oceanos, em contrapartida, são abertos, z Oceano Atlântico: com área total de 106 milhões
além de apresentarem maiores profundidades. de km² e profundidade máxima de 7.750m, o
De acordo com a localização e as características Atlântico está situado entre as Américas, a Europa
geográficas dos mares, eles podem ser classificados e a África e está entre as mais importantes rotas
GEOGRAFIA

das seguintes formas: comerciais do planeta;


z Oceano Índico: Visto como o menor oceano do
z Mares Abertos ou Costeiros: possuem grandes cone- mundo, com cerca de 74 milhões de km², o Índico
xões com os oceanos. Exemplo: o Mar das Antilhas; está localizado entre a África, a Ásia e a Oceania.
z Mares Fechados ou Isolados: possuem pequenas
conexões com os oceanos (através de canais de Alguns estudiosos classificam e consideram, ainda,
água) e podem estar localizados no interior dos os seguintes oceanos:
continentes. Exemplo: o Mar Morto; 179
z Oceano Glacial Ártico: localizado no extremo nor- Utilização dos Recursos Hídricos e Situações
te, com cerca de 14 milhões de km²; Hidroconflitivas
z Oceano Glacial Antártico: localizado na porção
sul, com área aproximada de 22 milhões de km². A água é um recurso que se renova constante-
mente por meio de seu ciclo natural, o qual envolve
Na imagem a seguir, podemos observar os princi- a atmosfera, a hidrosfera e a crosta. Porém, apesar
pais mares e oceanos do planeta: de sua constante renovação, é um recurso finito. Cer-
ca de 97,5% de todas as reservas de água do planeta
encontram-se em oceanos e mares salgados. Do total
de água doce, cerca de 69% encontra-se congelada em
glaciares de montanhas e das altas latitudes e cerca de
30% das reservas estão localizadas em aquíferos (que
são reservas subterrâneas). Já os rios e lagos contêm
menos de 1% do total de água doce do planeta.
A contaminação dos mananciais, o uso excessivo
e o desperdício desse recurso que é essencial para a
vida humana provocam a escassez de água. Ao longo
de todo o século XX, a demanda global de água doce
dobrou a cada vinte anos. Se a humanidade mantiver
os padrões de consumo atuais, no ano de 2025, cerca
de dois terços da população mundial sofrerão com a
falta de água moderada ou severa.
A quantidade de água consumida nas residências é
um significativo indicador do nível de vida das popula-
ções. Por exemplo, nos Estados Unidos e no Canadá, o
Correntes Marinhas: Tipos e Influência sobre o Clima
uso anual per capita em áreas residenciais varia entre
e a Atividade Econômica 200 e 300 metros cúbicos e, na Europa Ocidental, esse
número gira em torno de 70 a 90 metros cúbicos. Na
As águas dos oceanos realizam diferentes movimen- África subsaariana, dependendo da região, essa varia-
tos, dos quais podemos destacar as correntes marítimas. ção de consumo pode variar entre 5 e 30 metros cúbicos.
As correntes marítimas são como grandes deslocamen- Globalmente, as atividades agrícolas são responsá-
tos de porções de águas oceânicas que percorrem dire- veis pela maior parte do uso de água, porém o nível
ções variadas ao longo dos oceanos e mares. de consumo varia de região para região e, sobretu-
Essas porções de água preservam suas caracterís-
do, entre aos países mais desenvolvidos e os países
ticas, como temperatura, nível de salinidade e cor. O
em desenvolvimento. Em regiões, como a Europa e a
fenômeno acontece em razão da influência e inter-
América, o consumo de água na atividade industrial
ferência dos ventos e do movimento de rotação da
supera em muito a média mundial. Nos continentes
Terra; incluindo, ainda, fatores, como as variações de
asiático e africano, ocorre exatamente o contrário:
salinidade das águas oceânicas e de temperatura.
mais de 80% do consumo está relacionado com as ati-
As correntes marítimas podem ser classificadas
como quentes ou frias. As correntes quentes são forma- vidades do setor agropecuário.
das na zona intertropical da Terra e percorrem o sen- O processo de irrigação de lavouras apresenta ele-
tido em direção às zonas polares, tanto no Hemisfério vadas taxas de desperdício. O método mais comum
Norte quanto no Hemisfério Sul. Já as correntes frias utilizado para irrigação é a irrigação por gravidade
são formadas nas zonas polares e seguem em direção (com a utilização de canais e sulcos), em que as plan-
às regiões com maiores temperaturas da Terra, princi- tas recebem apenas a metade da água que é desviada
palmente às áreas próximas à linha do Equador. dos rios e dos aquíferos. Já a outra metade é perdida
As correntes são responsáveis por exercer influências principalmente pelo processo de evaporação.
diretas nas características dos climas do mundo e, tam- As reservas de água disponíveis no mundo ultra-
bém, na atividade pesqueira. Um exemplo de mudança passam largamente as necessidades de consumo
provocada é a interferência da corrente do Golfo (Golfo atuais e de um futuro previsível. A crise da água já
do México), a qual diminui a intensidade dos invernos em está presente, pois os recursos hídricos apresentam
determinadas áreas, como nas ilhas britânicas. distribuição geográfica desigual e, ainda, porque os
Outro caso que podemos citar em relação às inter- países mais pobres, não possuem sistemas de forne-
ferências das correntes marítimas são os efeitos causa- cimento e tratamento adequados. Em 2020, o núme-
dos pelas correntes frias que agem em áreas situadas ro de pessoas que não possuíam acesso a reservas de
próximas aos litorais dos continentes, provocando o água limpa para beber e cozinhar alimentos eram
aumento da pluviosidade em áreas oceânicas. Com a mais de 2,2 milhões de pessoas, de acordo com dados
ocorrência desse fenômeno, as correntes fazem com da ONU. A cada ano, cerca de 1,8 milhão de pessoas
que os ventos, ao adentrarem nas áreas continentais, morrem de doenças ligadas à diarreia. Diariamente, a
com a quantidade de umidade reduzida, provoquem contaminação de água mata cerca de 3,9 mil crianças.
e acelerem o processo de formação de desertos. No O conceito de estresse hídrico evidencia o pano-
mapa a seguir, podemos observar as principais cor- rama global da crise de água. O estresse moderado é
rentes marítimas do mundo e suas áreas de atuação. quando 20% a 40% dos recursos disponíveis são utili-
As correntes marinhas interferem na dinâmica e zados; o estresse torna-se mais severo quando são uti-
nas variações climáticas, provocando, também, efei- lizados mais de 40% dos recursos disponíveis. Nessas
tos sobre a economia. Ainda, influenciam sobre a situações, existem disputas entre usos conflitantes, o
quantidade e variedade de cardumes, aspectos impor- que provoca a escassez para consumidores com menor
tantes à atividade pesqueira. Também interferem na poder econômico e político. As regiões com maior
velocidade das embarcações que navegam em senti- quantidade de estresse hídrico são: Oriente Médio, nor-
dos iguais às correntes presentes nas diversas locali- te da África, Ásia Central, sudeste Asiático, costa oeste
180 dades do planeta. da América do Sul e oeste da América do Norte.
No Oriente Médio e em áreas da Ásia Central, Índia e A atmosfera pode ser dividida em camadas ou
China o estresse hídrico ocorre por conta das limitações estratos, segundo as características dominantes em
das reservas superficiais e subterrâneas em relação às cada uma dessas regiões. A seguir, estão listadas cada
necessidades das populações. Em países como a Líbia, uma das camadas e suas características:
projetos de irrigação, baseados em poços artesianos, A Troposfera é a camada onde ocorrem os princi-
estão secando os aquíferos. No Egito, a irrigação depende pais fenômenos meteorológicos gerados pela energia
das águas do Rio Nilo e entra em conflito com as deman- da radiação solar (chuva, ventos, ciclones tropicais
das de uso doméstico e industrial. Nos Estados Unidos, e extratropicais, trovões, raios, granizo, neve), que
o vasto aquífero Ogallala, no estado de Nebraska, pode
afetam, em maior ou menor grau de intensidade, a
secar completamente em poucas décadas.
população. Possui, ao redor, 75% de gases e quase a
Na China, a crise hídrica pode assumir proporções
dramáticas em um futuro não muito distante, na par- totalidade do vapor d’água e dos aerossóis da atmos-
te oriental do país, em que se concentra cerca de 90% fera. O seu limite superior é denominado tropopausa.
da população, cujos destaques são as bacias dos rios Após a tropopausa, identifica-se a estratosfera,
Yang-Tsé-Kiang (rio Azul) e Hoang-Ho (rio Amarelo). onde se forma a maior parte do Ozônio atmosférico,
A primeira, onde se encontra a hidrelétrica de Três que é fundamental para “filtrar” os raios ultraviole-
Gargantas, contém três quartos dos recursos hídricos tas que atingem a superfície terrestre (o ozônio “bom”
disponíveis; já a segunda bacia recebe uma menor para a humanidade). Nas cidades grandes, a concen-
quantidade de chuvas e funciona como um suporte tração de ozônio, gerado pela queima de combustíveis
para mais da metade da produção agrícola chinesa. Por fósseis em baixa altitude (tropopausa), é maléfica aos
conta da carência de água na bacia do rio Hoang-Ho, o seres humanos.
governo chinês deu início a um projeto grandioso de A Mesosfera é a camada intermediária, localiza-
transposição de águas da bacia do Yang-Tsé-Kiang. da entre a estratosfera e a termosfera. Em relação às
As áreas de conflito por conta da questão hídrica alterações na temperatura, ao contrário do que ocor-
que podemos destacar são: no sul da Ásia, entre Índia e re na estratosfera, a temperatura da mesosfera sofre
Bangladesh, por conta das reservas do rio Ganges; Egi- quedas à medida que ocorre o aumento da altitude.
to e Sudão disputam as reservas do rio Nilo; além das
As temperaturas podem chegar a –90 °C na sua par-
reservas presentes no Oriente Médio, como a bacia do
te superior. É considerada a mais fria dentre todas as
Tigre-Eufrates e a bacia do rio Jordão, palco da disputa
entre palestinos e israelenses – essa região é conhecida camadas da atmosfera.
como o cinturão do estresse hídrico no mundo. A Termosfera é a camada intermediária, locali-
zada entre a mesosfera e a exosfera, última camada
A DINÂMICA DA ATMOSFERA da atmosfera. A termosfera pode, também, ser deno-
minada como ionosfera. Recebe esse nome, porque,
nessa camada, ocorre grande concentração de íons
Camadas e suas Características
(que são partículas carregadas de eletricidade), o que
possibilita a propagação das ondas de rádio. O ar, na
A atmosfera, sendo uma mistura mecânica de
gases, exibe as características principais de todos os termosfera, é rarefeito, pois ocorre o predomínio do
gases. Ela é extremamente volátil, compressível e tem gás hidrogênio. Já a temperatura volta a elevar-se à
a capacidade de expansão. Essas características expli- medida que ocorre o aumento da altitude, podendo
cam alguns dos aspectos fundamentais da estrutura chegar a 1500 °C em seu limite.
atmosférica, bem como muitos dos aspectos do tempo A Exosfera é a última camada da atmosfera e
atmosférico e do clima. Pelo fato de a atmosfera ser representa a faixa de transição entre a atmosfera
altamente compressível, suas camadas inferiores são terrestre e o espaço sideral. Tem início cerca de 600
mais densas do que as superiores. quilômetros da superfície terrestre e não apresenta
A atmosfera é composta por vários gases, como hidro- limite superior visível para os seres humanos, por
gênio, oxigênio, argônio, dióxido de carbono, ozônio, conta da presença dos gases extremamente rarefeitos
vapor d’água, dentre outros gases. Ela atinge uma espes- que formam essa camada. Basicamente, é composta
sura entre 800 a 1000 km (estrutura vertical) e é dividida por gás hélio e hidrogênio.
em várias camadas, como as representadas na figura. É na exosfera que as partículas se desprendem da
gravidade da Terra. As temperaturas, na exosfera, são
elevadas, ultrapassando os 1000 °C. Essa elevação da
temperatura exige que as naves espaciais sejam cons-
truídas com material resistentes, para que possam
atravessar essa camada. Além disso, é nela que estão
em órbita os satélites artificiais.

Composição e Principais Anomalias: El Niño, La Niña

O fenômeno atmosférico oceânico, conhecido


como El Niño, provoca o aquecimento anormal das
águas do Oceano Pacífico tropical, alterando, de for-
GEOGRAFIA

ma significativa, a distribuição da temperatura da


água e, consequentemente, provocando alterações no
clima de várias regiões do mundo.
Foram pescadores da costa oeste da América do
Sul que perceberam a ocorrência, no último mês do
ano, desse fenômeno. Eles lhe deram o nome de “El
Niño” em referência ao menino Jesus, por conta da
proximidade com o Natal.
Fonte: Sala Web – Rede de Escola Digital. Acesso em abril/2021. 181
Na dinâmica climática da América do Sul, os ven- Sem a proteção da camada de ozônio, a taxa de
tos alísios ocorrem com mais intensidade na costa oes- crescimento das plantas diminuirá, o que reduzirá a
te da região, provocando a troca de águas profundas fotossíntese. Os raios ultravioletas também dificultam
com as águas mais superficiais. As águas mais profun- o desenvolvimento dos organismos aquáticos e redu-
das são mais frias e com uma grande quantidade de zem a produtividade do fitoplâncton. Essa situação
nutrientes. O El Niño proporciona a ocorrência des- leva a mudanças na cadeia alimentar e nas funções
ses ventos com uma intensidade menor, causando a do ecossistema.
permanência de águas mais quentes e, consequente- O forte efeito dos raios ultravioletas também pode
mente, não ocorrem as trocas das camadas de águas causar muitos danos à saúde humana, tais como
oceânicas. O fenômeno causa mudanças climáticas destruição do DNA celular, câncer de pele, cegueira,
em vários países do globo. deformação e atrofia muscular, além de deixar o sis-
O El Niño provoca o aumento dos índices pluvio- tema imunológico enfraquecido. A camada de ozônio
métricos em algumas regiões, como na costa oeste da e o efeito estufa são os fenômenos naturais que garan-
América do Sul e, em outras, graves secas e períodos tem a manutenção da vida na Terra.
de escassez de chuva, como ocorre no território da O termo aquecimento global está relacionado com
Austrália. No período em que ocorre, em ciclos que o processo que provoca o aumento da temperatu-
variam de 2 a 7 anos, o fenômeno também provoca ra média do planeta. Esse fenômeno é causado pela
um aumento das temperaturas nos verões de países emissão e concentração de gases poluentes na atmos-
da Europa e nos Estados Unidos, sendo esse aumento fera, principalmente do dióxido de carbono, do óxido
de temperatura acima da média habitual. No Brasil, nítrico e dos gases CFC – clorofluorcarbonos, os quais
o fenômeno também provoca grandes alterações na estão relacionados com o efeito estufa da atmosfera
dinâmica dos climas do país, como o excesso de chu- terrestre. O aumento dos gases do efeito estufa está
vas em algumas regiões, em especial na região Sul e diretamente relacionado com a queima de derivados
no Sudeste e períodos de secas e estiagens em outras, de combustíveis fosseis e de madeira e, como aspecto
como é o caso da região nordeste. que contribui para o agravamento desse problema,
O fenômeno La Niña ocorre com efeitos contrários está a questão do desmatamento das florestas em todo
ao El Niño, ou seja, provoca o resfriamento de forma o mundo. A vegetação exerce um papel extremamente
anormal das águas superficiais do Oceano Pacífico em importante, juntamente com os oceanos, como agen-
decorrência de uma intensidade acima do normal dos tes dissipadores e de absorção dos gases poluentes
ventos alísios na região do Pacífico tropical. depositados em excesso na atmosfera.
No século XX, houve o maior aumento de tempera-
Buraco na Camada de Ozônio e Aquecimento Global tura média do planeta desde a última glaciação. Esse
aumento foi em torno de 0,7 °C nos últimos 100 anos.
A camada de ozônio é composta, em maior parte, O órgão responsável pelos estudos relacionados às
pelo gás ozônio (90%) a uma altitude de 25 quilôme- mudanças climáticas, o IPCC – Painel Intergoverna-
tros na estratosfera, protegendo a Terra da radiação mental sobre Mudanças Climáticas, após a realização
ultravioleta, que é prejudicial aos seres humanos. Sem de vários estudos, prevê que as temperaturas, nas pró-
ela, a vida na Terra seria impossível. ximas décadas, sejam ainda mais elevadas. De acordo
O ozônio (O3) é um dos gases que constituem a com estudos realizados pelo órgão, existem chances
atmosfera; é a forma molecular do oxigênio e pos- em torno de 90% de um aumento nas temperaturas
sui alta reatividade. Ele pode ser produzido de duas médias durante o século XXI girarem em torno de 2
maneiras: na troposfera, o óxido nitroso (N2O) e a luz °C a 4,9 °C. Essas alterações já seriam suficientes para
solar são produzidos pela oxidação do oxigênio (O2); já causar problemas ambientais com gravidade elevada
na estratosfera é produzido pela radiação ultraviole- e praticamente impossíveis de serem revertidos. Sem
ta, que se decompõe em dois átomos de oxigênio sob a dúvidas, o problema causado pelo aquecimento glo-
ação da molécula de oxigênio (O2). Cada átomo de oxi- bal é um dos mais urgentes da pauta ambiental.
gênio é combinado com a molécula de oxigênio (O2). O aumento na concentração de gases estufa é res-
A função do gás ozônio também varia de local para ponsável pela mudança nas trocas de calor. Dessa
local. Na troposfera, altos níveis causam poluição do forma, a maior parte fica retida na atmosfera, causan-
ar e chuva ácida, que são prejudiciais às plantas e à do o aumento da temperatura e, consequentemente,
saúde humana. Na estratosfera, a camada de ozônio é o aquecimento global. É importante ressaltar que a
formada, absorvendo quase 90% dos raios ultraviole- emissão de gases vem ocorrendo desde o século XVIII,
tas do sol para produzir um efeito benéfico. com o advento da 1ª Revolução Industrial, além das
O buraco na camada de ozônio é a área na qual a ações dos seres humanos, que também são responsá-
concentração de ozônio da estratosfera cai abaixo de veis por tal situação.
50%. Os buracos na camada de ozônio estão relaciona- São elementos causadores do aquecimento global,
dos aos gases produzidos pelas atividades humanas. além da concentração de poluentes emitidos presen-
O principal desses gases é o clorofluorcarbono (CFC), tes na atmosfera: queimadas, atividades industriais e
formado por cloro, flúor e carbono. A lista também o desmatamento. Como consequências, podemos des-
inclui óxido nitroso, emitido por veículos, e CO2, emi- tacar uma série de alterações, como:
tido pela queima de combustíveis fósseis.
Os CFCs são usados há muito tempo em latas de z Mudanças na fauna e flora de todo o planeta;
aerossol, plásticos, ar condicionado e sistemas de z Extinção de espécies;
refrigeração. As moléculas de CFC podem destruir até z Processo de desertificação de áreas naturais;
100.000 moléculas de ozônio. Por meio do Protocolo z Períodos de seca cada vez mais constantes;
de Montreal (1987), foi decidido banir completamente z Redução na produção de alimentos, pois áreas pro-
182 o uso de CFCs até o final do século XX. dutoras são afetadas;
z Maior ocorrência de desastres naturais, como en- z Vegetação: As plantas retiram umidade do solo
chentes, inundações, tempestades, furacões; pela raiz e a enviam à atmosfera pelas folhas (eva-
z Derretimento de áreas polares, causando o au- potranspiração). Além disso, a vegetação impede
mento do nível das águas oceânicas, provocando que os raios solares incidam diretamente sobre a
o alagamento de áreas litorâneas as quais, por ve- superfície. Assim, com o desmatamento, há uma
zes, ficam submersas e, em consequência, ocorrem grande diminuição da umidade e, portanto, das
grandes deslocamentos humanos. chuvas, além de um aumento significativo das
temperaturas médias;
z Relevo: Além de estar associado à altitude, que
O clima de um lugar é determinado pelos elemen-
é um fator climático, o relevo também influi na
tos e fatores climáticos, os quais agem diretamente temperatura e na umidade, ao facilitar ou dificul-
sobre o clima, tais como: a temperatura, a chuva (e tar a circulação das massas de ar. Por exemplo, no
outros tipos de precipitação), a umidade do ar, os ven- Brasil, a disposição longitudinal das serras no Cen-
tos e a pressão atmosférica. Esses elementos sofrem tro-Sul do país forma um “corredor” que facilita
alterações devido à ação dos fatores climáticos, den- a circulação da massa polar atlântica e dificulta a
tre os quais podemos destacar a latitude, a altitude, as circulação da massa tropical atlântica.
correntes marítimas, a continentalidade, vegetação e
o relevo. Elementos do Clima
Da atuação dos fatores sobre os elementos climáti-
cos resulta o tempo, que é a combinação momentânea z Temperatura: As temperaturas não são iguais em
dos elementos do clima. toda a superfície terrestre. Em geral, variam em
Para se determinar o clima de um lugar qualquer, função da latitude, da altitude e da maritimidade e
deve-se analisar as variações do tempo nesse local e continentalidade;
qual a sua sucessão habitual, resultante da atuação z Precipitação: A precipitação varia principalmen-
dos fatores sobre os elementos do clima. Sendo assim, te em função da latitude e da maritimidade e con-
tinentalidade;
pode-se aceitar, como conceito de clima, a definição
z Pressão Atmosférica: A pressão atmosférica não
de Max Sorre: “Clima é a sucessão habitual dos tipos de
é igual em todo o planeta. As diferenças de pressão
tempo num determinado lugar da superfície terrestre”. atmosférica ocorrem, porque a Terra recebe quan-
tidades desiguais de radiação solar.
Fatores do Clima
Tipos Climáticos
z Latitudes: A temperatura varia na razão inversa
da latitude. Assim, quanto mais baixa for a latitu- z Equatorial: Chuvas abundantes, acima de 2.000
de, mais elevada será a temperatura; mm anuais; temperatura média anual em torno de
z Altitude: A temperatura também varia na razão 25 °C; possui pequena amplitude térmica anual;
inversa da altitude. Assim, quanto maior a altitu- z Polar: Regiões com gelo e neve permanente e mé-
de, menor a temperatura do ar atmosférico; dia de temperatura inferior a 0 °C; a precipitação
z Massas de Ar: As variações do tempo atmosférico, ocorre em forma de neve, variando entre 100 e 200
que podem ser muito bruscas num único dia ou mm ao ano; apresenta inverno durante 7 a 8 meses;
em períodos mais longos, são causadas pelo des- z Temperado: Dividido em dois tipos: Continental
onde a influência dos mares e oceanos não é gran-
locamento das massas de ar. Apesar de as massas
de, apresenta elevada amplitude térmica com ve-
de ar localizarem-se numa imensa região oceânica
rões quentes e invernos frios. A temperatura mé-
ou continental, elas se movimentam, entram em dia anual varia de 8 a 13°C com índice pluviomé-
choque e empurram umas as outras. Quando uma trico entre 800 e 2.000 mm nas áreas litorâneas e
massa de ar se afasta de sua área de origem, ela é inferior a 600 mm nas áreas interioranas. Marí-
leva consigo suas características originais (umi- timo sofre grande influência dos mares e oceanos,
dade, temperatura). É por isso que massas de ar com temperatura regular, sendo o inverno relati-
úmidas tendem a provocar chuvas nas áreas que vamente quente e verão ameno;
atingem em seu deslocamento e massas de ar frias z Desértico: Apresenta baixo índice pluviométrico
costumam provocar queda de temperatura nas (inferior a 250 mm ano); concentrada no verão, a
áreas para onde se deslocam; temperatura média anual varia de 20 a 30 °C com
z Continentalidade/Maritimidade: As áreas pró- acentuada queda durante a noite;
ximas ao mar apresentam, em geral, amplitude z Mediterrâneo: Clima de latitude média do Hemis-
térmica pequena, ou seja, sofrem pequenas varia- fério Norte, nas áreas banhadas pelo Mar Mediter-
ções de temperatura. Já as áreas localizadas no râneo; apresenta verões secos e invernos chuvosos.
interior do continente, onde a influência maríti-
ma é menor, apresentam oscilações de tempera- OS DOMÍNIOS NATURAIS
tura bem mais acentuadas. Cidades com latitudes
iguais ou muito próximas, situadas no litoral e no Distribuição da Vegetação e Características Gerais
interior dos continentes, apresentam amplitudes das Grandes Paisagens Naturais (Formações
térmicas bastante diferenciadas; Vegetais no Mundo)
GEOGRAFIA

z Correntes Marítimas: São grandes massas de água


que se deslocam pelo oceano com condições pró- Há diversas formações vegetais no planeta, tantas
prias de temperatura, salinidade e pressão. Pos- quanto a enorme diversidade climática permite. Há
suem grande influência no clima, além de favorece- formações florestais muito densas, como as florestas
rem a atividade pesqueira em áreas de encontro de tropicais, extremamente ricas em biodiversidade –
correntes quentes e frias, nas quais há ressurgên- as mais devastadas atualmente, o que causa grande
cia de plâncton; preocupação –, e florestas temperadas, como a taiga,
mais esparsas e com menor diversidade de espécies.
183
Há formações herbáceas, como as pradarias e os cam- tchernozion, surge sob as pradarias da Rússia e a
pos, e formações mistas, como as savanas de climas Ucrânia;
tropicais. Há vegetações adaptadas a climas rigoro- z Estepe: é uma vegetação herbácea, como as pra-
sos, como a tundra, de clima subpolar, e as xerófilas, darias, porém mais esparsa e ressecada. Surge em
adaptadas à excessiva aridez. Todas elas têm grande climas semi-áridos, portanto na faixa de transição
importância para a preservação dos variados ecossis- de climas úmidos (temperados ou tropicais) para
temas planetários. Vejamos as mais importantes: os desertos;
z Vegetação mediterrânea: desenvolve-se em regiões
z Floresta de coníferas: trata-se de uma formação de clima mediterrâneo, que apresenta verões muito
florestal típica da zona temperada. Ocorre em quentes e secos e invernos amenos e chuvosos. Surge
altas latitudes, em climas temperados continen- no sudoeste dos Estados Unidos, na região central do
tais. Abrange principalmente parte do território Chile, no
do Canadá, Noruega, Suécia, Finlândia e Rússia.
Neste último país, cobre mais da metade do terri- Impactos ambientais: poluição atmosférica, ero-
tório e é conhecida como taiga. Formação bastan- são, assoreamento, poluição dos recursos hídricos e a
te homogênea, na qual predominam pinheiros, é questão da biodiversidade.
importante para a economia desses países como Impacto ambiental deve ser entendido como um
fonte de matéria-prima para a indústria madeirei- desequilíbrio provocado por um choque, um “trauma
ra e de papel e celulose; ecológico”, resultante da ação do homem sobre o meio
z Floresta temperada: formação típica da zona cli- ambiente. No entanto, pode ser resultado de aciden-
mática temperada surge diferentemente das conífe- tes naturais: a explosão de um vulcão pode provocar
ras, em latitudes mais baixas e sob maior influência poluição atmosférica, o choque de um meteoro pode
da maritimidade. Dominava extensas porções da provocar destruição de espécies, um raio pode causar
Europa Centro-Ocidental, mas ainda ocorre na Ásia, incêndio numa floresta, etc. Mas devemos dar cada
na América do Norte e em pequenas extensões da vez mais atenção aos impactos causados pela ação do
homem. Mas quem é esse homem genérico, agente
América do Sul e da Austrália. Na Europa, restam
vago que muitas vezes é responsabilizado por tudo?
apenas pequenos bosques, como a Floresta Negra
Quando dizemos que o homem causa desequilíbrios,
(Alemanha) e a Floresta de Sherwood (Inglaterra).
obviamente estamos falando do sistema produtivo
O que restou dessa floresta caducifólia é uma for-
construído pela humanidade ao longo de sua história.
mação secundária conhecida como landes, na qual
Estamos falando particularmente do capitalismo, mas
aparecem espécies como abetos, faias, carvalhos
também do quase finado socialismo.
etc;
Podemos diferenciar os impactos ambientais em
z Floresta tropical: formação vegetal higrófila e
escala local, regional e global. Podemos também os
latifoliada, extremamente heterogênea, típica
separar naqueles ocorridos em um ecossistema natu-
de climas quentes e úmidos. Surge, portanto, em
ral, em um ecossistema agrícola ou em um sistema
baixas latitudes na América, na África e na Ásia, urbano, embora um impacto, à primeira vista ocorri-
onde predominam climas tropicais e equatoriais é do em escala local, possa ter também consequências
a formação mais rica em espécies do planeta, pos- em escala global. Por exemplo, a devastação de flo-
suindo um enorme e ainda em grande parte des- restas tropicais por queimadas para a introdução de
conhecido banco genético ou biodiversidade. Nela pastagens pode provocar desequilíbrios nesse ecos-
ocorrem arvores de grande e médio porte, como sistema natural: extinção de espécies animais e vege-
o mogno, o jacarandá, a castanheira, o cedro, a tais, empobrecimento do solo, assoreamento dos rios,
imbuia, a peroba, entre outras, além de palmáceas, menor índice pluviométrico, etc., mas a emissão de
arbustos, briófitas, bromélias etc; gás carbônico como resultado da combustão das árvo-
z Formações desérticas: estão adaptadas à escassez res vai colaborar para o aumento da concentração
de água, situação típica dos climas áridos e semiári- desse gás na atmosfera, agravando o “efeito estufa”.
dos, tanto em regiões frias quanto quentes. Por isso, Assim, os impactos localizados, ao se somarem, aca-
as espécies são xerófilas, destacando-se entre elas bam tendo um efeito também em escala global.
as cactáceas. Aparecem nos desertos da América,
África, Ásia e Oceania. Vê-se, assim, que ocorrem IMPACTOS AMBIENTAIS
em todos os continentes, com exceção da Europa;
z Tundra: vegetação rasteira, de ciclo vegetativo Poluição
extremamente curto. Por encontrar-se nas regiões
polares, desenvolve-se apenas durante aproxima- O termo poluição deriva do latim poluere, que
damente três meses, quando ocorre o degelo de significa ‘sujar’. Conclui-se, assim, que os romanos já
verão. As espécies típicas são os musgos, nas bai- poluíam o meio ambiente. Não só os romanos, mas
xadas úmidas, e os liquens, nas porções mais altas também os gregos, os babilônicos, os chineses e todos
do terreno, onde o solo é mais seco; os povos que os precederam. Ou seja, desde que o
z Pradaria: formação herbácea, composta basica- homem surgiu na face da Terra, ele polui. Obviamen-
mente de capim, que aparece em regiões de clima te, o problema se agravou, como também os vários
temperado continental. Surge na Europa central e outros tipos de impacto ambiental, como resultado
no oeste da Rússia, nas Grandes Planícies ameri- da expansão da sociedade de consumo. Mas o que é
canas, nos Pampas argentinos e na Grande Bacia exatamente poluir, “sujar”? Poluição é qualquer alte-
Australiana. Embora tenha sido muito usada como ração provocada no meio ambiente, que pode ser um
pastagem, essa vegetação é muito importante pelo ecossistema natural ou agrário, um sistema urbano ou
solo rico em matéria orgânica que acondiciona. até mesmo, em microescala, o interior de uma casa.
184 Um dos solos mais férteis do mundo, denominado Essas alterações podem ser:
Inicialmente, apenas das proporções ou das carac- para aumentar sua octanagem; dióxido de carbo-
terísticas de um dos elementos que formam o pró- no (CO2), produto da queima de qualquer matéria
prio meio. É o caso do aumento da concentração de orgânica. Embora encontrado naturalmente na
gás carbônico, naturalmente presente na atmosfe- atmosfera, quando lançado nela em excesso pode
ra; resultado da introdução de substancias naturais, provocar desequilíbrios;
porém estranhas, a determinados ecossistemas. É o z vários tipos de material particulado e compostos
caso do despejo de matéria orgânica no leito de um orgânicos voláteis.
rio ou do derrame de petróleo bruto no mar; causadas
pela introdução de substancias artificiais e, portan- Embora as fontes e as quantidades de poluentes
to, estranhas a qualquer ecossistema. Por exemplo:
variem de país para país, a tabela a seguir nos dá uma
a decomposição de agrotóxicos no solo ou nas águas
e de recipientes plásticos no solo; o lançamento de ideia do problema.
elementos radiativos artificiais na atmosfera, no solo,
nas águas. Muitas vezes, esse tipo de poluição causa Poluição das Águas
também contaminação do meio ambiente, porque, em
geral, esses elementos não são biodegradáveis e, mui- É tamanha a quantidade de água na Terra que ela
tas vezes, nem degradáveis. poderia muito bem ser chamada de “planeta água”.
Três quartos de sua superfície são cobertos por água.
Poluição do Ar Com tal abundancia, pensam alguns, jamais faltaria
A poluição atmosférica é um dos problemas mais esse liquido precioso. Infelizmente, não é bem isso
sérios das cidades e também um dos que mais atin- que acontece. Primeiro porque há uma distribuição
gem os sentidos da visão e do olfato, principalmente desigual das reservas de água no planeta, variando
nas grandes metrópoles e megalópoles. A poluição do numa relação de 1:1000 entre um deserto e uma flo-
ar é resultado do lançamento de enorme quantidade resta tropical. Além disso, a maior parte da água, em
de gases e materiais particulados na atmosfera, seja torno de 97%, está nos oceanos e mares, não podendo,
de gases que já a compõem, causando um desequilí- portanto, ser utilizada, a não ser a partir de caros pro-
brio nas proporções (caso da elevação da concentra- cessos de dessalinização.
ção de dióxido de carbono), ou de gases estranhos a As fontes de água doce, as mais vitais para os
ela, como é o caso do dióxido de enxofre (SO2), dos
seres humanos, são justamente as que mais recebem
óxidos de azoto (NO2) e do monóxido de carbono (CO);
ou então de elementos ou partículas que naturalmen- poluentes. Muitos lugares do planeta, cidades e zonas
te não aparecem na composição atmosférica, com é agrícolas correm sério risco de ficar definitivamente
o caso do chumbo, das poeiras industriais, dos aeros- sem água (veja os mapas a seguir sobre disponibili-
sóis, das fumaças negras, dos hidrocarbonetos, dos dade de água potável). Claro que a água pode ser tra-
solventes, dos ácidos, etc. zida de outros lugares. Afinal, desde a Antiguidade
Os principais responsáveis pela poluição do ar nas os homens constroem aquedutos. Mas essa saída tem
cidades são os transportes, as instalações industriais, um custo cada vez mais elevado, além disso, podere-
as centrais termelétricas, as instalações de aqueci- mos chegar a uma época em que não haja nenhum
mentos, etc. Em geral, os veículos automotores são os lugar no planeta com águas limpas. A causa funda-
principais responsáveis pela poluição do ar, além da mental dessa tragédia ecológica, que pode eventual-
poluição sonora, com destaque para os milhares de mente piorar se medidas sérias não forem tomadas,
automóveis particulares que rodam nas grandes cida-
é o aumento acelerado de várias formas de poluição,
des dos países desenvolvidos e em muitas cidades dos
subdesenvolvidos. além da ocupação desordenada em regiões de preser-
Somente na Grande São Paulo, circulam cerca de vação de mananciais.
5 milhões de carros particulares, ou seja, um quarto O lançamento de resíduos orgânicos acima da
dos automóveis de todo o país rodam em 0,09% de capacidade de absorção pelos organismos decomposi-
sua área total. É isso mesmo: 0,09% da área total do tores e o de resíduos inorgânicos não-biodegradáveis,
Brasil! O transporte urbano que prioriza os veículos muitos inclusive tóxicos e cumulativos, nos córregos,
particulares, além de consumir muita energia e de rios, lagos e mares, caracterizam o que chamamos
ser altamente poluente, causa um outro transtorno genericamente de poluição das águas. Deve-se lem-
no cotidiano dos cidadãos urbanos: os intermináveis brar também, como já foi mencionado anteriormente,
congestionamentos no trânsito. A solução seria uma a poluição do lençol freático, que são as águas subter-
política de estímulo ao transporte coletivo, princi-
râneas, a partir da lixiviação dos solos, com pesticidas,
palmente de veículos não-poluidores movidos à ele-
tricidade: trólebus, trem e metrô. Além de reduzirem na agricultura, e com o chorume, nos lixões. As fontes
significativamente o consumo de energia e, conse- de poluição das águas são várias e estão muito disper-
quentemente, poluírem muito menos, tornariam mais sas pela superfície terrestre. Embora o fenômeno seja
fácil o trânsito, possibilitando uma melhor condição mais concentrado e mais visível nos complexos siste-
de vida no ir-e-vir do trabalho, da escola, do lazer, etc. mas urbanos, surge também nos ecossistemas natu-
Os principais poluentes lançados na atmosfera rais e agrícolas.
pelos automóveis, pelas fábricas, pelas termelétricas
e pelas centrais de aquecimento são: Poluição das Águas em Ecossistemas Naturais e em
Ecossistemas Agrícolas
GEOGRAFIA

z monóxido de carbono (CO), produto da queima


incompleta dos combustíveis;
z dióxido de enxofre (SO2), produto da combustão Uma das piores formas de poluição das águas num
do enxofre presente nos combustíveis fósseis; ecossistema natural é o derrame de mercúrio nos rios,
monóxido de nitrogênio (NO2), e dióxido de nitro- lagos e mares. O mercúrio, metal pesado e extrema-
gênio (NO2), também conhecidos como óxidos de mente tóxico, tende a se concentrar no organismo
azoto (NOx), resultantes de qualquer combustão dos animais, como os peixes. Como essa concentração
que ocorra na presença de ar atmosférico; chum- é cumulativa, tende a ser muito maior no último ela
bo (Pb), que costuma ser adicionado à gasolina da cadeia alimentar, que é justamente o homem. Em 185
altas doses, esse metal causa graves males à saúde. enorme proliferação de algas, que logo morrem, con-
Por se acumular mais facilmente no cérebro, provoca sumindo enorme quantidade de oxigênio no processo
sérios problemas neurológicos. de decomposição e, assim, matando os peixes por asfi-
Um dos mais antigos e mais graves casos de derra- xia. Qualquer matéria orgânica em excesso nas águas
me de mercúrio aconteceu no Japão, na década de 50. demanda grande atividade dos organismos decom-
Indústrias químicas lançaram grande quantidade de positores, que consomem significativa quantidade de
mercúrio na baía de Minamata. Os pescadores, sem oxigênio. Assim, a poluição orgânica mata os peixes
saber o risco que corriam, continuaram pescando e por asfixia, e não por envenenamento.
se alimentando de pescados da região. Não tardou a Outro caso grave de poluição das águas que sempre
aparecerem graves disfunções neurológicas nas pes- ocorre é o derrame de petróleo nas águas oceânicas.
soas que tiveram um grande acúmulo de mercúrio em Embora o petróleo seja uma substancia natural, ao ser
seus cérebros. Esse caso ficou conhecido como o “mal introduzido em um ambiente aquático, comporta-se
de Minamata”. como uma substancia estranha a esse ecossistema,
Há muitos rios e lagos na Amazônia e no Pantanal causando grave desequilíbrio. Durante a Guerra do
contaminados com mercúrio, por causa do garimpo Golfo, a televisão mostrou aves que não conseguiam
de ouro. Esse metal é usado para separar os peque- voar porque estavam embebidas em petróleo que
nos pedaços de outro que estão misturados com areia, fora lançado ao mar. Muitas espécies de peixes pere-
cascalho, etc. no processo de garimpagem. A adição do ceram. Quando o navio Exxon Valdez lançou tonela-
mercúrio dissolve apenas o ouro. O garimpeiro, então, das de petróleo nas costas do Alasca, em 1989, causou
côa essa mistura e, para recuperar o oro, aquece-a até também um sério impacto ambiental naquele ecos-
a evaporação do mercúrio, que fica em suspensão na sistema: poluiu mais de 1100 quilômetros do litoral,
atmosfera. Faz isso sem nenhuma proteção, contami- matando inúmeras espécies de peixes e de aves, cerca
nando-se através da pele e pela respiração. O cascalho de 3500 lontras-do-mar e 200 focas.
contaminado é devolvido ao rio ou ao solo e o mercú-
rio em suspensão se precipita com as chuvas, poluin- Poluição das Águas em Sistemas Urbanos
do solos e rios. É bom lembrar que as populações
ribeirinhas e os próprios garimpeiros se alimentam Nas grandes aglomerações urbanas, o problema da
de peixes envenenados desses rios e lagos. A tragédia poluição das águas assume proporções catastróficas.
está desenhada para os frágeis ecossistemas e para as Isso é fácil de entender: são as cidades que concen-
populações. tram, na grande parte dos países, os maiores contin-
Outra forma de poluição das águas em ecossiste- gentes populacionais e a maioria das indústrias. Nas
mas naturais é o carreamento, pelas águas de escoa- cidades, portanto, há um elevado consumo de água e,
mento superficial e pelas águas que lixiviam dos solos, consequentemente, uma infinidade de fontes polui-
de grande quantidade de agrotóxicos (pesticidas, her- doras, tanto na forma de esgotos domésticos como de
bicidas e inseticidas) e de fertilizantes utilizados pela efluentes industriais. Imagine o volume da água que
agricultura moderna. Acabam escoando para rios e é consumido diariamente por uma grande metrópo-
lagos e, muitas vezes, atingem frágeis ecossistemas le como São Paulo, Cidade do México, Nova Iorque,
naturais, causando grandes desequilíbrios. Os defen- Londres, Paris ou mesmo pelas milhares de cidades
sivos agrícolas têm efeito tóxico, matando por enve- médias e pequenas espalhadas por todo o planeta.
nenamento muitas espécies de fauna e da flora que Na França, o consumo doméstico de água é, em
habitam as águas para onde eles escoam um caso clás- média, de 150 litros diários por habitante. Desses,
sico: na década de 60, centenas de pelicanos morreram 20% escoam pelos vasos sanitários, 39% alimentam
nos Estados Unidos. Análises dos corpos das aves mos- chuveiros e banheiras, 22% vazam para lavar louças
traram alta concentração de DDT em seus organismos, e roupas e 19% vão para comida, bebida, etc. Soman-
100 mil vezes maior do que a encontrada nas águas do do-se a esse consumo as necessidades comunitárias –
lago onde eles se alimentavam de peixes! O DDT é um hospitais, escolas, comércio, lavagem de ruas e carros,
agrotóxico não-biodegradável e também cumulativo. rega de espaços verdes, etc. – chega-se facilmente a
Em 1990, foram constatadas concentrações de DDT 200 litros diários por habitante. Assim, a população
em alguns lagos japoneses vinte anos após a proibição da Grande Paris, da ordem de 10 milhões de habitan-
de seu uso! É por isso que já foi abolido na maioria tes, consome em torno de 2 bilhões de litros de água
dos países, mas há outros agrotóxicos venenosos que por dia. Volumosa quantidade de água é consumida
continuam a contaminar ecossistemas naturais. Mais também pelas atividades industriais: no transporte
exemplos: a utilização indiscriminada de agrotóxicos de calor (nos processos de resfriamento ou de aqueci-
e fertilizantes na agricultura de soja no cerrado bra- mento), na lavagem de equipamentos e de instalações,
sileiro, no Planalto Central, onde estão as cabeceiras no transporte de resíduos industriais no efluentes de
de vários rios que drenam o Pantanal, está causando equipamentos e de instalações, no transporte de resí-
sérios desequilíbrios naquele complexo ecossistema. duos industriais no efluentes (esgotos), na fabricação
Nos Estados Unidos, num processo parecido, a agricul- de produtos das indústrias químicas, de bebidas, etc.
tura de cana-de-açúcar e de laranja, na Florida, está A rigor, toda essa enorme quantidade de água uti-
contaminando o parque Everglades, um importante lizada pelas atividades domesticas e industriais não
reserva ecológica que se assemelha ao Pantanal, entre é propriamente consumida, mas retirada da nature-
outros exemplos que poderiam ser citados. za e depois novamente devolvida, já que faz parte do
Pode parecer um paradoxo o fato de a deposição ciclo hidrológico. É exatamente aí que está o proble-
de fertilizantes nas águas provocar morte. O carrea- ma: a maior parte dessa água, depois de utilizada para
vários fins, é devolvida ao meio ambiente parcial ou
mento de matérias nutritivas, como nitratos e fosfatos,
totalmente poluída, ou seja, carregada de substancias
para rios lentos, lagos e mares, provoca em fenômeno
químicas tóxicas não-biodegradáveis ou de maté-
conhecido como eutrofização das águas. O excesso de rias orgânicas acima da capacidade de absorção dos
186 alimento (eu = bem, trofe = alimentado) provoca uma rios, lagos e mares. A poluição orgânica desequilibra
o ecossistema aquático que a recebe, por exemplo, A retirada da mata ciliar, o acúmulo de lixo, resí-
matando os peixes por asfixia, ao passo que a poluição duos da construção civil e de esgoto, nos locais onde o
tóxica mata por envenenamento. Proveniente exclusi- fluxo de água é mais lento, como nas regiões mais pla-
vamente dos efluentes industriais, a poluição tóxica nas e nos locais onde ocorreu a construção de barra-
é a mais perigosa, sendo que metade dela é lançada gens (para que fossem instaladas usinas hidrelétricas,
pelas indústrias químicas e em torno de um terço, por exemplo), o acúmulo dos sedimentos nos leitos
pelas fábricas de metais.
dos rios aumenta.
A solução para o problema da poluição das águas
nos centros urbano-industriais se resume em uma O assoreamento reduz o volume de água, impede
palavra: tratamento. Há a necessidade de implanta- a entrada de luz solar, impede a troca de oxigênio e
ção de um sistema de coleta e tratamento dos esgotos pode até extinguir a vida
domiciliares e industriais para que, depois de utiliza- As enchentes dos rios aumentam pelo processo de
da, a água retorne limpa à natureza. assoreamento, a água transborda, causando desas-
No caso da agropecuária, o tratamento é impossí- tres e tragédias. Em áreas urbana, ocorre a escassez
vel, por causa da dispersão espacial dessa atividade ou ausência de água para o abastecimento, pois, em
por todo o planeta. A solução passa pela conscientiza- alguns casos a água está imprópria para o consumo
ção dos agricultores e pela produção de insumos que pois o nível de poluentes é elevado.
não poluam os solos e o lençol freático. Algumas técnicas agrícolas agravam o assoreamen-
Os agentes modeladores do relevo são chamados to, limita a quantidade de água utilizada para o pro-
de intemperismo. O intemperismo é uma série de cesso de irrigação e em áreas navegáveis o processo é
fenômenos biológicos, químicos e físicos que degra-
dificultado, pois os rios assoreados ficam mais rasos, o
dam as rochas. O intemperismo químico é comum em
áreas tropicais, a temperatura e a umidade são altas e que dificulta a passagem das embarcações.
os elementos químicos na rocha se decompõem. Por Em relação a questão da diversidade biológica é de
outro lado, o intemperismo físico depende do vento, extrema importância para a que ocorra a harmonia
mas não há mudança química nos elementos, então a entre os ecossistemas, com a manutenção da qualida-
rocha se fragmentará. de ambiental, tendo visto que os ecossistemas estão
em processo de integração e são objetos de exploração
Erosão pelo homem, o grande desafio da humanidade no con-
texto atual é realizar o processo de exploração destes
Os tipos de erosão a saber são os seguintes:
ecossistemas e de suas riquezas que são incalculáveis
z Erosão pluvial: é a erosão causada pela chuva, a juntamente com o processo da sustentabilidade, sem
área de encosta dos rios desmatada é a principal que ocorra a degradação dos ambientes, tanto em
área afetada, mas quando há muita chuva em uma áreas continentais ou marinhas.
determinada área, o desmatamento acaba se tor-
nando um fator secundário nessa questão;
z Erosão Fluvial: é a erosão causada pelas águas
dos rios. O maior problema é que quando a flores-
ta marginal é cortada e o assoreamento é promovi- O ESPAÇO POLÍTICO E ECONÔMICO
do, o rio perde sua força e fica mais difícil chegar
ao estuário. Outro processo que pode ocorrer é o INDÚSTRIA
desgaste do leito do rio, tornando o leito mais pro-
fundo, como é o caso do Grand Canyon nos Estados O Processo de Industrialização
Unidos;
z Erosão das geleiras: uma vez por ano, o desgaste é A industrialização é um processo histórico e social
formado nas áreas congeladas, pois a ação do con- através do qual a indústria se tornou uma importan-
gelamento e derretimento irá erodir diretamente
te área para a economia. Substituindo a produção
as rochas (quando a água flui sobre as rochas), for-
manufatureira, as técnicas e os processos de produ-
mando os chamados fiordes.
ção manuais foram gradativamente deixados de lado
Abrasão Marinha - é causado pelas ondas, seja o e um novo ciclo de produção iniciou-se, contribuindo
impacto das ondas no litoral suave ou erosivo, levando assim para um processo de mudanças não somente
à degradação das rochas matriz, principalmente das na estrutura produtiva, mas também nas questões
praias. Quando esses impactos são fortes, formam-se sociais, nas relações de trabalho e na nova forma de
as chamadas falésias, como as de Torres-RS. conduzir a economia.

z Erosão eólica: É a erosão causada pelo vento, mas A Primeira, Segunda e Terceira Revoluções Industriais
com a ajuda de partículas de rocha e partículas de
areia, o desgaste da rocha é a causa do desgaste A Primeira Revolução Industrial ocorreu na Ingla-
da rocha e desempenha um papel de jato de areia, terra, por volta de 1760 indo até aproximadamente
que é muito comum em áreas mais secas. Esta ero-
1850, quando ocorreu a Segunda Revolução Indus-
são finalmente proporciona belas paisagens.
trial. Os ingleses foram os pioneiros da Revolução In-
Assoreamento dustrial por conta de fatores como:
GEOGRAFIA

O assoreamento é o processo causado pelo acúmu- z Localização geográfica;


lo de sedimentos (areia, terra, rochas), lixo e outros z Acúmulo de capital decorrente da prática comercial;
materiais que são levados até os cursos d’água prin- z Grande quantidade de reservas de carvão mineral
cipalmente pela ação da chuva, do vento ou dos seres (fonte de energia do processo);
humanos. É um processo natural, intensificado pela z Ocorrência da política de cercamentos (na qual
ação humana. Podendo provocar o desaparecimento os grandes proprietários de terras tomavam as
dos cursos d’água. pequenas e médias propriedades) para a aumen-
O que causa o assoreamento? tar a produção de lã;
187
z Grande quantia de mão de obra presente nas cida- A princípio, a localização dessas indústrias esta-
des industriais; va nos chamados países de industrialização clássi-
z Matéria-prima (algodão) vinda das colônias ingle- ca (séculos XVIII e XIX). Porém, durante a primeira
sas na América do Norte. metade do século XX, com a intensificação do proces-
so a partir dos anos 1950, as indústrias começaram a
A Primeira Revolução Industrial teve como prin- migrar para áreas ainda não industrializadas, contri-
cipal característica a substituição da manufatura pela buindo assim para a formação dos Novos Países Indus-
maquinofatura. Surgiram as indústrias (a princípio, a trializados (NPIs) e instalando suas filiais em países da
indústria têxtil foi a que mais se desenvolveu), e ocor- América Latina, durante os anos 50 e 60, e no sudeste
reu um aumento na produtividade, pois o processo asiático (o que auxiliou a formação de um grupo de
produtivo passou a ser com o uso das máquinas de países na Ásia denominado como Tigres Asiáticos)
fiar, do tear mecânico e da máquina a vapor. Novas devido à rapidez e à agressividade no desenvolvimen-
relações de trabalho se consolidaram e, dessa forma, to industrial.
surgiu o trabalho assalariado e a divisão do trabalho. Dentre os motivos para os deslocamentos indus-
A Segunda Revolução Industrial aconteceu no triais em nível mundial, está a busca por redução dos
século XIX, por volta de 1850, durante o processo de custos de produção, pois as áreas não industrializadas
expansão industrial de outros países, em especial do planeta ofertavam condições mais atrativas e que
Estados Unidos, Japão e os da Europa Ocidental. Ocor- contribuíam para essa questão.
reu um crescimento das indústrias petroquímicas,
siderúrgicas e automobilísticas, com destaque para o Os Conglomerados Transnacionais
modelo fordista de produção (o trabalho era repeti-
tivo, e o trabalhador, alienado), resultando assim em O termo conglomerado transnacional diz respeito
redução dos custos da produção e consequente redu- à junção de grupos industriais (não necessariamente
ção dos preços dos automóveis. É importante destacar no mesmo ramo, no mesmo seguimento de produção)
nesse período a utilização de petróleo e eletricidade que se unem para ter um controle maior do mercado.
como fontes de energia. A formação desse novo arranjo industrial é bastante
A Terceira Revolução Industrial ocorreu nos comum na fase do capitalismo financeiro globalizado,
anos 1970; o processo foi liderado pelo Japão e por atual estágio do processo de globalização.
aqueles países que já haviam se industrializado ante- Quando ocorre essa junção entre empresas do
riormente. Destaca-se a utilização da tecnologia no mesmo seguimento produtivo ou não, ocorre tam-
processo produtivo, exigindo assim que o trabalhador bém a formação de controle do mercado em escala
tivesse um nível mais elevado de qualificação. mundial.
Com a implantação da robótica e da informática no Para compreender melhor esse processo, é preci-
processo produtivo, ocorreu a automação da produ- so atentar-se à formação dos oligopólios (quando um
ção industrial. Nesse cenário, foi implantado o modelo pequeno grupo de investidores controla uma grande
de produção toyotista (nome derivado da fábrica da parcela do mercado mundial); além dos oligopólios,
Toyota, no Japão), e aconteceram mudanças significa-
ocorre também a formação dos trustes (fusão entre
tivas nesses processos, como a redução dos estoques e
empresas com o objetivo final de ter uma maior fatia
uma maior variedade de itens para estar à disposição
do mercado consumidor para ser explorada).
do consumidor.
Mesmo com as restrições de governos e de orga-
nismos ligados à questão comercial, a formação dos
Tipos de Indústria grandes conglomerados transnacionais está cada vez
mais presente na dinâmica econômica do mundo
z Indústrias de base: Responsáveis pela transfor- globalizado.
mação de matérias-primas brutas em matérias-
-primas elaboradas. Exemplos: petrolífera, meta-
Os Novos Fatores de Localização Industrial
lúrgica e siderúrgica;
z Indústrias de bens intermediários: Responsá-
Quando ocorreram as primeiras revoluções indus-
veis pela produção de máquinas e equipamentos
triais, havia a necessidade de que a fábrica estivesse
que serão utilizados nos diversos segmentos das
próxima a algumas condições específicas, que são os
indústrias de bens de consumo. Exemplo: mecâ- seguintes fatores locacionais:
nica (máquinas industriais, motores automotivos
etc.); z Matéria-prima;
z Indústrias de bens de consumo: Têm sua produ- z Fonte de energia;
ção direcionada diretamente para o mercado con- z Mão de obra;
sumidor, ou seja, para a população em geral. São z Mercado consumidor;
divididas em indústrias de bens duráveis (móveis, z Rede de transportes.
eletroeletrônicos, automóveis etc.) e de bens não
duráveis (alimentos, vestuário, remédios etc.). Hoje, porém, na dinâmica do mundo globalizado e
com o processo de fragmentação do processo produ-
A Concentração e A Dispersão Industrial tivo e consequente mundialização da indústria, esses
fatores perderam um pouco de importância, mas ain-
As indústrias dos países que passaram por suas da continuam relevantes, e foram associados a outras
Revoluções Industriais nos séculos XVIII e XIX tive- situações, como a redução dos impostos com a realiza-
ram em seus territórios a formação de grandes cor- ção de incentivos fiscais.
porações industriais, que cresciam à medida que Entretanto, para a produção industrial do mundo
ocorria a expansão das áreas destinadas para o pro- globalizado, a não proximidade das indústrias a esses
188 cesso produtivo. fatores não impede o processo produtivo em larga
escala, o escoamento da produção, o aumento da con- Em 1973, houve uma crise de petróleo causada por
corrência e uma maior área de exploração do merca- conflitos entre Arábia Saudita e Israel. Este não deseja-
do consumidor em nível global. va devolver territórios na Síria, no Egito e na Jordânia
que haviam sido ocupados na Guerra dos 6 dias, ocor-
As Fontes de Energia e A Questão Energética rida em 1967; os Estados Unidos e a Europa Ocidental
apoiavam Israel. Por isso, com o apoio da OPEP, a Ará-
z Fontes de Energia Renováveis: Aquelas que, se bia Saudita aumentou o preço do barril de petróleo e
utilizadas de forma sustentável, podem ser repos- interrompeu o envio para os EUA e alguns países da
tas ou recriadas pela natureza ou pela intervenção Europa. Como consequência, o preço da gasolina subiu
do homem. Exemplos: energia hidráulica, carvão dez vezes e uma recessão atingiu a economia mundial.
vegetal, álcool; Durante as décadas de 1970, 80 e 90, houveram
z Inesgotáveis: Aquelas que, mesmo utilizadas em oscilações no preço do petróleo; na década de 90, o
grande escala, não se esgotam. Exemplos: energia Iraque invadiu o Kuwait. Conflitos nos maiores países
solar e eólica; produtores de petróleo do mundo (como Arábia Sau-
z Não Renováveis: Uma vez esgotadas, não podem dita, Venezuela e Iraque) colaboraram para o aumen-
ser repostas ou têm um ritmo de reposição mui- to expressivo de seu preço em 2004, superando os 42
to lento. Exemplos: petróleo, carvão mineral, gás dólares por barril. O crescimento da economia mun-
natural, energia nuclear etc. dial, tendo Estados Unidos e China como líderes, tam-
bém contribuiu para o aumento de preço.
z Carvão Mineral Como novas regiões produtoras, pode-se falar em
Cazaquistão e Azerbaijão, onde descobriu-se grandes
Substância de origem orgânica, sólida e resultada reservas de gás natural e petróleo, e nos países Nigéria,
da transformação de restos vegetais enterrados por Angola, Guiné e Chade há importantes novas jazidas.
milhões de anos. Encontra-se apenas em bacias sedi- Como pontos positivos do petróleo, pode-se citar
mentares, por ser um combustível fóssil. Seus princi- seu fácil transporte e armazenamento e sua alta
pais depósitos foram formados durante os períodos densidade energética; entre seus pontos negativos, é
Carbonífero e Permiano da Era Paleozoica, cerca de importante destacar seu previsto esgotamento e suas
350 milhões de anos atrás. taxas altas de poluição.
Foi a principal fonte de energia do século XIX, sen-
do utilizado por séculos como fonte de calor. O vapor z Gás Natural
que movimentava as máquinas usadas nas primeiras
indústrias era produzido pela queima do carvão. É importado da Bolívia para o Brasil em grandes
A existência de diferentes tipos de carvão foi deter- quantidades e transportado entre esses países por ga-
minada pelas condições de temperatura e de pressão sodutos, um sistema de tubulações. Utiliza-se em fo-
às quais foram submetidos os restos vegetais. gões, altos-fornos e automóveis e também para gerar
No Brasil, o carvão mineral concentra-se nas jazi- eletricidade.
das dos terrenos de origem permocarbonífera da Pontos positivos: transporte pelo gasoduto e menos
região Sul, em especial em Santa Catarina (maior pro- poluição em comparação com o petróleo e o carvão
dutora de carvão siderúrgico do país), e no Rio Grande mineral. Pontos negativos: armazenamento e trans-
do Sul (maior produtor de carvão mineral energético). porte caros e arriscados e jazidas muito concentradas
Alguns pontos positivos do carvão mineral são geograficamente.
seu alto poder calórico e sua abundância no planeta;
já entre seus pontos negativos, destacam-se sua alta z Energia Nuclear
emissão de gases, que contribui para o efeito estufa, e
sua extração, que é perigosa. Por meio da fissão – divisão – do átomo, a energia
As usinas termoelétricas são responsáveis pela elétrica é gerada; as matérias-primas são o urânio ou
maior parte da eletricidade utilizada no mundo, o tório, minérios muito radioativos.
usando principalmente carvão mineral, petróleo, gás Batizada de “usina vaga-lume” por sua intermitên-
natural e outros combustíveis fósseis como fontes de cia, a central nuclear de Angra dos Reis foi fundada
energia. em 1981, mas enfrenta uma série de problemas.
Essa tecnologia é muito utilizada pelos países
z Petróleo desenvolvidos do Hemisfério Norte. Entre seus pon-
tos positivos, destaca-se seu uso na medicina e na
Localizado nas bacias sedimentares da Era Ceno- pesquisa científica. Como negativos, estão a falta de
zoica, seus derivados são a gasolina, o óleo diesel, o solução para eliminar os resíduos radioativos, o risco
asfalto, a borracha, o plástico, dentre outros. Sua des- das operações (por exemplo, o acidente da usina de
coberta como fonte de energia foi realizada no Esta- Chernobyl ocorrido em 1986) e a necessidade de altos
dos Unidos em 1859; logo, seu uso superou o carvão investimentos financeiros e tecnológicos.
mineral, por seu alto teor calórico.
A região do Oriente Médio possui aproximadamen- z Hidroelétricas
GEOGRAFIA

te dois terços das reservas do mundo, por isso, crises


lá ocorridas podem afetar o fornecimento mundial de Por meio do aproveitamento das águas dos rios,
petróleo. Fundada em 1960, a Organização dos Países gera-se energia elétrica. A turbina que aciona o gera-
Exportadores de Petróleo (OPEP) representa quase dor responsável por transformar energia hidráulica
metade das exportações mundiais e é composta por em elétrica é acionada pela força das águas. Pontos
Arábia Saudita, Iraque, Irã, Kuwait, Venezuela, Catar, positivos: fonte limpa, segura e barata de eletricidade;
Indonésia, Líbia, Emirados Árabes Unidos, Argélia e pontos negativos: represamento de água, seu uso ape-
Nigéria. nas em rios de planalto, entre outros. 189
z Fontes Alternativas de Energia ao controle de pragas sem o uso de agrotóxico. O
objetivo é tornar mínimos os impactos ambientais;
„ Energia solar: Ainda pouco utilizada, geral- z Agroflorestal: Versão da agroecologia que insere
mente no aquecimento de água e de interiores as lavouras em meio às florestas, fazendo o uso das
de prédios; árvores para sombreamento e da adubação pelo
„ Biomassa: Energia que se produz pelo gás da húmus.
matéria orgânica em decomposição, por meio
do aparelho “biodigestor”, reaproveitando resí- De acordo com o sistema de plantio e com as téc-
duos para a produção de gás; nicas empregadas, os setores agrícolas estão divididos
„ Energia eólica: Utilizada há muitos séculos, em:
possui alguns problemas: a dispersão dos ven-
tos e sua irregularidade. A área utilizada para z Agricultura moderna: Prática que envolve o
produtor rural em uma cadeia produtiva comple-
captar essa energia é muito maior do que a usa-
xa, exigindo vultosos investimentos pelo elevado
da na captação da mesma quantia de energia
grau de mecanização e pela aplicação de tecno-
solar. Mesmo assim, é uma energia limpa e em
logias modernas (transgênicos, nanotecnologia
alta; etc.). Na produção de hortaliças, utiliza métodos
„ Geotérmica: Nessas usinas, bombeia-se água como a hidroponia, que dispensa o plantio direto
para o subterrâneo, no qual as rochas são no solo, optando pelo uso de um coquetel líquido
quentes, por um buraco de até 1000 quilôme- de nutrientes. Em regiões assoladas por longas
tros. Durante esse caminho, a água se aquece e estações secas, aplica sistemas sofisticados de irri-
retorna à superfície em forma de vapor, movi- gação, como o dry farming (revolvimento do solo,
mentando as turbinas. O subproduto desse pro- trazendo as camadas mais úmidas do fundo para
cesso está na forma de calor para aquecimento a superfície), ou o gotejamento (por meio de man-
de casas; gueiras com pequenos orifícios);
„ Xisto betuminoso: Formada por hidrocarbo- z Sistema de Plantation: Instalado pelas metrópoles
netos, essa rocha metamórfica, quando aque- em suas colônias no período colonial e ainda presen-
cida, propicia a extração de betume que, após te em muitos países. A plantation caracteriza-se como
refinado, fornece combustível; monocultura que prioriza a exportação, e é pratica-
„ Álcool: Muito utilizado recentemente como com- da em grandes latifúndios, com o uso de mão-de-o-
bustível de automóveis e para a produção de ele- bra desqualificada (antigamente, os escravos; hoje,
tricidade. O Brasil, com o etanol da cana-de-açú- são os trabalhadores temporários ou boias-frias);
car, e a Rússia, com o metanol do eucalipto, são z Agricultura itinerante: Atividade que se deslo-
exemplos de países que se preocupam atualmen- ca à medida em que as terras se tornam inférteis
te em desenvolver o álcool como fonte de energia. ou secas. Utiliza técnicas rudimentares, como as
Pode-se também o produzir por meio da beter- queimadas, que reduzem a fertilidade dos solos. É
raba, cevada e batata. Países com grandes exten- ainda largamente praticada em países em desen-
sões territoriais, como Brasil, Canadá, China e Rús- volvimento. Em muitos casos, são aplicados sis-
sia, são mais propícios a desenvolver essa fonte de temas pouco eficientes de irrigação e o plantio
energia. O Programa Nacional do Álcool (Proál- direto, no qual a nova plantação é feita diretamen-
cool), criado em 1975 pelo Brasil, foi uma tentati- te sobre o substrato restante da cultura anterior,
va de buscar saídas para a primeira crise do petró- sem o envolvimento do solo;
leo. É um programa caro ao tesouro público que z Jardinagem: Típica do Sudeste Asiático, a agricul-
não garantiu a economia de gastos com o petróleo, tura de jardinagem emprega grande quantidade
pois só substituiu o consumo de gasolina, que, de- de mão-de-obra para o cultivo de cerais em vales
pois desse programa, começou a ser exportada pe- inundados ou em terraços construídos nas verten-
lo país. Quando, a partir de 1989, o governo dimi- tes de montanhas para fins agrícolas (com técnicas
de terraceamento).
nuiu os subsídios para o consumo e a produção do
álcool, a crise atingiu o setor e começou-se, então,
a importar o combustível da Europa. Estrutura Agrária e Uso da Terra

IMPACTOS AMBIENTAIS DA AGROPECUÁRIA Em relação ao uso do solo, podemos citar as seguin-


tes práticas:
Sistemas Agrícolas
z Rotação de culturas: Prática policultora que in-
tercala culturas temporárias (plantas destruídas
Os sistemas agrícolas são classificados de formas
na colheita e replantadas a cada temporada), como
distintas de acordo com modelos de produção, siste-
o milho, com outras lavouras permanentes (plan-
mas de plantio e técnicas empregadas, além das dis- tas utilizadas por muitos anos), como o café;
tintas formas de usar o solo. Os modelos de produção z Curvas de nível: Sistema similar ao de terraços,
agrícolas podem ser divididos em três grupos: no qual se estabelecem recortes perpendiculares à
inclinação do terreno para evitar erosão.
z Convencional: Associado ao uso de sementes trans-
gênicas (manipuladas geneticamente), ao controle A estrutura agrária difere-se de acordo com o nível
de pragas por meio de agrotóxicos e à aplicação de de desenvolvimento do país. Em regiões nas quais
adubos e fertilizantes industriais; existe um maior emprego da tecnologia, tem-se um
z Agroecológico: Associado ao uso de sementes processo produtivo altamente rentável; por exemplo,
crioulas (sementes tradicionais mantidas e sele- o espaço agrário estadunidense tem como principais
cionadas por agricultores familiares), à aduba- características os grandes cinturões (denominados
190 ção orgânica sem o uso de produtos industriais e belts). Com o emprego da tecnologia de ponta e alta
produtividade, em países europeus, como a França, as „ Terraceamento: Faz-se cortes que formam degraus
propriedades são relativamente pequenas e também –terraços – nas encostas das montanhas, para pos-
possuem uma elevada produtividade, apesar de limi- sibilitar a expansão das áreas agrícolas em países
tações por conta das questões climáticas. montanhosos e populosos e dificultar o processo
Em países pobres, permanece uma estrutura mui- erosivo, quebrando a velocidade de escoamento da
to utilizada no período colonial, com o predomínio das água. Técnica comum em países asiáticos, como a
grandes propriedades com o emprego de tecnologias e China, o Japão, a Tailândia, o Nepal etc.;
a prática da monocultura voltada para a exportação, „ Curvas de nível: O solo é arado e depois é feita a
como é o caso do Brasil. semeadura, seguindo-se as cotas altimétricas do
Essa estrutura fundiária concentrada nas mãos de terreno. Esse processo ajuda a reduzir a velocida-
poucos gera uma série de questões, dentre as quais o de do escoamento superficial da água da chuva. A
aumento do desemprego no campo e o aumento tam- construção de obstáculos no terreno (espécies de
bém dos conflitos, principalmente em países pobres canaletas feitas com terra retirada dos próprios
ou em desenvolvimento. sulcos que resultam da aração) também é utiliza-
da para contribuir com a redução da velocidade
Agricultura e Meio Ambiente de escoamento. A perda do solo utilizável é assim
reduzida. Em terrenos com baixo declive, pro-
Como resultado da modernização do campo e da pícios à mecanização, o cultivo é feito seguindo
introdução de novas técnicas agrícolas, a produção as curvas de nível, o que é usual em países nos
de alimentos aumentou significativamente, sobretu- quais a agricultura é bastante mecanizada, como
do no mundo desenvolvido, no qual é maior o nível as grandes planícies dos Estados Unidos e do
de capitalização e são utilizadas as mais avançadas Canadá, a Grande Bacia Australiana e a planície
tecnologias. Dessa forma, foram afugentados defini- de Champagne, na França;
tivamente, pelo menos nos países desenvolvidos, os „ Associação de culturas: Costuma-se plantar
prognósticos feitos por Thomas Malthus, no século entre uma fileira e outra, em cultivos que dei-
XVIII, acerca da escassez de alimentos. xam parte significativa do solo exposto à erosão
Contudo, apesar dos grandes avanços tecnológi- – como algodão e café – espécies leguminosas,
cos, a fome ainda ronda milhões de pessoas em países como feijão, que recobrem satisfatoriamente o
subdesenvolvidos, principalmente na África. Embora solo, técnica que garante o equilíbrio orgânico
a produção de alimentos tenha aumentado conside- do solo, além de evitar a erosão.
ravelmente, o problema da fome em escala mundial
ainda não foi resolvido. Além disso, como resultado PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA, COMÉRCIO
da revolução agrícola, enfrenta-se, atualmente, uma MUNDIAL DE ALIMENTOS, A QUESTÃO DA FOME,
série de desequilíbrios no meio ambiente. GLOBALIZAÇÃO E CIRCULAÇÃO

Poluição com Agrotóxicos Os Fluxos Financeiros

O plantio padronizado de apenas uma espécie em A dinâmica do mundo globalizado proporciona


grandes terras vem causando problemas nas cadeias ali- uma maior circulação de capitais e, consequentemen-
mentares, o que favorece a proliferação de insetos que se te, uma maior ocorrência de atividades financeiras,
tornam pragas pela falta de seus predadores naturais. Um como a compra e venda de títulos e ações de grandes
exemplo dessa padronização são os “cinturões” (belts) empresas. Essa nova dinâmica relacionada à circula-
norte-americanos, como os de algodão, milho e trigo. ção de capitais só foi possível por conta do desenvol-
Para tentar controlar as pragas, usa-se massiva- vimento tecnológico dos meios de comunicação que
mente agrotóxicos, o que leva, pela seleção natural, ao promovem uma maior integração entre os fluxos e os
surgimento de linhagens resistentes, pois só se repro- fixos do mundo globalizado.
duzem os insetos imunes ao veneno, o que requer Essa situação permite que milhões de dólares
venenos ainda mais potentes. sejam movimentados nas relações entre países e
Essa situação, além de prejudicar as pessoas que, entre empresas em um período de 24 horas. Essa
às vezes, sem proteção, aplicam esses venenos, causa movimentação de capitais, principalmente aqueles
transtornos a quem se alimenta de produtos produzidos relacionados às ações das empresas, ocorre nas bolsas
em solo contaminado. A contaminação e o empobreci- de valores espalhadas pelo mundo. Normalmente, a
mento dos solos são causados pelo uso desenfreado de localização da sede das bolsas de valores está em ter-
agrotóxicos, que impede a proliferação dos microrganis- ritórios luminosos do mundo globalizado.
mos que são fundamentais para a fertilidade da terra. Como exemplos desses territórios integrados de
forma intensa à globalização, pode-se citar Alemanha,
Erosão Estados Unidos, Japão, Inglaterra, França, Coreia do
Sul e China. Neles, estão as sedes ou filiais das gran-
Outro impacto sério causado pela agricultura é
des empresas transnacionais, de bancos e instituições
a erosão do solo, principalmente na zona tropical do
planeta. O desagregamento do solo, causado pelo seu financeiras.
revolvimento antes do cultivo, facilita o carregamento Transportes
dos minerais pela água da chuva. Um dos piores pro-
blemas enfrentados pela agricultura é a perda de muito Os meios de transporte têm papel de extrema
GEOGRAFIA

solo cultivável ano após ano, por conta da erosão. A for- importância no processo de desenvolvimento econô-
mação de novos solos (resultado do intemperismo das mico dos países e no crescimento das empresas, pois
rochas) é um processo lento, o que agrava o problema. são eles que dinamizam o escoamento e a circulação
de pessoas, mercadorias e objetos todos os dias.
z Combate à Erosão
O setor de transportes desenvolveu-se ao longo dos
Com o objetivo de anular, ou pelo menos minimi- séculos, de acordo com as demandas em questão. Des-
zar, os problemas causados pela erosão em áreas agrí- de a criação da máquina a vapor durante a Primeira
colas, foram desenvolvidas algumas técnicas: Revolução Industrial, o setor de transportes vem pas-
sando por profundas transformações. 191
As novas tecnologias implantadas no setor podem commodities passam por alterações de valor à medida
definir se o país ou região terá maior ou menor par- em que são transformadas e passam pelo processo de
cela de participação na dinâmica econômica e política industrialização.
do mundo. Para realizar o controle e a fiscalização nas rela-
Em países com dimensão continental, como é o ções comerciais entre as grandes nações e entre as
caso do Brasil, o modelo ideal seria o transporte fer- grandes empresas transnacionais, foram criados
roviário, devido ao seu custo de manutenção, e por órgãos supranacionais. No final da Segunda Guerra
conta do baixo nível de agressão ao meio ambiente. Mundial e início da Guerra Fria, criou-se o GATT (sigla
As trocas e os fluxos comerciais intercontinentais em inglês para Acordo Geral de Tarifas e Comércio).
ocorrem basicamente pelo transporte marítimo (para Seu principal objetivo era impedir que o protecionis-
cargas pesadas); para cargas leves e valiosas, além do mo econômico fosse colocado em prática e que hou-
transporte de passageiros entre longas distâncias, o vesse prejuízo para alguns países na ocorrência das
ideal é o transporte aeroviário. Para o transporte de relações comerciais.
cargas entre distâncias curtas, o mais indicado é o O GATT foi substituído em 1995 pela Organização
transporte rodoviário. Mundial do Comércio (OMC), com o mesmo papel da
Porém, a dinâmica do mundo globalizado traz organização anterior, porém com maior trabalho, pois
maior fluidez em seus sistemas de transporte, espe- os fluxos do mundo globalizado e o processo de mun-
dialização da produção industrial, juntamente com o
cialmente caso ocorra a implantação de eixos multi-
desenvolvimento do setor de transportes, deram nova
modais, com junção e ligação entre vários meios de
dinâmica às relações comerciais.
transporte em um determinado ponto.
Hoje, países da Ásia, como a China, passaram a
Os Fluxos de Informação ter uma parcela de contribuição no fluxo comercial
mundial; os chineses já possuem parceiros comerciais
São fatores determinantes de busca, seleção, tra- espalhados em todo o mundo, o que os coloca em con-
tamento, armazenamento, disseminação e uso do dição de vantagem perante outros países. Por conta
conjunto de informações necessárias para a ocor- do volume de negociações realizadas pelos chineses, a
rência dos processos organizacionais; resultam em OMC falha no seu principal objetivo: fiscalizar e regu-
conhecimento com valor agregado às necessidades e lar o comercio mundial.
demandas de diferentes processos e relações no mun- Através da formação dos blocos econômicos, a
do atual. dinâmica econômica regional em diversas partes do
globo ganhou bastante impulso e o multilateralismo
O Meio Técnico-Científico-Informacional comercial perdeu um pouco de força com a formação
e consolidação de vários blocos econômicos, tema que
O meio técnico-científico-informacional é repre- será abordado a seguir.
sentado pela atual fase na qual se encontra o sistema
capitalista de produção – o capitalismo financeiro glo- Blocos Econômicos
balizado, que provocou uma intensa transformação
do espaço geográfico. Esse processo tem relação dire- No mundo globalizado, os blocos econômicos con-
ta com a Terceira Revolução Industrial, que passou a solidaram-se como organismos supranacionais que
ser chamada de Revolução Científica Informacional; seriam responsáveis por conduzir as relações econô-
suas consequências ficaram mais visíveis a partir dos micas e comerciais na Nova Ordem Mundial.
anos 1970. Porém, o processo de surgimento de vários blocos
Esse processo permitiu a união entre técnica e econômicos deu-se pouco após o término da Segunda
ciência, conduzida pelo funcionamento do mercado Guerra Mundial; nos anos 1990, os blocos multiplica-
que, através dos avanços tecnológicos, realiza sua ram-se pelo mundo.
expansão consolidando o processo de globalização. Podemos conceituar bloco econômico como uma
Como exemplo dessa situação, em que as técnicas e forma de união entre países de uma mesma região
as ciências estão se integrando e interagindo, propi- ou não, visando fomentar o crescimento de suas eco-
ciando a expansão do capital, tem-se o processo de nomias e estabelecer políticas de integração a fim de
mundialização da tecnologia, que permite que sejam formar um mercado regional comum, estabelecendo
levadas possibilidades de acesso à internet a espaços facilidades tarifárias entre seus membros.
totalmente opacos no mundo globalizado. As associações de blocos econômicos podem pos-
suir várias estruturas organizacionais. Um exemplo é
a União Aduaneira, na qual ocorre a redução parcial
Comércio Mundial
ou total dos impostos nas relações comerciais entre
os membros do bloco. Também existem as zonas de
A dinâmica comercial cresceu de forma acelerada livre comércio, quando ocorre entre os países mem-
na segunda metade do século XX, pós Segunda Guerra bros o comércio com a eliminação total de tarifas
Mundial, com maior produtividade e facilidade para o entre os seus membros.
escoamento da produção através do desenvolvimento Outra forma de organização de bloco econômico
do setor de transportes. é o Mercado Comum, no qual os países membros
Houve uma maior produtividade do setor indus- usufruem de políticas igualitárias acerca da livre cir-
trial, o que consequentemente favoreceu o surgimen- culação de pessoas, capitais e mercadorias, e tarifas
to de uma nova Divisão Internacional do Trabalho externas diferenciadas para membros do bloco.
(DIT). Foi possível visualizar o crescimento de alguns A Zona de Preferência Tarifária é uma modali-
países que, até o fim da Velha Ordem Mundial (1945- dade de bloco econômico na qual as tarifas alfande-
1991), ocupavam o posto de países periféricos no gárias entre os países membros são fixadas de acordo
cenário capitalista mundial. com estratégias específicas. Por último, existe também
O aumento dos fluxos de mercadorias ainda é uma a União Econômica e Monetária ou União Política e
constante, porém é importante destacar o aumen- Monetária, na qual os países membros adotam uma
to também da circulação das commodities, bens pri- moeda única, ocorrendo também a implantação de
mários que possuem valor agregado menor que os um organismo supranacional para as questões políti-
192 produtos industrializados; entretanto, estas mesmas cas de forma permanente.
As etapas de integração econômica dizem res- Posteriormente, ocorreu a entrada da Venezuela;
peito à estruturação em que os bloco econômicos se outros países estão na condição de membros associa-
encontram e são adotadas como critérios para clas- dos (são países que tem vantagens comerciais, mas
sificação. A seguir, listaremos os exemplos do menor não as mesmas vantagens que os membros signatá-
nível de integração para o maior nível de integração rios, estabelecidas com a assinatura de acordos para
econômica. estimular suas economias e trocas comerciais) como
Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Guiana e Suriname.
z Mercado Comum: A liberdade de circulação não Existem também os membros observadores (paí-
se restringe apenas a produtos, mas se estende a ses que podem acompanhar as reuniões do bloco, o
outros agentes do mercado, como serviços, capi- andamento das negociações, mas não têm direito de
tal e pessoas. O estabelecimento de um Mercado voto): México e Nova Zelândia. Em 1994, o bloco pas-
Comum visa diminuir (sucessivamente, por meio sou por uma reestruturação e deixou de ser um mer-
de políticas) as barreiras físicas, técnicas e fiscais cado comum, passando a ser uma União Aduaneira,
entre seus países-membros, possibilitando o forta- com o estabelecimento de uma Tarifa Externa Comum
lecimento regional e integral entre eles. (TEC) que determina os valores das tarifas cobradas
nas importações e exportações dos países intrabloco
Um exemplo de mercado comum é a União Europeia. e extrabloco.
Em 2018, as negociações entre os países fundado-
z União Aduaneira: Na União Aduaneira, são fixa- res totalizaram US$ 44 bi, valor equivalente a quase
das as mesmas taxas de importação e exportação dez vezes as trocas comerciais realizadas em 1991,
para qualquer país do grupo. Isso significa que um ano em que o bloco foi oficializado.
país externo compra e vende produtos para os paí-
ses de uma União Aduaneira como se eles fossem z União Europeia: Foi efetivada em 1992, por meio
(ao menos para fins comerciais) um mesmo país. da assinatura do Tratado de Maastricht, e é forma-
da por vinte e sete países europeus. É o maior blo-
Um exemplo de bloco econômico de união adua- co do mundo em número de membros, volume de
neira é o Mercosul. vendas e PIB.

z Área de Livre Comércio: As Áreas de Livre Co- Seu processo de formação teve início ainda nos
mércio avançam nas medidas de protecionismo anos 1940, logo após o término da Segunda Guerra
comercial dos países-membros, criando isenções Mundial, quando se formou o Benelux, formado ape-
tarifárias para produtos estratégicos. Assim, esses nas por Bélgica, Holanda e Luxemburgo. Assim, o
bens passam a ser comercializados como produtos bloco passou por várias etapas de integração e assina-
nacionais, não como bens importados. turas de acordos até chegar no estágio atual.
A União Europeia passou por uma grave crise no
Nesse tipo de acordo, os produtos são isentos de ano de 2010, provocada por um descontrole nas con-
taxas para circulação dentro do bloco, mas os paí- tas públicas de alguns de seus membros, com desta-
ses-membros ainda têm autonomia para criar taxas que para a situação caótica dos gregos.
externas diferenciadas para países que estão fora do Recentemente, passou pela turbulenta saída de
bloco, viabilizando a integração regional entre eles, um de seus principais membros, a Grã-Bretanha. O
sem influenciar suas políticas alfandegárias externas. Brexit (nome dado ao processo de saída da Grã-Bre-
Um dos exemplos de bloco econômico de Área tanha) teve início em 2016 e só se finalizou em 2020,
de Livre Comércio é o United States-Mexico-Canada ficando, porém, com decisões e impasses a serem ain-
Agreement (USMCA), firmado em 2018 para dar conti- da resolvidos.
nuidade à manutenção do NAFTA.
z USMCA: Esse novo acordo entre os três países da
z União Política, Econômica e Monetária: Conser- América do Norte foi criado em 2018 em substi-
va as características dos demais blocos econômicos, tuição ao Acordo de Livre Comércio da América
indo além em sua integração, cujas características do Norte (na sigla em inglês, NAFTA). A proposta
incluem a adoção de uma moeda comum para feita pelos Estados Unidos (principal economia do
todos os países-membros e a organização suprana- bloco) demorou a ser aceita pelos outros membros
(Canadá e México).
cional permanente, com representantes de todos
os países membros.
Esse bloco caracteriza-se como área de livre
comércio, com destaque para a produção automobi-
Assim, além da livre circulação de produtos, do
lística, eletrônicos e algumas atividades do setor pri-
estabelecimento de um mercado comum e da livre mário, como o mercado lácteo do Canadá.
circulação de pessoas, a União Econômica, Política e
Monetária estabelece a abordagem de políticas econô-
z Outros blocos: Com menor expressividade, pode-
micas comuns para todo o bloco. -se destacar, na Ásia, a Associação de Nações do
Um exemplo de União Econômica, Política e Mone- Sudeste Asiático (ASEAN). Há, ainda, a Alian-
tária é a União Europeia, considerado o bloco econô- ça do Transpacífico, também asiática, mas com
mico de maior integração do mundo. a presença de países de outros continentes, que
GEOGRAFIA

Veja a seguir quais são os principais blocos econô- acabou reformulada e transformada em Parceria
micos do mundo: Econômica Regional Abrangente (na sigla em
inglês, RCEP), tornando-se o maior bloco comercial
z Mercosul: O Mercado Comum do Sul é conside- do mundo, tendo vista que a China está nele.
rado o principal bloco econômico do hemisfério
sul. Foi fundado em 1991 através da assinatura Na África, temos a Comunidade para o Desenvol-
do Tratado de Assunção, e tem como seus princi- vimento da África Austral (SADC); na América do
pais membros (signatários – fundadores) Brasil, Sul temos a Comunidade Andina, formada por paí-
Argentina, Uruguai e Paraguai. ses andinos. 193
É importante também destacar a formação da DIVISÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO (DIT) E
associação comercial dos países emergentes da eco- AS TROCAS DESIGUAIS, NAÇÃO E TERRITÓRIO,
nomia mundial, no início deste século, denominada ESTADOS TERRITORIAIS E ESTADOS NACIONAIS
BRICS: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, que
estabeleceram importantes parcerias comerciais por A Organização do Estado Nacional e Poder Global
vários anos. Porém, nos últimos anos, as relações têm
se enfraquecido. O termo poder pode ser definido como “o direito
ou a capacidade de decidir, agir e ter voz de mando;
Os Conflitos Étnicos e Migrações Internacionais autoridade”, ou ainda “a supremacia em dirigir e
governar ações de outrem pela imposição da obediên-
Questões religiosas e ambientais, disputas territo- cia, domínio, influência”.
riais, governos ditatoriais, dentre outras causas, são Esses conceitos são elucidativos, mas de que forma
fatores que proporcionam a ocorrência de conflitos ao essas relações de poder se aplicam à geopolítica mun-
redor de todo o mundo. dial? Para a compreensão desses processos, é necessá-
O mundo globalizado, iniciado após o término da rio entender o significado de Ordem Mundial: forma
Guerra Fria e da Velha Ordem Mundial, provocou a de equilíbrio de poder existente no cenário interna-
intensificação do choque de civilizações, aumentando cional, mundial, global, em determinado momento e
assim a ocorrência de conflitos em diversas partes do período histórico da humanidade. É comum que essa
mundo.
forma de equilíbrio de poder encontre-se atrelada
Os continentes africano e asiático foram palco dos
a momentos específicos; o crescimento econômico,
mais violentos conflitos ocorridos no pós Segunda
as disputas políticas e/ou comerciais e até mesmo os
Guerra Mundial. Como destaque, pode-se citar:
períodos de instabilidade diplomática podem alterar
z A disputa entre judeus e palestinos pela Terra San- a ordem vigente.
ta no Oriente Médio; O conceito de Ordem Mundial é contestado por
z O conflito entre chineses, indianos e paquistaneses vários estudiosos, bem como por diplomatas e espe-
pela região da Caxemira; cialistas em política internacional (como o ex-secre-
z A instabilidade política nas nações africanas, com tário estadunidense Henry Kissinger), que acreditam
a ocorrência de guerras constantes por grupos que o mundo, no atual momento, esteja passando por
rivais disputando poder; uma desordem. Segundo Kissinger, a comunidade
z A luta contra regimes políticos autoritários, como internacional não possui e não apresenta, de manei-
a Primavera Árabe, ocorrida há 10 anos em países ra objetiva, um conjunto de metas, métodos e limites.
do norte da África e do Oriente Médio – suas popu- Ainda de acordo com Kissinger, existe a necessidade
lações reivindicavam maior democracia, o que de construir uma ordem capaz de equilibrar os dese-
desencadeou uma onda de protestos que levou a jos conflitantes das nações, que são divididas em dois
uma guerra civil, como é o caso da Síria, além de grupos:
uma crise humanitária em países como o Iêmen.
Potências ocidentais que Potências emergentes que
A ocorrência desses conflitos provoca desloca- estabeleceram as regras não aceitam essas regras,
mentos populacionais em massa, e nem sempre as vigentes, como os Estados com destaque para China,
pessoas que estão migrando fugindo de áreas de con- Unidos Rússia e Mundo Islâmico
flitos realizam esse processo em condições dignas.
Por exemplo: a guerra da Síria, que ocorre como um
dos desdobramentos da mal sucedida Primavera Ára- A Nova Ordem Mundial
be, já provocou o deslocamento forçado de mais de
22 milhões de pessoas, além dos deslocamentos que O processo de desintegração da União das Repúbli-
ocorrem por conta das guerras civis e disputas de cas Socialistas Soviéticas (URSS), com seus consequen-
poder no continente africano. tes enfraquecimento e desorganização políticos, foi
O principal destino dos refugiados de guerra des- responsável por determinar a formação de uma Nova
tas regiões é a Europa, que nos últimos anos vem ado- Ordem Mundial.
tando políticas mais rígidas de controle da entrada de O processo de independência dos países que for-
imigrantes oriundos das regiões citadas acima. mavam a antiga URSS e a posterior formação da
A passagem para a Europa ocorre através da tra- Comunidade dos Estados Independentes (CEI), bloco
vessia do Mar Mediterrâneo, que se tornou uma das que a Rússia (maior república soviética) criou para
mais mortais rotas de imigração do planeta, não pela manter o domínio ou pelo menos a influência sobre
distância entre os continentes, mas por conta das pés-
os países do leste europeu, foram responsáveis por
simas condições nas quais os imigrantes realizam a
colocar um final na ordem bipolar e na Guerra Fria.
travessia. Nos últimos seis anos, morreram mais de 20
A partir de 1991, começou a ocorrer a abertura
mil pessoas.
Não somente países dessas regiões estão na rota de novos horizontes geopolíticos e econômicos, que
das migrações internacionais. Mesmo não havendo deram início à ordem mundial multipolar – a partir
nenhum tipo de conflito entre Estados Unidos e Méxi- de então, não existe mais o socialismo enquanto siste-
co, a fronteira entre os dois países é vigiada tensa e ma socioeconômico, e o capitalismo passa a ter vários
permanentemente. Pessoas oriundas do Triângulo polos de influência, o que caracteriza a Nova Ordem
Norte da América Central, principalmente de Hondu- Mundial.
ras, Haiti e Guatemala, entram no território mexicano De maneira diferente do que ocorreu durante
com o objetivo de chegar no território norte-america- a Ordem Bipolar, as potências do novo mundo mul-
no; porém, quando chegam na fronteira entre os dois tipolar são os países que detêm poderio econômico,
países, o sonho de muitas pessoas por melhores condi- embora não haja como deixar de lado, no aspecto geo-
194 ções de vida é encerrado. político, o poder bélico dos Estados Unidos.
Em relação à questão econômica, os países con- O economista previa a fome em consequência da
siderados no cenário atual como novos “polos de falta de alimentos para abastecer as necessidades de
poder”, além dos Estados Unidos, são também Japão, consumo do planeta. Por ser um pastor anglicano,
os países que formam a União Europeia, e a China – contrário aos métodos anticoncepcionais, propunha
em um contexto mais recente, principalmente a partir que as famílias só tivessem filhos se possuíssem terras
do início dos anos 2000. Porém, é necessário destacar cultiváveis para poder alimentá-los.
também nesse cenário de Nova Ordem Mundial o Ele não levou em conta o progresso técnico na
papel da Rússia, que passou a exercer influência após agricultura, por meio do qual uma área que, hoje, pro-
um longo período de sucessivas crises econômicas. A
duz X¹ de gêneros agrícolas poderia, daqui a alguns
quantidade de atores nesse novo cenário geopolítico
anos, produzir X² ou X³, desde que se modernizem as
mundial demonstra que a Nova Ordem Mundial ainda
está em processo de formação. técnicas de plantio.
O mundo multipolarizado se apresentou com Numa reunião de cientistas, realizada em 1952,
maior processo de integração entre os países graças calculou-se que a capacidade de produção era capaz
ao fenômeno da globalização internacional. Nos dias de satisfazer as necessidades de 13,5 bilhões de pes-
atuais, ocorre entre as várias nações do mundo um soas. No entanto, em 1974, em outro congresso cien-
constante processo de cooperação e uma maior inter- tífico, chegou-se à conclusão de que, com a aplicação
dependência que pode ser facilmente percebida no dos recursos técnicos existentes, poderiam viver tran-
aspecto econômico (assim como na questão política), quilamente na terra cerca de 30 bilhões de pessoas.
o que fica evidente através da formação de mercados É evidente que o espaço territorial do nosso plane-
regionais, mundialmente conhecidos como blocos ta possui um limite e, por isso, o crescimento popula-
econômicos. cional não poderá ser elevado eternamente. Todavia
Assim, a velha divisão do mundo em Leste (socia- esse limite depende menos do número de pessoas que
lista) e Oeste (capitalista) deu lugar a uma nova for- da forma mais ou menos racional com que se produz
ma de regionalização, representada pelos países do e do que é produzido.
Norte (ricos) e os países do Sul (pobres), que mesmo
com diferenças socioeconômicas e estruturais, ainda
promovem um processo de integração e interdepen- z Teoria Neomalthusiana
dência internacional.
Em 1945, após a 2ª Guerra Mundial, em São Fran-
Fronteiras Estratégicas cisco EUA, os neomalthusianos, preocupados com o
“excesso de gente” na terra, defenderam uma política
São alternativas de expansão de negócios para as de controle, em especial para os países subdesenvolvi-
empresas, sem preocupar-se com dificuldades das dos, baseada em dois argumentos:
fronteiras geográficas. As fronteiras são cortes, limi-
tes, que impedem o desenvolvimento em harmonia, „ Um rápido crescimento populacional seria
e são de grande importância para a compreensão um obstáculo ao desenvolvimento econômico
do processo de globalização e sobre como ela não é e, portanto, à melhoria das condições de vida
homogênea. Assim, os limites são relativamente fle- da população. Até porque grande parte des-
xíveis conforme os interesses econômicos e políticos ses investimentos são direcionados, obrigato-
daqueles que estão envolvidos no processo. riamente, aos atendimentos sociais dos novos
contingentes populacionais que surgem a cada
ano;
„ Existem áreas superpovoadas nas quais os
O ESPAÇO HUMANO problemas de fome, miséria e pobreza esta-
riam diretamente ligados às elevadas taxas de
DEMOGRAFIA natalidade.

Teorias Demográficas As mazelas sociais existentes nos países subdesen-


volvidos têm raízes bem mais profundas que as gera-
A questão do crescimento demográfico acelerado das pelo crescimento demográfico acelerado. Neste
tem sido um dos assuntos mais polêmicos no campo sentido, acobertar os efeitos devastadores dos baixos
das ciências humanas. Entre os fatos que determina- salários e das péssimas condições de vida que vigoram
ram o acirramento dessas controvérsias, especialmen- nos países subdesenvolvidos a partir de um argumento
te no século XIX, está a publicação, em 1798, de uma demográfico ou, ainda, dizer que os países subdesen-
das mais célebres obras sobre o assunto: “Ensaio sobre volvidos desviaram dinheiro do setor produtivo para
o princípio da população”, de autoria do pastor anglica- os investimentos sociais é, no mínimo, hipocrisia.
no e economista inglês Thomas Robert Malthus.
z Teoria Reformista
z Teoria de Malthus
Os estudiosos desta teoria defendem a ideia de que
Em 1798, Malthus publicou uma teoria demográfi- os miseráveis não são responsáveis por sua miséria,
GEOGRAFIA

ca, apresentando, basicamente, dois postulados, quais por terem muitos filhos, como querem demonstrar
sejam: os neomalthusianos. Para eles, a origem da miséria,
nos países subdesenvolvidos, tem raízes históricas na
„ O crescimento da população em progressão política social e econômica direcionada para atender
geométrica – PG, o qual era duplicado a cada à maioria da população. Neste sentido, a miséria não
25 anos; seria um fenômeno decorrente da falta de recursos
„ O crescimento da produção de alimentos em financeiros, mas, sim, de fatores estruturais crônicos,
progressão aritmética – PA. como a distribuição desigual da renda interna. 195
O que dever ser controlado não é a natalidade, saúde, entre outros fatores. Portanto, o número de
mas o consumismo supérfluo. habitantes do mundo continua aumentando, porém
em um ritmo menos acelerado que em outros momen-
Estrutura da População tos da nossa história.
De acordo com dados divulgados, em 2021, pelo
A população da Terra está distribuída de forma Fundo de População das Nações Unidas (FNUAP), a
irregular pelo globo. Ocorrem maiores concentrações população mundial é de 7,874 bilhões de habitantes.
populacionais em algumas regiões e vazios demográ- Segundo as estimativas da Organização das Nações
ficos em outras. Fatores naturais, como o relevo, o cli- Unidas (ONU), a população total do planeta atingirá
ma, a vegetação e os rios contribuem para que ocorra a marca de 9 bilhões de habitantes em 2050, ou seja,
essa distribuição desigual dos grupos humanos pelos haverá um acréscimo de pouco mais de 1,2 bilhão de
territórios. habitantes, elevando a taxa de crescimento de 0,33%
As regiões que oferecem as melhores condições de ao ano.
ocupação pelo homem são denominadas ecúmenas. Vale ressaltar que o aumento populacional ocor-
Os vazios demográficos chamamos de regiões ane- re de maneiras diferentes em cada um dos continen-
cúmenas, isto é, a ocupação humana se torna mais tes do planeta. No continente africano, por exemplo,
difícil. registram-se índices de crescimento populacional em
As regiões de montanhas, as regiões polares e as torno de 2,3% ao ano. Já a Europa, por sua vez, apre-
áreas de desertos são as que mais dificultam o pro- senta taxa de 0,1% ao ano. A taxa de crescimento na
cesso de ocupação humana, sendo bons exemplos de América e na Ásia gira em torno de 1,1% ao ano e, na
regiões anecúmenas. No entanto, existem algumas Oceania, 1,3% ao ano.
regiões na Terra nas quais as densidades demográ-
ficas são elevadas, causando problemas por falta de Transição Demográfica
espaço. É o caso da Ásia, em especial as porções sul,
leste e sudeste do continente. Nessas áreas, estão con- O processo de transição demográfica faz parte
centradas mais da metade da população do globo e, de estudos realizados pelo demógrafo estaduniden-
por isso, essa região é denominada um “formigueiro se Frank Notestein, durante a primeira metade do
humano”. século XX. O estudioso pretendia confrontar, através
Pela distribuição da população nos continentes, de números e dados, a teoria malthusiana, que, como
notamos que a Ásia é o continente mais populoso, com vimos, afirmava que o crescimento demográfico mun-
59% do total mundial. Além disso, é, também, o conti- dial ocorria em ritmo exponencial, através de pro-
nente mais povoado, com quase 80 habitantes/km² de gressão geométrica (P.G).
densidade demográfica. Na transição demográfica, é possível verificar que
A Oceania é o continente menos populoso e menos existem tendências que comprovam que as popula-
povoado. A Antártida é o continente não habitado ções, em diferentes espaços e diferentes momentos
(despovoado). Já a Europa vem passando por um pro- históricos, tendem a crescer de acordo com ques-
cesso de redução da sua população, por conta das bai- tões e ciclos que se intensificam, alcançando o auge
xas taxas de natalidade. A população do continente e, depois, passam por um processo de redução pelos
africano, por sua vez, vem passando por um processo mais variados motivos.
de crescimento nas últimas décadas. A teoria da transição demográfica afirma que o
crescimento populacional não é um processo único e
Crescimento Demográfico constante, podendo ocorrer variações de acordo com o
período histórico e as condições socioeconômicas dos
O crescimento demográfico no mundo é carac- locais. Afirma-se que a tendência é de que ocorra uma
terizado pelo aumento do número de habitantes no estabilização em relação ao crescimento demográfico,
planeta. Esse fenômeno é consequência do crescimen- por conta das sucessivas alterações nas taxas de nata-
to vegetativo ou crescimento natural da população, lidade e mortalidade. As principais consequências do
resultado do saldo entre as taxas de natalidade (nas- processo de transição demográfica são o aumento na
cimentos) e de mortalidade (mortes). Quando as taxas expectativa de vida, o envelhecimento populacional e
de natalidade são superiores às taxas de mortalidade, a redução nas taxas de natalidade.
ocorre um crescimento vegetativo positivo, caso con-
trário, o crescimento vegetativo é negativo – as taxas As migrações Populacionais no Mundo
de mortalidade maiores que as taxas de natalidade.
As taxas de crescimento da população no mundo Segundo a ONU, migração é uma forma de mobili-
intensificaram-se apenas no final do século XVII e dade espacial entre uma unidade geográfica e outra.
início do século XVIII, já que, antes desse período, a Há tipos diferenciados de movimentos populacio-
expectativa de vida era muito baixa, fato que aumen- nais. Vejamos:
tava as taxas de mortalidade. Em 1930, a população
da Terra já era superior a 2 bilhões de pessoas e, em z Espontâneos: quando o movimento é livre;
1960, atingiu o número de 3 bilhões de pessoas, com z Forçados: correspondem aos deslocamentos que
são realizados involuntariamente, como nos casos
as taxas de crescimento médio populacional de 2% ao
de escravidão, de perseguição religiosa, étnica ou
ano. Durante a década de 1980, a população mundial
política e de guerras;
ultrapassou a marca de 5 bilhões de pessoas.
z Controlados: quando o Estado controla, numerica-
Atualmente, a taxa de crescimento da população
mente ou ideologicamente, a entrada de imigrantes.
mundial é menor que de 1% ao ano e é considerada
baixa. No entanto, a expectativa de vida está aumen-
Com relação às migrações externas, pode-se citar
tando em virtude de avanços na medicina, melhorias
dois tipos:
196 no saneamento básico, maiores investimentos na
z Migração intercontinental; O processo de urbanização ocorreu essencialmen-
z Migração intracontinental. te pelo deslocamento de pessoas oriundas das zonas
rurais em direção às cidades. Esse fenômeno é carac-
A cada dia, cresce o número de imigrantes no terizado pela aglomeração de pessoas em uma área
mundo. Esse fenômeno nunca afetou tantas pessoas delimitada, pela atividade produtiva – a qual deixa de
e tantos países na história da humanidade. As reper- ser agrícola para se tornar industrial e comercial – e
cussões tornam-se cada vez mais complexas, princi- também pela realização de prestação de serviços.
palmente, nos planos político e econômico. Esse processo não sucedeu simultaneamente no
No plano internacional, o principal motivo das mundo, haja vista que os países industrializados já
migrações é o econômico, que decorre das diferen- haviam atravessado esse período. No caso dos países
ças existentes entre os crescimentos econômico e em desenvolvimento e de industrialização tardia, o
crescimento urbano acontece, atualmente, de forma
populacional. O deslocamento humano, nesse caso,
acelerada e desordenada. A falta de planejamento
está relacionado à busca de oportunidades de traba-
urbano tem favorecido a proliferação de graves pro-
lho e de melhores condições de vida.
blemas, tais como a favelização, a falta de infraestrutu-
Os países ou regiões que apresentam um cresci-
ra, a violência, a poluição (em todas as modalidades),
mento populacional superior às suas capacidades de o desemprego e muitos outros.
crescimento econômico costumam apresentar o fenô- Os índices de pessoas que vivem em cidades osci-
meno da emigração. Já os países ou regiões em que o lam de acordo com o continente, país e áreas internas.
crescimento econômico é superior ao populacional, o A África, por exemplo, possui 38% de seus habitantes
movimento é inverso. vivendo em cidades; na Ásia, são 39,8%; na América
Os EUA e a Alemanha, por exemplo, são os países Latina, 77,4%; na América do Norte, 80,7%; na Euro-
desenvolvidos que mais recebem imigrantes de acor- pa, 72,2% e, na Oceania, 70,8%.
do com a ONU. Em 1997, os dois países, juntos, recebe- Em outra abordagem, tomando como princípio os
ram 1,4 milhões de pessoas, seguidos por Japão, Reino países ricos e pobres, existe uma enorme disparidade
Unido e Canadá. quanto ao percentual de população urbana e rural. Na
A ONU calcula que mais de 2% da população Bélgica, por exemplo, 97% das pessoas vivem em cen-
mundial vive longe de seu país de origem. Entre tros urbanos, enquanto que, em Ruanda, esse índice
refugiados, imigrantes legais e ilegais, são, no total, cai para 17%.
175 milhões de pessoas que deixaram a terra natal. O fenômeno da urbanização produziu cidades cujo
Em sua maioria, chegaram ao país de destino por número de habitantes supera os 10 milhões. Essas rece-
canais estritamente regulamentados, sobretudo aos bem o nome de megacidades ou megalópoles, como,
países ocidentais. Os refugiados representam de 20 por exemplo, Tóquio (Japão), com 35,2 milhões de habi-
a 25% deste total. Os demais são, primordialmente, tantes; Cidade do México (México), com 19,4 milhões;
pessoas que se reuniram a um ou vários membros de Nova Iorque (Estados Unidos), com 18,7 milhões e mais
suas famílias ou trabalhadores temporários em situa- tantas outras cidades espalhadas pelo mundo.
ção irregular. A taxa anual do crescimento da popula-
ção migrante, que era de 1,2% entre 1965 a 1975, hoje, Espaço Urbano e Problemas Urbanos
atinge 2,6% no período de 1985 a 1995 segundo a ONU.
As migrações internacionais adquiriram dimen- O processo de urbanização ocorreu de forma
são mundial. Em consequência disso, atualmente, é desigual em todo o mundo. O fenômeno ocorre, pri-
essencial fazer um balanço da magnitude e do signifi- meiro, nos chamados “países centrais”, mesmo com
cado desse fenômeno. Se, por um lado, para os países evidências de que as civilizações mais antigas tam-
do Hemisfério Sul, essas migrações são sumamente bém apresentaram um processo de formação de espa-
importantes, na medida em que dependem cada vez ço urbano. Nos países periféricos, os quais foram, em
mais delas, por outro, os países do Hemisfério Norte sua maioria, colonizados, o processo de urbanização
adotam medidas que convergem para um maior con- ocorreu de forma tardia, em meados do século XX, o
trole da imigração e desembocam na exclusão. qual acompanhou as revoluções industriais tardias
dos países pobres.
Nos dois grupos de países, o processo de urbaniza-
URBANIZAÇÃO
ção está ligado ao processo de industrialização e, no
caso dos países periféricos, a urbanização acelerada
Processo de Urbanização e desigual veio acompanhada de problemas sociais,
estruturais, econômicos, dentre outros. Esses proble-
Nem sempre o homem habitou em cidades. Os mas, que ocorrem nos espaços urbanos, estão ligados
primeiros habitantes eram nômades, portanto, não não somente à questão da falta de planejamento, mas
tinham residência fixa e viviam da caça, pesca e cole- também do processo de desigualdade socioeconômica
ta. Posteriormente, deixaram essa condição para se presente nas cidades em âmbito mundial.
tornarem produtores. A partir de então, o homem foi Os problemas estruturais, a desigualdade socioeco-
se aglomerando em centros urbanos e desenvolvendo nômica, violência urbana, segregação socioespacial, o
atividades econômicas. inchaço das cidades, a macrocefalia urbana, preca-
Sendo assim, o processo de urbanização tem duas riedade de serviços públicos, como saúde, educação
fases marcantes. A primeira ocorreu com a Revolu- e transporte público, falta de mobilidade nos grandes
GEOGRAFIA

ção Industrial, no fim do século XVIII, que provocou centros urbanos está entre os problemas decorrentes
uma enorme migração (pessoas que habitavam áreas desse processo desestruturado.
rurais saíram rumo às cidades). Cabe ressaltar que
isso aconteceu somente nos países envolvidos na Principais Indicadores Socioeconômicos
Revolução e, não, em escala planetária. A segunda
aconteceu após a 2ª Guerra Mundial, época em que Para compreender a realidade socioeconômica das
houve êxodo rural em massa, desencadeado pelo fas- populações e dos países ao redor do mundo, foram
cínio urbano, pela busca por melhores condições de criados, ao longo dos tempos, importantes indicado-
vida e oportunidades de estudo e trabalho. res socioeconômicos, a saber: 197
z PIB (Produto Interno Bruto): Corresponde à soma FORMAÇÃO TERRITORIAL DO BRASIL
das rendas internas e das riquezas produzidas em
um determinado local e em um espaço de tempo Para compreendermos como se estruturou e se
estabelecido; organizou a formação e consolidação do território bra-
z PNB (Produto Nacional Bruto): É o resultado da sileiro, é necessário analisar e entender os principais
soma do PIB com a renda que chega do exterior, acordos e tratados internacionais que foram firmados
subtraído da renda que vai para fora do país; com o objetivo de definir bases do nosso território.
z PPC (Paridade de Poder de Compra): Serve para A base da fronteira política de uma nação ou país
avaliar o valor da moeda local, bem como o custo se estrutura em três importantes fases: a definição,
de vida (normalmente essa comparação é realiza- por meio de acordos; a delimitação, em que se tem
da com o dólar); o reforço cartográfico das linhas de limites definidas
z Índice de Gini: É o cálculo que mede a concentra- em um mapa e a demarcação, a qual são definidos os
ção de riquezas de um país cujo resultado varia marcos fronteiriços por meio de acidentes geográficos
entre 0 (menor concentração de renda) e 1 (maior – rios, montanhas, serras etc.
concentração de renda); Veremos agora os principais tratados que contri-
buíram para a formação e a construção territorial do
z Renda per capita: Compreende à renda por pessoa,
Brasil, sendo eles:
que é dada pela razão entre o PIB e a população;
z IDH (Índice de Desenvolvimento Humano): Estu-
da a qualidade de vida das populações e é estabele- z Tratado de Tordesilhas (1494): No decorrer do
cido através do estudo de três situações – renda per século XV, o processo conhecido como Expansão
capita, expectativa de vida e nível de escolaridade. Marítima Comercial Europeia ou Grandes Navega-
O IDH varia entre 0 e 1, sendo que, quanto mais ções conduziu duas nações da Europa – Portugal e
Espanha – a uma série de disputas por territórios
próximo a zero, piores são as condições de vida
na América, que havia sido descoberta por Cris-
das populações e, quanto mais próximo a 1 (um),
tóvão Colombo em 1492. Dessa forma, a partir de
melhores são as condições de vida das populações.
1494, foi assinado o Tratado de Tordesilhas, que
estabelecia uma divisão das terras entre as duas
II - GEOGRAFIA DO BRASIL potências: Essa divisão foi traçada por uma linha
imaginária meridional com uma distância total de
370 léguas de Cabo Verde, arquipélago localiza-
do no continente africano. Dessa forma, as terras
O ESPAÇO NATURAL localizadas a oeste da linha imaginária pertence-
riam à Espanha e as terras localizadas a leste per-
CARACTERÍSTICAS GERAIS DO TERRITÓRIO tenceriam a Portugal. Porém, com o avanço das
BRASILEIRO: POSIÇÃO GEOGRÁFICA atividades conhecidas como Entradas e Bandei-
ras ocorreu ocupação do interior do território por
conta das atividades econômicas que vinham se
O Brasil está localizado na porção centro-oriental
desenvolvendo e pelo fluxo de pessoas que se des-
na América do Sul e é o maior país em extensão territo-
locavam para estas áreas provocando o processo
rial do subcontinente. O território é cortado pela Linha
da interiorização, e assim os portugueses violaram
do Equador e pelo Trópico de Capricórnio, totalizando
os termos presentes no acordo, facilitando, por
uma área de 8.515.767 km2, sendo classificado como
exemplo, a construção de vilas, que no futuro ser-
um país de dimensões continentais, e dentre os países
viriam para o deslocamento da fronteira das terras
com maiores extensões territoriais do mundo, esse está
portuguesas para a direção oeste.
em quinto lugar, tratando de terras descontínuas, e em
quarto lugar, considerando terras contínuas.
ENTRADAS BANDEIRAS

Expedições organizadas As Bandeiras foram expe-


pela Coroa Portugue- dições realizadas entre os
sa, que antecederam as séculos XVI e XVII, financia-
Bandeiras e possuíam das por particulares, com
os seguintes objetivos: os objetivos semelhantes
explorar o território, au- ao da Entradas, sendo
xiliar no mapeamento do eles: realizar o processo
território brasileiro, esta- de ocupação do interior do
belecer novas áreas de país, capturar escravos que
currais para a criação de haviam fugidos e buscar
gado e novas terras para áreas que possuíam reser-
a prática da agricultura. vas de ouro, tendo vista
Posteriormente essas ati- que as primeiras expedi-
vidades passaram a ter ções com esse objetivo
objetivos variados, como foram realizadas logo após
por exemplo, conquistar a descoberta das primei-
territórios ocupados por ras minas de ouro em MG.
índios, capturar índios Vale lembrar que esse era
para o trabalho em lavou- o principal objetivo. Poste-
ras, mineração, captura de riormente os Bandeirantes
escravos refugiados, den- foram ocupando territórios
tre outros. no interior do país para bus-
car novas reservas desse
Fonte: https://pt.mapsofworld.com/brasil/. Acesso: 04 de Maio de mineral.
198 2021.
No mapa a seguir podemos observar os limites ter- ocupação foi conflituoso e, após diversos entraves, o
ritoriais definidos por meio da assinatura do Tratado governo brasileiro, na figura do Barão de Rio Branco,
de Tordesilhas: negociou a compra das terras que hoje correspondem
ao território do estado do Acre.
Foi decidido, então, o pagamento de uma indeniza-
ção de dois milhões de libras esterlinas e a construção de
uma saída para o Oceano Atlântico – a Ferrovia Madei-
ra-Mamoré, uma vez que país vizinho, Bolívia, havia
perdido para os Chilenos sua única saída para o mar.
A nova faixa pertencente ao território brasileiro
encontrava-se e ainda encontra-se distante dos princi-
pais centros econômicos e políticos do país. Logo após
a assinatura do acordo entre brasileiros e bolivianos,
a região passou a ser considerada um território fede-
ral, subordinado à administração localizada no Rio de
Janeiro. Dessa forma, no ano de 1962, o presidente João
Goulart homologou a lei que colocava o território do
Acre na condição de estado da federação, passando,
assim, a possuir administração própria e com seus res-
pectivos poderes: Executivo, Judiciário e Legislativo.

Fonte: Google Imagens. Limites e Fusos Horários

z Tratado de Madrid (1750): Visando definir novas O país possui 23.086 km de fronteiras. Destes,
fronteiras, Portugueses e Espanhóis realizaram 15.719 km são fronteiras terrestres, sendo que somen-
um novo acordo para entrar em vigor o princípio te dois países da América do Sul, sendo eles Chile e
do Uti Possidetis e a posse da terra seria garanti- Equador, não fazem fronteira com o Brasil. A costa
da para aquele que a ocupasse, critério adotado brasileira é banhada pelo Oceano Atlântico e constitui
para estabelecer novos limites territoriais. No um total de 7.367 km, indo do Cabo Orange ao Arroio
novo acordo, os Portugueses acabaram garantin- Chuí. O território brasileiro está localizado, em sua
do a posse das terras ocupadas além da linha de totalidade, no hemisfério ocidental. Por esse motivo
Tordesilhas Não obstante, ocorreu também a tro- os fusos horários presentes no território brasileiro
ca dos territórios de Sacramento pelos territórios estão atrasados em relação ao Meridiano de Greenwi-
de Sete Povos das Missões (territórios localizados ch, e por conta de o país possuir uma grande extensão
na região sul do país). Veremos um mapa a seguir territorial, os fusos horários no território brasileiro
para melhorar a compreensão do assunto: estão divididos em 4:

Fonte: https://www.coladaweb.com/historia-do-brasil/tratado-de-
madri. Acesso: 05 de Maio de 2021.

z Tratado de Petrópolis (1903): Durante o século


XIX ocorreram várias mudanças políticas em âmbi- Fonte: Brasil Escola.
to nacional, em especial a partir de 1822, quando o
Brasil se torna independente de Portugal. Após esse As linhas de longitude representadas no mapa
evento houve a consolidação do Império, período esboçam e demarcam o que chamamos de horário
que ocorreu uma forte centralização política, evi- real dos fusos, também conhecida como hora exa-
tando a fragmentação do território nacional. No ta, porém essa divisão não é seguida à risca, poden-
final do século XIX um importante ciclo econômico do causar alguns problemas, como por exemplo, em
desenvolveu-se na região Amazônica, sendo ele, o
GEOGRAFIA

determinadas localidades do território nacional com


Ciclo da Borracha, o qual motivou a migração de dois fusos divergentes de forma simultânea. Toda-
milhares de pessoas para a região que vislumbra- via, o modelo de fusos horários adotado no Brasil é o
vam por meio da exploração do látex, procurando conhecido como Hora Legal.
uma forma de fazer fortuna e ter uma vida melhor. De acordo com a representação no mapa, o pri-
meiro fuso horário está duas horas atrasadas em
Ao navegarem pela margem direita do Rio Amazo- relação ao Meridiano de Greenwich, e em relação à
nas, diversos grupos de seringueiros chegaram ao ter- Brasília (hora oficial do Brasil, este fuso está adianta-
ritório boliviano e ocuparam a região. O processo de do uma hora. Temos, então, localizado nesse fuso as 199
Ilhas Oceânicas que pertencem à Federação Brasilei- O território brasileiro é parte integrante da placa
ra, como por exemplo o arquipélago de Fernando de sul-americana. Esta, juntamente com as demais placas
Noronha e Penedos de São Pedro e São Paulo. tectônicas, constitui a crosta terrestre, invólucro rocho-
O segundo fuso horário presente no território bra- so do planeta com cerca de 30 quilômetros de espessura.
sileiro está três horas atrasado em relação ao Meridia- Material pastoso em estado de fusão genericamen-
no de Greenwich, é considerado como o horário oficial te chamado de magma.
de Brasília e corresponde às regiões Nordeste, Sudeste Ao flutuar sobre o magma, as placas tectônicas
e Sul, além de abranger também os estados de Goiás, frequentemente se chocam, provocando simultanea-
Tocantins, Pará e Amapá, bem como o Distrito Federal. mente terremotos e elevações montanhosas (dobra-
O terceiro fuso horário está atrasado uma hora em mentos modernos). Nessas áreas é comum surgirem
relação ao fuso de Brasília e quatro horas em relação vulcões, já que a presença das fendas que individuali-
ao Meridiano de Greenwich. Quando ocorre o horário zam as placas permite o extra vazamento do magma.
de verão, que está suspenso de acordo com o gover- Entretanto, nada disso ocorre no território bra-
no atual, a diferença desse fuso em relação à Brasília sileiro, que está localizado no centro da placa sul-a-
aumenta mais uma hora nos Estados que não adota- mericana. Longe da borda dessa placa, local que fica
vam o horário de verão, sendo eles: Roraima, Rondônia exposto a colisão com outras placas tectônicas, em
e o Amazonas. No entanto, os horários permaneciam nosso país raramente são registrados abalos sísmi-
iguais nos estados da região Centro-Oeste quais sejam cos ou vulcanismo atuante. Essa teoria pode ser com-
Mato Grosso e Mato Grosso do Sul – sendo que estes provada visualmente, pois no Brasil só ocorrem dois
adotam o horário especial que é o horário de verão. dos três tipos principais de estrutura geológica (escu-
Já o quarto e último fuso horário brasileiro está dos cristalinos, bacias sedimentares e dobramentos
atrasado duas horas em relação ao fuso oficial de modernos) encontradas na crosta terrestre:
Brasília e cinco horas atrasado em relação ao Meri-
diano de Greenwich. Por sua vez, quando o país esta- z Maciços antigos ou escudos cristalinos: é o emba-
va no horário especial, horário de verão, a diferença samento mais antigo da crosta terrestre. Formados
aumentava para três horas. Essa diferença estava pre- no período geológico Pré-cambriano, apresentam
sente em todo o território do estado do Acre e na por- rochas cristalinas magmáticas e metamórficas;
ção sudoeste do estado do Amazonas. No ano de 2008 z Bacias sedimentares: são formadas por rochas origi-
esse fuso foi extinto e a área que o abrangia passou a nárias da deposição de sedimentos nas concavidades
fazer parte do fuso -4, entretanto, no ano de 2013, em da crosta terrestre. Por isso, essas rochas recebem o
setembro, a extinção foi negada após a realização de nome de sedimentares, tendo sido formadas no Paleo-
um referendo que foi homologado em 2010. zóico, Mesozóico e Cenozóico a partir de sedimentos
transportados pelos agentes externos que modelam o
GEOMORFOLOGIA: ORIGEM E FORMAS relevo: as intempéries - chuva, vento, neve etc.

Transcorridos mais de cinco séculos desde o início Dobramentos Modernos


da colonização Portuguesa, o Brasil ainda guarda em
seu território uma impressionante diversidade de pai- Além desses dois tipos de relevo, há um terceiro:
sagens naturais, o que constitui inestimável tesouro. os Dobramentos Modernos ou Montanhas Jovens que
Montanhas recobertas por florestas tropicais, cam- constituem as maiores elevações da Terra, formadas
pos de gramíneas estendendo-se a perder de vista, no período Terciário da Era Cenozóica. Essas monta-
planícies inundáveis que abrigam a maior floresta nhas ocorrem nas áreas de contato entre placas tec-
equatorial do mundo e serras que abrigam grandes tônicas, que são também os locais mais vulneráveis a
extensões de pinheirais nativos, são alguns exemp1os pressão que ainda hoje e exercida pelas forças inter-
da exuberante natureza brasileira. nas oriundas do magma. Nessas áreas, costumam
No entanto, é preciso alertar que essas paisagens serem frequentes abalos sísmicos (terremotos) e ativi-
naturais, mais do que nunca, correm o risco de desa- dades vulcânicas (vulcões ativos).
parecer devido à incessante degradação imposta
pelo homem, que age destrutivamente na busca do As Bacias Sedimentares
lucro imediato.
Já sabemos que as rochas sedimentares são for-
Um dos maiores geógrafos brasileiros, o professor
madas por detritos dos mais variados tipos de rochas,
Aziz Nacib Ab’Saber, classificou as paisagens brasilei-
que foram submetidas ao intemperismo, processo
ras sob o ponto de vista morfoclimático, pois resultam
físico-químico responsável pela sua desagregação
da interação dos seguintes fenômenos naturais:
e transformação. Esses detritos, transportados pela
z Estrutura geológica e relevo; água, vento ou gelo, depositam-se nas grandes depres-
z Clima; sões da superfície terrestre, formando as bacias
z Formação vegetal; sedimentares.
z Rede hidrográfica. Durante a era Mesozóica, quando a bacia sedimen-
tar do Paraná estava sendo formada, ocorreu uma
intensa atividade vulcânica no território brasileiro,
Para que possamos compreender melhor as pai-
basicamente sob forma de imensos derrames de lava.
sagens morfoclimáticas identificadas pelo professor
Esses derrames vulcânicos formaram rochas basál-
Ab’Saber, bem como apontar algumas ameaças à sua
ticas, cuja decomposição originou a terra roxa, solo
existência, é necessário, antes, estudar cada um dos
elementos naturais que as compõem. extremamente fértil que determinou a vocação agro-
pecuária do oeste do estado de São Paulo e norte do
Estrutura Geológica e Relevo estado do Paraná.
A bacia sedimentar do Paraná também se destaca
Estrutura Geológica é a base de um território que pela ocorrência de outro magnífico recurso estratégico:
corresponde a sua composição rochosa. Já o Relevo é um imenso depósito de água potável. Trata-se do Aquí-
a forma apresentada pelo território aos nossos olhos: fero Guarani, um gigantesco lençol freático que ocupa
montanhas mais altas, montanhas rebaixadas, planícies uma área total de 1.200.000 km2, estendendo-se por ter-
200 e depressões. ras brasileiras e dos outros três países do Mercosul.
Os Escudos Cristalinos

Os afloramentos dos escudos cristalinos correspon-


dem a 36% do território brasileiro. São áreas ricas em
ocorrências minerais de grande valor comercial. Esses
minerais podem ser não-metálicos, como o granito e as
pedras preciosas, ou metálicas, como o ferro e a bauxita.
Os minerais metálicos são abundantes no Brasil.
Encontrados, principalmente, em rochas que se for-
maram durante a era Proterozóica, os mais importan-
tes são:

z O ferro, explorado principalmente no Quadriláte-


ro Ferrífero, em Minas Gerais, e na Serra dos Cara-
jás, no Pará;
z O manganês, cujas principais jazidas situam-se no
maciço de Urucum (MS) e na Serra do Navio (AP); a
extração, porém, é major em Conselheiro Lafaiette
(MG) e na Serra dos Carajás (PA);
z A bauxita, explorada no vale do rio Trombetas, no
Pará, e a cassiterita, principalmente em Rondônia
e Minas Gerais;
z O Brasil é também o nono produtor mundial de
ouro, encontrado principalmente em Minas Gerais,
explorado em minas profundas, e no Pará, onde
geralmente é extraído em garimpos clandestinos. I - Guiano
Planícies
II - Brasileiro
Impulsionada pelo Estado, a exploração desses A Amazônica
1 - Atlântico
e de outros minérios constituiu um dos pilares que B Costeira Planaltos
sustentaram o início do processo de industrialização, C Pantanal 2 - Meridional
nas décadas de 1940 e 1950. 0 marco dessa época foi a D Pampas ou
Planície Gaúcha 3 - Central
criação da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), em
Volta Redonda (RJ), em 1941.
Todavia, desde os anos 1950, tem crescido gradual- Nota-se, assim, que essa classificação não leva em
mente a participação do capital estrangeiro no setor, conta as cotas altimétricas do relevo, mas os aspectos
especialmente dos Estados Unidos, Inglaterra, Canadá, de sua modelagem, ou seja, a geomorfologia.
Alemanha e Japão. Exemplo disso é a atual política de
flexibilização dos monopólios estatais, que muitas vezes
resultou na privatização de empresas. Foi o caso da Com-
panhia Vale do Rio Doce (CVRD), privatizada em 1997.

CLASSIFICAÇÕES DO RELEVO

A classificação do relevo de Aroldo de Azevedo

Uma das mais antigas divisões do relevo foi feita


na década de 1940 pelo professor Aroldo de Azevedo
e serviu de base para todas as outras divisões feitas
posteriormente. Ao elaborar sua divisão, ele levou em
conta principalmente as diferenças de altitude.
Desse modo, as planícies foram classificadas como
as partes do relevo relativamente planas com altitu-
des inferiores a 200 metros. Por sua vez, os planaltos
foram considerados as formas de relevo levemente
onduladas, cujas altitudes superam 200 metros.
Essa classificação divide todo o território brasi-
leiro em planaltos, cuja área total ocupa 59% de toda
a superfície do país, e planícies, que ocupam os 41%
restantes.
Planaltos
A classificação do relevo de Aziz Ab’Saber
Planícies Das Guianas
Brasileiro
GEOGRAFIA

No final da década seguinte, em 1950, o profes-


sor Aziz Nacib Ab’Saber aperfeiçoou a divisão do Uruguaio-Rio-Grandense
professor Aroldo de Azevedo, introduzindo critérios
geomorfológicos, especialmente as noções de sedi-
mentação e de erosão. As áreas nas quais o processo
de erosão é mais intenso do que o de sedimentação
foram chamadas de planaltos. As áreas em que o
processo de sedimentação supera o de erosão foram
denominadas planícies. 201
Compare as duas classificações: Segundo pesquisas e dados científicos, o maior
desafio da humanidade no século XXI são as mudan-
AROLDO DE AZEVEDO ças climáticas e as questões ambientais. Essas mudan-
Planaltos ças ocorrem devido ao aumento da concentração dos
gases atmosféricos (gases produzidos pelas atividades
� Das Guianas humanas). O processo de aquecimento global afetará
� Brasileiro, subdividido em: os recursos naturais, o acesso à água, a produção de
� Atlântico alimentos, a saúde e o meio ambiente. A medida que a
� Central temperatura média do planeta aumenta, centenas de
� Meridional milhões de pessoas passam fome, sofrem com a escas-
Planícies sez de água e inundações costeiras.
Hoje, a economia mundial e a sociedade serão afe-
� Amazônica
tadas em níveis que ainda são desconhecidos. A análise
� Do Pantanal
dos impactos ambientais e das questões climáticas e suas
� Costeira
relações com a produção e o consumo (inclusive energia),
chega à conclusão de que a transição para uma “econo-
AZIZ AB’SABER mia de baixo carbono” é essencial para a humanidade.
Planaltos Embora o Brasil seja um dos países líderes na dis-
cussão sobre mudanças climáticas, por conta de sua
� Das Guianas, englobando a região serrana e o planalto matriz energética, pesquisas científicas, abundância de
Norte-Amazônico recursos naturais e outros motivos, o Brasil ainda não
� Brasileiro, subdividido em: está imune às consequências das mudanças climáticas.
� Central Ao formular a Política Nacional de Mudanças Cli-
� Meridional máticas e adotar compromissos nacionais voluntários
� Nordestino
para tomar ações de redução de emissões de gases de
� Serras e Planaltos do Leste e Sudeste
efeito estufa, é óbvio que irá reduzir suas emissões pro-
� Maranhão-Piauí
� Uruguaio-rio-grandense
jetadas em 36,1% a 38,9% até 2020. O país busca for-
mas de mitigar com eficácia as mudanças climáticas e
Planícies garantir o bem-estar de seus cidadãos ao longo prazo.
� Planícies e terras baixas amazônicas Os organismos ligados à questão ambiental no Bra-
� Planícies e terras baixas costeiras sil estão cientes da urgência e da relevância do tema
� Planície do Pantanal “mudanças climáticas”, e da importância da participação
do setor privado nos esforços para reduzir os gases de
efeito estufa e se adaptar às regiões vulneráveis ao clima
z A classificação do relevo de Jurandyr Ross e.
Portanto, deve haver um comprometimento de órgãos
Em 1989 o professor Jurandyr Ross elaborou outra públicos e privados com a transição para uma economia
classificação do relevo, dessa vez usando como crité- de baixo carbono. O Brasil pode ter um papel de liderança
rio três importantes fatores geomorfológicos: nessa questão;

„ A morfoestrutura: origem geológica; z Ilha de Calor: Um outro problema climático pre-


„ O paleoclima: ação de antigos agentes climáticos; sente nos centros urbanos é a Ilha de Calor. Em
„ O morfoclima: influência dos atuais agentes comparação com a área circundante, a ilha de
climáticos. calor é uma área de alta temperatura, que ocor-
re principalmente nas grandes cidades. Portanto,
Trata-se de uma divisão inovadora, que conjuga o esse fenômeno climático também é denomina-
passado geológico e o passado climático com os atuais do Ilha de Calor Urbana. Isso porque, quando a
agentes escultores do relevo. luz solar atinge diretamente o centro da cidade, o
Com base nesses critérios, o professor Ross identi- calor é facilmente acumulado devido à dificuldade
fica três tipos de relevo: de dissipação do calor.

z Planaltos: porções residuais salientes do relevo, Ao analisarmos o conceito de microclima urbano,


que oferecem mais resistência ao processo erosivo; entendemos que as Ilhas de Calor fazem parte desse
z Planícies: superfícies essencialmente planas, nas ambiente, que são formados pela aglomeração de edifí-
quais o processo de sedimentação supera o de erosão; cios em grandes cidades, o que pode levar à retenção de
z Depressões: áreas rebaixadas por erosão que cir- calor se comparado às áreas periféricas (por exemplo,
cundam as bordas das bacias sedimentares, inter- cidades menores e áreas rurais).Observe o esquema a
pondo-se entre estas e os maciços cristalinos. seguir que apresenta a ocorrência de uma Ilha de Calor:

ESTRUTURA GEOLÓGICA, A ATMOSFERA E OS Perfil das ilhas de calor urbanas


CLIMAS

Fenômenos Climáticos

z El Niño: Pela proximidade com a costa do Ocea-


no Pacífico, o Brasil sofre influência do fenômeno
climático El Niño. Tal fenômeno provoca grandes
alterações na dinâmica dos climas do país, como o
excesso de chuvas em algumas regiões, em espe-
cial na região sul e no Sudeste e períodos de secas Área Centro da Área Área
Área Periférica Área cidade Área Verde Área Rural
e estiagens em outras, como é o caso da região Rural Comercial Residencial Periférica
202 nordeste.
Quando ocorre Ilha de Calor, a diferença de tem- acadêmicos e pessoas comuns. Parte da população e da
peratura entre os centros urbanos e rurais é de cerca comunidade científica não acredita que o aumento do
de 5 ° a 10° graus. Durante o dia essa elevação nota- gás leve a um aumento da temperatura. Eles acreditam
damente sentida, mas, à noite, as pessoas tendem a que o alto aquecimento é apenas uma fase da mudança
notar mais, pois a calçada de prédios e ruas são aque- dinâmica do clima da Terra. A indústria é a principal
cidas pelo sol o dia todo. Da mesma forma, nas gran- responsável pela emissão de gases de efeito estufa na
des cidades, outro fenômeno chamado reversão de atmosfera, o que leva ao aquecimento global.
calor também é comum. Isso ocorre quando a atmos- De acordo com o Painel Intergovernamental sobre
fera se inverte, ou seja, quando o ar frio fica em baixa Mudanças Climáticas, estas são as principais conse-
altitude, enquanto o ar quente fica em uma camada quências do efeito estufa:
mais alta.
Além desses citados anteriormente, existe o efeito
z Derretimento das calotas polares e aumento do
estufa, que é um fenômeno natural importante para
nível dos oceanos;
a vida no planeta. É responsável por manter a tem-
z Aumento da segurança alimentar, prejudicando as
peratura média global, evitando grandes amplitudes
térmicas e proporcionando a vida na Terra. colheitas e a pesca;
No entanto, o comportamento humano está agra- z Risco de extinção de espécies e danos a diversos
vando esse fenômeno, com o aumento da emissão de ecossistemas;
gases de efeito estufa na atmosfera, levando a mudan- z Redução de territórios por conta do aumento do
ças climáticas em todo o planeta. Essa alta concentra- nível do mar, causando deslocamentos populacio-
ção de gás torna difícil o retorno do calor ao espaço, nais em massa;
aumentando assim a temperatura do planeta. z Falta de água em algumas regiões;
Como ocorre o efeito estufa? z Inundações em áreas localizadas nas latitudes do
Devido à alta concentração de gases de efeito estu- Norte e no Pacífico Equatorial;
fa na atmosfera, a energia solar refletida pela superfí- z Possibilidade da ocorrência de conflitos em decor-
cie é difícil de se dispersar no espaço e ser capturada. rência da escassez de recursos naturais;
O sol irradia calor para a terra. Parte do calor é absor- z Problemas de saúde provocados pelo aumento das
vida pela superfície da Terra e pelo oceano, e a outra temperaturas e pela ocorrência de ondas de calor;
parte é devolvida ao espaço. Porém, devido à presen- z Previsão de aumento da temperatura da Terra em
ça de gases de efeito estufa, parte da radiação solar da até 2ºC até 2100, quando se compara ao período
radiação superficial ficará na atmosfera, o que impe- pré-industrial.
de que esse calor retorne totalmente ao espaço. Desta
forma, o equilíbrio de energia é mantido e grandes De acordo com o Painel Intergovernamental sobre
amplitudes térmicas são evitadas. Mudanças Climáticas, entre 2010 e 2050, as emissões
Para entendermos melhor, suponhamos que haja de gases de efeito estufa deve ser reduzidas de 40%
um carro estacionado em um local muito ensolara- para 70%. Para tanto, os países devem estabelecer
do. Os raios solares passam pelas janelas e aquecem
metas para reduzir essas emissões de gases. Uma das
o interior do veículo. O calor é frequentemente tra-
possibilidades que se tornou realidade em alguns paí-
zido de volta do carro e dissipado pelo vidro, mas ele
ses é a utilização de energias alternativas, renováveis​​
encontrou dificuldades. Portanto, parte do calor per-
e limpas, em substituição do uso de combustíveis fós-
manece no carro, mantendo-o aquecido.
Por exemplo, os gases de efeito estufa na atmosfe- seis. Além disso, as atividades diárias podem ser coor-
ra funcionam como o vidro de um carro, permitindo a denadas para controlar o efeito estufa, tais como:
entrada da radiação solar e dificultando o retorno de
toda a radiação ao espaço. z Reduzir o uso de transporte para percorrer curtas
distâncias;
Causas do Efeito Estufa z Escolher usar bicicleta ou transporte público, ou
quaisquer outros tipos individuais (que não emi-
Nas últimas décadas, a emissão de gases de efeito tam gases poluentes) e outras formas de transports
estufa na atmosfera terrestre aumentou significativa- coletivos;
mente, exacerbando o efeito estufa. A alta concentra- z Aumentar a utilização de produtos biodegradáveis;
ção desses gases está relacionada principalmente às z Estimular e praticar a coleta seletiva.
atividades industriais, que geralmente são realizadas
com a queima de combustíveis fósseis. Além disso, o Chuva Ácida
crescimento da produção agrícola, o desmatamento
e o uso de meios de transporte também levaram ao A chuva ácida é o tipo de chuva com grandes con-
aumento das emissões de gases. centrações de ácido sulfúrico, ácido nítrico e ácido
O aumento da concentração de gases de efeito estu- nitroso, causada por reações químicas na atmosfera.
fa na atmosfera levou a mudanças irreversíveis na Mesmo em um ambiente sem poluição, todas as chu-
dinâmica do clima da Terra. Segundo dados do Painel vas são ácidas. No entanto, quando o pH é inferior
Intergovernamental de Mudanças Climáticas, em cem a 4,5, a chuva torna-se um problema ambiental. Eles
anos, a temperatura de cada continente subiu cerca são causados ​​por um grande número de produtos pro-
GEOGRAFIA

de 0,85ºC, e a temperatura do oceano subiu 0,55ºC. duzidos pela queima de combustíveis fósseis lançados
Quanto maior a quantidade de gases de efeito estu- na atmosfera devido às atividades humanas.
fa que são emitidos para a atmosfera, maior será a Mesmo em condições naturais, o dióxido de car-
dificuldade desse calor emitido se espalhar no espaço, bono (CO2) na atmosfera tornou a água da chuva
o que leva a um aumento anormal da temperatura e ligeiramente ácida. O pH natural da água é 7 e é 5,6
confirma a teoria do aquecimento global. É importan- quando está em equilíbrio com o CO2 na atmosfera,
te ressaltar, no entanto, que a relação entre o efeito e quase não há ácido. Os óxidos de enxofre (SO2 e
estufa e o aquecimento global não é consistente entre SO3) e o nitrogênio (N2O, NO e NO2) são os principais 203
componentes da chuva ácida. Esses compostos são Os CFCs são usados há muito tempo em latas de
liberados na atmosfera pela queima de combustíveis aerossol, plásticos, ar condicionado e sistemas de
fósseis. Quando reagem com gotículas de água na refrigeração. O gás CFC é o principal vilão da cama-
atmosfera, formam ácido sulfúrico (H2SO4) e ácido da de ozônio. As moléculas de CFC podem destruir até
nítrico (HNO3). Esses dois ácidos juntos aumentam a 100.000 moléculas de ozônio. Por meio do Protocolo
de Montreal (1987), foi decidido banir completamente
acidez da água da chuva.
o uso de CFCs até o final do século XX. Sem a proteção
Como vimos, a liberação de gás devido ao uso de
da camada de ozônio, nossa taxa de crescimento das
combustíveis fósseis é a principal causa da chuva áci-
plantas diminuirá, o que reduzirá a fotossíntese.
da. Portanto, são resultados do uso de combustíveis
Além disso, os raios ultravioletas também dificul-
fósseis o transporte, as usinas termelétricas, indústria
tam o desenvolvimento dos organismos aquáticos e
e outras formas de combustão. Tal gás também podem
reduzem a produtividade do fitoplâncton. Essa situa-
ser formado por causas naturais, como os gases libe-
ção leva a mudanças na cadeia alimentar e nas funções
rados durante erupções vulcânicas.
do ecossistema. O forte efeito desses raios ultravioleta
Os países industrializados são os mais afetados
também pode causar muitos danos à saúde humana,
pela chuva ácida. No entanto, o fluxo de ar pode trans-
tais como: destruição do DNA celular, câncer de pele,
portar poluentes para lugares distantes. Isso aconte- cegueira, deformação e atrofia muscular, além de dei-
ceu em lagos escandinavos, que se tornaram ácidos xar o sistema imunológico enfraquecido. A camada de
pela chuva devido às atividades industriais na Alema- ozônio e o efeito estufa são os fenômenos naturais que
nha, França e Reino Unido. Para a natureza, a conse- garantem a manutenção da vida na Terra.
quência da chuva ácida é destruição da vegetação e A camada de ozônio pode proteger a Terra dos
acidificação do solo, das águas dos rios e lagos. raios ultravioleta, e o efeito estufa pode garantir tem-
Um exemplo das consequências da chuva ácida peratura suficiente para manter a sobrevivência dos
foi observado no Brasil, localizada na região litorânea organismos. No entanto, o efeito estufa causado pela
da cidade cubana de São Paulo, onde a concentração liberação de poluentes tem aumentado, levando ao
industrial é alta. A chuva ácida destruiu a vegetação aumento da temperatura média da terra, o que é uma
das encostas da Serra do Mar e erodiu o solo. Quando característica do aquecimento global.
a acidificação atinge o solo e as águas dos rios e lagos,
os organismos que vivem nesses locais são afetados. A OS CLIMAS NO BRASIL
água e o solo tornam-se inadequados para a vivência
certos organismos, levando-os à morte. A maior parte do território brasileiro está locali-
A chuva ácida também pode causar a corrosão de zada nas baixas latitudes entre o Equador e o Trópi-
mármore e calcário e a oxidação de metais em locais his- co de Capricórnio. Portanto, o clima quente e úmido
tóricos, como edifícios e estátuas. A camada de ozônio é predomina. Em relação à umidade, existem algumas
uma camada de gás a uma altitude de 25 quilômetros na diferenças de clima de uma região para outra, de ultra
estratosfera, que protege a Terra da radiação ultraviole- úmido (mais de 2500 mm de chuva por ano) a semiári-
ta prejudicial aos seres humanos. A camada de ozônio do (entre 300 e 600 mm de chuva anual).
concentra 90% dessa molécula de gás e forma uma capa As regiões brasileiras apresentam seis tipos de
protetora contra os raios ultravioleta. climas classificados com relação às zonas térmicas
Além disso, a camada de ozônio é uma parte essen- da Terra, sendo eles: equatorial, tropical, tropical
cial da vida, porque forma uma camada de proteção semiárido, tropical de altitude, tropical litorâneo,
contra a radiação ultravioleta. Sem ela, a vida na ter- subtropical e clima equatorial. Vejamos as principais
ra seria impossível. O gás ozônio (O3), é um dos gases características de cada um dos climas do Brasil:
que constituem a atmosfera. Esse gás é a forma mole-
cular do oxigênio e possui alta reatividade, podendo Tropical
ser produzido de duas maneiras:
Localizado na região central do Brasil, mais pre-
sente na região Centro-Oeste, esse clima tem duas
z Na troposfera: o óxido nitroso (N2O) e a luz solar estações distintas:
são produzidos pela oxidação do oxigênio (O2);
z Na estratosfera: é produzida pela radiação ultra- z A temperatura é moderada e seca no inverno, o
violeta, que se decompõe em dois átomos de oxigê- verão é quente e chuvoso;
nio sob a ação da molécula de oxigênio (O2), e cada z A temperatura média anual é superior a 18º C e a
átomo de oxigênio é combinado com a molécula de amplitude térmica anual chega a 7º C. A precipita-
oxigênio (O2). ção anual varia de 1.000 mm a 1.500 mm. Quanto
à umidade, a região central do país possui clima
O papel e a função do gás ozônio também variam semiúmido.
de local para local:
Tropical Semiárido
z Na troposfera: altos níveis causam poluição do ar
e chuva ácida, que são prejudiciais às plantas e à Esse clima é característico do Nordeste, região que
saúde humana; inclui uma área chuvosa e outra com menos chuvas, e
a maior temperatura do país. No clima tropical semiá-
z Na estratosfera: a camada de ozônio é formada
rido, a temperatura média anual é de cerca de 27º C
absorvendo quase 90% dos raios ultravioletas do
e a amplitude térmica é de cerca de 5º C. O índice de
sol para produzir um efeito benéfico.
chuvas não é maior que 800 mm por ano. Neste tipo
climático, está presente o Polígono das Secas, área que
O buraco na camada de ozônio é a área onde a passa por constantes processos de escassez de água e
concentração de ozônio na estratosfera fica abaixo de de chuvas.
50%. Os buracos na camada de ozônio estão relaciona-
dos aos gases produzidos pelas atividades humanas. Tropical Litorâneo
O principal gás é o CFC (clorofluorocarbono) formado
por cloro, flúor e carbono. A lista também inclui óxido Do Rio Grande do Norte ao Rio de Janeiro, o clima
nitroso e o CO2 emitido por veículos e queima de com- tropical costeiro domina a maior parte do litoral do
204 bustíveis fósseis. país. Afetado pelas massas de ar do Atlântico, o clima
nessa área é quente e chuvoso. A temperatura média „ Várzea: área sujeita a inundações periódi-
anual está entre 18ºC e 26ºC, e o índice de precipitação cas, com vegetação de médio porte, que rara-
é de cerca de 1.500 mm / ano. No litoral nordeste, as mente ultrapassa 20 metros de altura, como a
chuvas no outono e inverno são mais intensas. Na cos- seringueira;
ta sudeste, são mais fortes no verão.

Tropical de Altitude

A área montanhosa e serrana do Sudeste possui um


clima tropical com alturas tropicais. Devido à altitude,
apresentam a temperatura mais baixa de toda a região
tropical, com média inferior a 18º C. Sua amplitude tér-
mica anual também está entre 7º C e 9º C, e seu padrão
de chuvas é semelhante ao do clima tropical. No inver-
no, a entrada de frentes frias pode causar geadas.

Subtropical

O clima subtropical ocorre na parte sul do país,


abaixo da zona tropical de Mori; por isso o nome sub-
tropical. Possui duas estações distintas: verão quente
e inverno rigoroso, durante o qual podem ocorrer
geadas ou neve. A precipitação é uniformemente dis-
tribuída ao longo do ano, variando de 1.500 mm a
2.000 mm por ano. A temperatura média anual está
quase sempre abaixo de 18º C, e a amplitude térmica „ Caetê ou terra firme: área que nunca inunda,
está entre 9º C e 13º C. na qual encontramos vegetação de grande por-
te, com árvores que chegam a atingir 60 metros
DOMÍNIOS NATURAIS: DISTRIBUIÇÃO DA de altura, como a castanheira.
VEGETAÇÃO

O Brasil, por contar com grande diversidade climá-


tica, apresenta várias formações vegetais. Tem desde
densas florestas latifoliadas tropicais, que ocupam
mais da metade de seu território, até formações xeró-
filas, como a Caatinga. Há, também, formações típi-
cas de clima temperado, como a Mata de Araucárias.
Possui grandes extensões, no centro do país, de uma
formação complexa tipo Savana, conhecida como Cer-
rado, sem contar o complexo do Pantanal, as matas
galerias e as formações de mangue. Veremos a seguir
alguns dos domínios naturais:

z Floresta Amazônica (floresta latifoliada equa- z Floresta latifoliada tropical: esta formação foi
torial): possuindo o maior banco genético ou altamente devastada ao longo da história do Bra-
biodiversidade do planeta, a Floresta Amazônica sil. Originalmente, estendia-se do Rio Grande do
apresenta três estratos: Norte ao Rio Grande do Sul, alargando-se signifi-
cativamente em Minas Gerais e São Paulo. Possui
„ Caiapó: é uma área permanentemente ala- um estrato exposto à ação intensa das massas de
gada e ao longo dos rios encontramos vegeta- ar úmido provenientes do Oceano Atlântico. Nessa
ção de pequeno porte, como, por exemplo, a área, ela é muito densa, quase impermeável, sendo
vitória-régia; conhecida como Mata Atlântica (floresta latifolia-
da tropical úmida da encosta);
GEOGRAFIA

z Mata de Araucárias ou dos Pinhais (floresta


aciculifoliada): é uma floresta na qual predomi-
na a Araucária angustifólia, espécie adaptada ao
clima subtropical ou temperado. Assemelha-se, na
densidade vegetal, a um bosque. Originariamente,
205
dominava vastas extensões da área planáltica água), é uma formação plenamente adaptada ao
da região Sul e mesmo pontos altos do território clima tropical típico, com chuvas abundantes no
de São Paulo (Campos do Jordão), Rio de Janeiro verão e inverno bastante seco;
(Petrópolis) e Minas Gerais (Pico da Bandeira).
Em seu interior, há ocorrência de erva-mate, ipês,
canela, cedros etc;

z Mata dos Cocais: esta formação vegetal está encra-


vada entre a Floresta Amazônica, o errado e a Caa-
tinga. É, portanto, uma mata de transição entre z Complexo do Pantanal: dentro do Pantanal Mato-
formações bastante distintas, constituída por pal- -grossense há campos inundáveis, florestas tro-
meiras ou palmáceas, com grande predominância picais e mesmo cerrado nas áreas mais altas. O
do babaçu e ocorrência esporádica de carnaúba; Pantanal, portanto, não é uma formação vegetal,
mas um complexo que agrupa várias formações
em seu interior.

z Campos naturais: formações rasteiras ou herbá-


z Caatinga: vegetação xerófila, adaptada ao clima ceas, constituídas por gramíneas que atingem até
semiárido, na qual predomina um estrado arbus- 60 cm de altura. Sua origem pode estar associada
tivo caducifoliado e espinhoso; ocorrem também a solos rasos ou temperaturas baixas em regiões
cactáceas. O nome Caatinga significa, em tupi-gua- de altitudes elevadas, áreas sujeitas à inundação
rani, “mata branca”, cor predominante da vege- periódica ou ainda solos arenosos. Os campos mais
tação durante a estação seca. No verão, devido à famosos do Brasil estão localizados no extremo
ocorrência de chuva, brotam folhas verdes e flores; sul, na Campanha Gaúcha. Em Mato Grosso do Sul
destacam-se os campos de Vacaria e, no restante
do país, aparecem manchas isoladas na Amazônia,
no Pantanal e nas regiões serranas do Sudeste e do
planalto das Guianas;

z Cerrado: muito parecido com a Savana Africana,


é constituído por uma vegetação caducifólia. Pre-
dominantemente arbustiva, de raízes profundas,
206 galhos retorcidos e casca grossa (que retém mais
z Vegetação litorânea: nas praias e dunas, é muito
importante a ocorrência de vegetação rasteira, res-
ponsável pela fixação da areia, impedindo que seja
transportada pelo vento. A restinga é uma forma-
ção vegetal que se desenvolve na areia, com pre-
dominância de arbustos e ocorrência de algumas
árvores, como o chapéu-de-sol, o coqueiro e a goia-
beira. Os mangues são nichos ecológicos responsá-
veis pela reprodução de milhares de espécies de
peixes, moluscos e crustáceos. Em áreas planas
do litoral, na foz e ao longo do curso dos rios, o
terreno é invadido pela água do mar nos períodos
de maré cheia e a vegetação arbustiva que aí se
desenvolve é as halófitas (adaptada à presença de
sal) e a pneumatófila (durante a maré baixa, as raí-
zes ficam expostas).

Fonte: https://www.todamateria.com.br/biomas-brasileiros/. Acesso


em: 04/de Maio de 2021.

No Brasil, podemos classificar as formações vege-


tais em três grupos:

z Formações florestais ou arbóreas: grupo de espé-


cies constituídas de árvores de grande porte;
z Formações arbustivas (árvores de pequeno porte
O mapa que mostra os domínios morfoclimáticos do – arbustos) e herbáceas (são plantas com o caule
território brasileiro contém informações sobre a asso- com consistência mole);
ciação das condições físicas de relevo, clima e vegetação. z Formações complexas e litorâneas.
Trata-se de uma síntese do que foi estudado de forma
isolada nos anexos anteriores. Assim, por exemplo, o
A partir de agora veremos as principais caracterís-
domínio amazônico é formado por terras baixas (rele-
vo), florestadas (vegetação) e equatoriais (clima); ticas de cada um dos tipos de vegetação presentes no
território brasileiro.
Brasil - Vegetação original
Formações Florestais ou Arbóreas
Cerrados
Campos z Floresta Latifoliada Equatorial ou Floresta
Caatinga Amazônica: floresta ocupa quase 40% do terri-
Complexo do
tório nacional, e vem sofrendo com a prática do
Pantanal
desmatamento intenso ao longo dos últimos anos.
Vegetação litorânea
Floresta latifoliada A Floresta Amazônica tem como principais carac-
equatorial (Amazônica) terísticas: mata heterogênea, com milhares de
Floresta latifoliada espécies de vegetais, sempre perene (as folhas se
tropical (mata Atlântica) mantém verdes o tempo todo e não ocorre a per-
Mata de Araucária da das folhas pelas árvores), é uma floresta densa,
Indica a porcentagem intricada (com plantas que ficam bem próximas
da mata original
umas das outras), são divididas em três andares ou
desmatada até 1991.
camadas (vegetação estratificada) de acordo com a
proximidade dos rios, classificadas a seguir:
Características Gerais dos Domínios Morfoclimáticos
„ Mata de Igapó: Essa vegetação é encontrada ao
A Fitogeografia (do grego phytón, que significa longo dos rios e é inundada de forma perma-
planta) é o ramo da Geografia responsável por reali- nente pelas cheias dos rios (fluviais);
zar o estudo da distribuição dos vegetais na superfície „ Mata de Várzea: vegetação que está sujeita a
da Terra. No Brasil, a vegetação original que cobria o inundações ao longo dos rios;
GEOGRAFIA

território nacional foi, em uma grande extensão ter- „ Mata de Terra Firme ou Caetê: vegetação
ritorial do país, desmatada por conta de atividades encontrada em áreas com maior altimetria
antrópicas (realizadas pelos seres humanos). Ao lon- do relevo (baixos planaltos), estas áreas estão
go da história do nosso país medidas foram tomadas livres de inundações dos rios.
para reduzir os níveis de desmatamento que ocorre-
ram de forma desordenada, e esse desmatamento tem Como destaque das principais espécies vegetais da
como consequências o desequilíbrio do clima e de Amazônia temos: seringueira, castanheira, guaraná,
toda a cadeia ecológica. cacaueiro, dentre outras; 207
z Mata dos Cocais: Os cocais, também conhecidos
como palmeiras, localizam-se em grandes exten-
sões nos estados do Maranhão e Piauí. Por sua vez,
essa espécie uma vegetação de transição entre a
Floresta Amazônica e a Caatinga no sertão nordes-
tino, tendo como principais espécies: o babaçu e
a carnaúba. Além disso, aparecem, também, espé-
cies como: o tucum, buriti, açaí, oiticica etc.

A vegetação dos cocais está localizada na parte oci-


dental do Nordeste, é uma importante fonte de obten-
Fonte: https://veja.abril.com.br/ - acesso em nov/2020.
ção de renda para as populações locais, são exploradas
e são utilizadas na produção de cosméticos e combus-
tível (como o biodiesel). Em regra, a vegetação está
z Floresta Latifoliada Tropical ou Mata Atlân- distribuída da seguinte forma: o babaçu é encontrado
tica: A Mata Atlântica, também conhecida como em maior quantidade no Maranhão e na parte ociden-
floresta latifoliada tropical, foi explorada de for- tal do Piauí, enquanto a carnaúba é mais presente na
ma intensa, principalmente durante o período porção oriental do Piauí até o estado do Rio Grande
colonial (extração de pau-brasil) e praticamente do Norte;
não existe mais. Além do pau-brasil, eram presen-
tes, também, neste tipo de vegetação, plantas de
madeira nobre. O que ainda resta da Mata Atlân-
tica são alguns trechos localizados nas encostas
da Serra do Mar. Além do pau-brasil como dito
anteriormente, podemos encontrar espécies como:
cedro, ipê, jacarandá, peroba etc;

Fonte: http://www.geoimagens.com.br/buscar-imagens/mata-dos-
cocais/mata-dos-cocais-6/ - acesso em nov/2020.
Fonte: https://revistapesquisa.fapesp.br/esperanca-para-a-mata-
atlantica/ acesso em nov/2020.
z Matas de galerias ou ciliares: São conhecidas
z Mata de Araucárias ou Mata dos Pinhais: Esta como as pequenas florestas que se desenvolvem
vegetação está localizada ao longo do Planalto ao longo dos cursos dos rios e são encontradas em
Meridional (regiões sul e sudeste), com uma exten- diversas partes do território brasileiro. Quanto
são que vai do estado de São Paulo até o Rio Gran- mais próximas dos cursos d’água, maior é a diver-
de do Sul, embora a maior concentração desta sidade desta vegetação, são vegetações fechadas e
vegetação esteja no estado do Paraná, é conhecida ricas, à medida que ocorre o afastamento do leito
como Mata de Araucária ou Floresta dos Pinhais do rio, ocorre a redução da umidade, e aos pou-
( grande presença de pinheiros), é uma formação cos vão aparecendo novas espécies que são menos
vegetal presente no clima subtropical, é homogê- necessitadas de água.
nea e espaçada, suas folhas tem formato de agulha
(aciculifoliadas). Neste tipo de floresta encontra- Dentro dessas matas são encontradas espécies
mos espécies vegetais como: pinheiro, erva-mate como: sapucaia, paxiúba e palmeiras.
etc;

Fonte: https://www.em.com.br/app/noticia/gerais - acesso


nov/2020.

Formações Arbustivas e Herbáceas

z Caatinga: Também conhecida como mata branca,


Fonte:https://cienciaeclima.com.br/extincao-e-ameaca-para-floresta- é o tipo de vegetação presente no Sertão Nordes-
com-araucarias/ - acesso em nov/2020.
208 tino ou Nordeste semiárido (região com poucas
chuvas, são escassas e são distribuídas de forma Campos
irregular ao longo do ano). As principais caracte-
rísticas da Caatinga são: No Brasil os campos também são conhecidos como
Pampas, estão presentes na região sul do país, em
„ Vegetação com árvores e arbustos espinhentos áreas com o relevo suave (pequenas alterações na
ou que perdem as folhas durante a estação seca; altimetria – altura), podem se apresentar de forma
„ São plantas xerófilas (vegetação que se adapta contínua (somente com gramíneas), ou coma presen-
a ambientes secos); ça de pequenas arbustos que ficam isolados na pai-
„ Presença de arbustos associados às cactáceas e sagem, que formam os chamados campos sujos. As
às bromeliáceas; atividades econômicas desenvolvidas nesta região,
„ Vegetação com caules a galhos tortos, raízes destaque para a pecuária extensiva – gado criado sol-
profundas e em grande quantidade.
to em grandes extensões de terras, e a monocultura:
„ Os solos nessa região quase sempre são pedre-
gosos, e são de pequena espessura; soja ou arroz.
Como espécies presentes neste tipo de vegetação,
Na caatinga as espécies que podemos destacar são: destacam-se: barba-de-bode, gordura, mimosa, for-
quilha e flecha.
„ Árvores e arbustos: angico, juazeiro, umbuzeiro;
„ Cactáceas: mandacaru e xiquexique;
„ Bromeliáceas: macambira e caroá.

Fonte: https://conhecimentocientifico.r7.com/ja-ouvi-falar-no-
pampa-conheca-o-bioma-que-so-ocorre-rs/ - acesso nov./2020.
Fonte: https://nossaciencia.com.br/noticias/a-seca-e-essencial-para-
a-caatinga/ - acesso nov./2020.
Formações Complexas e Litorâneas
z Cerrado: A vegetação Cerrado está localizada
principalmente na região central do país, porém z Complexo do Pantanal: Denomina-se Complexo
pode ocorrer a presença deste tipo nos estados de do Pantanal o conjunto de diversas formações de
Minas Gerais, São Paulo, Bahia, totalizando áreas vegetação que estão presentes na área do Panta-
que podem chegar a 2000000 km². nal Mato-Grossense. Nesta região ocorrem inunda-
ções em certos períodos do ano, o que possibilita a
O Cerrado tradicional é composto por vegetação de existência de três tipos de áreas: as áreas que estão
árvores e arbustos que estão associados a uma vege- sempre alagadas, as áreas que são periodicamente
tação baixa inferior, formada basicamente por gramí- alagadas e as áreas que estão livres de inundações.
neas (vegetação rasteira). O tipo climático presente
nas áreas onde ocorre o predomínio do Cerrado é o Como espécies de vegetais aqui nesta região, des-
tropical subúmido, com duas estações bem distintas tacam-se os diversos tipos de palmeiras do cerrado,
– uma chuvosa e outra seca, os solos do Cerrado são, paratudo, capim-mimoso e vários bosques chaque-
em grande parte, pobres e de baixa fertilidade (devido nhos, com a presença de Quebracho e do angico, den-
aos altos índices de acidez). É comum a presença das tre outros tipos;
seguintes espécies de vegetais: pau-terra, barbatimão
e as gramíneas ou vegetação rasteira.
GEOGRAFIA

Fonte: https://g1.globo.com/mt/mato-grosso/noticia/2019/11/16/
estudo-aponta-escassez-das-aguas-do-pantanal-mato-grossense.
ghtml - acesso nov./2020.

z Vegetação Litorânea: No Litoral brasileiro exis-


Fonte: https://brasilescola.uol.com.br/brasil/cerrado.htm - acesso
tem dois tipos de vegetação:
nov./2020. 209
„ Vegetação das praias e das dunas (jundu): Observe a seguir os domínios morfoclimáticos do
São vegetações arbustivas e herbáceas, que Brasil de acordo com os estudos do professor Ab’Sáber:
conseguem sobreviver em solo arenoso, sofren-
do fortes influências da ação do mar (por meio
das marés e dos ventos). Nas praias, a vegetação
é mais mirrada (pobre – grande quantidade de
sal e poucos nutrientes), enquanto nas dunas
a vegetação é mais diversificada e contínua,
por conta da maior quantidade de nutrientes e
menor quantidade de cloreto de sódio presente
na água do mar;

Amazônico
Cerrado
Mares de morros
Caatingas
Fonte: http://www.zonacosteira.bio.ufba.br/vrestinga.html - acesso
nov./2020. Araucárias
Pradarias
„ Mangue: esta vegetação está presente em fai-
xas litorâneas com clima tropical e que sofrem Faixas de Transição
a ação das marés ou da água salobra (salgada),
Fonte: http://educacao.globo.com/geografia/assunto/geografia-
tendo como vegetação as halófilas (ambientes fisica/dominios-morfoclimaticos.html - acesso nov./2020.
salinos).
Aproveitamento Econômico e Problemas Ambientais

A partir da década de 1930, a história da deterio-


ração dos impactos ambientais no Brasil e no mundo
começou a mudar. Em nosso país, esse fenômeno é
acompanhado pelo processo de industrialização e
urbanização. Esses eventos proporcionaram certo
desenvolvimento para o país, mas com esse desen-
volvimento não houve a adoção e a implantação de
uma legislação apropriada para evitar danos ao meio
ambiente. O crescimento das cidades e das indústrias
relacionadas ao crescimento populacional é uma luta
diária para conter a deterioração do meio ambiente.
Dentre os principais problemas ambientais pode-
mos destacar alguns.
Fonte: https://cienciaeclima.com.br/mangues-afogados-pelo-
aumento-do-nivel-do-mar/ - acesso nov./2020. O desmatamento é considerado como um dos
mais antigos e mais graves problemas ambientais que
Os domínios morfoclimáticos podem ser com- nosso país possui, pois, desde a chegada dos portugue-
preendidos como o resultado da interação entre os ses e dos diversos ciclos de exploração esse problema
elementos físicos da paisagem (rocha, relevo, solo, cli- vem sendo agravado. O processo de urbanização e
ma, vegetação e hidrografia). crescimento das cidades, a expansão das atividades
O geógrafo brasileiro Aziz Ab’Sáber realizou estu- agropecuárias, a extração de madeira de lei, a utili-
dos e estabeleceu esta classificação citada anterior- zação das terras para a criação de bovinos, principal-
mente. De acordo com o professor, essa delimitação mente a pecuária extensiva foram determinantes para
ocorre a partir de uma abordagem integrada da natu- o agravamento dessa situação. E como consequências
reza, ao estudar somente o território brasileiro, a do processo de desmatamento podemos destacar: a
identificação e a classificação são mais precisas. destruição da biodiversidade, os processos de erosão
No Brasil foram identificados seis grandes domínios e empobrecimento dos solos, a redução no clico das
morfoclimáticos – paisagísticos: três domínios abran- chuvas, o aumento das temperaturas e a questão do
gem áreas florestadas originalmente (Amazônia, Arau-
aquecimento global.
cárias e Mares de Morros – Mata Atlântica) e os outros
correspondem a áreas com um predomínio de espécies As queimadas, em sua maioria, estão diretamente
vegetais herbáceas e arbustivas (Cerrado, Caatinga e associadas à prática da agricultura. Em nosso país as
Campos – também conhecido como pradarias). queimadas vêm aumentando de forma considerável
Por sua vez, segundo os estudos do professor nos últimos anos, vide os exemplos de 2020 ocorridos
Ab’Sáber, existem faixas de transição entre os domí- no Pantanal e na Amazônia. Como consequências das
nios morfoclimáticos, como por exemplo, o Pantanal, queimadas destaca-se o aceleramento do processo de
trechos de Cerrado e também da Caatinga, assim como desertificação, a poluição do ar e o processo de empo-
210 a Mata dos Cocais e a Vegetação Litorânea – Mangues). brecimento dos solos.
RECURSOS HÍDRICOS: BACIAS HIDROGRÁFICAS Serra da Canastra, em Minas Gerais, com rumo sul-
-norte até a cidade de Barra. Nesse ponto volta-se para
Um aspecto importante propiciado pelo relevo é nordeste até a cidade de Cabrobó, quando se dirige
o grande potencial hidráulico existente no território para sudeste até desembocar no oceano Atlântico.
brasileiro. Esse fato ocorre porque 59% da superfície A bacia hidrográfica do São Francisco é importan-
do nosso país situa-se acima dos 200 metros de altitu- te por vários motivos:
de, e essa imensa área é percorrida por extensos rios
de planalto. z Pelo volume de água que transporta em plena
O Brasil dispõe de 12% das reservas de água doce região semiárida, inclusive durante os períodos
do planeta. Toda essa água flui por uma vasta e densa de estiagem. Perene, ganhou o apelido de Nilo Bra-
rede hidrográfica. Nela, é possível identificar as duas sileiro. Como o Rio Africano, que nasce em local
maiores bacias hidrográficas do mundo: a Amazônica de chuvas generosas (perto da linha do Equador),
e a Platina. o São Francisco tem suas cabeceiras na Serra da
Outro destaque é a maior bacia hidrográfica intei- Canastra, área de precipitação relativamente
ramente brasileira, a São - Franciscana, de grande abundante situada em Minas Gerais (responde por
cerca de 75% da geração de água do rio);
importância socioeconômica para o nosso país.
z Pela contribuição histórica, pois permitiu a fixação
Agora, vamos conhecer algumas características
das populações ribeirinhas e a criação de inúme-
das três principais bacias hidrográficas do Brasil: ras cidades. No século XVI, serviu de via natural
Amazônica (inclusive a do Tocantins), São Francisca- de penetração do interior. Mais tarde, no século
na e Platina. XVII, ganhou o apelido de Rio dos Currais devido à
concentração de fazendas de gado bovino em suas
A Bacia Amazônica margens;
z Porque o São Francisco tem a possibilidade de inte-
A Bacia Amazônica é a maior do mundo e drena grar, sob o ponto de vista socioeconômico, as duas
praticamente metade do território brasileiro. regiões mais populosas do país (Sudeste e Nordes-
O rio principal da bacia nasce nos Andes Peruanos te), fato que gerou, há muitas décadas, o apelido
com o nome de Ucaiali, atravessa a selva equatorial do de Rio da Unidade Nacional. No entanto, os poucos
país e penetra no Brasil, no estado do Amazonas, com investimentos em hidrovias dificultaram essa inte-
o nome de Solimões. gração tão propagada;
Nas proximidades de Manaus, suas águas barren- z Pelo potencial hídrico, aproveitado para a irriga-
tas encontram as do Rio Negro, muito mais escuras, ção dos solos férteis situados à sua margem. E o
formando um espetáculo de dimensões magníficas; caso da região de Juazeiro/Petrolina, que atual-
nesse ponto passa a ser chamado de Rio Amazonas. mente se destaca pela importância da fruticultura
Sua foz é considerada mista, por apresentar simulta- irrigada com a água do Rio São Francisco.
neamente um delta, situado ao norte da Ilha de Mara-
jó, e um estuário, ao sul dessa Ilha. Todos os apelidos que recebeu ilustram a importância
Ao atravessar milhares de quilômetros - sua exten- do São Francisco. “A população que habita o vale, porém,
são total e de cerca de 7.000 quilômetros - no interior mostra seu respeito e carinho chamando de Velho Chico”.
território brasileiro, o rio Amazonas percorre a vas- Mesmo assim, ele tem sido muito agredido, e já são irre-
ta Planície Amazônica. Lentamente, sem apresentar paráveis os danos ecológicos, sociais e até históricos.
qualquer queda d’água nem corredeiras, vence um A diminuição de sua vazão, por exemplo, decorre
pequeno desnível, inferior a 80 metros. Por isso, for- da construção da usina hidrelétrica de Sobradinho.
ma, juntamente com inúmeros de seus afluentes, mais Assim, a jusante dessa barragem, o nível das Águas
de 20.000 quilômetros de vias fluviais navegáveis. do rio diminui de forma dramática nos meses de seca,
A bacia Amazônica reúne 72% de toda a água comprometendo, inclusive, o abastecimento de água
encontrada em nosso território, e é habitada por dos moradores da região.
menos e 8% da população nacional A propósito da população local, é preciso destacar
No entanto, muitos de seus afluentes são dos pla- que Sobradinho formou o maior represamento de
nalto, com boa parte de seu curso em terras mais água do Brasil: um lago de 3.970 km2. Pelo menos 70
elevadas. Os da margem direita nascem no Planalto mil pessoas foram removidas para áreas distantes até
Brasileiro; os da esquerda, no Planalto das Guianas. 700 quilômetros em consequência da construção da
Essa característica confere a bacia um grande poten- represa, cujas águas inundaram dezenas de povoados
cial hidrelétrico, ainda disponível em sua maior parte. e deixaram submersas quatro cidades: Pilão Arcado,
Tamanho potencial explica a existência de um Santo S, Casa Nova e Remanso.
ambicioso projeto que prevê a construção de nada Além desse impacto social, houve a inundação de
menos que 76 usinas hidrelétricas.
inúmeros sítios arqueológicos. Tal fato significa uma
Desse total, em 2003 estavam em operação apenas
perda enorme para as gerações futuras, que não pode-
sete: Tucuruí, Balbina, Samuel, Isamu Ikeda, Agro Tra-
rão conhecer a história de povos ancestrais que habi-
fo, Coaracy Nunes e Curuá-Una. Os vultosos custos das
taram a região em épocas remotas.
obras explicam a demora na implementação desse
Outro sério problema detectado no vale do São
projeto. Além disso, o projeto em si é extremamente
controverso quanto ao seu impacto socioambiental - Francisco é o rápido assoreamento de seu leito por
GEOGRAFIA

por exemplo, acarretaria a inundação de vastas flo- milhares de toneladas de sedimentos, provenientes
restas e áreas indígenas. tanto de áreas recém-desmatadas como de proprie-
dades fundiárias onde não são feitas curvas de nível
para deter a erosão causada pelas águas das chuvas.
A Bacia Sanfranciscana
O agravamento desse problema tende a comprometer
a navegabilidade do rio São Francisco, fato verificado
A bacia do Rio São Francisco drena uma longa
ao longo do trecho Pirapora (MG) - Juazeiro (BA), uma
depressão encravada entre o Planalto Atlântico e as
hidrovia de 1.371 quilômetros por onde são transpor-
chapadas do Brasil Central. O rio principal nasce na
tadas mais de 170 mil toneladas anuais de cargas. 211
ALGUNS DADOS SOBRE O RIO SÃO FRANCISCO z Mesmo que o país se tome autossuficiente, o petró-
leo será sempre uma opção custosa, que encarece
Área da bacia: 645 mil km² (7,5% do território brasileiro)
� os produtos transportados.
Vazão média anual: 3.360m²/s

Municípios banhados pela bacia: 509
� O Brasil, dada a sua grande extensão territorial e
Estados drenados pela bacia: Minas Gerais, Bahia, Per-
� predominância de climas úmidos, tem uma extensa
nambuco, Alagoas, Sergipe, Goiás e Distrito Federal rede hidrográfica. As bacias hidrográficas brasileiras
População que habita a bacia: 14 milhões de pessoas
� oferecem, em muitos trechos, grandes possibilidades
Declividade média: 8,8 cm/km
� de navegação. Apesar disso, o transporte hidroviário
Vazão média na foz: 2.943 m³/s
� é pouco utilizado no país. Em outros trechos, nossos
Tipo de foz: estuário
� rios apresentam um enorme potencial hidrelétrico,
Velocidade média de correnteza: 0,8 m/s
� bastante explorado no Centro-Sul do país em decor-
rência da concentração urbano-industrial, mas subu-
tilizado em outras regiões, como a Amazônia
Somente nos últimos anos, em decorrência, sobretu-
O Brasil possui a rede hidrográfica mais extensa do
do, da sensível diminuição do volume das águas causa-
Globo, com 55.457km². Muitos de seus rios destacam-
da por influência das atividades humanas, estão sendo -se pela profundidade, largura e extensão, o que cons-
implementados programas ecológicos, muitos dos quais titui um importante recurso natural. Em decorrência
por iniciativas de ONGs, empenhadas em reverter essas da natureza do relevo, predominam os rios de planal-
dramáticas formas de degradação ambiental. to. A energia hidráulica é a fonte primária de geração
de eletricidade mais importante do Brasil.
A Bacia Platina Tecnicamente, a hidrografia brasileira apresenta
os seguintes aspectos:
A peculiaridade dessa bacia está na sua composi- Não possui lagos tectônicos, pois as depressões tor-
ção, já que são três os seus principais rios formadores: naram-se bacias sedimentares. Em nosso território,
Paraná, Paraguai e Uruguai. A confluência desses rios só há lagos de várzea (temporários, muito comuns no
origina o da Prata, que faz fronteira entre a Argenti- Pantanal) e lagoas costeiras, como a dos Patos (RS) e a
na e o Uruguai, ao mesmo tempo em que banha suas Rodrigo de Freitas (RJ), formadas por restingas.
Todos os rios brasileiros, com exceção do Amazo-
capitais, respectivamente Buenos Aires e Montevidéu.
nas, possuem regime pluvial. Uma pequena quantida-
A bacia do rio Paraná é importantíssima para o de da água do rio Amazonas provém do derretimento
Brasil devido ao seu grande potencial hidrelétrico, de neve na cordilheira dos Andes, caracterizando um
hoje quase todo aproveitado. Ao longo da bacia, deze- regime misto (nival e pluvial).
nas de hidrelétricas fornecem energia para a dinâmi- Todos os rios são exorréicos. Mesmo os que correm
ca economia do Centro-Sul. para o interior têm como destino final o oceano, como
O grande destaque da bacia Paranaica, sem dúvi- o Tietê, afluente do rio Paraná, que por sua vez, desá-
da, é a usina de Itaipu. Construída em parceria com o gua no mar (estuário da Prata).
Paraguai, é uma das maiores usinas do mundo. Mes- Há rios temporários apenas no Sertão nordestino,
mo sendo binacional quase toda a energia e consumi- onde o clima é semiárido. No restante do país, os rios
da pelo Brasil, que compra a parte ociosa da cota a que são perenes.
o Paraguai tem direito. Predominam rios de planalto em áreas de elevado
Apesar de toda a sua importância socioeconômica, índice pluviométrico. A existência de muitos desní-
Itaipu é objeto de muitas críticas, algumas bastante veis no terreno e o grande volume de água possibilita
pertinentes. A mais frequente dessas críticas repor- a produção de hidroeletricidade.
ta-se a ausência de eclusas no projeto original da Com exceção do rio Amazonas, que possui foz mis-
hidrelétrica, para possibilitar a navegação. Só agora, ta (delta e estuário), e do rio Parnaíba, que possui foz
no início do século XXI, o projeto de construção das em delta, todos os rios brasileiros que deságuam livre-
eclusas está sendo levado a sério, para tornar reali- mente no oceano formam estuários.
dade a hidrovia Mercosul, com cerca de 7.000 quilô-
metros de vias navegáveis. As obras necessárias ao
vencimento do desnível, de quase 130 metros, pode-
rão ser realizadas mediante a construção de uma
escada de quatro eclusas, cada urna com câmara de
I V
120 m de comprimento e 17 m de largura. A hidro-
via do Mercosul interligara Buenos Aires, Assunção, II
Corumbá, Cáceres e Foz do Iguaçu ao sul de Goiás, ao IV
Triângulo Mineiro, ao sudeste de Mato Grosso do Sul e
a todo o interior de São Paulo, até as proximidades de VI
Piracicaba e Sorocaba. III
Ao contrário do que ocorre com quase todos os paí-
ses do mundo banhados por grandes rios, o Brasil não
priorizou o transporte fluvial. A opção pelas rodovias VII
como principal sistema de transporte mostra-se hoje
corno um problema, pois depende dos derivados de
petróleo, uma fonte de energia questionável:
I: bacia Amazônica
z É uma fonte de energia não-renovável; II: bacia Araguaio-Tocantins
z É poluente, pois sua queima produz CO2, gás que III: bacia Platina (Paraguai, Uruguai e Paraná)
provoca o efeito estufa, considerado responsável IV: bacia do São Francisco
pelo aquecimento global; V: bacia do Nordeste
z Precisa ser importado em parte, pois o Brasil pro- VI: bacia do Leste
212 duz aproximadamente 80% do total que consome; VII: bacia do Sul
As principais bacias hidrográficas brasileiras são: O rio Araguaia nasce na serra das Araras, no Mato
Grosso, na fronteira com Goiás. Tem cerca de 2.600
z Bacia do Rio Amazonas: a maior bacia hidro- km de extensão. Desemboca no rio Tocantins em São
gráfica do planeta tem sua vertente delimitada João do Araguaia, logo antes de Marabá. A construção
pelos divisores de água da cordilheira dos Andes, da hidrovia Araguaia-Tocantins tem sido questionada
pelo planalto das Guianas e pelo planalto Central. por ONGs que criticam os impactos ambientais que
Seu rio principal nasce no Peru, com o nome de poderão ser causados. Por exemplo, a hidrovia corta-
Marañon, e passa a ser denominado Solimões da ria 10 áreas de conservação ambiental e 35 áreas indí-
fronteira brasileira até o encontro com o rio Negro. genas, afetando cerca de 10 mil índios;
A partir daí, recebe o nome de Amazonas. É o rio
mais extenso (total de 7100 km) e de maior volume z Bacia Platina (composta pela bacia do Paraná
de água do planeta. Esse fato é explicado pela pre- e Bacia do Uruguai): o Brasil também é banhado
sença de afluentes de ambos os lados que, por esta- pela segunda maior bacia hidrográfica do plane-
ta. Seus três rios principais – Paraná, Paraguai e
rem nos dois hemisférios (norte e sul), permitem a
Uruguai – formam o rio da Prata, ao se encontra-
dupla captação das cheias de verão.
rem em território argentino. A bacia do rio Paraná
apresenta o maior potencial hidrelétrico instalado
Os afluentes do rio Amazonas nascem, em sua
do país, além de trechos importantes para a nave-
maioria, nos escudos dos planaltos das Guiana e Bra-
gação, com destaque para a hidrovia do Tietê. A
sileiro, possuindo, assim, o maior potencial hidrelétri-
bacia do Paraguai, que atravessa o Pantanal Mato-
co disponível do país. Ao caírem na bacia sedimentar,
-grossense, é amplamente navegável. Já a bacia
que é plana, tornam-se rios navegáveis. O rio Amazo-
do Uruguai, com pequeno potencial hidrelétrico e
nas, que corre no centro da bacia, é totalmente nave-
poucos trechos navegáveis, tem importância eco-
gável. Sua largura média é de 5 km, chegando a mais
nômica apenas regional;
de 50 km em alguns trechos.
z Bacias secundárias: o Brasil possui três conjun-
Possui cerca de 7 mil afluentes. Possui ainda, gran-
tos de bacias secundárias: Atlântico Norte-Nordes-
de número de cursos de águas menores e canais flu-
te, Atlântico Leste e Atlântico Sudeste. As bacias
viais criados pelos processos de cheia e vazante. A
hidrográficas que os compõem não possuem liga-
maioria de seus afluentes nasce nos escudos dos Pla-
ção entre si. Elas foram agrupadas pela sua locali-
naltos das Guianas e Brasileiro na Venezuela, Colôm-
zação geográfica ao longo do litoral. O rio principal
bia, Peru e Bolívia.
de cada uma delas tem sua própria vertente, deli-
Possui o maior potencial hidrelétrico do país, mas a
mitando, portanto, uma bacia hidrográfica. Por
baixa declividade do seu terreno dificulta a instalação
exemplo, as bacias do Atlântico Leste são formadas
de Usinas Hidrelétricas. Na época das cheias, ocorre
pelo agrupamento das bacias do Paraíba do Sul,
o fenômeno conhecido como “Pororoca”, provoca-
Doce, Jequitinhonha, Pardo, Contas e Paraguaçu.
do pelo encontro de suas águas com o mar. Enormes
ondas se formam, invadindo o continente. Localizada
Aquíferos
numa região de planície, a Bacia Amazônica possui
cerca de 23 mil km de rios navegáveis, possibilitando
o desenvolvimento do transporte hidroviário. O Rio Os Aquíferos são fontes importantes de recursos
Amazonas é totalmente navegável. A Bacia Amazô- devido à sua grande quantidade de água armazena-
nica abrange os estados do Amazonas, Pará, Amapá, das. No entanto, torna-se problemático ao seu uso
Acre, Roraima, Rondônia e Mato Grosso; excessivo e, principalmente, sua contaminação com
a poluição do solo e o uso de reagentes químicos na
superfície, pois isso compromete a duração e a energia
z Bacia do Rio Tocantins: esta bacia drena aproxi-
para renovar este recurso natural. No Brasil, existem
madamente 9,5% do território nacional. Seus prin-
dois aquíferos principais e importantes: o Guarani,
cipais rios nascem no estado de Goiás e no Bico do
localizado Sul-Sul e se estende de outros países, além
Papagaio (TO), onde o Tocantins recebe seu princi-
do Alter do Chão, localizado na região norte.
pal afluente, o rio Araguaia. Em terras paraenses, No mapa a seguir podemos observar a localização
o Tocantins deságua no Golfão Amazônico, onde dos principais aquíferos brasileiros:
se localiza a ilha de Marajó. Por apresentar lon-
gos trechos navegáveis, essa bacia é utilizada para
escoar parte da produção de grãos (destaque para
a soja) das regiões que banha.

A usina hidrelétrica de Tucuruí, a segunda maior


do país, foi construída no rio Tocantins e atende às
necessidades de consumo de energia do Projeto Cara-
jás, no Pará. Dentre os principais afluentes da bacia
Tocantins-Araguaia, estão os rios do Sono, Palma e
Melo Alves, todos situados na margem direita do rio
GEOGRAFIA

Araguaia. Seu rio principal, o Tocantins nasce na


confluência dos rios Maranhão e Paraná, em Goiás,
percorrendo 2.640 km até desembocar na foz do Ama-
zonas. Durante o período de cheias, seu trecho nave-
gável é de 1.900 km, entre as cidades de Belém (PA) e
Peixe (GO). Em seu curso inferior situa-se a Hidrelé-
trica de Tucuruí, a segunda maior do país, que abas-
tece os projetos de mineração da Serra do Carajás e
da Albrás. 213
Hidrovias Degradação Ambiental

z Hidrovia Tietê-Paraná (Mercosul): O sistema Os principais problemas enfrentadas em rela-


hidroviário Tietê-Paraná possui 2.400 quilôme- ção ao processo de degradação ambiental nas bacias
tros de vias navegáveis de Piracicaba e Conchas hidrográficas do Brasil estão o processo de poluição
(ambos em São Paulo) até Goiás e Minas Gerais (ao das águas, tanto em áreas rurais como em áreas urba-
norte) e Mato Grosso do Sul, Paraná e Paraguai (ao nas, e as causas dessa poluição são o lançamento de
esgoto industrial e doméstico (em alguns casos esse
sul). Liga cinco dos maiores estados produtores de
lançamento ocorre in natura – quando o esgoto é lan-
soja do País e é considerada a Hidrovia do Merco-
çado diretamente no manancial de água sem nenhum
sul. Em seu trecho paulista, a Hidrovia Tietê-Para-
tipo de tratamento), além do processo de assoreamen-
ná possui 800 quilômetros de vias navegáveis, dez
to dos rios causado pela retirada da vegetação ciliar
reservatórios, dez barragens, 23 pontes, 19 estalei- das encostas dos rios.
ros e 30 terminais intermodais de cargas. Também podemos destacar o processo de uso de pro-
dutos químicos pelo setor produtivo agrícola que gera a
Sua infraestrutura, administrada pelo Departa- contaminação das reservas subterrâneas existentes.
mento Hidroviário - DH transformou o modal em
uma alternativa econômica para o transporte de car-
gas, além de propiciar o reordenamento da matriz de O ESPAÇO ECONÔMICO
transportes da região centro-oeste do Estado e impul-
sionar o desenvolvimento regional de cidades como A FORMAÇÃO DO TERRITÓRIO NACIONAL
Barra Bonita e Pederneiras.
A hidrovia serve para o transporte de cargas, pes- Economia Colonial e Expansão do Território
soas e veículos, tornando-se uma importante ligação
com os países do Mercosul. São 2.400 km de percurso A formação do espaço geográfico pode ser definida
navegável ligando as localidades de Anhembi e Foz com base nas relações de poder que são estabelecidas
do Iguaçu. Em função de suas diversas quedas, o rio através dos diversos modos de produção, e podem ser
Paraná possui navegação de porte até a cidade argen- motivadas por fatores sociais, políticos, econômicos -
tina de Rosário. O rio Paraná é o quarto do mundo em internos e externos - condicionados ao longo do tempo.
drenagem, drenando todo o centro-sul da América do A formação de Estados com governos centraliza-
Sul, desde as encostas dos Andes até a Serra do Mar; dos (fruto da aliança entre rei e burguesia) provocou
a formação de um espaço geograficamente mais inte-
grado. Nesse período começava a articulação entre o
modo de produção capitalista (alteração das relações
servis por um sistema assalariado).
A chegada dos colonizadores europeus na América
provocou uma desorganização e uma desestruturação
do espaço nativo aqui existente e a instalação de um
processo de colonização e exploração, com total sub-
missão política e econômica aos interesses da metró-
pole (conhecido como mercantilismo e oficializado
através do Pacto Colonial – o qual estabelece que a
colônia só podia manter relações comerciais com sua
respectiva metrópole), sendo assim, esta mercanti-
lização da produção provocou a criação de espaços
geográficos distintos, separados por uma hierarquia
colonial, estabelecida pelo pacto citado anteriormente.
Até os anos 30 do século XX, a economia brasileira
foi predominantemente agroexportadora, com base
na relação escravista de trabalho, que perdurou até
z Bacia do Rio São Francisco: é uma extensa bacia 1888 com a assinatura da lei Áurea, que aboliu oficial-
hidrográfica, responsável pela drenagem de apro- mente a escravidão no país.
ximadamente 7,5% do território nacional. O rio O Brasil colônia tinha como principal função ser-
São Francisco, que nasce em Minas Gerais, atra- vir como um complemento da economia da metrópo-
le europeia. Aqui, houve uma ocupação do litoral em
vessa o sertão semiárido mineiro e baiano, possi-
maior escala em detrimento da ocupação das porções
bilitando a sobrevivência da população ribeirinha interiores do território no início da colonização, fato
de baixa renda, a irrigação em pequenas proprie- este que proporcionou desigualdades regionais que
dades e em grandes projetos agroindustriais e a ainda podem ser observadas até os dias atuais.
criação de gado. O São Francisco é um rio bastante O sistema de plantation (latifúndios com a práti-
aproveitado para a produção de hidroeletricidade. ca da monocultura de gêneros tropicais), pautava
a macroeconomia nacional, dessa forma, o Brasil se
Ele é navegável em um longo trecho dos estados de constituiu em um espaço geográfico periférico dentro
Minas Gerais e Bahia, desde que a barragem de Três do sistema de acúmulos de capitais e riquezas nesta
fase do capitalismo mercantilista.
Marias não lhe retenha muita água. Possui área de
A economia colonial baseava-se no trabalho
aproximadamente 645.000 km² e é responsável pela compulsório, no início com a mão de obra indígena
drenagem de 7,5% do território nacional. É a terceira e depois com o escravo africano. No contexto inter-
bacia hidrográfica do Brasil, ocupando 8% do territó- nacional da época, a economia estava integrada ao
rio nacional. É a segunda maior bacia localizada intei- processo de expansão do capitalismo mercantil e era
ramente em território nacional. A bacia encontra-se caracterizada por ciclos produtivos.
nos estados da Bahia, Minas Gerais, Pernambuco, O primeiro ciclo econômico colonial foi o pau-
Sergipe, Alagoas, Goiás e no Distrito Federal. Situa-se -brasil, presente na região da Mata Atlântica sua sei-
214 quase inteiramente em áreas de planalto. va era usada no processo de tingimento de tecidos
e, a madeira, na produção de móveis. Este modelo A partir do século XVIII, a mineração desenvol-
de exploração durou até por volta de 1555, quando ve-se como principal ciclo econômico. Foram desco-
começou a ocorrer uma escassez de matéria prima e bertas reservas de ouro de aluvião, e esta atividade
a elevação do custo, fato que diminuiu o interesse dos contribuiu para impulsionar o processo de ocupação
colonizadores por este tipo de comércio. da porção centro-sul do país; formaram-se vilas, que
A partir de 1530 um novo ciclo econômico - ligado passaram posteriormente ao status de cidades, ocor-
à produção açucareira - tem início. Com grande desta- rendo assim a transferência de pessoas, serviços e
que nos séculos XVI e XVII, na região conhecida como capitais para as áreas mineradoras.
Zona da Mata nordestina, onde há a presença do solo A região Sudeste começa a desempenhar um papel
tipo massapé (muito rico em nutrientes), a cana-de- extremamente importante tanto para o atendimento
-açúcar era um produto extremamente importante das demandas de mercado externo quanto para estru-
nessa época e sua produção era voltada exclusiva- turar o mercado interno. O desenvolvimento provocado
mente para o mercado europeu. pelo ciclo do ouro traz também um surto de urbaniza-
Neste período, devido a demanda de crescimento ção que facilitava o aumento das práticas comerciais e
populacional, inicia-se uma diversificação da produ- o processo de interiorização do país, fatores esses que
ção para atender a demanda de consumo do merca- foram determinantes para a transferência da capital
do interno (porém nada que substituísse totalmente do país para o Rio de Janeiro, provocando assim uma
os grandes produtos da economia brasileira). Nestes reorganização espacial do país neste período.
espaços secundários que aqui se formaram, podemos Os primeiros sinais de decadência na produção
destacar a produção de tabaco, algodão e cacau, em aurífera foram surgindo e, consequentemente, os
especial nas regiões do Recôncavo Baiano, Sertão Nor- capitais eram destinados para outras atividades eco-
destino e sul da Bahia. nômicas, por exemplo, para a produção de algodão
A estrutura produtiva era moldada de acordo com – que teve um aumento da demanda no mercado
as necessidades. Nas grandes propriedades existia
externo, principalmente após a ocorrência da Revolu-
um complexo de produção constituído por engenho,
ção Industrial na Inglaterra.
casa grande, senzala e áreas destinadas para a pecuá-
No século XIX, o país estava com um governo cen-
ria, enquanto nas pequenas e médias propriedades
tralizador vinculado aos interesses aristocráticos e
o modelo dominante era a subsistência, que visava
escravagistas que divergia um pouco das ideias libe-
atender aos interesses de pequenos grupos que habi-
tavam as imediações das macroestruturas produtivas. rais que emergiam em diversas localidades do mundo.
A sociedade era patriarcal e escravagista, sendo Os países centrais que já haviam passado por pro-
que o senhor de engenho tinha grande influência na cessos de industrialização exigiam das nações perifé-
vida política e na economia. ricas maiores quantidades de matérias-primas, além
A concorrência da cana-de-açúcar produzida nas de mercados consumidores, fatores estes que provo-
Antilhas contribuiu para a decadência deste ciclo eco- caram uma mudança nas relações trabalhistas que
nômico. A região da Zona da Mata entra em proces- eram pautadas no trabalho assalariado, porém, com a
so de marginalização dentro da estrutura econômica resistência muito forte das elites em colocar um ponto
brasileira, principalmente após a transferência da for- final no processo de escravidão.
ça produtiva para a região Sudeste. No mapa abaixo, podemos observar os principais
O mapa a seguir mostra os principais ciclos eco- ciclos econômicos desde o período colonial até o Bra-
nômicos desenvolvidos no período colonial, com um sil república.
maior destaque para as atividades realizadas durante
o século XVIII.
É importante destacar atividades que foram desen-
volvidas de forma paralela, porém, simultânea, como
por exemplo a pecuária, que exerce papel extrema-
mente importante no processo de interiorização do
nosso país.

GEOGRAFIA

Da Cafeicultura ao Brasil Urbano-Industrial

No século XIX, o produto que impulsionou a econo-


mia brasileira foi o café, e isso contribuiu para o for-
talecimento da aristocracia no sudeste do país (região
que concentrava a produção deste gênero agrícola).
Ocorreram investimentos pesados no setor e toda
Fonte: Google Imagens. a produção era destinada à exportação. 215
Os espaços econômicos continuaram elitistas, e as urbanização em um curto espaço de tempo,
desigualdades e injustiças sociais continuaram per- provocando, assim, um inchaço populacional
meando a sociedade brasileira, e um dos grandes pro- das cidades pela falta de estrutura que atenda
blemas sociais da época era a concentração fundiária às necessidades da população da cidade em
(a Lei de Terras de 1850 contribuiu para o aumento questão.
significativo da concentração de terras aqui no Brasil).
A necessidade de investir na infraestrutura para
atender a demanda de produção de café era cada vez O Presidente Vargas investiu na infraestrutura de
mais intensa, foram realizados investimentos eleva- transportes e de comunicações com o objetivo de promo-
dos no transporte ferroviário, por exemplo, que era ver uma integração do território brasileiro, além de seu
a principal forma de ligação das áreas produtoras de projeto ser nacionalista com forte intervenção estatal e de
café com os principais portos da época. O café chegou a criação de indústrias de base, fortalecendo assim o mer-
representar cerca de 65% das exportações brasileiras. cado nacional, porém, com os investimentos e infraestru-
Com o capital proveniente das exportações de café, tura concentrados no Sudeste, houve um aumento das
começaram a ocorrer investimentos gradativos no disparidades econômicas regionais no país.
setor industrial, com destaque para a figura do Barão A partir do governo do presidente JK, ocorre a
de Mauá, defensor de uma política industrial no nosso internacionalização da economia brasileira, com
país, e essa nova atividade industrial concentrava-se
a abertura para as multinacionais (em especial as
no Sudeste, região que já contava com uma infraestru-
empresas automobilísticas), é colocado em prática
tura que atendia as demandas iniciais desse processo
o Plano de Metas: crescer 50 anos em 5, baseado no
de industrialização.
seguinte tripé econômico: capital privado nacional;
Medidas políticas e econômicas (substituição do
capital estatal e capital privado internacional. O país
trabalho escravo pelo assalariado, investimentos em
infraestrutura de transportes e comunicações, incen- investiu nas indústrias de bens de consumo, passan-
tivos ao crescimento do mercado consumidor interno) do a partir desse momento a ter um parque indus-
foram importantes para o desenvolvimento ocorrido trial mais solidificado e um pouco mais diversificado,
no período. porém, com a permanência das desigualdades regio-
Além do café, outros produtos foram desenvolvi- nais existentes desde outros momentos históricos.
dos em espaços do território de formas diferentes,
como, por exemplo, a borracha na região da Amazô- Integração Territorial
nia e eles foram determinantes para que o Brasil se
encontrasse fragmentado até por volta de 1930, sendo O processo de integração do território nacional
estes espaços isolados e/ou fragmentados classificados brasileiro teve início a partir dos anos 30, com a polí-
como ilhas ou arquipélagos econômicos que se encon- tica implantada pelo presidente Vargas. Essa política
travam totalmente ou parcialmente isolados entre si. ficou conhecida como a Marcha para o Oeste, que
A partir de 1929, em especial com a quebra da visava a ocupação da porção centro-norte do país.
Bolsa de Nova York, ocorreram profundas alterações O presidente JK, visando diminuir as desigualdades
nas relações econômicas globais. No Brasil, essa crise regionais, criou organismos responsáveis por alavan-
internacional foi sentida no modelo agrário exporta- car o crescimento de cada uma das regiões do país,
dor, em especial no espaço cafeeiro. A política do café como por exemplo a SUDENE (Superintendência de
com leite (Minas Gerais e São Paulo se revezavam na Desenvolvimento do Nordeste).
presidência da República), foi interrompida com a Nos governos militares foram criadas superinten-
chegada de Getúlio Vargas no poder, que promoveu dências para outras regiões também (SUDECO, SUDAM,
mudanças políticas importantes no país. SUDESUL), com o intuito de promover uma desindus-
Vargas incentivou a industrialização, tendo em vis- trialização ou descentralização industrial para ame-
ta que o país necessitava de produtos e não tinha condi- nizar e diminuir as desigualdades entre as regiões,
ções de importar – a demanda de produção industrial um exemplo desta política de desenvolvimento foi a
nacional era insuficiente para atender a demanda de implantação de um projeto industrial no meio da flo-
consumo interno – dessa maneira, o espaço econô- resta Amazônica, o polo industrial da Zona Franca de
mico brasileiro que era fortemente ligado ao agrário Manaus. Assim, várias cidades e capitais do “interior”
rural, foi gradativamente transferido para o urbano foram ganhando papéis de destaque dentro do proces-
industrial, com destaque para o eixo São Paulo – Rio so de hierarquia urbana com sua evolução de cresci-
de Janeiro, que já contava com uma infraestrutura que mento econômico, como as cidades de Rio Verde em
favorecia essa mudança, além de contar com mercado Goiás e Araguaína no Tocantins, que cresceram em
consumidor em crescente expansão e capitais disponí- função da lavoura de soja e ganharam novos papeis de
veis, provenientes da produção cafeeira. destaque, porém, não sendo suficientes para reduzir e/
Neste momento, a crise agrária e o pulsante desen-
ou acabar as disparidades regionais existentes.
volvimento industrial provocaram um acelerado êxo-
Um outro fator importante na tentativa de integrar
do rural, principalmente para e região centro-sul, que
o país e diminuir as desigualdades existentes foi o pro-
futuramente passou a sofrer com a hipertrofia urbana.
cesso de expansão da fronteira agrícola para a região
Centro-Oeste e para a porção sul da Amazônia, assim
como a expansão da fronteira pecuária, dentro de um
Importante! contexto do processo de globalização da agricultura.
Êxodo Rural é o processo onde ocorre a migra- Um setor que também passou por um processo de
desenvolvimento intenso, principalmente na região
ção dos habitantes das áreas rurais para os cen-
Amazônica, foi o de extração de reservas minerais,
tros urbanos, por diversos motivos: desemprego com destaque para a extração de minério de ferro no
no campo, busca por melhores condições de estado do Pará (Serra dos Carajás).
vida etc. Nos anos 80 e 90, o processo de desconcentração
Hipertrofia Urbana é o processo onde ocorre o industrial em nível nacional continuou ocorrendo,
desenvolvimento desordenado e de forma rápi- com grandes deslocamentos para as regiões Nor-
da de regiões que passaram pelo processo de deste e Centro-Oeste, dentro de uma política estatal
216
conhecida como Guerra Fiscal ou Guerra dos lugares, Polos Industriais
forma encontrada pelos governos de estados e muni-
cípios para atrair complexos industriais para seus ter- O processo de industrialização do país teve iní-
ritórios, baseados em políticas de subsídios (isenção cio no sudeste brasileiro, principalmente no estado
fiscal como o principal), proporcionando, assim, um de São Paulo, por conta dos fatores locacionais, em
especial: mão de obra; infraestrutura de transportes
maior processo de interiorização industrial e fomen-
e capitais acumulados por conta do ciclo do café. No
tando o crescimento de cidades de pequeno e médio Sudeste podemos destacar os polos industriais em São
porte. Paulo e no Rio de Janeiro.
É importante salientar o processo de disparidades Nas décadas seguintes ocorre o processo de des-
regionais existentes em nosso país que acaba inter- concentração industrial e a formação no polo na
ferindo em um maior desenvolvimento das variadas Zona Franca de Manaus; a instalação de indústrias
localidades, e como consequências destas desigualda- no Nordeste, em especial nas regiões metropolitanas.
des regionais, temos a questão estrutural (na maioria Nos anos 90, a industrialização da região Centro-Oes-
dos casos precária), a falta de mão de obra para aten- te, principalmente com a formação dos complexos
der a demanda do mercado de trabalho, e os gargalos
agroindustriais, e na região Sul, o processo de indus-
estruturais (a falta de infraestrutura) que impedem o
trialização ocorreu nos anos 80, 90 e 2000.
maior desenvolvimento destas regiões que acabam se
acentuando ainda mais com o passar dos anos.
A Indústria nas Diferentes Regiões Brasileiras e a
Reestruturação Produtiva
INDUSTRIALIZAÇÃO PÓS-SEGUNDA GUERRA
MUNDIAL
Nos anos dos governos dos militares, em especial
no final dos anos 60 e começo dos anos 70, ocorreu
Modelo de Substituição das Importações e Abertura o chamado Milagre Econômico Brasileiro – em que o
para Investimentos Estrangeiros país apresentava taxas de crescimento econômico em
torno de 10% ao ano – crescimento do PIB.
Essa fase é marcada pelo início do processo de
internacionalização da nossa economia promovida O que é o PIB?
pelo presidente Juscelino Kubitschek, popularmente
PIB é a sigla que define Produto Interno Bruto, que
conhecido como JK, onde foi desenvolvido o proces-
so de abertura do mercado brasileiro para sediar as representa a soma de todas as riquezas que o país
filiais das grandes indústrias estrangeiras, em espe- produz durante o período de um ano, mas esse estudo
cial das automobilísticas. Esse período foi marcado também pode ser realizado de forma mensal ou tri-
por um tripé econômico: mestral, depende do objeto de estudo realizado.

z Capital Privado Internacional; É importante destacar o processo de desconcentra-


z Capital Privado Nacional; ção das indústrias que começa a ocorrer no período em
z Capital Estatal. que os militares estão no poder, e nesse aspecto, des-
tacamos a instalação da Zona Franca de Manaus – um
JK estabeleceu o Plano de Metas, que tinha como slo- polo industrial na zona Norte do país, onde os objetivos
gan promover o crescimento do país em “50 anos em 5”. eram além de promover uma política de desenvolvi-
Dentre os principais objetivos do Plano de Metas esta- mento regional, estabelecer também um processo de
vam a realização de investimentos nas seguintes áreas: integração entre as regiões do país. Assim como ocor-
reu a instalação de indústrias na região Norte, o mes-
z Educação; mo ocorre em outras regiões, sendo que esse processo
z Transportes;
é a principal características da próxima fase.
z Energia;
z Alimentação; Antes de iniciarmos a quarta e última fase da
z Indústria de base. industrialização brasileira, é importante destacar o
processo de crise econômica, ocorrida em nosso país
Dessa forma, o presidente e sua equipe de gover- desde os anos 70, intensificando-se nos anos 80 e se
no acreditavam que o país daria passos cada vez mais estendendo até meados dos anos 90.
largos em direção ao desenvolvimento que todos tan- O mundo viveu uma grave crise econômica nos anos
to almejavam. Ocorreu a entrada de empresas mul- 70, ocasionada pelo 1º choque do petróleo, que ocasio-
tinacionais, que estimulou o setor de bens duráveis, nou um aumento no valor do barril, e esse aumento
como por exemplo o setor automobilístico, fazendo gerou reflexos em todo o mundo. Em nosso país, o cho-
com que o governo brasileiro investisse no setor de que do petróleo significou a retirada de capitais pelos
transportes, em especial no setor rodoviário, causan- investidores, e esse episódio acabou expondo a grande
do um problema que se arrasta até os dias atuais – a dependência que o Brasil tinha em relação às ques-
dependência do setor rodoviário. A chegada dessas tões econômicas e tecnológicas perante as nações mais
corporações internacionais foi provocada pelo fenô-
industrializadas. Assim, com o agravamento da crise e
meno conhecido como desconcentração industrial.
elevação dos juros no mercado financeiro internacio-
nal, na década de 1980 começa a ocorrer o processo de
GEOGRAFIA

Dinâmica Espacial da Indústria.


sucateamento da indústria no Brasil.
Nos anos 90, o país começa a adotar medidas impos-
A maior concentração de indústrias ocorria na
região Sudeste, em especial no estado de São Paulo, tas por organismos financeiros internacionais, como
por conta de todo o histórico de importância que a o FMI – Fundo Monetário Internacional, que visava
região exercia para a economia do país, desde o perío- promover a implantação de medidas neoliberais na
do colonial, perpassando por vários ciclos econômicos, condução da economia, privatizando empresas esta-
neste contexto, há um destaque para a região do ABCD tais (pertenciam ao Estado brasileiro) e aumentando o
Paulista, área de elevada concentração industrial. processo de internacionalização da economia. 217
As regiões que têm mais recursos minerais no Bra-
Importante! sil são Minas Gerais, no Quadrilátero Ferrífero em, na
Neoliberalismo: Conjunto de doutrinas econômi- província mineral de Carajás no estado do Pará e no
cas, baseadas nas ideias liberais do pensador estado de Mato Grosso.
Adam Smith, que começam a ser implantadas no A extração em abundância desses recursos, que
mundo nos anos 70 e 80 em nações como EUA são aliados do agravamento de problemas ambientais
e Inglaterra, e as ideias neoliberais visam reduzir como queimadas, desmatamento e poluição, podem
a participação do Estado(governo) na economia influenciar os nossos ecossistemas de formas direta
e permitir uma regulação mais flexível na con- e indireta, podendo levar nossos recursos naturais a
dução de ações econômicas – o mercado age exaustão. É importante estar ciente do uso abundan-
com mais intensidade. Para a América Latina, te de recursos não renováveis, como petróleo, usado
essas ações foram impostas pelo Consenso de como fonte de energia e combustão para carros, por
Washington. exemplo. Como esse recurso pode terminar, é impor-
tante investir mais em energias alternativas, e nesse
contexto, o Brasil tem um enorme potencial. Preci-
A entrada de capitais estrangeiros, sem uma maior samos aumentar a conscientização e abolir algumas
regulação do Estado brasileiro, acabou por expor a práticas para evitar a extinção de animais e o desa-
fragilidade que existia do ponto de vista tecnológico, parecimento de muitos recursos limitados, agindo de
além do baixo poder de competitividade, e isso levou forma sustentável não só com o país, mas com o pla-
várias empresas a falência. neta todo.
A disparidade que existia entre as regiões do Brasil
era gritante, a região Sudeste chegou a ser responsá- ATIVIDADES ECONÔMICAS
vel por concentrar cerca de 80% das indústrias pre-
sentes no território brasileiro. Diante desse cenário, a Os Recursos Minerais
partir dos anos 90 e se intensificando nos anos 2000,
o governo brasileiro, juntamente com governos esta-
O Brasil é um imenso território com uma antiga
duais e municipais, começam a criar uma série de
formação rochosa. Graças a isso, tem grandes reser-
situações para que determinados segmentos indus-
triais se deslocassem para regiões como Norte, Nor- vas minerais. Destaque para minerais metálicos, como
deste e Centro-Oeste. ferro, manganês e bauxita (minério de alumínio). O
Tem início um período de forte isenção fiscal – minério de ferro tem maior destaque, ao passo que
redução de impostos – por parte dos gestores públicos, o ouro, o cobre e o nióbio, não menos importantes,
para atrair indústrias para seu território, iniciando possuem produção em menor escala.
um processo que ficou conhecido com Guerra Fiscal
ou Guerra dos Lugares – onde as unidades da Fede- Para obter uma ideia da importância da indústria
ração disputavam para oferecer as melhores e mais mineral para o país, a exportação de minerais gera um
atrativas cargas tributárias e atrair as grandes marcas equilíbrio positivo na balança comercial brasileira,
industriais para seus territórios. que representa 18% de todos os produtos exportados.

O Aproveitamento Econômico dos Recursos Naturais z Minério de Ferro: O Brasil está entre os 5 maio-
res produtores em minério de ferro no mundo. É
O Brasil se destaca pelo elevado nível de apro- extraído nos estados de Minas Gerais, Pará e Mato
veitamento dos recursos naturais, o país possui uma Grosso do Sul. Em Minas Gerais, o ferro é explo-
diversidade de reservas e possibilidades de produção rado no quadrilátero ferrífero (região Central-Sul
diversas, a questão estrutural impede um maior apro- do Estado), no estado do Pará, a exploração ocorre
veitamento dos recursos presentes no nosso território. na Serra dos Carajás, localizada no estado sudeste.
O Brasil é um país muito rico em recursos natu- De acordo com o Ministério de Minas e Energia, o
rais, possui terra com boa qualidade para a agricultu- minério de ferro representa 93% das exportações
ra, dando força ao agronegócio, tanto para o consumo
do setor de mineração do país. Seu maior uso é ser
nacional quanto internacional. A água é uma das
matéria-prima para produção de aço.
principais, e o Brasil tem 12% das águas superficiais
disponíveis no planeta. Além disso, 90% do território
recebe regularmente chuvas e temos uma das maio- z Manganês: semelhante ao minério de ferro, o
res reservas de água doce do mundo. As florestas bra- manganês serve como matéria-prima para pro-
sileiras também têm uma grande biodiversidade em dução de aço, sendo responsável por dar liga a
muitas partes do território. seus componentes. A maior parte do manganês é
A exploração de recursos minerais é uma ativida- destinada a este propósito. No Brasil, concentra-
de com grande potencial, e o Brasil está ciente de gran- -se principalmente na parte norte do território,
des poderes a este respeito, como a Rússia, a China e especialmente no estado de Amapá, mas também
os Estados Unidos. Nosso principal mineral é o fer- é encontrado no quadrilátero ferrífero em Minas
ro, com cerca de 90% das exportações brasileiras de Gerais, e na Serra dos Carajás, no Pará.
mineração para troca. É usado como matéria-prima
para criar aço. A extração brasileira de metais repre- z Bauxita: outro mineral importante para o país, é a
senta um grande percentual das produções globais. matéria-prima do alumínio. O Brasil tem a terceira
Outro mineral bastante explorado no país é o man- maior reserva do mundo. As reservas são encon-
ganês, presente principalmente na região norte. O tradas principalmente nos estados de Minas Gerais
Brasil também tem uma das maiores reservas de bau- e no Pará. O processo de transformar este miné-
xita, mineral mais difícil de encontrar e é usado para rio de alumínio é muito caro e caro para o meio
produção de alumínio. ambiente. Por isso, a reciclagem de latas de alumí-
218 nio é tão importante.
Embora o Brasil tenha tantos recursos minerais Em relação a energia nuclear, destaque para as
e riquezas, o processo de transformação e produção Usinas de Angra I e II, construídas nos anos 70, porém
desses recursos está nas mãos de grandes empresas sem muita representatividade na matriz energéti-
multinacionais. Consequentemente, uma grande par- ca brasileira. No campo abaixo podemos observar a
te dos lucros não permanece no país, o que geraria quantidade de energia produzida por cada segmento
mais lucros que poderiam ser revertidos em progra-
para atender a nossa matriz de consumo.
mas sociais e assim beneficiariam a população do país.

Fontes de Energia e Meio Ambiente Lixívia e outras


renováveis Carvão
Fonte de energia são as matérias-primas utilizadas 5,9%
para a produção de energia, que movimentam máqui- Outras não 5,7%
nas de maneira direta ou indireta. São extraídas da renováveis
0,6%
natureza e precisam passar por processos de trans-
formação para gerar energia. As fontes de energia Lenha e Carvão
são classificadas como renováveis, como hidrelétrica; vegetal
solar; eólica (ventos); geotérmica (do calor provenien- 8,0%
te do interior da Terra); Biomassa (produzida a par-
tir da utilização de matérias-orgânicas); energia das
marés (força das ondas) e do hidrogênio (através do Derivados da
Petróleo e
processo de reação química entre oxigênio e hidrogê- cana
derivados
nio que acaba por liberar energia), e as outras formas 17,0%
36,4%
de energia são as não renováveis, como os combus-
tíveis fósseis; o petróleo; carvão mineral; gás natural
e o gás de xisto, além da energia nuclear, produzida
Hidráulica
através do processo de fissão (quebra) nuclear dos
12,0%
átomos de Urânio e Tório.
Cabe ao mundo contemporâneo o desafio de uti- Gás natural
lizar energias não poluentes e renováveis, com o 13,0%
objetivo de reduzir os impactos da matriz energética Nuclear
sobre o meio ambiente. No Brasil, já temos programas 1,4%
de produção de energia com o objetivo de reduzir os
impactos ambientais, como por exemplo a produção Fonte: epe.gov.br
de etanol para combustível veicular, que foi inserido
em nosso país nos anos 70 a partir do Programa do O histórico do agravamento dos impactos ambien-
Álcool Brasileiro, principalmente depois do 1º choque tais no Brasil e no mundo começa a ser alterado a
do petróleo ocorrido em 1973, que provocou aumen-
partir dos anos 30. No nosso país especificamente
tos consideráveis no valor de barril.
O Brasil destaca-se também pela produção de ener- esse fenômeno veio acompanhado do processo de
gia a partir de usinas hidrelétricas, com destaque para industrialização e da urbanização, eventos esses que
as Usinas de Itaipu, Ilha Solteira, Belo Monte, Cachoei- proporcionaram um certo desenvolvimento do país,
ra Dourada. Em relação à energia eólica, destaque porém, este desenvolvimento não veio acompanhado
para o crescimento apresentado na região nordeste, de legislações adequadas para não provocar degrada-
na interface continente-oceano (litoral), com ênfase ções ao meio ambiente.
para a Usina de Prainha no Ceará. Para a produção O crescimento urbano e industrial associado ao
da energia solar, há um destaque especial no cinturão crescimento populacional são batalhas que são trava-
do sol, localizado no Nordeste, e em várias usinas na
das cotidianamente para conter o avanço da degrada-
região Sul. Como destaque da biomassa, temos o pro-
cessamento de cana-de-açúcar e a produção de etanol, ção ambiental.
conforme dito anteriormente. Dentre os principais problemas ambientais pode-
Em relação as fontes de energia não renováveis, mos destacar:
enfatizamos a utilização de gás natural, que é impor-
tado da Bolívia; as poucas reservas de carvão mineral z O desmatamento: é considerado como um dos
localizadas em estados da região Sul, principalmen- mais antigos e mais graves problemas ambientais
te Santa Catarina; o processo de extração e refino de que nosso país possui, desde a chegada dos por-
petróleo que é realizado pela Petrobrás desde os anos tugueses e dos diversos ciclos de exploração este
50, quando ocorreu sua inauguração, e, nesse quesito, problema vem sendo agravado. O processo de
podemos destacar as reservas localizadas nas Bacias
urbanização e crescimento das cidades, a expan-
de Campos e Santos.
Também é importante realçar a presença das são das atividades agropecuárias, a extração de
reservas de petróleo no pré-sal, localizado entre os madeira de lei, a utilização das terras para a cria-
estados de Santa Catarina e Espírito Santo, totalizando ção de bovinos, principalmente a pecuária exten-
uma área de mais de 800 km de extensão. Essa reserva siva, foram determinantes para o agravamento
de petróleo está localizada a uma profundidade supe- desta situação, e como consequências do processo
rior a sete mil metros abaixo do nível do mar, abaixo de desmatamento podemos destacar: a destruição
GEOGRAFIA

de uma camada de sal com espessura de 2 km, o que da biodiversidade; os processos de erosão e empo-
durante muito tempo inviabilizou a sua exploração, brecimento dos solos; a redução no ciclo das chu-
porém, com o desenvolvimento tecnológico, a Petro-
vas; o aumento das temperaturas e a questão do
brás já extrai grandes quantidades de petróleo na
região. aquecimento global.
Estima-se que as reservas no pré-sal ultrapassam z As queimadas: em sua maioria, as queimadas
200 milhões de barris, e por conta dessas reservas estão diretamente associadas à prática da agricul-
encontradas, o Brasil passou a ser autossuficiente na tura. Em nosso país as queimadas vêm aumentan-
produção de petróleo. do de forma considerável nos últimos anos, vide 219
os exemplos de 2020 ocorridos no Pantanal e na 2033, promovendo parcerias público-privadas para
Amazônia. Como consequências das queimadas, buscar resolver os problemas que mais afligem os
destaca-se o aceleramento do processo de deserti- brasileiros. Serão investidos cerca de R$ 753 bilhões,
ficação; a poluição do ar e o processo de empobre- totalizando R$ 47 bilhões por ano no setor.
cimento dos solos.
z A questão do lixo: essa questão é considerada z Dentre os problemas ambientais em ambientes
como o grande desafio das autoridades brasileiras, urbanos, podemos destacar: a formação das ilhas
visto que o consumo do ser humano e a produção de calor (também conhecidas como micro climas),
de lixo só aumentam ano após ano. As dificulda- que são provocadas por retirada da cobertura
des se potencializam com a coleta e o tratamento vegetal; verticalização das construções, que impe-
que ocorrem de forma inadequadas, mesmo com dem uma maior circulação dos ventos; circulação
a lei federal nº 12.305 de 2010, também conheci- de veículos automotivos e o processo de impermea-
da como a Lei Nacional de Resíduos Sólidos, que bilização dos solos, causando assim, um aumento
proíbe o descarte do lixo coletado em lixões a céu da temperatura das áreas centrais em relação às
aberto (o ideal é a construção de aterros sanitá- áreas periféricas, que podem chegar a 10º C.
rios), o problema ainda persiste, ora por falta de z Um outro problema ambiental dos centros urba-
interesse dos agentes públicos em promover políti- nos é a formação das chuvas ácidas: ocorrem em
cas para resolver a questão, ora por conta da falta regiões que o nível de poluentes na atmosfera é
de consciência da população em colaborar e con- alto e, ao entrar em contato com as gotículas de
tribuir para amenizar os impactos deste problema. água, promovem o aumento da acidez da chuva.
Como consequências deste tipo de problema temos Esse fenômeno tem como principais consequên-
a contaminação dos solos e dos lençóis freáticos, cias a destruição de lavouras agrícolas localizadas
por conta da produção de chorume; a produção de próximas a centros urbanos; a corrosão de monu-
mentos históricos e o aumento de doenças de pele.
gases tóxicos e o aquecimento global.
z Por último, vamos destacar o fenômeno da inver-
z A poluição dos solos por conta da utilização de
são térmica: ocorre principalmente em áreas
agrotóxicos no setor agrícola e o descarte incorre-
urbanizadas com elevados índices de poluição, em
to dos produtos químicos utilizados no meio rural:
especial no inverno. O fenômeno ocorre da seguin-
nesse contexto, nosso país é um grande produtor
te forma: a camada de ar poluído impede a troca
agrícola e o país que mais utiliza agrotóxicos em
de ar na atmosfera (que é um fenômeno de ordem
todo o mundo. Como impactos ambientais decor-
natural), e esse impedimento faz que fique uma
rentes dessa situação, destacamos o processo de camada de ar frio e poluído próximo a superfície,
empobrecimento do solo; a contaminação dos len- como consequência, esse fenômeno gera uma série
çóis freáticos e a destruição da biodiversidade (flo- de doenças respiratórias.
ra e fauna).
z Poluição do ar: nosso país está entre as nações O Setor Mineral e os Grandes Projetos de Mineração
que mais emitem dióxido de carbono, e esse pro-
blema tem como principais causas o crescimento No Brasil, a indústria de mineração possui grande
da indústria e uma elevada concentração de veí- representatividade, sendo uma atividade econômica
culos automotivos, porém, não podemos esquecer com destaque para os setores de exploração, minera-
de destacar a emissão do gás metano na atividade ção e de transformação mineral. As principais empre-
pecuária. Os impactos ambientais causados pela sas mineradoras do país são:
liberação dos gases do efeito estufa (GEE), são: o
aumento do buraco na Camada de Ozônio; agra- z Vale;
vamento de mudanças climáticas provocadas pelo z Samarco;
aquecimento global e a contaminação da água, z CBMM;
comprometimento da fauna e da flora. z Alunorte;
z A poluição da água nos centros urbanos princi- z Namisa;
palmente: está associada à falta de políticas para z Magnesita;
descarte do esgoto e tratamento, pouco mais da z Votorantim;
metade dos domicílios brasileiros tem o sistema de z Hispanobras.
coleta de esgoto e fornecimento de água potável,
grande parte do esgoto doméstico produzido em No Brasil, ocorre a importação e exportação de
nosso país é lançado in natura – diretamente nos recursos minerais, os minérios aqui produzidos,
rios sem qualquer forma de tratamento. em alguns casos não são suficientes para atender a
demanda de consumo do mercado interno. Os prin-
O Brasil possui cerca de 12% das reservas de água cipais importadores dos minerais brasileiros são paí-
doce do mundo, porém somente 4% está própria para ses como o Canadá, EUA, China, Japão e Países Baixos,
o consumo, de acordo com estudos da ANA (Agência destaque para a exportação de alumínio, cobre, ferro,
Nacional das Águas). Como consequências deste tipo estanho, manganês, níquel, nióbio e ouro.
de problema ambiental, destacamos a destruição e
perda da biodiversidade; a falta de água com quali- AGRICULTURA BRASILEIRA
dade para o consumo humano e uma queda na quali-
dade de vida da população, além do agravamento de
Dinâmicas Territoriais da Economia Rural
doenças associadas as questões citadas acima.
O Governo Federal sancionou a lei nº 14.026 de
julho de 2020, o Marco de Saneamento Básico, que A formação do setor agrícola brasileiro ocor-
visa universalizar no território nacional os sistemas reu com uma enorme concentração de terras. Uma
de coleta de esgoto e tratamento de água até o ano de grande quantidade das terras agricultáveis do país
220 está concentrada nas mãos de um pequeno grupo de
proprietários rurais, que controla grande parte da pro- perceber, o Brasil tem propriedades ainda muito maio-
dução. A concentração fundiária gera muitos conflitos res, com várias dessas ultrapassando a marca de 600
no meio rural, demonstrando cada vez mais a neces- módulos fiscais, o que, de acordo com o Estatuto da Ter-
sidade da realização do processo de reforma agrária. ra, criado pelo Governo Federal nos anos 60, represen-
A política de Sesmarias ( no período colonial, que dis- ta o que se chama de latifúndio – grande propriedade.
tribuía terras para as pessoas próximas à coroa portu-
guesa); a Lei de Terras de 1850, que regulamentava a Relações de Trabalho no Campo
posse das propriedades através do processo de com-
pra e venda – aumentando ainda mais a concentração O subaproveitamento do espaço agrário brasileiro é
fundiária, pois as terras estavam nas mãos da elite caracterizado por uma baixa produtividade em relação
econômica e política do país e a modernização tec- aos outros países que possuem uma agricultura pauta-
nológica provocada pela Revolução Verde compõem da na mecanização. O que faz o Brasil ter uma baixa
os fatores que nos permitem compreender a dinâmi- produtividade é a predominância da prática da agro-
ca de concentração de terras existentes no meio rural pecuária tradicional, sem o emprego de tecnologia em
brasileiro, tornando a estrutura desse importante larga escala pela maioria dos produtores rurais.
setor da economia extremamente desigual. O Brasil é um país extremamente agrícola, quase a
metade do território é ocupada por estabelecimentos
A Estrutura Fundiária rurais. No setor agrícola brasileiro, existem relações
de trabalho que são diversas, como por exemplo a uti-
A estrutura da terra do Brasil é caracterizada pela lização da mão de obra familiar; a presença de possei-
concentração: os grandes proprietários de terras têm ros; o sistema de parceria, os arrendatários da terra,
o controle da maior parte das terras agricultáveis do além dos trabalhadores assalariados temporários e da
país. Este processo ocorre desde o período colonial, presença do trabalho escravo no campo. Veja abaixo
e com o passar dos anos se agravou. A organização as características dos termos que acabamos de citar:
fundiária de um país pode ser compreendida de acor-
do com a dimensão das terras agricultáveis e distri- z Mão de obra familiar: É a relação de trabalho
buição das propriedades. No caso do Brasil, os dados estabelecida entre os entes da família, onde estes
relacionados à questão mostram extrema desigualda- exercem todas as etapas do processo produtivo.
de entre o número de pequenos e médios agricultores z Posseiros: São trabalhadores rurais que ocupam
e o tamanho das propriedades rurais e suas respecti- e/ou cultivam terras devolutas - (terras que perten-
cem ao poder público);
vas posses.
z Parceria: É o sistema no qual ocorre um acordo
Para melhor compreender a estrutura fundiária
entre dois trabalhadores ou produtores rurais, de
brasileira, o IBGE dividiu as propriedades em duas
modo que se um possui a propriedade da terra e o
modalidades:
outro apenas a força de trabalho, esse segundo ofere-
ce a sua força de trabalho, cultiva a terra e depois irá
z Agricultura Familiar: nela, o tamanho das proprie- dividir uma parte da produção com o proprietário;
dades é menor que 4 módulos fiscais por família; z Arrendatário: Esse sistema ocorre quando um
z Agricultura patronal: o tamanho das propriedades agricultor não possui terra, mas dispõe de capital
é superior a 4 módulos fiscais. ou recurso financeiro, e arrenda (aluga) a proprie-
dade por um certo período de tempo, através da
assinatura de um contrato;
Importante! z Trabalhadores assalariados temporários: São
Compreende-se como módulo fiscal o espaço trabalhadores rurais que recebem salário, mas
exercem seu trabalho apenas em um período do
mínimo necessário para a viabilidade da explo-
ano, normalmente esse processo ocorre no perío-
ração econômica de uma propriedade rural. O
do de colheitas;
tamanho estipulado para um módulo fiscal varia z Trabalho escravo no campo: Em pleno século XXI
segundo o munícipio e a região do Brasil (poden- ainda é possível encontrar trabalhadores na con-
do variar entre 5 e 115 hectares – lembrando dição de escravidão ou em condições semelhantes,
que cada hectare tem 10 mil m²), dessa forma é o trabalhador não tem direitos trabalhistas, não
possível diferentes classificações para o mesmo recebe salário, sendo que tudo que ele utiliza na
espaço. área produtora (desde alimentação e moradia e
até as suas ferramentas de trabalho), são contabi-
lizados, criando assim uma dívida e que essa será
Para conhecer melhor a realidade do campo bra- descontada do seu salário, fato que o impede de
sileiro, o IBGE faz levantamentos estatísticos, como o ir embora. Tal situação se faz real, principalmen-
Censo Agropecuário, o último foi realizado em 2017 e te em estados como Pará, Mato Grosso e Goiás, e
apurou que 90% das propriedades do país se enqua- esses não são as únicas unidades da federação bra-
dram na modalidade da agricultura familiar. sileira com este tipo de problema.
Todas essas propriedades somadas, no entanto,
GEOGRAFIA

representam apenas 27% das terras agricultáveis bra- A Modernização da Agricultura


sileiras. Essas fazendas podem ser classificadas como
minifúndios (imóveis rurais menores que o módulo O processo de utilização de insumos agrícolas na
fiscal estabelecido para o município) ou pequenas produção ficou conhecido como Revolução Verde,
propriedades (de 1 a 4 módulos fiscais). que além de receber produtos químicos e sementes
Por seu turno, as propriedades que se enquadram melhoradas e selecionadas, contava também com a
na modalidade não familiar ou patronal são as médias utilização de maquinários no campo e com a forte
(com tamanho de 4 a 15 módulos fiscais). Como pode-se injeção de capitais de grupos específicos. 221
No Brasil, país com um histórico agrícola muito intenso e forte (conforme vimos anteriormente), as conse-
quências da Revolução Verde foram chegando em ritmo diferente dos outros países da América Latina), a exten-
são do nosso território e a tropicalidade dos nossos climas contribuíram para atrair os investimentos para o setor
agrícola.
A agricultura brasileira se modernizava em ritmo cada vez mais acelerado, porém, esse processo ocorreu de
forma desigual dentro do território nacional, visto que a modernização da agricultura atingia uma parcela peque-
na das propriedades rurais, aquelas que possuíam as melhores condições financeiras, garantindo a esse grupo
restrito de produtores o aumento da produtividade, variedade de produtos lançados no mercado e o aumento das
exportações – esse modelo é caracterizado como agricultura comercial, que pratica a monocultura voltada para
a exportação, também conhecida como o latifúndio agrário exportador. Um outro tipo de agricultura presente
no nosso país é a agricultura familiar – onde ocorre o emprego de mão de obra em grande quantidade, não há a
utilização de máquinas e outros equipamentos em grande quantidade e ocorre a prática de policultura, que visa
atender o mercado interno, principalmente o mercado de alimentos.
O processo de mecanização e modernização da agricultura trouxe problemas para a maioria dos trabalhado-
res rurais que se viram à margem de toda essa situação exclusivamente pela questão econômica.
A Revolução Verde provocou a formação de um exército de desempregados no campo (o uso da mão de obra
em grande quantidade se fazia cada vez menor com a utilização das máquinas), sendo assim, essa parcela de
trabalhadores desempregados no campo opta por migrar para os centros urbanos através do processo conhecido
como Êxodo rural.
Os conflitos no campo para uma maior equidade em relação à questão fundiária aumentavam cada vez mais,
provocando assim o surgimento de movimentos sociais que lutavam pela reforma agrária, como a Pastoral da
Terra e, posteriormente, com o Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST). Também podemos destacar como
ponto negativo do processo de mecanização e modernização da produção agropecuária o aumento da concen-
tração fundiária (grandes porções de terras nas mãos de poucas pessoas, porém, este é um problema que está
presente na realidade brasileira desde o período colonial).
Os pequenos, médios e grandes produtores rurais começaram a se deslocar pelo território brasileiro em um
movimento que ficou conhecido como expansão da fronteira agrícola. Muitas famílias saíram da região Sul em
direção às regiões Centro-Oeste e para a porção sul da região da Amazônia, constituindo uma nova dinâmica no
cenário brasileiro, com destaque para a soja e a criação de gado.

Êxodo Rural

O Êxodo rural é um processo de migração caracterizado pelo deslocamento de uma população das áreas rurais
para as áreas urbanas. Este fenômeno ocorre em escala global. A ocorrência e o aumento do êxodo rural é uma
consequência da implementação de modernas relações capitalistas na produção agrícola, na qual o modelo eco-
nômico de grandes proprietários de terras e a mecanização intensiva das atividades rurais expulsam os pequenos
produtores do campo. O processo intensivo de mecanização das atividades agrícolas substituiu em larga escala o
trabalho humano e os pequenos produtores que não podem mecanizar sua produção, pois não possuem recursos
financeiros para tal situação, acabam sendo prejudicados.
Outra razão que oferece êxodo rural são os fatores atrativos que as cidades têm: as oportunidades de trabalho
nos grandes centros urbanos, que não demandam de qualificação profissional, principalmente nos setores secun-
dário e terciário, faz com que o cidadão migre procurando emprego e melhores condições de vida.
No entanto, este processo gera vários problemas sociais nos ambientes urbanos, sendo que alguns desses
migrantes não têm nenhuma qualificação profissional, o que é uma exigência do mercado que está cada vez
mais competitivo, gerando assim situações como o desemprego e o subemprego. Nessas cidades, alguns ficam em
situação de rua, sendo que as opções de sobrevivência que restam são a coleta de materiais recicláveis; trabalhar
como flanelinha, entre outras coisas, deixando esses cidadãos em situações de vulnerabilidade social, ou seja, o
problema que estava localizado nas áreas rurais foi transferido para os ambientes urbanos, e as consequências
desse processo representam um estado de calamidade social.

AGRONEGÓCIO E A PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA BRASILEIRA E COMÉRCIO

Com o intenso processo de utilização de tecnologias na produção agropecuária, estas atividades tornaram-se
bases da economia brasileira. No século XXI, ocorreu uma evolução na produção agrícola brasileira das extensas
monoculturas para uma diversificação da produção. No Brasil é possível encontrar uma grande variedade de
produtos que vão desde os mais historicamente tradicionais, como a cana-de-açúcar e o café, passando por outros
como soja, laranja, arroz, milho, trigo, algodão, dentre outros que encontram condições climáticas favoráveis ou
que foram adaptados pelas novas tecnologias agrárias, transformando o Brasil em um dos grandes produtores
agrícolas do mundo. Observe a tabela a seguir com alguns dados dos produtos agrícolas brasileiros.

RANKING DA PRODUÇÃO E DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DO AGRONEGÓCIO

PRINCIPAL
PRODUTO PRODUÇÃO EXPORTAÇÃO Nº DE PAÍSES
COMPRADOR

Açúcar 1º 1º 132 Rússia

Café 1º 1º 129 EUA


222
RANKING DA PRODUÇÃO E DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DO AGRONEGÓCIO

PRINCIPAL
PRODUTO PRODUÇÃO EXPORTAÇÃO Nº DE PAÍSES
COMPRADOR

Suco de Laranja 1º 1º 74 Bélgica

Soja em grão 2º 1º 42 China

Carne bovina 2º 1º 143 China

Carne de frango 3º 1º 145 Rússia


Óleo de soja 3º 2º 47 -

Farelo de soja 3º 2º 60 Japão

Milho 3º 1º 76 Irã

Carne suína 4º 4º 72 Rússia

.
Plano Agrícola e Pecuário (PAP) 2014/15

Os dados podem sofrer variações, pois com alguns produtos como a soja, o Brasil reveza com os EUA o posto
de principal produtor, ao passo que a Índia se destaca como produtora de carne bovina. O setor agropecuário
alcançou níveis elevados de participação na economia brasileira e o PAP (Plano Agrícola e Pecuário – também
conhecido como Plano Safra), já tem o valor de R$ 236,3 bilhões como crédito para os produtores para o biênio
2020/2021, onde a maior parte vai para custeio e para a comercialização. Estes valores são distribuídos de acordo
com o nível de importância do gênero ou atividade na economia brasileira. Os principais produtos do agronegócio
brasileiro são:

z Cana-de-açúcar: produto agrícola importante desde o período colonial, com produção anual estimada de 47
milhões de toneladas, com destino da produção para o etanol (combustível veicular) e para a produção do
açúcar. As áreas produtoras com maior destaque são: São Paulo (60% da cana produzida no país); estados do
Centro-Oeste, Maranhão; Paraná; Minas Gerais e a tradicional Zona da Mata Nordestina;
z Café: Principal produto no século XIX e início do Século XX, o Brasil é hoje o maior produtor e exportador de
café do mundo, são mais de 2 milhões de hectares de áreas destinadas ao consumo, destaque para o estado de
Minas Gerais que detém 50% da produção nacional;
z Soja: Principal produto do agronegócio brasileiro, com destaque para a produção nas regiões Centro-Oeste e
Nordeste, além de uma parcela de produção na região Sul;
z Outros produtos do agronegócio brasileiro: milho, citricultura, arroz, algodão.

Na pecuária, o destaque vai para a criação de bovinos que o rebanho já ultrapassa 219 milhões de cabeças de
gado.

Importante!
Pecuária Intensiva: os rebanhos são criados em estábulos, confinados em pequenas e médias propriedades,
com grandes cuidados em relação à alimentação, higiene e saúde. Esse tipo de pecuária necessita de maio-
res investimentos e mão de obra qualificada.
Pecuária Extensiva: Os rebanhos são numerosos, criados soltos e com pouca necessidade de cuidados e
investimentos, alimentando-se de pasto natural.

O Brasil destaca-se também na criação de suínos, com rebanho superior a 38 milhões de cabeças, com desta-
que para a região Sul do país com quase a metade do rebanho, seguido por Nordeste e Sudeste. A criação de suínos
gera lucros superiores a US$ 1 bilhão por ano.
Destaque também para a criação de ovinos e caprinos, com rebanho superior a 14 milhões de animais, com
destaques para as regiões Sul e Nordeste.
O Brasil destaca-se como grande produtor de aves, chegando a dominar uma fatia do mercado de 90% do
comércio de carne de frango.
Destaques também para a equinocultura que gera lucros superiores a R$ 7,3 bilhões por ano, criação de buba-
linos, asininos e muares.
GEOGRAFIA

Globalização e Economia Nacional

O Brasil é um país com enorme potencial para se firmar entre as grandes potências do mundo, porém, após
um crescimento considerável no início deste século, na última década o processo de crescimento econômico e os
números do nosso PIB (Produto Interno Bruto – total de riquezas que o país produz em um determinado período)
vem apresentando resultados desfavoráveis, e o grande desafio dos governantes é como garantir o processo de
solidificação da economia dentro desta lógica de internacionalização. 223
A internacionalização econômica pode ser com- RESULTADOS DO PIB BRASILEIRO SEGUNDO O
preendida como um grande mercado, resultado máxi- IBGE
mo do processo de globalização. A partir dos anos 90,
com o fim da lógica da bipolaridade entre capitalis- ANO PIB
mo e socialismo, que era determinada pela Guerra
2010 7,5%
Fria, as nações do mundo começaram um processo de
estreitamento de laços, através da superação de bar- 2011 4,0%
reiras físicas e geográficas, bem como a superação de
2012 1,9%
barreiras políticas e ideológicas.
O modelo de mundo globalizado e o processo de 2013 3%
internacionalização ultrapassam qualquer barreira
de esfera econômica, e abrangem áreas como ciência, 2014 0,5%
política, cultura etc. Mesmo sabendo que o processo 2015 -3,5%
de globalização pregava uma maior interação entre
os povos e nações nos aspectos políticos, econômicos, 2016 -3,3%
culturais, territoriais, financeiras, proporcionando
2017 1,1%
assim a construção de uma Nova Ordem Mundial, o
que podemos perceber hoje é um processo exatamen- 2018 2,2%
te ao contrário, que podemos chamá-lo de desgloba-
2019 3,5%
lização, onde os países vêm promovendo a adoção
de medidas protecionistas e restritivas, que acabam Fonte: IBGE
por representar uma tendência da sociedade moder-
na que é caracterizada por um fechamento total, uma A balança comercial (saldo entre importações e
espécie de isolamento, e um exemplo deste processo é exportações) brasileira vem desde 2017 apresentando
a Guerra Comercial entre os EUA e China, disputando superávits (as exportações estão superando as expor-
mercados, áreas de influencias, inovações tecnológi- tações – em resumo o país está vendendo mais do que
cas etc. está comprando) desde 2017.
A eleição do novo presidente Jair Bolsonaro, pro-
Comércio Exterior vocou uma mudança nas relações externas, com uma
maior aproximação com os EUA e com o presidente
Donald Trump, e foi adotada uma política econômi-
Nos anos 90, durante o governo Collor, ocorreu
ca defendida pelo então Ministro da Economia Paulo
um processo acelerado de abertura econômica, uma
Guedes que é um defensor do modelo neoliberal, e
redução das alíquotas de importações, privatizações previa a implantação de uma modelo de privatizações
de empresas estatais e uma desregulamentação do em vários setores da sociedade, porém, por enquan-
Estado, além da redução de subsídios. Ocorreram to, essa desburocratização e uma menor participação
também profundas mudanças na estrutura industrial do Estado Brasileiro nas questões econômicas não
do país. Esse cenário de estímulo à competitividade ocorreram.
não proporcionou a pequenas e médias empresas o Na perspectiva internacional, é de extrema impor-
suporte financeiro e técnico para suportar e se ade- tância ressaltar os três maiores parceiros comerciais
quarem a essas mudanças e muitas acabaram fechan- do país: China, EUA e Argentina. A Guerra Comer-
do as portas. A grande dificuldade dos pequenos e cial entre EUA e China rendeu frutos positivos para
médios empresários nos dias atuais está relacionada o Brasil em determinados momentos. Um setor que
à dificuldade de realizar investimentos em tecnologia, é bastante vantajoso para o Brasil na política comer-
já que o crédito concedido para tal ação depende ain- cial com os chineses rendeu respectivamente em 2018
US$ 32,7 bilhões e em 2019 US$ 32,7 bilhões, de acordo
da da autorização e do resguardo do Estado. A questão
com previsões do IBGE.
burocrática acaba emperrando todo o processo, dessa
Porém, em 2020, um ano atípico por conta da
forma, o Brasil acabou por implantar as políticas eco- pandemia do novo coronavírus, as projeções para a
nômicas neoliberais como uma política de Estado. economia do Brasil e de várias nações do mundo não
No início dos anos 2000, o país passou por um são muito animadoras, de acordo com as projeções do
período de crescimento econômico bastante signi- FMI o PIB do nosso país deve sofrer uma retração em
ficativo, com índices do PIB em torno de 6% ao ano, torno de 5,8%.
entrando no seleto grupo das maiores economias do No plano internacional, algumas declarações de
mundo, chegando a ser classificado como um emer- membros da alta cúpula do governo em relação aos
gente da economia mundial – e passou a fazer parte chineses vem causando um certo desgaste com o par-
do BRIC – grupo composto pelas economias emergen- ceiro asiático, fato este que pode comprometer a polí-
tes do mundo no período: Brasil , Rússia, Índia e China, tica econômica do país nos próximos anos.
e, posteriormente, o grupo passou a contar também
com a África do Sul (em 2011) e passou a se denomi- Integração Regional (Mercosul e América do Sul).
nar BRICS.
O Mercosul (Mercado Comum do Sul) que foi oficia-
O crescimento econômico do início do século não
lizado no início dos anos 90, através da assinatura do
se repetiu na década seguinte e o país passou a enfren- Tratado de Assunção, em 1991, tinha como principais
tar quedas significativas no seu PIB, em especial entre objetivos promover a dinamização da economia regio-
os anos de 2014 e 2017, conforme pode ser visto na nal, movimentando entre os seus membros mercado-
224 tabela abaixo: rias, pessoas, força de trabalho e capitais. Também
estava previsto no documento assinado pelos mem- explica porque os espaços em nível mundial se tor-
bros signatários (fundadores) Brasil, Argentina, Para- naram tão heterogêneos. A relação existente entre
guai e Uruguai a livre circulação de bens, serviços e industrialização e urbanização pode ser compreen-
fatores produtivos. Porém, por conta da desigualdade dida pela atuação da indústria enquanto agente de
entre os seus membros, em 1995 através da assinatura transformação e modernização das sociedades, mes-
do Protocolo de Ouro Preto, o bloco era transformado mo que não seja o único agente a contribuir para isso.
em uma união aduaneira com a fixação de uma tarifa Dessa forma, são ampliados os fatores atrativos das
externa comum – TEC. cidades, os elementos que são característicos do meio
urbano responsáveis por atrair os migrantes que são
oriundos das áreas rurais.
Importante! Um outro fator de extrema importância para que
toda essa dinâmica ocorra é a rede de transportes. O
União Aduaneira é uma classificação de bloco
Brasil é um país de dimensões continentais, e, confor-
econômico que conta com uma tarifa externa me vimos no tópico a respeito da formação do territó-
comum (TEC), pela livre circulação de mercado- rio brasileiro, nosso país possui uma enorme extensão
rias que são oriundas dos países associados ou no sentido norte-sul, assim como possui uma grande
membros. distância no sentido leste-oeste. Para promover o pro-
cesso de integração entre os pontos distintos e lon-
gínquos do país é necessário que exista uma rede de
Os anos 2000 foram muito desafiadores para o transportes integrada e articulada, ligando as diver-
Mercosul, em especial pelo distanciamento do Brasil,
sas localidades e facilitando o deslocamento de pes-
principal economia da região, pelo golpe de estado no
Paraguai e a consequente suspensão do país do bloco, soas, bens, serviços e produtos.
assim como a situação crítica da Venezuela que fez A rede de transportes tem um papel fundamental
com que o país presidido por Nicolás Maduro fosse para facilitar o escoamento da produção, o desloca-
suspenso do bloco em dezembro de 2016, por ruptura mento de cargas, e consequentemente contribuir para
da ordem democrática e descumprimento das normas a injeção de capitais estrangeiros e para o crescimen-
do bloco. to e desenvolvimento da economia. Em nosso país, a
Atualmente, o bloco enfrenta dificuldades para a opção encontrada para dinamizar este processo, prin-
assinatura de acordos, em especial com a União Euro- cipalmente a partir da segunda metade do século XX,
peia, por conta da política ambiental do seu principal foi a canalização de recursos para o modal (sistema
membro - o Brasil. de transportes) rodoviário – em especial a partir do
As outras formas de integração na América do Sul: governo do presidente JK, porém, a canalização dos
podemos destacar a UNASUL – União das Nações do Sul. recursos para as rodovias provocou um sucateamen-
Fundada em 2008 através do Tratado Constitutivo da to dos modais ferroviários e hidroviários – com a
UNASUL, assinado em Brasília, ficou decidido que a sede redução dos recursos estatais para estes modelos de
seria em Quito no Equador, o Parlamento sulamericano transporte.
em Cochabamba na Bolívia, e a sede do seu banco em
O modal rodoviário foi e ainda é o principal meio
Caracas na Venezuela. O bloco, além de caráter político,
tinha também o objetivo de se tornar uma organização de deslocamento, transporte de bens, cargas e pessoas
multissetorial, com a junção de duas uniões aduanei- no país, a prioridade pelo transporte rodoviário como
ras – Mercosul e Comunidade Andina de Nações. Com forma de favorecimento de empresas estrangeiras,
as mudanças nas políticas de seus membros, em março que se instalavam em nosso país, sobretudo a partir
de 2019 o bloco passou a se chamar Prosul – Foro para o dos anos 50 do século XX, as empresas que aqui se
Progresso da América do Sul, diferente da UNASUL que instalaram, eram principalmente, do setor automo-
tinha líderes de esquerda. A Prosul tem em seus repre- bilístico. O governo de JK facilitou a entrada destas
sentantes líderes de direita que ascenderem ao poder no empresas aqui no país. A política do governo brasilei-
continente nos últimos anos. ro era promover uma estruturação do modal rodoviá-
E para finalizarmos, destaque para as propostas de rio, construir polos industriais de automóveis em todo
integração na América do Sul como o IIRSA, que foi o país, ampliar a geração de empregos, proporcionar
criado em 2000 em Brasília como Iniciativa para a Inte- o crescimento da economia e hoje com o desenvolvi-
gração da Infraestrutura Regional Sulamericana, com mento tecnológico no processo fabril, a utilização de
o objetivo de interligar e desenvolver a infraestrutura mão-de-obra em larga escala nesse setor é cada vez
que interligasse fisicamente os seus membros entre as
mais reduzida.
principais regiões econômicas do subcontinente ame-
Uma outra característica negativa deste proces-
ricano, e a finalidade era diminuir os custos do setor
de transportes e aumentar o fluxo de mercadorias e as so foi a concentração dos investimentos do setor de
exportações intrarregional e extrarregional. transportes de forma desigual pelo território nacio-
nal. Ocorreu a concentração desses investimentos na
Eixos de Circulação e Custos de Deslocamento porção centro-sul e nas faixas litorâneas, uma peque-
na alteração pode ser observada a partir da decisão do
governo federal em transferir a capital para a região
O processo de urbanização potencializou e alterou
a dinâmica das cidades em todo o mundo. A estrutu- central do país e construir Brasília, dessa forma ocor-
ra urbana sofre profundas alterações, o processo de reram investimentos em locais que até então não
GEOGRAFIA

industrialização que ocorreu e ocorre de forma dinâ- eram conectados com o restante do país. Nesse con-
mica/acelerada e o progresso sem controle passaram a texto, foram construídas as rodovias Belém-Brasília,
exigir uma estrutura urbana que atendesse as necessi- Cuiabá-Porto Velho, Transamazônica, dentre tantas
dades das populações, tornando-se um ator coadjuvan- outras. Um aspecto negativo também a ser observado
te deste processo, juntamente com o setor industrial. é o fato de o Brasil possuir uma grande extensão terri-
Podemos afirmar que o processo de industriali- torial e o transporte modal rodoviário não ser o ideal
zação é o acontecimento histórico que causou maior para o transporte, principalmente de cargas, entre
impacto ao espaço geográfico. Cada país passou por grandes distâncias. O transporte rodoviário possui
este processo em tempos históricos distintos, e isso um custo de manutenção maior, os combustíveis são 225
mais caros, e a emissão de poluentes é maior (os auto- Rio Amazonas, que é totalmente propício a navegação.
móveis funcionam com combustíveis que são deriva- A partir dos anos 80, após a oficialização do Merco-
dos de petróleo – altamente poluente). sul, os demais membros do bloco (Paraguai, Uruguai
Nos anos 90, em decorrência da política neoliberal e Argentina) adotaram uma política de transportes de
(menor participação do Estado na tomada de decisões mercadorias para uma maior integração do chama-
em relação à economia) implantada no país, ocorreu do Cone Sul, os investimentos por parte do Governo
o processo de privatização das rodovias, que teve seu Federal, mas ainda são insuficientes para dinamizar
início, conforme dito acima, nos anos 90, mas que esse meio de transporte. As principais hidrovias do
permanece até os dias atuais, através de concessões Brasil são a Tietê-Paraná, a do Rio São Francisco e a
públicas. hidrovia do Rio Amazonas, dentre outras.
A qualidade das rodovias no país é ruim, muitas Os meios de transporte no Brasil necessitam de
não são pavimentadas, os gastos públicos são onerados, uma diversificação, além de investimentos que real-
visto que o processo de privatização ou de concessão mente atendam à demanda específica daquele modal
pública ocorre principalmente com aquelas rodovias e da região em questão. O ideal seria promover a inte-
que já são pavimentadas e não exigem investimentos gração entre diferentes meios de transporte através
tão elevados, as rodovias que necessitam de maiores da instalação de plataformas multimodais que per-
investimentos dificilmente entram nesse processo. mitem uma dinâmica diferenciada em relação ao
O transporte ferroviário em nosso país foi o modal transporte de pessoas e cargas, isso proporcionaria
predominante até as primeiras décadas do século XX, a redução da dependência em relação ao transporte
já que esse estava ligado principalmente para estrutu- rodoviário; também seria interessante que ocorres-
rar o deslocamento de produtos e mercadorias rela- sem investimentos que promovessem a integração
cionados a economia cafeeira, este é o motivo para das porções Oeste e Norte do país, assim facilitaria
a consolidação deste meio de transporte na região uma maior integração com outros vizinhos da Améri-
sudeste, principalmente. O transporte ferroviário tem ca do Sul e até um maior escoamento de produtos pela
um alto custo no seu processo de implantação, mas os orla do Oceano Pacífico, ampliando as trocas comer-
ciais, principalmente com nações asiáticas.
custos relacionados à manutenção são relativamente
Voltando ao transporte ferroviário, um trem pode
baixos, e nem isso foi suficiente para que muitas fer-
ter uma carga que corresponde ao volume transporta-
rovias ficassem sucateadas, abandonadas e muitas até
do por até 220 caminhões, um único vagão de metrô
desativadas, salvo algumas exceções. tem capacidade suficiente para transportar 250 pas-
Existem alguns projetos de construção de ferro- sageiros, para transportar essa mesma quantidade
vias em andamento, embora vários estejam com suas de passageiros seriam necessários três ônibus ou 50
obras inacabadas, mesmo com as verbas destinadas carros, o que provocaria um trânsito bastante carre-
pelo Governo Federal, através do PAC – Programa de gado e congestionado. A capacidade de transporte é
Aceleração do Crescimento, para o setor. O projeto uma vantagem que os trilhos possuem em relação aos
mais importante e relevante em relação ao transporte outros modais de transporte, além de ser mais segu-
ferroviário no Brasil é a Ferrovia Norte-Sul, que pos- ro, mais barato e menos poluente. Os investimentos
sui algumas áreas concluídas e em operação. no setor são vistos como alternativas mais prudentes
A política de privatização dos anos 90 também para transformar os caminhos do país, transportando
chegou ao setor ferroviário e até contribuiu para o cargas pesadas e também pessoas nos grandes centros
aumento da utilização do modal ferroviário, porém, urbanos e populacionais.
continua atendendo a interesses e deslocamentos de Nosso país está longe da realidade de nações
determinados grupos e regiões, a maior concentração europeias, por exemplo, as linhas de metrô no Bra-
da malha ferroviária ainda se encontra nas regiões sil totalizam 309 quilômetros em todas as cidades
Sul e Sudeste. que dispõem desse tipo de transporte, enquanto isso,
O transporte hidroviário é o que possui a menor somente em Londres, são 402 quilômetros; em relação
participação no sistema de modais do Brasil, e isso ao transporte de cargas, cerca de 25% dos produtos
é uma grande contradição, já que nosso país possui são escoados por vagões, enquanto na Rússia esse per-
potencial para desenvolver e utilizar esse meio de centual gira em torno de 88%.
transporte. A rede hidroviária presente no territó- A movimentação sobre trilhos no Brasil passou a
rio brasileiro é ampla e vários rios das nossas bacias ser um pouco maior nos últimos anos. No ano de 2016,
hidrográficas são navegáveis, não necessitando de o volume de cargas transportadas registrou o número
de 503 toneladas, um aumento de 29,3% em relação
muitos investimentos para construir estruturas, pois
ao número registrado em 2006 e quase o dobro do
não há a necessidade de grandes empreendimentos,
volume de cargas nesse meio de transporte no ano de
como por exemplo a construção de obras de correção
1997, dois produtos que são essenciais e importantes
e instalação de equipamentos. A justificativa dada para a economia do país – a soja e o minério de ferro,
para a não realização de investimentos excessivos em foram os responsáveis para alavancar esses números.
hidrovias no Brasil é a existência de rios de planal- Nos centros urbanos em diversas regiões, o transpor-
tos em nosso território, que são rios que apresentam te sobre os trilhos vem ganhando importância. O Bra-
declives mais acentuados (possuem quedas d’água ou sil tem mais de 1.062 quilômetros para trens, metrôs e
são encachoeirados), sendo necessárias obras para a VLT’s – veículos leves sobre trilhos. Esses meios de trans-
correção e que facilitariam o transporte de cargas; porte registraram um aumento em torno de 37,4% na
um outro agravante para a implantação deste meio de quantidade de passageiros na última década, para aten-
transporte é o fato de que os rios navegáveis ou rios der a esta demanda de crescimento, houve a ampliação
de planície estão localizados em áreas afastadas dos de 6,7% na extensão de linhas operacionais, 10,3% no
grandes centros econômicos. número de estações, 17,6% no número de linhas, com-
Ocorrem, em certas regiões, investimentos em praram mais vagões e houve uma redução no intervalo
rodovias que deveriam ser aplicados em hidrovias, entre os trens, e estes investimentos atendem as multi-
como por exemplo a Rodovia Transamazônica, uma dões que se deslocam diariamente pelas grandes cida-
estrada que se encontra quase de forma paralela ao des do país. Por exemplo, o número de pessoas que se
226
deslocam diariamente na região metropolitana de São z Mar Territorial: Faixa marítima que se estende
Paulo através dos sistemas metro ferroviários represen- até 12 milhas náuticas (22 km), contadas pela cos-
tam cerca de 70,4% do volume nacional, que correspon- ta que é considerada parte do território do país.
de a 8,5 milhões de pessoas. A soberania também é exercida no espaço aéreo,
O transporte sobre trilhos é recomendado para assim como no leito e no subsolo. É do marco do
deslocamento por longas distâncias, principalmente mar territorial (ou das águas territoriais) que são
transporte de cargas, isso resulta em economias. O contadas em 200 milhas de extensão para a delimi-
valor de um frete é, por exemplo, quase a metade se
tação da zona econômica exclusiva;
comparado com o modal rodoviário, e isto resultaria
z Plataforma Continental: Parte do subsolo do
também em uma redução do valor final do produto no
mercado consumidor. mar, ou seja, é a margem continental que começa
As vantagens relacionadas às questões ambientais na costa e cai com uma ligeira inclinação para a
também são relevantes: o transporte ferroviário cor- encosta continental (na qual a inclinação é muito
responde a um percentual de 25% do volume de cargas mais acentuada) ou até o limite de distância de 200
do país, e é responsável por apenas 2,2% das emissões milhas, para casos em que a margem continental
de gases poluentes emitidos pelo setor de transportes. não atinge essa distância. Se a margem continental
As ferrovias eletrificadas proporcionariam uma redu- se estender mais de 200 milhas náuticas o estado
ção desses percentuais de poluentes emitidos ainda costeiro pode requerir a extensão da plataforma
mais significativamente, e os benefícios atingiriam continental, até um limite de 350 milhas náuticas.
uma gama maior de pessoas, pois onde passam os
cabos elétricos, passam também os cabos de internet Zona Econômica Exclusiva Brasileira
e cabos de fibra óptica, democratizando assim esses
serviços em diversas regiões. A Zona Econômica Exclusiva (ZEE) é uma área
O setor agrícola é altamente dependente do setor localizada além de águas territoriais, na qual cada
de transportes, e caso ocorra a instalação de platafor- país costeiro tem a prioridade para o uso de recursos
mas multimodais, o setor cresceria ainda mais, vis- marinhos naturais (tanto vivos quanto sem vida) em
to do potencial de produção agropecuário que o país sua gestão ambiental. Estabelecida pela Convenção
tem, conforme registramos aqui no tópico Evolução da das Nações Unidas sobre a Lei do Mar (CNUM), tam-
Estrutura Fundiária no Brasil. Segundo dados da CNA – bém conhecida como Convenção Montego Bay, a área
Conferencia da Agricultura e Pecuária do Brasil, a par- econômica exclusiva estende-se até 200 milhas (náuti-
ticipação deste setor no PIB gira em torno de 21,4%. As cas), o que equivale a 370 km.
políticas econômicas para o agronegócio vêm se inten- Além da exploração e gestão dos recursos naturais,
sificando e se consolidando nos últimos anos. o país costeiro nessa área possui a jurisdição em rela-
ção à exploração e ao estabelecimento e uso de ilhas
artificiais, para a pesquisa científica marinha e para a
proteção e conservação do ambiente marinho.
Apesar da exclusividade concedida ao país costei-
O ESPAÇO POLÍTICO
ro na área, todos os outros estados desfrutam da liber-
dade de navegação e podem sobrevoar, bem como
FORMAÇÃO TERRITORIAL
pode ser realizada a instalação de cabos submarinos e
dutos e outros usos legais do mar.
Território, Fronteiras e Faixa de Fronteiras
O país que tem a administração da ZEE também
deve promover o uso dos recursos que estão vivos
O Brasil localiza-se na porção centro-oriental na
América do Sul, sendo o maior país em extensão ter- nessa área, determinando a captura e a exploração de
ritorial do subcontinente. Nosso território é cortado forma legalizada da fauna marinha. Se o país não con-
pela Linha do Equador e pelo Trópico de Capricórnio, seguir atingir o máximo estabelecido, pode ser que
totalizando uma área de 8.515.767 km2. Isso o classifi- ocorra a autorização para que outros países explorem
ca como um país de dimensões continentais e o colo- o excedente, caso haja algum tipo de acordo entre as
ca entre os países com maiores extensões territoriais partes.
do mundo, ocupando o quinto lugar, tratando-se de A ZEE brasileira representa uma área aproximada
terras descontínuas, e quarto lugar, considerando-se de água de 3,6 milhões de km². É uma área oceâni-
terras contínuas. ca com uma dimensão equivalente a cerca de 40% do
O país tem 23.086 km de fronteiras; destes, 15.719 território brasileiro. Devido à sua importância estra-
km são consideradas fronteiras terrestres. Um detalhe tégica e riqueza natural, a Marinha do Brasil é respon-
é que somente dois países da América do Sul (Chile e sável pela sua defesa, denominando-a Amazônia Azul.
Equador) não fazem fronteira com nosso país. A costa O valor da Amazônia Azul é comparável ao da
brasileira, localizada na porção leste, é banhada pelo Amazônia Verde. A região tem riquezas e potenciais
Oceano Atlântico e constitui o total de 7.367 km, indo econômicos como pesca, mineração, enorme biodi-
do Cabo Orange ao Arroio Chuí. versidade de espécies marítimas, óleo, uso da energia
das marés e energia eólica em alto mar.
GEOGRAFIA

Mar Territorial e Plataforma Continental O Brasil requereu a expansão plataforma con-


tinental à ONU, devido à extensão da sua margem
A Convenção das Nações Unidas sobre a Lei do Mar continental que é superior ao limite de 200 milhas
(CNUM), realizada no dia 10 de dezembro de 1982, náuticas. Caso os projetos sejam aceitos pela ONU o
introduziu o conceito de área econômica exclusiva e
país adicionará cerca de 900. 000 km² à zona ZEE, um
também estabeleceu os conceitos de mar territorial e
total de cerca de 4,5 milhões de km², área maior que o
plataformas continentais, que são diferentes, porém,
bioma da Amazônia correspondendo a cerca de 52%
causam confusão em boa parte da sociedade.
de nossa área continental. 227
No mapa a seguir, pode-se observar a delimitação 1946: Extinção dos territórios de Ponta Porã e Iguaçu;
da Amazônia Azul: 1956: O Território Federal de Guaporé passou a ser
chamado de Território Federal de Rondônia como for-
ma de homenagear o Marechal Cândido Rondon, gran-
de sertanista do Brasil, defensor dos indígenas e desbra-
vador da floresta Amazônica. Rondon foi o responsável
por encontrar as ruínas do Real Forte Príncipe da Bei-
Arquipélago
ra, considerada a maior relíquia histórica de Rondônia;
de São Pedro 1960: Transferência da capital do Rio de Janeiro
e São Paulo
Atol das para Brasília e fundação do Distrito Federal. Onde o
Rocas
antigo Distrito Federal estava localizado foi criado um
Arquipélago de
Fernando de novo estado, chamado de Guanabara. Porém, entre os
Noronha anos de 1974 e 1975, ocorreu a junção dos territórios
da Guanabara e do Rio de Janeiro formando assim um
único estado. O estado da Guanabara estava localiza-
do onde hoje está a cidade do Rio de Janeiro.
1977: O estado do Mato Grosso foi dividido em
duas unidades federativas; a porção sul passou a se
chamar Mato Grosso do Sul. A lei que sancionou essa
divisão foi assinada no dia 11 de outubro de 1977 pelo
presidente e General Ernesto Geisel;
Ilha de 1981: O território de Rondônia foi elevado à con-
Trinidade e dição de estado da Federação, através da lei Comple-
Martin Vaz
mentar nº 41, de 22 de dezembro de 1981. Entretanto,
o aniversário de instalação do estado só ocorreu no
dia 04 de janeiro de 1982 com a posse do governador
Coronel Jorge Teixeira de Oliveira. O aniversário de
Rondônia é celebrado no dia 04 de janeiro (data da
instalação).

Importante!
Scientific American Brasil. Oceanos: origens, transformações e o
futuro. Adaptado Atente-se à diferença entre a criação e a instala-
ção de um estado:
Estrutura Político-Administrativa, Estados, De acordo com o historiador Anísio Gorayeb, a
Municípios, Distrito Federal e Territórios Federais criação de um estado depende da aprovação
no plenário da Câmara Federal, e a instalação é
Hoje, a República Federativa no Brasil é formada quando o estado passa a funcionar administrati-
por vinte e seis estados e o Distrito Federal, que pos- vamente como Estado. É quando o governador
suem suas competências legislativas, políticas e admi- assume e assina os primeiros atos.
nistrativas próprias. Porém, nem sempre nosso país O Estado de Rondônia foi instalado apenas com
apresentou essa divisão político-administrativa.
dois poderes constituídos. Com a criação do Es-
Foi no ano de 1889, com a Proclamação da Repú-
blica, que surgiram os estados. No Brasil Império tado foi extinto o território, quando o então pre-
(período anterior à República), havia a organização sidente da República João Baptista Figueiredo
do território através de províncias. E, mesmo com a indicou o Coronel Jorge Teixeira, que já ocupava
criação de estados não existia a figura do governador, o cargo de governador, para continuar no cargo
a função do executivo estadual era exercida pelo “pre- de maior importância no Estado em 29 de de-
sidente do estado. zembro de 1981.
Veja a seguir um breve histórico sobre a organiza-
ção político administrativa do Brasil no decorrer do
século XX. 1988: Criação do estado do Tocantins a partir da
1903: O Acre foi incorporado ao Brasil após acor- divisão do estado de Goiás. O território de Fernando
dos com a Bolívia; de Noronha foi extinto e passou a pertencer ao estado
1942: Criação do Território de Fernando de Noronha; de Pernambuco na condição de Distrito, sendo Fer-
1943 : Criação de cinco territórios federais: nando de Noronha o único Distrito Estadual presente
no território brasileiro.
z Guaporé (Região Norte); Alterações político-administrativas estabelecidas
z Rio Branco (Região Norte); pela Constituição Federal de 1988:
z Amapá (Região Norte);
z Ponta Porã (Região Centro-Oeste); z O estado do Tocantins foi criado após o desmem-
z Iguaçu (Região Sul). bramento do norte de Goiás;
z O estado de Goiás permaneceu na região Cen-
O Governo Federal utilizou como critério e lógica tro-Oeste, já o estado do Tocantins está na região
para a criação desses territórios a presença do gover- Norte;
no central em áreas que eram pouco povoadas e que z Os territórios de Roraima e Amapá que estavam
estavam em condições de vulnerabilidade às ameaças sob a administração do Governo Federal passaram
externas.
228 a ser estados autônomos;
z O território federal de Fernando de Noronha foi incorporado à administração estadual de Pernambuco.

O Brasil atualmente está organizado em 27 unidades federativas, possuindo 26 estados e um Distrito Federal.
As Unidades Federativas (estados) estão organizadas em Municípios, e estes, em Distritos.
Os estados e o Distrito Federal são chefiados por um governador e possuem uma capital, onde estão localizadas
as sedes de cada governo, já os municípios são governados pelo prefeito.
De acordo com a Constituição Federal, o Distrito Federal não pode ser dividido ou regionalizado em municí-
pios, mas possui uma divisão administrativa e é organizado em regiões administrativas.
Portanto, o Brasil é um Estado Federal, no qual União, Distrito Federal e Municípios que possuem autonomia
homogênea e ocupam, do ponto de vista jurídico, o mesmo plano hierárquico, devendo receber tratamento jurí-
dico-formal isonômico.
Acompanhe o conceito de federação, de acordo com a CF/1988:

Art. 18 É a forma de organização do Estado adotada pelo Brasil que se caracteriza pela coexistência de um poder
soberano e diversas forças políticas autônomas, unidas por uma Constituição. Os entes que compõem a federação
são: a União, os Estados-membros, o Distrito Federal e os Municípios. A CF fala também em Territórios, divisões
político-administrativa que, atualmente, não existem.

Pode-se representar a organização do país da seguinte maneira:

República
Federativa Estados Municípios Distritos*
do Brasil

* O Distrito Federal é uma unidade da federação e não é subdivisão de qualquer município.

Abaixo temos o mapa político do Brasil com todas as suas Unidades Federativas e suas respectivas capitais
listadas.

GEOGRAFIA

Fonte: http://www.geografia-ensinareaprender.com/2012/09/exercicios-viagem-do-conhecimento-2012.html 229


Os 26 Estados do Brasil e suas respectivas capitais são:

Distrito Federal – Brasília (DF)

Acre – Rio Branco (AC)


Alagoas – Maceió (AL)
Amapá - Macapá (AP)
Amazonas – Manaus (AM)
Bahia – Salvador (BA)
Ceará – Fortaleza (CE)
Espírito Santo – Vitória (ES)
Goiás – Goiânia (GO)
Maranhão – São Luís (MA)
Mato Grosso – Cuiabá (MT)
Mato Grosso do Sul – Campo Grande (MS)
Minas Gerias – Belo Horizonte (MG)
Pará – Belém (PA)
Paraíba – João Pessoa (PB)
Paraná – Curitiba (PR)
Pernambuco – Recife (PE)
Piauí – Teresina (PI)
Rio de Janeiro – Rio de Janeiro (RJ)
Rio Grande do Norte – Natal (RN)
Rondônia – Porto Velho (RO)
Roraima – Boa Vista (RR)
Santa Catarina – Florianópolis (SC)
São Paulo – São Paulo (SP)
Sergipe – Aracaju (SE)
Tocantins – Palmas (TO)

A Divisão Regional Segundo o IBGE, Os Complexos Regionais e As Políticas Públicas

O termo região (do latim, regere, derivação de rex, autoridade que determinava o limite das fronteiras) diz
respeito à parte do território que possui uma unidade que a diferencia em relação a outras áreas. O processo de
regionalização pode ser baseado em aspectos naturais (clima e vegetação), assim como em critérios políticos, eco-
nômicos, sociais, culturais, históricos e administrativos.
Por conta das dimensões territoriais do Brasil, existe a necessidade de regionaliza-lo para realizar estudos
sobre as diversas localidades existentes. O conceito de regionalização pode ser compreendido como divisão do
espaço com critérios estabelecidos de maneira prévia; os resultados dessa divisão em áreas ou porções menores
são chamados de regiões, com características distintas entre si.
Regionalizar contribui para que os poderes políticos e administrativos possam ter mais dados e informações
coletadas para auxiliar no desenvolvimento de projetos econômicos e sociais.
As regionalizações existentes no território brasileiro até por volta de 1939 eram pautadas no estudo de carac-
terísticas naturais do país. O elemento principal era fator condicionante que pautava o desenvolvimento do res-
tante da área.
No ano de 1889, o engenheiro André Rebouças dividiu o país em dez regiões agrícolas para regionalizar o país.
Veja no mapa a seguir:

230 http://geografiaxou.blogspot.com/2016/10/divisao-regional-do-brasil-mapas-e.html.
Em 1893, o geógrafo francês Élisée Reclus fez uma divisão do país utilizando como critério as regiões naturais.
Assim, de acordo com esse critério, o Brasil passou a ter oito regiões que podem ser observadas a seguir:

http://geografiaxou.blogspot.com/2016/10/divisao-regional-do-brasil-mapas-e.html

Delgado de Carvalho, em 1913, elaborou uma proposta de regionalização baseada em elementos naturais e
humanos, e o país passou a ter cinco regiões. Os estudos de Delgado de Carvalho tiveram como base a topografia
e o clima, que sofriam a influência de grupos humanos ao mesmo tempo que influenciavam esses grupos, propor-
cionando assim uma interação dos seres humanos com o meio ambiente de acordo com as necessidades locais.
Sua proposta de regionalização pode ser vista no mapa a seguir:

http://geografiaxou.blogspot.com/2016/10/divisao-regional-do-brasil-mapas-e.html

No ano de 1871 foi criada a Diretoria Geral de Estatísticas, com a finalidade de desenvolver e catalogar os dados
estatísticos do Brasil; posteriormente, o órgão passou a se chamar Departamento Nacional de Estatística (DNE). No
governo de Getúlio Vargas houve uma reestruturação do departamento, que foi nomeado Instituto Nacional de Estatís-
tica (INE) e incorporado ao Conselho Nacional de Geografia em 1938, dando origem ao Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE).
A partir da criação do IBGE foram introduzidos elementos da Escola Quantitativa, que utilizava a matemática
GEOGRAFIA

e a estatística como suporte para análises, referências e tabulação de dados.


Em 1941, com a coordenação do engenheiro Fábio Macedo Soares Guimarães, teve início um projeto de regio-
nalização do território brasileiro baseado em aspectos físicos e naturais (relevo, clima, vegetação).
Dessa forma, o Brasil foi dividido em 5 regiões: Norte, Sul, Leste, Nordeste e Centro-Oeste. O critério de Fábio
Macedo sofreu adaptações ao longo do tempo e serviu da base para a atual divisão territorial que o Brasil possui.
Observe o mapa a seguir com a atual regionalização do território brasileiro, que, além de levar em conta
aspectos físicos e naturais, também tem como critério aspectos políticos-administrativo: 231
BRASIL: POLÍTICO – ADMINISTRATIVO

http://geografiaxou.blogspot.com/2016/10/divisao-regional-do-brasil-mapas-e.html

Outras Formas de Regionalização

Em 1967, o geógrafo Pedro Pinchas Geiger fez uma proposta de regionalização baseada em indicadores socioe-
conômicos chamada de divisão geoeconômica, e dividiu o país em três complexos regionais: Amazônia, Centro-
-Sul e Nordeste.
Nessa forma de regionalização, as fronteiras regionais não coincidiam com as fronteiras estaduais. Dessa for-
ma, por exemplo, o norte de Minas Gerais (região do Vale do Jequitinhonha que possui indicadores socioeconômi-
cos semelhantes ao Nordeste) encontra-se na região Nordeste; outro exemplo é o estado do Maranhão, a porção
leste do estado se encontra no Complexo do Nordeste e a porção oeste, no Complexo da Amazônia. Tem-se, ainda,
o sul do estado do Mato Grosso, que se encontra no Complexo Centro-Sul (região com maiores níveis de desenvol-
vimento do país). Atualmente, muitos geógrafos e cientistas sociais preferem essa proposta.
232 Veja a regionalização de Pedro Pinchas no mapa a seguir:
http://geografiaxou.blogspot.com/2016/10/divisao-regional-do-brasil-mapas-e.html

No final dos anos 90 e início dos anos 2000, os geógrafos Milton Santos e Maria Laura Silveira utilizaram como
critérios para elaborar uma nova proposta de regionalização o nível de desenvolvimento do “meio técnico-cientí-
fico-informacional”. Isso quer dizer que, a informação e as finanças estão irradiadas de maneiras desiguais e dis-
tintas pelo território brasileiro, dividindo assim, o país em quatro complexos regionais que foram denominados
“quatro brasis”. Os complexos nessa forma de regionalização são os seguintes:

z Região Amazônica: Inclui os estados do Amapá, Pará, Roraima, Amazonas, Acre e Rondônia. Baixas densida-
des técnicas e demográficas;
z Região Nordeste: Estados do Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas,
Sergipe e Bahia. Primeira região a ser povoada, apresenta agricultura pouco mecanizada em comparação à
Região Centro-Oeste e à região Concentrada;
z Região Centro-Oeste: Formada por Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Tocantins. Apresenta agricultura
globalizada, isto é: moderna, mecanizada e produtiva;
z Região Concentrada: Inclui Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Paraná, Santa Catarina
e Rio Grande do Sul. Regiões que concentram maiores populações, indústrias, principais portos, aeroportos,
shopping centers, supermercados, principais rodovias e infovias e maiores cidades e universidades. Portanto,
são as regiões que reúnem os principais meios técnicos-científicos e as finanças do país.

Assim, para critérios de aprendizagem e fixação, apresentaremos a seguir um quadro resumo com as três
principais formas de regionalização cobradas em concursos públicos. Porém, não deixe de ler e estudar sobre as
outras divisões regionais.

Nº DE ANO DE ELABORAÇÃO
NOME DAS REGIÕES CRITÉRIOS AUTORES
REGIÕES DA PROPOSTA
Nordeste, Amazônia e
3 Características históricas e econômicas Pedro Pinchas Geiger 1967
Centro-Sul
Nordeste, Centro-Oeste, Milton Santos e Maria
4 Meio técnico-científico-informacional Início dos anos 2000
Concentrada e Amazônia Laura Silveira
Norte
Anos 40, com reformula-
Nordeste
Aspectos naturais, elementos sociais, ção nos anos 70 e atuali-
5 Centro-Oeste IBGE
econômicos, políticos e administrativos zação em 1988, através de
Sudeste
promulgação da CF/1988
GEOGRAFIA

Sul

O processo de regionalização, juntamente com a tabulação de dados socioeconômicos e demográficos, permite


que sejam implantadas políticas públicas em diferentes esferas de poder (Federal, Estadual e Municipal), com o
objetivo de garantir os direitos assegurados pelos cidadãos mediante a Constituição Federal.
A implantação dessas políticas varia de acordo com a região, porém, sabe-se que os setores que demandam
maiores cuidados por parte de nossos governantes são saúde, educação, segurança e habitação. Nesse contexto, o
Brasil ainda tem um longo caminho a ser trilhado para melhorar as condições de vida de seu povo. 233
O envelhecimento populacional nacional e, conse-
O ESPAÇO HUMANO BRASILEIRO quentemente, o aumento da expectativa de vida pode
ser explicado com o fenômeno da transição demográ-
DEMOGRAFIA fica, em que é registrado um aumento da expectativa
de vida e uma queda nas taxas de natalidade.
Transição Demográfica No gráfico a seguir, percebe-se o aumento da
expectativa de vida do brasileiro desde os anos 40:
Para compreendermos melhor a questão demográ-
fica brasileira, é importante tomarmos conhecimento
Expectativa de vida do brasileiro ao
dos dados divulgados recentemente pelo IBGE, eles
nascer (1940 - 2019)
traçam um panorama geral da população brasileira.
Segundo esses dados, a expectativa de vida dos bra-
sileiros era de 76,6 anos, sendo a expectativa de vida
dos homens 73,1 anos e, das mulheres, 80,1. Os indica-
dores vêm aumentando ano após ano, desde a década
de 40 quando a expectativa de vida dos brasileiros era
de 45,5 anos (G1, 2020).
Sobre a mortalidade infantil – crianças que che-
gam a óbito antes de completarem 1 ano de vida –
cabe ressaltar que é maior entre os meninos. Entre
os nascidos do sexo masculino, em 2018, cerca de
13,8 não chegaram ao primeiro ano de vida. Já entre
as meninas esse número é de 11,8 mortes a cada mil
nascimentos – dados do IBGE (G1, 2018). Esse padrão
se repete ao longo da vida, quando as mulheres com-
pletam 20 anos de idade, elas têm cerca de 4,5 mais
chances de chegarem aos 25 anos que um homem da
mesma idade.
Essa diferença de acordo com o IBGE, pode ser
explicada pela alta taxa de homicídios, suicídios, aci-
dentes de trânsito e outras mortes não naturais entre
os indivíduos do sexo masculino. A partir dos anos
80, esses fatores, os quais têm papel significativo nas
mortes dos homens na sociedade brasileira, são, em
grande parte, causados pelo aumento populacional,
agravamento da desigualdade social, aumento da cri-
minalidade etc.
Um outro fator que promove consequências dire-
tas nas questões demográficas é a mortalidade na Fonte: G1,2020
infância – crianças que vêm a óbito antes de comple-
tarem 5 anos de vida. As taxas vêm caindo ao longo Crescimento Populacional
dos anos. Por exemplo, em 2019, esse número era de
14,4 contra 14,9, de 2017, e 15,5, em 2015. O Brasil é o sexto país mais populoso do mundo,
As chances são maiores no grupo que tem menos com população estimada em 211.755.692 habitantes espa-
de 1 ano de vida – o número registrado, no ano pas- lhados entre 5.570 municípios, de acordo com o Instituto
sado, mostra que cerca de 85% das crianças que mor- Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – tal estimati-
reram tinham menos que 1 ano. Porém, mesmo com va se refere a 1º de julho de 2020. A população cresceu
esses dados, as taxas de mortalidade infantil vêm 0,77% em relação aos dados do ano de 2019. O estado
diminuindo. No ano passado foram registradas qua- de São Paulo segue na liderança com 46,289 milhões
torze mortes a cada grupo de mil nascimentos, contra de pessoas, sendo que, desse número, quase 84%
17,2 em 2010 – dados do IBGE. vivem nas cidades e pouco menos de 16% vivem no
No Brasil, nos últimos dezenove anos, os índices campo.
registraram queda de 56,11% nas mortes de recém- Esse contingente populacional sobre uma área de
-nascidos e 59,8% para crianças de até cinco anos – 8.515.692km² resultou em uma densidade demográ-
dados do relatório do Unicef em 2020. Em relação à fica de, aproximadamente, 23,8 habitantes por km².
expectativa de vida, o estado de Santa Catarina tem A heterogeneidade da população brasileira é uma
os maiores índices, com 79,9 anos (3,3 anos acima marca em sua história, pois a população se distribui
da média nacional), e o estado do Maranhão tem a de forma irregular pelo território nacional desde o
pior expectativa de vida, registrando 71,4, seguido do período colonial, época na qual a maior concentração
Piauí, com 71,6, e Rondônia, com 71,9 – ou seja, para populacional ocorria na porção oriental do país, em
cada criança nascida no Maranhão, estima-se que ela uma faixa que tem a extensão aproximada de 200km
viva, em média, 8,5 anos a menos do que uma criança entre a faixa litorânea e o interior.
nascida em Santa Catarina. A concentração populacional nas porções centro-
Todos os estados da região Nordeste têm dados -sul e litorânea do país, é maior e isso se deve aos ci-
abaixo da média nacional, ao contrário do que ocorre clos econômicos realizados ao longo da nossa história.
em todos os estados das regiões Sul e Sudeste, áreas Nosso país possui uma ocupação territorial diversifi-
em que a expectativa de vida para a população é aci- cada, demonstrando uma heterogeneidade estatístico-
ma da média nacional. -demográfica de sua população.
234
Podem-se ver, por exemplo, unidades da federação densamente povoadas, como Brasília, com 444 hab./km² e
Rio de Janeiro, com 365 hab./km², além de áreas com reduzidas densidades demográficas, como, por exemplo, em
Roraima ou no Amazonas (ambas possuem em torno de 2 hab./km²).
A concentração populacional na vertente (que é um termo frequentemente utilizado na Geografia como sinô-
nimo de “lado”, “flanco”) é resultante do processo histórico da ocupação que ocorreu da faixa litorânea para o
interior do país de forma gradual. Nas áreas litorâneas das regiões Sudeste, Nordeste e Sul, ocorrem elevadas
taxas de densidade demográfica; algumas, inclusive, chegam a ultrapassar a marca de 10 mil hab./km². Em contra-
partida, as taxas mais baixas são nos estados da região amazônica (norte do país) e na região Centro-Oeste. A cida-
de de Brasília é uma exceção, pois o processo de construção da cidade foi em um momento específico da história
do país, que contou com políticas criadas pelo Governo Federal para ocupar diversas áreas do território nacional.
A tabela a seguir mostra dados sobre o nosso país e as regiões administrativas:

POPULAÇÃO TOTAL (ABSOLUTA) DENSIDADE POPULAÇÃO POPULAÇÃO


BRASIL/REGIÃO
EM MILHÕES (HAB./KM²) URBANA (%) RURAL (%)

Brasil 211.755.692 23,8 84,4 15,6

Sudeste 89.012.240 87 92,9 7,1

Nordeste 57.374.243 36,06 73,1 26,9

Sul 30.192.315 42,5 84,9 15,1

Norte 18.672.591 4,12 73,5 26,5

Centro-Oeste 16.504.303 8,7 88,8 11,2

Fonte: IBGE. Anuário da população Brasileira (julho, 2020)

Apesar de serem menos populosas, as regiões Norte e Centro–Oeste apresentam um constante aumento da
representatividade populacional brasileira, enquanto as demais regiões apresentam uma leve tendência de
declínio.

Estrutura Etária, Política e Demográfica

A estrutura etária da população brasileira corresponde à média de idade que o país possui a partir do estudo
da quantidade de pessoas jovens (até 19 anos), adultas (de 20 a 59 anos) e idosas (a partir de 60 anos de idade).
A pirâmide etária da população brasileira vem passando por transformações ao longo dos anos, caracteri-
zando uma mudança no perfil demográfico do país no que diz respeito ao crescimento demográfico nacional. No
passado, com elevadas taxas de natalidade, a pirâmide etária brasileira possuía a base mais ampla e o topo mais
estreito, o que significava que o país possuía a maioria da população jovem. Nos dias atuais, pode-se afirmar que
o país está em uma fase de transição, com a redução das taxas de natalidade e um aumento da expectativa de
vida, além da redução das taxas de mortalidade. Para se ter uma ideia, em 1960, a taxa de fecundidade (número
de filhos por mulher), no Brasil, era de 6,21; já nos dias atuais esse número despencou para 1,81. Por outro lado, a
expectativa de vida subiu de 54,6 para 73,6 no mesmo período.
Neste sentido, nota-se que o Brasil está passando por um processo de envelhecimento populacional, ou seja,
um aumento da idade média de sua população. A médio e longo prazo, isso poderá causar um sério problema,
pois está acontecendo uma contribuição para a redução da População Economicamente Ativa (PEA), que são as
pessoas aptas a exercer algum trabalho. Com isso, os gastos sociais, em especial os gastos da Previdência Social,
tendem a elevar-se, causando um problema semelhante ao que acontece, atualmente, em alguns países europeus:
o inchaço do setor previdenciário.
É importante destacar que, por conta da pandemia nos últimos meses, em algumas unidades da federação,
como Rio de Janeiro e São Paulo, o número de óbitos passou a ser maior que o número de nascimentos, propor-
cionando uma mudança na demografia brasileira, em nível pequeno.

Mobilidade Espacial (Migrações Internas e Externas)

O deslocamento populacional interno (também conhecido como migração) ocorre em nosso país desde o
período colonial, porém esses movimentos se intensificaram a partir do século XX, em especial após a 1ª Guerra
Mundial (1914-1918).
GEOGRAFIA

Na história do Brasil, nossa economia foi caracterizada pelos ciclos, ou fases, nos quais um determinado pro-
duto surgia e se consolidava como o mais importante. Ocorreram os seguintes ciclos econômicos:

z Ciclo da cana-de-açúcar (séculos XVI e XVII);


z Ciclo da mineração ou do ouro (século XVIII);
z Ciclo da borracha (entre 1870 e 1910);
z Ciclo do café (final do século XIX e início do século XX).
235
Cada ciclo, ou seja, cada período em que deter- A inserção das regiões Norte e Centro-Oeste no
minado produto ficava em evidência, dependia das processo produtivo do país fazia parte de um conjun-
condições do mercado externo (visto que os produtos to de ações governamentais que tinha como objetivo
eram voltados para exportação), e necessitava de uma principal promover a ocupação do interior do país e
grande quantidade de mão de obra, provocando gran- buscar a redução das desigualdades existentes entre
des deslocamentos populacionais de diversas regiões as regiões. Como proposta para auxiliar nesse proces-
do país para as áreas produtoras (essas migrações são so, foram criados órgãos de planejamento e desenvol-
chamadas de inter-regionais), que ocorriam de forma vimento regionais, especificamente para as regiões
moderada. Houve, ainda, um aumento no volume de mais estagnadas do país. Como exemplo de iniciativa
pessoas deslocando-se, principalmente, a partir da nesse sentido, podemos citar a SUDAM (Superinten-
segunda metade do século XX. dência de Desenvolvimento da Amazônia) e a SUDENE
Após a Princesa Isabel assinar a Lei Áurea – que (Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste).
colocou um ponto final na escravatura –, os fluxos e A construção de grandes rodovias, como, por exemplo,
os deslocamentos populacionais aumentaram, já que a Belém-Brasília, a Transamazônica e a Cuiabá-Santarém,
o ex-escravo podia deslocar-se livremente pelo terri- bem como a criação de projetos agropecuários e para a
tório (fato que antes não era possível). extração de recursos minerais, como o Projeto Carajás (no
As maiores migrações inter-regionais da história Pará), foram algumas das medidas adotadas para inserir
do Brasil foram realizadas por nordestinos para os a região Amazônica no contexto de desenvolvimento
grandes centros econômicos da região Sudeste. Essas nacional.
migrações tiveram início ainda no século XIX e decor- Alguns fatores como a instabilidade política e
reram, em maior quantidade, durante o século XX, econômica que eram marcantes, principalmente nos
persistindo até os dias atuais, mesmo que em um rit- anos 80, foram responsáveis por uma mudança de
mo menos acelerado nas últimas décadas – veremos comportamento nos processos migratórios inter-re-
os motivos que contribuem para esse fenômeno mais gionais do país. A crise econômica proporcionou a
adiante. desconcentração produtiva (deslocamento de indús-
Esses movimentos migratórios ocorreram, em es-
trias e suas estruturas para o interior do país) através
pecial, por conta do crescimento e desenvolvimento
da política de incentivos fiscais (redução de impostos)
econômico alcançado pela região Sudeste – a princí-
que eram concedidos pelos governos municipais e
pio, com a lavoura de café e, depois, com os surtos in-
estaduais, além do uso de mão de obra mais barata
dustriais. Além desses, contribuíram para que ocor-
presente na porção interior do país. Isso refletiu e con-
resse o deslocamento dos nordestinos, em massa, pa-
tribuiu para a ocorrência de novos fluxos migratórios
ra o Sudeste. Alguns fatores repulsivos (que expulsam
intrarregionais.
ou forçam a população a sair de uma determinada re-
Nas últimas décadas, é possível perceber uma
gião), tais como:
redução do deslocamento de nordestinos para São
Paulo. Por exemplo, na década de 1980, pela primeira
z O declínio que a economia do Nordeste vinha so-
vez na história, o município registrou um saldo migra-
frendo há várias décadas;
tório negativo; a diferença entre o número de pessoas
z Fatores naturais como a falta de chuvas e, conse-
quentemente, a ocorrência das secas. que saíram e o número de pessoas que chegaram
entre 1980 e 1991, foi em torno de 750 mil. A maio-
ria das pessoas que deixaram a metrópole do Sudes-
No fim dos anos 50, a construção de Brasília ser-
viu como um estímulo para a população nordesti- te foram para cidades do interior do próprio estado,
na migrar para a porção central do país (havia uma como Ribeirão Preto e Campinas.
demanda de mão de obra elevada), fazendo com que, Muitas dessas pessoas realizaram o fenômeno que
nos anos 60, a região Centro-Oeste fosse palco de uma no estudo da demografia, é conhecido como migra-
das maiores correntes migratórias da nossa história. ção de retorno (volta para cidade de origem). Entre
No sul do país o processo de modernização da agri- 1999 e 2004, por exemplo, cerca de 714 mil nordes-
cultura provocado pela mecanização do campo (utili- tinos deixaram o Sudeste e retornaram para a sua
zação de máquinas no processo de produção agrícola) região de origem (isso se deve ao fato de um maior
e a Revolução Verde – processo de mecanização da desenvolvimento que ocorre, atualmente, no Nordes-
produção agrícola – juntamente com a concentração te brasileiro).
fundiária (local onde as terras estão concentradas no Mesmo com as mudanças no quadro de desenvol-
qual pertencem a uma pessoa ou a um grupo econô- vimento regional, a região Sudeste continua sendo
mico) na região, impulsionaram o deslocamento de o principal destino das migrações internas, seguido
pessoas para a região central do país. pelo Nordeste e pelo Centro-Oeste. O Sudeste também
Os fatores que contribuíram para a expansão da é a região que possui a maior parcela de habitan-
fronteira agrícola do Sudeste para o Centro-Oeste e, tes que são oriundos de outras regiões, sendo que a
logo depois, para a região da Amazônia foram: maioria desses migrantes tem, como área de origem,
o Nordeste.
z A construção de uma malha rodoviária que pro- O Centro-Oeste é a região que apresenta o maior
moveu a integração das regiões do país; percentual de imigrantes nascidos em outras regiões
z O desenvolvimento de técnicas de correção dos (cerca de 34,1% de acordo com dados do IBGE de 2012).
solos do Cerrado; A criação do órgão de desenvolvimento regional, nos
z A assistência realizada pelos engenheiros agrôno- anos 60, o Sudeco (Superintendência de Desenvol-
mos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agrope- vimento do Centro-Oeste) e as políticas de subsídios
cuária (Embrapa); que foram ofertadas para atividades agropecuárias
z Os financiamentos por parte dos governos esta- impulsionaram o agronegócio, servindo como fatores
236 duais e federal. de atração populacional para a região Centro-Oeste.
A migração pode ocorrer de várias formas, como, Para compreender esse processo de produção eco-
por exemplo, de forma espontânea ou forçada. Nos nômica e a divisão do trabalho, primeiramente é im-
casos em que o migrante não se desloca por vontade portante entender como está estruturada a economia
própria, existem fatores naturais ou conjunturais que em sua totalidade. Através da divisão de setores e suas
podem impulsionar sua saída. Vejamos: respectivas atividades, pode-se classificar a produção
econômica da seguinte forma:
z Êxodo Rural: movimento de deslocamento de pes-
soas das áreas rurais para as áreas urbanas, por z Setor Primário (atividades ligadas à agricultura,
conta do desemprego no campo, falta de moradia, pecuária, extrativismo mineral etc.);
dentre outros fatores; z Setor Secundário (atividades ligadas à indústria);
z Transumância: um tipo de movimento migratório z Setor Terciário (atividades ligadas ao comércio e à
que é temporário e pode ser reversível; é determi- prestação de serviços).
nado pelas condições climáticas (sazonalidade),
como mudanças das estações ou secas temporárias; O conceito de trabalho ao longo da história da
z Movimento Pendular: é um movimento migra- humanidade, teve diferentes significados, chegando
tório diário, comum em grandes centros urba- a ser classificado como uma atividade desmerecida e,
nos-industriais, no qual os trabalhadores residem posteriormente, passando a ser uma necessidade para
em uma cidade e deslocam-se para trabalhar em os seres humanos. Esses conceitos contribuem para a
outra; nesse caso, a cidade onde o cidadão reside compreensão do processo evolutivo do termo trabalho.
passa a ser chamada de cidade-dormitório. O contexto histórico possibilita uma compreensão
do termo em sua plenitude, a qual deve levar em con-
No mapa abaixo temos os principais fluxos migra- ta aspectos econômicos, políticos, sociais e culturais.
tórios do Brasil e os respectivos períodos da história O trabalho, no mundo globalizado, sofreu alterações
em que ocorreram: ganhando nova formatação, com o emprego da tecno-
logia, a qual provocou impactos positivos e negativos
nas relações trabalhistas.
O trabalho remoto e a comunicação via e-mail ou
por aplicativos de mensagens, até pouco tempo, eram
consideradas situações impossíveis. No entanto, hoje
essa situação é uma realidade garantida por lei, prote-
gendo o trabalhador. Assim, o processo tornou-se mais
direto e construtivo no qual todos podem se beneficiar.
A pandemia provocada pelo novo coronavírus e
a necessidade de isolamento social aceleraram esse
processo de trabalho remoto, inclusive, boa parte das
empresas puderam fazer a opção de continuar nes-
se formato. Tal situação demonstra a existência de
uma democratização nos espaços laborais. Cada vez
mais as grandes corporações vêm deixando de lado as
visões tradicionalistas; a verticalização das relações
vem perdendo espaço para um ambiente com maior
linearidade e contribuição de todas as partes para o
processo produtivo.
No cenário do mundo do trabalho e da produção,
fica evidente a desigualdade entre alguns setores, até
porque o desenvolvimento e as transformações pro-
movidas pela inserção de novas tecnologias não estão
disponíveis para todos de forma homogênea (afir-
Disponível em: SANTOS, R. B. Migração no Brasil. São Paulo:
mando as desigualdades provocadas pelo processo de
Scipione, 1994. globalização). As atividades, por fim, se verticalizam
(concentram-se) em espaços regionalizados e isso fica
MERCADO DE TRABALHO evidente nas disparidades que existem no Brasil em
relação ao processo de industrialização da nossa eco-
nomia – os setores produtivos da região Sudeste têm
Estrutura Ocupacional e Participação Feminina
um considerável destaque.
Se o processo de análise for, ainda, mais profundo,
Ao abordarmos a divisão inter-regional do traba-
é possível encontrar no estado de São Paulo (na região
lho e da produção no Brasil, é importante destacar metropolitana), uma maior concentração de atividades
as atividades desenvolvidas em cada uma das loca- produtivas, mesmo com toda a desconcentração indus-
lidades do território nacional e a forma que cada trial ocorrida nos últimos trinta anos. O referido esta-
uma dessas atividades contribui para estimular o
GEOGRAFIA

do ainda polariza as atividades econômicas, havendo,


desenvolvimento. diferentes atividades econômicas dentro de uma mes-
Tais atividades, ou ciclos econômicos, contribuem ma localidade. Também podemos chamar esse proces-
para o processo de integração econômica. O Brasil so de seletividade dos lugares. O geógrafo Milton Santos
apresenta ambientes de trabalho e de produção bas- classificou esses lugares como espaços luminosos (uma
tante diversificados, dado o tamanho do seu territó- maior infraestrutura com concentração de empresas,
rio. Sendo assim, torna-se imprescindível conhecer as atividades econômicas e concentração financeira) e
contribuições de cada região para a evolução da eco- espaços opacos (infraestrutura de nível menor em rela-
nomia do país. ção aos espaços luminosos). 237
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de No ranking mundial, estamos na posição número
Geografia e Estatística (IBGE), a PEA – População Eco- 84, dentre 189 países que tiveram as condições de vida
nomicamente Ativa brasileira compreende 63,05% da das suas populações estudadas. Vale lembrar que o
população, sendo que esse número não considera os IDH varia entre 0,0 e 1,0, sendo que, quanto mais pró-
cidadãos que não têm vínculo empregatício, ou seja, ximo a 1,0, melhores são as condições de vida que as
trabalham com contrato formal ou com registro em populações têm e, quanto mais próximo a 0,0, piores
carteira. Ainda de acordo com o IBGE, do total da são essas condições de vida. No entanto, o IDH não é
população ativa no Brasil, dos setores produtivos, os o indicador ideal para verificar as reais condições de
trabalhadores estão distribuídos da seguinte maneira: vida de um país.
pouco mais de 20% encontram-se no setor primário O indicador ideal é o Índice de Gini, criado pelo
(atividades como agricultura, pecuária, mineração, estatístico italiano Conrado Gini, que mede a concen-
pesca etc.), 21% no setor secundário (indústria) e 59% tração de renda, apontando como está distribuída a
no setor terciário (comércio e prestação de serviços). riqueza de um país. O valor também varia entre 0,0 e
Dessa forma, conclui-se que a maior parte da 1,0, sendo que, quanto mais próximo a 0,0, menor será
população empregada no Brasil encontra-se vincula- a desigualdade de renda e, quanto mais próximo a 1,0,
da ao setor terciário, causando a ocorrência do fenô- maior será a concentração de renda. Atualmente, o
meno de terciarização da economia. Isso ocorre por índice de Gini do Brasil é de 0,509, conforme dados de
conta do processo intenso de mecanização do campo e 2020, mostrando uma elevada desigualdade entre os
da indústria (setores primário e secundário, respecti- mais pobres e os mais ricos do país.
vamente), provocando a substituição do homem pela Para finalizarmos os indicadores socioeconômicos,
máquina. Dessa forma, a maior parte da população vamos aos dados preocupantes, frutos desse cenário
encontra emprego em maior quantidade somente no pelo qual o país passa, por conta da pandemia provo-
setor de serviço e comércio. cada pela Covid-19. Cresceu o número de desempre-
A participação da mulher no mercado de traba- gados chegando à marca de 14 milhões de pessoas e,
lho, no Brasil, é um processo que vem sofrendo alte- em relação ao número de desalentados (pessoas que
rações nas últimas décadas e que tem mostrado a sua estão desempregadas e que desistiram, momentanea-
importância na economia. As mulheres estão alcan- mente, de procurar emprego), esse número chega a
çando destaque profissional em diversos setores. No 5,8 milhões. Os cidadãos na condição de desalentados
entanto, é nítido que as funções exercidas, os cargos ocupam-se pela informalidade.
ocupados e as remunerações ainda são menores, estan-
do defasados quando comparados com os dos homens. URBANIZAÇÃO BRASILEIRA
Elas recebem, em média, 70% do salário que os
homens ganham para a execução das mesmas tarefas Processo de Urbanização
e responsabilidades, ocupando os mesmos postos de
trabalho. Além disso, as condições de trabalho e a for- Até quase a metade do século XX (por volta de
te hierarquia nas instituições, tanto públicas quanto 1940), o Brasil ainda era classificado como um país
privadas, ainda provocam um desfavorecimento para que possui atividades econômicas concentradas, em
as mulheres em relação aos seus colegas do sexo mas- sua totalidade, no meio rural; a maioria da popula-
culino. Os cargos de chefia são exercidos, na maioria ção vivia no campo. De acordo com o geógrafo Mil-
dos setores, quase que exclusivamente por homens e, ton Santos, o processo de urbanização brasileiro foi
mesmo nas profissões tidas como femininas, a ocupa- rápido, intenso, violento e heterogêneo no século XX,
ção dos cargos por indivíduos do sexo masculino ain- diferentemente de vários outros países do mundo. Tal
da persiste. processo provocou um conjunto de mudanças entre
É fato que ainda há um longo caminho a percorrer as regiões do nosso país.
para que a nossa sociedade esteja livre do passado his- O modelo agrário e exportador foi importante para
tórico, patriarcal e machista e que haja equidade de a estruturação urbana e territorial do país. Algumas
gêneros em nosso país. cidades, como, por exemplo: São Paulo, Curitiba e Belo
Horizonte organizaram suas atividades comerciais
DESENVOLVIMENTO HUMANO voltadas para a exportação. No final do século XIX e
início do XX, o processo de urbanização do nosso país
Os Indicadores Socioeconômicos ocorria de forma lenta e gradual, em especial centra-
lizados nas cidades administrativas do setor agrário
Os principais indicadores socioeconômicos são o exportador. No ano de 1872, cerca de 10% da popula-
PIB, a renda per capita, o IDH, o Coeficiente de Gini e a ção brasileira vivia em áreas urbanas. Nesse contexto,
taxa de desemprego. A renda per capita do brasileiro, destacamos as três principais cidades da época: Rio de
no ano de 2020, teve um decréscimo de 4,8%, chegan- Janeiro (RJ), Salvador (BA) e Recife (PE).
do ao valor de R$ 35.178,00. No entanto, sabe-se que No período entre 1940 e 1980, há menos de 40 anos,
esses valores não condizem com a realidade do país, a localidade de residência de uma grande parcela da
tendo em vista que estamos em uma sociedade extre- população se inverteu. De acordo com o Censo demo-
mamente desigual. gráfico de 2010, no ano de 1940 o índice de urbaniza-
Em relação ao IDH – Índice de Desenvolvimento ção do país era de 31,24%. No ano de 1980, esse índice
Humano (calculado pela renda per capita, nível de atingiu o percentual de 67,59. A população total do país
escolaridade e expectativa de vida), para os padrões triplicou durante essas quatro décadas; já a popula-
da ONU, o Brasil tem apresentado valores considera- ção urbana multiplicou-se por mais de sete vezes nes-
dos altos – valor de 0,710, dados de dezembro de 2020, se mesmo período. Em 2010, a população brasileira,
número piorado em comparação aos anos anteriores, nas áreas urbanas, representava cerca de 84,36% da
demonstrando um reflexo da pandemia na sociedade população total do país, com um número de habitantes
238 brasileira. maior que toda a população do país em 1991.
Já no ano de 2020, de acordo com dados do IBGE, a A geografia urbana tem vários conceitos que pro-
população residente em áreas urbanas está em torno porcionam o estudo e a compreensão do espaço geo-
de 84,4%, apresentando, assim, certa estabilização em gráfico nas cidades, como seus processos de alteração
relação aos grandes deslocamentos populacionais. O e transformação. Dentre os principais conceitos dessa
êxodo rural, por sua vez, vem apresentando quedas área de conhecimento, podemos destacar:
significativas nas últimas décadas.
É importante destacar que o crescimento urbano z Espaço ou meio urbano: compreende-se como es-
ocorreu de forma paralela ao processo de industriali- paço geográfico ou meio urbano as atividades, po-
zação e esteve concentrado em algumas áreas no país, líticas públicas e práticas sociais que são responsá-
em especial no Sudeste, com destaque para o esta- veis pela formação da paisagem de um determina-
do de São Paulo e para as cidades industriais de seu do território; nesse espaço, encontramos, em sua
entorno. O processo de industrialização serviu como composição, habitações (algumas organizadas e
incentivo para um processo acelerado de migrações bem estruturadas) e outras cidades, pontos de co-
internas para as regiões citadas. Neste contexto, as mércio e os complexos de indústrias. No espaço ur-
pessoas migravam em busca de empregos e melhores bano, a produção de atividades econômicas e toda
condições de vida. essa mega estrutura proporcionam hábitos que ca-
Porém, vale destacar que, como é uma lógica do racterizam o modo de vida do ser humano;
próprio sistema capitalista, o crescimento popula- z Cidade: o conceito de cidade está ligado ao proces-
cional dos centros urbanos de forma acelerada e so estabelecido de acordo com o número de habi-
desordenada, foi superior à oferta total de vagas no tantes; nesse espaço, caracterizado como cidade,
mercado de trabalho para toda a população. Tal fato ocorre a produção de diversas e variadas ativida-
gerou uma maior competitividade por empregos, des econômicas.
moradias nas áreas mais centralizadas e alimentos,
acirrando a segregação espacial. Os valores dos ter- De acordo com os critérios do IBGE, são conside-
renos em áreas urbanas não possibilitaram o acesso radas cidades rurais todas as cidades com popula-
de grande parte dos trabalhadores à casa própria e ção inferior a vinte mil habitantes. Assim, as cidades
acabou por expulsar das áreas centrais das cidades os podem ser divididas em cidades rurais e cidades urba-
trabalhadores mais pobres que se deslocaram à pro- nas, sendo que as cidades rurais podem se formar em
cura de moradia em áreas inadequadas, degradadas áreas que possuem as caraterísticas do espaço urbano;
ou distantes dos centros das grandes cidades, gerando
uma ocupação desordenada do espaço e provocando z Metrópole: a metrópole é uma capital do estado ou
o processo de formação de periferias e, posteriormen- é uma cidade com altas taxas de desenvolvimento;
te, da favelização. promove impactos, influência e dependência em
Como as cidades são lugares de segregação e exclu- relação as outras cidades, sendo que tais influên-
são a dinâmica de construção de imóveis e de ocupa- cias são nos campos social, político e econômico;
ção de territórios atende ao interesse do capital (por
vezes especulativo), fazendo com que dentro de uma As metrópoles são classificadas da seguinte maneira:
mesma área estejam, lado a lado, prédios verticais de
alto padrão e condomínios horizontais, além do que, „ Metrópole Regional: exerce influência em ní-
em áreas não tão distantes, uma grande quantidade veis e esferas locais e, como exercem influên-
de pessoas vive em condições extremamente precá- cia, são de extrema importância para uma de-
rias, em barracos, embaixo de viadutos e, até mesmo, terminada região;
em caixas de papelão. No contexto atual, esses fatores „ Metrópoles Nacionais: formada pelo conjunto
continuam ocorrendo, tendo em vista que o processo de grandes cidades do país, realizam o processo
de desigualdade e exclusão são cada vez mais percep- de impacto em diversas localidades e diversas
tíveis na sociedade brasileira. regiões.
A geografia urbana tem, como principal objetivo, o
estudo do espaço geográfico das cidades, metrópoles e z Macrorregião, Megalópoles e Conurbação: Com-
megalópoles. Esse estudo ocorre a partir da observação preende-se como macrorregião todos os muníci-
da produção do espaço e das atividades econômicas, pios que estão localizados em seus limites territo-
políticas e sociais, além da preocupação com a origem, riais e que se influenciam de forma mútua. As me-
crescimento, desenvolvimento e com as relações de galópoles são formadas pelo conjunto de metrópo-
dependência e influência que uma cidade estabelece les que estão interligadas e próximas do ponto de
com todas as outras que estão em seu entorno. vista geográfico. O processo de delimitação e de-
Também, é objeto de estudo da geografia humana marcação das divisas e limites fica quase impossí-
a dinâmica de crescimento da população das cidades, vel de ser determinado. O processo de conurbação
a forma como ocorre o processo de organização terri- pode ser compreendido como a junção entre dois
torial, o modo como se deram os diversos processos de ou mais municípios os quais se unem devido ao rá-
urbanização e quais foram os papéis desempenhados pido processo de crescimento de ambos e não é pos-
pelas cidades para a ocorrência do fenômeno, conhe- sível mais identificar as áreas de limite de cada um.
cido como êxodo rural. A geografia urbana trabalha
GEOGRAFIA

em linhas diferentes da geografia rural, pois o objeto


Podemos destacar, também, outros objetos de
de estudo da segunda é a análise e a compreensão dos
estudo da geografia urbana, a qual não se limita em
espaços rurais e agrícolas que foram se transforman-
somente compreender, entender e analisar os pro-
do com o passar dos anos, mesmo estando separados
cessos de urbanização em todo o mundo. Ocorre uma
fisicamente (em alguns casos, não mais). O espaço
correlação com outras áreas, como a história das
urbano e o espaço rural estão interligados, sendo que
cidades, as suas principais características, os modos
um acaba por exercer os processos de influência e
de produção que foram e são estabelecidos ali e com
dependência para com o outro.
todo o processo de relação que existe no meio urbano. 239
Os outros assuntos que são desenvolvidos e estu- Existem, assim, cidades com outras funções cen-
dados pela geografia urbana são: trais. Vejamos:

z O processo de urbanização que ocorre em uma z Função religiosa: Juazeiro do Norte (CE) e Apareci-
cidade; da do Norte (SP).;
z Os problemas que são gerados pelo fato de as cida- z Função histórica e cultural: Ouro Preto (MG), Cida-
des crescerem de forma não organizada e não de de Goiás (GO), Paraty (RJ);
estruturada e quais são as consequências geradas z Função turística: Campos do Jordão (SP), Porto
por esses processos; Seguro (BA), Bonito (MS);
z A questão da dinâmica de circulação de pessoas, os z Função industrial: Contagem (MG), Cubatão (SP),
desafios da implantação e da solução para os pro- Volta Redonda (RJ), Camaçari (BA), Suape (PE).
blemas de mobilidade urbana, o fluxo e a logística
no setor de transportes; De acordo com o nível de importância histórica,
z Os modelos e modos de produção que são repro- algumas cidades podem exercer várias funções den-
duzidos nas cidades, bem como quais os tipos de tro de uma rede urbana, como é o caso da cidade de
trabalho que são oferecidos naquela localidade São Paulo. Com o passar do tempo, as cidades podem
específica; desenvolver outras funções, aumentando assim os
z Como a população residente naquele fragmento seus contatos com um número cada vez maior de
do espaço geográfico se relaciona com os espaços lugares. Dessa forma, as cidades assumem o papel
públicos e privados e quais são os modos de vida de dar dinâmica aos fluxos nos territórios, a fim de
estabelecidos ali; comandar as políticas comerciais regionais, nacionais
z Como as cidades são caracterizadas e de que forma e, em alguns casos, internacionais.
seus bairros e /ou distritos são distribuídos; O acúmulo de funções por uma determinada cida-
z Os problemas sociais enfrentados pelos habitan- de permite que ela possua um maior poder territorial.
tes, em especial, a questão da desigualdade social, Essas funções são determinadas pela presença de
a concentração de renda; grandes empresas, bancos nacionais e internacionais,
z Como a dinâmica do êxodo rural contribuiu para as quais também servirão para atrair populações das
o processo de surgimento e formação das favelas; mais diversas localidades em busca de melhores con-
dições de vida.
z Como ocorreu o processo de industrialização e o
As cidades, quando crescem, não permitem só o
estabelecimento de centros industriais;
surgimento e o crescimento de redes urbanas, mas
z Quais são os impactos gerados pelo processo de
também contribuem para o surgimento de redes ter-
industrialização nos centros urbanos, como a for-
ritoriais (transportes, telecomunicações, eletricida-
mação de ilhas de calor, ocorrência de chuvas áci-
de). Pode-se concluir, com isso, que quanto maior for
das e o processo de inversão térmica.
o crescimento de uma cidade, maior será a dinâmica
de produção e distribuição de alimentos, assim como
Nesse contexto, a geografia urbana tem extrema o deslocamento de cargas, mercadorias e pessoas por
importância e nos ajuda a compreender o processo de várias regiões do território.
produção do espaço urbano, as relações que ocorrem A densidade e o tamanho das redes urbanas, assim
entre os seres humanos e esse meio, além de com- como os difusores dos fluxos de informações, merca-
preender o crescimento das grandes cidades e como dorias, bens, serviços e capitais, fazem da rede urbana
ocorre o processo de influência dessas cidades com um fator importante na organização do território.
outras localidades e territorialidades a partir da ótica Do final do século XIX até por volta da década de
geopolítica. Também é possível compreender, através 1970, as cidades eram classificadas através de um sis-
da geografia urbana, como os processos de organiza- tema de pirâmide. Ocorria entre as cidades um pro-
ção das cidades, as políticas habitacionais deficitárias cesso de dependência da cidade A com as cidades
que causam problemas habitacionais que são impul- vizinhas que, posteriormente, poderia se relacionar
sionados pelo crescimento das populações de forma com a cidade mais importante nessa hierarquia.
rápida e desorganizada. Cada cidade ocupava um papel dentro dessa hie-
A partir desses estudos é possível a criação e o esta- rarquia e, para ocorrer uma mudança no papel e na
belecimento de políticas públicas que sejam eficientes importância de cada cidade, deveriam passar por um
e suficientes para a cidade se reestruturar e continuar processo com vários degraus e etapas, mudando assim
crescendo, porém, a partir deste momento, de forma suas classificações de acordo com a sua importância na
organizada e planejada. rede urbana. Subir esses degraus e passar por várias
etapas significava ascender na hierarquia urbana.
Rede Urbana, Hierarquia Urbana, Regiões Com o desenvolvimento dos sistemas de transpor-
Metropolitanas tes e telecomunicações ocorreram alterações e surgiu
uma nova hierarquia urbana. O desenvolvimento das
O processo de interligação entre as cidades possi- redes permitiu a integração de localidades mais dis-
bilita a formação de uma rede urbana. Nesse processo tantes aos grandes centros, através do deslocamento
cada cidade vai se especializando em atividades, cons- dos fluxos globais de informação, mercadorias e capi-
tituindo, assim, certa hierarquia entre os municípios. tal de forma cada vez mais intensa.
Podemos citar, como exemplo, o caso da cidade de No ano de 2000, de acordo com dados do IBGE,
Santos, onde está localizado o Porto, que possui uma existiam na rede urbana brasileira nove metrópoles,
função específica na rede urbana no estado de São duas possuíam alcance nacional (São Paulo e Rio de
Paulo. Há, portanto, uma interação entre as atividades Janeiro, sendo que São Paulo era considerada como
realizadas no interior do estado e a cidade de Santos, uma cidade global) e sete metrópoles regionais – Por-
em decorrência da dinâmica do seu porto. to Alegre, Curitiba, Belo Horizonte, Salvador, Recife,
Fortaleza e Belém.
240
Era uma característica associar o termo metrópo-
le ao processo de conturbação de uma cidade central, HORA DE PRATICAR!
com população superior a 1 milhão de habitantes
ou mais, que polarizava as demais cidades de seu 1. (EsPCEx – 2020) Em fevereiro de 2019, o mundo foi
entorno. surpreendido com um ataque de aviões indianos em
Atualmente, o IBGE considera a existência de quin- solo paquistanês. A animosidade entre esses dois paí-
ze metrópoles brasileiras. Foram agregadas ao grupo ses asiáticos é expressa territorialmente (vide dese-
anterior Manaus, Brasília, Goiânia, Vitória, Florianó- nho abaixo). Assim, é fundamentado o temor de uma
polis e Campinas (a única cidade que não é capital escalada da crise. Sobre a conflituosa relação indo-pa-
considerada como metrópole nacional), vale destacar quistanesa, é correto afirmar que:
que essas três últimas foram inseridas no seleto grupo
de metrópoles nacionais agora em junho de 2020.
A reclassificação do termo metrópole nacional
vem ocorrendo desde o ano 2000. O IBGE e o IPEA
(Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) desen-
volveram novos critérios e, de acordo com os estudos
realizados, as regiões metropolitanas sofreram alte-
rações, que compreendem às áreas conturbadas nas
grandes metrópoles. Esse estudo considerava a exis-
tência de vinte e três regiões metropolitanas e, hoje, já
são trinta e seis. Os aspectos levados em consideração
são os seguintes:

z Nível de atração de investimentos e migração;


z A dinâmica econômica;
z A capacidade de atrair setores de tecnologia de ponta.
I. Apesar de serem considerados, segundo a ONU, paí-
Nas regiões metropolitanas mais populosas, con- ses em desenvolvimento, ambos dispõem de artefa-
centra-se cerca de 37,26% da população do país. Vale tos de destruição em massa.
ressaltar que, de acordo com esses novos critérios, II. Mahatma Gandhi, líder que organizou diversas cam-
nem toda RM (Região Metropolitana) tem, especifica- panhas anticoloniais, ciente das incontornáveis
mente, uma metrópole. divergências entre muçulmanos e hindus, apoiou a
Em relação às migrações externas, o Brasil, ao lon- transformação da fronteira entre esses dois países,
go dos séculos, caracterizou-se por ser um país de imi- que passou de religiosa para política.
grantes. Apesar dos fluxos migratórios intensos entre III. Perdura até hoje o rígido padrão de alianças construí-
os séculos XVI e XX, na segunda metade do século XX, do durante a Guerra Fria, colocando em campos opos-
em especial nos anos 80 e 90, passou a ser um país de tos o eixo Nova Délhi–Moscou e Islamabad– Pequim.
emigrantes, já que muitos brasileiros estavam deixan- IV. A rivalidade indo-paquistanesa tem como um de seus
do o país. Os principais destinos eram os EUA, a Euro- principais focos a disputa pelo controle da Caxemira,
pa Ocidental, o Japão, regiões com moedas fortes e região habitada por maioria muçulmana e encravada
indicadores sociais elevados, além do Paraguai, como no Himalaia, na fronteira entre os dois países.
um desdobramento da expansão da fronteira agrícola
(os produtores brasileiros que migraram para o país Assinale a alternativa que apresenta todas as afirmati-
vizinho eram denominados brasiguaios). vas corretas.
Nos anos 2000, com a ascensão econômica que o
país teve e com as crises econômicas nas áreas que a) I e II
eram os principais destinos dos brasileiros, esses b) II e IV
deram início ao movimento de volta para o país. c) II e III
d) I e IV
Regiões Integradas de Desenvolvimento (RIDE’s), e) III e IV
Espaço Urbano e Problemas Urbanos
2. (EsPCEx – 2020) O Mercosul tem sido muito critica-
As RIDE’s foram criadas com o intuito de pro- do nos últimos anos pela perda de dinamismo, apesar
porcionar o desenvolvimento econômico e social. A dos importantes avanços obtidos desde sua criação.
ideia é promover investimentos em áreas de extre- Sobre esse bloco econômico regional, é correto afir-
ma importância para o cidadão, como: saneamento mar que:
ambiental, educação, turismo, segurança pública,
saúde, habitação, geração de empregos, proteção ao I. Promoveu a chamada distensão geopolítica entre Bra-
meio ambiente, serviços de telecomunicação, infraes- sil e Argentina, que historicamente disputavam a hege-
GEOGRAFIA

trutura, entre outros fatores. monia na Bacia do Prata.


Vale destacar, que as RIDE’s da região do Entorno II. O incremento da cooperação diplomática entre o Bra-
de Brasília – atende à demanda das cidades satélites, sil e a Argentina, durante a década de 1980, contribuiu
sendo que algumas funcionam como cidades-dor- para a formação do bloco.
mitórios, na qual o cidadão só vai para dormir, pois III. A adoção da Tarifa Externa Comum (TEC) transformou
trabalha em outro município; a RIDE de Juazeiro e o Mercosul em uma união aduaneira perfeita, visto que
Petrolina e, por último, a RIDE localizada na região da os países-membros são obrigados a aplicar a mesma
Grande Teresina no Piauí. alíquota de importação para todos os produtos. 241
IV. O Protocolo de Ouro Preto inseriu a “cláusula demo- IV. Trata-se de uma floresta latifoliada, perene e higrófila,
crática” no Tratado de Assunção e ajudou a criar um que abriga também “enclaves” de campos, cerrado e
ambiente de maior estabilidade política no âmbito até mesmo de caatinga.
regional.
V. O Mercosul foi, na verdade, uma resposta ao esgota- Assinale a alternativa que apresenta todas as afirmati-
mento dos modelos de desenvolvimento baseados vas corretas.
na substituição de importações adotados pelas duas
principais economias do bloco. a) I e II
b) I e III
Assinale a alternativa que apresenta todas as afirmati- c) II e III
vas corretas. d) II e IV
e) III e IV
a) I, II e III
b) I, II e V 5. (EsPCEx – 2020) Fome, guerras, miséria, exploração
c) II, III e IV predatória e vida selvagem configuram um quadro que
d) II, IV e o imaginário coletivo associa, geralmente, à África.
e) III, IV e V No entanto, esse espaço não se resume apenas a tal
quadro. Com relação ao continente africano, é correto
3. (EsPCEx – 2020) O censo demográfico realizado pelo afirmar:
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
em 1970, revelou pela primeira vez uma importante I. Os últimos anos têm registrado um expressivo incre-
mudança no perfil da população brasileira: passamos mento das trocas comerciais entre a África e a China.
a ser um país predominantemente urbano. A respeito Esse país asiático interessa-se, principalmente, pelas
da urbanização nacional, é correto afirmar que: commodities minerais e pelo suprimento energético.
II. A Nigéria tem se desenvolvido e diversificado sua eco-
I. A urbanização ocorreu de forma acelerada, concen- nomia investindo no setor de telecomunicações, ape-
trada e apoiada no êxodo rural, simultaneamente ao sar de o petróleo ainda ser importante na economia
vigoroso processo de industrialização verificado no do país.
Pós- Segunda Guerra. III. Melhorias na infraestrutura urbana e redução do defi-
II. Problemas em comum de infraestrutura viária, abas- cit de moradias têm contribuído para o significativo
tecimento de água, saneamento básico, coleta de aumento da população urbana no continente, que já
lixo, dentre outros, resultaram na criação das regiões ultrapassa a rural.
metropolitanas no início da década de 1970. IV. Alguns regimes ditatoriais foram derrubados devido
III. Atualmente, o Centro-Oeste é a terceira região mais aos protestos desencadeados pela Primavera Árabe.
urbanizada do País, basicamente em função de três Atualmente, governos mais representativos renovam
fatores: a fundação de Brasília, a construção de gran- as esperanças no fortalecimento da democracia em
des eixos rodoviários de integração nacional e a acen- países como Líbia, Egito, Tunísia e Argélia.
tuada mecanização das lavouras.
IV. Os critérios adotados pelo IBGE para definir o grau de Assinale a alternativa que apresenta todas as afirmati-
urbanização seguem padronização internacional, não vas corretas, dentre as listadas acima.
havendo, portanto, divergência em relação aos utiliza-
dos pelos países da Organização para a Cooperação e a) I e II
Desenvolvimento Econômico (OCDE). b) II e III
c) I e IV
Assinale a alternativa que apresenta todas as afirmati- d) II e IV
vas corretas, dentre as listadas acima. e) III e IV.

a) I e II 6. (EsPCEx – 2020) O conflito árabe-israelense contribui,


b) I e III inequivocamente, para tornar o Oriente Médio uma
c) II e III das regiões mais instáveis do mundo. Sobre esse
d) II e IV importante foco de tensão, é correto afirmar:
e) III e IV.
I. A guerra do Yom Kippur, em 1967, marcou o ápice da
4. (EsPCEx – 2020) A Amazônia é a maior floresta tro- expansão territorial de Israel.
pical do mundo. Estende-se por mais de 8 milhões de II. A cidade de Jerusalém é sagrada para as três princi-
km² e por diversos países sul-americanos. Sobre esse pais religiões monoteístas da atualidade (cristianis-
bioma, é correto afirmar que: mo, judaísmo e islamismo), o que é decisivo para gerar
instabilidade na região.
I. No Brasil, a floresta ocupa áreas de nove estados da III. A geopolítica da água desempenha um papel destaca-
federação: AC, AM, AP, MA, MS, PA, RO, RR e TO. do no conflito, tendo em vista o controle exercido por
II. A variação topográfica é responsável pela existência Israel sobre os principais mananciais da região.
de três estratos de vegetação de mata: de igapó, de IV. Pelos Acordos de Oslo (1993), a Organização pela
várzea e de terra firme. Libertação da Palestina (OLP) e o Hamas reconhece-
III. A exuberância da vida vegetal da Amazônia reflete a ram o Estado de Israel, que se comprometeu a devol-
alta fertilidade dos solos, em geral de textura argilosa ver os territórios ocupados, nos quais seria criado um
242 e com elevado teor de matéria orgânica. Estado Palestino.
Assinale a alternativa que apresenta todas as afirmati- O incidente relatado acima ocorreu no Estreito de
vas corretas. Ormuz (vide desenho), no Golfo Pérsico. Sobre as
características gerais dos países banhados por esse
a) I e II estratégico golfo, é correto afirmar que:
b) I e III
c) II e III I. Somadas, as reservas existentes nos países banhados
d) II e IV pelo Golfo Pérsico perfazem a maior concentração de
e) III e IV hidrocarbonetos do mundo.
II. A implantação de um regime democrático, com elei-
7. (EsPCEx – 2020) Em meados da década de 1930, o ções diretas, foi o maior legado da ocupação dos EUA,
então Capitão do Exército Brasileiro Mário Travassos que devolveu a estabilidade ao Iraque.
publicou a obra “Projeção Continental do Brasil”, que III. Com uma população de aproximadamente 24 milhões,
até hoje inspira o pensamento geopolítico nacional. os curdos estão localizados majoritariamente nos ter-
Dentre os postulados geopolíticos do autor, podemos ritórios ocupados pelo Iraque e pelo Irã, onde contam
com um elevado grau de autonomia política.
destacar:
IV. O Irã não é um país árabe, e a sua população é de
maioria xiita. Em 1979, a Revolução Islâmica transfor-
I. A América do Sul como um espaço caracterizado por
mou-o em um dos principais opositores dos Estados
dois “antagonismos geográficos”: a oposição entre a
Unidos e de Israel.
vertente do Atlântico e a do Pacífico e entre as bacias
hidrográficas do Amazonas e do Prata.
Assinale a alternativa que apresenta todas as afirmati-
II. A influência polarizadora de Buenos Aires, que limitava vas corretas.
o poder brasileiro sobre a extensa vertente atlântica.
III. A necessidade de atração do Paraguai e da Bolívia a) I e II
para a esfera de influência política e comercial do b) I e III
Brasil. c) II e III
IV. O projeto do Brasil como grande potência sul-ameri- d) III e IV
cana, empreendendo a “marcha para o Oeste” com e) I e IV
o objetivo de erguer um polo de poder econômico e
demográfico na porção central do subcontinente. 9. (EsPCEx – 2020) A Coreia do Sul faz parte do grupo
dos “NICs”, sigla em inglês que representa os países
Assinale a alternativa que apresenta todas as afirmati- de industrialização recente. Podemos destacar, como
vas corretas, dentre as listadas acima. fundamentais para o processo de industrialização
desse país, os seguintes fatores:
a) I e II
b) I e III I. Existência de abundantes recursos minerais metálicos
c) II e III e fósseis, que garantiram o indispensável suprimento
d) III e IV de energia e os insumos necessários à indústria de
e) Todas as alternativas estão corretas. base.
II. Maciços investimentos na educação e na melhoria da
8. (EsPCEx – 2020) “Em um novo capítulo do acirra- infraestrutura de transporte e de energia.
mento das tensões entre Estados Unidos e Irã, Teerã III. Concessão de incentivos à exportação, tais como
anunciou nesta quinta-feira que derrubou um drone redução de impostos e controle da política cambial.
americano que teria invadido seu território. Washing- IV. Grandes estímulos ao consumo interno, via expansão
ton alega que o equipamento estava em espaço aéreo de crédito subsidiado às famílias, com o objetivo de
internacional, e o governo iraniano respondeu levando expandir o mercado doméstico.
o caso à ONU”.
Assinale a alternativa que apresenta todas as afirmati-
Fonte: O GLOBO, 20 jun. 2019. vas corretas, dentre as listadas acima.

a) I e II
b) I e III
c) II e III
d) II e IV
e) III e IV.

10. (EsPCEx – 2020) O continente americano estende-se


desde as tundras canadenses até o Cabo Horn, na Ter-
ra do Fogo. Sua imensa variedade de paisagens com-
porta sociedades altamente diferenciadas. Sobre esse
GEOGRAFIA

grande conjunto, é correto afirmar que:

I. A costa ocidental apresenta extensos dobramentos


modernos, como os Andes e as Montanhas Rochosas,
e faz parte do Anel ou Círculo de Fogo do Pacífico.
Disponível em: <https://oglobo.globo.com/ mundo/ira-derruba- II. A porção oriental continental, tanto da América do
drone-americano-no-golfopersico- trump-chama-de-erro-grande-mas- Norte quanto da América do Sul, é marcada por estru-
depois- ameniza-23753187>. Acesso em: 16 abr.2020. turas geológicas antigas e de grande estabilidade. 243
III. A condição bioceânica caracteriza todos os países da IV. No conflito entre israelenses e palestinos, há um impor-
América Anglo-Saxônica e da América Central ístmica. tante componente hídrico, evidenciado pela posse e
IV. É o único continente que possui terras em todas as zonas controle das escassas fontes existentes na região.
climáticas.
Assinale a alternativa que apresenta todas as afirmati-
Assinale a alternativa que apresenta todas as afirmati- vas corretas, dentre as listadas acima.
vas corretas, dentre as listadas acima.
a) I e II
a) I e II b) I e III
b) I e III c) II e III
c) I e IV d) I e IV
d) II e III e) II e IV
e) III e IV.
13. (EsPCEx – 2019) Numa sala de aula, um professor de
11. (EsPCEx – 2020) A fronteira pode ser definida como a Geografia apresentou o seguinte texto aos seus alunos:
epiderme do Estado. Dependendo do contexto e dos
meios disponíveis, ela apresenta uma permeabilida- “Quase todo mundo conhece alguém que tem certeza
de maior ou menor. Considerando aspectos como as de que o pouso da Apolo 11 na lua, assim como os
pequenos grandes passos de Neil Armstrong foram
características gerais do território nacional, a legislação
uma farsa. São pessoas que garantem que tudo foi
em vigor e os programas governamentais implementa-
uma produção de Hollywood (...). Agora mesmo esta-
dos nas fronteiras, analise as alternativas a seguir:
mos diante de gente que garante que a Terra, diferen-
temente de todos os outros planetas e satélites do
I. O Sistema Integrado de Monitoramento das Fronteiras nosso sistema solar, é na verdade plana. São os terra-
(Sisfron) tem como objetivo, dentre outros, aumentar planistas (...). Mas tem gente pior que os terraplanis-
a presença do Estado nas faixas de fronteira marítima tas. Por exemplo, a sociedade que acredita – e divulga
e terrestre, especialmente na Amazônia. – que a Terra é oca. E habitada. Lá estariam vikings,
II. A Constituição Federal de 1988 proibiu a demarcação nazistas e até uma raça superior que viveria num lugar
de terras indígenas na faixa de fronteira por razões de chamado Agharta, iluminado por um sol interior.”
segurança nacional.
III. Grande extensão territorial, povoamento rarefeito, carên- Fonte: Paulo Pestana. A ficção na vida real. Jornal Correio
cia de recursos econômicos e humanos e dificuldade de Braziliense, 27 de janeiro de 2019.
acesso são fatores que concorrem para a porosidade
das nossas fronteiras e a ocorrência de inúmeros ilícitos. Após a leitura, o professor pediu aos seus alunos que,
IV. Fundamental à defesa do território, a faixa de fronteira com base em evidências científicas, refutassem a
do Brasil tem uma largura de 100km e é regulada por ideia de que a Terra é oca. Três alunos apresentaram
legislação federal específica, que normatiza a proprie- seus argumentos:
dade, o uso do solo e a exploração econômica.
João: “Essa ideia de que a Terra é oca é um absurdo do
Assinale a alternativa que apresenta todas as afirmati- ponto de vista da Ciência. Por meio de sismógrafos, é
vas corretas, dentre as listadas acima. possível medir a velocidade de propagação das ondas
no interior da Terra. Esses estudos revelam que o inte-
a) I e II rior do Planeta é formado por diversas camadas, com
b) I e III densidade e composição de materiais variados.”
c) II e III
d) III e IV Carlos: “Impossível! As evidências científicas deixam
e) I e IV
claro que a maior parte do interior da Terra é compos-
ta por uma mistura Níquel e Ferro em estado líquido,
12. (EsPCEx – 2019) Irregular distribuição dos recursos
onde a temperatura média está acima de 5.000°C.”
hídricos, uso compartilhado de bacias hidrográficas,
ineficientes sistemas de tratamento, desmatamento,
José: “Como a Terra poderia ser oca se já sabemos
construção de barragens, despejo de lixo, diversidade cli-
mática, expansão da urbanização, pressão demográfica, que os terremotos e os vulcões, por exemplo, origi-
geração de energia, projetos de irrigação, dentre outros, nam-se da pressão exercida pelo magma encontrado
são fatores que potencializam o estresse hídrico e origi- na astenosfera?”
nam situações hidroconflitivas. Sobre esse último termo,
considere as seguintes afirmações: Considerando a estrutura da Terra, pode-se afirmar
que são plausíveis apenas os argumentos apresenta-
I. Um exemplo de situação hidroconflitiva é o caso da dos por:
construção de barragens para projetos de irrigação na
bacia do rio Nilo pelo governo Sudanês, o que tem pro- a) João
vocado tensões com o vizinho Egito. b) Carlos
II. O Brasil, por dispor de uma região extremamente rica c) José
em recursos hídricos, não tem registrado problemas d) Carlos e João
dessa natureza com seus vizinhos ao longo de sua e) João e José
história republicana.
III. O Rio Ganges atravessa quase todo o território de Ban- 14. (EsPCEx – 2019) China e Índia são dois gigantes que pos-
gladesh antes de se abrir no largo delta, em território suem inúmeras semelhanças, como, por exemplo, o fato
indiano. A construção de barragens a montante, pelo de serem os países mais populosos do mundo e fazerem
primeiro, tem provocado desavenças entre esses dois parte dos chamados BRICS. Apesar disso, guardam inú-
países. meras características que os diferenciam entre si.
244
Sobre as diferenças entre esses dois gigantes, pode- II. O El Niño é uma anomalia climática com desdobra-
mos citar os fatos de que, enquanto: mentos globais. Na costa ocidental da América do
Sul, o fenômeno provoca a elevação da temperatura
I. a Índia baseia sua matriz energética no petróleo e na da água do mar e, consequentemente, um aumento da
energia nuclear, a China prioriza o gás natural e o car- atividade pesqueira no litoral peruano.
III. No Sul e Sudeste da Ásia, a agricultura tradicional é
vão mineral.
muito influenciada pelo regime das monções, cujo
II. a China implantou um rígido programa de controle de
mecanismo básico de alternância de centros de
natalidade, a Índia não tem demonstrado a mesma pressão é semelhante ao que regula as brisas mari-
preocupação ao longo das últimas décadas. nhas e terrestres, ressalvadas a duração e as respecti-
III. a China dispõe de uma maior diversidade cultural, a vas escalas de abrangência.
Índia possui uma cultura milenar, o que lhe garante IV. O clima mediterrâneo, típico do sul da Europa, das
maior homogeneidade étnica e linguística. extremidades norte e sul da África, de parte do lito-
IV. o modelo econômico chinês privilegiou a produção ral chileno e californiano e da porção meridional da
industrial, a Índia está se convertendo numa economia Austrália, apresenta duas estações bem distintas: um
de serviços, na qual se destacam setores como tecno- verão quente e chuvoso e um inverno frio e seco.
logia da informação e biotecnologia.
Assinale a alternativa que apresenta todas as afirmati-
Assinale a alternativa que apresenta todas as afirmati- vas corretas, dentre as listadas acima.
vas corretas, dentre as listadas acima.
a) I e II
b) I e III
a) I e II
c) II e III
b) I e III d) II e IV
c) II e III e) III e IV
d) II e IV
e) I e IV 17. (EsPCEx – 2019) “O deslocamento de pessoas entre
países, regiões, cidades etc. é um fenômeno antigo,
15. (EsPCEx – 2019) Desde os primitivos rabiscos em uma amplo e complexo, pois envolve as mais variadas clas-
placa de argila ou em peles de animais até a difusão ses sociais, culturas e religiões”.
maciça de aplicativos de localização e de navegação
em smartphones, o uso de mapas é uma necessidade SENE, Eustáquio & MOREIRA, J.C. - Geografia Geral e do Brasil:
vital para o homem. Sobre esse assunto, considere as Espaço Geográfico e Globalização (3). 2ª ed. S Paulo: Moderna,
2012.
seguintes afirmativas:
Sobre os fluxos migratórios contemporâneos, consi-
I. Diferentemente dos meridianos, que possuem sem-
dere as seguintes afirmações:
pre o mesmo diâmetro, os círculos que representam
os paralelos diminuem de tamanho à medida que se
afastam do Equador em direção aos polos. I. Em termos quantitativos, a maior parte dos deslo-
II. As escalas podem ser gráficas ou numéricas. As camentos humanos se refere à saída de migrantes
representações em escala pequena mostram áreas dos países pobres e emergentes em direção aos
pequenas e com muitos detalhes. desenvolvidos.
III. A distorção (de áreas, de formas ou de distâncias) II. Na última década, a América Latina e o Caribe contri-
pode ser eliminada quando as projeções afiláticas são buíram com o maior contingente de emigrantes, segui-
empregadas na confecção de um mapa. dos pela África setentrional.
IV. Anamorfose é uma forma de representação cartográfi- III. Países do Oriente Médio, como Catar, Emirados Ára-
ca utilizada em mapas temáticos na qual as áreas dos bes Unidos, Arábia Saudita e Kuwait recebem muitos
países, estados ou regiões são mostradas proporcio- migrantes oriundos do sul da Ásia (Paquistão, Índia
nalmente à importância de sua participação no fenô- e Filipinas).
meno representado. IV. A “drenagem de cérebros” é um grande problema
para os países de origem desses fluxos, pois afeta a
sua capacidade tecnológica, comprometendo o seu
Assinale a alternativa que apresenta todas as afirmati-
desenvolvimento.
vas corretas, dentre as listadas acima:
Assinale a alternativa que apresenta todas as afirmati-
a) I e II
vas corretas, dentre as listadas acima.
b) I e III
c) I e IV
d) II e III a) I e II
e) III e IV b) I e III
c) II e III
d) II e IV
16. (EsPCEx – 2019) É inequívoca a influência do clima
e) III e IV
sobre as mais variadas atividades humanas, na dife-
GEOGRAFIA

renciação da paisagem e na biogeografia. Analise as


afirmativas abaixo: 18. (EsPCEx – 2019) Segundo o geógrafo Aziz Ab’Sáber,
existem grandes extensões do território brasileiro em
que vários elementos naturais (clima, vegetação, rele-
I. A célula tropical (também chamada célula de Hadley)
vo, hidrografia e solo) interagem de forma singular,
é responsável pela transferência de calor e umi-
caracterizando uma unidade paisagística: são os cha-
dade entre as latitudes equatoriais e subtropicais.
mados domínios morfoclimáticos. Entre eles ocorrem
Nela podem-se identificar os ventos alísios e os
faixas de transição.
contra-alísios. 245
Sobre os domínios morfoclimáticos e as faixas de MAGNOLI, D. Geografia para o Ensino Médio. 1ª. ed. São Paulo:
transição, considere as seguintes afirmações: Atual, 2012, p.90.

I. A exuberância da Floresta Amazônica contrasta com Dentre as causas da escassez de água no mundo,
a pobreza de grande parte de seus solos, geralmente podemos destacar:
ácidos, intemperizados e de baixa fertilidade.
II. Tipicamente associados à Campanha Gaúcha, os campos I. a água doce disponível no mundo é muito inferior às
apresentam um relevo com suaves ondulações, cobertas necessidades de consumo atuais.
principalmente por gramíneas. Neste domínio, há um II. além dos recursos hídricos apresentarem uma dis-
preocupante processo de desertificação advindo de ano- tribuição geográfica muito desigual, os países mais
malias climáticas observadas nas últimas décadas. pobres carecem de sistemas adequados de forneci-
III. O Cerrado, adaptado à alternância do clima tropical, mento e tratamento de água.
ocupa mais de 3 milhões de km2 e apresenta solos III. a contaminação de mananciais, o uso excessivo e o
pobres. É uma formação tipicamente latifoliada que, desperdício desse recurso provocam a escassez de
dentre outras características, perde as folhas durante água para o consumo e fazem dela, em determinados
o período de seca. locais, um recurso finito.
IV. A Mata dos Cocais é uma faixa de transição situada IV. significativas alterações no ciclo hidrológico, sobretu-
entre os domínios da Floresta Amazônica, do Cerrado do nas áreas urbanas, onde a retirada da vegetação e a
e da Caatinga. Predominam as palmeiras, com desta- impermeabilização do solo dificultam a infiltração da
que para o babaçu, a carnaúba e o buriti. água e o consequente abastecimento dos aquíferos.
V. o uso excessivo e o desperdício desse recurso, princi-
Assinale a alternativa que apresenta todas as afirmati-
palmente pela atividade industrial, é responsável pela
vas corretas, dentre as listadas acima.
maior parte da demanda global de água.
a) I e II
Assinale a alternativa que apresenta todas as afirmati-
b) I e III
vas corretas.
c) I e IV
d) II e III a) I, II e IV
e) II e IV
b) I, III e V
19. (EsPCEx – 2019) O mundo moderno é um voraz consu- c) I, IV e V
midor de energia. Atender a essa demanda, pressionada d) II, III e IV
cada vez mais pelas economias emergentes, bem como e) II, IV e V
observar as exigências de um mercado balizado pelo
paradigma da eficiência, são desafios incontornáveis. 9 GABARITO
Sobre as características e a participação das diversas
fontes de energia, considere as seguintes afirmativas: 1 D
I. O drástico aumento do preço do petróleo causado 2 B
pelas crises internacionais de 1973 e 1979/1980 teve
um duplo efeito: viabilizou sua extração em locais de 3 A
difícil acesso (Sibéria, Alasca e plataformas continen-
tais) e estimulou a pesquisa de fontes alternativas. 4 D
II. Impulsionado pelas políticas de redução das emissões de
5 A
CO2 adotadas pela China, o gás natural já é, desde 2010, a
segunda fonte de energia mais utilizada no mundo. 6 C
III. Fontes de energia como o etanol e o biodiesel despon-
tam atualmente como excelentes alternativas, pois 7 E
apresentam os seguintes benefícios: poluem menos
que os combustíveis fósseis, geram vários empregos 8 E
no campo e dinamizam a economia por conta do seu
efeito multiplicador. 9 C
IV. Isenta de impactos ambientais, a energia eólica vem con-
10 A
quistando cada vez mais espaço na matriz energética de
países como China, EUA, Alemanha, Espanha e Índia. 11 B
V. Países como França, Ucrânia, Japão e Coreia do Sul
continuam a ter nas usinas nucleares uma importante 12 D
fonte energia, mesmo com problemas relacionados à
destinação dos seus rejeitos, à pressão da opinião públi- 13 E
ca e aos altos custos de construção e manutenção.
14 D
Assinale a alternativa que apresenta todas as afirmati-
vas corretas, dentre as listadas acima. 15 C

a) I, II e III 16 B
b) I, III e V
17 E
c) I, IV e V
d) II, III e IV 18 C
e) II, IV e V
19 B
20. (EsPCEx – 2018) “Ao longo do século XX, a demanda
global de água doce dobrou a cada 20 anos. Se manti- 20 D
dos os padrões de consumo atuais, em 2025 cerca de
2/3 da população mundial experimentarão escassez
246 moderada ou severa de água.”
HISTÓRIA

A SOCIEDADE FEUDAL (SÉCULOS V A XV)


FORMAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA FEUDAL

Após a queda do Império Romano Ocidental, a Europa foi dividida em diversos reinos germânicos, como
observa-se no mapa a seguir:

Europa no século VI. Fonte: Toda Matéria.

Já no século VIII, Carlos Magno promoveu a expansão dos francos, formando o Império Carolíngio. Observe o
mapa a seguir, que mostra a divisão da Europa durante aquele período:

HISTÓRIA

Europa no século VIII. Fonte: Cola da Web.

Para governar um território com extensão cada vez maior, Carlos Magno passou a delegar poderes para grandes pro-
prietários de terra, que começaram a possuir títulos de nobreza: duques, condes e marqueses. A principal função deles
era garantir a proteção do território. 247
Após a morte de Carlos Magno, o Império Carolín- z Aumento do fluxo comercial com o Oriente e nova
gio foi dividido entre seus três filhos. No entanto, a dinâmica nas cidades.
dificuldade de manter uma administração centraliza-
da levou ao crescimento do prestígio e do poder dessa As cidades daquela época desenvolveram-se como
nobreza proprietária de terras.
entrepostos comerciais ou pela iniciativa de senhores
A essas grandes faixas de terras dadas em troca
de obediência e fidelidade, dava-se o nome de feudo. feudais que permitiam as atividades de comércio para
Desse termo, surgiu o feudalismo, isto é, um sistema arrecadar impostos. Elas eram cercadas por muralhas,
baseado na relação de dependência entre pessoas o que possibilitava a segurança e o crescimento desor-
que recebiam posses e, em troca, garantiam proteção, denado de pessoas. No interior das muralhas, ocorriam
assim como os servos que trabalhavam em troca de feiras e mercados nos quais eram comercializados pro-
moradia no feudo. Nesse sistema, a Igreja Católica dutos agrícolas, ferramentas, tecidos e sapatos.
tinha grande influência e prestígio.

A ORGANIZAÇÃO POLÍTICA FEUDAL

No sistema político feudal, o rei era uma figura que


possuía poder simbólico. Quem detinha o poder de
fato eram os senhores feudais, donos de terras e capa-
zes de mobilizar exércitos para defender territórios
de invasões externas. Os mais pobres tinham a função
de trabalhar e obedecer às ordens do senhor feudal.
Em geral, dividimos a sociedade feudal em três
grupos principais:

z Nobreza: “os que lutam”


Imagem atual da cidade medieval de Carcassone, na França. Fonte:
Formada por reis, condes, marqueses, duques e Dicas Paris.
barões que tinham como função a defesa do território
de invasões. Aqueles que doavam parte de suas terras Com a nova dinâmica ocorrendo nas cidades, foi
eram conhecidos como suseranos, enquanto aqueles possível o surgimento de grupos em meio à sociedade
que recebiam essas terras eram conhecidos como vas-
europeia:
salos. Os suseranos ofereciam proteção e moradia aos
camponeses, recebendo em troca tributos e serviços.
z Burgueses
z Clero: “os que rezam”
Além das feiras regionais, houve o surgimento de
Faziam parte desse grupo bispos, cardeais, padres feiras internacionais. Os mercadores responsáveis
e monges. Dividia-se entre alto clero, ao qual perten- pelo comércio destacaram-se não só na economia,
ciam os descendentes de nobres, e baixo clero, com- mas também na política, o que permitiu a conquista
posto por aqueles que não tinham origem na nobreza. de alguns privilégios, como a ampliação das muralhas
O alto clero cuidava da administração de reinos e feu-
ao redor de seus bairros, que eram conhecidos como
dos, já o baixo clero cuidava do atendimento espiri-
tual e do auxílio às pessoas mais pobres. burgos. Por isso, eles foram chamados de burgueses.
Cada vez mais organizados, os burgueses passaram a
z Camponeses: “os que trabalham” reclamar por maior participação política;

Formado principalmente pelos servos. Tinham z Banqueiros


direito a morar e a plantar para sua subsistência em
terras do feudo. Em troca, trabalhavam para o senhor Em meio às feiras internacionais, era possível ter
feudal por toda a vida. Um grupo menor era formado contato com produtos de vários lugares diferentes.
pelos vilões, descendentes dos antigos romanos que
Para determinar as trocas (câmbio) entre moedas,
cederam suas terras para os senhores feudais, que
não precisavam ficar por toda vida a vida ligados ao alguns mercadores passaram a atuar em bancas que
feudo. Não precisavam ficar por toda a vida ligados serviam para fazer esse câmbio. Assim, passaram a
ao feudo. ser conhecidos como banqueiros. Ao longo do tempo,
começaram a fazer outras operações, como depósitos
e empréstimos;

O RENASCIMENTO COMERCIAL E z Corporações de ofício


URBANO
Formadas como associações de artesãos para padro-
Por volta do ano 1000, começou um período de
nizar preços e a qualidade dos produtos comercializados.
melhoria das condições de vida. Em especial, isso se
deve ao/a: Surgiram também corporações de pintores, ferreiros,
marceneiros, boticários, entre outros. Elas eram orga-
z Aumento da produção agrícola graças às novas nizadas pela liderança dos mestres, que regulavam os
técnicas no uso do solo; salários e as jornadas de trabalho dos aprendizes. Cada
248 z Diminuição das guerras e das invasões; corporação tinha um santo católico como padroeiro.
ESTADOS NACIONAIS EUROPEUS

A desagregação do feudalismo na Europa entre os séculos XIV e XV permitiu a formação de um novo sistema
político conhecido como Estado Moderno. Suas características com maior destaque foram: soberania do reino
com território unificado e fronteiras definidas; poder centralizado na figura do rei; jurisdição do poder real sobre
o território e sobre a população.
Como as fortalezas de cidades e feudos já não eram mais suficientes para garantir a proteção das cidades, as
monarquias procuraram investir em seus exércitos, usando técnicas novas, como as de artilharia com o uso de
pólvora. Em um período de instabilidade, a Coroa assumiu a responsabilidade de defender o reino, os bens e a
segurança dos súditos, o que passou, inclusive, a justificar os tributos cobrados.
Foram criadas instituições administrativas, jurídicas e burocráticas para aumentar o controle real sobre as
outras classes, como os nobres, clérigos e camponeses. O rei fazia um jogo duplo com a nobreza e com a burgue-
sia. Nobres eram incluídos em altos cargos da administração, tendo isenções de impostos e pensões. Burgueses
traziam rendas para o Estado por meio de suas atividades comerciais, em troca, o rei lhes garantia proteção nas
rotas de comércio e a padronização de moeda, pesos e medidas.
As principais formas de Estado Moderno ocorreram em Portugal, com a vitória da burguesia, que conseguiu
entronar D. João I após a revolução de Avis, e na Espanha, com a junção dos reinos de Castela e Aragão e a expul-
são dos mouros de Granada. Na França, a vitória sobre a Inglaterra na Guerra dos Cem Anos e a supressão das
revoltas religiosas do século XVI aumentaram a força da monarquia. Na Inglaterra, a ascensão dos Tudor após o
término da Guerra das Duas Rosas e o rompimento com a Igreja Católica deram força ao rei.

ABSOLUTISMO

O absolutismo teve diferentes formas pela Europa, com características próprias em cada lugar. Em especial,
era comum o fortalecimento da figura do rei para que ele unificasse as moedas, as leis e o exército. Com o forta-
lecimento da burguesia, o rei teve de pesar muitas decisões em seu favor, sem, no entanto, abandonar a nobreza,
seus principais apoiadores.
Na França, após o término da Guerra dos Cem Anos (1337-1453), o poder dos reis foi fortalecido; no entanto, a
nobreza ainda mantinha um controle muito grande sobre o exército e sobre a cobrança de impostos. Foi a partir
da atuação do cardeal Armand Richelieu, durante o reinado de Luís XIII no século XVII, que houve o fortalecimen-
to das atribuições da Coroa e o enfraquecimento da nobreza.
A monarquia teria seu ápice como absolutista no reinado de Luís XIV, quando ficou famosa uma expressão
atribuída ao intitulado rei-sol: “O Estado sou eu”.

Luís XIV. Fonte: Wikimedia Commons.


HISTÓRIA

O absolutismo francês ainda ficou marcado por uma hierarquia social rígida, dividida em Primeiro Estado (Cle-
ro), Segundo Estado (Nobreza) e Terceiro Estado (burguesia, camadas populares urbanas, campesinato).
Na Inglaterra, o absolutismo teve o seu momento decisivo com a dinastia Tudor, a partir do século XVI,
enquanto Henrique VIII impôs a sua autoridade sobre a Igreja, levando à ruptura com o catolicismo romano e à
criação da Igreja nacional efetivamente controlada pela Monarquia. Além disso, o rei tinha um conselho privado
de ministros e organização judiciária própria. Com a rainha Elizabeth I, a Inglaterra passou a ter a supremacia
marítima.
249
Em Portugal, o absolutismo teve início com a Após a conquista de Ceuta, Portugal conseguiu uma
dinastia de Avis, que era o maior império marítimo e série de outros feitos, como a chegada à Ilha da Madei-
colonial da Época Moderna. Entretanto, a consolida- ra (1419) e à Ilha de Açores (1439). Ainda em 1434, Gil
ção do governo absolutista ocorreu no século XVIII, Eanes atravessou o Cabo do Bojador na Costa Africana
após a exploração dos minérios do Brasil, que tornou e, a partir daí, Portugal estabeleceu seus entrepostos
o rei D. João V o monarca absolutista por excelência. e suas fortalezas ao longo da costa atlântica de todo o
Na Espanha, a consolidação ocorreu a partir do continente africano.
século XVI, posterior aos reis católicos, quando a
Quando, em 1487, Bartolomeu Dias atravessou o
nação foi governada por Carlos V e Felipe II. No século
Cabo das Tormentas (da Boa Esperança, posteriormen-
XVII, ocorreu uma retração do poder político, que foi
te), Portugal encontrou uma rota marítima para as
recuperado no início do século XVIII, após a Guerra
de Sucessão (1701-1715), quando a Dinastia Bourbon Índias, formalizada com a viagem de Vasco da Gama
assumiu os rumos políticos da nação de forma cen- em 1498. Observe, no mapa a seguir, algumas rotas fei-
tralizada e com forte interferência nas atividades tas pelos portugueses e espanhóis:
econômicas. Os reis Felipe V e Fernando VI foram a
expressão maior do absolutismo.

MERCANTILISMO

O mercantilismo é a doutrina que caracterizou


a prática econômica dos Estados europeus entre os
séculos XVI e XVIII. Surgiu na desintegração do feuda-
lismo e no fortalecimento das monarquias nacionais.
Alguns princípios básicos do mercantilismo eram: o
metalismo, ou seja, a riqueza de um Estado era basea-
da na acumulação de metais preciosos; a balança
comercial favorável, isto é, as exportações deveriam
ser maiores que as importações; o protecionismo,
que se traduzia no aumento de tarifas sobre produtos
importados para proteger o mercado interno, além da
forte intervenção estatal na economia. Fonte: Pinterest.com

Dois anos depois, Pedro Álvares Cabral deu início


à viagem que chegaria ao território hoje conhecido
A EXPANSÃO MARÍTIMA EUROPEIA como Brasil. Ao contrário do que muitos imaginam,
isso não foi acidental, e sim previsível, já que os por-
Os meios tradicionais de comércio realizados pelos tugueses tinham noção da existência de outras terras
europeus foram sendo colocados em xeque por algu- a oeste do Atlântico.
mas mudanças sociopolíticas importantes, como o Em 1492, foi a vez dos espanhóis buscarem essas
domínio do entreposto de Constantinopla pelos turco- novas rotas. Sob o patrocínio dos reis Fernando e Isa-
-otomanos em 1453, o que dificultava o percurso via bel, Cristóvão Colombo partiu em busca de uma rota
Mar Mediterrâneo. Isso forçou a busca de novas rotas alternativa às Índias, tendo a ideia de contornar o glo-
comerciais pelo Oceano Atlântico. bo terrestre e chegar pelo extremo oriente. O nave-
Alguns fatores foram importantes para o sucesso de gador morreu acreditando ter realmente chegado às
portugueses e espanhóis no início da expansão maríti- Índias, no entanto, havia encontrado novas terras que
ma: o uso da bússola (de origem chinesa), do astrolábio viriam a ser chamadas de América.
(de origem árabe) e da caravela, tipo de embarcação
mais rápida do que suas predecessoras.
Além das técnicas de navegação e do fato de Constan-
tinopla estar nas mãos dos turco-otomanos, alguns outros
motivos explicam o pioneirismo dos reinos ibéricos:

z Conquista de Ceuta, dos mouros, pelos portugue-


ses no norte da África em 1415, que possibilitou o
controle de um estratégico centro comercial;
z Conquista de Granada, dos mouros, pelos espa-
nhóis em 1492, um marco na retomada da Penín-
sula Ibérica;
z Procura por metais preciosos, em especial, ouro
e prata, já que nos séculos XV e XVI esses metais
eram usados como forma de acumular riqueza,
cunhar moedas e realizar trocas comerciais;
z O ideal de evangelização para levar a fé cristã às
populações que não a conheciam era um projeto
muito importante para os reinos católicos de por-
250 tugueses e espanhóis. Fonte: História na Veia.
Para regular o processo da conquista de novos
territórios, Portugal e Espanha recorreram ao papa
Alexandre VI, que promulgou a bula Inter Coetera. No
entanto, a discordância do rei português João II levou
ao Tratado de Tordesilhas, em 1494, o qual marcava
que a oeste da linha imaginária, as terras eram espa-
nholas, e a leste, portuguesas.

RENASCIMENTO CULTURAL,
HUMANISMO E REFORMAS
RELIGIOSAS
No século XIV, a Europa passou por uma grande
crise. Simultaneamente, ocorreu a Peste Negra, pan- A Escola de Atenas, Rafael Sanzio, 1510. Fonte: Cultura Genial.
demia que vitimou um terço da população europeia,
a Guerra dos Cem Anos, também responsável por O mesmo ambiente de transformação cultural euro-
mortes e instabilidade, além de uma grande queda na peia que possibilitou o surgimento do movimento renas-
produção agrícola, que levou a uma crise de fome. centista também foi palco de profundas mudanças no
No contexto de crise, houve o enfraquecimento âmbito religioso. A hegemonia da Igreja Católica passou a
dos nobres, incapazes de lidar com as revoltas e com ser questionada e novas denominações cristãs surgiram.
a insatisfação popular. Por outro lado, a burguesia Esse processo é conhecido como Reforma Protestante.
comercial e financeira passou a adquirir as proprie-
dades de nobres falidos, acumulando cada vez mais z Reforma Luterana: o então frade católico Mar-
poder e prestígio. tinho Lutero (1483-1546), após discordar de uma
Para que houvesse a unificação da moeda, do sis- série de práticas do clero católico, decidiu fixar
tema de pesos e medidas e a proteção contra a con- na porta da Igreja de Wittenberg um documento
corrência no mercado, a burguesia passou a apoiar a conhecido como 95 teses. Rejeitado e posterior-
concentração de poder pela figura do rei. mente expulso da Igreja, Lutero fundou sua pró-
Na Itália, a situação na qual as cidades encontra- pria igreja. O luteranismo pregava que a salvação
vam-se era de maior urbanização e de ampla ativida- dependia da fé em Deus e não dos rituais católicos,
de comercial. As principais cidades, Gênova, Veneza que a Bíblia deveria ser acessível a todos para ser
e Florença, disputavam poder, influência e prestígio. lida e interpretada sem a mediação dos sacerdo-
As famílias mais poderosas manifestavam sua tes e também que o sacerdócio era algo universal,
força não apenas no controle político, mas também rejeitando a divisão entre clérigos e leigos. O lute-
ostentando riqueza ao apoiar artistas que expressa- ranismo agradou alguns príncipes alemães insatis-
vam novos valores culturais em suas obras. feitos com a Igreja Católica, que deram proteção e
Em um momento de crise da Igreja e da aristocra- sustentação a Lutero.
cia, esses benfeitores chamados mecenas queriam z Reforma Calvinista: exilado em Genebra, na Suíça,
valorizar a figura do homem individual. Esse ambien- João Calvino foi outro clérigo católico que se revol-
te fez com a que a Itália fosse o berço de uma grande tou contra Roma. Com o tempo, formou sua própria
transformação cultural e intelectual conhecida como concepção religiosa, apartando-se do luteranismo.
Renascimento. A principal característica do calvinismo é a crença
Os principais valores renascentistas eram: na predestinação, ou seja, a salvação ou a conde-
nação da alma do homem era feita por Deus já no
z Humanismo: Retorno aos estudos de pensadores nascimento do homem, sendo a prosperidade eco-
da Antiguidade greco-romana, o que não significa- nômica a indicação disso. Diferentemente do catoli-
va o abandono da religião, mas sim uma renova- cismo, o lucro passou a ser visto como algo positivo.
ção na cultura a partir de uma visão mais crítica z Reforma Anglicana: tendo como estopim a rejei-
do papel do homem. Por isso, valorizava-se muito ção de um divórcio pelo papa, o rei inglês Henrique
a liberdade de pensamento; VIII fundou o anglicanismo. No entanto, a motiva-
z Antropocentrismo: O homem foi tomado como refe- ção fundamental era o interesse da Coroa inglesa
rencial para a compreensão do Universo, tendo cria- em tomar as terras papais na Inglaterra. Muitas
tividade e iniciativa própria para o conhecimento; práticas foram mantidas, como o reconhecimento
z Heliocentrismo: O Sol era visto como o centro do de santos e dos sacramentos; houveram ainda algu-
Universo, diferente da interpretação vigente, na mas inovações, como a permissão de que mulheres
qual a Terra era vista como o centro; integrassem o clero.
z Ciência e busca do conhecimento com base no uso
do raciocínio, da observação e da experimentação;
z Artes baseadas em novas técnicas, como a valori-
HISTÓRIA

zação dos traços e da harmonia corporal do homem


em pinturas que representavam movimento e liber-
dade de movimento aos corpos com uso de conhe-
cimentos matemáticos para o emprego de técnicas
de perspectiva e impressão de profundidade. Os
nomes de maior destaque foram Leonardo Da Vin-
ci, Rafael Sanzio, Michelangelo, Donatello, Sandro
Botticelli, entre outros. Henrique VIII, Martinho Lutero e João Calvino. Fonte: Blog História 9 251
Esse processo de reformas incomodou profundamente a Igreja Católica, que deu início a uma renovação conhe-
cida como Contrarreforma; suas principais propostas foram apontadas durante o Concílio de Trento (1545-1563).
Destacam-se nesse a reafirmação das tradições católicas, a reaproximação dos clérigos com os leigos para renovar a
espiritualidade e a proibição da venda de indulgências (perdão dos pecados).

A MONTAGEM DA COLONIZAÇÃO EUROPEIA NA AMÉRICA


SISTEMA COLONIAL ESPANHOL

Ao iniciar o processo de colonização, a primeira providência do governo espanhol foi montar um sistema que
se incumbisse de realizá-lo. Na estrutura político-administrativa, destacam-se:

z Casa de Contratação: Criada em 1503, tinha por finalidade supervisionar as relações marítimas e comerciais
entre a América e a Metrópole. Exercia, no setor comercial, a função de Corte de Justiça;
z Conselho das Índias: Criado por D. Fernando em 1511, era composto por oito elementos e responsável pela
preparação das leis e decretos no Novo Mundo.

A extensão territorial da colônia espanhola na América provocou a divisão administrativa em vice-reinados e


capitanias gerais. Observe no mapa a seguir como se deu essa divisão:

América Espanhola.
Fonte: Toda Matéria.

Os vice-reinados e as capitanias gerais eram governados por vice-reis e capitães gerais. Ambos tinham amplos
poderes, mas eram fiscalizados pelas audiências – tribunais que possuíam competência jurídica e administrativa.
A economia da América espanhola caracterizou-se pela exploração de metais preciosos – ouro e prata, princi-
palmente no México e no Peru. A exploração da prata foi maior do que a do ouro e teve como mais importantes
centros de exploração o vice-reino do México e as minas de Potosi, situadas no território atual da Bolívia.
É importante lembrar que o regime empregado era o do monopólio real, aplicado através de impostos, como o
quinto. O ouro e a prata eram levados à Europa, juntamente com produtos agrícolas, como milho e tabaco. A mão
de obra utilizada na mineração foi a indígena, sob duas formas:

z Encomienda: Um colono recebia a tutela de um certo número de indígenas e, sob a alegação de que ia evan-
gelizá-los, explorava seu trabalho;
z Mita: As tribos eram obrigadas a fornecer trabalhadores que, em troca, recebiam um salário.
252
Com o declínio da mineração no século XVIII, a agricultura e a pecuária passaram a ser atividades muito
importantes, inclusive com o uso de mão de obra africana escravizada. Na sociedade colonial espanhola, a rigidez
da estrutura social era muito grande, impedindo a mobilidade social.

SISTEMA COLONIAL INGLÊS

As colônias mais vantajosas para a Coroa Britânica localizavam-se na região do Caribe, onde desenvolveu-se a
exploração de produtos tropicais. Outro tipo de colônia se formaria mais ao norte, com uma população de colonos
que fugia das guerras político-religiosas. Essas colônias acabaram se organizando em companhias; as Treze Colô-
nias Continentais, como ficaram conhecidas, dividiram-se em:

z Norte: New Hempshire, Massachusetts, Rhode Island e Connecticut. Eram dedicadas ao comércio e à manufatura,
dispondo de uma vida urbana mais dinâmica e com a presença de uma aristocracia comercial;
z Centro: Nova Iorque, Nova Jersey, Delaware e Pensilvânia. Características parecidas com as do Norte;
z Sul: Maryland, Virgínia, Carolina do Norte, Carolina do Sul e Geórgia. Graças ao clima ameno e às terras
férteis, desenvolveu-se uma intensa atividade agrícola ligada às plantações de algodão, cuja mão de obra era
composta por africanos escravizados.

O mapa a seguir mostra a distribuição dessas colônias:

Fonte: ALBUQUERQUE, Manoel Maurício et al. Atlas histórico escolar. Rio de Janeiro:FAE, 1991. p. 62.

SISTEMA COLONIAL FRANCÊS

Durante o século XVII, a França conquistou o atual Canadá, a região da Luisiana (no atual EUA), além das ilhas
de São Domingos (atual Haiti), Martinica, Guadalupe e Dominica.
Na América do Sul, houve a tentativa da fundação da França Antártica (atual Rio de Janeiro), entre 1555 e 1567,
e a França Equinocial (atual São Luís do Maranhão), entre 1610 e 1614. No século XVIII, a França acabou perdendo
muitas dessas conquistas, como no caso dos territórios na América do Norte, após a Guerra dos Sete Anos, e de São
Domingos, após a Revolução Haitiana.

SISTEMA COLONIAL HOLANDÊS

Em 1621, os holandeses criaram a Companhia das Índias Orientais, que pretendia tomar posse das áreas colo-
niais de portugueses e espanhóis. A empresa era fruto da aliança entre nobres e ricos comerciantes, que contava
com o apoio do governo holandês.
A Holanda chegou a dominar o comércio na América e na Ásia, estabelecendo alianças com povos nativos,
nomeando funcionários, governadores, fortificações e contando com apoio militar. O Nordeste brasileiro foi domi-
nado por ela entre 1624 e 1654. Os holandeses mantiveram o domínio sobre colônias no Caribe e no sudeste asiático.

O SISTEMA COLONIAL PORTUGUÊS NA AMÉRICA


HISTÓRIA

ESTRUTURA POLÍTICO-ADMINISTRATIVA

O que significava a descoberta de um Novo Mundo para a Europa, no século XV? O que tal “descoberta” impli-
cava para os “descobridores” e os “descobertos”?
Esse “Novo Mundo” foi assim considerado porque antes essas terras não constavam nos mapas do mundo oci-
dental, tampouco conhecia-se sua fauna, flora e, sobretudo, sua população, que se mostrava diferente da huma-
nidade conhecida pelo Ocidente. 253
Tratava-se, afinal, de homens e mulheres que, muitas vezes, praticavam a poligamia, não trajavam roupas,
viviam em constantes guerras e comiam carne humana. Muito pouco espaço se deu, na chamada “descoberta”,
para efetivo conhecimento e aproximação da população nativa das Américas. O que havia era grande curiosida-
de, exotismo e especulação.
Em 1492, Cristóvão Colombo, comandando uma frota espanhola que procurava um caminho alternativo para as
Índias, sob ordens dos reis católicos Fernando e Isabel, defrontou-se com o que seria chamado de continente ameri-
cano; o navegador foi um dos primeiros a usar o termo “canibal” para qualificar os nativos.
A Europa mantinha contato com os países do Oriente desde 1415, e os portugueses já haviam contornado uma
parte considerável da costa africana no século XV. Ao final desse mesmo século, a questão era encontrar uma rota
para as Índias que tornasse possível continuar com o comércio de especiarias, metais preciosos, joias e sedas, uma
vez que a rota oriental estava sob o domínio turco islâmico, ou seja, interditada para os cristãos.
Os europeus, sobretudo espanhóis e portugueses, esperavam receber algum ressarcimento imediato pelas
suas viagens desbravadoras e, de início, não perceberam grande potencial de exploração econômica na área “des-
coberta”. Continuaram as incursões ao Novo Mundo até serem descobertas, pelos espanhóis, reservas de metais
preciosos no território que lhes cabia, deixando os portugueses ansiosos por descobrir em sua parte da América
também grande quantidade de ouro e prata.
Sabe-se que, desde o século XV, os portugueses já haviam se lançado em espaços africanos. Esse movimento de
aproximação se deu com o objetivo de expulsar os mouros da Península Ibérica, mas a manutenção do contato
com o continente africano permitiu que fossem construídas ali feitorias, promovendo, por fim, sua colonização.
Seria apenas em 1500 que, dando sequência ao seu desbravamento marítimo, Portugal depararia com o Bra-
sil, embora já em 1494 lusitanos e espanhóis tivessem assinado o chamado Tratado de Tordesilhas, que dividia o
Novo Mundo entre os dois Estados.
Inicialmente, Portugal não teve interesse imediato em desbravar suas “novas” terras, uma vez que o comércio
oriental lhe era mais rentoso. Os primeiros contatos permitiram a criação de um imaginário sobre o ambiente
da América Portuguesa, assim como sobre a população que lá habitava: o lugar era um paraíso na terra, no qual
residia todo tipo de monstros – de alguma forma, “os indígenas canibais” eram entendidos dessa forma.
Nos primeiros trinta anos após a chegada de Portugal à América Portuguesa, a exploração econômica se deu
pela exportação da madeira do pau-Brasil, que era recolhido e movimentado por trabalho indígena.
O território da América Portuguesa frequentemente sofria invasões de corsários de variadas nacionalidades, o
que deixou evidente para a Coroa a necessidade de apossar-se efetivamente do território, uma vez que apenas o
tratado de Tordesilhas não frearia as incursões e estabelecimentos não autorizados.
Nesse sentido, foram criadas frentes colonizadoras independentes, que apresentavam pouca comunicação
entre si, relacionando-se imediatamente apenas com a metrópole.
O sistema administrativo pelo qual se optou foram as chamadas capitanias hereditárias, grandes faixas de
terras que iam do litoral ao limite da linha estabelecida no Tratado de Tordesilhas. Elas eram concedidas a um
donatário que poderia conceder posses para a plantação de produtos tropicais, como a cana-de-açúcar, ou para a
pecuária. A condição de donatário de uma capitania era hereditária, ou seja, passada de pai para filho. Observe
nos mapas a seguir a divisão das capitanias:

Fonte: Blog Grupo Escolar.

254
O território da América Portuguesa foi dividido a relação entre os grupos sociais. Até 1763, quando a
em quinze lotes, sendo quatorze capitanias, que por capital passou para o Rio de Janeiro, era em Salvador
sua vez eram administradas por doze donatários. O que se desenvolviam as atividades administrativas.
donatário era o responsável com poder proeminente Ainda assim, nos primeiros anos da colonização,
e, além do uso da terra, também administrava o tra- o poder efetivo estava localizado na casa-grande e no
balho indígena. engenho. Por isso, os senhores de engenhos tornaram-
As capitanias não se relacionavam entre si e o dis- -se o grupo social mais destacado, embora sua posição
tanciamento era evidente e preocupante, de modo não adviesse de um arranjo hereditário, como no caso
que, em 1572, a Coroa Portuguesa fragmentou a admi- da nobreza europeia.
nistração em dois governos-gerais: o Governo do Norte No contexto colonial, no qual a economia era
– no qual a capital localizava-se em Salvador – com- sustentada pelo trabalho forçado, ser branco e não
posto pela Capitania da Baía até a capitania do Mara- desempenhar trabalho braçal já indicava alguma
nhão, e o Governo do Sul, sediado no Rio de Janeiro e ascensão social, pelo menos para o “povo”. Havia tra-
balhos que eram desempenhados apenas por cativos,
composto pela região de Ilhéus até o Sul. Reuniam-se
fossem eles indígenas ou africanos; assim, na socieda-
regiões que não pareciam compreender pertencerem
de marcada pelo escravismo, a cor se tornou logo um
ao mesmo espaço administrativo e político.
indicador social.
Ademais, se a díade senhores e escravizados era
ESTRUTURA SOCIOECONÔMICA
central nessa sociedade constituída sob o empreendi-
mento açucareiro, havia também, ao redor, os agre-
Ciclo do Açúcar gados do senhor, pessoas que, embora não tivessem
relevância econômica, eram importantes para o
O açúcar não foi, nos primeiros anos de coloniza- desempenho político e social dos senhores de enge-
ção, apenas um produto produzido na colônia; era nho. Eram, sobretudo, parentes destituídos de terra,
também responsável pelo surgimento de códigos, comerciantes, homens livres que não possuíam auto-
costumes e hábitos. Foi apenas no século XVI que se nomia social e que viviam sob a proteção do senhor e
desenvolveu o hábito, na Europa, do consumo do açú- lhe davam influência política.
car feito da cana, que passou de produto de requinte a
mercadoria frequente no cotidiano das pessoas. Pecuária nos Sertões
Como já foi exposto, depois dos primeiros trin-
ta anos, reconheceu-se a necessidade de povoar ao Com o estabelecimento do governo-geral, foi ado-
menos a faixa litorânea de terra da nova colônia, para tada a prática de doar sesmarias (grandes porções de
assim evitar as invasões estrangeiras que começavam terra), destinadas à pecuária em áreas do interior.
a crescer. Contudo, já não se pretendia apenas povoar Houve pecuária em vários locais nos quais se estabe-
a colônia, passava-se, também, a uma forma de colo- leceram colonos.
nização que visava outro objetivo: o ganho monetário. No Nordeste, essa atividade ocupou uma vasta área
O projeto colonial tomava contornos de empresa do interior, desde a Bahia até Piauí e Goiás. São Pau-
colonial, o que exigia maior investimento para a pro- lo, Paraná e Rio Grande do Sul também eram núcleos
dução de produtos que deveriam ser exportados para importantes. Com o declínio do Ciclo do Ouro em Minas
o mercado europeu. A produção era, portanto, dire- Gerais, a pecuária tornou-se uma importante atividade
cionada para fora da colônia. no atual sul do estado.
Formaram-se grandes centros produtivos, os cha-
mados latifúndios, dedicados à produção de apenas um Ciclo do Ouro
produto em grande escala. Esse produto foi, de início,
a cana-de-açúcar. A partir de então, o empreendimen- Os bandeirantes encontraram ouro na região de
to do açúcar estabeleceu-se no Nordeste da América Minas Gerais por volta de 1698, o que levou a um gran-
Portuguesa. de fluxo migratório, em que milhares de portugueses
Alguns pontos tornaram o empreendimento açu- se deslocaram para as minas e se intensificou o tráfico
careiro mais feliz na região Nordeste: a proximidade de escravizados da África (a população da região che-
gou a 300 mil habitantes, em que 50% eram escravos).
com a metrópole, o clima e a hidrografia, fundamen-
A vinda de forasteiros causou tensão entre os ban-
tais para o transporte do produto internamente.
deirantes paulistas e os “emboabas” portugueses acer-
Naquele momento, Portugal concentrou sua aten-
ca do direito de exploração do ouro; assim, eclodiu
ção no Brasil e no empreendimento açucareiro, esta-
entre 1707 e 1709 a Guerra dos Emboabas. Derrotados
belecendo um monopólio; contudo, mesmo que a
e expulsos, os bandeirantes se deslocaram para oeste
Coroa tenha tentado controlar todo o processo de pro- do território, onde encontram ouro em Cuiabá (1717)
dução e mercantilização de açúcar, isso não ocorreu, e em Goiás Velho (1721).
uma vez que os holandeses eram responsáveis pela Após o episódio, a Coroa Portuguesa reforçou seu
comercialização, no exterior, do produto produzido domínio com a tributação (a quinta sobre a onça de
na colônia portuguesa. ouro extraída), o impedimento de que vilas se tornas-
O tabaco também foi uma mercadoria essencial
HISTÓRIA

sem cidades (exigindo mais autonomia), a construção


para o sistema econômico colonial, por ser um produto da Estrada Real (primeiro, entre Parati e Ouro Preto, e
importante a ser trocado por africanos escravizados, depois, entre Rio de Janeiro e Diamantina) e a mudança
assim como a cachaça. Além disso, não havia possibili- da sede do governo-geral para o Rio de Janeiro (1763).
dade de o tabaco disputar com o monopólio do açúcar. O mercado interno tornou-se mais integrado para
A partir do século XVI, toda a empresa colonial o abastecimento da Capitania das Minas. Com o declí-
seria sustentada pelo empreendimento do açúcar: a nio do ciclo do ouro por volta de 1770, a população
formação de cidades e vilas, a divisão do território e se espalhou, principalmente, para o sul de Minas e 255
para a Zona da Mata. Outra consequência foi a cultu- por sua vez, investiram na colônia que acabavam de
ral, com o florescimento das artes, em especial com a conquistar: Maurício de Nassau foi feito governador-
arquitetura de Aleijadinho. -geral do Brasil holandês e transformou substancial-
mente a área.
INVASÕES ESTRANGEIRAS Nassau reestabeleceu os engenhos que haviam
sido abandonados pelos colonos portugueses, recom-
Desde o início da chegada dos portugueses à Amé- pôs o tráfico de escravizados, forneceu crédito e obri-
rica, a costa da colônia foi alvo de inúmeras invasões gou o plantio para subsistência da capitania. Além
estrangeiras, como a francesa, inglesa, holandesa, disso, mostrou-se tolerante na questão religiosa.
entre outras. Contudo, o inconveniente não vinha A administração do Brasil holandês por Nassau
apenas dos piratas, pois a França já havia tentado trouxe bons feitos para a região, como a criação da
quebrar o Tratado de Tordesilhas por duas vezes e os Cidade Maurícia, o que melhorou a situação da popu-
holandeses também não ficaram para trás. lação da região que antes se via em péssimas habita-
A primeira tentativa da França em colonizar a ções e sem acesso às devidas condições de higiene. Foi
América Portuguesa ficou conhecida como França também sob sua supervisão que se construiu as três
Antártica e foi empreendida por Nicolas Durand de primeiras pontes de grande proporção no território
Villegagnon, que desembarcou no Rio de Janeiro, em colonial e criou-se um espaço que recolhia espécies
1555, e permaneceu lá por três anos; um período cur- variadas de fauna e flora.
to, mas que trouxe muitas repercussões quanto ao Embora Nassau tenha feito uma administração popu-
imaginário em relação aos grupos indígenas. lar na região, acabou retornando à Europa em 1644, por
Em 1612, a França realizou a segunda invasão, des- conta das sucessivas pressões dos seus compatriotas. A
sa vez, em São Luís, no Maranhão. Tentaram ali insta- partir daí, deu-se um declínio do chamado Brasil holan-
lar a França Equinocial, começando por instituir uma dês, e iniciaram-se as “guerras brasílicas”, que visavam à
feitoria na ilha de São Luís e se relacionando com as retomada do território pelos portugueses. Esses confron-
sociedades indígenas que habitavam a região. A Fran- tos prologaram-se até 1654, quando as tropas portugue-
ça Equinocial tinha apoio da Coroa francesa e se ins- sas finalmente retomaram o espaço invadido.
tituiu sob a autoridade de Daniel de La Touche, que
fundou o povoado de Saint Louis, que seria apenas o EXPANSÃO TERRITORIAL
território inicial de uma vasta extensão ocupada pelos
franceses – desde o litoral maranhense até o espaço do A configuração dos limites territoriais se alte-
que hoje é o atual Tocantins. rou bastante após o Tratado de Tordesilhas de 1494.
Em 1615, os franceses foram expulsos pelas tropas Durante a União Ibérica, quando as possessões da
lusitanas e o território, ocupado por colonos portugue- Espanha e Portugal foram fundidas, o respeito aos
ses, que inseriram a cultura de açúcar na região. Em limites do território deixou de ser levado a sério.
1626, os franceses tomaram o território da contempo- Porém, a atividade bandeirante e a atividade pecuá-
rânea Guiana Francesa, e apenas ali tiveram êxito. ria aumentavam o espaço ocupado por colonos ligados
Se a França falhou na fundação de uma colônia a Portugal. O Tratado de Utrecht, de 1713, teve como
duradoura na América portuguesa, a Holanda teve objetivo resolver esses problemas. Ele definiu que
mais êxito em sua tentativa. A relação entre Holanda e a Colônia de Sacramento, atual Uruguai, era posse
Portugal nem sempre foi tranquila, e quando da crise portuguesa.
de sucessão da monarquia portuguesa, que entrega- O Tratado de Madri, de 1750, devolveu a Colônia
va o trono português à Coroa espanhola – o que ficou de Sacramento aos espanhóis, enquanto estabelecia a
conhecido como União Ibérica –, Portugal assumiu, região dos Sete Povos das Missões (atual Rio Grande
consequentemente, os inimigos da Coroa Espanhola; do Sul), do atual Centro-Oeste e boa parte da Amazô-
entre eles, estavam os holandeses. Com as duas Coroas nia como posses portuguesas. Essa decisão seria tam-
unidas, os domínios coloniais também foram fundi- bém confirmada pelo Tratado de Santo Ildefonso, de
dos, ficando sob o comando da Casa Real espanhola, 1750, e pelo Tratado de Badajós, de 1801.
na dinastia que ficou conhecida como “filipina”.
Em 1604, os holandeses atacaram Salvador, ima- REBELIÕES COLONIAIS
ginando que os portugueses não conseguiriam, pelo
tamanho da costa, impedir a ação. Essa primeira ten- Palmares
tativa falhou. Seria criada, então, a Companhia Holan-
desa das Índias Ocidentais, em 1621, formada por A resistência coletiva dos escravos originou os
capital do Estado e investidores privados, cujos objeti- chamados quilombos (em Angola, um tipo de acam-
vos eram a tomada das áreas açucareiras e o controle pamento militarizado) ou mocambos (que significava
do mercado de escravos na África. “esconderijo”). Na América portuguesa, os quilombos
Finalmente, em 1624, a capital foi ocupada por um foram agrupamentos de escravizados fugidos, que ten-
dia, mas retomada posteriormente em ação coordena- tavam escapar do violento sistema. Esses escravizados
da por Matias de Albuquerque (governador português mantinham-se à margem da sociedade, em lugares de
vigente), evitando, assim, que as fazendas de cana e difícil acesso, sem, contudo, perderem as relações de
os engenhos fossem tomados. Um novo ataque acon- proximidade com vilarejos e comunidades próximas.
teceu em 1627, mas o objetivo parecia ser apenas a Palmares, surgido em 1597, foi a maior comunida-
pilhagem e não a ocupação da área. de de escravos fugidos que se tem conhecimento na
Como não conseguiam ocupar a capitania da Bahia, história da América portuguesa, e ficava na Zona da
os holandeses voltaram-se para Pernambuco, também Mata, onde hoje está o estado de Alagoas. O ambien-
importante centro produtor de açúcar. Organizados, te favoreceu o abrigo da população do quilombo e as
7280 homens, em 65 embarcações, iniciaram o ataque palmeiras possibilitaram-lhes sustento e possibilidade
em 1630 e Olinda foi ocupada pelos holandeses. Estes, de confeccionar armadilhas, roupas e cobertas.
256
A partir de algum momento, Palmares passou A Guerra dos Emboabas foi, sobretudo, uma con-
a nomear uma confederação de comunidades com tenda entre práticas e concepções políticas diversas:
diversos tamanhos que se vinculavam por acordos. de um lado, os paulistas e de outro, os forasteiros.
Era também por acordo que escolhiam seus líde- Não se pode reduzir o conflito apenas aos desejos
res; contavam, ainda, com administração pública, leis de obtenção de terra e riqueza, pois também existiam
e forma de governo próprias, disposição militar e con- questões sociais e políticas mais profundas.
cepções religiosas e culturais típicas que colaboravam Os descobridores do ouro, bandeirantes paulistas,
para a coesão do grupo. acreditavam que mereciam tratamento especial, ou as
Obviamente, as autoridades metropolitanas perce- chamadas mercês, pelos serviços prestados à Coroa,
biam um grande risco em Palmares: além da relação como o desbravamento do território e consequente
ativa com vilas que mediavam a região, as comuni- descoberta de metais preciosos. Entretanto, isso não
dades poderiam incentivar o imaginário dos escravi- ocorreu, o que gerou ressentimento por parte dos pau-
zados, acenando para a fuga e resistência. Em 1612, listas. A guerra terminou em 1709, após a Coroa apoiar
deu-se a primeira ação contra Palmares, e a última, os emboabas, a fim de sufocar os revoltosos paulistas.
em 1694. Durante 1644 e 1645, período da ocupação
holandesa, Palmares cresceu, aproveitando o contex- Mascates
to sociopolítico tumultuado para se favorecer.
As autoridades coloniais direcionavam frequen- A revolta dos Mascates data de 1710 e faz parte de
temente à confederação missões de reconhecimento um conjunto de eventos que se caracterizam pela rup-
e expedições para ataque, além das tentativas inces- tura com a ordem colonial. O início do conflito se deu
santes de desfazer ligações comerciais dos quilombo- quando os comerciantes de Recife, apelidados pejora-
las com as comunidades próximas. Embora as ações tivamente de “mascates”, clamaram pela autonomia
das autoridades portuguesas sempre fracassassem, do povoado que era, até então, compreendido como
puderam ser finalmente favorecidas com as divisões porto de Olinda, uma cidade já em decadência. A elite
internas que surgiram dentro de Palmares, o que oca- açucareira de Olinda reagiu violentamente ao pedi-
sionou sua derrocada. do de autonomia de Recife, convocando a população
Nesse contexto, em 1678, Ganga Zumba e Zumbi se pobre e criando milícias.
indispuseram, criando uma fissura em Palmares e dan- A revolta durou menos de um ano. O grupo, formado
do início a anos violentos. Ganga Zumba foi morto por majoritariamente pela população pobre e pela elite açu-
considerar fazer um acordo com as autoridades colo- careira, marchou contra Recife, forçando o governador
niais. Por mais quinze anos, Zumbi conseguiu manter da capitania a fugir para Bahia, o que deu aos revoltosos
a liberdade e autonomia dos quilombolas; contudo, o controle de boa parte da região por um tempo.
sitiamento feito pelas tropas coloniais em 1694 ao Cer- O grupo de revoltosos, mais especificamente a eli-
co Real do Macaco levou à derrota da comunidade e ao te de Olinda, incorporou à sua pauta o propósito de
assassinato de Zumbi. Embora com final trágico, Pal- tornar Pernambuco independente, vislumbrando um
mares permaneceu no imaginário da população cativa, regime republicano. Como plano alternativo, caso a
representando um ideal de resistência. independência falhasse, concebeu-se a criação de um
protetorado francês, o que nunca ocorreu, posto que
Beckman a conjuntura delicada da França não tornava viável
esse tipo de apoio.
O descontentamento com o governador Francisco de Um ano depois, os comerciantes de Recife reto-
Sá Meneses era grande: havia sua aparente apatia pela maram o controle da capitania após combaterem no
situação de miséria no Maranhão e, ponto fundamental, interior com os revoltosos e receberem reforços de
havia a legislação a respeito da escravização indígena – Lisboa. Ao final, os mascates saíram vitoriosos: a eli-
questão que se relacionava com a ação jesuítica. te de Olinda foi derrotada, o controle da capitania foi
No dia 25 de fevereiro de 1684, liderados pelos recobrado, Recife transformou-se em vila e conver-
irmãos Manuel e Tomás Beckman, os insurgentes teu-se em sede da capitania de Pernambuco.
tomaram a cidade de São Luís e instituíram uma jun- Apesar do fracasso da revolta, pela primeira vez
ta de governo com representantes dos latifundiários, falou-se em autogoverno ou declarou-se preferência
do clero e do povo. Depois de conquistada a cidade, o pela forma republicana de governo, o que constitui
movimento foi perdendo a adesão popular e terminou um marco importante.
em 1685, com a chegada do novo governador Gomes
Freira de Andrade e das tropas lusas, decretando-se Vila Rica
a prisão dos principais líderes e pondo fim à revolta.
Embora descontentes com as autoridades coloniais, os A motivação para Revolta de Vila Rica, de 1720, é
revoltosos não pretendiam, naquele momento, rom- encontrada nas práticas fiscais aplicadas pela Fazen-
per com a Coroa Portuguesa. da Real. Os revoltosos intentavam obrigar a Coroa a
suspender o estabelecimento das Casas de Fundição,
Emboabas locais nos quais o ouro era transformado em barras e
se retirava a parte referente ao pagamento das taxa-
A Guerra dos Emboabas está inserida dentro daqui- ções da Coroa.
HISTÓRIA

lo que os historiadores chamam de “revoltas nativis- O conflito se deu entre as autoridades metropolita-
tas”, o que implica certo amor à pátria e desacordo nas e a elite socioeconômica da região. Os revoltosos
com a metrópole. No início do século XVIII, o ouro foi faziam ações de pilhagem na região, gritando frases
descoberto na região das Minas; teve início, então, o que expressavam descontentamento com a adminis-
conflito entre bandeirantes paulistas e emboabas (ter- tração. O governador da capitania reagiu com inten-
mo que designava “forasteiros”) pela administração sidade: fechou os caminhos de entrada de Vila Rica
do território aurífero. e prendeu os protagonistas do levante, enviando-os
257
ao Rio de Janeiro. Felipe dos Santos foi executado por Quanto a Tiradentes, sua pena foi aplicada pela
conta de sua oratória que apoiava os revoltosos, tor- Coroa de modo a ser exemplar e espetacular, ficando
nando-o vítima de suplício público. por muito tempo na memória dos colonos: foi enfor-
cado no Rio de Janeiro, seu corpo, esquartejado e sal-
gado, e os pedaços ficaram em exibição em pontos
estratégicos do Caminho Novo; sua cabeça foi exposta
no centro de Vila Rica.
MOVIMENTOS EMANCIPACIONISTAS
CONJURAÇÃO MINEIRA

Movimento formado por um grupo eclético e aliado


à elite econômica de Minas de homens e mulheres que
contestaram as relações coloniais e planejaram um
levante armado que declararia Minas uma República.
Nesse grupo, havia cônegos eruditos, poetas, pro-
fessores, muitos homens de letras e membros da elite
econômica. As pessoas envolvidas na Inconfidência
apontavam para a diversidade das atividades desen-
volvidas em Minas e, portanto, para a possibilidade de
autossuficiência da capitania.
O que levou o grupo a de fato considerar a rebelião
foi a articulação de fatores político-administrativos,
econômicos e culturais. A política metropolitana con-
tinuava a taxar a capitania e seus habitantes, descon-
siderando que a produção aurífera havia decaído e
insistindo na imposição da “derrama”. A derrama con-
sistia em um imposto cobrado sobre a extração do ouro;
nele, a Coroa retinha para si 20% do que era retirado.
Além disso, a administração ficava quase inteiramente
fora das mãos da elite local, o que causava desagrado. Tiradentes Esquartejado, Pedro Américo.
Supõe-se que a Conjuração começou a tomar for-
ma na década de 1780, mas o projeto de autonomia Fonte: Wikimedia Commons.
das Minas foi formalmente debatido em reuniões
locais apenas em 1788. Na metade da década de 1780, CONJURAÇÃO BAIANA
falava-se de uma “República Florente” e se evidencia-
va a capacidade de Minas tornar-se soberana. A Conjuração Baiana ou Revolta dos Alfaiates
Tiradentes foi o mais ativo propagandista das (1798) teve um caráter mais popular. Participaram
ideias da Conjuração: eloquente orador, fez as ideias dela artesãos, alfaiates, soldados e trabalhadores
de autonomia circularem por redes que aglutinavam negros, além de alguns escravos.
diferentes segmentos sociais, e esse é um fato essen- Desde que a Coroa transferira a sede do governo
cial para a compreensão da punição severa que esse colonial para o Rio de Janeiro, em 1763, iniciara-se
um processo de declínio socioeconômico e político
personagem sofreria.
de Salvador. Em 1797, a alta dos preços dos produtos
A Conjuração teria início com um motim, que deveria
levou a uma série de incidentes nas ruas da cidade,
ocorrer no mês de fevereiro, em Vila Rica, no momento
pois soldados e populares invadiram repetidas vezes
de imposição da derrama. Se saíssem vitoriosos, os con-
os armazéns para roubar carne e farinha. As ideias
jurados irromperiam a rebelião por toda a capitania,
contrárias à opressão colonial encontraram um clima
declarando a independência de Minas e a implementa-
favorável para serem aceitas.
ção de uma República. Eles observavam atentamente a
Em agosto de 1798, apareceram afixados nas pare-
Revolução Americana e procuravam aprender com a
des das casas, igrejas e lugares públicos de Salvador
movimentação que acontecia no norte do continente, vários panfletos manuscritos direcionados ao “povo
entrevendo as possibilidades de uma República Confe- baiano”, propondo a instalação da “República Baien-
derada. Pretendia-se exaurir a Coroa e fazê-la negociar. se”. Os revoltosos queriam que todos aderissem ao
Contudo, Minas viu-se sozinha, tanto na colônia novo regime e que as autoridades metropolitanas fos-
como no cenário internacional. A Conjuração foi sem depostas. Na proposta aparecia também a preten-
denunciada por Joaquim Silvério dos Reis, ativo par- são de abolir a escravidão e instaurar a liberdade de
ticipante do grupo, que delatou a ação para receber o comércio.
perdão das muitas dívidas que tinha com a Coroa. Não faltaram, porém, os traidores. O movimento
Feita a delação, ocorreram seis denúncias, a derra- foi delatado ao governador que imediatamente orde-
ma foi suspensa, os conspiradores foram presos e se nou a prisão dos conjurados. No dia 7 de novembro
abriu a “devassa”, busca por provas que iriam consti- de 1799, foi pronunciada a sentença. Entre os conju-
tuir os autos do processo da Conjuração Mineira. rados, encontra-se Cipriano Barato, que foi absolvido,
Ao final de três anos, os conjurados considerados enquanto outros participantes foram condenados ao
culpados foram degradados para a África, houve o degredo na África. Lucas Dantas, Luís Gonzaga, João
sequestro de seus bens e alguns foram condenados à de Deus e Manuel Faustino foram condenados à morte
258 forca. na forca e esquartejados.
ILUMINISMO E DESPOTISMO ESCLARECIDO z Adam Smith: Considerado pai da liberdade econô-
mica, defendia que as pessoas fossem livres para
O iluminismo foi um movimento intelectual que comprar e vender os produtos que desejassem.
ocorreu na Europa, no século XVIII. Os intelectuais Sendo assim, o protecionismo feito pela Coroa era
que participaram dele acreditavam que sua época algo ruim porque isolava o mercado interno de
deveria ser iluminada pela luz da razão, ou seja, a produtos externos. Segundo ele, não deveria haver
natureza e a sociedade deveriam ser compreendidas intervenção estatal.
por meio da racionalidade.
Os pensadores iluministas pretendiam tornar a O despotismo esclarecido foi uma forma de gover-
sociedade europeia mais justa e racional. Por isso, no que buscava conciliar ideias iluministas e práticas
questionaram as bases do Antigo Regime, criticando o absolutistas. Monarcas como Frederico II, da Prússia,
poder despótico dos reis absolutistas. Catarina, da Rússia, José II, da Áustria, e José I, de Por-
As ideias iluministas tiveram grande repercussão e
tugal promoveram o combate à corrupção, a melhoria
influenciaram movimentos sociais por todo o mundo,
na administração dos tributos, a abolição da servidão
como a Revolução de Independência dos Estados Uni-
e o incentivo à agricultura, à indústria e ao comércio.
dos da América e a Revolução Francesa. Os ideais ilumi-
nistas também inspiraram algumas rebeliões no Brasil,
como a Conjuração Mineira e a Conjuração Baiana.
O iluminismo foi importante também por pro-
mover uma revolução científica. O método científico REVOLUÇÕES INGLESAS (SÉCULO XVII)
moderno deveria ser baseado em algumas “leis” que E REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
deveriam ser seguidas:
“Revoluções burguesas” é o nome dado às duas
z Deve existir a curiosidade para resolver uma dúvida;
revoluções inglesas do século XVII que tiveram como
z Para resolver essa dúvida, desenvolve-se uma expli-
consequência a formação de uma monarquia consti-
cação possível, chamada de “hipótese”;
tucional e a imposição de limites ao poder do rei, divi-
z Essa hipótese deve ser posta à prova por meio de
dindo atribuições com o parlamento.
experimentos;
A primeira revolução teve início em 1640. O Parla-
z Se os experimentos comprovarem a hipótese, tem-
-se uma teoria. mento, majoritariamente puritano (protestante), estava
descontente com a aproximação do rei católico Carlos I ao
Os principais nomes a empregar esse método o papado e decidiu recusar o recolhimento de impostos
científico moderno, de forma pioneira, foram: Gali- como forma de protesto. Com isso, iniciou-se uma violen-
leu Galilei, no estudo do sistema solar; Francis Bacon, ta guerra civil que levou à decapitação do rei, à queda da
por estabelecer o empirismo e a importância da expe- monarquia e à instauração de uma república sob a lide-
riência; René Descartes, pela abordagem racional dos rança de Oliver Cromwell em 1649. Essa primeira revolu-
fenômenos para estabelecer uma teoria; Isaac New- ção inglesa é chamada de Revolução Puritana.
ton, responsável por estabelecer pela primeira vez A república durou pouco tempo e, após a morte de
um sistema científico para explicar o movimento dos Cromwell, houve o retorno à dinastia dos Stuarts, com
corpos físicos. a posse do filho do rei decapitado, Carlos II. Quando o
As críticas dos pensadores iluministas foram dire- rei morreu, em 1685, não havia deixado herdeiro, de tal
cionadas principalmente contra o absolutismo e con- sorte que o trono inglês passou para seu irmão Jaime II.
tra o poder da Igreja Católica. O novo rei trouxe de volta os atritos com o parlamen-
Alguns pensadores de destaque foram: to. Entre suas medidas, estava o retorno aos poderes
absolutos do rei e o fortalecimento do catolicismo na
z Montesquieu: O absolutismo, segundo ele, era um Inglaterra, com certos privilégios aos católicos, como
regime violento e corrupto, culpado pela estagnação, isenção de impostos e nomeação para altos cargos.
pobreza e pelo temor do povo. Para combatê-lo, deve- O medo da perpetuação de católicos no poder com o
ria haver uma divisão entre três poderes. O legislati- nascimento do filho do rei em 1688 foi o estopim para a
vo, para elaborar as leis, o executivo, para administrar Revolução Gloriosa, que ganhou esse nome porque a
as leis, e o judiciário, para julgar os desvios da lei; saída do poder foi feita sem guerra. O Parlamento pro-
z Voltaire: Crítico feroz da Igreja Católica, que via
testante tramou junto à filha do rei, Maria Stuart, e seu
como responsável por propagar superstição, fana-
marido, Guilherme de Orange. Com a reunião de tropas
tismo e intolerância religiosa. Voltaire afirmava
para sua deposição, o rei Jaime II exilou-se na França,
que a razão deveria combater tais males;
enquanto sua filha e seu genro assumiram o trono e
z Rousseau: Defendia que o poder tinha origem no
povo e só seria legítimo se fosse exercido sob seu garantiram o poder dos protestantes na Inglaterra.
nome. Para garantir sua liberdade em sociedade, A condição fundamental para a coroação dos novos
o homem deveria priorizar os interesses coletivos reis foi a assinatura da Bill of Rights (Declaração dos
Direitos), que afirmava que a monarquia constitucional
HISTÓRIA

ao invés de seus interesses individuais, mantendo


assim a sua liberdade e combatendo a corrupção; era baseada em limites postos pelo Parlamento à atuação
z John Locke: Defensor radical da propriedade priva- real, como no aumento de impostos, no confisco de pro-
da, que, segundo ele, era o meio pelo qual o homem priedade e no direito à liberdade de expressão. A Coroa
produzia seus bens e garantia a riqueza da socieda- não poderia interferir sem a decisão do Parlamento.
de. Defendia que a população deveria escolher seus Essas revoluções são vistas como burguesas, pois
governantes por meio do voto e os fiscalizasse, con- garantiram as demandas da burguesia inglesa, inte-
ceito chamado livre consentimento político; ressada em derrubar o absolutismo. Esse sistema era 259
visto como um entrave no desenvolvimento das atividades econômicas. Além disso, as revoluções burguesas da
Inglaterra repercutiriam ainda no século seguinte: na própria Inglaterra, com a Revolução Industrial, e na França,
com a Revolução Francesa.

Coroação de Guilherme de Orange e Maria Stuart em 1690.


Fonte: Site Wikiwand.

A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL (SÉCULO XVIII A XX)

Podemos dizer que a Revolução Industrial deu à luz a nossa época. Ela foi o longo processo de transforma-
ção social e econômica iniciado com novas formas de produção, emprego de novas matérias-primas e formas de
energia que modificaram a maneira de trabalhar, a estrutura social, urbana e rural, as tecnologias e a relação do
homem com o tempo.
A Revolução Industrial não teve data específica, pois possuiu diferentes fases; cada uma dessas fases foi marcada por
uma inovação na forma de produzir mercadorias.
A Primeira Revolução Industrial ocorreu entre os anos 1760 até os anos 1830 e foi marcada pela força da
indústria de lã e algodão para a fabricação de tecidos e pela difusão do uso de máquinas a vapor que utilizavam
o carvão mineral como fonte de energia. Essa fase praticamente se limitou à Inglaterra, embora Países Baixos e
França tenham participado tardiamente.
A Segunda Revolução Industrial ocorreu entre os anos de 1850 até os anos 1910 e destacou-se pelo emprego
de combustíveis fósseis, principalmente o petróleo, e pela expansão do setor secundário da economia (siderurgia
e metalurgia): Estados Unidos (no processo de reconstrução após a Guerra Civil), Japão (durante a Era Meiji) e
Alemanha (em seu processo de unificação) tiveram maior destaque.
A Terceira Revolução Industrial, iniciada nos anos 1950, caracteriza-se pela expansão da indústria de tec-
nologia de ponta, com o emprego da robótica, da informática e da eletrônica, com o protagonismo de europeus,
estadunidenses, japoneses e sul-coreanos.
Ao lançar-se à expansão pelos mares, além da acumulação de riqueza em metais preciosos e especiarias, a
formação de mercado internacional exigia novos investimentos. A procura por lucros dos grandes comerciantes
impulsionou negócios industriais. O crescimento desses negócios levou à circulação de moeda, ao aparecimento
de bancos regulares e de novas operações financeiras que valorizaram cada vez mais os bens móveis sobre os
imóveis, afetando a terra e o símbolo de poder da aristocracia.
A necessidade de unificar moedas, impostos, leis, normas, pesos, medidas, fronteiras, alfândega e de regula-
mentar mercados nacionais e internacionais significou a necessidade de unificação política entorno do Estado
Nacional. Por outro lado, o processo de expurgos e expropriações dos camponeses de suas terras para a produção
de lã permitiu a formação de uma massa carente de trabalho nas cidades para ser absorvida pela indústria.
A condição de vida dos trabalhadores era péssima. Crianças, idosos, mulheres ou homens eram submetidos
a jornadas que chegavam a 16 horas de trabalho por dia. Caso houvesse atrasos ou eles perdessem o ritmo da
produção, poderiam receber castigos físicos, além de sofrerem com descontos de metade de seu pagamento. Não
tardou para que surgissem movimentos de reação a esse sistema de exploração.
Em 1799, o Parlamento Inglês aprovou a Combination Act, proibindo a criação de associações de trabalhadores
para negociar condições de trabalho e de salário. Durante 1811 e 1812, houve, entre os tecelões, um movimento de
quebrar teares para forçar o recuo de proprietários na demissão de trabalhadores e na diminuição de salários. Esse
movimento ficou conhecido como ludismo e inspirou outros movimentos pela Europa.
Mesmo em meio à repressão, a pressão do movimento fez com que o Parlamento em 1825 revogasse a Combi-
nation Act de 1799. Foi desse modo que, a partir da década de 1830, teve início um movimento conhecido como
cartismo, que buscava direitos por meio da política, como o sufrágio universal e as eleições parlamentares anuais
(lembrando que apenas 18% da população masculina inglesa votava). A rejeição do Parlamento a essas mudanças
levou a diversas greves.
Entre as principais consequências da Revolução Industrial, podemos mencionar os métodos de produção mais efi-
cientes que exigiram a ampliação de mercado consumidor e que levaram ao barateamento de produtos. A necessidade
de exploração de matérias-primas induziu as nações europeias a uma nova expansão colonial: a partir da década de
1880, Inglaterra, França, Alemanha, Bélgica, entre outros, firmaram-se como impérios neocoloniais com possessões
em vários continentes, mas com destaque para a partilha da África e da Ásia. Foi essa guerra imperialista por terras,
260 mercados e poder que levou à Primeira Grande Guerra em 1914.
A INDEPENDÊNCIA DOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA

O primeiro processo de independência colonial da História ocorreu nas possessões britânicas na América do
Norte. As Treze Colônias Continentais eram divididas entre as do Norte, colonizada por imigrantes puritanos
insatisfeitos com a Igreja Anglicana, e as do Sul, colonizada por imigrantes camponeses que se especializaram no
cultivo de produtos tropicais.
O abastecimento dessas colônias era caracterizado pelo comércio triangular entre América, África e Europa. A
África cedia escravos para a América, que, por sua vez, cedia matérias-primas para a Europa; esta, por seu turno,
cedia produtos manufaturados para América e África. O mapa a seguir ilustra essa dinâmica:

Fonte: NARO, Nancy P. S. A formação dos Estados Unidos. 3. ed. São Paulo/Campinas: Atual/Editora da Unicamp, 1987. p. 15. (discutindo a História).

Os antecedentes da independência têm marco inicial com a Guerra dos Sete Anos, quando os colonos defende-
ram as possessões inglesas contra os franceses. Entre 1764 e 1765, a Lei do Açúcar (obrigatoriedade em adquirir
melaço e açúcar das Antilhas inglesas), a Lei da Moeda (proibição da emissão de papeis de crédito) e a Lei do
Selo (taxação de todos os documentos e publicações por agentes ingleses) causaram grande insatisfação entre os
colonos.
Em 1773, em um episódio conhecido como a “Festa do Chá de Boston”, colonos radicais saquearam navios ingle-
ses e lançaram a carga de chá no mar como forma de protesto contra a lei que obrigava a compra exclusiva de chá
dos ingleses. Essa legislação que prejudicava os colonos ganhou o nome de Leis Intoleráveis. Como reação, a Ingla-
terra interditou o porto de Boston.
Os colonos organizaram-se no Primeiro Congresso Continental, na Filadélfia, em 1774, para pedir sem sucesso
ao rei inglês que as leis fossem abolidas. Como protesto, houve o boicote dos produtos ingleses. Em 1776, o Segundo
Congresso Continental redigiu a Declaração de Independência em 4 de julho daquele ano. As hostilidades entre
rebeldes e colonizadores transformou-se em guerra, que só foi cessada em 1783 com o reconhecimento inglês da
independência. Em 1787, um encontro entre os líderes das 13 colônias deu origem à Constituição dos Estados Unidos
da América, que tornou-se a primeira república moderna do mundo. HISTÓRIA

Imagem que representa a Guerra de Independência dos EUA.


Fonte: Jornal O Estado de Minas.
261
A REVOLUÇÃO FRANCESA E A RESTAURAÇÃO: O Em setembro de 1791, foi promulgada a nova
CONGRESSO DE VIENA E A SANTA ALIANÇA constituição, que assegurava cidadania para todos,
igualdade de todos perante a lei, voto censitário e con-
A Revolução Francesa é o evento histórico que fiscava as terras da Igreja, entre outras coisas. Essa
separa a Idade Moderna e a Idade Contemporânea, fase da Revolução é conhecida como Monarquia Cons-
dado o tamanho de seu impacto na história da huma- titucional, que durou de 1791 a 1792. Os jacobinos,
nidade. Até o século XVIII, a França vivia sob o reina- partidários de mudanças mais radicais, defendiam
do absolutista de Luís XVI, que acumulava os poderes uma ampliação da revolução, aumentando a pressão
legislativo, executivo e judiciário. contra os nobres e o clero para instituir a república.
A estrutura do Estado Absolutista possuía três dife- Ameaçado pelos rumos da Revolução, Luís XVI
rentes estados que caracterizavam sua população: articulou com a Prússia uma intervenção na França.
Após o fracasso, o rei e sua esposa Maria Antonieta
z O Primeiro Estado era representado pelo Alto Clero; tentaram fugir, mas acabaram sendo detidos. Ambos
z O Segundo era formado pela nobreza e dividia-se foram mortos na guilhotina em 1793.
entre aqueles de funções militares (nobreza de espa- Esses eventos marcam o início do período da Con-
da) e aqueles de funções jurídicas (nobreza de toga); venção, sob a liderança dos jacobinos. Caracterizou-se
z O Terceiro Estado compreendia a burguesia, o Bai- pela fase do Terror, quando a guilhotina foi usada
xo Clero, comerciantes, banqueiros, empresários, de forma mais sistemática. Robespierre, Saint-Just e
trabalhadores urbanos e camponeses. Os membros Danton eram os líderes mais conhecidos. Nesse perío-
do Terceiro Estado eram conhecidos como sans-cul- do, os franceses também tiveram que resistir contra
lotes, por conta de não usarem um calção que carac- prussianos e austríacos, que tentaram deter a revo-
terizava a nobreza. lução com medo de que ela se espalhasse. Naquele
momento, nasceu o exército nacional francês, que foi
A Corte absolutista francesa possuía um alto custo um marco por não ser composto por mercenários e
de vida sustentado pelo Estado. No contexto pré-revolu- aristocratas, mas pelo povo que se reconhecia com
cionário, a França enfrentava uma terrível seca que afe- aquela nacionalidade.
tou a produção de alimentos com uma crise no campo. Em 1795, a burguesia conseguiu retomar o poder e
Enfrentava também uma crise financeira, por conta do deu início ao período conhecido como Diretório. Uma
endividamento e da falta de modernização econômica. nova constituição foi redigida. O órgão de liderança era
No fim da década de 1780, os membros do Tercei- formado por cinco membros indicados pelos deputa-
ro Estado, já sob a influência iluminista, começaram a dos. A crise social na França era generalizada e o medo
exigir maior participação política e uma resposta efe- da burguesia de que os jacobinos retornassem ao
tiva da Coroa e da nobreza para a crise. poder fez com que eles se aliassem ao jovem general de
Com a tensão entre os interesses do Terceiro Esta- destaque que retornava do Egito: Napoleão Bonapar-
do e os do Alto Clero e da Nobreza acentuando-se, Luís te. O Golpe do 18 Brumário (9 de novembro) em 1799
XVI convocou a Assembleia dos Estados Gerais em instaurou uma ditadura sob sua liderança e pôs fim à
maio de 1789. Entretanto, o fato dos votos do Primeiro Revolução Francesa. O golpe consistiu na derrubada
e do Segundo Estado terem maior peso despertou a do diretório. A burguesia apoiou esse movimento, pois
indignação de burgueses e trabalhadores. A burguesia temia que as forças populares e mais radicais fizessem
passou a se articular para redigir uma nova constitui- mudanças muito profundas na sociedade francesa.
ção para a França. No mesmo momento, o levante de Logo após o Golpe do 18 Brumário, foi formado o
populares sacudiu a cidade de Paris. Consulado, governado por três cônsules. Em 1802, Napo-
Em 14 de julho de 1789, o povo tomou a prisão da leão foi nomeado cônsul vitalício. Dois anos depois, foi
Bastilha, que simbolizava o Antigo Regime, pois era coroado imperador da França após um plebiscito popu-
onde ficavam detidos os presos políticos. Em 4 de lar. Em seu governo, ele reorganizou a arrecadação de
agosto, a Assembleia Nacional ditou alguns decre- impostos, investiu na construção de obras públicas,
tos que cortavam os privilégios da nobreza, como a criou o Banco da França, estabeleceu o franco como
isenção de impostos e o monopólio sobre terras cul- moeda, manteve a desapropriação de terras de nobres e
tiváveis. Também instituiu a Declaração de Direitos instituiu o ensino público controlado pelo Estado.
do Homem e do Cidadão, estabelecendo cidadania, Outra importante característica do governo napo-
liberdade, soberania e direito à defesa. leônico foi o expansionismo. As guerras napoleônicas
que ocorreram entre 1799 e 1815 levaram à conquista
de praticamente toda a Europa. O grande empecilho
para Napoleão foi a Inglaterra. Graças ao seu isola-
mento, ela conseguiu defender-se da conquista fran-
cesa. Napoleão então impôs o Bloqueio Continental,
impedindo que as nações europeias fizessem comér-
cio com os ingleses. Por outro lado, graças à força de
sua marinha, a Inglaterra isolou a Europa e explorou
a ausência do comércio colonial.
O Império Napoleônico entrou em colapso após
o Bloqueio Continental; além disso, sofreu um duro
revés na campanha da Rússia. Em 1814, não resistiu à
aliança formada por Inglaterra, Prússia, Áustria, Rús-
sia e Suécia, que tomou Paris, levou Napoleão a abdi-
car e entronou Luís XVIII como novo rei. No entanto,
Queda da bastilha em 14 de julho de 1789.
Napoleão conseguiu escapar da prisão na ilha de Elba
e formou o que ficaria conhecido como o Governo
262 Fonte: Wikimedia Commons.
dos Cem Dias. Foi um momento breve de retomada Na Europa, cessada a agitação política entre portu-
do poder, pois as potências europeias estavam decidi- gueses e franceses, a soberania lusa conseguiu, enfim,
das a retirá-lo do poder outra vez. Em 18 de junho de gozar de certa estabilidade, e um forte movimento de
1815, Napoleão foi derrotado na Batalha de Waterloo, pressões pôde ecoar a fim de que D. João retornasse
na Bélgica. Foi preso na Ilha de Santa Helena no Ocea- a Portugal. A relutância do rei em retornar causava
no Atlântico, onde viria a morrer em 1821. indignação na população lusa, em um momento no
Formado no contexto da primeira derrota napoleô- qual a metrópole passava por uma grave crise de pro-
nica, o Congresso de Viena (1814-1815) tinha como dução agrícola e de desvalorização do papel moeda.
objetivo reconstituir o equilíbrio político europeu, res- Essa agitação culminou na chamada Revolução Libe-
tabelecendo a velha ordem monárquica absolutista. A ral do Porto, também conhecida como Regeneração de
discordância entre as nações da aliança que derrotou 1820. O prolongamento da ausência régia na metrópole
Napoleão abriu espaço para que a França estabeleces- evidenciou que o “exercício da exclusiva vontade do rei”
se o Princípio de Legitimidade em dois pontos: os Esta- não era mais cabível. Assim, profissionais liberais, advo-
dos teriam os limites territoriais anteriores a 1789 e as gados, médicos e comerciantes reuniram-se na cidade do
dinastias depostas seriam restituídas no poder. Porto a fim de redigirem uma Constituição que, embora
Nesse contexto, em 1815, Rússia, Áustria e Prússia conservadora, propunha a limitação do poder do monar-
formaram a Santa Aliança. Seu objetivo era garantir ca e sua submissão à carta constitucional.
as propostas de restauração absolutista do Congresso A Regeneração também inovava ao propor a trans-
ferência da soberania – antes circunscrita ao rei – às
de Viena. Os países assumiram o papel de lutar contra
chamadas Cortes. As pressões exercidas pelas Cortes
a expansão dos ideais liberais, inclusive com o direito
constituídas fizeram com que D. João retornasse com
de intervir. No entanto, a Santa Aliança não foi capaz
sua família a Portugal, em abril de 1821, deixando,
de impedir a explosão das revoluções liberais e nacio-
entretanto, seu filho D. Pedro de Alcântara no Brasil.
nalistas a partir da década de 1830.
A promulgação da Constituição proposta pela
Assembleia Constituinte de 1820 teria validade para
todos os portugueses, o que incluía os habitantes das
colônias portuguesas, inclusive na América. Algumas
O BRASIL IMPERIAL medidas, no entanto, causaram profundo desconfor-
to nos grandes comerciantes do Brasil que já estavam
O PROCESSO DA INDEPENDÊNCIA DO BRASIL acomodados sob os privilégios concedidos pela pre-
sença da corte na colônia.
Período Joanino A presença da corte no Brasil (1808-1820) foi moldan-
do as consciências dos colonos a respeito da possibilida-
Quando a corte portuguesa embarcou, fugindo estra- de de se constituir um governo real que permanecesse
tegicamente de Lisboa em novembro de 1807, o fez por- no Brasil. Assim, a ideia de independência começa a
que tinha consciência dos acontecimentos recentes na ganhar força por volta de 1821, como uma reação à Rege-
Europa, em um momento em que o expansionismo de neração de 1820, uma vez que esta era entendida como
Napoleão Bonaparte parecia irrefreável. uma revolução contrária ao Brasil.
Uma experiência ainda mais próxima de Portugal Com o conflito de interesses latente, os colonos que
acendeu para a monarquia o sinal vermelho e mos- ganharam com a presença da corte reivindicavam um
trou que os prognósticos eram corretos: o rei espa- governo no Brasil; a percepção da necessidade de um
nhol, Fernando VII, foi deposto do trono por Napoleão, Estado Nacional brasileiro evoluiu, o que foi a grande
novidade revolucionária. Foi nessa configuração que
em maio de 1808.
entrou a figura do príncipe regente, futuro D. Pedro I.
A fuga da corte portuguesa foi um sucesso em
Outra determinação polêmica das Cortes era que
curto prazo; contudo, a longo prazo ocasionou uma
as províncias do Brasil se transformassem em pro-
quebra de legitimidade do Império português em um
víncias portuguesas, o que gerou, segundo comenta
momento em que os ares eram revolucionários.
D. Pedro em carta a seu pai, “um choque mui grande
A presença da corte no Brasil causava incômodo
nos brasileiros”. O que o príncipe regente precisava
em algumas parcelas da população; o exemplo mais
fazer era equilibrar-se em um cenário instável, no
evidente desse desconforto foi a Revolução Pernam- qual havia a necessidade de se cumprir os decretos
bucana, que estourou na província de Pernambuco, das Cortes ao mesmo tempo em que era necessário
em 1817. Antes da chegada da corte, em 1808, essa corresponder os interesses do povo do território no
província ligava seu comércio diretamente a Portugal, qual ele se encontrava.
posto que as dificuldades logísticas – como rotas ter- Enquanto as Cortes foram convocadas com a fina-
restres ou fluviais – impediam o estabelecimento de lidade de reorganizar o Império Português dentro da
relações com o Rio de Janeiro. Somava-se ao fim des- dinâmica colonial, os colonos agrupavam-se cada vez
ses benefícios concedidos ao comércio pernambucano mais em torno da ideia de separação.
um período de graves secas e crises de abastecimento. Já em 1822, o príncipe regente também recebia
O movimento revolucionário pautava a necessi- pressões a fim de que retornasse a Portugal, o que
dade de se combater a crise e recuperar os benefícios
HISTÓRIA

gerou um episódio bastante curioso no dia 9 de janei-


comerciais, assim como a possibilidade de se romper ro de 1822, o “Dia do Fico”. Naquele dia, D. Pedro rece-
com a monarquia. Em partes, e por um curto período, os beu um requerimento que continha 8 mil assinaturas
revoltosos – homens livres, escravizados, ricos e pobres solicitando-o que ficasse no Brasil. Não se sabe quais
– saíram vitoriosos, uma vez que conseguiram destituir foram as verdadeiras palavras proferidas pelo jovem
o governo de Pernambuco e instalar brevemente uma príncipe regente; contudo, consagrou-se na memória
república; entretanto, foram violentamente reprimidos social a perspectiva de que ele ficaria a fim de preser-
com prisões e condenações em praça pública. var os interesses da população brasileira. 263
Um governo foi organizado por D. Pedro logo após Assim, a liderança de D. Pedro em 7 de setembro de
esse evento, tendo figuras proeminentes, como José 1822 era a garantia mais próxima da unidade em uma
Bonifácio de Andrada e Silva, um moderado que fazia imensa porção de terra marcada por regionalismos
campanhas por maior autonomia da colônia, mas não e profundas diferenças sociais, pois as elites temiam
reivindicava uma separação radical. Foram convoca- que uma agitação social incluísse pobres e escraviza-
dos representantes de todas as províncias e, mais tar- dos (que somavam 80% da população).
de, uma assembleia legislativa e constituinte.
Já a politização da sociedade colonial, com a chegada Primeiro Reinado
da corte em 1808, deu-se em conteúdos bastante inova-
dores. Aspectos da ainda recente Revolução Francesa Entre 1822 e 1831, tem-se a primeira fase adminis-
(1779) estavam em alta, sobretudo na crítica ao mode- trativa do Império, conhecida como Primeiro Reina-
lo estamental de sociedade, procurando novas formas do. A Assembleia Constituinte eleita em 1823 desejava
organização da sociedade, e também na crítica aos pri- a limitação dos poderes de D. Pedro I.
vilégios da nobreza e dos corpos sociais mais altos. Durante a “Noite da Agonia”, o imperador cassou os
Depois da revolução de independência do Haiti deputados opositores, impugnou as proposições consti-
(1804), esses conteúdos se tornaram inescapáveis. Era
tucionais e outorgou a Primeira Constituição Brasileira,
preciso apropriar-se de alguns elementos e fazer uma
em 1824. Ela estabelecia, entre outras coisas:
revolução menos radical que a francesa e bem menos
radical que a de São Domingos, que fora liderada por
z Existência do poder moderador, que poderia sus-
escravos que, em alguns dias, dizimaram os senhores
pender os poderes legislativo, executivo e judiciário;
de engenho e suas famílias para formar um governo
z Poder hereditário;
antiescravista, consolidado em 1804.
Esse movimento era muito temido na perspectiva z Voto censitário, calculado pela renda.
das elites coloniais brasileiras. A escravidão foi um
elemento importante: a dimensão do escravismo na Em reação ao autoritarismo, eclodiu, em Pernambu-
América Portuguesa era tão grande que foi capaz de co, a Confederação do Equador, que exigia uma repú-
influenciar todos os outros aspectos da vida social, blica liberal, a abolição da escravidão e a ampliação
como valores, formas de pensar, comportamento e dos direitos sociais. Esse movimento teve como prin-
práticas políticas. cipal líder Frei Caneca, mas acabou sendo reprimida.
A independência, nesse sentido, mudou a forma de
compreender a sociedade: não era mais uma socieda-
de estamental legitimada por Deus, embora o rico ain-
da fosse rico, mas agora havia um parlamento; assim,
a escravidão tornou-se uma escravidão nacional, e
não mais portuguesa.
A chegada da corte também dinamizou fluxos eco-
nômicos internos, graças à necessidade de abasteci-
mento. Em verdade, essa dinâmica e a diversificação
da produção era anterior à chegada da corte, mas se
intensificou a partir de 1808. O Rio de Janeiro foi um
epicentro que conectou São Paulo, Minas Gerais e Rio
Grande de São Pedro (atualmente Rio Grande do Sul),
tanto é que essas foram as primeiras regiões a encam-
parem o projeto de independência centrada na figura O fuzilamento de Frei Caneca.
de Pedro I, justamente por esses auspícios econômi-
cos, mas também políticos. Fonte: Meio Norte.

Entre 1825 e 1828, ocorreu a Guerra da Cisplatina


entre o Império do Brasil e as Províncias Unidas do
Rio da Prata. Após um desgastante e custoso conflito
(o Banco do Brasil chegou a falir), a independência do
Uruguai foi reconhecida.
A instabilidade política também podia ser veri-
ficada em episódios como a Noite das Garrafadas,
demonstrando a grande divergência entre brasileiros
e portugueses. Juntava-se a isso a crise econômica e a
disputa pela sucessão do trono em Portugal, levando
D. Pedro I à abdicação do trono em 7 de abril de 1831.

Independência ou morte, Pedro Américo. Período Regencial

Fonte: Wikimedia Commons. Segundo a Constituição de 1824, a abdicação de D.


Pedro I levaria ao trono seu filho D. Pedro II. No entanto,
Durante 1822, houve diversos movimentos de oposi- ele tinha apenas cinco anos de idade naquela ocasião.
ção a Portugal, principalmente no Grão-Pará e na Bahia. Então, o Parlamento buscou uma alternativa: a regência.
Entre diversas tendências, venceu aquela que defendeu O período regencial durou de 1831 até 1840 e foi
a construção de um Estado independente que mantives- marcado por grandes conflitos regionais. Os grupos
264 se a escravidão e o poder das elites econômicas. políticos dividiam-se em:
z Restauradores: Defendiam o retorno de D. Pedro I Embora o legislativo fosse dividido entre o Par-
e, posteriormente, a coroação de D. Pedro II; tido Conservador (saquaremas) e o Partido Liberal
z Liberais moderados: Exigiam poderes monárqui- (luzias), ambos tinham posições semelhantes, como a
cos com restrições; manutenção da escravidão e a centralização de poder
z Liberais exaltados: Favoráveis ao federalismo, pelo imperador.
com maior autonomia das províncias. O Segundo Reinado foi marcado também por uma
fase de desenvolvimento econômico. O sucesso do ciclo
Durante o período, foram criados: o Código de Pro- do café (1830-1950) foi possível pelo fortalecimento da
cesso Criminal, a Guarda Nacional, o Ato Adicional Inglaterra e dos Estados Unidos como mercados consu-
(dando poder às assembleias regionais) e a Lei Feijó midores, além de algumas condições internas:
(que abolia o tráfico no papel, mas fazia “vista grossa”
para que ele ainda existisse na prática). z Abertura de caminhos que ligavam o litoral ao inte-
A instabilidade política acentuou-se com a eclosão rior passando pelo Vale do Paraíba;
de diversos movimentos separatistas nas províncias z Disponibilidade de terras herdadas da política de
do país. Entre eles, destacam-se: vigilância na época do ouro;
z Sistema de transporte modernizado com a instala-
z Cabanada (1832-34, Pernambuco): Lutou pela res- ção das ferrovias a partir de 1860.
tauração da monarquia sob comando de D. Pedro I
e pelo fim da escravidão; O Império começou a sofrer com a legislação inter-
z Cabanagem (1835-40, Grão-Pará): Exigiu melhores nacional inglesa para a proibição do tráfico, o que o
condições de vida para a população da região. Viti- levou a aprovar duas medidas: a Lei Eusébio de Quei-
mou cerca de 30 mil pessoas; rós (que extinguia o tráfico atlântico de escravos) e a
z Revolução Farroupilha (1835-45, Rio Grande do Lei de Terras (que postulava que a terra só poderia
Sul): Pregou a independência do estado e o desejo ser adquirida por meio de compra, excluindo futuros
de melhores condições para os criadores de gado; escravizados libertos e os imigrantes europeus que
z Sabinada (1837-38, Bahia): Lutou pela indepen- começaram a vir para o país).
dência da Bahia e pelo fim da escravidão; Em 1864, teve início a Guerra do Paraguai, inicia-
z Balaiada (1838-41, Maranhão): Colocou-se contra da a partir da intervenção brasileira sobre os gover-
a desigualdade social e contra as injustiças come- nos do Uruguai e da Argentina, o que foi contra os
tidas pelas elites. interesses paraguaios na Bacia Platina. Em resposta,
os paraguaios invadiram o atual Mato Grosso do Sul.
Preocupando-se em garantir a unidade do territó- A guerra opôs os paraguaios, liderados pelo ditador
rio, liberais e conservadores (antigos restauradores) Solano Lopez, à Tríplice Aliança, formada por Brasil,
fizeram uma manobra constitucional e aclamaram D. Argentina e Uruguai. No entanto, o Brasil acabou indo
Pedro II por meio do golpe da maioridade (1840). bem mais além que os outros dois países, arrastando a
guerra até o assassinato de Lopez em 1870. Mesmo vito-
Segundo Reinado (1840-1889) rioso, o Brasil passou a enfrentar um processo de crise.

Representação feita, em 1882, por Victor Meirelles sobre a Batalha


do Riachuelo travada durante a Guerra do Paraguai.

Fonte: Wikimedia Commons.

Crise da Monarquia e Proclamação da República

O conflito levou ao surgimento da Questão Militar,


envolvendo os direitos sociais e políticos dos militares.
D. Pedro II em 1876.
Com o surgimento do Partido Republicano, em 1873,
HISTÓRIA

Fonte: Wikimedia Commons.


uma ala mais radical do Partido Liberal passou a con-
testar a centralização monárquica. O movimento aboli-
cionista ganhava cada vez maior repercussão em busca
Com o golpe da maioridade, teve início o período
da aprovação de leis que dessem fim à escravidão.
conhecido como Segundo Reinado, que se estendeu
Ademais, houve uma quebra no elo com os conser-
até 1889. Por meio de uma manobra conhecida como
vadores, quando o Império passou a recusar as inter-
“parlamentarismo às avessas”, D. Pedro II exercia
venções do Vaticano sobre a Igreja no Brasil, episódio
poder sobre a Chefia de Gabinete e sobre o Parlamento.
conhecido como Questão Religiosa. 265
O rompimento definitivo viria com o fim da escra- contra a exploração burguesa. Pregavam a necessidade
vidão. A partir da Lei do Ventre Livre, em 1871, e da de derrubar a burguesia do poder e dar fim à proprie-
Lei dos Sexagenários, em 1883, a abolição pareceu dade privada, o que seria seguido pela instalação de um
inevitável. No entanto, os escravocratas radicalizaram regime socialista baseado no poder dos trabalhadores e
sua oposição aos abolicionistas a partir de 1885, proi- na propriedade social dos meios de produção.
bindo seus eventos e organizando ataques. O socialismo seria a etapa que possibilitaria a
Diante da iminência de uma guerra civil, o Império implantação do comunismo, no qual não existiriam
decidiu mediar o fim da escravidão com a Lei Áurea, classes sociais nem Estado. As obras Contribuição à
em 13 de maio de 1888, o que fez com que perdesse o Crítica da Economia Política (1859), de Marx, e O capi-
apoio dos cafeicultores do Vale do Paraíba, que fica- tal (1867), assinada por Marx e Engels, revelam uma
ram conhecidos como “republicanos de última hora”. preocupação em analisar o sistema capitalista; em O
Por fim, um golpe militar com o apoio de setores civis Manifesto do Partido Comunista (1848), Marx e Engels
realizou a Proclamação da República, em 1889. propõem suas alternativas.

CARTISMO

O PENSAMENTO E A IDEOLOGIA NO Ao longo do século XIX, as associações operárias


transformaram-se em um movimento coeso de reivin-
SÉCULO XIX dicações. Em 1837, com a apresentação da Carta do
Povo ao Parlamento Britânico, surgiu o Movimento
IDEALISMO ROMÂNTICO Cartista. A classe operária exigia a abolição do voto
censitário e adoção do sufrágio universal masculino e
O romantismo rompeu a barreira do movimento secreto, além de legislatura anual.
artístico e passou a ser uma tendência do pensamento O movimento acabou desmembrando-se entre
europeu de modo mais geral, influenciando o ambien- radicais, defensores da greve geral, e moderados, ope-
te intelectual e político. rários das grandes indústrias que recebiam salários
A influência romântica provocou a renovação no razoáveis e temiam perder o emprego. O Cartismo
interesse pelo passado e, em especial, pelo passado teve como resultado a regulamentação das associa-
medieval. Houve estudos mais amplos para a busca ções políticas, do trabalho infantil e feminino e a fixa-
da identificação das “origens” do sentimento nacio- ção da jornada de trabalho em dez horas diárias.
nal, por meio da investigação sobre os povos e sobre
a língua, por exemplo. A busca de um “passado glo- A DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA
rioso” foi muito influente entre os Estados Nacionais
durante o século XIX e início do século XX. A Igreja Católica procurou acompanhar as inova-
ções dos tempos e não poupou críticas à exploração
SOCIALISMO UTÓPICO E SOCIALISMO CIENTÍFICO capitalista dos trabalhadores. Elaborou a sua própria
doutrina social, buscando uma alternativa para supe-
O socialismo constitui-se em um conjunto de teo- rar os conflitos entre trabalhadores e capitalistas. Essa
rias que procuram propor alternativas para superar doutrina foi iniciada em 1891 pelo papa Leão XIII na
as injustiças sociais existentes no capitalismo. As dou- encíclica Rerum Novarum.
trinas socialistas surgiram no século XIX.
A primeira foi a do socialismo utópico, represen-
tada por Robert Owen, Saint-Simon, Louis Blanc e
Fourier, pensadores que defendiam uma sociedade
mais justa, na qual haveria acordos entre capitalistas
e trabalhadores. Foram chamados de utópicos porque
acreditavam nessa possibilidade de conciliação.

Papa Leão XIII.


Fonte: Wikimedia Commons.

Marx e Engels. Por meio dela, a Igreja propôs a aproximação entre


Fonte: Blog da Boitempo. patrões e operários, a participação destes nos lucros
das empresas, o salário mínimo digno, a formação de
A teoria socialista ganhou consistência com o socia- sindicatos de trabalhadores e a defesa da propriedade
lismo científico de Karl Marx e Friedrich Engels, defen- privada. Assim, essa doutrina rejeitava a teoria mar-
266 sores da união e da luta do operariado, os trabalhadores, xista, mas condenava a exploração capitalista.
LIBERALISMO

A partir do século XIX, o capitalismo se consolidou como sistema econômico, social e político e se caracterizou
pela acumulação de capital, defesa da propriedade privada, obtenção de lucro e o trabalho. Dois grupos sociais se
definiram muito claramente: a burguesia industrial e o operariado.
A burguesia adotou o liberalismo como ideologia para justificar a organização da sociedade industrial capitalista.
Dessa forma, defendia a livre concorrência e o direito de o indivíduo investir onde e como quisesse. Destaca-se também
a defesa na liberdade nas relações trabalhistas, de tal maneira que os contratos seriam definidos de forma independente
entre patrões e empregados.
Nos séculos XVIII e XIX, muitos foram os teóricos identificados como liberais. Autor do clássico A Riqueza das
Nações, Adam Smith analisou a divisão social do trabalho e criticou a política mercantilista, que dificultava o
fortalecimento das manufaturas. Outro importante teórico, David Ricardo, procurou estabelecer as “regras” de
comércio mundial, sob a teoria das “vantagens comparativas”, dizendo que os países beneficiariam-se do livre
comércio, pois teriam algo a oferecer e a receber na negociação externa.

Adam Smith e David Ricardo.


Fonte: Indian Folk.

ANARQUISMO

Na mesma época do socialismo científico, surgiu o anarquismo, ideologia que defendia a revolução armada e a
derrubada imediata do Estado. Os anarquistas acreditavam que o homem era capaz de viver em paz com os seus
semelhantes, sem a instituição do Estado.
Eles eram defensores de uma ordem natural, baseada na autodisciplina e na cooperação voluntária. Para isso, propu-
nham que os homens vivessem em comunidades autogovernadas, sem qualquer hierarquia entre si e com a participação
de todos nas decisões. Os principais representantes dessa tendência foram Bakunin e Kropotkin.

Mikhail Bakunin, líder anarquista russo.


Fonte: Wikimedia Commons.

DARWINISMO SOCIAL
HISTÓRIA

Em 1859, o naturalista inglês Charles Darwin publicou a obra A Origem das Espécies. Ele abordava a evolução dos seres
vivos a partir da seleção natural, justificando a sobrevivência das espécies mais aptas e a eliminação das inaptas em resistir
ao meio. Alguns sociólogos distorceram as proposições darwinistas para defender que determinados povos eram superio-
res racialmente sobre outros.
O darwinismo social procurou estabelecer o racismo enquanto um conceito científico, defendendo que os euro-
peus deveriam dominar os povos considerados inferiores. Os defensores dessa ideia apontavam que os “europeus
brancos” eram favorecidos para a sobrevivência, porque eram “intelectualmente” capazes e “fisicamente” fortes.
267
POSITIVISMO

Formulado por Augusto Comte, essa corrente de pensamento defendia que a sociedade possuía fases para o
desenvolvimento social: a teológica, dominada por religiosos e militares, a metafísica, dominada por filósofos e
juristas, e a positiva, baseada no conhecimento científico.
Tinha como lema: “o amor por princípio, a ordem por base e o progresso por fim”, frase essa que foi reprodu-
zida parcialmente nos dizeres “ordem e progresso” na bandeira do Brasil. Comte considerava que a propriedade
privada tinha função fundamental para a organização social do trabalho, e também defendia a política de educa-
ção dos trabalhadores para a elevação do nível intelectual da sociedade.

O MUNDO À ÉPOCA DA PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL


O IMPERIALISMO E OS ANTECEDENTES DA PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL

O desenvolvimento industrial do século XIX levou as grandes potências mundiais a empreender a colonização
de vários territórios na África, Ásia e Oceania. Além do poder econômico, essas potências possuíam força militar
muito expressiva, já que estavam munidas de diversas inovações tecnológicas no setor bélico.
Dessa maneira, o imperialismo dominou vários povos e moldou o mundo na passagem do século XIX para o século
XX. O mapa a seguir demonstra como o mundo estava dividido entre as grandes potências no início do século XX:

Fonte: Pinterest.

A Conferência de Berlim, entre 1884 e 1885, foi convocada pelo chanceler alemão Otto Von Bismark e contou
com a presença de 13 nações europeias, além dos Estados Unidos e do Império Turco-Otomano. O objetivo da
conferência era estabelecer regras e critérios para a anexação dos territórios africanos. A posse de um território
era reconhecida mediante a fixação de um protetorado ou outra forma de administração sobre aquele território.
Vale destacar que o processo neocolonial foi caracterizado também pela grande violência empregada. Esta
se deu em sentido militar, sufocando qualquer iniciativa de oposição dos colonizados, assim como em sentido
cultural, já que o racismo, a segregação dessas populações e o esforço em aniquilar as práticas culturais nativas
foram práticas europeias.

PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL

Francisco Ferdinando e sua esposa Sofia. Fonte: Portal G1.


268
Na imagem acima, observa-se o arquiduque Fran- Em 15 de junho, na saída do Teatro Sant’Ana, o
cisco Ferdinando acompanhado de sua esposa Sofia. No imperador sofreu um atentado que, embora não tenha
dia 28 de junho de 1914, o herdeiro do trono do Impé- causado nenhuma gravidade, tornou-se um evento
rio Austro-Húngaro foi a Sarajevo para uma solenidade. notório por ter um significado maior: apontava para a
Um grupo de nacionalistas sérvios e bósnios assassinou fragilidade do regime e era uma demonstração mani-
o futuro imperador. Com isso, um jogo de alianças foi festa de descontentamentos.
formado: acusada de envolvimento, a Rússia defendeu As autoridades tentavam censurar as manifestações
a Sérvia contra Alemanha, Áustria-Hungria e Itália, de descontentamento e os clamados pela República,
ganhando o reforço da Entente, formada com França e mas era difícil dissimular normalidade. A monarquia
Inglaterra. Tinha início a Primeira Guerra Mundial. não se sustentava mais. O Exército, por sua vez, mani-
As causas para a guerra vinham amadurecendo festava-se exigindo maior representação política, e era
desde o século XIX. A emergência da Alemanha como dele que viriam os principais defensores da República.
potência após sua unificação e tomada de territórios da Marechal Deodoro obrigou o Visconde de Ouro
França levou a um forte sentimento de revanche entre Preto a se demitir – aquele que havia formado um
os franceses. Logo que a Alemanha formou a Tríplice Gabinete disposto a fazer reformas e demonstrar que
Aliança, a França correu para formar a Tríplice Entente. a monarquia podia se renovar. Entre a demissão de
A expansão do nacionalismo em meio às diver- Ouro Preto e a Proclamação da República, houve um
gências étnicas e a expansão do neocolonialismo espaço de tempo. O anúncio foi feito na Câmara Muni-
promovida sobre territórios na Ásia e na África con- cipal do Rio de Janeiro, por José do Patrocínio, e no
duziram a Europa ao conflito em 1914. Vale o desta- dia seguinte já se falava nos jornais sobre o Governo
que para o fato de que a Itália abandonou a Tríplice Provisório. No dia 16 de novembro, o Governo Provi-
Aliança e se juntou à Entente no ano seguinte. sório anunciou o banimento da família real e dava um
A primeira fase da guerra foi conhecida Guerra prazo de 24 horas para que ela deixasse o Brasil.
de Movimento, quando a Alemanha avançou sobre
territórios franceses e sobre a região dos Balcãs no
Leste Europeu. No entanto, o que realmente marcou
a guerra foi sua segunda fase, chamada de Guerra de
Posição ou Guerra de Trincheiras, entre 1915 e iní-
cio de 1918, sem que nenhum bloco tivesse consegui-
do avançar de maneira considerável. O uso de novas
armas, produzidas em ritmo industrial, e a presença
de aviões e tanques, levou a uma grande mortalidade,
estimada em 17 milhões de pessoas (soldados e civis)
ao longo de toda a guerra.
Em 1917, a Tríplice Entente perdeu a Rússia, que saiu
da guerra após a Revolução Bolchevique de outubro. No
entanto, ganhou apoio militar, além de econômico, dos
Pintura realizada por Benedito Calixto, em 1893, representando a
Estados Unidos. A guerra chegou ao fim em 1918, com a Proclamação da República.
vitória da Tríplice Entente e derrota da Tríplice Aliança. Fonte: Wikimedia Commons.

Consequências da Primeira Guerra Mundial Se a monarquia teve seus dias expirados, o projeto
republicano não se tornou por isso mais consolidado.
Em 1919, o Tratado de Versalhes penalizou a Ale- Era notável que mudanças aconteciam no âmbito polí-
manha com a perda de território e de exército e obriga- tico e social: o romantismo deu lugar ao materialismo
da a pagar uma grande indenização aos vencedores. O e ao positivismo; passava-se a almejar o progresso e a
Império Austro-Húngaro foi dissolvido, assim como o modernidade, naturalmente associados à república.
Império Turco-Otomano. Mas, apesar das ideias progressistas e modernas, ainda
Além disso, a Liga das Nações foi criada para estrei- havia dúvidas sobre o projeto republicano e seu futuro.
tar a diplomacia entre as nações europeias. Como a Histó- Até 1894, o país experimentou a tutela militar;
ria comprovaria 20 anos depois, o Tratado de Versalhes e os dois primeiros governos foram encabeçados pelo
a Liga das Nações não só fracassaram em pôr fim às hos- marechal Deodoro da Fonseca, líder do golpe de Esta-
tilidades, como deram força ao revanchismo e à continui- do de 15 de novembro, sucedido por Floriano Peixoto.
dade da disputa imperialista. Durante o governo de Deodoro, em 1891, eclodiu
a primeira Revolta Armada, também conhecida como
A REPÚBLICA VELHA NO BRASIL Revolta da Esquadra. Seu estopim deu-se por conta
do autoritarismo de Deodoro, que havia fechado o
Em 1889, a campanha republicana ganhou for- Congresso em clara violação da Constituição, demons-
ça no Brasil, e nesse contexto foi criada a “Guarda trando sua inabilidade em lidar com a oposição. Com a
HISTÓRIA

Negra”, espécie de força paralela ao Exército, com- Primeira República, veio também uma crise de econo-
posta por negros libertos que procuravam proteger a mia e de descontentamento. Por fim, em 23 de novem-
monarquia. A situação dos libertos ainda era delicada bro, Deodoro renunciou, tendo em vista a possível
e, na época, acreditava-se que apenas a monarquia guerra civil caso insistisse em manter-se no poder.
tornaria possível a abolição, advindo daí a lealdade Floriano Peixoto, seu vice, assumiu a presidência e
da guarda à família imperial, pois receavam que sua se manteve no cargo, embora devesse ter convocado
condição de libertos pudesse ser revertida. novas eleições. 269
Foi no governo de Floriano que surgiu o que ficou
conhecido como “florianismo”, movimento que acon-
teceu entre 1893 e 1897 no Rio de Janeiro, com expres-
siva participação popular. O líder conseguira, de fato,
entusiasmar setores expressivos das camadas médias
urbanas e da população em geral, mas o autoritaris-
mo permaneceu.
Ainda assim, a Marinha não recuou, e, em setembro
de 1893, um grupo de oficiais exigiu a convocação de
novas eleições presidenciais, por sentirem-se particular-
mente negligenciados pelo poder republicano e estarem
crentes de que era preciso rebelar a Armada contra Flo-
riano para que pudessem recuperar seu antigo prestígio.
Floriano, por sua vez, reprimiu a armada e decre-
tou estado de sítio, recebendo a alcunha de “Marechal
Charge de 1927 ironizando a prática do voto de cabresto.
de Ferro”. Em 1894, finalmente, novas eleições foram
convocadas, transferindo o governo a civis e inaugu- Fonte: Educação O Globo.
rando um novo modo de se fazer política, em um perío-
do que ficou conhecido como República Oligárquica. CONFLITOS BRASILEIROS DURANTE A REPÚBLICA
Em 1894, depois de anos em que o governo da VELHA
República havia ficado nas mãos de militares, novas
Revolta da Vacina
eleições foram convocadas, e Prudente de Morais, do
Partido Republicano Paulista (PRP), venceu a disputa.
A República estava ainda em processo de conso-
Era a vitória da corrente moderada do PRP, que pre-
lidação após a independência; no início, muitos se
tendia uma política de pacificação do país e a garantia
empolgaram e aderiram ao projeto republicano, mas
dos interesses das elites cafeicultoras de São Paulo.
com o passar dos anos, o descontentamento e desa-
A partir de 1898, foi criada a Política dos Gover- pontamento apareceram e, com eles, as revoltas.
nadores ou Política dos Estados, que reconhecia a Em 1904, ocorreu no Rio de Janeiro uma revolta
autonomia das elites regionais – o que significava, por popular contra as medidas que pretendiam erradicar
vezes, ignorar os excessos dessa elite. O controle do a febre amarela, a chamada Revolta da Vacina, na
governo federal, a partir desse período, revezava-se qual a população pobre, que havia sido expulsa dos
entre Minas Gerais e São Paulo, por serem essas as centros das grandes cidades e se fixado em seus arre-
unidades da federação reconhecidas como as mais dores, reagia à vacinação obrigatória contra a varíola,
importantes, já que seus eleitorados eram grandes e cuja iniciativa foi do sanitarista Oswaldo Cruz.
implicavam em significativa presença parlamentar. Mesmo que a movimentação tenha sido resultado
A estabilidade política da República garantia-se por da desinformação a respeito da vacina, não podemos
meio de três procedimentos: a conservação, pelos gover- limitá-la somente a isso, pois havia mais fatores no
nadores, dos conflitos à esfera regional; o reconheci- movimento: a população pobre revoltava-se contra a
mento, pelo governo federal, da autonomia dos estados forma como era tratada pelo governo republicano.
frente à política interna, e por fim, a manutenção de um
processo eleitoral no qual as fraudes eram frequentes.
Alguns dos processos de fraudes presentes no regi-
me podem ser exemplificados pela chamada “degola”,
que consistia no não reconhecimento do eleito pela
Comissão de Verificação da Câmara dos Deputados,
e pelo “voto de cabresto”, prática muito comum que
dizia respeito à lealdade dos votantes ao chefe local.
Havia, ainda, o chamado “curral eleitoral”, que aludia
ao barracão em que os votantes eram mantidos e vigia-
dos, saindo do local apenas na hora de depositar o voto,
que já estava marcado em um envelope fechado.
O voto era uma espécie de moeda de troca, já que
as relações de poder se desenvolviam a partir do muni-
cípio, o que deu origem ao que os historiadores cha-
Charge de Leônidas Freire, em 1904, ironizando o “despotismo” do
mam de coronelismo. Esse fenômeno dava vistas a um secretário Oswaldo Cruz.
complexo sistema de negociação entre chefes locais e Fonte: Wikimedia Commons.
governadores de estados, e destes com o presidente.
O coronel foi um elemento fundamental na estrutu- O povo reagiu com violência, quebrou transportes
ra oligárquica, que se baseou nos poderes personaliza- públicos, depredou edifícios e atacou agentes higie-
dos concentrados nas grandes fazendas e latifúndios. nistas. O governo, por sua vez, também revidou com
Ele apoiava o governo estadual com seus votos e, em violência: decretou estado de sítio, suspendeu direitos
troca, o governo garantia o poder do coronel sobre seus constitucionais, prendeu os líderes e os deportou para
dependentes e oponentes por meio da cessão de cargos o Acre. E, embora a revolta tenha sido controlada pelo
públicos. A República sustentava-se, dessa forma, por governo e a varíola, contida, o número de óbitos foi
270 via de favoritismo, negociações e repressão. grande: trinta mortos e mais de cem feridos.
Revolta da Chibata Revoltas Sertanejas

No Brasil, como em outras partes do Ocidente, teo- A reação a tantas novidades advindas pela mudan-
rias como o darwinismo cultural ganharam força, o que ça de regime e pelo boom das cidades não se mante-
significa dizer que a compreensão de raça se fazia a ve contida apenas nas maiores cidades. Em distintas
partir de dados essenciais e fixos, e que a humanidade, regiões do país foram deflagrados movimentos sociais
por sua vez, dividia-se a partir de hierarquias que eram que combinavam questões agrárias e a luta pela pos-
consideradas naturais. A conclusão “óbvia” era de que se de terra, muito amparados por traços religiosos.
os brancos caucasianos, “mais evoluídos”, estariam no Exemplos desses movimentos são Contestado, Juazei-
topo dessa hierarquia, e os negros se encontrariam na ro, Caldeirão, Pau-de-Colher e Canudos, que indicam
base dessa pirâmide social, passíveis de toda “degene- o lugar entre a mística popular e a revolta, produto
ração hereditária”. A mestiçagem, por sua vez, era com- inesperado do processo de modernização e da negli-
preendida como um grande mal e decadência social. gência do Estado com essa população.
Nesse sentido, Oswaldo Cruz iniciou movimentos Em 1896, iniciou-se um conflito de grande visi-
que pretendiam melhorar a saúde no interior, pois bilidade nos anos iniciais da República: Canudos. A
rebelião opunha a população de Canudos, um arraial
os sertões fervilhavam de doenças. Os grandes alvos
que cresceu no interior na Bahia, ao recém-criado
das doenças eram os sertanejos, caipiras, populações
regime republicano. Esse movimento sociorreligioso
do interior e ex-escravos, ou seja, tratava-se de uma
foi liderado por Antônio Conselheiro e durou de 1896
questão social também.
a 1897; essa população rebelava-se contra o aumento
Os marinheiros, nesse contexto, entre 22 e 27 de
do imposto republicano.
novembro de 1910, protagonizaram na baía de Gua-
nabara a Revolta da Chibata. Os marujos eram majori-
tariamente negros e mestiços, e a ordem na Marinha
era mantida com a aplicação de castigos físicos, como
com chicote. A rebelião recebeu essa alcunha por con-
ta de os marinheiros terem se revoltado, entre outras
coisas, contra os castigos que lhes eram infligidos.
Embora o uso da chibata na manutenção da ordem
tenha sido uma herança da Marinha portuguesa, no
Brasil ela tomou novas conotações, dado que era asso-
ciada à escravidão; mesmo que a escravidão tivesse
sido abolida em 1888, continuava-se, na Marinha, as
práticas de castigo físico típicas do período, revoltan-
temente amparadas pela legislação. Os sobreviventes de Canudos em 1897.
A revolta deu-se na ocasião das eleições entre Her- Fonte: MultiRio.
mes da Fonseca e Rui Barbosa. Enquanto a candida-
tura de Hermes da Fonseca representava a volta do Antes de se estabelecer na fazenda de Canudos, o
Exército ao poder, a de Rui Barbosa indicava o funcio- grupo sob liderança de Conselheiro peregrinava pelo
namento regular das instituições e a permanência das sertão, e chegou a reunir cerca de 24 mil habitantes
lideranças civis no exercício do governo. após a fundação de um arraial, batizado de Belo Monte.
Hermes da Fonseca ganhou as eleições e, enquanto O que gerou tanto incômodo no governo republi-
em terra celebrava-se sua vitória, nos navios de guer- cano e nos grandes proprietários de terra a respeito
ra a situação era tensa. O castigo infligido a Marcelino do movimento de Canudos foi que ele traduzia uma
nova maneira de viver no sertão, à parte do sistema.
Rodrigues Menezes – 250 chibatadas – foi o estopim
Era uma experiência social e política muito diversa
em um cenário que prenunciava revolta há bastante
daquela do governo central, pois as pessoas de Canu-
tempo. Em 16 de novembro de 1910, os marinheiros
dos viviam do uso coletivo da terra, além da distri-
ocuparam navios e direcionaram seus canhões à cida-
buição equitativa daquilo que nela se produzia. Além
de, mandando uma advertência ao governo: ou os cas-
disso, Canudos não estava submetido nem aos pro-
tigos corporais na Marinha do Brasil eram suspensos
prietários de terra nem aos chefes políticos da região.
ou a capital seria bombardeada.
O Governo enviou a Canudos quatro expedições
O governo cedeu, os revoltosos receberam anistia e formadas por tropas do Exército, mas só obteve suces-
os navios foram devolvidos. Contudo, em 24 de dezem- so no quarto e último atentado. Prometeu-se que, se
bro, 22 marujos foram presos na ilha das Cobras, acu- a população se rendesse, sobreviveria, mas o acordo
sados de conspiração; um deles havia sido o principal não foi mantido e a comunidade foi dizimada. A Repú-
líder da revolta, João Cândido. Desses 22 homens, ape- blica queria transformar Canudos em um exemplo:
nas dois sobreviveram após as torturas. João Cândido era o que se recebia por não fazer parte do sistema.
foi um deles, recebeu a alcunha de Almirante Negro
pela imprensa e se tornou um herói popular. Revoltas Operárias
HISTÓRIA

Após a Revolta da Chibata, a Marinha recuou até


o fim da Primeira República, mas o movimento fazia A partir de 1910, outro setor se agitaria: os operá-
parte de um contexto mais amplo de revoltas milita- rios do novo parque industrial, resultado imediato da
res, como a Revolta da Escola Militar da Praia Verme- chegada dos imigrantes europeus. De fato, os imigran-
lha, a Revolta dos Sargentos e a Primavera de Sangue, tes não foram os únicos nem os mais importantes nos
movimentos que apontavam para fissura no centro do movimentos grevistas e operários, mas foram funda-
poder republicano. mentais para a construção deles. 271
Com os imigrantes, o anarquismo ganhou mais Como a Europa estava carente para a retomada
visibilidade, a começar pela década de 1890; essa foi de sua indústria, abriu-se uma grande oportunidade
a corrente que mais mobilizou e estruturou o movi- para a industrialização de setores que forneciam aço,
mento político operário pelas próximas três décadas. ferro, alumínio, carvão mineral e petróleo para servir
A indústria brasileira teve início por volta de 1840, à reconstrução industrial. Além dos empréstimos, os
e esses novos empreendimentos demandavam mão- EUA viram o crescimento do nível de consumo de sua
-de-obra operária. É a partir de 1860, com as tecela- população, o que deu força inclusive aos países agroe-
gens de algodão, que a indústria foi se concentrando xportadores, como era o Brasil naquela ocasião.
cada vez mais na região Centro-Sul; de 1880 em dian- Esse grande boom econômico levou a um grande
te, houve um grande aceleramento industrial acom- otimismo por parte de investidores, que passaram
panhado por grande demanda de mão-de-obra. A a hipotecar casas e outros bens na bolsa de valores
base desses operários era proveniente de migrações esperando que eles rendessem cada vez mais. Esse
inter-regionais, mas, a partir dos anos 1860, principal- processo ao longo do tempo gerou uma bolha de espe-
mente em São Paulo e no Rio de Janeiro, começaram culação, na qual muitas pessoas colocavam seus bens
a surgir imigrantes estrangeiros, sobretudo italianos. à oferta, mas não havia demanda.
A principal forma de mobilização desses grupos Então, em outubro de 1929, a crise explodiu, pois
eram as greves. Havia ainda a divisão entre anarco- todos os bens sofreram uma desvalorização profunda.
-sindicalistas, que acreditavam na associação como Ocorreu naquele momento um “efeito dominó”, uma
tática de atuação política, e os anarcocomunistas, que crise econômica generalizada produzida pelo setor
viam na insurreição o caminho. financeiro, o que afetou produção, renda nacional,
A classe operária reagia, sobretudo, às péssimas emprego, empréstimo e, inclusive, comércio externo,
condições de trabalho, pois não havia restrições de que perdeu dois terços de sua atividade anterior.
idade – crianças eram captadas para trabalhar nas Como resposta à crise de 1929, o governo de
fábricas – nem tempo máximo de jornada diária. Tam- Franklin D. Roosevelt, eleito em 1933, lançou o New
bém reivindicava melhores salários e a criação de Deal (Novo Acordo). Sua estratégia era romper com
órgãos de representação, como partidos e sindicatos. a doutrina liberal de não intervenção na economia.
A presença de mulheres e crianças nas fábricas man- Sendo assim, o setor financeiro passou a sofrer maior
tinha os salários baixos e a carestia aumentava frequen- regulação, os sindicatos foram base para negociações
temente nos anos de guerra; nesse contexto, a classe de conflitos de classe e obras públicas foram espalha-
operária foi ganhando protagonismo na vida pública das por todo o país para a retomada do emprego. No
do Brasil. Entre 1900 e 1920, deflagraram-se por volta entanto, a recuperação da chamada Grande Depres-
de quatrocentas greves organizadas, exigindo melhores são só seria consolidada após a Segunda Guerra
condições de vida e trabalho. Contudo, as greves eram Mundial.
alvo de repressão sistemática, principalmente em um
país afeiçoado à tradição clientelista e acostumado à
pouca representatividade pública. Muitos imigrantes
foram expulsos do Brasil, e os trabalhadores brasileiros
eram frequentemente presos e espancados.
A partir de 1920, a grande repressão policial pra-
ticada contra os trabalhadores fez com que a possibi-
lidade de greves fosse reduzida. Da mesma forma, o
movimento sindicalista foi se enfraquecendo. Aos pou-
cos, as lideranças adotaram um novo referencial teóri-
co, o comunismo, que entrou no país em 1922 por um
grupo composto principalmente de ex-anarquistas.
Há que se dizer, por fim, que as divisões inter-
nas diminuíram a capacidade de mobilização dos Desempregados em frente a uma propaganda que diz: “O mais alto
trabalhadores; foi apenas na década seguinte que o padrão de vida do mundo: não há vida igual à vida americana”.
movimento operário se ampliou, tornando-se mais Fonte: Wikimedia Commons.
organizado e complexo.
O período entre guerras também foi marcado pela
ascensão dos regimes fascistas. Em geral, eles prome-
tiam retorno a um passado idealizado e grandioso
O MUNDO À ÉPOCA DA SEGUNDA pelo qual seu povo tinha passado. Para isso, a socie-
dade deveria ser militarizada e o Estado, comandado
GUERRA MUNDIAL por um partido único, sem pluralidade política e ideo-
lógica; havia, ainda, o componente racista: a busca
O PERÍODO ENTRE GUERRAS pela “pureza da raça ariana”.

O período entre o fim da Primeira Guerra Mun- Fascismo na Itália


dial, em 1918, e início da Segunda Guerra Mundial em,
1939, ficou conhecido como “período entre guerras”. Benito Mussolini era um antigo militante socialista
Com a Europa devastada, os Estados Unidos aparece- que rompeu com a esquerda quando se opuseram à
ram com empréstimos que a auxiliaram a se recons- entrada de seu país na guerra. O revanchismo não foi
truir. O modelo de vida americano (ou american way um fator aproveitado como em outros países, já que a
of life) passou a ser admirado por aquele mundo euro- Itália foi uma das vitoriosas na guerra. Porém, a frus-
peu em ruínas. Os Estados Unidos, com isso, consoli- tração em não receber compensações territoriais após
272 daram-se como a principal potência mundial. a vitória e a grave crise econômica enfrentada pelo
país fizeram com que desempregados, estudantes, Franquismo
classe média, militares e proprietários de terra ade-
rissem à ideologia fascista, que prometia: o retorno A República Espanhola, instituída na década de
ao suposto “passado glorioso italiano” a partir da obe- 1930, era liderada pela Frente Popular, de tendência
diência a Mussolini, o combate aos adeptos da esquer- à esquerda no espectro político. O general Francis-
da e o controle do Estado sobre as relações de classe. co Franco, conservador, articulou um golpe, tendo o
Esse último ponto fez com que o fascismo ganhas- apoio de nazistas e fascistas, enquanto a Frente Popu-
se a simpatia da burguesia. Após a bem-sucedida
lar teve apoio soviético.
Marcha sobre Roma, em 1922, o rei Vitor Emanuel
A Guerra Civil Espanhola estendeu-se de 1936 a
III nomeou Mussolini primeiro-ministro. Aos poucos,
ele concentrou poderes ditatoriais, aboliu sindicatos e 1939, com a vitória do exército franquista. Durante a
partidos políticos, pôs fim ao poder legislativo e sub- Segunda Guerra Mundial, a Espanha ficou neutra. Mes-
meteu o poder judiciário ao seu governo. mo depois da queda de regimes autoritários após o fim
da guerra, Franco permaneceu no poder até 1975.

Salazarismo

Salazar foi o Primeiro-Ministro de Portugal e, a


partir de 1933, implantou uma ditadura marcada pela
perseguição aos opositores e pelo enfraquecimento de
outros poderes da república. Houve a instituição de
partido único, censura a veículos de imprensa, educa-
ção nacionalista nas escolas, enfraquecimento do sin-
dicalismo e uso maciço da propaganda. Assim como
Mussolini durante a Marcha sobre Roma.
o franquismo, seu regime perdurou após o fim da
Fonte: Blog Herdeiro de Aécio.
Segunda Guerra, sendo derrubado apenas em 1974.
Nazismo na Alemanha
Stalinismo
Os alemães foram tratados como grandes culpados
Josef Stalin assumiu o poder alguns anos após a
pela guerra, o que levou a grandes perdas territoriais,
militares, além dos custos das indenizações sob sua morte de Lênin, em 1924. Seu poder foi marcado pela
responsabilidade. Nesse contexto, surgiu o Partido sistemática perseguição a opositores. Muitos deles
Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, que eram mortos, enviados para campos de trabalho for-
teve como importante porta-voz um cabo da Primeira çado e para o exílio. A falsificação histórica foi outra
Guerra chamado Adolf Hitler. característica do regime stalinista, procurando criar
Em 1923, no auge do colapso econômico alemão, um líder de importante papel revolucionário em con-
ele tentou promover em Munique uma Marcha sobre trapartida ao apagamento de diversas figuras rele-
Berlim. Preso e solto quase dois anos depois, tomou a vantes do partido e da Revolução de 1917.
liderança do partido e divulgou suas ideias por meio Sendo secretário geral do Partido Comunista da
de sua obra Mein Kampf (Minha Luta), na qual defen- União Soviética, teve grande apoio popular graças
dia que o “passado glorioso alemão” foi perdido gra- à modernização econômica da União Soviética, à
ças à conspiração judaica e marxista que dominava a melhoria das condições de vida dos trabalhadores,
República de Weimar (governo alemão). bem como à vitória sobre a Alemanha Nazista na
De eleição em eleição, o Partido Nazista foi ganhan- Segunda Guerra Mundial. Stalin faleceu em 1953.
do cadeiras, à medida em que sua milícia, as SA, atuava
perseguindo opositores políticos. Com a crise de 1929 e
SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
o declínio da recuperação econômica alemã, o discurso
extremista ganhou força, até que, em janeiro de 1933,
Hitler foi nomeado Chanceler. Por meio de sabotagens A Segunda Guerra Mundial teve entre suas causas
e perseguições, ele acumulou mais poderes, até que, a tensão entre os imperialismos europeus, vitoriosos
com a morte do presidente Hindenburg, ele assumiu e derrotados, ao fim daquele conflito. O acordo de
o comando absoluto do país, sendo chamado de führer paz de Versalhes, mais do que estabelecer novas rela-
(líder). Sua ditadura promoveu a perseguição a judeus, ções diplomáticas, procurou culpar a Alemanha pelo
negros, ciganos, eslavos, homossexuais, testemunhas conflito. Isso fez com que persistisse o sentimento de
de jeová e comunistas. revanchismo entre as nações, em especial, entre ale-
mães e franceses. Nesse sentido, a Liga das Nações
nasceu quase que fadada ao fracasso na tentativa de
garantir a paz. No Oriente, o Japão começou a guerra
de colonização da China em 1931; esse conflito acabou
se somando à Segunda Guerra.
Outro importante fator foi o impacto da Revolução
HISTÓRIA

Bolchevique de 1917. Com a vitória dos comunistas, o


restante dos países europeus temeu que a revolução
se espalhasse naquele contexto de crise. Para evitar
que isso acontecesse, parte da burguesia europeia
aderiu a movimentos radicalmente anticomunistas,
Hitler diante das SS, milícia que substituiu as SA após 1934. como no caso da Alemanha e da Itália. Outras nações
Fonte: Aventuras na História. viam o nazifascismo como um “mal menor” diante da 273
“ameaça comunista”, de modo que foram complacen- Batalha de Stalingrado. A Alemanha tomou terri-
tes com o militarismo e o expansionismo dos países tórios de antigos aliados seus para formar estados
que formaram o Eixo. fantoches e garantir sua força.
A expansão territorial empenhada pela Alemanha
fazia parte da formação daquilo que os nazistas cha-
mavam de “espaço vital”, região que deveria abrigar
os arianos. A prosperidade dos alemães seria garantida
por meio da exploração dos povos vistos como “sub-hu-
manos” ou “inferiores”, como os eslavos e judeus.
Em 1938, os alemães anexaram a Áustria como
território em um evento conhecido como Anschluss.
Depois, os alemães se voltaram para dominar a Tche-
coslováquia, comandando os Sudetos e integrando a
minoria alemã ao território do Reich.
Durante a Conferência de Munique, ingleses e
franceses cederam às pressões alemãs e permitiram
que eles invadissem o território da Tchecoslováquia Ataque japonês a Pearl Harbor.
para evitar que uma guerra fosse iniciada. A intenção
da Conferência era, por um lado, referendar as ane- Fonte: Sputnik News.
xações alemãs para, por outro, tentar “apaziguar” os
ânimos de Hitler. No entanto, houve a contrapartida z 1944-1945: Avanço e vitória dos aliados. Inglaterra
de que aquela seria a última ofensiva alemã. Essa e EUA invadiram a Normandia na França e recon-
estratégia adotada por ingleses e franceses era conhe- quistaram o país. A URSS lançou a Operação Bagra-
cida como política de apaziguamento. tion, expulsou os alemães de seus territórios e partiu
Para ganhar tempo, Hitler conseguiu assinar o rumo a derrubada do Reich. Os EUA conseguiram
Pacto de Não Agressão com a União Soviética em agos- avançar sobre os domínios japoneses.
to de 1939. Em setembro, a Polônia foi invadida. Ingla-
terra e França cumpriram a promessa de garantir a
integridade da Polônia e declararam guerra à Alema-
nha. Tinha início a Segunda Guerra Mundial.

Soldado soviético colocando a bandeira da URSS no Reichstag.

Fonte: Wikimedia Commons.

Chamberlain (Inglaterra), Daladier (França), Hilter (Alemanha) e


Mussolini (Itália) na Conferência de Munique. O fim da Segunda Guerra ocorreu primeiro na Euro-
pa. Mussolini foi morto em 28 de abril de 1945. Dois dias
Fonte: Brasil Escola. depois, Hitler suicidou-se em seu bunker na Chancelaria
do Reich em Berlim, quando os soviéticos já tomavam a
A guerra pode ser dividida em três fases: cidade. A rendição alemã ocorreu em 8 de maio.
No Oriente, a guerra arrastou-se até agosto. Os ata-
z 1939-1941: Avanço do Eixo (Alemanha-Itália-Ja- ques com bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki
junto à entrada da União Soviética na luta contra o
pão), que conquistava novos territórios. A Alema-
Japão fez com que se declarasse o fim das hostilidades
nha conquistou França, Bélgica, Países Baixos e
em 14 de agosto. A rendição oficial foi assinada em 2
Luxemburgo, a oeste, e começou sua expansão a
de setembro de 1945.
leste, que ganharia impulso com o início da Ope- A Segunda Guerra Mundial deixou cerca de 60
ração Barbarossa para invadir a União Soviética. milhões de mortos, sendo o conflito mais letal em toda
O Japão conquistou áreas do sudoeste asiático e a história. Os crimes contra a humanidade cometidos
Itália tomou áreas na África; pelos nazistas nos campos de concentração foram jul-
z 1942-1943: Equilíbrio entre as forças aliadas gados pelo Tribunal de Nuremberg em 1946, resultan-
(URSS-Inglaterra-EUA) e as forças do Eixo. Os do em condenações à pena de morte, à prisão perpétua
EUA entraram na guerra após o ataque japonês a e à pena com direito à liberdade depois de cumprida.
Pearl Harbor. A URSS conseguiu reagir ao avanço Em 1948, foi criada a Organização das Nações Uni-
alemão em seu território e passou a equilibrar o das para reformar a diplomacia mundial e manejar a
274 conflito; destaque para a Batalha de Moscou e a paz entre os países.
e a vigência do novo Código Eleitoral (direito ao voto
feminino e Justiça Eleitoral autônoma para monitorar
resultados e coibir fraudes) em 1932.
Entre as tendências político-ideológicas nos anos
1930, sobressaíram-se:

z Positivismo Corporativista: Estado forte, buro-


cratizado e interventor na economia, na educação
e nas relações de trabalho;
z Liberalismo: Livre-iniciativa na economia, direito
inviolável de propriedade, liberdade individual,
Fachada do Campo de Concentração de Auschwitz na Polônia, de expressão, federalismo, independência entre
símbolo do holocausto. os Três Poderes, limitação na participação política
popular e repressão contra movimentos de massa;
Fonte: Blog 7 cantos do mundo.
z Esquerda (Reformista e Revolucionária): Para
os comunistas, a saída para a crise capitalista era
O BRASIL NA ERA VARGAS o fim da propriedade privada e a construção de
uma sociedade igualitária. Ficavam entre a defesa
Em 31 de outubro, Getúlio Vargas chegou ao Rio de da revolução radical e a construção de uma alian-
Janeiro na condição de líder da Revolução, aclamado ça entre setores democráticos e progressistas. Em
pelos tenentes e pela multidão. Em 3 de novembro de 1934, socialistas, nacionalistas e comunistas con-
1930, iniciava-se o governo provisório (1930-1934) sob vergiram na formação da Aliança Nacional Liber-
a chefia de Vargas. tadora (ANL). Suas principais bandeiras eram o
antifascismo, a crítica aos latifundiários e a crítica
ao capital financeiro e estrangeiro;
z Fascismo: Organizado sob a Ação Integralista Bra-
sileira (AIB), a ideologia misturava nacionalismo,
civismo, corporativismo, anticomunismo e antili-
beralismo, que deveriam ser conduzidos por um
Estado forte. Possuíam forte inspiração nos movi-
mentos nazifascistas europeus.

Getúlio Vargas sendo recebido no Rio de Janeiro durante a


Revolução de 1930.

Fonte: Aventuras na História.

Governo Provisório (1930-1934) e Governo


Democrático (1934-1937)

Uma coligação entre oligarquias adversárias de São


Paulo e frações do Exército ocupou o poder na queda Integralistas reunidos.
da República Oligárquica. Todavia, a única coisa que Fonte: Toda Matéria.
unia todos esses setores era a oposição aos oligarcas do
Partido Republicano Paulista (PRP): os tenentes defen- Em 1932, eclodiu a Revolução Constitucionalista de
diam um governo forte e centralizado que tutelasse a 1932. A tensão teve início com a nomeação do coronel
sociedade e intervisse na economia; as elites gaúchas João Alberto (pernambucano, tenentista e de esquerda),
positivistas eram inclinadas a um Estado centralizado e causando a ira dos paulistas, organizados sob Frente Úni-
interventor; já as elites mineiras liberais simpatizavam ca Paulista (junção do PRP com o Partido Democrático).
com o federalismo e com algumas reformas sociais. Com a pressão, Vargas acabou nomeando Pedro de
Em meio às tensões entre liberais e autoritários, Toledo (paulista e civil). A intenção de acalmar os âni-
estava Getúlio Vargas fazendo o papel de mediador de mos foi por água abaixo com a depredação do Diário
interesses em conflitos, dando equilíbrio entre os gru- Carioca (crítico do Governo Provisório), o que levou
pos em disputa e isolando seus opositores. ao acirramento dos ânimos entre liberais e tenen-
Esse esquema ganhou o nome de “Estado de com- tistas. A visita do ministro Osvaldo Aranha foi vista
HISTÓRIA

promisso”, que reuniu liberais da velha prática polí- como uma provocação pelos liberais.
tica, reformadores políticos e sociais, o empresariado Em 23 de maio, a tentativa de tomar de assalto o
industrial – que ainda era dependente da ajuda do Partido Popular Paulista (PPP) acabou com a morte de
café –, a classe operária organizada em torno de orga- Martins, Miragaia, Dráuzio e Camargo, e suas iniciais
nizações sindicais e uma classe média que ocupava MMDC deram nome à sociedade secreta criada para
cargos de funcionários públicos e profissionais libe- derrubar Vargas. A revolta explodiu em 9 de julho,
rais. Nesse período, destacam-se a fundação do Minis- durou quase 3 meses e terminou com a rendição de
tério do Trabalho e o Ministério da Educação em 1931 São Paulo em 3 de outubro. 275
z O apoio dos industriais, que seguiam a mesma
linha de defesa dos cafeicultores, já que o cresci-
mento das indústrias dependia da proteção estatal;
z O respaldo das oligarquias e da classe média urba-
na, que se assustavam com a expansão da esquer-
da e julgavam que para “manter a ordem” era
necessário um governo forte.

Além disso, Vargas também tinha o apoio dos mili-


tares. Durante o período, foram implacáveis o autori-
tarismo, a censura, a repressão policial e política e a
perseguição daqueles que fossem considerados inimi-
gos do Estado.
Em termos práticos, o governo do Estado Novo fun-
cionou da seguinte maneira:

z O poder político concentrava-se todo nas mãos do


presidente da república;
Cartaz convocando os paulistas a lutarem na Revolução z O Congresso Nacional, as Assembleias Estaduais e
Constitucionalista de 1932. as Câmaras Municipais foram fechadas;
Fonte: Wikimedia Commons. z Houve o fechamento de todos os partidos políticos;
z O sistema judiciário ficou subordinado ao poder
Para a redação de uma nova Constituição, houve a executivo;
formação de uma Assembleia Constituinte, que se reu- z Os Estados eram governados por intervento-
niu entre 1933 e 1934. Mesmo aprovando o aumento res nomeados por Vargas, os quais, por sua vez,
dos poderes da União, sobretudo no campo da legis- nomeavam os prefeitos municipais;
lação econômica e social, frente aos estados, o prin- z A Polícia Especial (PE) e as polícias estaduais
cípio federalista foi mantido. O voto passaria a ser adquiriram total liberdade de ação, prendendo,
obrigatório e secreto, mas continuava proibido aos torturando e assassinando qualquer pessoa sus-
analfabetos. Houve a criação da Justiça do Trabalho, peita de se opor ao governo;
do salário mínimo, da jornada de oito horas diárias e z A propaganda pela imprensa e pelo rádio foi larga-
das férias anuais, que acabaram demorando em ser mente usada pelo governo, por meio do Departa-
implementadas. O governo foi derrotado com a apro- mento de Imprensa e Propaganda (DIP). O DIP era
vação da pluralidade sindical. Vargas foi confirmado incansável tanto na censura quanto na propaganda,
como presidente pelo voto indireto com mandato até voltada para todos os setores da sociedade, como ope-
1938, quando deveriam ocorrer novas eleições. rários, estudantes, classe média, crianças e militares.
No entanto, a Intentona Comunista iniciada em Procurava-se, assim, formar uma “ideologia esta-
julho de 1935 acabou mudando os rumos. Prestes donovista” que fosse aceita por diversas camadas
divulgou um manifesto pedindo a derrubada de Var- sociais e diversos grupos profissionais e intelectuais.
gas e defendendo todo poder à Aliança Nacional Liber- Cabia também ao DIP o preparo das gigantescas
tadora. Getúlio respondeu suspendendo as atividades manifestações operárias, particularmente no dia 1º
da ANL. No final de novembro de 1935, vários quartéis de Maio, quando os trabalhadores, além de comemo-
se rebelaram em Natal, Recife e no Rio de Janeiro, mas rarem o Dia do Trabalho, prestavam homenagem a
acabaram derrotados. A repressão foi intensa com pri- Vargas, apelidado de “pai dos pobres”.
sões, deportações, proibição do Partido Comunista Bra-
sileiro (PCB) e declaração de “estado de guerra” pelo
governo. Ainda em 1935, o governo instituiu o Tribunal
de Segurança Nacional para realizar julgamentos rápi-
dos, praticamente sem direito de defesa. Na prática, a
Constituição de 1934 estava suspensa.
Em 1937, aproveitando-se do clima de agitação,
o governo alegou ter descoberto um documento que
provava um plano de tomada do poder pelos comu-
nistas, denominado Plano Cohen. Essa falsificação ser-
viu de pretexto para que Vargas fechasse o Congresso
e suspendesse a constituição, dando início à ditadura,
chamada de Estado Novo.

Estado Novo (1937-1945)

Embora Vargas agisse habilidosamente com o intui-


to de aumentar o próprio poder, não foi somente sua
atuação que gerou o Estado Novo. Pelo menos três ele-
mentos convergiam para sua criação:

z A defesa de um Estado forte por parte dos cafeicul- Propaganda veiculada durante o Estado Novo.
tores, que dependiam dele para manter os preços
276 do café; Fonte: Indagação.
Política econômica do Estado Novo

Com a criação do Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP), além de centralizar a reforma adminis-
trativa, o governo tinha poderes para elaborar o orçamento dos órgãos públicos e controlar a execução orçamentária
deles. Com a criação do DASP e do Conselho Nacional de Economia, não só a atuação administrativa e econômica do
governo passou a ser muito mais efetiva, como também aumentou consideravelmente o poder do Estado.
A cafeicultura foi convenientemente defendida, a exportação agrícola foi diversificada, a dívida externa foi
congelada, a indústria cresceu rapidamente, a mineração de ferro e carvão expandiram e a legislação trabalhista
foi consolidada com a adoção da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
As principais empresas estatais criadas no período foram: Companhia Siderúrgica Nacional – CSN (1940); Com-
panhia Vale do Rio Doce (1942); Companhia Nacional de Álcalis – CNA (1943); Fábrica Nacional de Motores – FNM
(1943) e Companhia Hidroelétrica do São Francisco – CHESF (1945).

Fim do Estado Novo

O antigetulismo tentava mostrar a contradição de um regime ditatorial que lutava por democracia ao lado
dos aliados na Europa. A pressão política acabou por levar o governo a aprovar o Ato Adicional n. 9, que previa
realização de eleições e liberdade partidária.
Entre abril e julho de 1945, o Partido Comunista Brasileiro voltou a funcionar, e foram fundados a União Demo-
crática Nacional (UDN), o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) e o Partido Social Democrático (PSD). O debate sobre
a possibilidade de Vargas concorrer às eleições intensificou-se quando ele nomeou seu irmão Benjamin Vargas para
a chefia da Polícia do Distrito Federal, o que a oposição e o Alto Comando do Exército não aceitaram. Todavia, sem
maiores resistências, Getúlio aceitou a deposição em 29 de outubro de 1945.
Na ausência de Congresso, José Linhares, presidente do STF, dirigiu o país até a posse do eleito Eurico Gaspar
Dutra em 31 de janeiro de 1946. Vargas seguia, mesmo de sua fazenda em São Borja - RS, uma liderança importan-
te; não à toa ele voltaria ao Palácio do Catete através do voto em 1951.

A PARTICIPAÇÃO DO BRASIL NA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

No início da Segunda Guerra Mundial, em 1939, o governo de Vargas ensaiou uma neutralidade para negociar tanto
com os Aliados quanto com o Eixo, conseguindo financiamento dos Estados Unidos para a construção da usina siderúrgi-
ca de Volta Redonda e trocas comerciais com a Alemanha. Apesar da neutralidade de Getúlio, que esperava o desenrolar
do conflito para determinar apoio ao provável vencedor, em seu governo havia grupos divididos e definidos sobre quem
apoiar: Oswaldo Aranha, que era ministro das Relações Exteriores, era favorável aos Estados Unidos, enquanto os gene-
rais Gaspar Dutra e Góis Monteiro eram favoráveis ao nazismo.

Emblema utilizado pela Força Expedicionária Brasileira durante a Segunda Guerra Mundial.
Fonte: Wikimedia Commons.

Com a entrada dos Estados Unidos na guerra, em 1941, e o torpedeamento de vários navios mercantes brasileiros,
o Brasil entrou em guerra ao lado dos aliados em agosto de 1942. A saída de Lourival Fontes, Filinto Müller e Francisco
Campos, defensores da aliança com os alemães, marcou a tomada de decisão. Em 1944, foram mandados 25.000 solda-
dos da Força Expedicionária Brasileira (FEB) para a Itália, o que marcou a participação do Brasil no conflito.

O MUNDO NO AUGE DA GUERRA FRIA


A RECONSTRUÇÃO DA EUROPA E DO JAPÃO E O SURGIMENTO DO MUNDO BIPOLAR
HISTÓRIA

Quando os Estados Unidos lançaram as bombas atômicas sobre Hiroshima e Nagasaki, além de terem posto fim
à Segunda Guerra, mostraram o tamanho de sua força bélica, em especial, à União Soviética, a outra superpotência
que emergia dos escombros do conflito.
Durante a Conferência de Yalta e a Conferência de Potsdam, em 1945, os dois países começaram a desenhar
seu campo de força em torno das negociações de paz. Como disse o primeiro-ministro inglês Winston Churchill,
formou-se uma “cortina de ferro” sobre a Europa, dividindo-a entre o lado oriental, comunista, e lado ocidental,
capitalista, o que também foi visto com divisão da Alemanha.
277
Observe no mapa a seguir como se deu essa polarização:

Fonte: Biblioteca Digital UFM.

Empenhadas em manter as áreas de influência que haviam conquistado e em adquirir outras, as disputas
entre as duas superpotências geraram blocos de cooperação econômica: o Conselho de Assistência Mútua
(COMECOM) foi fundado pelo governo soviético para ajudar os países de orientação comunista, enquanto os Esta-
dos Unidos operaram o Plano Marshall, com o objetivo de reconstruir os países do ocidente europeu e o Japão
destruídos pela guerra.
Também houve a fundação de dois blocos de cooperação militar: a Organização do Tratado do Atlântico
Norte (OTAN), que tinha como objetivo impedir a expansão do comunismo pela Europa, e o Pacto de Varsóvia,
que formou uma aliança militar entre os países alinhados à URSS.

OS PRINCIPAIS CONFLITOS DA GUERRA FRIA

Guerra da Coreia (1950-1953)

A Coreia havia sido anexada pelo Japão no início do século XX. Ao final da Segunda Guerra, com a derrota dos
japoneses, a Coreia foi libertada pelos Aliados e dividida em duas zonas de ocupação por uma linha demarcatória
conhecida como Paralelo 38. O setor sul ficou sob o controle dos norte-americanos e o setor norte, dos soviéticos.

Coreia dividida pelo Paralelo 38.


278 Fonte: Wikimedia Commons.
Em 1948, o território foi fragmentado em duas (1948-1949), a Liga Árabe, composta por sete países
nações: ao sul, a República da Coreia, e, ao norte, a (Jordânia, Egito, Síria, Líbano, Iraque, Arábia Saudita
República Popular Democrática da Coreia. As tropas e Iêmen), não aceitou a partilha da Palestina e invadiu
norte-americanas e soviéticas abandonaram a região, o novo Estado de Israel, mas acabou derrotada.
mas logo em seguida incidentes começaram a ocorrer O Estado de Israel aumentou seu território, a Faixa
na fronteira, já que ambos os países queriam unificar de Gaza foi anexada ao Egito e o território chamado
o outro sob seu controle. de Cisjordânia passou a ser administrado pela Jordâ-
Em junho de 1950, as tropas da Coreia do Norte nia. Em 1967, as tensões agravaram-se e, com o apoio
invadiram a Coreia do Sul, provocando a reação dos da União Soviética, o Egito, a Síria e a Jordânia cria-
Estados Unidos, que enviaram suas tropas para prote- ram uma força militar com o intuito de recuperar o
território perdido em 1947.
ger o sul. Em outubro do mesmo ano, a China entrou
No entanto, apoiado pelos Estados Unidos, Israel ata-
com apoio ao norte. O conflito se arrastou até junho
cou esses três países e ocupou a Península do Sinai (Egi-
de 1953, quando um cessar fogo manteve a divisão do
to), a Faixa de Gaza e a Cisjordânia (Palestina), as Colinas
Paralelo 38. A Coreia do Norte permaneceu aliada ao de Golã (Síria) e a parte oriental de Jerusalém. Com isso,
bloco socialista, enquanto a Coreia do Sul continuou o território israelense cresceu consideravelmente. Esse
aliada ao bloco capitalista, sendo um importante alvo conflito é conhecido como a Guerra dos Seis Dias.
de investimentos estadunidenses. Em 1973, teve início a guerra do Yom Kippur
(Dia do Perdão). Aproveitando o feriado judeu, as
Guerra do Vietnã (1961-1975) tropas egípcias e sírias avançaram sobre a Península
do Sinai e as Colinas de Golã com o objetivo de recon-
A região da Indochina, formada por Laos, Camboja quistar os territórios perdidos na Guerra dos Seis Dias.
e Vietnã, era, desde 1860, domínio da França e, duran- Uma das consequências dessa guerra foi a crise do
te a Segunda Guerra, foi ocupada pelos japoneses. Em petróleo, já que os países árabes, membros da Orga-
1945, terminado o conflito mundial e com a rendição nização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep),
do Japão aos aliados, o líder nacionalista Ho Chi-Minh decidiram interromper a produção e a exportação
proclamou a independência do Vietnã e, progressiva- desse produto para o Ocidente. Em 1979, Israel devol-
mente, venceu os franceses. veu a Península do Sinai ao Egito.
Em 1954, o governo francês, para tentar reestabe- Atualmente, a maior parte do território da Cisjor-
lecer a paz, convocou a Conferência de Genebra, que dânia é controlada por Israel, assim como as frontei-
contou com a presença dos Estados Unidos, da União ras da Faixa de Gaza, apesar de a região ser dominada
por palestinos.
Soviética e da China. Uma das decisões dessa confe-
rência foi a divisão do Vietnã, ao longo do paralelo 17,
em Vietnã do Norte (comunista) e Vietnã do Sul (capi-
talista). Essa divisão seria temporária até as eleições
seguintes, em 1956.
No entanto, o governo do sul se opôs às eleições e
teve o apoio norte-americano. Então, vietnamitas do sul
formaram os vietcongues, movimentos guerrilheiros, e
ganharam o apoio do Vietnã do Norte para lutar contra
o governo de Ba-Daí, do sul. O Sul ganhou o apoio de 500
mil soldados dos Estados Unidos, mesmo com grande
crítica da opinião pública pelo mundo todo.
Em janeiro de 1973, foi estabelecido um acordo
de paz e as tropas estadunidenses deixaram a região.
Em 1975, Saigon foi tomada pelos norte-vietnamitas
e vietcongues. O Vietnã foi unificado sob o governo Diferenças territoriais entre palestinos e israelenses ao longo do
socialista de Ho Chi-Minh. tempo.
Fonte: Site Diferença.

Descolonização da África e da Ásia

A descolonização da Ásia e da África só ocorreu


após o fim da Segunda Guerra Mundial, graças ao
declínio dos países imperialistas e à ascensão dos
nacionalismos entre os povos dominados. Durante
a Primeira Guerra Mundial, começaram a se formar
em regiões asiáticas movimentos nacionalistas que
Vietcongues durante a guerra. propunham a libertação dos povos dominados por
Fonte: Revista Galileu.
potências imperialistas europeias. No entanto, seus
objetivos só teriam viabilidade após o fim da Segunda
HISTÓRIA

Conflitos Árabe-Israelenses (1948-1974) Guerra Mundial.


Na Índia, o Partido do Congresso Nacional India-
Após a Segunda Guerra Mundial, a ONU decidiu no reivindicava autonomia política, modernização,
dividir a Palestina como forma de tentar resolver os igualdade e reformas sociais desde o fim da Primeira
inúmeros problemas da região causados pela pre- Guerra. Sob a liderança de Mahatma Gandhi, o movi-
sença dos povos árabes e judeus. Assim, em 1947, o mento incomodava os colonizadores britânicos, que
território palestino foi dividido, mas os árabes rejeita- buscaram prender seus líderes, além de fomentar a
ram a proposta. Durante a Guerra de Independência tensão entre hindus e muçulmanos. 279
Em 1947, sem condições para manter seus domí- A REPÚBLICA BRASILEIRA ENTRE 1946 E 1985
nios, a Inglaterra cedeu à independência indiana. No
entanto, a região sofreu intensos conflitos políticos, Redemocratização e Constituição de 1946
de tal maneira que os hindus se firmaram na Índia,
muçulmanos, no Paquistão e budistas, no Sri Lanka. Com o fim do Estado Novo, nove siglas foram cria-
Em 1948, Gandhi foi assassinado por um muçulmano das, sendo as principais: a União Democrática Nacio-
radical. Em 1971, Bangladesh separou-se do Paquis- nal (UDN, de caráter liberal e antigetulista); o Partido
Social Democrático (PSD, unindo correntes diversas
tão. Apesar das independências, a população de
entre liberais e desenvolvimentistas) e o Partido Tra-
todas essas regiões permaneceu em condições muito balhista Brasileiro (PTB, herdeiro do varguismo).
pobres, além de em contato com conflitos religiosos, Com o insucesso do movimento queremista e a
étnicos e políticos. deposição de Vargas, o ex-presidente apoiou – sem
muita empolgação – seu ex-ministro da Guerra, Euri-
co Gaspar Dutra (PSD), que se elegeu.
A Constituição de 1946 previa:

z Autonomia entre os poderes executivo, legislativo


e judiciário, tendo o Congresso o poder de inspe-
cionar o governo federal, inclusive de sancionar
qualquer medida econômica empreendida pelo
executivo (medida que não sobreviveu na prática);
z Restauração do princípio federalista;
z Fixação do mandato em cinco anos, sem direto à
reeleição;
z Direito de voto às mulheres;
z Direito de greve;
z Imposto sindical, visando à continuidade da hege-
Nehru, primeiro-ministro indiano, e Gandhi. monia do Estado nas relações entre trabalhadores
e empregadores.
Fonte: Memorial da Democracia.

Segundo Governo Vargas (1951-1954)


Na Indochina Francesa, que compreendia Vietnã,
Laos e Camboja, o movimento de independência deu O segundo governo Vargas foi marcado pela atua-
origem a uma guerra que se estendeu do fim de 1946 a ção feroz da oposição udenista liderada por Carlos
1954. A divisão do Vietnã produziu outro conflito que Lacerda à frente da Tribuna da Imprensa, na tentati-
opôs o Vietnã do Norte contra o Vietnã do Sul (apoiado va de apontar o presidente como ditador, demagogo e
pelos EUA). A Guerra do Vietnã foi cessada em 1975, corrupto. No campo econômico, o presidente via-se no
quando o país foi unificado sob o governo comunista impasse de garantir suas promessas de campanha na
na cidade de Hanói. criação de indústrias nacionais para a exploração de
Durante o século XIX, a África foi alvo de várias recursos naturais. Vargas fundou a Petrobrás (explo-
conquistas coloniais, que atingiram quase todo con- ração de petróleo) e a Eletrobrás (energia elétrica).
Como resposta à inflação, Vargas deu aval para que
tinente. Na metade da década de 1950, quando se
seu Ministro do Trabalho, João Goulart, aumentasse o
iniciou o processo de descolonização, apenas eram
salário mínimo em 100%.
independentes a Etiópia, a Libéria e a África do Sul. Em 5 de agosto de 1954, ocorreu o Atentado da
O primeiro país a se tornar independente foi Gana, Rua Toneleros, no qual Carlos Lacerda levou um tiro
em 1957. Alguns países, como Moçambique (1975) e no pé e o major Rubens Vaz, que o acompanhava, foi
Angola (1976), formaram governos independentes de ferido fatalmente. Descobriu-se que o chefe da segu-
orientação comunista e alinhados à União Soviética. rança de Vargas, Gregório Fortunato, tinha envolvi-
O mapa a seguir ilustra como se deu o processo de mento no ocorrido. Sob a pressão de um processo de
descolonização da África: deposição, Vargas suicidou-se em 24 de agosto.

Vargas desfilando em carro aberto durante as festividades do Dia do


Trabalho.
280 Fonte: Nova Escola. Fonte: PDT/SP.
O governo JK (1956-1961) O governo de João Goulart tinha como principal
bandeira as reformas de base, prevendo reforma
O plano de governo Movimento, ação e desenvol- administrativa, bancária, fiscal e agrária. Ele enfren-
vimento, apresentado durante a campanha de Jus- tou durante seu mandato um forte clima de polari-
celino Kubitschek e famoso pelo slogan “50 anos em zação política e de instabilidade social. No início de
5”, foi posto em prática já nos primeiros meses de seu 1964, a radicalização já deixava pouca margem de
governo. Ao longo de 30 itens, o Plano de Metas con- ação ao presidente, que organizou, em 13 de março de
figurou-se como o maior programa de planejamento 1964, o comício da Central do Brasil para reafirmar a
econômico nacional até aquele momento. Seus obje- necessidade de o país realizar as reformas.
tivos abrangiam as áreas de indústrias de base, trans- Porém, as perdas de apoio dos empresários, das
portes, energia, alimentação e educação. Os setores Forças Armadas, dos investidores externos e a pres-
industriais siderúrgicos, metalúrgicos, rodoviários são exercida pela oposição política fizeram com que
e elétricos chegaram a superar as metas, tornando o sua capacidade para governar fosse esgotada. Final-
país praticamente autossuficiente nessas questões. mente, em 31 de março de 1964, a agitação das tro-
O financiamento foi realizado por meio de emprés- pas em Minas Gerais, São Paulo e Guanabara deu
timos e da participação de investidores externos na início à deposição do presidente, consolidada em 2 de
lucratividade das empresas internas, o que atraiu o abril, quando o Senado declarou vaga a presidência
apoio de multinacionais e de bancos norte-america- da república, embora João Goulart ainda estivesse
nos e europeus. Todavia, a marca mais famosa de JK em território nacional. O país passaria a ser governo
foi a construção da nova capital no Planalto Central: pelos militares.
inaugurada em 21 de abril de 1960, Brasília foi consi-
derada a meta-síntese do Plano de Metas.

João Goulart durante o Comício da Central do Brasil em 1964.


Fonte: Blog: Ensinar História – Joelza Ester Domingues.

Juscelino Kubitschek fotografado diante do Palácio do Alvorada em Regime Militar (1964-1985)


Brasília.
Fonte: R7.
Em 15 de abril de 1964, o Marechal Humberto de
Alencar Castelo Branco, antigo chefe do Estado-Maior
A renúncia de Jânio Quadros, o governo Jango e o do Exército durante o governo Jango, assumiu a pre-
golpe de 1964 sidência. Ainda nesse período, houve cassação de
governadores e parlamentares, suspensões de direi-
Desde sua eleição e posse, Jânio Quadros tinha gra- tos políticos, transferências de militares para a reser-
ves problemas econômicos do país a enfrentar, por va e edição do Ato Institucional n° 1, que legitimava a
conta do endividamento externo e da inflação. Em “revolução” por si mesma.
função de seu conflito com o Congresso, Jânio pediu Inicialmente, a promessa era de que haveria eleições
sua renúncia. Sua intenção era aproveitar a rejeição em 1965, mas acabou não sendo cumprida. Em 1965,
dos militares ao vice-presidente João Goulart para que houve a imposição do Ato Institucional n° 2, determi-
ele fosse reconduzido ao poder com muito mais força. nando o fim do sistema pluripartidário e a criação do
A medida não surtiu efeito e a saída foi instituir bipartidarismo entre Aliança Renovadora Nacional
o sistema parlamentarista para que João Goulart fos- (ARENA) e Movimento Democrático Brasileiro (MDB).
se limitado no cargo presidencial. O parlamentaris- No campo econômico, o presidente fez um gover-
mo durou até o início de 1963, quando um plebiscito no marcado pelo discurso de saneamento financeiro e
popular restituiu o sistema presidencialista. austeridade fiscal. Gastos foram cortados do orçamen-
to, houve diminuição na oferta de crédito e de moeda
e o salário mínimo teve um forte arrocho. A adoção
dessas medidas agradou bastante a Casa Branca e o
Fundo Monetário Internacional, de modo que o Brasil
foi destinatário de empréstimos norte-americanos.
A posse de Costa e Silva, em 15 de março de 1967,
representou a chegada da “linha dura” no comando
HISTÓRIA

do governo. Em 13 de dezembro de 1968, o governo


aprovou o Ato Institucional n° 5: o Congresso Nacio-
nal foi fechado, o presidente passou a ter poderes
excepcionais para a cassação de mandatos, para a
declaração de estado de sítio e para eliminar garan-
tias individuais. A repressão aos opositores do regime
Folha de S. Paulo repercutindo a renúncia de Jânio Quadros. passou a ser mais intensa a partir desse momento. Foi
Fonte: Blog: Ensinar História – Joelza Ester Domingues. no governo Costa e Silva que teve início uma política 281
de crescimento econômico com a oferta de crédito João Batista Figueiredo assumiu a presidência da
para o setor agrícola, a mecanização da agricultura e República em 15 de março de 1979, dando continuida-
a exportação de produtos, como têxteis e motores. de ao processo de abertura política do país. Ainda em
Emilio Garrastazu Médici assumiu em 30 de outu- 1979, houve a aprovação do pluripartidarismo, dando
bro de 1969, sendo o mais popular dos generais-pre- origem ao Partido Democrático Social (PDS), ao Partido
sidentes. Durante seu mandato, houve o auge do do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), ao Par-
milagre econômico, durante o qual o Produto Interno tido Trabalhista Brasileiro (PTB), ao Partido Democrá-
Bruto cresceu, em média, 11,2% ao ano. Houve um tico Trabalhista (PDT) e ao Partido dos Trabalhadores
grande aumento das indústrias de bens de consumo
(PT).
duráveis (automóveis e eletrodomésticos), o crédito
e os prazos de financiamento foram ampliados para
o consumo, o Sistema Financeiro da Habitação (SFH)
permitiu recursos para a construção de moradias e as
obras de infraestrutura tomaram o país com a cons-
trução de rodovias e pontes.
Médici também foi um presidente que investiu muito
em propaganda, procurando vincular o sucesso econô-
mico a sua imagem. O regime utilizou-se do sentimento
de orgulho nacional com a conquista da Copa do Mundo
de 1970 pela Seleção Brasileira para exaltar o patriotis-
mo. Por outro lado, o período também teve grande con-
Tancredo Neves eleito pelo Colégio Eleitoral em 1985.
centração de renda, sem que os trabalhadores e os mais
pobres usufruíssem do crescimento econômico. Fonte: Memorial da Democracia.

A partir de 1984, a Campanha das Diretas tornou-


-se o maior movimento de massa da História bra-
sileira; no entanto, a emenda Dante de Oliveira foi
derrotada. Essa emenda, que levava o nome de seu
autor, tinha como objetivo devolver ao povo o direito
de votar para presidente da República. Essa derrota
fez com que o primeiro presidente civil depois de 21
anos de ditadura viesse por meio de eleições indiretas.
Tancredo Neves foi eleito por 480 votos contra os 180
votos de Paulo Maluf. Porém, com a morte de Tancre-
do, em 21 de abril de 1985, quem assumiu a presidên-
Presidente Médici erguendo o troféu da Copa do Mundo de 1970
junto a Carlos Alberto Torres. cia foi seu vice, José Sarney.
Fonte: Jornal El País.

Durante o governo Geisel (1974-1979), houve uma


abertura política lenta e gradual, quando o poder de O MUNDO NO FINAL DO SÉCULO XX E
voz dos políticos do MDB, opositores ao regime, pas-
INÍCIO DO SÉCULO XXI
sou a ter mais espaço.
Ao fim de seu mandato, as propostas colocadas em
DECLÍNIO E QUEDA DO SOCIALISMO NOS PAÍSES
prática foram a suspensão dos atos institucionais, o fim
das torturas, o fim da censura prévia e a instituição da EUROPEUS
Lei da Anistia, prevendo a suspensão dos exílios e o não
julgamento de militares envolvidos na repressão. Em março de 1985, o político russo Mikhail Gor-
No campo econômico, houve grande esforço para bachev foi escolhido para ocupar o mais alto cargo na
que o Brasil se tornasse autossuficiente nos setores estrutura política e governamental da União Soviética –
energético e petroquímico. Ao fim do mandato, a secretário-geral do Partido Comunista. Em seu mandato,
Campanha da Anistia comandada pelas mães e espo- tentou reverter a situação econômica em que se encon-
sas de presos políticos e desaparecidos e a Greve Geral trava a União Soviética por meio de planos de governo
dos metalúrgicos do ABC Paulista ganharam muita que marcaram a História, ainda que não tenham sido
repercussão. realmente efetivados: a glasnost e a perestroika.
A glasnost foi uma política implantada juntamen-
te à perestroika, cuja meta principal foi dar transpa-
rência às ações do governo e abertura para se discutir
os principais problemas nacionais. Foi uma política
que atendeu a algumas reivindicações da população,
propiciando maior grau de liberdade de expressão
nos meios de comunicação.
Já a perestroika, que significa “reconstrução”,
foi uma tentativa de mudanças econômicas, a fim
de reverter os problemas financeiros causados pelos
excessivos gastos durante a Guerra Fria, como nas
Campanha pela Anistia. corridas espacial e armamentista, no financiamento
282 Fonte: Departamento de Direito da PUC-Rio. de conflitos e na fabricação de bombas atômicas.
A proposta de Gorbachev era inserir a economia de mercado, reorientar os gastos públicos e reduzir os investi-
mentos em defesa. Para isso, a União Soviética teve que desocupar o Afeganistão, negociar com os Estados Unidos
a redução simultânea de armamentos e não interferir em outros países socialistas, dentre outras mudanças drás-
ticas. Apesar dessas medidas, o socialismo não resistiu à pressão da população, castigada pela máquina burocrá-
tica do Estado Soviético e pelos baixos investimentos, devidos à elevada dívida pós-guerra.
Em agosto de 1991, houve uma tentativa de golpe de Estado por parte dos setores conservadores diretamente
ligados ao governo, mas, com a intervenção do então presidente Boris Yeltsin, o golpe fracassou. Em seguida, foi
imposto um conjunto de medidas políticas e econômicas que enfraqueceu ainda mais o governo central da União
Soviética.
Em dezembro do mesmo ano, em uma reunião entre os dirigentes da Rússia, da Ucrânia e da Bielorrússia, foi
assinado um documento que formalizava o ideal de criação de uma Comunidade dos Estados Independentes
(CEI); assim, o socialismo chegava ao fim.

Países que formavam a antiga URSS.


Fonte: Toda Matéria.

Ao longo da década de 1990, os países ex-socialistas enfrentaram grandes dificuldades no processo de transi-
ção para o capitalismo, apresentando, por exemplo, déficit primário (quando as despesas do governo são superio-
res às suas receitas); privatização da economia, com a demissão em massa de funcionários públicos; e aumento
da dependência financeira e tecnológica externa. Esses países também tiveram que adquirir empréstimos para a
recuperação da infraestrutura e para superarem o déficit primário.
Assim como os ex-socialistas, as nações pobres também precisaram passar por profundas mudanças econô-
micas, financeiras, sociais e até culturais para se inserirem, de fato, no processo de globalização após o fim da
Guerra Fria. Os principais países desse grupo estavam localizados no Leste Europeu (Polônia, Hungria, países que
pertenciam a ex-Iugoslávia e ex-Tchecoslováquia, Romênia, Bulgária), na Ásia (China, Coreia do Norte, Mongólia,
Vietnã), na África (Moçambique, Angola, Etiópia) e na América (Cuba), além do caso da Alemanha Oriental, de
orientação socialista até a unificação com a Alemanha Ocidental, capitalista, em 1990. Quase todos eles retornam
à experiência do capitalismo após a crise na URSS, em 1991.
HISTÓRIA

População alemã destruindo o Muro de Berlim, símbolo da Guerra Fria, em novembro de 1989.
Fonte: Cultura Geral. 283
CONFLITOS DO FINAL DO SÉCULO XX

Guerra das Malvinas (1982)

Em 2 de abril de 1982, a Argentina invadiu o arqui-


pélago das Ilhas Malvinas, localizado na costa leste do
país. Esse território era posse do império Britânico,
sob o nome de Ilhas Falklands. A prerrogativa argen-
tina era de que o país possuía o direito histórico sobre
o local, já que ele pertencera à América Espanhola e
fora tomado pelos britânicos após a independência da
Argentina, em 1820. Outro motivo foi que a ditadura
governada por uma junta militar estava enfrentando
oposição social e crise econômica; então, o conflito Bombardeio estadunidense em Bagdá, no Iraque.
serviria para unir o país sob uma causa nacional. Fonte: Folha de S. Paulo.
A reação britânica foi enviar reforço aeronaval
para dar suporte às Ilhas. A Argentina não conseguiu Guerras do Afeganistão
resistir ao poder bélico muito maior de seu adversário.
Assim, a guerra teve um desfecho rápido e, em 14 de Entre 1979 e 1988, o país foi ocupado pela URSS,
junho de 1982, os argentinos renderam-se, com o saldo apesar da forte resistência imposta pelos guerrilhei-
de quase mil mortos e dez mil prisioneiros, progressi- ros afegãos. Em 1996, o Talibã tomou o poder no Afe-
vamente devolvidos ao país. A derrota foi crucial para ganistão. Esse movimento islâmico radical implantou
a queda da ditadura militar do país, no ano seguinte. um Estado muçulmano.
Segundo o Serviço de Inteligência dos EUA, os
Guerra Irã-Iraque (1980-1988) atentados terroristas que ocorreram em 11 de setem-
bro de 2001 teriam sido de autoria do grupo Al-Qae-
Em 1979, um movimento islâmico radical imple- da, que tinha seu principal centro de treinamento no
mentou um sistema teocrata no Irã. Esse movimento, Afeganistão, o que justificaria a invasão estaduniden-
chamado de Revolução Iraniana, causou problemas se em outubro de 2001. O líder da Al-Qaeda, Osama
entre o Irã e o Ocidente. O Iraque, liderado por Sad- Bin Laden, foi morto em 2011; no entanto, as tropas só
dam Hussein e apoiado pelos EUA, invadiu uma pro- começaram a deixar o país em 2015.
víncia iraniana rica em petróleo. No entanto, após oito
anos de conflito, a guerra terminou sem vitoriosos,
além dos altos custos humanos e econômicos.

Soldados estadunidenses no Afeganistão.


Fonte: O Estado de São Paulo.

Saddam Hussein. Guerras no Chifre da África (1977-1988)


Fonte: Revista Galileu.
Série de conflitos localizados na costa leste do con-
Guerras do Golfo tinente africano, envolvendo países como Etiópia, Eri-
tréia, Djibuti e Somália. As guerras civis nesses países
Entre 1990 e 1991, os Estados Unidos, com o aval somaram-se a conflitos entre eles, como foi o caso da
da ONU, lutaram contra o Iraque para sua expulsão guerra entre Somália e Etiópia, entre 1977 e 1978, que
do Kuwait. Os bombardeios estadunidenses foram envolveu questões de fronteira e facções no poder.
decisivos para a retirada iraquiana. Em 2003, mesmo Adicionou-se a esses conflitos o elemento da Guer-
sob críticas da ONU e de diversos países, o governo ra Fria, com diversos grupos de orientação marxista
Bush ordenou a invasão do Iraque, sob a justificativa sendo ajudados pela União Soviética. Essas guerras
de que o país tinha posse de armas de destruição em ocasionaram muitas crises humanitárias, que leva-
massa, acusação que nunca foi comprovada. A ocupa- ram ao emprego de forças-tarefas, empregando armas
ção durou até 2011. contra as facções políticas em disputa.

284
Guerra Civil na Somália (1991) Em 1987, o presidente foi em cadeia nacional de tele-
visão para anunciar a moratória da dívida externa do
A Guerra Civil começou ao fim da ditadura de Siad Brasil. Em 1988, o governo apresentou o Plano Verão,
Barre, que governava o país desde 1969, sob o alinha- criando a moeda “cruzado novo”, mas o plano fracassou,
mento com a União Soviética. Seu governo era desafiado pois àquela altura o governo já havia perdido toda sus-
por grupos de diferentes regiões do país, que passariam tentação política e se tornara extremamente impopular.
a se articular e se armar, com o apoio da Etiópia. A partir desse momento, o país caminhou à hipe-
O afastamento de Barre, no fim dos anos 1980, rinflação, chegando a 83% em março de 1990. Preços
motivou os primeiros levantes armados, e ele foi der- de supermercado eram reajustados todos os dias e filas
rubado em 1991. Após sua queda, dez grupos armados aconteciam em supermercados e postos de gasolina toda
distintos disputaram o poder na Somália, orientados vez que surgia menor indício de aumento dos preços.
por lealdades aos grupos ou regionais, já que a Somá- Em 1987, iniciou-se o importante processo da
lia teve colonização britânica e italiana. Constituinte, transformando os próprios congressis-
Alianças e vitórias militares levaram à disputa de tas eleitos, em 1986, no Congresso Constituinte, com
quatro grupos, entre eles, a Aliança Nacional Somali, sob ampla maioria do PMDB. Os debates foram acalora-
a liderança de Mohamed Farrah Aidid, que controlava dos e algumas propostas do PMDB foram considera-
a capital Mogadishu. Nesse contexto, houve uma grave das radicais demais, mas de fato, muitos avanços se
crise na agricultura que levou à morte de 300 mil pes- tornaram constitucionais. Estabeleceram-se direitos
soas, somadas às mortes na guerra. Grandes operações sociais, políticos e de cidadania, o que tornou mais
internacionais para envio de mantimentos foram mobi- ampla a possibilidade de participação popular na vida
lizadas; no entanto, muitos suprimentos foram confisca- política.
dos para serem usados como moeda política.
Esses eventos motivaram a formação de uma for-
ça-tarefa de 40 países, liderados pela ONU e pelos EUA,
para intervir, fato esse que uniu as facções somalis
contra as forças internacionais. Em 7 de novembro de
1993, o presidente Bill Clinton declarou que os Estados
Unidos iria retirar-se do conflito. Isso deu força para
Aidid proclamar-se presidente do país; ele morreria
em 1996. O fim do conflito só ocorreu em 2012, com
uma nova constituição, embora o país sofra atualmen-
te com uma guerra contra a Al-Shabaab, uma milícia
racial islâmica.A REPÚBLICA BRASILEIRA DE 1985
ATÉ OS DIAS ATUAIS Ulysses Guimarães levanta a constituição ao fim da Assembleia presidida
por ele em 1988.

Fonte: Toda Matéria.

A REPÚBLICA BRASILEIRA DE 1985 GOVERNO COLLOR E GOVERNO ITAMAR


ATÉ OS DIAS ATUAIS
As eleições de 1989 foram vencidas pelo então gover-
GOVERNO SARNEY nador de Alagoas, Fernando Collor, após uma eleição
tumultuada, com 22 candidaturas e um segundo turno
polêmico contra Luís Inácio Lula da Silva. Logo no início
A morte de Tancredo Neves, eleito pelo Congresso,
do governo, apresentou-se o Plano Collor, que estipulava
fez com que o governo fosse assumido pelo vice, José
o bloqueio de todas as aplicações em bancos e depósitos
Sarney. Pelos dez anos seguintes, diferentes governos
em contas correntes, além da abertura comercial e do
tentariam organizar uma economia muito endividada
congelamento dos preços. Em detalhes, o plano previa
e com altíssimos níveis de inflação. Ainda em 1985, a
que todos os depósitos acima de 50 mil cruzados novos
equipe econômica de Sarney decretou o congelamento
fossem congelados por 18 meses, com a previsão de
dos preços, estabeleceu um corte de 10% do orçamento devolução em 12 parcelas no final desse prazo.
e determinou que o cálculo da correção monetária pas- O cruzado novo foi reconvertido em cruzeiro, mas
sasse a ser definido pela inflação dos três últimos meses. os valores não se alteraram, além disso, as pessoas
Em fevereiro, o governo apresentou o Plano Cru- estavam permitidas a sacar de suas contas somente
zado, substituindo a antiga moeda, o cruzeiro, pelo 50 mil cruzeiros, valor equivalente a 17 cestas básicas.
cruzado. A nova moeda perdeu três zeros e estabele- Somente doentes graves e pessoas acima de 65 anos
ceu que mil cruzeiros equivalessem a um cruzado. O estavam isentas dessas obrigatoriedades.
plano previa, ainda, o congelamento de tarifas, preços Ao fracasso de sua estratégia para economia soma-
e serviços, além de basear o salário na média do poder ram-se denúncias de corrupção no seu governo, sendo
de compra dos seis meses anteriores, medida conheci- a mais evidente a de seu irmão, Pedro Collor, em maio
da como gatilho salarial. O resultado foi a diminuição
HISTÓRIA

de 1992. Pedro denunciou a existência de um amplo


da inflação e o aumento do consumo, que rendeu boa esquema liderado pelo tesoureiro da campanha de
popularidade ao presidente nesse momento. Fernando Collor, conhecido como PC Farias. Em segui-
O Cruzado II foi anunciado em novembro de 1986, e da, o Congresso instaurou uma CPI para averiguar
previa o descongelamento dos preços – há muito exigi- as denúncias, descobrindo contas bancárias associa-
do pelos empresários – e o aumento das tarifas dos ser- das a “laranjas” para o financiamento da campanha;
viços públicos. A inflação, que estava contida, passou foram investigadas também “contas-fantasma” que
de 3% naquele mês para 16% em menos de três meses. financiavam reformas na casa do presidente, mas que 285
descobriu-se tratar de restos dos fundos da campanha, GOVERNO LULA
além da compra de um carro para sua esposa com
dinheiro ilegal proveniente dos esquemas de PC Farias. Em 2003, Luís Inácio Lula da Silva chegou ao poder,
Uma série de protestos tomou conta do país: a que duraria oito anos. Houve continuidade na políti-
Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) apresentou ao ca econômica e algumas mudanças no âmbito social,
Congresso um pedido de impeachment do presidente. em relação às transferências de renda. O programa
Novecentas entidades organizaram o Movimento pela Fome Zero, primeira iniciativa social do governo, foi
Ética na Política e estudantes mobilizaram-se em pro- abandonado para a adoção de um novo programa de
testos de “cara-pintadas”. Collor renunciou antes da transferência de renda, o Bolsa Família, que unificou
confirmação do impeachment, em dezembro de 1992, três programas criados na administração de FHC: Bol-
para evitar a perda de seus direitos políticos. sa-Escola, Bolsa-Alimentação e Auxílio Gás.

Collor assinando sua renúncia. Lula discursando na Assembleia Geral da ONU.


Fonte: Blog Alicia e outros papos.
Fonte: Site do PT.
O vice-presidente Itamar Franco assumiu seu lugar,
e foi em seu governo que finalmente houve o contro- Na política externa, Lula procurou estreitar os laços
le da inflação. O Plano Real, anunciado pelo ministro diplomáticos com países emergentes ou em condição de
Fernando Henrique Cardoso, estabeleceu cortes de desenvolvimento, em especial, com os países do Merco-
despesas e privatizações de empresas estatais, abertu- sul (Argentina, Uruguai, Paraguai e Venezuela) e com os
ra comercial e criação de um padrão de valor mone- Brics (formados, além de pelo Brasil, por Rússia, Índia,
tário pareado com o dólar comercial, conhecido como China e África do Sul). No campo econômico, a adminis-
Unidade Real de Valor (URV), que deu lugar ao real em tração de Lula deu prosseguimento à política econômica
julho de 1994, nova moeda do Brasil. O Plano Real deu de FHC, elevou o superávit, prometeu a flexibilização do
popularidade a FHC, que acabou eleito presidente. mercado de trabalho e a reforma sindical.
Durante seu governo, houve uma expansão da
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO atividade econômica, com destaque para o boom das
commodies (soja, carne, minério de ferro) e para a
Fernando Henrique Cardoso tomou posse em 1995, expansão do crédito para enfrentar a crise econômica
foi reeleito em 1998 e procurou dar continuidade à de 2008. Lula deixou o governo com altos índices de
abertura da economia brasileira por meio de privati- popularidade, elegendo Dilma Rousseff, sua ministra,
zações em setores estratégicos, como energia, serviços como sucessora.
e comunicação. No governo FHC, também foram cria-
dos programas que formavam uma rede de proteção GOVERNO DILMA
social, como a previdência rural e programas de assis-
tência na renda: Bolsa-Escola, Erradicação do Traba-
Dilma pretendia, de início, questionar o poder
lho Infantil, Bolsa-Alimentação, Auxílio Gás, Agente
estrutural do capital financeiro na determinação de
Jovem, Programa de Saúde da Família e Programa
taxas de juros e câmbio, mas acabou recuando na
de apoio à Agricultura Familiar. Nesses programas,
medida em que o nível de atividade econômica foi
houve uma opção pela transferência direta da renda
monetária, distanciando-se dos programas como os de caindo, fazendo com que o Banco Central produzisse
distribuição de cestas básicas. um novo ciclo de elevação das taxas de juros.
A queda da atividade econômica produziu, no iní-
cio do segundo mandato, uma grande recessão econô-
mica que levou à queda vertiginosa da popularidade
da presidenta. Junto a isso, a deflagração da Operação
Lava Jato colocou muitas figuras aliadas e apoiado-
ras da presidente no centro das investigações. Sob a
acusação de cometer crime de responsabilidade por
conta de liberações de empréstimo no orçamento sem
a prévia consulta ao Congresso – a chamada pedala-
da fiscal – Dilma Rousseff sofreu um impeachment.
Michel Temer, seu vice, assumiu o governo.

Fernando Henrique Cardoso tomando posse ao lado de sua esposa,


Ruth Cardoso, de Itamar Franco e de Marco Maciel, seu vice.

286 Fonte: Portal G1.


I. Absolutismo monárquico.
II. Desenvolvimento da imprensa.
III. Advento do “Século das Luzes”.
IV. Ação dos Mecenas.
V. Empirismo e liberalismo político de John Locke.

Assinale a alternativa que apresenta todos os fatores


corretos, dentre os listados acima.

a) Somente a I.
b) I e III.
c) II e IV.
d) Somente a III.
Dilma Rousseff no Senado durante o processo de impeachment. e) III e V.
Fonte: Jornal El País.
2. (EsPCEx – 2020) A formação dos Estados modernos
fez desaparecer os laços de suserania e vassalagem
GOVERNO TEMER E GOVERNO BOLSONARO
e, com isso, foram formados(as), na Europa,
Em pouco mais de dois anos de presença na presi-
a) os exércitos nacionais.
dência, Michel Temer teve como principais medidas a
b) os burgos.
flexibilização das leis trabalhistas e liberalização eco-
c) as Cruzadas.
nômica, com o corte de gastos estatais na economia e
d) os Cavaleiros da Luz.
no setor público, em especial, pela aprovação da Emen-
e) as Capitanias Hereditárias.
da 95, que “congela” os gastos de Estado por 20 anos.
No campo político, aprofundou-se ao fim do segundo
mandato de Dilma Rousseff o fenômeno do antipetismo 3. (EsPCEx – 2020) Alguns humanistas cristãos, a partir
no Brasil. A Operação Lava Jato teve entre seus alvos o do século XI, condenaram o distanciamento do clero
ex-presidente Lula, que acabou preso em abril de 2018. católico do que chamavam de “espírito do Evangelho”.
Qual o nome do francês que criou uma vertente do
Protestantismo que foi adotada na França, na Suíça,
na Inglaterra, na Escócia e nos Países Baixos?

a) Martinho Lutero.
b) Rei Henrique VIII
c) Zwinglio.
d) Calvino.
e) Pedro Valdo.

4. (EsPCEx – 2020) No Brasil do final do século XVIII,


houve a decadência da mineração e a reanimação da
produção agrícola. Para isso, contribuíram:

I. O aumento da população europeia, com a ampliação


dos mercados consumidores de gêneros tropicais.
II. A extinção dos Estados do Brasil, do Grão-Pará e Rio
Jair Bolsonaro recebe a faixa presidencial durante a posse.
Negro e do Maranhão e Piauí.
Fonte: Congresso em Foco.
III. A Revolução Industrial.
IV. A abertura dos portos às nações amigas.
O contexto geral de crise política e econômica favo- V. Fundação do Banco do Brasil.
receu o discurso mais radical de oposição à esquerda.
Com isso, as eleições presidenciais de 2018 foram ven- Assinale a alternativa que apresenta todas as contri-
cidas por Jair Bolsonaro. buições corretas, dentre as listadas acima.
Tendo-se passado (no momento da redação desta
apostila) pouco mais de dois anos de mandato, o gover- a) I e II.
no Bolsonaro aprofundou a privatização do setor públi- b) Somente a II.
co; no entanto, a atividade econômica segue com grande c) I e III.
dificuldade. O fato mais marcante até o momento dá-se d) III e IV.
pela pandemia do novo coronavírus, que atingiu, em e) IV e V.
março de 2021, a média de quase 3 mil mortos por dia.
5. (EsPCEx – 2020) Na Inglaterra do final do século XVIII,
HISTÓRIA

com relação à divisão social do trabalho, as mudanças


HORA DE PRATICAR! advindas da Revolução Industrial nos meios de pro-
dução foram analisadas e publicadas sob o título “A
1. (EsPCEx – 2020) No período do Renascimento, duran- Riqueza das Nações”, cujo autor foi
te os séculos XV e XVI, ocorreram mudanças na qua-
lidade e na quantidade da produção cultural. Dentre a) Thomas Morus.
os fatores que influenciaram essas mudanças, desta- b) Adam Smith.
cam-se o/a: c) John Locke. 287
d) Peter Burke. 10. (EsPCEx – 2020) Durante a Guerra Fria, de 1945 a
e) Marc Bloch. 1991, a Coexistência Pacífica serviu como canal de
entendimento entre capitalistas e socialistas, contudo
6. (EsPCEx – 2020) Alguns historiadores distinguem não foi capaz de mitigar novos focos de tensão, tais
dois modelos de colonização inglesa adotados na como
América do Norte. Qual conjunto de colônias inglesas
assemelhava-se ao modelo de colonização português a) o conflito separatista de Kosovo.
no Brasil – produção agrícola dedicada à exportação e b) a Revolução do Veludo.
realizada em grandes propriedades rurais? c) a Guerra Civil Espanhola.
d) o Massacre de Katyn.
a) Não houve semelhança. e) a descolonização africana.
b) O conjunto de colônias do Pacífico.
c) O conjunto de colônias do Norte. 11. (EsPCEx – 2020) Em 2007, a China já estava entre
d) O conjunto de colônias do Sul. as quatro maiores economias do mundo. Para 2020,
e) O conjunto de colônias do Centro-Sul. previsões colocam-na como a segunda ou a primeira.
Entretanto, essa geração de riqueza não se refletirá na
7. (EsPCEx – 2020) Em 1844, no Brasil, foi criada uma
nova tarifa alfandegária sobre produtos importados, a) alteração do seu poderio militar.
que, variando entre 30% e 60%, favoreceu a criação b) capacidade de investimento externo.
de indústrias, bancos, ferrovias, mineradoras etc. Ela c) evolução científico-tecnológica do país.
ficou conhecida pelo nome de seu criador, que era, d) na renda “per capita” dos chineses, que continuará
então, o Ministro da Fazenda: relativamente baixa.
e) alteração do estilo de vida de toda a sua população,
a) Rui Barbosa. que dá prioridade ao consumo sem limite.
b) Alves Branco.
c) Barão de Mauá.
12. (EsPCEx – 2019) O Mundo Feudal baseava-se em uma
d) Eusébio de Queirós.
sociedade rigidamente hierarquizada, na qual os indi-
e) Barão de Tefé.
víduos encontravam-se subordinados uns aos outros
por laços de dependência pessoal. Havia uma grande
8. (EsPCEx – 2020) Durante a Primeira República, o
massa de camponeses presos à terra, que viviam sob
domínio dos “coronéis” no campo era quase abso-
o domínio dos senhores feudais e que se dividiam em
luto. Contudo, mostrou-se insuficiente para impedir
dois grupos com características particulares:
que muitos trabalhadores rurais seguissem líderes
messiânicos, que acenavam com a promessa de uma
a) Suseranos e vassalos
sociedade justa e fraterna. Vale a pena destacar o
b) Cavaleiros e soldados
seguinte líder religioso desse período:
c) Servos e baixo clero
d) Servos e vilões
a) Padre Cícero.
b) Padre Diogo de Feijó. e) Vilões e salteadores
c) Padre João Ribeiro.
d) Frei Caneca. 13. (EsPCEx – 2019) Que monarca francês representou o
e) Raimundo Gomes, o “Cara Preta”. ponto culminante do Absolutismo em seu país e cujo
ministro, Colbert, lançou as bases do Mercantilismo,
9. (EsPCEx – 2020) O “New Deal”, de 1933, foi um plano no período de 1643 a 1715?
posto em prática pelo Presidente dos Estados Unidos
da América – Franklin Delano Roosevelt –, que articu- a) Cardeal Richelieu
lava as ações do governo com os da iniciativa privada. b) Henrique VIII
Para tanto, foram adotadas as seguintes medidas: c) Luís XVI
d) Felipe II
I. Supervalorização do dólar para tornar as importações e) Luís XIV
mais competitivas.
II. Empréstimo do governo aos bancos para evitar mais 14. (EsPCEx – 2019) Muitos europeus acreditavam que,
falências. em direção ao sul, o mar seria habitado por monstros
III. Implantação de um sistema de seguridade social, com e estaria sempre em chamas. Se arriscassem cruzar o
a criação do seguro-desemprego. oceano Atlântico, à época conhecido como mar Tene-
IV. Não intervenção na economia, pois o próprio mercado broso, iriam se deparar com o fim do mundo.
resolveria a crise.
V. Criação de um vasto programa de obras públicas, com Mesmo assim, os portugueses se lançaram às Gran-
o intuito de gerar novos empregos des Navegações, no final do século XV. Considerando:

Assinale a alternativa que apresenta todas as medidas I. A Tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos;
corretas, dentre as listadas acima. II. A Criação da Companhia das Índias Ocidentais;
III. A existência de um poder centralizador e de um Esta-
a) Somente a I. do unificado;
b) I e IV. IV. A descoberta da imensa mina de prata em Potosí
c) II, III e V. pelos lusitanos;
d) IV e V. V. A invenção da bússola pelos portugueses na Escola
288 e) Somente a IV. de Sagres.
Assinale abaixo a alternativa que apresenta as causas 18. (EsPCEx – 2019) O ano de 1930 foi difícil para os
que levaram à Expansão Marítima Portuguesa. cafeicultores brasileiros. De acordo com o historiador
Boris Fausto, o volume de vendas do café caiu mais de
a) I e II 35% naquele ano. O motivo fundamental para a que-
b) I e III da nas exportações do produto foi a crise mundial do
c) I, II e III capitalismo. A principal causa dessa crise mundial foi
d) III e IV
e) IV e V a) a desindustrialização da economia norte-americana,
que acabou por desabastecer o mercado internacional.
15. (EsPCEx – 2019) Na segunda metade do século XVIII, b) a superprodução da indústria dos Estados Unidos da
durante a administração do marquês de Pombal (1750 América, que cresceu além das necessidades dos
a 1777), foram adotadas medidas que objetivavam tor- mercados interno e internacional.
c) a vigorosa industrialização da União Soviética, que
nar mais ágil e eficiente a administração da colônia
supriu satisfatoriamente os mercados interno e
portuguesa do Brasil, dentre as quais se destaca:
internacional.
d) o excesso do capital financeiro na Europa, que afetou
a) a elevação do Estado do Brasil à categoria de Reino
diretamente o surgimento de governos democráticos
Unido a Portugal e Algarve. na Península Ibérica.
b) o reconhecimento da importância das Regiões do Sul e) a quebra da Bolsa de Moscou, que acabou por indu-
e Sudeste, em função do incremento do ciclo econô- zir falências de empresas e de bancos e milhões de
mico do café. desempregados nos Estados Unidos.
c) a transferência da capital do estado do Brasil, de Sal-
vador para o Rio de Janeiro. 19. (EsPCEx – 2019) Se, por um lado, a Guerra Fria signifi-
d) o estado do Grão-Pará e Maranhão recebeu a denomi- cou a inexistência de um conflito direto entre as super-
nação de estado do Maranhão. potências, por outro, a disputa entre elas por áreas de
e) a restauração do sistema de Capitanias Hereditárias. influência em todo o mundo deu-se de forma intensa.
Uma conferência internacional, que reuniu 29 nações
16. (EsPCEx – 2019) Embora estivessem subordinadas africanas e asiáticas, em 1955, teve a intenção de ser
às leis inglesas, as Treze Colônias norte-americanas uma alternativa à bipolarização mundial entre os Esta-
gozavam de certa autonomia no que dizia respeito dos Unidos e União Soviética. Esta conferência foi rea-
aos assuntos internos. No século XVIII, as relações lizada em
entre as Colônias e Londres se deterioraram pouco a
pouco. Os conflitos se acirraram em 1773, levando o a) Bandung.
Parlamento britânico a aprovar medidas restritivas em b) Teerã.
relação à Assembleia de Massachusetts, nas Treze c) Yalta.
Colônias, que foram denominadas como: d) Pan Munjon.
e) Varsóvia.
a) Atos de Navegação de Cromwell.
b) Pacto do Mayflower. 20. (EsPCEx – 2019) Em 1985, a inflação brasileira chegou
c) Leis Intoleráveis. a 235% ao ano. Para corrigir essa situação, o governo
d) Primeiro Congresso Continental. Sarney anunciou, em fevereiro do ano seguinte, um
e) Leis Townshend. plano de estabilização econômica, conhecido como
Plano Cruzado. Observe as afirmativas abaixo.
17. (EsPCEx – 2019) Ideias republicanas estavam pre-
I. Instituição da moeda chamada Real;
sentes entre os brasileiros há tempos. No século XVIII,
II. Congelamento de preços;
inspiraram movimentos contra o domínio português.
III. “Gatilho” salarial, determinando que os salários seriam
Em 1870, um grupo de políticos lançou, no Rio de
reajustados sempre que a inflação chegasse a 20% ao
Janeiro, o Manifesto Republicano. Os seguintes episó- mês;
dios, ocorridos na segunda metade do século XIX, aba- IV. Substituição da moeda corrente no país, o cruzeiro,
laram o Império Brasileiro. Considerando os seguintes pelo cruzeiro novo;
fatos: V. Introdução da Unidade Real de Valor (URV).

I. Questão Militar. Assinale a alternativa em que todas as afirmativas


II. Questão de Fronteiras. estão relacionadas ao plano econômico supracitado.
III. Questão Religiosa.
IV. Questão da Cisplatina. a) I e II.
V. Questão Abolicionista. b) I e V.
c) II e III.
Assinale abaixo a alternativa em que todas as proposi- d) III e V.
ções estão corretas no que se refere às questões que e) IV e V.
HISTÓRIA

contribuíram para o fim do período Imperial Brasileiro.

a) I e II.
b) I, II e III.
c) I, III e V.
d) III, IV e V.
e) IV e V. 289
9 GABARITO

1 C

2 A

3 D

4 C

5 B

6 D

7 B

8 A

9 C

10 E

11 D

12 D

13 E

14 B

15 C

16 C

17 C

18 B

19 A

20 C

ANOTAÇÕES

290
O objetivo, ou o propósito, do texto se encontra
em meio à leitura e é possível de se identificar e com-
preender apenas a partir de uma leitura atenta que
vai além do que está escrito. Bem como mencionado
anteriormente, a identificação de quem é o autor e o
INGLÊS narrador, a quem se destina o texto, o contexto nele
presente, o assunto tratado e a linguagem empregada,
são elementos cruciais para o entendimento do servi-
ço a que se presta o texto.
O propósito pode ser relatar um fato, contar novi-
LEITURA DE TEXTOS E INTERPRETAÇÃO dades, listar ou enumerar itens, reportar um crime,
expor uma opinião, entre muitas outras possibilida-
Para realizar uma leitura bem-sucedida em outro des que deverão ser observadas no decorrer da lei-
idioma, é preciso estar atento a alguns métodos e tura. Alguns marcadores como nomes, datas, locais,
recursos capazes de auxiliar a interpretação textual. dados, estatísticas, números em geral, pronomes de
tratamento, podem servir como indicativos do propó-
COMPREENSÃO sito do texto a partir da percepção do conteúdo pre-
sente e do teor da mensagem encontrada no texto.
Compreender é a capacidade de assimilar, inter-
pretar e perceber o significado de algo. Compreender Compreensão escrita
um idioma significa entender a coerência das infor-
mações de sua comunicação. O objeto da compreensão Quando se trata de compreender o sentido lexical,
da língua inglesa pode estar situado em diferentes for- semântico e gramatical de um texto na língua inglesa,
mas de comunicação, para cada qual existem manei- utilizamos recursos que partem de princípios simples:
ras mais apropriadas e adequadas de identificar o identificação dos principais elementos do idioma,
sentido, o propósito, o contexto, o estilo, a técnica e as ainda que partindo de um panorama básico de com-
informações presentes na mensagem. preensão e fluência no idioma. São eles:
Ao buscar compreender o sentido e o propósito
de um texto na língua inglesa, faz-se necessário iden- z Gramática básica (tempos verbais, adjetivos, advér-
tificar elementos chave capazes de sintetizar infor- bios e pronomes);
mações, decodificar signos linguísticos, entender a z Vocabulário básico (substantivos);
semântica, ou seja, o sentido do texto, bem como seu z Expressões idiomáticas (contexto cultural);
propósito. Estes elementos podem estar presentes nos
aspectos gramaticais do texto, um dos tópicos essen- A partir de um breve conhecimentos dos itens
ciais para o estudo da interpretação textual, mas mencionados, de maneira geral e simplista, é possí-
podem também ser percebidos no contexto, no recor- vel partir para uma leitura geral do que está escrito e
te, no tipo de linguagem (formal, informal, técnica compreender a mensagem. É, no entanto, importante
etc.), no vocabulário utilizado, entre outros elementos ler nas entrelinhas enquanto se decodifica uma men-
estratégicos para a interpretação correta do texto. sagem escrita, isso significa ser capaz de identificar o
Para que o leitor compreenda o sentido do texto, gênero textual, o tipo do narrador, o objetivo da men-
antes de qualquer leitura direta, é primordial que se sagem e o contexto em que ela está inserida.
faça um processo de escaneamento do texto em bus-
ca de palavras-chave e informações que indiquem a Compreensão oral
quem o texto se direciona, quem é o autor e seu nar-
rador, a qual categoria textual ele pertence (artigo, Além dos elementos citados anteriormente quanto
crônica, conto, carta, bilhete etc.) e qual o assunto tra- à compreensão escrita, a compreensão oral tem suas
tado. A partir desta coleta de informações, é possível peculiaridades e particularidades dignas de serem
iniciar a leitura inicial, que irá buscar identificar o enfatizadas, pois se diferenciam do padrão escrito.
sentido do texto. O sentido indica o que o interlocutor Diferentemente da comunicação escrita, a fala é uma
quer dizer com que propôs escrever. A capacidade de ação fluída e em constante mudança. A percepção da
identificar o sentido está intrinsecamente ligada ao comunicação oral não apenas de elementos linguísti-
conhecimento e à identificação de: cos, mas do contexto cultural e social do falante e do
ouvinte.
z Palavras; O momento da fala pode sofrer interferências de
z Expressões idiomáticas; ruídos, sejam eles literalmente barulhos que atrapa-
z Verbos frasais; lham no momento da audição, ou ruídos no sentido
z Tempos verbais; de interferências no meio transmissor da mensagem
z Contextos; (telefone, áudio, rádio, televisão, etc.). Tudo isso atra-
z Aspectos culturais e sociais; palha tanto a transmissão quanto a recepção da men-
z Adjetivos, advérbios e pronomes; sagem, o que dificulta sua compreensão de modo
geral. A compreensão oral na língua inglesa depen-
INGLÊS

Entre outros elementos, os citados anteriormente de de diversos elementos que devem ser levados em
podem auxiliar o leitor a identificar o sentido do texto consideração:
com mais precisão, são estes conhecimentos exercita-
dos a partir do estudo do idioma, seja ele de forma z Sotaque: ainda que a língua seja a mesma, sota-
técnica e instrumental a fim de realizar uma prova ou ques diferentes podem alterar a compreensão de
em estudos mais aprofundados que têm como objeti- um idioma em diferentes países ou até diferentes
vo promover a fluência. estados de um mesmo país; além dos diferentes 291
sotaques famosos, como o sotaque britânico e o Em coerência:
estadunidense, dentro de um mesmo país existem
diferenças, como por exemplo o sotaque do sul e o z Concordância de ideias: Quando há concordân-
sotaque do norte dos Estados Unidos, que possuem cia entre duas ideias na mesma oração de acordo
distinções claras. com o sentido proposto pela frase e não existem
z Dialeto: bem como a diferença de sotaques, contradições.
alguns países possuem dialetos próprios, a comu- Ex.: She is a vegetarian, that’s why she only eats
meat. (Ela é vegetariana, por isso ela apenas come
nidade negra na Inglaterra e nos Estados Unidos
carne) - nesta oração, há contradição, pois o fato do
possuem formas específicas de comunicação que
sujeito ser vegetariano indicaria o não consumo de
dizem respeito ao seu contexto social e sua cultura, carne, o ideal seria “She is a vegetarian, that’s why
com raízes provindas de diversos países africanos; she doesn’t eat meat” (Ela é vegetariana, por isso
comunidades latinas também mesclam o idioma ela não come carne).
inglês com o espanhol e incorporam palavras de z Ordem, relevância e progressão semântica: em
seu idioma nativo ao inglês, ou até modificam geral, ações possuem uma ordem para acontece-
palavras existentes, algo comum no meio latino. rem e cada qual tem a sua importância na constru-
z Classe social: o fator econômico pode interferir ção de uma oração, o que for relevante e coerente
na comunicação oral de maneira muito clara; um para com o contexto do que está expresso deve vir
indivíduo rico com um alto nível de formação edu- antes do menos importante ou daquilo que é resul-
cacional irá se comunicar de uma forma e um indi- tado de uma ação, em uma sequência lógica que
víduo sem educação formal, morador da periferia, não altere o sentido da narrativa. Observe:
irá se comunicar de outra. Ex.: He woke up, brushed his teeth, had breakfast
and got dressed for work. (Ele acordou, escovou
Compreensão da utilização de mecanismos de os dentes, tomou café da manhã e se vestiu para o
trabalho)
coesão e coerência
Contextos, aspectos sociais e culturais
Coesão e coerência são dois mecanismos funda-
mentais tanto para a produção de textos, o que os Ainda diante do tema de compreensão, seja ela
torna igualmente importantes para a compreensão textual ou oral, na língua inglesa, alguns aspectos
textual. Antes de conhecer alguns elementos presen- que vão além da língua se fazem muito importantes
tes nestes dois mecanismos, é preciso entender do para o real entendimento de um texto. Dentre eles, o
que se tratam. Coesão diz respeito à interligação de contexto e seus aspectos sociais e culturais se fazem
elementos entre palavras e frases em uma sentença presentes e deves ser bem analisados para que qual-
de maneira correta e a coerência trata-se da ligação quer fragmento textual possa ser compreendido. Ter
de sentido lógico destes elementos, para que a men- a habilidade de identificar o contexto histórico, a cul-
sagem seja coerente. Confira alguns elementos utiliza- tura da época e a forma como se davam as relações
sociais em uma obra literária em inglês facilita a com-
dos para construir coesão e coerência no texto.
preensão da obra como um todo, pois permite que o
Em coesão:
leitor amplie as noções do texto que irá ler.
As obras de William Shakespeare, grande escritor
z Substituições: algumas expressões e substantivos inglês, foram escritas sob o prisma de uma realida-
podem ser substituídos por outro termo para evi- de diferente da que vivemos atualmente. Do século
tar repetições desnecessária, como é o caso do uso XVI ao século XVII, o dramaturgo escreveu romances
de nomes próprios e dos pronomes. em que se podiam observar reflexos dos costumes
Ex.: Anna really wants to study abroad, she enjoys e usos da sociedade em que vivia à época; desde a
visiting different countries. (Anna realmente quer própria linguagem do narrador até o curso da histó-
estudar no exterior, ela gosta de visitar países ria, a trajetória dos personagens, a maneira como se
diferentes) comunicam, se vestem, suas configurações e relações
familiares e sociais, entre outros aspectos, todos os
z Conjugação verbal adequada: ainda que a con- elementos representados pelo autor em suas obras
jugação verbal e seus respectivos pronomes sejam devem ser lidos pelo leitor a partir da ótica de uma
muito mais simples na língua inglesa do que no realidade diferente da que vivemos no século XXI.
português, ainda existem alguns requisitos de cor- Ao entender o contexto social, cultural e até eco-
relação verbal que devem ser aplicados (principal- nômico de uma produção textual é fundamental para
mente no tempo presente). estabelecer as relações corretas na hora de decodificar
Ex.: She sleeps late every day. (Ela dorme tarde o seu sentido, sendo capaz de identificar o vocabulário,
todos os dias) – há uma créscimo da letra “s” em os aspectos gramaticais, as influências do período his-
sujeitos na terceira pessoa do singular (he, she, it) tórico em todo o processo de construção da narrativa.
quando no tempo presente.
PRODUÇÃO
z Conectores e conjunções: alguns conectores e con-
junções ligam as sentenças de modo que elas se com- Diferentemente da leitura e compreensão escrita
plementem, como é o caso das palavras and, if, so, e oral da língua inglesa, a produção escrita e oral do
and, however, therefore, although, even though, entre idioma requer mais do que apenas um conhecimen-
outros. to superficial do idioma. É preciso possuir repertório
Ex.: Even though they don’t read much, John’s kids suficiente para produzir um texto em determinada
are very smart. (Apesar de eles não lerem muito, os língua, pois ele deve ter sentido para o leitor. Apesar
292 filhos do John são muito espertos) de existirem distintos níveis de comunicação possíveis
em qualquer tipo de produção no idioma (básico, Produção oral
intermediário e avançado), alguns requisitos devem
ser seguidos a fim de realizar esta tarefa de maneira A atividade linguística oral é marcada por sua flui-
bem-sucedida. dez. Enquanto a produção escrita segue padrões de
regras gramaticais e de formalidade, além de ser pen-
Produção escrita sada e repensada durante o processo de sua constru-
ção, a produção oral ocorre de forma simultânea ao
pensamento humano. À medida em que os pensamen-
Para realizar a atividade da produção escrita
tos são formulados, a fala os reproduz sonoramen-
em qualquer idioma, uma série de regras e padrões
te de maneira que o indivíduo não tem tempo para
devem ser seguidos, de acordo com a intenção do
reformular ou modificar a construção do que foi dito
autor e o público a quem o texto se destina. Ela pode
ou planejar conscientemente cada etapa deste proces-
ser formal, na norma culta da língua inglesa ou infor-
so de produção.
mal, coloquial, a linguagem utilizada no cotidiano,
A tradição oral está presente na humanidade des-
segundo a vontade e intenção de quem escreve. Ain- de o início dos tempos, antes mesmo da invenção da
da assim, a produção escrita deve seguir regras gra- escrita. Histórias dos povos antigos, contos mitoló-
maticais e ortográficas responsáveis por organizar o gicos e folclóricos, bem como ensinamentos religio-
idioma de maneira que indivíduos alfabetizados neste sos foram passados adiante em diversas sociedades,
idioma sejam capazes de decodificar os signos linguís- mesmo antes de existirem livros de história, o que
ticos e identificar a mensagem proposta. demonstra a importância da comunicação verbal
A língua está em constante mudança e é uma como uma atividade importante e relevante, presente
ciência viva que se modifica em decorrência das até os dias de hoje como uma forma de comunicação e
transformações que ocorrem na sociedade. Como partilha de conhecimentos.
consequência, surgem novas palavras (neologismos), Professores, palestrantes, pastores, políticos, radia-
novos termos e expressões, novos verbos, novas for- listas, jornalistas, entre outros profissionais, utilizam
mas de se comunicar. Antes do surgimento da escrita, o discurso falado, dialética e a didática da produção
surgiu a fala. O que significa que a escrita é fruto da oral como recurso a fim de relatar fatos, propagar
necessidade humana de expressar-se de outra forma conhecimentos, convencer e persuadir ou contar his-
além da comunicação oral, de documentar a comuni- tórias. Na língua inglesa não é diferente. A produção
cação ou de representa-la visualmente. oral continua sendo fluida e simultânea, uma ativida-
Sendo assim, a partir da fala e de um idioma já de natural da comunicação humana.
existente oralmente, a escrita passou a existir. Des- Quando produzimos oralmente em outro idioma,
te modo, a fala é responsável pelas mudanças que é possível que existam empecilhos que barrem a flui-
ocorrem na escrita. Todo este processo de mudança e dez da comunicação, dependendo da mensagem que
adaptação do idioma, indica que é preciso estar atento se pretende passar, do nível de conhecimento que se
à alguns detalhes importantes antes de produzir um possui do assunto, suas palavras e expressões adja-
texto na língua inglesa. É preciso: centes. Para que ela seja realizada de maneira correta
é necessário:
z Estar consciente do público-leitor: toda mensagem
possui um receptor, perguntar-se a quem ela se z Conhecer o campo, a área ou o assunto em ques-
destina, ajudará o autor a entender o tipo de lin- tão — alguns assuntos podem ser mais complexos
guagem que deverá usar e de que maneira ele se de abordar diante do nível de conhecimento do
comunicará melhor com seu público. interlocutor; caso o indivíduo vá dar uma palestra
z Ter conhecimento técnico do idioma: saber os dife- em um hospital sobre doenças infecciosas, termos
ligados à área da saúde, doenças e nomes de ins-
rentes tipos de tempos verbais da língua inglesa
trumentos médicos e hospitalares devem obriga-
(simple present, present continuous, simple past,
toriamente ser de seu conhecimento para que ele
past continuous, simple future, future continuous,
consiga transmitir a mensagem de sua produção
present perfect, past perfect, past perfect conti-
oral o melhor possível.
nuous, future perfect, future perfect continuous
z Saber pronunciar palavras e frases — a pronúncia
etc..), além do uso correto dos pronomes pessoais,
é parte importante da comunicação, quando reali-
relativos e possessivos, de conjunções, conectivos, zada de maneira errada pode confundir o ouvin-
advérbios, adjetivos, artigos, enfim, de gramática te e atrapalhar o curso de um diálogo; diversas
em geral, além de conteúdo vocabular, auxiliará o palavras da língua inglesa possuem similaridades
autor na construção do texto no idioma. quando escritas, mas possuem significados total-
mente diferentes que só são identificados a partir
Além disso, saber escrever em um idioma requer de uma pronúncia correta. Ex.: sheep (ovelha), ship
níveis de conhecimento elevados. É, no entanto, pos- (navio) e cheap (barato) — são palavras de grafia
sível produzir em diferentes níveis. Um indivíduo semelhante, mas são pronunciadas de maneiras
com conhecimento básico do idioma será capaz de diferentes entre si.
produzir textos mais curtos e objetivos, sem muito
INGLÊS

vocabulário ou expressões idiomáticas; alguém com A audição está intrinsecamente ligada à fala.
conhecimento intermediário terá outro nível de com- Bebês, por exemplo, assimilam os sons emitidos pelos
plexidade em suas produções, menos infantil, mais pais desde o ventre, quando nascem e começam a emi-
completo, bem como alguém avançado ou fluente é tir seus primeiros sons não-verbais é a influência da
capaz de se comunicar sem ou quase sem restrições audição, ou seja, do que ouvem a mãe ou o pai falando
seja de maneira oral ou escrita. que conseguem reproduzir pequenas palavras. 293
O mesmo ocorre com o aprendizado de outro idio- com mais clareza ou evitam que a conversa seja carac-
ma, a audição auxilia a fala e vice-versa. terizada como informal, são eles:

ADEQUAÇÃO VOCABULAR z Pronomes de tratamentos adequados – no ambien-


te escolar nos EUA, por exemplo, os alunos se
Em diversos momentos, na língua inglesa, será referem aos professores como Mr. (senhor), Mrs.
necessário adaptar o discurso, a fim de otimizar a for- (senhora) ou Ms. (senhorita) junto com os seus
ma de comunicar uma mensagem. A seleção correta sobrenomes; diferentemente do Brasil, lá a relação
de palavras e expressões que se encaixem melhor no entre alunos e professores exige certo grau de dis-
contexto da mensagem é primordial e faz parte do tanciamento que é estabelecido ao utilizar o pro-
processo de adequação vocabular. nome de tratamento adequado.
As mesmas palavras podem expressar diferentes Ex.: Is Mr. Jones in the principal’s office? (O senhor
ideias diante do contexto em que são usadas. A esco- Jones está na sala do diretor?)
lha do vocabulário deve ser definida diante do con-
texto proposto, pois cada qual tem a capacidade de z Não utilização de gírias ou expressões coloquiais:
modificar o sentido original ou usual de uma palavra algumas expressões indicam o grau de intimidade
ou expressão. Observe alguns exemplos a seguir: entre dois indivíduos; apelidos, gírias e expres-
sões coloquiais podem atrapalhar a comunicação
z “She was not doing it the right way. She was suppo- durante uma conversa cujo contexto é formal e
sed to cook the onions first” (Ela não estava fazen- requer um distanciamento. Confira a diferença:
do do jeito certo. Ela deveria cozinhas as cebolas Ex.: Hey, Luke. What’s up? How’s it going? (Ei,
primeiro) Luke. E aí? Como estão as coisas?) – informal.
z “That was the right way, you just missed the roun- Good morning, Mr Hudson. How are you? (Bom
dabout!” (Aquele era o caminho certo, você acabou dia, senhor Hudson. Como vai você?) – formal.
de ultrapassar a rotatória)
z “He had a way with kids, he loved baby-sitting” (Ele Em conversas informais, a comunicação se torna
era bom com crianças, ele amava ficar de babá) mais próxima da fala, diferentemente da comunica-
ção formal que se aproxima mais da escrita. O uso
de expressões, gírias, contrações de palavras, entre
Observe que a palavra way, encaixada em diferen-
outros elementos, podem tornar a conversa muito
tes contextos, ganhou diferentes significados. No pri-
menos complexa e relaxada, pois não exige que as
meiro trecho sobre culinária, way significa “jeito” ou
regras gramaticais sejam seguidas com tanto afin-
“maneira”; no segundo sobre direção e trânsito, way
co, nem mesmo sejam prioridade. As conversas que
adquire o significado de “caminho”; já na terceira ora-
temos com nossos amigos, família e pessoas próximas
ção, sobre crianças, a expressão to have a way with
é sempre marcada por certo grau de intimidade e é
(something/someone) significa “ser bom em algo”, “ter
permeada de simplicidade. Ela pode apresentar:
aptidão pra fazer algo”.
O correto uso vocabular para cada contexto
z Gírias e expressões: muitas delas são construções
expressa o conhecimento do autor diante daquilo que
do grupo social em que o indivíduo vive e podem
se propõe tratar em seu texto. A interlocução preten-
estar muito, moderadamente ou pouco presen-
dida na produção, por sua vez, trata-se da relação
tes na forma de comunicar uma mensagem; elas
entre o interlocutor e receptor da mensagem. O públi- surgem da oralidade e fazem parte de conversas
co em questão, ou seja, a quem se destina a mensa- cotidianas; a internet, hoje, também tem um papel
gem, deve ser capaz de entender o assunto recortado importante no surgimento e propagação de novas
pelo autor. De nada adiante ter pleno conhecimento gírias e expressões que são incorporadas no voca-
de um assunto e não saber adaptar o discurso em prol bulário, em especial da juventude.
do público-alvo da mensagem. Ex.: She was all, like, nervous about it so I told her to
Esta prática muito se assemelha ao trabalho dos chill and call me asap (Ela estava toda, tipo assim,
jornalistas que, por vezes, coletam dados completos nervosa sobre isso então eu disse pra ela relaxar e
sobre economia e política e precisam adaptar a comu- me ligar assim que possível)
nicação e a linguagem, modificando ou substituindo
termos difíceis, a fim de transmitir uma notícia para z Apelidos: os apelidos fazem parte da relação entre
uma população leiga no assunto. Este tipo de recur- as pessoas e podem marcar a forma como um indi-
so, faz com que o autor ou emissor da mensagem seja víduo se dirige ao outro, indicando o grau de pro-
sensato na escolha de palavras e obtenha sucesso na ximidade entre eles; muito comum entre amigos e
comunicação da mensagem que pretende passar. familiares, os apelidos são sempre informais.
Ex.: Sis was telling me all about her trip. (Minha
Conversas formais e informais irmã estava me contando tudo sobre sua viagem /
Sis – abreviação ou gíria provinda da palavra sister)
Uma das maiores vantagens da comunicação é sua
fluidez, ela se adapta, se transforma e é utilizada de z Contrações: as contrações de palavras e verbos
diferentes maneiras em cada contexto a qual é inse- são muito comumente utilizadas e tem até mesmo
rida. Quando em ambientes mais formais, como no sido incorporadas na linguagem formal, por serem
meio acadêmico, profissional ou literário, a etiqueta muito recorrentes na comunicação; mas é sugeri-
exige certo grau de formalidade para que a comuni- do que elas sejam aplicadas apenas em ambientes
cação seja efetiva e as conversas devem seguir um informais.
padrão, o padrão da norma culta da língua. Na língua Ex.: They would’ve loved to meet you, I’d bet on it.
294 inglesa, alguns indicadores expressam formalidade (Eles teriam amado te conhecer, eu aposto).
— Suas cuecas... Por quê? O que há de errado? —
Importante! ela estava de olhos arregalados.
Entender o ambiente em que se está inserido é — Ah, você quer dizer minhas calças? Sim, elas são
fundamental para adequar aspectos da fala liga- ótimas. Eu as comprei na loja no centro da cidade. —
ele finalmente entendeu o que ela quis dizer.
dos à norma culta ou à informalidade, no entan-
— Do que você achou que eu estava falando an-
to, é cada vez mais notável a mesclagem de
tes? — ela, por outro lado, ainda estava confusa com
ambas as formas de comunicação em determi-
a conversa toda.
nados meios, como em igrejas contemporâneas, — Bem... minhas cuecas, aquelas que vão por de-
em reuniões de trabalho e em encontros parla- baixo de minhas calças. — ele explicou.
mentares; é, porém, necessário aprender ambas — Ah, você quer dizer sua roupa de baixo? Meu
as formas de comunicação, suas variações e ter Deus, isso é tão constrangedor. — ela corou.
bom senso para saber quando e como usar cada
uma delas. No diálogo anterior, há uma clara confusão e difi-
culdade de comunicação por causa de sinônimos que
em outros países possuem diferentes significados para
SINÔNIMOS EM INGLÊS a palavra calças. No inglês britânico, calças é trousers
e roupa íntima é pants; já no inglês americano calças é
O estudo dos sinônimos na língua inglesa requer pants, e underwear é roupa íntima. A confusão reside
muita atenção e cuidado. Por vezes, como na língua na ideia de que os sinônimos dependem inteiramente
portuguesa, os sinônimos podem ser diferentes pala- do contexto em que a palavra se encontra, dependen-
vras que realmente possuem exatamente o mesmo do da cultura, do país, do contexto social, uma palavra
significado, em outros momentos, é possível identifi- será mais adequada para aquela situação ou não.
car diferentes intenções em palavras que se apresen-
tam como sinônimos. Alguns verbos ou phrasal verbs COGNATOS
possuem sinônimos que, se utilizados em detrimen-
to de outra palavra, são capazes de modificar a ideia
Cognatos são palavras que possuem a mesma gra-
geral de uma oração. É, portanto, primordial ter muita
fia (ou grafia semelhante) e o mesmo significado em
cautela e saber como e quando utilizar este recurso.
dois idiomas. Algumas palavras no inglês são exata-
Um dos recursos ideias para entender essas similari-
mente iguais no português e possuem o mesmo signi-
dades e diferenças é o tesauro (thesaurus), um dicio-
ficado, ainda que a sua pronúncia seja diferente. Estas
nário desenvolvido para definir a tradução e conceito
palavras podem facilitar a leitura e a interpretação de
dos sinônimos de palavras.
texto, pois são exatamente as mesmas.
Apesar de partilharem de um mesmo idioma prin-
Existem, porém, falsos cognatos, palavras que pos-
cipal, os EUA, a Inglaterra, o Canadá, a Austrália, entre
suem a mesma grafia ou grafia semelhante a palavras
outros falantes da língua inglesa, são países comple-
de outro idioma, mas que possuem significados com-
tamente diferentes, com sua própria cultura, história
pletamente diferentes. Sendo assim, é preciso ter mui-
e costumes que moldam também sua língua, isso sig-
to cuidado durante a leitura e examinar o contexto em
nifica que o inglês de cada país possui suas peculiari-
que a palavra está inserida para que se possa inter-
dades, diferentes significados, expressões, pronúncias
pretar corretamente seu significado. Confira a seguir
etc.. Sendo assim, em cada um deles é possível identi-
alguns exemplos de cognatos e falsos cognatos.
ficar palavras que são sinônimos entre si, mas que no
contexto de cada país possui outro significado. Confira
Palavras cognatas
alguns exemplos de sinônimos no diálogo a seguir:

— Wow, I love your new pants! They are beautiful. ENGLISH PORTUGUÊS
Where did you get them? — said the American girl
— Excuse me??? — the English man replied with a Chocolate Chocolate
surprised expression on his face. Different Diferente
— Your new pants... Why? What’s wrong? — She
had her eyes wide open. Constant Constante
— Oh, you mean my trousers? Yeah, they great. I
bought them at the shop downtown. — he finally un- Music Música
derstood what she meant. Interesting Interessante
— What did you think I was talking about first? —
she, on the other hand, was still confused with the who- Present Presente
le conversation.
— Well... My pants, the ones that go under my trou- Important Importante
sers. — he explained
— Oh, you mean, your underwear? Gosh, that’s em- Falsos cognatos
barrasing. — she flushed.
INGLÊS

ENGLISH PORTUGUÊS
Tradução:
Actual Verdadeiro
— Uau, eu amei suas cuecas novas! Elas são lindas.
Onde você as comprou? — disse a garota americana. Parents Pais
— O quê???? — o homem inglês respondeu com
Relatives Parentes
uma expressão de surpresa em seu rosto. 295
ENGLISH PORTUGUÊS Muito fácil, “mamão com
A piece of cake
açúcar”
Beef Carne bovina
Pessoas iguais, “farinha
Fabric Tecido Two peas in a pod
do mesmo saco”
Pretend Fingir The last straw O limite, “a gota d’água”
Order Pedir As far as I know Até onde eu sei

Abusar de algo, “passar


Dica To be out of line
da conta”
Por via das dúvidas quanto ao uso de uma palavra
To hit the road Pegar a estrada
e seu significado, alguns renomados dicionários
como o Oxford Dictionary e o Merriam-Webster To be saved by the bell Ser “salvo pelo gongo”
Dictionary possuem suas versões online hoje,
“Quebrar o gelo”,
o que pode auxiliar o estudante a conferir rapi- To break the ice
descontrair
damente em seu computador ou celular se uma
palavra é cognata ou não.
Observe que na tabela acima, algumas expressões
possuem equivalentes na língua portuguesa e outras
EXPRESSÕES IDIOMÁTICAS
não. Isso ocorre devido o fato de que traduções não
são suficientes para entender o contexto de um idio-
Todo idioma possui uma gama de expressões
ma, é preciso entender a cultura, a história, o humor
idiomáticas oriundas de sua cultura, do folclore, dos
e até a população de um país para realmente poder
costumes e as interações entre grupos sociais em um
entender como este idioma foi construído e funda-
país. As expressões idiomáticas no inglês são frases
que não significam exatamente o que se esperaria tra- mentado. Este aprofundamento, permitirá um conhe-
duzindo-as ao pé da letra. Em alguns casos, as expres- cimento mais amplo do idioma, o que será benéfico
sões possuem equivalente na língua portuguesa, em sempre que se fizer necessário estudar aspectos lin-
outros são tão característicos daquela cultura que guísticos que estão intrinsecamente relacionados à
sequer possuem um equivalente direto e precisam ser cultura, aos costumes e à população de um país.
explicadas com outras palavras.
Algumas expressões são utilizadas em conversas ESTRATÉGIAS PARA INTERPRETAR TEXTOS
comuns do cotidiano, cada qual tem sua peculiari-
dade, sem regras que padronizem seu uso. Basta um Na hora de interpretar um texto em inglês, antes
conhecimento mais popular do idioma, através de mesmo de se iniciar a leitura, deve-se responder à
músicas, filmes, séries e vídeos, para ser capaz de algumas perguntas que identificam pontos cruciais
identificar quando uma expressão não quer dizer o do texto, capazes de estabelecer critérios úteis para
que ela literalmente significaria ao ser traduzida. Con- facilitar a interpretação no momento em que a leitura
fira uma lista de expressões idiomáticas comuns na será realizada. Confira a seguir:
língua inglesa:
z Identificar quem é o autor;
z Identificar quem é o narrador (por vezes é o pró-
To make a long face Fazer cara de desgosto
prio autor);
To make something up Inventar uma história z Identificar a quem o texto se dirige, seu público;
z Identificar o gênero textual em questão;
Recompor suas emo-
To pull yourself together
ções, endireitar-se Ao iniciar um breve escaneamento destas infor-
Assumir o lugar de mações iniciais a leitura corrente será facilitada. Além
To fill in someone’s shoes disso, duas práticas distintas que se caracterizam
alguém
como estratégias úteis para a interpretação de textos
Resolver tarefas fora de
To run errands em inglês são o scanning e o skimming.
casa
O scanning é a prática de escanear, passar os olhos
Pensar e expor ideias, pelo texto em busca de palavras-chave, dados, nomes,
To come up with
soluções números, entre outros elementos que possam contex-
tualizar o texto antes mesmo que a leitura seja realiza-
Estar esgotado com algo
To be fed up with da; trata-se de uma busca por informações específicas
ou alguém
e pertinentes para compreender o texto.
To cost an arm and a leg Custar muito caro O skimming refere-se à uma leitura de trechos do
texto, talvez parágrafos isolados, sem a necessidade
Chicken feed Salário baixo
de ler o texto todo, para adquirir uma compreensão
Raining cats and dogs Chuva muito forte do sentido geral do texto de maneira rápida e eficien-
te, esta estratégia pode auxiliar aqueles que precisam
To give the could
Ignorar alguém ganhar tempo durante a leitura de textos técnicos e
shoulder
296 extensos.
Ambas as técnicas são mais poderosas e eficazes quando suas forças se unem, pois a leitura, ainda que rápida
e sem muito aprofundamento, torna-se mais fácil quando guiada por estes recursos.

ADJETIVOS
Os adjetivos dão características aos substantivos, a fim de expressar o estado, a condição, a qualidade ou os
defeitos a eles. Em inglês, podem apresentar variação quanto ao grau, podendo estabelecer relações comparativas
ou superlativas. No entanto, não possuem variação quanto ao gênero (masculino e feminino) e número (singular e
plural), como ocorre na língua portuguesa. Sendo assim, um adjetivo é usado de maneira imutável para referir-se a
qualquer substantivo, seja ele no masculino ou no feminino, no singular ou no plural. Veja a seguir alguns exemplos:

Those lazy boys don’t help at home.


(Aqueles meninos preguiçosos não ajudam em casa)

Mary and John adopted three black dogs.


(Mary e John adotaram três cachorros pretos)

Which brownie do you prefer: the small chocolate-chip ones or the big chocolate ones?
(Quais brownies você prefere: os pequenos de pepitas de chocolate ou os grandes de chocolate?)

Tipos de adjetivos

Podemos classificar os diferentes tipos de adjetivos em alguns grupos específicos conforme a ideia que expres-
sam em uma oração. Observe a tabela:

TIPOS EXEMPLO

Adjetivos de tamanho big (grande), small (pequeno), huge (enorme), tiny (minúsculo).

Adjetivos de cor green (verde), Orange (laranja), blue (azul), silver (prateado).

Adjetivos de material plastic (plástico), metal (metal), cotton (algodão), wood (madeira).

Adjetivos de origem Chinese (chinês), American (americano), Canadian (canadense).

Adjetivos de opinião beautiful (bonito), weird (estranho), awful (horrível), good (bom).

Adjetivos de religião atheist (ateu), catholic (católico), jewish (judeu), buddist (budista).

Adjetivos de propósito soccer-field (campo de futebol), desk (mesa), flip-flops (chinelos).

Adjetivos de idade old (velho), young (jovem), teenager (adolescente), adult (adulto)

Adjetivos de formato square (quadrado), round (redondo), triangular (triangular).

Ordem dos adjetivos

Antes de mais nada, deve-se ter bem claro que a posição e ordem dos adjetivos em inglês funciona de forma
diferente do uso comum em português. Os adjetivos em inglês devem vir antes do substantivo.

She has a blue car.


(Ela tem um carro azul)

The red-haired boy was running.


(O menino ruivo estava correndo)

Would you give me that round pillow, please?


(Você me daria aquele travesseiro redondo, por favor?)

I like the black and white sneakers better.


(Eu gosto mais do tênis preto e branco)
INGLÊS

Além disso, quando a oração apresenta mais de um adjetivo, é preciso seguir uma ordem específica. Observe
o esquema abaixo e confira alguns exemplos:

Opnião → Tamanho → Idade → Formato → Cor → Origem → Religião → Material → Propósito → Nome
297
That was a pretty (1) little (2) Baptist (3) church (4). // Aquela era uma igrejinha batista pequena e bela.

(1 opinião > 2 tamanho > 3 religião > 4 nome)

Those were some really ugly-looking (1) brown (2) leather (3) horseback-riding (4) pants (5). // Aquelas
calças de couro marrons de cavalgar eram muito feias.

(1 opinião > 2 cor > 3 material > 4 propósito > 5 nome)

I lost my heart-shaped (1) yellow (2) Indian (3) cotton (4) pillow (5) on our trip to Bali! // Eu perdi minha
almofada amarela de formato de coração de algodão indiano na nossa viagem para Bali!

(1 formato > 2 cor > 3 origem > 4 material > 5 nome)

ADJETIVOS POSSESSIVOS

Os adjetivos possessivos no inglês são parecidos com os pronomes possessivos e à maneira como os usamos.
Em uma oração, eles pedem que um substantivo os acompanhe logo após seu uso. Observe os adjetivos possessi-
vos juntamente com o pronome a quem se referem:

PRONOME ADJETIVO POSSESSIVO EXEMPLO TRADUÇÃO

I My I love my family Eu amo minha família.

You Your Is this your brother? Este é teu irmão?

He His He needs his wallet. Ele precisa de sua carteira.

She Her Her mom is sick. A mãe dela está doente.

It Its Where’s its toy? Onde está o brinquedo dele/dela?

We Our We love to spend our money! Nós amamos gastar nosso dinheiro!

You Your The teacher loves your kids. A professora ama seus filhos.

They Their Their car is very noisy. O carro deles é muito barulhento.

Grau dos adjetivos

Quando falamos em grau de adjetivos em inglês, referimo-nos a dois tipos: aos adjetivos comparativos e aos
adjetivos superlativos, eles se referem aos adjetivos relativos da língua inglesa.

ADJETIVOS RELATIVOS

Comparativos

Usamos os adjetivos comparativos para estabelecer comparação entre dois ou mais seres (substantivos),
podendo esta comparação ser:

De igualdade (tanto... quanto):


She is as intelligent as her sister.
(Ela é tão inteligente quanto a irmã dela)

De superioridade (mais que):


They run faster than their cousins.
(Eles correm mais rápido que seus primos)
Jenna was more competitive than the rest of the group.
(Jenna era mais competititva que o resto do grupo)

De inferioridade (menos que):


My brother can read less words than I can.
(Meu irmão consegue ler menos palavras que eu)

Uma regra gramatical importante a ser estabelecida quanto aos comparativos é o uso de -er ou -ier em adje-
tivos com 3 ou menos sílabas, como em fast – faster ou busy – busier, seguidos de than (do que) para estabelecer
relação de comparação; e o uso de more ou less seguido de adjetivos com 3 ou mais sílabas, como em interesting
298 – more interesting/less interesting, igualmente seguido de than (do que) para estabelecer relação de comparação.
She is prettier than the other girls.
(Ela é mais bonita que as outras garotas)

She is more beautiful than the other girls.

(Ela é mais bonita que as outras garotas)

Superlativos

Usamos os adjetivos superlativos para intensificar o grau de superioridade ou inferioridade de um ser (subs-
tantivos) em detrimento de outros.

De inferioridade (o menos, o pior):


He is my least favorite character in the movie.
(Ele é o meu herói menos favorito do filme)
Was it the worst party you’ve ever been to?
(Foi a pior festa a que você já foi?)

De superioridade (o/a mais, o melhor):


This is the busiest avenue in the city.
(Esta é a avenida mais movimentada da cidade)
They have the most profitable business in Dubai.
(Eles têm o negócio mais rentável de Dubai)
He was the best tennis player in the world.
(Ele é o melhor jogador de tênis do mundo)

Uma regra gramatical importante a ser estabelecida quanto aos superlativos é o uso de -est ou -iest (no caso de
adjetivos terminados em y) em adjetivos com 3 ou menos sílabas, como em nice – nicest ou pretty – prettiest, ante-
cedido do artigo the. Em alguns casos, quando há a sequência consoante + vogal + consoante (cvc), como no caso
do adjetivo big ou fun, deve-se dobrar a última consoante e acrescentar -est à palavra (the biggest; the funnest). No
caso de adjetivos com mais de 3 sílabas, devemos colocar the most (o/a mais) antes dele. Confira:

This is the prettiest purse in stock.


(Esta é a bolsa mais bonita do estoque)
This is the most beautiful purse in stock.
(Esta é a bolsa mais bonita do estoque)

Importante!
Um dos erros mais comuns do estudante de língua inglesa é confundir o superlativo com o comparativo. Para
evitar este problema, lembre-se que o comparativo sempre expressa a ideia de adjetivos que comparam dois
ou mais seres. Já o superlativo qualifica superior ou inferior apenas um ser em relação a todos os outros.

ADJETIVOS INTERROGATIVOS

Os adjetivos interrogativos são também conhecidos na língua inglesa como Wh- questions. No entanto, não são
todos que se qualificam como adjetivos. Os adjetivos interrogativos são utilizados em perguntas acompanhando
os substantivos, ou seja, quantificando e qualificando-os de algum modo. Observe a tabela e seus respectivos
exemplos:

O quê, o que, que,


WHAT What route should we take? Que rota devemos tomar?
qual, quais

WHICH Qual, quais, que Which one do you prefer? Qual deles você prefere?

WHOSE De quem Whose book is this? De quem é este livro?

HOW MUCH Quanta, quanto How much water did you drink today? Quanta água você bebeu hoje?

Quantos anos você passou no


HOW MANY Quantos, quantos How many years have you spent abroad?
exterior?
INGLÊS

ADJETIVOS DETERMINANTES

Quando falamos em adjetivos determinantes, nos referimos aos adjetivos que usamos para determinar sobre
qual substantivo estamos falando em uma oração. Confira na tabela a seguir os principais adjetivos determinan-
tes e seus usos em exemplos. 299
This (este, esta, isto) This cake is huge Este bolo é enorme

These (estes, estas) These shoes are ugly. Estes sapatos são feios.

That (aquele, aquela) That book was old. Aquele livro era velho.

Those (aqueles, aquelas) Those kids can’t swim Aquelas crianças não sabem nadar.

All my classmates skipped class Todos os meus colegas faltaram a aula


All (todo, toda, todos, todas)
today hoje.

Neither (nenhum, nenhuma) Neither car is for sale Nenhum dos carros está à venda.

Every (cada, todo, toda) Every girl in town knows him. Toda garota da cidade o conhece.

Both (ambos, os dois) Both my parents love musicals. Ambos meus pais amam musicais.

Each (cada, cada um) Each one of you can learn. Cada um de vocês pode aprender.

Either (qualquer um, ambos,


We can chose either book. Podemos escolher qualquer livro.
nenhum)

Other (outro, outra, outros, outras) She has other problems Ela tem outros problemas

Eu poderia comer uma outra fatia de


Another (um outro, uma outra) Can I have another slice of pie?
torta?

ADVÉRBIOS
Advérbios são classes de palavras responsáveis por alterar o sentido do verbo. Dependendo do tipo de sentido
que conferem à oração, os advérbios podem ser classificados em advérbios de tempo, modo, lugar, afirmação,
negação, ordem, dúvida, intensidade, frequência e advérbios interrogativos. Veja a seguir a explicação para cada
tipo e seus respectivos exemplos.

TIPOS DE ADVÉRBIOS

Advérbios de tempo

Expressa o tempo em que a ação é realizada.

SHORTLY We’ll be with you shortly. Estaremos com vocês brevemente.

IMMEDIATELY Put your coat on immediately. Coloque seu casaco imediatamente.

SOON The doctor will be here soon. O médico estará aqui em breve.

LATELY Why is she so upset lately? Por que ela está tão chateada ultimamente?

NOW Let’s go now. Vamos agora.

Advérbios de modo

Expressa o modo ou a maneira como a ação é realizada.

SLOWLY He kissed me slowly. Ele me beijou vagarosamente.

CAREFULLY You need to lift it carefully. Você precisa levantá-lo cuidadosamente.

GLADLY They gadly received our gift. Eles alegremente receberam nosso presente.

BEAUTIFULLY He plays the cello beautifully. Ele toca o violoncelo lindamente.

QUICKLY I’ll try to finish it quickly. Tentarei terminar rapidamente.

Advérbios de lugar

Expressa o lugar em que a ação é realizada.

300
THERE Did you see them there? Você os viu lá?

WHEREVER We can go wherever you want. Nós podemos ir a qualquer lugar que você quiser.

BEHIND The shoes were behind the door. Os sapatos estavam atrás da porta

FURTHER He can’t be further from the truth. Ele não podia estar mais longe da verdade.

NEAR There’s na excelente pizza place near here. Há uma ótima pizzaria perto daqui.

Advérbios de afirmação

Expressa certeza com relação à ação em questão.

SURELY She surely knows how to dance. Ela certamente sabe dançar.

INDEED They indeed hate you. Eles de fato te odeiam.

CERTAINLY John certainly didn’t mean no harm. John certamente não quis fazer mal algum.

EVIDENTLY The kids evidently love their parents. As crianças evidentemente amam seus pais.

OBVIOUSLY He obviously loves you. Ele obviamente te ama.

Advérbios de negação

Expressa negação quanto a ação em questão.

NO No, we can’t. Não, nós não podemos.

NOT He is not the guy for you. Ele não é cara para você.

Advérbios de ordem

Expressa a sequência ou a ordem em que as ações na oração são realizadas.

FIRST You said it first! Você disse primeiro!

SECONDLY And, secondly, I’m really bad at making friends. E, em segundo lugar, eu sou ruim em fazer amigos.

Em terceiro lugar, eles nem mesmo entenderam o que


THIRDLY Thirdly, they didn’t even understand what I said.
eu disse.

LASTLY Lastly, they played my favorite song. Por último, eles tocaram minha música favorita.

Advérbios de dúvida

Expressa dúvida ou questionamento quanto à ação.

MAYBE Maybe she doesn’t like cats. Talvez ela não goste de gatos.

POSSIBLY Anna possibly speaks Chinese. Anna possivelmente fala chinês.

PERHAPS Perhaps I should be studying math. Talvez eu deva estudar matemática.

PROBABLY They probably had too much to drink. Eles provavelmente beberam demais.

Advérbios de intensidade

Expressa a intensidade com a qual a ação é realizada.

STRONGLY She strongly agrees with them. Ela concorda veementemente com eles.
INGLÊS

BARELY They barely talked to me. Eles mal falaram comigo.

EXACTLY He knew exaclty what I wanted. Ele sabia exatamente o que eu queroa.

301
My parents gave me nearly enough money to Meus pais me deram dinheiro quase o suficiente para
NEARLY
travel. eu viajar.

QUITE I’m not quite sure. Eu não tenho completa certeza.

Advérbios de frequência

Expressa a frequência em que uma ação é realizada.

RARELY He rarely calls. Ele raramente liga.

NEVER Mom never says how much she cares. Mamãe nunca diz o quanto ela se importa.

USUALLY I usually wake up at 7. Eu geralmente me levanto às 7.

OFTEN Ian often visits his grandparents. Ian frequentemente visita seus avós.

ALWAYS She’s always so clever. Ela é sempre tão esperta.

Advérbios interrogativos

Mudam de forma interrogativa a maneira como a ação é realizada.

WHEN When is she coming? Quando ela vem?

WHERE Did you she where she went? Você viu onde ela foi?

HOW How much do you feed your dog? Quanto você alimenta o seu cachorro?

WHY Why didn’t they come? Por que eles não vieram?

SUBSTANTIVOS
Os substantivos são responsáveis por nomear os seres, podendo eles serem objetos, pessoas, lugares, emoções,
fenômenos da natureza, animais etc.. Dentre todos os elementos importantes de serem aprendidos em um outro
idioma, os substantivos compõem uma classe de palavras cruciais para a construção de um bom aprendizado na
língua inglesa, pois é a partir deles que se constitui um vasto conhecimento de vocabulário. Podemos classificar
os substantivos em dois grupos: proper nouns (substantivos próprios) e common nouns (substantivos comuns).

TIPOS DE SUBSTANTIVOS

PROPER NOUNS EXEMPLOS SIGNIFICADO

Caroline Caroline
Referem-se ao nome dos seres de
Australia Austrália
modo específico, indicando o nome de
London Londres
pessoas, de locais, dos dias e meses,
Architect Arquiteto
nomes próprios de instituições, mar-
Friday Sexta-feira
cas e organizações, de profissões etc..
Pepsi Pepsi

COMMON NOUNS

Referem-se ao nome dos seres de mesma categoria ou família, ou seja, o nome das coisas e dos objetos, em geral,
podendo ser algo físico, subjetivo, abstrato, contável, incontável, composto ou não. Observe os exemplos em suas
diferentes categorias:

Comuns Significado

Tree Árvore
Leaf Folha
Flower Flor
Grass Grama
Dirt Terra

302
COMMON NOUNS

Concretos Significado

Chair Cadeira
Fantasy Fantasia
Armor Armadura
Bee Abelha
Dream Sonho

Coletivos Significado

Kennel Canil
People Pessoas
Shoal Cardume
Herd Manada
Grove Arvoredo

Abstratos Significado

Love Amor
Hate Ódio
Encouragement Encorajamento
Kindness Bondade
Spirit Espírito

COMMON NOUNS

Contáveis Significado

Table Mesa
Pencil Lápis
Pillow Travesseiro
Door Porta

Incontáveis Significado

Bread Pão
Water Água
Advice Conselho
Information Informação

Compostos Significado

Scuba-diving Mergulho
Stepson Enteado
Newsstand Banca de jornal
Train station Estação de trem

GÊNERO DOS SUBSTANTIVOS

Diferentemente da língua portuguesa em que as terminações dos substantivos podem indicar o gênero de
quem se refere na oração (rico/rica; estressado/estressada; ocupado/ocupada), em inglês, os substantivos não
possuem gênero gramatical. Porém, vale ressaltar que existem algumas mudanças nos substantivos para indicar
o gênero em alguns casos. Confira:

MALE MASCULINO FEMALE FEMININO

Actor Ator Actress Atriz

Waiter Garçom Waitress Garçonete

Host Anfitrião Hostess Anfitriã


INGLÊS

Lion Leão Linoness Leoa

Heir Herdeiro Heirness Herdeira

Nos demais casos, são substantivos diferentes os que serão usados para representar uma pessoa do sexo femini-
no e uma pessoa do sexo masculino — mother (mãe) e father (pai); chicken (galinha) e rooster (galo); nephew (sobri-
nho) e niece (sobrinha). Os demais substantivos da língua inglesa são todos neutros, ou seja, podem representar 303
qualquer sexo ou gênero — lawyer (advogado, advo-
SINGULAR PLURAL TRADUÇÃO
gada); doctor (médico, médica); employee (funcioná-
rio, funcionária); teacher (professor, professora). Man Men Homem/homens

Woman Women Mulher/Mulheres


Importante! Child Children Criança/crianças
Note que nem sempre haverá formas distintas Mouse Mice Camundongo/Camundongos
para cada gênero quando se trata dos substan-
tivos, portanto saiba que a língua inglesa age Lice Louce Piolho/piolhos
muitas vezes de forma neutra com relação a
questões linguísticas de gênero, ou seja, não faz
distinção entre gêneros (masculino, feminino
etc..). ARTIGO
No inglês, temos duas classes de artigos: artigo
PLURAL DOS SUBSTANTIVOS definido e indefinido, sendo o artigo definido o the (o,
a, os, as) e os artigos indefinidos o a, an (um, uma, uns,
Quanto ao plural dos substantivos em inglês, é pre- umas). Algumas regras devem ser aplicadas para o
ciso observar algumas regras e exceções com relação uso correto do artigo definido the. Confira:
ao sufixo ou às terminações de cada palavra. Como via
de regra, em geral é só acrescentar o –s ou -es, no caso z Não se deve usar o artigo the antes de nomes pró-
de palavras terminadas em em –s, –ss, –ch, –sh, –x, –z prios, como Joana, Bianca, Vancouver, São Paulo
e –o, ao fim da palavra para que ela se torne plural. etc.).

Incorreto: The Bianca is a very nice girl” (A Bian-


SINGULAR PLURAL TRADUÇÃO
ca é uma garota muito legal)
Car Cars Carro/carros Correto: Bianca is a very nice girl (Bianca é uma
garota muito legal)
Bus Buses Ônibus/ônibus

Brother Brothers Irmão/irmãos Importante saber que, há uma exceção para o caso
de nomes próprios, pode-se usar o artigo the quando
Kid Kids Criança/crianças falamos de uma família de pessoas usando seu sobre-
nome, Ex.: the Martins (os Martins), the Kennedy (os
Batch Batches Fornada/fornadas
Kennedy), the Willsons (os Willsons), etc.
Matress Matresses Colchão/colchões
z Não se deve usar o the antes de substantivos que
No entanto, no caso de alguns substantivos, quan- expressam ideia de generalização, caso contrá-
rio a ideia expressa passa a ser sobre um grupo
do sua terminação for em -y precedido de uma con-
específico.
soante, é preciso retirar o -y e substituí-lo por -ies.
Incorreto: The monkeys eat bananas (Os macacos
SINGULAR PLURAL TRADUÇÃO comem bananas)
Correto: Monkeys eat bananas (Macacos comem
Story Stories História/histórias bananas).
Baby Babies Bebê/bebês
z Não se deve usar o the antes de idiomas, como Ger-
City Cities Cidade/cidades man, English, French, Italian etc.
Butterfly Butterflies Borboleta/borboletas
Incorreto: They study the Portuguese at school.
(Eles estudam o português na escola)
Quando a palavras terminadas em -f ou -fe, é neces- Correto: They study Portuguese at school. (Eles
sário tirar -f ou -fe e substituí-los pela partícula –ves. estudam português na escola)

SINGULAR PLURAL TRADUÇÃO Observe agora os casos em que se deve utilizar o


artigo the:
Leaf Leaves Folha/folhas
z Usa-se o the antes de substantivos únicos em sua
Wolf Wolves Lobo/lobos
espécie ou para referir-se a um único ser de modo
Wife Wives Esposa/esposas específico:

Knife Knives Faca/facas The ocean is still a mystery. (O oceano ainda é um


mistério)
Em outros casos, os substantivos são irregulares, The blue macaw is endangered. (A arara-azul está
ou seja, tornam-se outra palavra ao serem passados ameaçada de extinção)
304 para o plural. Veja alguns exemplos: The cat was missing (O gato estava perdido)
z Usa-se o the em orações cujo substantivo já foi The National Bank was bankrupt. (O Banco Nacio-
mencionado anteriormente pelo interlocutor, nal estava falido)
pressupondo-se que a pessoa a qual a mensagem
se direciona já saiba do que se está falando. z Usa-se o the antes de nomes de instrumentos musi-
cais, ritmos e danças.
The job is perfect for you! (O emprego é perfeito
para você!) She loves to play the piano (Ela ama tocar piano)
They saw the damage and got worried. (Eles viram They were playing the tuba. (Eles estavam tocando
o estrago e ficaram preocupados)
tuba)
The tango is an Argentinian dance (O tango é uma
z Usa-se o the para falar de pontos específicos do glo-
dança argentina)
bo terrestre.
z Usa-se o the antes de nomes de construções e obras
The Equator is a pointer for countries’ weather (O famosas.
Equador é um indicador para o clima dos países)
They were discussing the Greenwich meridian sca- We just saw the Eiffe Tower (Acabamos de ver a
les. (Eles estavam discutindo sobre as escalas do Torre Eiffel)
meridiano de Greenwich) The Coliseum is outstanding! (O Coliseu é incrível)
We love the Sistine Chapel (Nós amamos a Capela
z Usa-se o the antes de nomes de fluviais como rios, Sistina)
mares, canais e oceanos.
z Usa-se o the para nos referirmos ao elemento gra-
The Nile is the longest river on Earth. (O Nilo é o matical de gradação comparativa (quanto mais...,
rio mais longo do mundo) quanto menos...)
They sailed through the Pacific Ocean. (Eles veleja-
ram pelo Oceano Pacífico) The less we speak the better. (Quanto menos falar-
mos, melhor)
z Usa-se o the antes de áreas geográficas do plano The more we study the more tired we get. (Quanto
cartesiano (norte, sul, leste, oeste etc.)
mais estudamos, mais cansadas ficamos)
The cheaper the clothes the worse their quality.
The northeast of Brazil is a dry place (O nordeste do
(Quanto mais barata a roupa, pior a qualidade)
Brasil é um local árido)
They went to the south. (Eles foram para o sul)
z Usa-se o the antes de números ordinais.
z Usa- se o the antes de adjetivos que tomam forma
de substantivos no plural. She lives on the 1st floor. (Ela mora no 1º andar)
The party is on the 23rd of June. (A festa é no 23º dia
She could smell the flowers from her room. (Ela de junho)
podia sentir o cheiro das flores de seu quarto)
They love driving the race cars. (Eles amam dirigir Quanto aos artigos indefinidos a e an, é válido
os carros de corrida) mencionar a diferença de uso entre ambas as pala-
vras. Usamos a quando o substantivo em seguida se
z Usa-se o the antes de nomes de grupos de ilhas, inicia com uma consoante ou com o som de consoan-
cadeias, montanhas e golfos. te; já o an, usamos quando a palavra que o sucede se
inicia com uma vogal ou com o som de uma vogal.
They went to the Bahamas. (Eles foram para as
Bahamas) z She is a teacher. (Ela é uma professora)
She visited The Maldives on her birthday. (Ela visi- z She is an engineer. (Ela é uma engenheira)
tou as Ilhas Maldivas em seu aniversário)
Algumas palavras específicas da língua inglesa
z Usa-se o the antes de países com nomes compostos
são grafadas com letras iniciais em consoantes que
ou que expressam plural.
não possuem som ao serem pronunciadas, nestes
The USA fought against Germany. (Os Estados Uni- casos usamos os artigos na. Ex.: an hour (uma hora);
dos lutaram contra a Alemanha) an homage (uma homenagem); an honest man (um
Have you ever been to The Netherlands? (Você já homem honesto.
esteve nos Países Baixos)

z Usa-se o the antes de nomes de jornais, bancos e Importante!


instituições privadas bem como ONGs e órgãos
INGLÊS

O uso de a e an serve apenas para o singular,


públicos:
quando os substantivos se apresentam no plural,
The UNO decided to stop violence. (A Organização deve-se utilizar elementos quantificadores como
das Nações Unidas decidiu parar a violência) many (muitos), much (muito), some (alguns),
The New Yorker just tweeted about it. (O New Yor- any (algum, nenhum), a few (alguns) etc..
ker acabou de tuítar sobre isso) 305
CONJUNÇÕES
Seja em inglês ou em português, as conjunções são responsáveis por conectar a ideia de uma oração a outra,
estabelecendo relação entre elas, podendo acrescentar informações, contrapor ou explicar ideias. Veja a seguir a
forma como uma conjunção é capaz de unir ideias de orações separadas.

John was very frustrated. John got fired. (John estava muito frustrado. John foi demitido)
John was very frustrated because he got fired. (John estava muito frustrado porque ele foi demitido)

A conjunção because conectou as orações de maneira natural, organizando as ideias sem que haja quebra na
narrativa da oração. Confira a seguir algumas das conjunções mais usadas da língua inglesa e exemplos:

CONJUNÇÃO SIGNIFICADO EXEMPLO TRADUÇÃO

E: une ideias e acrescenta She went to the store and bought Ela foi ao mercado e comprou
And
informações some fruits. algumas frutas

Mas, porém: indica Ele amava conversar, mas ele se


But He loved talking but he felt shy.
contraste, contraponto sentiu tímido.

Então, sendo assim: Mark estava com sede, então


Mark was thirsty, so he stopped to
So expressa consequência ele parou para beber um pouco
drink some water before running.
ou efeito de água antes de correr.

Embora, apesar de: indica Although she was tired, she went Embora ela estivesse cansada,
Although
contraposição, contraste for a walk ela foi caminhar.

Would you rather stay home or go Você prefere ficar em casa ou ir


Or Ou: indica opção
to the mall? para o shopping?

Embora, porém: expressa


They were willing to start, the rain, Eles estavam dispostos a come-
However contraste, contraponto
however, poured outside. çar, a chuva, porém, caía lá fora.
(formal de but)

Nossa aula acabou, sendo as-


Sendo assim: expressa Our class is over, therefore we
Therefore sim podemos discutir isso na
conclusão can discuss it on Monday.
segunda-feira.

Ele não me mandou mensa-


Porque: expressa motivo, He didn’t text me because his
Because gem porque seu celular estava
razão phone was broken.
quebrado.

If Se: indica condição I’ll only go if you come with me. Eu só vou se você for comigo.

Desde, já que: expressa a Já que você está indo a cozinha,


Since you’re going to the kitchen,
Since causa ou o início de uma você poderia me arranjar um
could you fetc.h me some water?
ideia pouco de água?

MODAL AUXILIARIES
Verbos modais constituem um tipo de verbo auxiliar e funcionam, basicamente, como facilitadores do verbo
principal quando esse quer sugerir ideia de potencialidade, expectativa, permissão, habilidade, possibilidade ou
obrigação.
Quando utilizados juntamente com o verbo principal, os verbos modais não irão terminar em “-s” para a ter-
ceira pessoa do singular. Além disso, verbos modais não apresentam mudanças de forma, a não ser no passado,
quando apresentarão forma específica. Vejamos:

PRESENT TENSE PAST TENSE

Will Would

Can Could

Must (Had to)

May Might

Should Should

306
Will e Would

O verbo will indica a intenção de realizar uma ação no futuro. Sua forma negativa, will not (won’t) indica, por
sua vez, uma recusa ou relutância na realização da ação. Exemplos:

z I will give you another hug tomorrow. (Eu te darei outro abraço amanhã.)
z He’ll travel in September. (Ele viajará em setembro.)
z They will not play with us today. (Eles não jogarão conosco hoje.)
z He won’t be able to make it in time. (Ele não conseguirá chegar a tempo.)

Já o verbo would indica a intenção constante de realizar uma ação no passado. No presente, would pode indi-
car preferência por algo. Exemplos:

z We thought that people would play this game. (Nós pensamos que as pessoas jogariam esse jogo.)
z Whenever your parents had to go away, you would throw a party. (Sempre que seus pais tinham que sair, você
dava uma festa.)
z I would like to bake a cake today. (Eu gostaria de assar um bolo hoje.)

Can, Could, May e Might

A função exercida por estes verbos modais é a de expressar possibilidade ou habilidade de realização. Can
indica a certeza de realização, já could aponta para a possibilidade de realização. Vejamos:

z She can do it. (Ela pode fazer isso. Tem-se a certeza de que ela consegue executar a ação.)
z She can’t do it. (Ela não pode fazer isso. – Uso da forma negativa can + not, indicando certeza da impossibili-
dade de execução da ação.)
z She could do it. (Ela poderia fazer isso. Tem-se a possibilidade de que ela conseguiria executar a ação.)
z She couldn’t do it. (Ela não poderia fazer isso. Uso da forma negativa could + not, indicando a incerteza de
que ela poderia executar a ação.)

Além desses significados, can e could podem indicar, também, possibilidade de que algo aconteça. Vejamos:

z The temperature can rise this year. (A temperatura pode subir esse ano.)
z It could snow later. (Poderia nevar mais tarde.)

May e might indicam, também, possibilidade. Porém, se for utilizado o modal might, a certeza da possibilida-
de será menor do que quando for utilizado o modal may. Exemplos:

z They may fight tonight. (Eles podem brigar à noite. Possibilidade maior de ocorrência.)
z They might fight tonight. (Eles podem brigar à noite. Possibilidade menor de ocorrência.)

Must

O verbo must indica necessidade. Vejamos alguns exemplos:

z She must go now. (Ela precisa ir agora).


z They must reach the airport by 5 pm. (Eles precisam chegar ao aeroporto até às 5 da tarde.)

Quando precisamos indicar uma situação de necessidade no passado, usaremos a forma had to. Vejamos:

z She had to leave early to catch her flight. (Ela precisou sair mais cedo para pegar seu voo.)

Should

O verbo should indica obrigação e probabilidade. Vejamos exemplos:

z You should’ve arrived earlier. (Você deveria ter chegado mais cedo.)
z You should not drink and drive. (Você não deveria beber e dirigir.)
z She should have called by now. (Ela já deveria ter ligado.)
INGLÊS

307
PREPOSIÇÕES
Assim como no português, as preposições na língua inglesa são elementos que funcionam como conectivos
entre orações, ligando-as de acordo com a relação que se pretende estabelecer entre uma informação e outra,
completando o sentido de uma frase por completo. Algumas preposições são recorrentes e aparecem em quase
toda comunicação verbal na língua inglesa. Conheça a seguir algumas delas:

IN DENTRO DE; EM; DE; NO; NA.

Usamos a preposição in para indicar tempo.


She was born in July.
(Ela nasceu em julho)
Usamos a preposição in para indicar lugar.
Oliver lives in Romenia.
(Oliver mora na Romênia)
Usamos a preposição in para indicar que um objeto ou pessoa está dentro de um determinado local.
Her pencils are in her pencil case.
(Os lápis dela estão em seu estojo)
Lucas is working in his bedroom.
(Lucas está trabalhando em seu quarto)

AT À; ÀS; EM; NA; NO

Usamos a preposição at para falar as horas.


Is this meeting at 5 pm?
(Esta reunião é às 17h?)
Usamos a preposição at para falar sobre endereços completos (com número, nome da rua, entre outros
elementos).
They live at 97 Broadway Street, California.
(Eles moram na Rua Broadway, número 97, na Califórnia)
Usamos a preposição at para indicar locais específicos.
He works at the National Bank.
(Ele trabalha no Banco Nacional)
Will you be waiting for us at the airport?
(Você estará esperando por nós no aeroporto?)

ON SOBRE A; EM CIMA DE; ACIMA DE; EM; NO; NA.

Usamos a preposição on para indicar tempo de modo específico.


She was born on July 17th, 1992.
(Ela nasceu em 17 de julho de 1992)
Usamos a preposição on antes dos dias da semana.
We have to work on the weekend.
(Nós temos que trabalhar no fim de semana)
Ron never goes jogging on Sundays.
(Ron nunca faz cooper aos domingos.)
Usamos a preposição on para indicar que um objeto ou pessoa sobre determinada superfície.
Her pencils are on her desk.
(Os lápis dela estão em sua escrivaninha)
Joseph is dancing on the stage.
(Joseph está dançando no palco)
Usamos a preposição on para indicar endereços (apenas nomes).
The office is on Maple Avenue.
(O escritório é na avenida Maple)
Usamos a preposição on para falar de meios onde informações estão disponíveis.
We watch the Oprah Winfrey show on TV.
(Nós assistimos ao show da Oprah Winfrey na TV)
You can purchase our products on our website.
(Você pode adquirir nossos produtos em nosso site)

308
FOR PARA; DURANTE; POR; HÁ.

Usamos a preposição for para indicar a finalidade de algo.


My wife uses our porch area for painting.
(Minha esposa usa nossa área da sacada para pintar)
Usamos a preposição for para expressar o motivo ou o propósito do objeto em questão.
This store is for women only.
(Esta loja é apenas para mulheres)
Usamos a preposição for para indicar a duração de tempo de algum evento ou acontecimento.
He has been working in that company for eleven years.
(Ele trabalha naquela empresa há onze anos)
You’ve been in the bathroom for half an hour.
(Você está no banheiro há uma hora)

TO PARA; A.

Usamos a preposição to para indicar deslocamento de um local ao outro, movimento ou destino.


His family is moving to Australia in a month.
(A família dele vai se mudar para a Austrália em um mês)
Grandma is going to the store.
(A vovó está indo à loja)
Usamos a preposição to para indicar a duração de tempo de um acontecimento entre seu início e seu fim.
We studied together from 2011 to 2016.
(Nós estudamos juntos de 2011 a 2016)
Usamos a preposição to para estabelecer comparação.
We prefer drinking juice to drinking soda.

Além destas preposições, existem diversas outras que indicam lugar e lugar. Confira a seguir:

PREPOSIÇÕES DE TEMPO SIGNIFICADO

Before Antes

After Depois

During Durante

Since Desde

For Por

Until/till Até

From Desde, da, das

Up to Até agora

By Até

At Às

Ago Atrás

Past Antes (hora)

PREPOSIÇÕES DE LUGAR SIGNIFICADO


On Sobre

Under Debaixo

In Em
INGLÊS

Above Acima

In front Em frente à

Across Do outro lado


309
PREPOSIÇÕES DE LUGAR SIGNIFICADO
Below Abaixo

Along Ao longo de

Behind Atrás

Beside Ao lado

Between Entre

Among Entre

By Ao lado de

Far from Longe de

Near Perto

Inside Dentro

Outside Fora

Next to Próximo a/ao

Through Através

Toward Em direção a

PRONOMES
Os pronomes são palavras que podem substituir em orações o nome próprio de um lugar, uma pessoa, um
objeto, um animal etc.. Quanto aos pronomes na língua inglesa, temos algumas classificações específicas para
cada grupo. Confira a seguir.

PRONOMES PESSOAIS

São eles as palavras que indicam pessoas, lugares, objetos, animais, entre outros. Dentro deste grupo existem
dois casos: subject pronouns, que agem como sujeitos nas orações, os que realizam a ação; e object pronouns, os
que são objetos da ação ou “sofrem” a ação na oração. Observe seu uso e exemplos:

Subject Pronouns

I would love to visit your family.


I Eu
Eu adoraria visitar tua família.

You never call your relatives.


YOU Você, tu
Você nunca liga para seus parentes.

He should be more careful.


HE Ele
Ele deve ser mais cuidadoso.

She goes scuba-diving every year.


SHE Ela
Ela faz mergulho todo ano.

It’s going to be an amazing year.


IT Ele, ela (neutro)
Vai ser um ano incrível.

We were really tired after the game.


WE Nós
Nós estávamos muito cansados depois do jogo.

You could come to NY one day.


YOU Vocês, vós
Vocês poderiam vir a Nova Iorque um dia.

They decided to stay home for Christmas.


THEY Eles, elas
Eles decidiram ficar em casa no Natal.

310
Object Pronouns

This car belongs to me.


ME Me. mim
Este carro pertence a mim.

Would she go with you?


YOU Lhe, o, a, te, ti, a você
Ela iria com você?

We should call him tomorrow.


HIM Lhe, o, a ele
Nós deveríamos o telefonar amanhã.

They decided to invite her.


HER Lhe, a, a ela
Eles decidiram convidá-la.

He fed it its food.


IT Lhe, o, a, a ele, a ela (neutro)
Eles o alimentaram com sua comida

Would they fire us?


US Nos
Eles nos demitiriam?

I’ll give you a discount.


YOU Vos, lhes, a vocês
Eu lhes darei um desconto.

Please, let them now.


THEM Lhes, os, as
Por favor, avise-os.

PRONOMES POSSESSIVOS

Os pronomes possessivos, também conhecidos como pronomes substantivos expressam pertencimento de algo
a alguém. No caso da língua inglesa, existem dois grupos de possessivos, os possessive adjectives e os possessive
pronouns. Trataremos dos adjetivos possessivos adiante neste material, vejamos, por hora, o caso dos pronomes
possessivos, cuja função é substituir o nome próprio ao final da oração, como objeto da oração, sem qualquer
flexão de número ou grau. Confira:

These socks are mine.


MINE Meu, minha, meus, minhas
Estas meias são minhas.

Is this book yours?


YOURS Teu, tua, seu, sua
Este livro é seu?

That enormous mansion is his.


HIS Dele
Aquela mansão enorme é dele.

All those white clothes are hers.


HERS Dela
Todas aquelas roupas brancas são dela.

This rubber bone is its.


ITS Dele, dela (neutro)
Este osso de borracha é dele.

Keep your hands off of it, it’s ours!


OURS Nosso, nossa
Tire suas mãos daí, é nosso!

Are these records yours?


YOURS Vosso, vossa, seu, sua
Estes discos são seus?

None of the reports are theirs.


THEIRS Deles, delas
Nenhum dos relatórios são deles.

É comum ao falante de língua portuguesa se confundir e utilizar o pronome possessivo your (seu, sua) para se
referir aos sujeitos da primeira pessoa do singular he, she e it, pois em português é possível a construção de uma
oração como “ela ama seus pais”, considerando que “seus” é pronome possessivo referente ao sujeito ela; estaria
errada, no entanto, a tradução pé da letra “she loves your parents”, pois o pronome possessivo your se refere ao
sujeito You, o correto, então, seria “she loves her parents”

PRONOMES REFLEXIVOS
INGLÊS

Estes pronomes são utilizados para concordar com o sujeito inicial da oração, eles sempre aparecem logo após
o verbo. Vale ressaltar que os pronomes reflexivos são usados apenas um grupo específico de verbo na língua
inglesa, propriamente reflexivos. Confira a seguir alguns exemplos.

311
A mim, a mim mesmo, -me I check it myself.
MYSELF
Eu chequei eu mesmo.

A ti, a você mesmo, -te, -se Don’t blame yourself.


YOURSELF
Não se culpe.

A si, a si mesmo, -se He taught himself how to play the guitar.


HIMSELF
Ele ensinou a si mesmo como tocar o violão.

A si, a si mesma, -se She promised herself she wouldn’t go.


HERSELF
Ela prometeu a si mesma que não iria.

A si, a si mesmo/a, -se The machine did it itself.


ITSELF
A máquina o fez por si mesma.

A nós, a nós mesmos, -nos We can start the presentation ourselves.


OURSELVES
Nós podemos começar a apresentação nós mesmos.

A vós, a vocês mesmos, -vos, -se You should take care of yourselves.
YOURSELVES
Vocês devem cuidar de si mesmos.

A si, a eles mesmos, a elas mesmas, - se They can help themselves.


THEMSELVES
Eles mesmos podem se servir.

PRONOMES DEMONSTRATIVOS, RELATIVOS E INDEFINIDOS

Além destes pronomes, temos dois tipos especiais de pronomes, os demonstrativos ou relativos e os indefini-
dos. Os pronomes demonstrativos são usados para indicar algo durante a oração, são eles: this (este, esta, isto),
these (estes, estas), that (aquele, aquela, aquilo) e those (aqueles, aquelas). Veja alguns exemplos:

We really need this money! (Nós realmente precisamos deste dinheiro!)


They should see these flowers. (Eles deveriam ver estas flores)
Helen will show us that beautiful painting. (Helen vai nos mostrar aquela linda pintura)
How much for those pants? (Quanto custam aquelas calças?)

Os pronomes relativos são usados para indicar relação entre partes da oração, são eles: that (que), which (o
qual, a qual, que), whose (cujo, cuja, de quem), who (que, quem), whom (a quem). Veja alguns exemplos:

This is the bus which takes me home (Este é o ônibus que me leva para a casa)
Is this the girl whose house was robbed? (Esta é a garota cuja casa foi roubada?)
He is the teacher who got arrested. (Ele é o professor que foi preso)
The man whom you called is my husband. (O homem a quem você ligou é meu marido).
I never knew that sang. (Eu nunca soube que você cantava)

Já os pronomes indefinidos são aqueles que acompanham o substantivo de maneira imprecisa, ou seja, sem de
fato identificar quem ou o que é o pronome através de algumas palavras específicas. Observe a tabela com alguns
exemplos:

Algum, alguma, qualquer Do you have any advice?


ANY
Você tem algum conselho?

Algum, alguma, alguns, algumas There should be some information here.


SOME
Deve haver alguma informação aqui,

Muitos, muitas They have many children.


MANY
Eles têm muitos filhos

Muito, muita Our neighbor makes much noise.


MUCH
Nosso vizinho faz muito barulho.

Todo, toda, cada She knows every single room.


EVERY
Ela conhece todos os quartos.

PRONOMES INTERROGATIVOS

Os pronomes interrogativos são elementos linguísticos usados em perguntas para as quais as respostas são
312 um nome.
Observe a seguir a tabela:

PRONOME INTERROGATIVO PERGUNTA RESPOSTA COM NOME

What (que, o que, qual, quais) What city do you prefer? I prefer London.
(Que cidade você prefere?) (Eu prefiro Londres)

Where (onde, aonde) Where have you been? I’ve been jogging at the park.
(Onde você esteve?) (Estive correndo no parque?)

Who (quem) Who is that boy? He is my son.


(Quem é aquele garoto?) (Ele é meu filho)

When (quando) When did you go there? I went there last week.
(Quando você foi lá?) (Eu fui lá semana passada)

A partir dos exemplos, é possível observar que no caso dos pronomes interrogativos a resposta é sempre um
nome, ainda que de modo oculto ou subentendido. Os pronomes interrogativos jamais referem-se às circunstân-
cias ou razões.

DETERMINANTES E QUANTIFICADORES
DETERMINANTES

Segundo o Cambridge Dictionary, determinantes são palavras utilizadas antes de um substantivo com o obje-
tivo de determinar ou quantificar quem ou o que tal substantivo está se referindo no contexto de sua utilização.
Veja a seguir quais são os determinantes na língua inglesa.

z Artigos: a/an, the;


z Pronomes demonstrativos: this, that, these, those;
z Pronomes possessivos: my, your, his, her, its, our, their, x’s (‘s possessivo);
z Quantificadores: few, fewer, little, many, much, more, most, some, any etc.;
z Números: one, two, three etc.

Importante destacar a existência do determinante zero (zero determiner), que ocorre em casos que o substan-
tivo se refere a um grupo de seres/coisas de maneira geral, como por exemplo:

z Artists love to brag. (Artistas adoram se gabar).

Perceba que não foi utilizado um determinante antes do substantivo, uma vez que ele representava de forma
genérica um grupo.
Como forma de exemplificar melhor o exposto anteriormente, vejamos alguns exemplos do uso dos determi-
nantes na Língua Inglesa:

z Where’s the book I gave you? (Onde está o livro que eu te dei?).
It’s in my backpack. (Está na minha mochila.);

z Are we going to that bar again? (Nós vamos naquele bar de novo?).
z A kid fell into the rabbit hole yesterday. (Uma criança caiu no buraco do coelho ontem.).

QUANTIFICADORES

Quantificadores são expressões que indicam a quantidade de objetos, pessoas ou animais na oração. Cada qual
possui o contexto adequado em que deverá ser utilizado, sendo assim importante compreender quais os princi-
pais quantificadores da língua inglesa, seus significados e aplicação prática em orações. Confira a seguir:

z Much: muito, muita; usa-se junto a substantivos incontáveis numericamente.

She has so much coffee every day. (Ela bebe muito café todo dia)
They have much patience with their kids. (Eles têm muita paciência com seus filhos)
The plant needs much water. (A planta precisa de muita água)
INGLÊS

z Many: muitas, muitos; usado acompanhando substantivos contáveis numericamente.

They have many goals. (Eles têm muitos objetivos)


She didn’t make many calls today. (Ela não fez muitas ligações hoje)
We have many stories to tell. (Nós temos muitas histórias para contar) 313
z A lot of: muitos, muitas, muitos, muitas, um monte They had very little time to talk. (Eles tiveram mui-
de; usado para expressar quantidades grandes ou to pouco tempo para conversar)
montantes de algo, pode acompanhar substanti- We had little hope it could happen. (Nós tínhamos
vos contáveis ou incontáveis, sempre de modo não pouca esperança de que poderia acontecer).
específico. She had little tolerance to disrespect. (Ela tinha pou-
ca tolerância ao desrespeito)
We have a lot of reports to read. (Nós temos muitos
relatórios para ler) Dica
They have a lot of faith. (Eles têm muita fé)
He could show you a lot of options. (Ele poderia te
Alguns elementos da língua agem como intensi-
mostrar muitas opções) ficadores dos quantificadores, como very (mui-
to, muita), so (tanto, tanta), much (muito, muita)
z Some: alguns, algumas, um pouco de; acompanha — We had so much hope (Nós tínhamos tanta
apenas substantivos contáveis. esperança); They had very little patience with the
kids (Eles tinham muito pouca paciência com as
May I have some water? (Eu posso beber um pouco crianças).
de água?)
We could save some money. (Nós poderíamos eco-
nomizar um pouco de dinheiro)
There are some people outside. (Há algumas pes- FORMAS VERBAIS
soas lá fora)
O estudo dos verbos na língua inglesa é um dos
z Any: nenhum, nenhuma, algum, alguma, qual- mais importantes tópicos a se abordar diante da
quer; usado em orações positivas como qualquer, necessidade de maior compreensão técnica do idio-
em orações negativas como nenhum, nenhuma e ma. Diferentemente da língua portuguesa, o inglês
em orações interrogativas como algum ou alguma. possui poucos tempos verbais e, em suma, possuem
características e conjugações simples e semelhantes,
He doesn’t have any friends. (Ele não tem nenhum o que facilita o estudo do idioma, cada qual possui
amigo) usos específicos e características únicas que devem
It could be any of the options (Poderia ser qualquer ser exploradas durante o aprofundamento no conhe-
uma das opções) cimento sobre a língua.
Is there any other way? (Há algum outro caminho?)
SIMPLE PRESENT
z A few: alguns, algumas (no sentido de pouco ou
menos); usado com substantivos contáveis no O presente simples em inglês, a caráter de estudo,
plural. possui uma divisão simples entre pronomes. Os pro-
nomes da terceira pessoa do singular se enquadram
We only have a few coins. (Nós temos apenas algu- em uma categoria e os demais em outra. Apesar de
mas moedas) suas conjugações serem simples ao expressar ações
no tempo presente, em alguns casos elas se diferen-
She has a few problems with her teacher (Ela tem
ciam. O padrão de conjugação no presente simples se
alguns problemas com sua professora)
estabelece retirando o “to” do verbo no infinitivo em
I have a few favors to ask you. (Eu tenho alguns
todos os casos.
favores para te pedir)
Ex.: to eat – comer // I eat bread. (Eu como pão)
z Few: poucos, poucas (menos que a few); usado com
substantivos contáveis.
Observe que o “to” foi removido para realizar a
conjugação de acordo com o pronome em questão,
We have few people to help. (Temos poucas pessoas esta regra se aplica a seguinte lista de pronomes
para ajudar) (veja como exemplo a conjugação do verbo citado
Few patients have recovered. (Poucos pacientes se anteriormente):
recuperaram)
There were few tools to start. (Havia poucas ferra-
mentas para começar) I (eu) Eat

You (tu, você) Eat


z A little: um pouco de, algum; usado com substan-
tivos incontáveis. He/she/it (ele, ela) Eats

We must have a little faith. (Nós devemos ter um We (nós) Eat


pouco de fé) You (vós, vocês) Eat
You only liked it a little. (Você gostou apenas um
pouco) They (Eles, elas) Eat
We had a little help from our friends. (Nós tivemos
um pouco de ajuda dos nossos amigos) Observe que no caso dos pronomes na terceira
pessoa do singular he, she e it, a conjugação ocorrerá
z Little: pouco, pouca (menos que a little, ideia nega- de modo diferenciado. Aos verbos que acompanham
314 tiva); usado com substantivos incontáveis. estes pronomes, acrescenta-se a letra “s”, “es” ou “ies”.
Verbos terminados em consoantes, de forma geral, Na negativa, acrescenta-se not ao verbo, podendo ser
apresentam terminação padrão “s”, como é o caso do apresentado nas suas opções em contração aren’t e isn’t.
verbo to drink (beber), to play (jogar), to speak (falar).
Veja:
I (eu) Am not (não sou, não estou)

To drink You (tu, você) Are not ou aren’t (não é, não está)

Are not ou aren’t (não somos, não


We (nós)
He (ele) Drinks estamos)
She (ela) Drinks You (vós, vocês) Are not ou aren’t (não são, não estão)
It (ele, ela, neutro) Drinks They (Eles, elas) Are not ou aren’t (não são, não estão)

He (ele) Is not ou isn’t (não é, não está)


No caso de verbos terminados em x, ch, s, ss e sh,
acrescentamos “es”, como no caso do verbo to finish She (ela) Is not ou isn’t (não é, não está)
(terminar).
It (ele, ela, neutro) Is not ou isn’t (não é, não está)
To finish
Já na interrogativa, inverte-se o sujeito e o verbo.
Observe:
He (ele) Finishes

She (ela) Finishes Am I? (Eu sou? Eu estou?)


It (ele, ela, neutro) Finishes Are You? (Você é? Você está?)

Are We? (Nós somos? Nós estamos?)


Em alguns casos, em verbos com terminações em
y precedidos por uma consoante, como em to study Are You? (Você é? Você está?)
(estudar), to fly (voar) e to cry (chorar).
Are They? (Eles são? Eles estão?)
To study Is He? (Ele é? Ele está?)

Is She? (Ela é? Ela está?)


He (ele) studies
Is It? (Ele/ela é? Ele/ela está?)
She (ela) studies

It (ele, ela, neutro) studies A partir do conhecimento deste tempo verbal, pode-
mos explorar a estrutura do present continuous. Soma-
do ao verbo to be, adiciona-se um verbo de ação no
SIMPLE PRESENT CONTINUOUS
gerúndio, caracterizado na língua inglesa pelo sufixo
-ing, a fim de expressar uma ação contínua. Observe:
O uso do presente contínuo é utilizado para
expressar ações que se iniciam no presente e seguem Lucy is playing with the other kids. (Lucy está brin-
continuamente. Para utilizar o presente simples con- cando com as outras crianças)
tínuo é preciso utilizar um verbo muito famoso da You aren’t doing your job well. (Você não está
língua inglesa, o verbo ser e estar, o to be. Antes de fazendo seu trabalho bem)
entender o presente simples contínuo, devemos ter Are they studying for the test? (Eles estão estudan-
pleno conhecimento do uso deste verbo importante do para a prova?)
do idioma. Novamente, separaremos os sujeitos em
dois grupos para conjugarmos o verbo ser e estar no SIMPLE PAST
tempo presente na afirmativa (obs.: abre-se apenas
uma exceção para o sujeito em primeira pessoa, I, que O passado simples da língua inglesa, utilizado para
apresenta conjugação diferenciada): expressar ações realizadas e finalizadas no tempo pas-
sado. Ao utilizarmos este tempo verbal devemos ter
em mente dois conceitos importantes: o uso do verbo
I (eu) Am (sou, estou) auxiliar Did e a existência de dois grupos de verbos no
passado (regulares e irregulares).
You (tu, você) Are (é, está)
Os verbos regulares no passado possuem uma ter-
We (nós) Are (somos, estamos) minação padrão em “-ed” ou “-ied” (verbos termina-
dos em y precedidos por uma consoante). No entanto,
You (vós, vocês) Are (são, estão) existem muitas exceções e muitos verbos que não se
INGLÊS

comportam da mesma maneira quando conjugados


They (Eles, elas) Are (são, estão)
no tempo passado, estes são chamados irregulares.
He (ele) Is (é, está) No entanto, a mudança nos verbos para o tempo
passado a partir de modificações na estrutura do pró-
She (ela) Is (é, está) prio verbo ocorre apenas em frases afirmativas. Em
frases negativas e interrogativas, utilizamos o verbo
It (ele, ela, neutro) Is (é, está)
auxiliar did e o verbo retorna ao seu estado original 315
(infinitivo sem o “to”). Confira alguns exemplos com
VERBO
verbos regulares na afirmativa: VERBO NO
IRREGULAR TRADUÇÃO
INFINITIVO
NO PASSADO
I studied at a public Eu estudei em uma esco-
To eat Ate Comer
school! la pública.
To come Came Vir
You worked really hard! Você trabalhou duro!
To leave Left Partir, sair, deixar
She finished high school in Ela terminou o ensino
January. médio em janeiro. To understand Understood Entender
We started a new busi- Nós começamos um To say Said Dizer
ness course. novo curso de negócios.
To send Sent Enviar
You cried the whole Vocês choraram durante
movie. o filme todo. To write Wrote Escrever

They tried to convince her Eles tentaram convencê- To read Read Ler
of the truth -la da verdade
To run Ran Correr

Observe agora as mesmas frases na negativa, To lend Lent Emprestar


quando se faz necessário o uso do verbo auxiliar do To put Put Colocar, pôr
passado DID + not, costumeiramente contraído para
didn’t. Note que o verbo retorna ao seu estado original To drive Drove Dirigir
infinitivo. To take Took Levar

To keep Kept Manter, guardar


I didn’t study at a public Eu não estudei em uma
school! escola pública. To wake up Woke up Acordar

You didn’t work really hard! Você não trabalhou duro! To get Got Pegar, conseguir

She didn’t finish high Ela não terminou o ensi- To bring Brought Trazer
school in January. no médio em janeiro.
To buy Bought Comprar
We didn’t start a new busi- Nós não começamos um
ness course. novo curso de negócios. To sell Sold Vender

You didn’t cry the whole Vocês não choraram du-


PAST CONTINUOUS
movie. rante o filme todo.

They didn’t try to convince Eles não tentaram con- O uso do passado contínuo é utilizado para expres-
her of the truth. vencê-la da verdade sar ações que se iniciam no passado e seguem con-
tinuamente nele. Para utilizar o passado contínuo
O mesmo ocorre quando as frases são interrogati-
é preciso utilizar um verbo muito famoso da língua
vas, iniciamos a pergunta com o uso do auxiliar DID.
inglesa, o verbo ser e estar, o to be, no tempo passa-
do. Separaremos os sujeitos em dois grupos para con-
Did I study at a public Eu estudei em uma esco-
jugarmos o verbo ser e estar no tempo passado na
school? la pública?
afirmativa:
Did you work really hard? Você trabalhou duro?

Did she finish high school Ela terminou o ensino I (eu) Was (era, estava)
in January? médio em janeiro?
He (ele) Was (era, estava)
Did we start a new busi- Nós começamos um
ness course? novo curso de negócios? She (ela) Was (era, estava)

Did you cry the whole Vocês choraram durante It (ele, ela, neutro) Was (era, estava)
movie? o filme todo?
You (tu, você) Were (era, estava)
Did they try to convince her Eles tentaram convencê-
We (nós) Were (éramos, estávamos)
of the truth? -la da verdade?
You (vós, vocês) Were (eram, estavam)
Quando nos referimos aos verbos irregulares do
They (Eles, elas) Were (eram, estavam
passado, não podemos definir nenhuma regra espe-
cífica para identifica-los, mas podemos memorizar as
exceções para melhor nos comunicarmos em inglês. Na negativa, acrescenta-se not ao verbo, was not e
Confira a seguir uma tabela de verbos irregulares were not, podendo ser apresentados nas suas opções
316 como exemplo: em contração wasn’t e weren’t.
que tem consequências ou repercussão no tempo pre-
I (eu) Wasn’t (não era, estava) sente. Sua estrutura se baseia no verbo auxiliar HAVE
He (ele) Wasn’t (não era, estava) seguido de um verbo no particípio. Confira:

She (ela) Wasn’t (não era, estava)


SUJEITO I
It (ele, ela, neutro) Wasn’t (não era, estava)
HAVE/HAS (AUX.) have
You (tu, você) Weren’t (não era, estava)
VERBO NO PARTICÍPIO been
We (nós) Weren’t (não éramos, estávamos)
COMPLEMENTO to Brazil
You (vós, vocês) Weren’t (não eram, estavam)
Tradução: Eu estive no Brasil
They (Eles, elas) Weren’t (não eram, estavam)
No caso dos sujeitos I, you, we, they utilizamos o
verbo auxiliar HAVE e no caso dos sujeitos he, she, it
Já na interrogativa, inverte-se o sujeito e o verbo. usamos HAS, que é sua conjugação base no presente.
Observe: E é por este motivo que este tempo verbal leva o nome
de presente perfeito. Observe que o verbo no particí-
Was I? (Eu era, estava?) pio no exemplo anterior é o verbo irregular to be. Os
verbos irregulares no passado, também serão irregu-
Was He? (Ele era, estava?) lares no particípio. Os verbos regulares mantêm a sua
estrutura do passado simples mesmo quando conjuga-
Was She? (Ela era, estava?) das no particípio. Veja:
Was It? (Ele/ela era, estava?)

Were You? (Você era, estava?) SUJEITO He

Were We? (Nós éramos, estávamos?) HAVE/HAS (AUX.) has

Were You? (Vocês eram, estavam?) VERBO NO PARTICÍPIO talked

Were They? (Eles eram, estavam?) COMPLEMENTO to the principal.

A partir do conhecimento deste tempo verbal, Tradução: Ele conversou com o diretor.
podemos explorar a estrutura do past continuous.
Somado ao verbo to be, adiciona-se um verbo de ação O verbo to talk (conversar) é um verbo regular e,
no gerúndio, caracterizado na língua inglesa pelo portanto, assume sua forma no particípio de maneira
sufixo -ing, a fim de expressar uma ação contínua. idêntica à sua forma no passado simples, talked.
Observe: Em frases negativas no presente perfect, é o verbo
auxiliar que fica negativo. Soma-se o not ao have ou ao
Luke was playing with Jimmy. (Luke estava brin- has, podendo vir contraído como haven’t ou hasn’t.
cando com Jimmy)
You weren’t doing the it correctly. (Você não estava She hasn’t called me to explain it. (Ela não me ligou
fazendo corretamente) para explicar.)
Were they working abroad? (Eles estavam traba- They haven’t started the monthly planning. (Eles
lhando no exterior?) não começaram o planejamento mensal)
It hasn’t made any sense to me. (Não fez nenhum
PRESENT PERFECT sentido para mim)
Em orações interrogativas, inverte-se a posição do
O present perfect é um tempo verbal da língua verbo auxiliar e do sujeito.
inglesa que não encontra equivalente em português, Have you considered joining the army? (Você consi-
sendo assim um dos tempos verbais mais controver- derou ir para o exército?)
sos do idioma. Porém, entender sua estrutura e propó- Has he lost his mind? (Ele perdeu a cabeça/ficou louco?)
sito facilitam a compreensão de quem estuda inglês. Has Jenna commented anything? (Jenna comentou
Apesar de ser similar ao passado simples quando alguma coisa?)
traduzido literalmente, o present perfect serve para
expressar ações no tempo passado de modo indeter- Alguns advérbios de frequência são utilizados jun-
minado, ou seja, que não precisam necessariamente tamente ao present perfect para indicar ações que já
ter incisão de tempo. ocorreram ou não em algum momento na vida, sem
No passado simples, as ações ocorrem e terminam a necessidade da incidência de tempo. São eles: ever
no passado e isto é comumente expresso com alguns (já), already (já), never (nunca) e yet (ainda, já). Eles
advérbios de tempo e palavras e expressões de tempo são colocados logo após o verbo auxiliar, salvo pelo
como last week (semana passada), yesterday (ontem), yet que deve estar no fim da oração. Observe alguns
INGLÊS

at 3 o’clock (às 3 horas), before lunch (antes do almo- exemplos:


ço), two months ago (há dois meses), entre outros uti-
lizados no simple past.
She has never been to another country. (Ela nunca
O present perfect, por outro lado, é utilizado quan-
esteve em outro país)
do a ação a ser reportada é mais importante do que
I have already made many mistakes. (Eu já cometi
quando ela ocorreu no passado, ou seja, sem indicação
muitos erros)
temporal e para expressar acontecimentos passados 317
Have you ever had alcohol? (Você já ingeriu álcool?) Sua estrutura se baseia no verbo auxiliar had segui-
They haven’t decided anything yet. (Eles não decidi- do de um verbo no particípio e seu respectivo comple-
ram nada ainda) mento. Confira:

PRESENT PERFECT CONTINUOUS


SUJEITO The students
Quando nos referimos ao present perfect conti- HAD (AUX.) Had
nuous da língua inglesa, falamos de um tempo ver-
bal usado para expressar ações que se iniciaram no VERBO NO PARTICÍPIO left
tempo passado (sem incidência de tempo exata) que
continuam e repercutem até o tempo presente, tam- COMPLEMENTO the school.
bém podendo indicar mudanças de estado e compor-
tamento. Observe a seguir: Tradução: Os alunos deixaram a escola

É possível que a oração no past perfect venha segui-


SUJEITO She
da de uma oração complementar no passado simples,
VERBO AUXILIAR has para indicar a ação que ocorreria a seguir, a partir da
palavra “when” (quando). Por vezes, a oração no past
TO BE (PARTICÍPIO) been
perfect acompanha o advérbio already (já). Confira:
VERBO GERÚNDIO working
She had already eaten when we arrived home with
COMPLEMENTO in the company pizza.
TEMPO for a long time. (Ela já tinha comido quando nós chegamos em
casa com pizza)
Tradução: Ela trabalha na empresa há muito tempo.
Observe que na oração anterior a primeira parte,
Note que é necessário acrescentar o verbo to be no identificada como past perfect, expressa uma ação
particípio e complementar com um verbo no gerún- que já havia acontecido antes da oração em present
dio, que é o verbo responsável pela ideia de continui- simple. Ainda que as ações na oração estejam inver-
dade temporal na oração, marcado pelo sufixo -ing tidas, o past perfect marca a ordem cronológica dos
(work – working). Como você pode observar, o pre- acontecimentos.
sente perfect continuous não pode ser traduzido de
forma literal, pois não possuímos um equivalente a When we arrived home with pizza, she had already
ele na língua portuguesa, quando queremos dizer que eaten,
alguém ainda hoje realiza uma ação que realizava no (Quando nós chegamos em casa com pizza, ela já
passado, usamos o presente simples: tinha comido.)

Ex.: Ele joga tênis desde os 12 anos.


Note que, assim como no presente perfect, alguns
advérbios de frequência são utilizados no past perfect
No inglês, isto se dá de forma diferente pela com-
para indicar ações que já ocorreram ou não em algum
preensão de que a ação de jogar o esporte se inicia no
passado e segue ocorrendo até o presente como uma momento na vida. São eles: ever, already, never e yet.
ação contínua em gerúndio (ele ainda está jogando). Eles são colocados logo após o verbo auxiliar, salvo
Observe como esta mesma oração ficaria em inglês: pelo yet que deve estar no fim da oração. Observe
alguns exemplos:
Ex.: He has been playing tennis since he was 12.
She had never been to another country. (Ela nunca
Apesar de não existir incidência de tempo de modo tinha estado em outro país)
exato, como dia da semana ou a hora, no presente per- I had already made that mistakes. (Eu já tinha
fect continuous há sim incidência de tempo de modo cometido aquele erro)
mais amplo, como idade, ano, mês ou alguns advér- Had you ever had thai food before this? (Você já
bios de tempo e frequência (recently – recentemente; tinha comido comida tailandesa antes disso?)
lately – atualmente etc.). They hadn’t decided anything yet. (Eles não tinham
decidido nada ainda)
PAST PERFECT
PAST PERFECT CONTINUOUS
O past perfect é utilizado para expressar a ordem
cronológica de ações ocorridas no passado. Em uma
O past perfect continuous da língua inglesa é um
linha do tempo a frase expressa neste tempo verbal
tempo verbal usado para expressar ações que se ini-
pode ser entendida como a primeira ação realizada no
passado, ou seja, a mais antiga. ciaram no tempo passado, antes de outra ação tam-
A ação em questão é mais importante do que o tem- bém no passado, e continuaram ocorrendo dentro de
po exato em que ela ocorreu no passado, ou seja, não um determinado tempo de forma contínua, repercu-
há indicação temporal específica, apenas uma indica- tindo até um determinado momento no próprio pre-
ção de uma ordem cronológica de acontecimentos rele- térito, também podendo indicar mudanças de estado
318 vantes para a narrativa do interlocutor. e comportamento.
Observe a seguir: When our grandpa decided to order pizza (2), we
had already had dinner (1).
SUJEITO He

VERBO AUXILIAR had Passado


(1) (2) Presente
TO BE (PARTICÍPIO) been

VERBO GERÚNDIO thinking (1). (...) we had already had dinner.


(2) (...) when they finally cracked it.
COMPLEMENTO about the job offer (2) Our grandpa had decided to order pizza (...)

TEMPO for weeks. (Quando nosso avô decidiu pedir pizza, nós já
tínhamos jantado.)
Tradução: Ela estava pensando na oferta de empre- Observe que ainda que a ordem da oração se alte-
go há semanas. re e a oração no tempo do passado perfeito em inglês
esteja posta após a oração no passado simples, ainda
Note que é necessário acrescentar o verbo to be assim, a ordem se mantém: a oração no past perfect
no particípio e também complementar com um verbo sempre irá expressar a ação mais antiga do passado.
no gerúndio, que é o verbo responsável pela ideia de
continuidade temporal na oração, marcado pelo sufi- SIMPLE FUTURE
xo -ing (work – working). Como você pode observar,
o past perfect continuous não pode ser traduzido de O simple future tense em inglês é o tempo verbal
forma literal, pois não possuímos um equivalente a usado para expressar ações futuras. Existem dois
ele na língua portuguesa, quando queremos dizer que tipos de futuro simples: o futuro próximo ou certo e o
alguém estava fazendo uma ação contínua no passa- futuro mais distante e incerto. O primeiro é marcado
do, usamos o passado simples: pelo verbo to be + GOING TO; o segundo é marcado
pelo verbo modal de futuro WILL.
Ex.: Ele estava investigando o caso há meses quan- Para tratar de situações que acontecerão em um
futuro próximo ou são mais prováveis de acontecer,
do finalmente o resolveram.
utilizamos:
No inglês, isto se dá de forma diferente pela com-
preensão a ação se inicia no passado e segue ocorren- Verb to be + GOING TO + um verbo complementar +
do até outra ação interferi-la no passado, como em complemento do assunto.
uma linha cronológica de ações. Observe como esta
mesma oração ficaria em inglês Confira a seguir alguns exemplos:

Ex.: He had been investigating the case for months She is going to spend Christmas with her family.
when they finally cracked it. (futuro próximo/certeza)
(Ela vai passar o Natal com a família dela)
Considere as marcações apresentadas na oração They aren’t going to believe my story. (grandes chances/
em relação à linha do tempo a seguir: probabilidade)
(Eles não vão acreditar na minha história)
He had been investigating the case for months (1) Are you going to accept the job? (certeza/probabilidade)
when they finally cracked it (2). (Você vai aceitar o emprego?)

(Ele estava investigando o caso há meses quando A conjugação das orações com going to no futuro
eles finalmente o resolveram) simples se dá do mesmo modo que as orações com
verb to be no presente simples.
Em orações cuja intenção é expressar um futuro
incerto ou mais distante do presente, usa-se o WILL.
Passado Sua estrutura é bem simples, observe um exemplo na
(1) (2) Presente
afirmativa com WILL + verbo no tempo presente.
(1). He had been investigating the case for months (...) Matthew will live in Canada in a couple of years.
(2) (...) when they finally cracked it. Matheus viverá no Canadá daqui alguns anos.

Observe que ainda que ambas as ações estejam no Na negativa, somamos o WILL + not, o que poderá
passado, há uma ordem específica na oração sobre ser contraído para won’t.
qual ação aconteceu primeiro devido uso do past per-
fect. Neste caso, “ele estava investigando” refere-se à
INGLÊS

z She won’t accept the judge’s decision / She will not


ação mais antiga no passado, por ser marcada pelo accept the judge’s decision. (Ela não aceitará a deci-
past perfect em sua estrutura (had been investigating), são do juiz)
e a seguinte oração, “eles finalmente o resolveram”,
expressa outra ação no passado simples, o que indica E na interrogativa, inverte-se a posição do verbo
que ela ocorreu após a mais antiga na linha cronológi- modal WILL e o sujeito em questão na oração; ela tam-
ca de tempo. Confira ainda mais um exemplo: bém pode vir em sua forma negativa (WON’T), usada 319
para confirmar ou reafirmar informações através de Confira a seguir sua estrutura na afirmativa:
uma pergunta. Confira:
SUJEITO She
z Will you say yes if he proposes to you?
WILL will
(Você dirá sim se ele te pedir a mão?) HAVE (AUX.) have
z Won’t you travel to Bulgaria next year?
(Você não viajará para a Bulgária no próximo ano?) TO BE (PARTICÍPIO) been

VERB + ING running


FUTURE CONTINUOUS
COMPLEMENTO for 1 hour.
O future continuous, como o próprio nome expres-
sa, expressa ações contínuas no tempo futuro. Ações Tradução: Ela estará correndo por 1 hora.
que se iniciam e pretendem continuar ocorrendo
mais adiante no futuro. No português, chamamos esse Note que o complemento geralmente expressa um
recurso linguístico de redundância e temos o costume tempo específico no futuro através do uso de by (até),
de expressar ações futuras apenas no modo simples. for (por, há) ou since (desde) + expressão de tempo
Observe a oração a seguir: (next week, next month, next year, next holiday, noon,
5 o’clock, 2025 etc.). Confira alguns exemplos a seguir:
Ele estará conversando com vocês sobre o assunto
durante a palestra. By – utiliza-se
They will have Eles terão entre-
quando nos refe-
delivered the gado o projeto
É preferível que esta oração seja substituída por “ele rimos a prazos e
project by noon. até o meio-dia.
conversará com vocês sobre o assunto durante a pales- tempo limite.
tra” na língua portuguesa. No inglês, no entanto, utili-
For – refere-se John will have
za-se do presente continuous para indicar que a ação John estará
ao tempo total, been studying
será contínua e permanecerá sendo realizada por mais estudando há
à duração de for a whole
tempo do que de costume. Para isso utilizamos o auxiliar um ano.
uma atividade year.
do futuro WILL + o verb to be no infinitivo (sem o “to”) +
um verbo com ing + complemento da frase. Since – expres-
sa o tempo
They will have Eles estarão
He will be talking to you about the subject during inicial de uma
been together juntos desde a
the lecture. possível ação
since the party. festa.
futura, marcan-
do seu tempo.
Veja a seguir mais exemplos em diferentes modos:

The principal will be hosting the Observe que, em seu uso na negativa, apenas colo-
anual party. ca-se o not depois do verbo auxiliar do futuro WILL
AFIRMATIVA (também apresentado com contração – won’t):
(O diretor estará sendo o anfitrião
da festa anual)
SUJEITO They
She won’t be calling any of the em-
ployees this week. WILL + NOT will not/won’t
NEGATIVA
Ela não estará ligando para ne-
nhum funcionário esta semana HAVE (AUX.) have

Will she be attending prom with her TO BE (PARTICÍPIO) been


boyfriend?
INTERROGATIVA VERB + ING packing
Ela estará indo à festa de formatu-
ra com seu namorado? COMPLEMENTO by noon.
Won’t they be reading a new book
NEGATIVA by next class? Tradução: Eles não estarão fazendo as malas/
INTERROGATIVA Ele não estará lendo um livro novo empacotando as coisas até meio-dia.
até a próxima aula? Já na interrogativa, basta inverter a posição do
sujeito e do verbo auxiliar do futuro WILL:
FUTURE PERFECT CONTINUOUS
WILL Will
Este tempo verbal pode ser um pouco diferente SUJEITO Anna
para falantes da língua portuguesa, mas quando bem
estudado é passível de ser completamente compreen- HAVE (AUX.) have
dido e totalmente usual. O future perfect continuous TO BE (PARTICÍPIO) been
expressa a continuação de ações que serão termina-
das em algum tempo no futuro, ou seja, incluem uma VERB + ING traveling
ideia de passado dentro do tempo verbal futuro em
COMPLEMENTO since March.
320 sua estrutura.
Tradução: Anna estará viajando desde março? Logo em seguida do pronome objeto, a qual se
refere o pedido, vem acompanhado o verbo em seu
IMPERATIVO E SUBJUNTIVO formato infinitivo (sem o to). Observe que em outros
tipos de oração o correto seria “she comes”, “the mee-
O imperativo trata-se de um recurso linguísti- ting ends”, “the gates are” ou “the service starts”, no
co usado quando o interlocutor pretende dar uma entanto, ao se tratar do subjuntivo, é necessário apli-
ordem, um comando, uma proibição ou uma instru- car a regra do infinitivo.
ção de modo direto. Quando utilizamos o imperativo No caso de orações negativas no presente do sub-
na língua inglesa, a oração não necessita vir acom- juntivo, coloca-se o not (não), antes do verbo no infi-
panhada de um sujeito porque subentende-se quem nitivo. Confira:
receberá a ordem pelo contexto.
Em alguns casos, quando a ação em questão pre- z We recommend that she not come early. (Nós reco-
sente na frase é afirmativa, é necessário que o verbo mendamos que ela não chegue cedo)
esteja em sua forma no infinitivo, ou seja sem con- z The company suggests that the meeting not end by
jugação, com a ausência do “to”. É observando este noon. (A empresa sugere que a reunião não termi-
modo verbal único que se pode identificar a presença ne até o meio-dia)
de uma frase imperativa em inglês. Observe a seguir z Presidency demanded that the gates not be closed.
alguns exemplos afirmativos: (A presidência exigiu que os portões não estives-
sem fechados)
z Get out of the way! (Saia do caminho) z Our pastor asked that the service not start earlier
z Wait for me, please. (Espere por mim, por favor) today. (Nosso pastor pediu que o culto não comece
z Stay here, I’ll be right back. (Fique aqui, eu já volto) mais cedo hoje)
z Do whatever you have to do. (Faça o que tiver que
fazer)

Já quando a ordem, sugestão, comando ou instru- WH- QUESTIONS


ção é algo negativo, com o sentido de proibição, usa-se
DO NOT (não) para início de frase, podendo aparecer As “wh questions” recebem essa designação por
em sua forma contraída DON’T. Observe: serem feitas a partir de palavras que começam com
wh-, como: what, when, where, who, whom, which,
z Do not feed the animals. (Não alimente os animais) whose, why e how. O principal objetivo da utilização
z Don’t talk to me like this. (Não fale comigo assim) das wh questions é a obtenção de informação, portan-
z Do not start it without me. (Não comece sem mim) to, elas não deverão ser respondidas simplesmente
z Don’t cry, it’s okay. (Não chore, está tudo bem) com sim (yes) ou não (no), necessitando, sempre, de
informações complementares.
Quando falamos sobre o tema subjuntivo na língua Por exemplo:
inglesa, estamos nos referindo a uma forma gramati-
cal usada a fim de fazer pedidos, sugestões, bem como z When is the next World Cup?
em orações condicionais. O presente do subjuntivo (Quando acontecerá a próxima Copa do Mundo?)
pode ser identificado a partir de um uso específico do The next World Cup will happen in 2022.
verbo em orações, encontramos o verbo em questão (A próxima Copa do Mundo acontecerá em 2022).
sem a conjugação esperada, mas sim no infinitivo sem
o “to” — be (ser), see (ver), prepare (preparar), keep FORMAÇÃO DE UMA WH- QUESTION
(manter) etc. Além disso, as orações no presente do
subjuntivo, usadas para expressar sugestões ou pedi-
A forma usual de uma wh- question se dá da seguin-
dos, vêm marcadas pela conjunção that (que). Obser-
te maneira:
ve alguns exemplos:
Wh- + verbo auxiliar (be, do ou have) + sujeito +
verbo principal. Vejamos:
z We recommend that she come early. (Nós recomen-
damos que ela chegue cedo)
� Who are they talking to?
z The company suggests that the meeting end by
(Com quem eles estão conversando?);
noon. (A empresa sugere que a reunião termine
� When is our mom coming home?
até o meio-dia)
(Quando nossa mãe virá para casa?);
z Presidency demanded that the gates be closed.
� What has she done now?
(A presidência exigiu que os portões estivessem
(O que foi que ela fez agora?);
fechados)
� What do you think will happen to us?
z Our pastor asked that the service start earlier
(O que você acha que acontecerá conosco?).
today. (Nosso pastor pediu que o culto comece mais
cedo hoje)
Existe a possibilidade da formação de uma wh- ques-
tion sem a utilização de um verbo auxiliar. Vejamos:
Note que os verbos apresentados nos exemplos
INGLÊS

anteriores (recommend, suggest, demand, ask) todos


� Who won the game?
dão a ideia de sugestões, pedidos ou requisições, exis-
(Quem ganhou o jogo?);
tem alguns outros também que expressam a mesma
� Where is my book?
ideia, tais como: propose (propor), insist (insistir),
(Onde está meu livro?);
intend (pretender), request (solicitar), requite (exigir),
� Which runner won?
entre outros.
(Qual corredor venceu?).
321
FORMAÇÃO DE WH- QUESTIONS NEGATIVAS c) decided
d) knew
Para formar uma wh- question negativa, precisa- e) got
mos utilizar o verbo auxiliar do quando não houver
presença de outro verbo auxiliar ou verbo modal, 2. (EsPCEx – 2020) Choose the alternative that has the
mantendo a estrutura negativa padrão se houver same meaning as the word mandatory in the sentence
(auxiliar/modal + not). Vejamos: “She knew she would have to sit a mandatory English
proficiency test...” (paragraph 3).
� Why didn’t you come earlier?
(Por que você não veio mais cedo?); a) difficult
� What can’t you do? b) reasonable
(O que você não consegue fazer?). c) compulsory
d) useful
e) comprehensive

HORA DE PRATICAR! 3. (EsPCEx – 2020) According to the context, the missing


part of paragraph 3 is ... While she passed all other com-
ponents of the test including writing and reading, (...).
1. (EsPCEx – 2020) Leia o texto a seguir e responda as
questões de 1 a 3. a) she got more than necessary to pass the oral test.
b) she couldn’t get the results on the computer software.
Computer says no: Irish vet fails oral English test needed c) she didn’t have enough time to take the listening test.
to stay in Australia d) she failed to reach the minimum score in oral fluency.
e) she was not able to write a composition.
Louise Kennedy is an Irish veterinarian with degrees
in history and politics – both obtained in English. She 4. (EsPCEx – 2020) Leia o texto a seguir e responda as
is married to an Australian and has been working in questões de 4 a 6.
Australia as an equine vet on a skilled worker visa for
the past two years. As a native English speaker, she Are any foods safe to eat anymore? The fears and the facts
has excellent grammar and a broad vocabulary, but
has been unable to convince a machine she can speak Food was once seen as a source of sustenance and
English well enough to stay in Australia. pleasure. Today, the dinner table can instead begin to
feel like a minefield. Is bacon really a risk factor of can-
But she is now scrambling for other visa options after
cer? Will coffee or eggs give you a heart attack? Does
a computer-based English test – scored by a machine
wheat contribute to Alzheimer’s disease? Will dairy pro-
– essentially handed her a fail in terms of convincing
ducts clog up your arteries? Worse still, the advice chan-
immigration officers she can fluently speak her own
ges continually. As TV-cook Nigella Lawson recently
language.
put it: “You can guarantee that what people think will be
Earlier this year, Kennedy decided she would seek per- good for you this year, they won’t next year.”
manent residency in Australia. She knew she would
This may be somewhat inevitable: evidence-based
have to sit a mandatory English proficiency test but
health advice should be constantly updated as new
was shocked when she got the results. While she pas-
studies explore the nuances of what we eat and the
sed all other components of the test including writing
effects the meals have on our bodies. But when the
and reading, (...). She got 74 when the government
media (and ill-informed health gurus) exaggerate the
requires 79. “There’s obviously a flaw in their computer
results of a study without providing the context, it can
software, when a person with perfect oral fluency can-
lead to unnecessary fears that may, ironically, push you
not get enough points,” she said.
towards less healthy choices.
The test providers have categorically denied there is
The good news is that “next year” you may be pleased
anything wrong with its computer-based test or the
to learn that many of your favourite foods are not the
scoring engine trained to analyse candidates’ respon-
ticking time bomb you have been led to believe...
ses. “We do not offer a pass or a fail, simply a score
and the immigration department set the bar very high Adapted from http://www.bbc.com/future/story/20151029-are-any-
for people seeking permanent residency”, they say. foods-safe-to-eat-anymore-heres-the-truth
Kennedy, who is due to have a baby in October, says
she will now have to pursue a bridging visa, while Choose the statement in which the word minefield has
she seeks a more expensive spouse visa so she can been used in a figurative way just like in paragraph 1.
remain with her Australian husband.
a) I’ve heard stories about a ghost town that has a secret
Adapted from https://www.theguardian.com/australia-news/2017/ minefield.
aug/08/computer-says-no-irish-vet-fails-oral-english-test-needed-to- b) Princess Diana walked through an active minefield in
stay-in australia Angola.
c) The rhetoric of the legal system is a minefield for the
Which one from the underlined verbs in the text con- ordinary person.
veys a different verb tense? d) A minefield located in the rear of the battle area must
be marked.
a) has e) Placing a minefield without marking it for later removal
b) handed is a war crime.
322
5. (EsPCEx – 2020) In the sentence “... ill -informed 8. (EsPCEx – 2020) In the sentence “The projects focus
health gurus...” (paragraph 2), the prefix ill means on developing self-sufficiency of the communities in
which they are based.” (paragraph 3), the words in whi-
a) finely ch and they consecutively refer toa) Oxfam and the
b) badly projects.
c) sadly
d) highly b) the projects and food aid.
e) gladly c) the communities and food aid.
d) self-sufficiency and the communities.
6. (EsPCEx – 2020) In the text, the word ironically (para- e) the communities and the projects.
graph 2) introduces
9. (EsPCEx – 2020) According to the text, choose the cor-
a) a situation that is irreversible. rect alternative.
b) a situation that ends the problem.
c) a situation that is not true.
a) Oxfam helps poor people only giving food to them.
d) a situation that carries a contradiction.
b) Famine was one of the consequences of Second World
e) a situation that carries the solution.
War in Europe.
c) Oxfam’s money comes from the government.
7. (EsPCEx – 2020) Leia o texto a seguir e responda as
d) Oxfam’s projects are not supposed to go beyond Europe.
questões de 7 a 9.
e) Oxfam believes that the causes of poverty and hunger
are impossible to overcome.
OXFAM AMERICA

Oxfam stands for the Oxford Committee for Famine 10. (EsPCEx – 2020) Leia o texto a seguir e responda as
Relief. It was started in Oxford, England in 1942 in res- questões de 10 a 12.
ponse to the European famine-related issues resulting
from the Second World War. Ten other countries worl- Native English speakers are the world’s worst communi-
dwide, including the United States and Australia, have cators
started chapters of Oxfam. They make up what is kno-
wn as Oxfam International. It was just one word in one email, but it caused huge
financial losses for a multinational company. The mes-
Oxfam America is dedicated to creating lasting solu- sage, written in English, was sent by a native speaker
tions to hunger, poverty, and social injustice through
to a colleague for whom English was a second langua-
long-term partnerships with poor communities around
ge. Unsure of the word, the recipient found two con-
the world. As a privately funded organization, we can
tradictory meanings in his dictionary. He acted on the
speak with conviction and integrity as we challenge
wrong one.
the structural barriers that foster conflict and human
suffering and limit people from gaining the skills, Months later, senior management investigated why the
resources, and power to become self-sufficient. project had failed, costing hundreds of thousands of
Oxfam implements various global projects that target dollars. “It all traced back to this one word,” says Chia
areas particularly affected by hunger. The projects Suan Chong, a UK-based communications skills and
focus on developing self-sufficiency of the communi- intercultural trainer, who didn’t reveal the tricky word
ties in which they are based, as opposed to merely pro- because it is highly industry-specific and possibly iden-
viding relief in the form of food aid. Oxfam’s projects tifiable. “Things spiralled out of control because both
operate on the communal level, and are developed by parties were thinking the opposite.”
evaluating issues causing poverty and hunger in the When such misunderstandings happen, it’s usually the
community and subsequently the possible infrastruc- native speakers who are to blame. Ironically, they are
ture that could end hunger and foster the attainment of
worse at delivering their message than people who
self-sufficiency. Examples of projects in which Oxfam
speak English as a second or third language, accor-
America has been or is involved range from a women’s
ding to Chong. “A lot of native speakers are happy that
literacy program in India to providing microloans and
English has become the world’s global language. They
agriculture education programs for small-scale orga-
feel they don’thave to spend time learning another
nic farmers in California.
language.”
Adapted from http://students.brown.edu/Hourglass_Cafe/Pages/
about.htm The non-native speakers, it turns out, speak more
purposefully and carefully, trying to communicate
In the sentences “...barriers that foster conflict and efficiently with limited, simple language, typical of
human suffering...” (paragraph 2) and “...end hunger someone speaking a second or third language. Anglo-
and foster the attainment of self-sufficiency.” (paragra- phones, on the other hand, often talk too fast for others
INGLÊS

ph 3), the word foster means to follow, and use jokes, slang, abbreviations and refe-
rences specific to their own culture, says Chong. “The
a) promote. native English speaker is the only one who might not
b) expel. feel the need to adapt to the others,” she adds.
c) minimize.
d) finish. Adapted from http://www.bbc.com/capital/story/20161028-native-
e) decrease. english-speakers-are-the-worlds-worst-communicators 323
Choose the alternative that correctly substitutes SPI- type of life that they have. Their children also believe
RALLED OUT OF CONTROL in the sentence “Things that life in the country does not allow them to have con-
spiralled out of control because both parties were thin- tact with other parts of the world, meet other people and
king the opposite.” (paragraph 2). improve cultural bounds. The program intends to show
them that by means of a second language they can tra-
a) quickly got worse in an unmanageable way vel, communicate with new people and learn about new
b) got better after a phone call about the word cultures as a means of promoting and selling what they
c) were intentionally unprofessionally handled produce in the country, and that includes receiving visi-
d) went on the way everybody wanted them to go tors in their workplace from abroad.”
e) started to reach a common sense for them
Rafael’s strategy is to contextualize the English lan-
guage and keep learners up-to-date with what happens
in the global market. “Integrating relevant topics about
11. (EsPCEx – 2020) About the words purposefully, care-
countryside living can be transformative in the clas-
fully and efficiently (paragraph 4), it is correct to say
sroom. The local regional and cultural aspects are a
that
great source of inspiration and learning not only for the
young, but for us all.”
a) they are adjectives.
b) they are nouns. Adapted from http://www.cambridge.org/elt/blog/2019/01/21/
c) they are verbs. teaching-english-in-the-brazilian-classroom/
d) they are prepositions.
e) they are adverbs. In the sentence “... our project may help overcome the
lack of succession in countryside activities...” (para-
12. (EsPCEx – 2020) According to the text, read the state- graph 2), the word overcome means
ments and choose the correct alternative.
a) increase a problem.
I. The company had a profit of hundreds of thousands of b) hide a problem.
dollars. c) control a problem.
II. The tricky word that caused the problem isn’t mentio- d) start a problem.
ned in the text. e) neglect a problem.
III. Native speakers don’t usually think they should adapt
in order to make themselves understood. 14. (EsPCEx – 2019) Choose the alternative with the cor-
IV. Using abbreviations in emails facilitates the communication. rect reference for the underlined words from the text.
V. Non-native speakers choose language from a limited
repertoire. a) they (paragraph 1) = countryside youth
b) his (paragraph 1) = Paraguaçu
a) I, II and III are correct. c) us (paragraph 2) = workers
b) II, III and IV are correct. d) their (paragraph 3) = rural workers’ children
c) I, IV and V are correct. e) them (paragraph 3) = other parts of the world
d) II, IV and V are correct.
e) II, III and V are correct. 15. (EsPCEx – 2019) According to the text, read the state-
ments and choose the correct alternative.
13. (EsPCEx – 2019) Leia o texto a seguir e responda as
questões de 13 a 15. I. Rafael tries to show them that their everyday lives are
not an obstacle.
Teaching English in the Brazilian countryside II. Those children’s parents don’t want them to attend
university.
“In Brazil, countryside youth want to learn about new III. Rafael brings classroom topics close to what the chil-
places, new cultures and people. However, they think dren see and live.
their everyday lives are an obstacle to that, because IV. Those children may replace their parents in the future
they imagine that country life has nothing to do with as rural workers.
other parts of the world”, says Rafael Fonseca. Rafael V. The language school reaffirms that country life has
teaches English in a language school in a cooperative nothing to do with other parts of the world.
coffee cultivation in Paraguaçu. His learners are the
children of rural workers. a) I, II and IV are correct.
Rafael tells us that the objective of the project being b) II, IV, and V are correct.
developed in the cooperative is to give the young peo- c) All of them are correct.
ple more opportunities of growth in the countryside, d) I, III, IV and V are correct.
and that includes the ability to communicate with e) I, III and IV are correct.
international buyers. “In the future, our project may
help overcome the lack of succession in countryside 16. (EsPCEx – 2019) Leia o texto a seguir e responda as
activities because, nowadays, rural workers’ children questões de 16 a 18.
become lawyers, engineers, teachers, and sometimes
even doctors, but those children very rarely want to (Título omitido propositadamente)
have a profession related to rural work”, says Rafael.
Italian children have been told not to turn up to school
“That happens”, he adds, “because their parents unders- unless they can prove they have been properly vacci-
tand that life in the countryside can be hard work and nated. The deadline follows months of national debate
324 they do not want to see their children running the same
over compulsory vaccination. The new law came amid The world’s largest toy company will invest $1 billion
a surge in measles cases - but Italian officials say vac- in their new LEGO Sustainable Materials Centre in
cination rates have improved since it was introduced. Denmark, which will be devoted to finding and imple-
Children must receive a range of mandatory immuni- menting new sustainable alternatives for their current
sations before attending school. They include vacci- building materials. Lego plans on hiring 100 specia-
nations for chickenpox, polio, measles, mumps and lists for the center. There is no official definition of a
rubella. sustainable material.
Children up to the age of six years will be excluded Legos have been made with a strong plastic known as
from nursery and kindergarten without proof of vacci- acrylonitrile butadiene styrene since 1963. The com-
nation under the new rules. Those aged between six pany uses more than 6,000 tons of plastic annually to
and 16 cannot be banned from attending school, but manufacture its products, according to NBC News.
their parents face fines if they do not complete the
Changing the raw material could have a large effect
mandatory course of immunisations.
on Lego’s carbon footprint, especially considering that
Italian media report that regional authorities are han- only 10% of the carbon emissions from Lego products
dling the situation in a number of different ways. In come from its factories. The other 90% is produced
Bologna, the local authority has set letters of suspen- from the extraction and refinement of raw materials, as
sion to the parents of some 300 children, and a total well as distribution from factories to toy stores.
of 5,000 children do not have their vaccine documen-
The company has already taken steps to lower its car-
tation up to date. In other areas there have been no
bon footprint, including a reduction of packaging size
reported cases, while still others have been given a
and an investment in an offshore wind farm.
grace period of a few days beyond the deadline.
The new law was passed to raise Italy’s dropping vac- Adapted from http://time.com/3931946/lego-sustainable-materials
cination rates from below 80% to the World Health
Organisation’s 95% target.
In the sentence “Changing the raw material could have
Adapted from https://www.bbc.com/news/world-europe-47536981 a large effect on Lego’s c arbon footprint...” (paragraph
4), the expression c arbon footprint means
Choose the most appropriate title for the text.
a) carbon dioxide separation technology for industrial
a) Italy bans unvaccinated children from school. and gas treating applications.
b) Italian vaccination rates increased to 80% this year. b) estimation of soil carbon saturation that indicates its
c) National debate over compulsory vaccination has no potential to store more carbon.
deadline. c) the amount of carbon dioxide produced by the activi-
d) Parents to face fines if they are not immunised in Italy. ties of a company.
e) Italy prohibits immunisation campaigns in schools. d) species that are particularly sensitive and disappear
after a pollution event.
17. (EsPCEx – 2019) Choose the statement in which the e) long-term rise in the average temperature of the Earth’s
word r ange is used with the same meaning as in para- climate system.
graph 1.
20. (EsPCEx – 2019)
a) It came within my range of vision.
b) The bomb was tested on a missile range in the desert. Lego wants to replace plastic blocks with sustainable
c) Prices range between £7 and £10. materials
d) There is a wide range of opinions on this issue.
e) She was cooking soup on the range. The Lego Group wants to replace the plastic in their
products with a “sustainable material” by 2030, the
18. (EsPCEx – 2019) In the sentence “...while still others company announced.
have been given a grace period of a few days...” (para-
The world’s largest toy company will invest $1 billion
graph 3), the expression grace period means
in their new LEGO Sustainable Materials Centre in
Denmark, which (1) ___ devoted to finding and imple-
a) tiebreak.
menting new sustainable alternatives for their current
b) dead end.
building materials. Lego plans on hiring 100 specia-
c) extra time.
lists for the center. There is no official definition of a
d) target.
sustainable material.
e) timetable.
Legos (2) ___ made with a strong plastic known as
19. (EsPCEx – 2019) Leia o texto a seguir e responda as acrylonitrile butadiene styrene since 1963. The com-
questões 19 e 20. pany uses more than 6,000 tons of plastic annually to
manufacture its products, according to NBC News.
Lego wants to replace plastic blocks with sustainable
Changing the raw material could have a large effect
INGLÊS

materials
on Lego’s carbon footprint, especially considering that
only 10% of the carbon emissions from Lego products
The Lego Group wants to replace the plastic in their come from its factories. The other 90% is produced
products with a “sustainable material” by 2030, the from the extraction and refinement of raw materials,
company announced. as well as distribution from factories to toy stores.
325
The company (3) ___ already taken steps to lower its
carbon footprint, including a reduction of packaging
size and an investment in an offshore wind farm.

Adapted from http://time.com/3931946/lego-sustainable-materials/

Choose the alternative containing the correct verb for-


ms to complete gaps (1), (2) and (3) in paragraphs 2, 3
and 5 respectively.

a) have, will be, have


b) are, have been, have
c) will be, has been, hasn’t
d) will be, have been, has
e) will be, haven’t been, has

9 GABARITO

1 A

2 C

3 D

4 C

5 B

6 D

7 A

8 E

9 B

10 A

11 E

12 E

13 C

14 A

15 E

16 A

17 D

18 C

19 C

20 D

ANOTAÇÕES

326
Todos esses assuntos completam o estudo basilar
de semântica com foco em provas e concursos, sempre
de olho na sua aprovação. Por isso, convidamos você a
estudar com afinco e dedicação, sem esquecer de pra-

LÍNGUA PORTUGUESA
ticar seus conhecimentos realizando os exercícios de
cada tópico, bem como, a seleção de exercícios finais,
selecionados especialmente para que este material
cumpra o propósito de alcançar sua aprovação.
A inferência é uma relação de sentido conhecida
LEITURA, INTERPRETAÇÃO E ANÁLISE desde a Grécia Antiga e que embasa as teorias sobre
DE TEXTOS interpretação de texto.

LEITURA, INTERPRETAÇÃO E ANÁLISE DOS Dica


SIGNIFICADOS PRESENTES NUM TEXTO E
Interpretar é buscar ideias, pistas do autor do tex-
RELACIONAMENTO DESTES COM O UNIVERSO EM
QUE FOI PRODUZIDO to, nas linhas apresentadas.

A interpretação e a compreensão textual são aspec- Porém, apesar de, aparentemente, parecer algo
tos essenciais a serem dominados por aqueles candida- subjetivo, existem “regras” para se buscar essas pistas.
tos que buscam a aprovação em seleções e concursos A primeira e mais importante delas é identificar a
públicos. Trata-se de um assunto que abrange questões orientação do pensamento do autor do texto, que fica
específicas e de conteúdo geral nas provas; conhecer perceptível quando identificamos como o raciocínio
e dominar estratégias que facilitem a apreensão desse dele foi exposto, se de maneira mais racional, a partir
assunto pode ser o grande diferencial entre o quase e da análise de dados, informações com fontes confiáveis
a aprovação. ou se de maneira mais empirista, partindo dos efeitos,
Além disso, seja a compreensão textual, seja a das consequências, a fim de se identificar as causas.
interpretação textual, ambas guardam uma relação de Por isso, é preciso compreender como podemos
proximidade com um assunto pouco explorado pelos
interpretar um texto mediante estratégias de leitura.
cursos de português: a semântica, que incide suas rela-
Muitos pesquisadores já se debruçaram sobre o tema,
ções de estudo sobre as relações de sentido que a forma
linguística pode assumir. que é intrigante e de grande profundidade acadêmica;
Portanto, neste material você encontrará recursos neste material, selecionamos as estratégias mais efica-
para solidificar seus conhecimentos em interpreta- zes que podem contribuir para sua aprovação em sele-
ção e compreensão textual, associando a essas temá- ções que avaliam a competência leitora dos candidatos.
ticas as relações semânticas que permeiam o sentido A partir disso, apresentamos estratégias de leitura
de todo amontoado de palavras, tendo em vista que, que focam nas formas de inferência sobre um texto.
qualquer aglomeração textual é, atualmente, consi- Dessa forma, é fundamental identificar como ocorre
derada texto e, dessa forma, deve ter um sentido que o processo de inferência, que se dá por dedução ou
precisa ser reconhecido por quem o lê. por indução. Para entender melhor, veja esse exemplo:
Assim, vamos começar nosso estudo fazendo uma
breve diferença entre os termos compreensão e O marido da minha chefe parou de beber.
interpretação textual.
Para muitos, essas palavras expressam o mesmo
Observe que é possível inferir várias informações
sentido, mas, como pretendemos deixar claro neste
material, ainda que existam relações de sinonímia a partir dessa frase. A primeira é que a chefe do enun-
entre palavras do nosso vocabulário, a opção do autor ciador é casada (informação comprovada pela expres-
por um termo ao invés de outro reflete um sentido são “marido”), a segunda é que o enunciador está
que deve ser interpretado no texto, uma vez que a trabalhando (informação comprovada pela expressão
interpretação realiza ligações com o texto a partir “minha chefe”) e a terceira é que o marido da chefe do
das ideias que o leitor pode concluir com a leitura. enunciador bebia (expressão comprovada pela expres-
Já a compreensão busca a análise de algo exposto no são “parou de beber”). Note que há pistas contextuais
texto, e, geralmente, é marcada por uma palavra ou uma do próprio texto que induzem o leitor a interpretar
expressão, e apresenta mais relações semânticas e sintáti- essas informações.
cas. A compreensão textual estipula aspectos linguísticos Tratando-se de interpretação textual, os processos
essencialmente relacionados à significação das palavras de inferência, sejam por dedução ou por indução, par-
LÍNGUA PORTUGUESA

e, por isso, envolve uma forte ligação com a semântica.


tem de uma certeza prévia para a concepção de uma
Sabendo disso, é importante separarmos os con-
interpretação, construída pelas pistas oferecidas no
teúdos que tenham mais apelo interpretativo ou
compreensivo. Neste material, você encontrará um texto junto da articulação com as informações acessa-
forte conteúdo que relaciona semântica e interpreta- das pelo leitor do texto.
ção, contendo questões sobre os assuntos: inferência; A seguir, apresentamos um fluxograma que repre-
figuras de linguagem; vícios de linguagem; e intertex- senta como ocorre a relação desses processos:
tualidade. No que se refere aos estudos que focam na
compreensão e semântica, os principais tópicos são:
DEDUÇÃO → CERTEZA → INTERPRETAR
semântica dos sentidos e suas relações; coerência e
coesão; gêneros textuais (mais abordados em provas INFERÊNCIA
de concursos); tipos textuais e, ainda, as variações lin- INDUÇÃO → INTERPRETAR → CERTEZA
guísticas e suas consequências para o sentido. 327
A partir desse esquema, conseguimos visualizar Em questões de concurso, as bancas costumam
melhor como o processo de interpretação ocorre. Agora, procurar nos enunciados implícitos do texto aspectos
iremos detalhar esse processo, reconhecendo as estra- para abordar em suas provas.
tégias que compõem cada maneira de inferir informa- No momento de ler um texto, o leitor articula seus
ções de um texto. Por isso, vamos apresentar nos tópicos conhecimentos prévios a partir de uma informação
seguintes como usar estratégias de cunho dedutivo, indu- que julga certa, buscando uma interpretação; assim,
tivo e, ainda, como articular a isso o nosso conhecimento ocorre o processo de interpretação por dedução. Con-
de mundo na interpretação de textos.
forme Kleiman (2016, p. 47):
A indução
Ao formular hipóteses o leitor estará predizendo
temas, e ao testá-las ele estará depreendendo o
As estratégias de interpretação que observam
tema; ele estará também postulando uma possí-
métodos indutivos analisam as “pistas” que o texto
vel estrutura textual; na predição ele estará ati-
oferece e, posteriormente, reconhecem alguma certe-
vando seu conhecimento prévio, e na testagem
za na interpretação. Dessa forma, é fundamental bus-
ele estará enriquecendo, refinando, checando esse
car uma ordem de eventos ou processos ocorridos no
conhecimento.
texto e que variam conforme o tipo textual.
Sendo assim, no tipo textual narrativo, podemos
Fique atento a essa informação, pois é uma das
identificar uma organização cronológica e espacial no
desenvolvimento das ações marcadas, por exemplo, primeiras estratégias de leitura para uma boa inter-
pelo uso do pretérito imperfeito; na descrição, pode- pretação textual: formular hipóteses, a partir da
mos organizar as ideias do texto a partir da marcação macroestrutura textual, ou seja, antes da leitura ini-
de adjetivos e demais sintagmas nominais; na argu- cial, o leitor deve buscar identificar o gênero textual
mentação, esse encadeamento de ideias fica marcado ao qual o texto pertence, a fonte da leitura, o ano,
pelo uso de conjunções e elementos que expõem uma entre outras informações que podem vir como “aces-
ideia/ponto de vista. sórios” do texto e, então, formular hipóteses sobre a
No processo interpretativo indutivo, as ideias são leitura que deverá se seguir. Uma outra dica impor-
organizadas a partir de uma especificação para uma tante é ler as questões da prova antes de ler o texto,
generalização. Vejamos um exemplo: pois, assim, suas hipóteses já estarão agindo conforme
um objetivo mais definido.
Eu não sou literato, detesto com toda a paixão essa Vejamos como se relacionam os aspectos semân-
espécie de animal. O que observei neles, no tempo
ticos e interpretativos com os valores sintáticos. Para
em que estive na redação do O Globo, foi o bastan-
isso, é importante estarmos atentos aos operadores de
te para não os amar, nem os imitar. São em geral
de uma lastimável limitação de ideias, cheios de sentido que organizam o significado de textos e orações.
fórmulas, de receitas, só capazes de colher fatos Como vamos fazer isso? Analisando aspectos sintáticos e
detalhados e impotentes para generalizar, cur- recursos semânticos.
vados aos fortes e às ideias vencedoras, e antigas,
adstritos a um infantil fetichismo do estilo e guia- RECURSOS QUE AUXILIAM A ANÁLISE TEXTUAL
dos por conceitos obsoletos e um pueril e errôneo
critério de beleza. Quando interpretamos aqui-
Extrapolação e fuga do
(BARRETO, 2010, p. 21) lo que não está expresso no
texto
texto
O trecho em destaque na citação do escritor Lima
Quando destacamos apenas
Barreto, em sua obra “Recordações do escrivão Isaías
Redução uma parte do texto e não
Caminha” (1917), identifica bem como o pensamento
sua totalidade
indutivo compõe a interpretação e decodificação de
um texto. Para deixar ainda mais evidente as estraté- Quando entendemos o opos-
gias usadas para identificar essa forma de interpretar, Contradição
to das afirmações textuais
deixamos a seguir dicas de como buscar a organiza-
ção cronológica de um texto.
Fato ou opinião?

A propriedade vocabular leva


Fatos são acontecimentos que ocorreram indepen-
o cérebro a aproximar as pa-
PROCURE SINÔNIMOS dente da postura de quem narra ou apresenta.
lavras que têm maior asso-
ciação com o tema do texto Opinião é a representação de uma postura a partir
de um ponto de vista pessoal.
Os conectivos (conjunções,
preposições, pronomes)
ATENÇÃO AOS FATO OPINIÃO
são marcadores claros de
CONECTIVOS
opiniões, espaços físicos e Marcado por verbos no Marcada por verbos no
localizadores textuais modo indicativo subjuntivo

A dedução Apresenta-se em forma Apresenta estrutura com


afirmativa dúvida
A leitura de um texto envolve a análise de diversos
Apresenta dados para Apresenta muitos
aspectos que o autor pode colocar explicitamente ou de
comprovação adjetivos
328 maneira implícita no enunciado.
Concordância ou discordância Exemplo: “A violência escolar é um problema que
envolve toda a comunidade. Do núcleo familiar ao con-
É necessário ficar atento ao texto, pois alguns marca- vívio em sociedade, é o Estado, contudo, o responsável
dores argumentativos são utilizados nele para apresen- por oferecer as condições necessárias para a redução do
tar um ponto de vista em concordância ou discordância problema até a sua quase eliminação. Cabe à sociedade
com o autor. Vamos conhecer alguns: interferir para que a escola desempenhe de maneira
Concordância: em consonância; conforme men- satisfatória o seu papel e evite que problemas como a
cionado; não apenas..., mas também etc. violência na escola prejudiquem o desenvolvimento da
Ex.: “... segmentos do comércio converteram-se comunidade. Em suma, o problema só terá fim com o
em verdadeiros bancos e ganham não apenas com o
envolvimento conjunto da sociedade e da Justiça.”
natural porcentual de lucro, mas também nos juros
altos que o crediário rende.”
Conhecimentos utilizados na interpretação textual
No caso do exemplo mencionado, a expressão
“não apenas..., mas também” soma justificativas a
favor de um argumento defendido pelo autor, deno- O processo de interpretação envolve a articulação de
tando concordância. três tipos de conhecimento:
Discordância: porém, mas, todavia, contudo, no
entanto, embora, ainda que, posto que etc. z Conhecimento Linguístico;
Ex.: “No Brasil ainda vigora uma memória de infla- z Conhecimento Textual;
ção descontrolada e isto é como uma planta que está z Conhecimento de Mundo.
sufocada, porém viva...”
O uso de “porém” orienta para conclusões contrá- Conhecimento Linguístico
rias ao que o autor do texto demonstra inicialmente,
marcado, inclusive pelo termo “ainda”. Esse é o conhecimento principal para compreen-
Veja no quadro abaixo alguns dos marcadores argu- são e decodificação do texto, envolve o reconhecimen-
mentativos mais utilizados: to das formas linguísticas estabelecidas socialmente
por uma comunidade linguística, ou seja, envolve o
CONCORDÂNCIA DISCORDÂNCIA reconhecimento das regras de uma língua.
É importante salientar que as regras de reconhe-
“portanto’, “logo”, “por
cimento sobre o funcionamento da língua não são,
conseguinte”, “pois”, “em
decorrência”, “consequen- “mas”, “porém”, “contudo”, necessariamente, as regras gramaticais, mas as regras
temente”, “e”, “também”, “todavia”, “no entanto”, “em- que estabelecem, por exemplo, no caso da língua por-
“ainda”, “nem” (= e não), bora”, “ainda que”, “posto tuguesa, que o feminino é marcado pela desinência -a,
“não só...”, “mas também”, que”, “apesar de (que)” que a ordem de escrita respeita o sistema sujeito-ver-
“tanto...como”, “além dis- bo-objeto (SVO) etc.
so”, “além de”, “a par de” Ângela Kleiman (2016) afirma que o conhecimento
linguístico é aquele que “abrange desde o conhecimento
sobre como pronunciar português, passando pelo conhe-
Sério ou ridículo cimento de vocabulário e regras da língua, chegando até
o conhecimento sobre o uso da língua” (2016, p. 15).
Na realidade, o que a banca deseja avaliar no can-
Um exemplo em que a interpretação textual é preju-
didato nesse tópico é a sua capacidade de analisar as
dicada pelo conhecimento linguístico é o texto a seguir:
relações lógico-semânticas do texto que constituem as
relações de coerência entre as informações, os fatos e
opiniões apresentados no texto, ou seja, se o conteúdo
dos enunciados tem sentido a partir do contexto.
Sobre a coerência, devemos saber que ela pode ser:
Coerência narrativa: apresenta fatos em sequência
cronológica; logo, em um texto escrito predominante-
mente no tempo passado, a presença de fatos narrados
no futuro provavelmente irá quebrar a coerência desse
texto, tornando-o problemático e sem sentido.
Exemplo: “Ele ligou à noite para acalmar o deses-
pero dela. Sentou no sofá de couro já gasto, acendeu a
luz do abajur na sala já escura. Chamou por querida,
LÍNGUA PORTUGUESA

clamou por perdão. Relatou o dia e prometeu reduzir


os hiatos que os separava. A conversa dará fome”.
Coerência argumentativa: apresenta fatos, opi-
niões e dados a favor de um posicionamento que
concluirá o texto. Também é preciso apresentar uma
sequência lógica que respeite a ordem dos argumen-
tos apresentados no texto a quebra dessa ordem inci-
dirá em falta de coerência.
No texto a seguir, o autor menciona o Estado como
o grande responsável pela redução da violência esco-
lar. Entretanto, na última frase do texto, o autor deixa
de mencioná-lo, citando apenas a sociedade e a Justi-
ça. Assim, há uma quebra de raciocínio no texto. Fonte: https://bit.ly/3kCyWoI. Acesso em: 22/09/2020. 329
Como é possível notar, o texto é uma peça publici-
tária escrita em inglês, portanto, somente os leitores FONÉTICA
proficientes nessa língua serão capazes de decodificar
e entender o que está escrito, assim, o conhecimento CONCEITOS INICIAIS
linguístico torna-se crucial para a interpretação. Essas
são algumas estratégias de interpretação em que Fonemas
podemos usar métodos dedutivos.
A fonologia é a área do saber que se dedica aos
Conhecimento Textual estudos dos sons e de sua organização dentro de uma
língua natural. O objeto de estudo da fonologia é o
Esse tipo de conhecimento atrela-se ao conheci- fonema, que se trata da menor unidade significativa
mento linguístico e se desenvolve pela experiência diferençável na língua. Ex.: p/a/t/o ≠ b/a/t/o.
leitora. Quanto maior exposição a diferentes tipos de Dessa forma, podemos afirmar que o fonema é
textos, melhor se dá a sua compreensão. Nesse conhe- uma unidade distintiva, ou seja, reconhecemos um
cimento, o leitor desenvolve sua habilidade porque fonema distinguindo-o de outro a partir dos significa-
prepara sua leitura de acordo com o tipo de texto que dos diferentes que esses sons ensejam nas palavras,
como no exemplo: pato ≠ bato, pois, trocando um des-
está lendo. Não se lê uma bula de remédio como se lê
ses sons, o significado sofrerá alterações.
uma receita de bolo ou um romance. Não se lê uma
Logo, um som pode alterar completamente o senti-
reportagem como se lê um poema.
do de uma palavra; esse som deve ser denominado de
Em outras palavras, esse conhecimento relaciona- fonema. Ele representa os sons emitidos pelos falan-
-se com a habilidade de reconhecer diferentes tipos de tes; é, portanto, a representação gráfica das letras.
discursos, estruturas, tipos e gêneros textuais.

Conhecimento de Mundo Importante!


O uso dos conhecimentos prévios é fundamental Nem sempre há correspondência entre o núme-
para a boa interpretação textual, por isso, é sempre ro de fonemas e de letras. Ex.: a palavra carro-
importante que o candidato a cargos públicos reserve ça tem 7 letras, porém só apresenta 6 fonemas
um tempo para ampliar sua biblioteca e buscar fontes [karosa].
de informações fidedignas, para, dessa forma, aumen-
tar seu conhecimento de mundo.
Conforme Kleiman (2016), durante a leitura, nosso Conhecer o alfabeto fonético internacional e as
conhecimento de mundo que é relevante para a com- regras de transcrição fonética são passos importan-
preensão textual é ativado; por isso, é natural ao nosso tes para compreender outros processos da ortografia,
cérebro associar informações, a fim de compreender bem como da divisão silábica.
o novo texto que está em processo de interpretação.
A esse respeito, a autora propõe o seguinte exer- Sílaba
cício para atestarmos a importância da ativação do
conhecimento de mundo em um processo de interpre- Antes de compreendermos os processos norteado-
tação. Leia o texto a seguir e faça o que se pede: res da divisão silábica, é importante identificar uma
sílaba. Sílaba é um grupo de palavras que se pronun-
Como gemas para financiá-lo, nosso herói desa- cia em apenas uma emissão de voz, como a palavra
fiou valentemente todos os risos desdenhosos que “pá”, por exemplo.
tentaram dissuadi-lo de seu plano. “Os olhos enga- Para compreender o processo de formação silábi-
nam” disse ele, “um ovo e não uma mesa tipificam ca e, consequentemente, reconhecer os números de
corretamente esse planeta inexplorado.” Então as sílabas em uma palavra, é fundamental saber como
três irmãs fortes e resolutas saíram à procura de dividir a palavra em sílabas.
provas, abrindo caminho, às vezes através de imen- Esse processo é chamado de divisão silábica e
sidões tranquilas, mas amiúde através de picos e constitui a identificação e delimitação das sílabas de
vales turbulentos (KLEIMAN, 2016, p. 24). cada palavra. As palavras classificam-se em monos-
sílabas (se apresentam apenas uma sílaba) ou polis-
Agora tente responder as seguintes perguntas sílabas (mais de uma sílaba). Veja alguns exemplos a
sobre o texto: seguir.
Quem é o herói de que trata o texto? Separam-se:
Quem são as três irmãs?
Qual é o planeta inexplorado? z Hiatos: sa-í-da; va-zi-o.
z Dígrafos (RR, SS, SC, SÇ, XC): car-ro; ces-são; cons-
Certamente, você não conseguiu responder nenhu- -ci-ên-cia; cres-ça; ex-ce-ção.
ma dessas questões, porém, ao descobrir o título des- z Vogais iguais / grupo consonantal CC (Ç): Co-or-de-
se texto, sua compreensão sobre essas perguntas será -nar; ca-a-tin-ga/fic-ção; con-fec-cionar.
afetada. O texto se chama “A descoberta da América z Encontros consonantais disjuntos (pt, dv, gn, bs,
por Colombo”. Agora, volte ao texto, releia-o e busque tm, ft, ct, ls): Ap-ti-dão; ad-vo-ga-do; dig-no; ab-sol-
responder às questões; certamente você não terá mais -ver; rit-mo; as-pec-to; con-vul-são.
as mesmas dificuldades. z Não se separam:
Ainda que o texto não tenha sido alterado, ao vol- z Ditongos e Tritongos: Gló-ria/ U-ru-guai.
tar seus olhos por uma segunda vez a ele, já sabendo z Dígrafos (CH, LH, NH, GU, QU): cha-ve; ga-lho;
do que se trata, seu cérebro ativou um conhecimen- ni-nho; lin-gui-ça; quei-jo.
to prévio que é essencial para a interpretação de z Encontros consonantais em sílaba inicial: psi-có-
330 questões. -lo-go; pneu.
Vogal, semivogal e consoante z Rubrica: pronunciada como “rúbrica”;
z Pudico: pronunciada como “púdico”;
A vogal é o núcleo da sílaba em língua portuguesa. z Recorde: pronunciada como “récorde”.
Não há sílaba sem vogal; o som das vogais é puro, ou
seja, sem obstáculos sonoros. As vogais são: a, e, i, o, u. Algumas palavras possuem duas grafias e pronún-
A semivogal é um som de vogal que perdeu a força cias, são os casos especiais de prosódia:
sonora da vogal, juntam-se a uma vogal e são pronuncia-
das com menos força. São semivogais clássicas: /i/ e /u/. z Acrobata e acróbata;
Consoantes são os sons emitidos com obstáculos; z Boêmia ou boemia;
em nossa língua há 21 consoantes: b, c, d, f, g, h, j, k, l,
z Logotipo e logótipo;
m, n, p, q, r, t, v, x, y, z, w.
z Oceania e Oceânia;
O encontro na mesma sílaba de duas consoantes,
z Ortoépia e ortoepia;
como RR, LH, PR etc. configura um encontro conso-
nantal. Dentre os encontros consonantais, destaca-se z Projétil e projetil;
os dígrafos, que são o encontro de duas consoantes z Xerox e xérox.
que representam um único som, como: CH, NH, LH,
SC, SÇ, XC, XS, RR, SS, QU, GU. Monossílabas Átonas
Já o encontro de duas vogais origina um encontro
vocálico, que pode ser: Os monossílabos átonos são designados assim, pois
não apresentam autonomia fonética, sendo, portanto,
z Tritongo: três sons vocálicos na mesma sílaba. Ex.: pronunciados de forma fraca em seus contextos de uso.
Pa-ra-guai, I-guais, Sa-guão. Ex.: Essa chance nos foi dada.
� Ditongo: dois sons vocálicos na mesma sílaba. Ex.:
Pei-xe, Trou-xa, A-mei-xa. Monossílabas Tônicas
z Hiato: sons vocálicos em sílabas diferentes. Ex.:
Pa-ís, Ci-ú-me, Pi-a-da. Os monossílabos tônicos apresentam autonomia
fonética e, por isso, são proferidos fortemente nos
A diferença entre ditongo, tritongo e hiato é a pre- contextos de uso em que aparecem.
sença de vogal e de semivogais nos dois primeiros, É importante frisar que nem todo monossílabo
enquanto o hiato apresenta duas vogais e, por isso, tônico será acentuado, Ex.: “Essa chance foi dada a
precisa designar uma sílaba para cada uma, tendo em nós”.
vista que, na língua portuguesa, não há espaço para
duas vogais em uma mesma sílaba.
Oxítonas
Atente-se à diferença entre vogal e semivogal:
a vogal sempre apresentará um som mais forte,
enquanto a semivogal designa um som mais fraco. São chamadas assim as palavras que apresentam
Além disso, a vogal é o núcleo da sílaba, por isso, serve tonicidade na última sílaba, sendo esta, portanto, a
de apoio às semivogais. sílaba mais forte.
Ex.: mo-co-tó, pa-ra-béns, vo-cê.
Tonicidade
Paroxítonas
Quanto à tonicidade, as sílabas são divididas em
monossílabas (átonas e tônicas), oxítonas, paroxítonas São chamadas assim as palavras que apresentam a
e proparoxítonas. Para reconhecermos a sílaba tônica sílaba tônica na penúltima sílaba.
(forte) de uma palavra basta pronunciarmos o vocábu- Ex.: a-çú-car.
lo e notar qual sílaba é pronunciada com mais força.
Proparoxítonas
ORTOÉPIA E PROSÓDIA
São chamadas assim as palavras que apresentam a
A ortoépia é a uma área da fonética que diz res- sílaba tônica na antepenúltima sílaba.
peito à pronúncia correta das palavras e articulação Ex.: rá-pi-do.
entre os fonemas. As inadequações de ortoépia são
chamadas de cacoépias. Podemos citar como exem- ORTOGRAFIA
plos os vocábulos:
As regras de ortografia são muitas e, na maioria dos
z Advogado: pronunciado como “adevogado”
casos, contraproducentes, tendo em vista que a lógica
LÍNGUA PORTUGUESA

z Beneficente: pronunciado como “beneficiente”


da grafia e da acentuação das palavras, muitas vezes, é
z Cérebro: pronunciado como “célebro”
derivada de processos históricos de evolução da língua.
z Propriedade: pronunciado como “propiedade”
z Sobrancelha: pronunciado como “sombrancelha” Por isso, vale lembrar a dica de ouro do aluno cra-
z Umbigo: pronunciado como “imbigo” que em ortografia: leia sempre! Somente a prática de
leitura irá lhe garantir segurança no processo de gra-
Já a prosódia diz respeito às inadequações que fia das palavras.
são causadas pela mudança de sílaba tônica das pala- Em relação à acentuação, por outro lado, a maior
vras e da correta acentuação. Cometer um erro de parte das regras não são efêmeras, porém, são em
prosódia é transformar uma palavra paroxítona em grande número. Neste material, iremos apresen-
oxítona, ou uma proparoxítona em paroxítona, entre tar uma forma condensada e prática de nunca mais
outros. Podemos citar como exemplos de prosódia as esquecer os acentos e os motivos pelos quais as pala-
palavras: vras são acentuadas. 331
Ainda sobre aspectos ortográficos da língua portu- z Palavras oxítonas: acentuam-se as palavras oxíto-
guesa, é importante estarmos atentos ao uso de letras nas terminadas em: A, E, O, EM/ENS. Ex.: cajá, gua-
cujos sons são semelhantes e geram confusão quanto raná; Pelé, você; cipó, mocotó; também, parabéns.
à escrita correta. Veja: z Palavras paroxítonas: acentuam-se as paroxíto-
nas que não terminam em: A, E, O, EM/ENS. Ex.:
z É com X ou CH? Empregamos X após os ditongos. bíceps, fórceps; júri, táxis, lápis; vírus, úteis, lótus;
Ex.: ameixa, frouxo, trouxe. abdômen, hímen.

USAMOS X: USAMOS CH:


Importante!
� Depois da sílaba em, se � Depois da sílaba em, se
a palavra não for derivada a palavra for derivada de Acentuam-se as paroxítonas terminadas em
de palavras iniciadas por palavras iniciadas por CH: ditongo.
CH: enxerido, enxada encher, encharcar Ex.: imóveis, bromélia, história, cenário, Brasília,
� Depois de ditongo: cai- � Em palavras derivadas rádio etc.
xa, faixa de vocábulos que são gra-
� Depois da sílaba ini- fados com CH: recauchu-
cial me se a palavra não tar, fechadura z Palavras proparoxítonas: A regra mais simples e
for derivada de vocábulo fácil de lembrar: todas as proparoxítonas devem
iniciado por CH: mexer, ser acentuadas!
mexilhão
Porém, esse grupo de palavras divide uma polê-
Fonte: instagram/academiadotexto. Acesso em: 10/10/2020.
mica com as palavras paroxítonas, pois, em alguns
vocábulos, o Vocabulário Ortográfico da Língua Por-
z É com G ou com J? Usamos G em substantivos termi- tuguesa (VOLP) aceita a classificação em paroxítona
nados em: -agem; igem; -ugem. Ex.: viagem, ferrugem; ou proparoxítona.
Palavras terminadas em: ágio, -égio, -ígio, -ógio, São as chamadas proparoxítonas aparentes.
-úgio. Ex.: sacrilégio, pedágio; Essas palavras apresentam um ditongo crescente no
Verbos terminados em -ger e -gir. Ex.: proteger, fugir; final de suas sílabas; esse ditongo pode ser aceito ou
Usamos J em formas verbais terminadas em -jar ou pode ser considerado hiato. É o que ocorre com as
-jer. Ex.: viajar, lisonjear; palavras:
Termos derivados do latim escritos com j.
z É com Ç ou S? Após ditongos, usamos, geralmente, HIS-TÓ-RIA/ HIS-TÓ-RI-A
Ç quando houver som de S, e escrevemos S quando VÁ-CUO/ VA-CU-O
houver som de Z. Ex.: eleição; Neusa; coisa. PÁ-TIO/ PÁ-TI-O
z É com S ou com Z? palavras que designam nacio-
nalidade ou títulos de nobreza e terminam em -ês NOTAÇÕES LÉXICAS ABREVIATURAS, SIGLAS E
e -esa devem ser grafadas com S. Ex.: norueguesa; SÍMBOLOS
inglês; marquesa; duquesa.
Palavras que designam qualidade, cuja termina- São notações léxicas todos os sinais e símbolos
ção seja -ez ou -eza, são grafadas com Z:
acessórios que servem para auxiliar a pronúncia das
Embriaguez; lucidez; acidez.
palavras. Vejamos alguns exemplos:
Essas regras para correção ortográfica das pala-
vras, em geral, apresentam muitas exceções, por isso é z Acento agudo (´): sinal com um traço oblíquo para
importante ficar atento e manter uma rotina de leitu- direita que indica sílaba tônica em palavras que
ra, pois esse aprendizado é consolidado com a prática. precisam ser sinalizadas;
Sua capacidade ortográfica ficará melhor a partir da z Acento circunflexo (^): sinal que indica vogal
leitura e da escrita de textos, por isso, recomendamos tônica e fechada em palavras que precisam ser
que se mantenha atualizado e leia fontes confiáveis de sinalizadas;
informação, pois além de contribuir para seu conhe- z Acento grave (`): sinal com traço oblíquo para
cimento geral, sua habilidade em língua portuguesa esquerda que representa a junção de duas vogais
também aumentará. A em funções sintáticas diferentes, fenômeno cha-
mado de crase;
ACENTUAÇÃO GRÁFICA z Diacrítico til (~): indica nasalização em som vocá-
lico, não é considerado um sinal.
Muitas são as regras de acentuação das palavras
z Antes de concluir, é importante mencionar o uso
da língua portuguesa; para compreender essas regras,
faz-se necessário entender a tonicidade das sílabas e do acento nas formas verbais TER e VIR:
respeitar a divisão das sílabas.
Ele tem / Eles têm
Regras de Acentuação Ele vem / Eles vêm

z Palavras monossílabas: Acentuam-se os monossí- Percebam que, no plural, essas formas admitem o
labos tônicos terminados em: A, E, O. Ex.: pá, vá, uso de um acento (^); portanto, atente-se à concordân-
332 chá; pé, fé, mês; nó, pó, só. cia verbal quando usar esses verbos.
radical é também conhecido como morfema lexical,
MORFOLOGIA pois se trata da significação própria dos vocábulos,
designando a sua natureza lexical, ou seja, o seu senti-
No dia a dia, usamos unidades comunicativas do propriamente dito.
para estabelecer diálogos e contatos, formando enun- Alguns exemplos de radicais:
ciados. Essas unidades comunicativas chamamos de
palavras. Elas surgem da necessidade de comunica- Ex.: pastel – pastelaria – pasteleiro;
ção e os processos de formação para sua construção pedra – pedreiro - pedregulho;
são conhecidos da nossa competência linguística, pois Terra – aterrado – enterrado - terreiro.
como falantes da língua, ainda que não saibamos o
significado de antever, podemos inferir que esse ter-
mo tem relação com o ato de ver antecipadamente,
dado o uso do prefixo diante do verbo ver.
Importante!
Reconhecer os processos que auxiliam na forma- Palavras da mesma família etimológica, ou seja,
ção de novas palavras é essencial para o estudante da que apresentam o mesmo radical e guardam o
língua. Esse assunto, como dissemos, já é reconhecido
mesmo valor semântico no radical, são conheci-
pelo nosso cérebro, que identifica os prefixos, sufixos e
palavras novas que podem ser criadas a partir da estru- das como cognatas.
tura da língua; não é à toa que, muitas vezes, somos
surpreendidos com o uso inédito de algum termo.
Porém, precisamos ter consciência de que nem Afixos ou Morfemas Derivacionais
todo contexto é apropriado para o uso de novas estru-
turas vocabulares, por isso, neste capítulo, iremos A partir dos morfemas lexicais, a língua ganha
estudar os processos de formação de palavras e as outras formas e sentidos pelos morfemas derivacio-
consequências dessas novas constituições, focando nais, que são assim chamados pois auxiliam no pro-
nesse conteúdo sempre cobrado pelas bancas mais cesso de criação de palavras a partir da derivação, ou
exigentes. seja, a inclusão de prefixos e sufixos no radical dos
vocábulos.
ESTRUTURA E FORMAÇÃO DAS PALAVRAS Vale notar que algumas bancas denominam os afi-
xos de infixos.
Radical e Morfema Lexical São morfemas derivacionais os afixos, estruturas
morfológicas que se anexam ao radical das palavras e
As palavras são formadas por estruturas que, uni- auxiliam o processo de formação de novos vocábulos.
das, podem se modificar e criar novos sentidos em Os afixos da língua portuguesa são de duas categorias:
contextos diversos. Os morfemas são as menores uni-
dades gramaticais com sentido da língua. Para iden-
tificá-los é preciso notar que uma palavra é formada z Prefixos: afixos que são anexados na parte ante-
por pequenas estruturas. Para isso, podemos imaginar rior do radical.
que uma palavra é uma peça de um quebra-cabeça
no qual podemos juntar outra peça para formar uma Exs.:
estrutura maior, porém, se você já montou um que- In: infeliz.
bra-cabeça, deve se lembrar que não podemos unir as Anti: antipatia
peças arbitrariamente, é preciso buscar aquelas que Pós: posterior
se encaixam. Bi: bisavô
Assim, como falantes da língua, reconhecemos Contra: contradizer
essas estruturas morfológicas e os seus sentidos, pois,
a todo momento estamos aptos a criar novas pala- z Sufixos: afixos que são anexados na parte poste-
vras a partir das regras que o sistema linguístico nos
rior do radical.
oferece.
Tornou-se comum, sobretudo nas redes sociais, o
surgimento de novos vocábulos a partir de “peças” Exs.:
existentes na língua, algumas misturando termos de mente: Felizmente.
outras línguas com morfemas da língua portuguesa dada: Lealdade
para a formação de novas palavras, como: bloguei- eiro: Blogueiro
ro (blogger), deletar (delete); já algumas palavras ista: Dentista
ganham novos morfemas e, consequentemente, novas gudo: Narigudo
acepções nas redes socias como, por exemplo, biscoi-
LÍNGUA PORTUGUESA

teiro, termo usado para se referir a pessoas que bus- É importante destacar que essa pequena amostra,
cam receber elogios nesse ambiente. listando alguns sufixos e prefixos da língua portugue-
As peças do quebra-cabeças que formam as pala- sa, é meramente ilustrativa e serve apenas para que
vras da língua portuguesa possuem os seguintes
você tenha consciência do quão rico é o processo de
nomes:
formação de palavras por afixos.
Radical, desinência, vogal temática, afixos, Além disso, não é interessante que você decore esses
consoantes e vogais de ligação. morfemas derivacionais, mas que você compreenda
o valor semântico que cada um deles estabelece na
O radical, também chamado de semantema, é o língua, como os sufixos -eiro e -ista que são usados,
núcleo da palavra, pois é o detentor do sentido ao qual comumente, para criar uma relação com o ambiente
se anexam os demais morfemas, criando as palavras profissional de alguma área, como: padeiro, costureiro,
derivadas. Devido a essa importante característica, o blogueiro, dentista, escafandrista, equilibrista etc. 333
Os sufixos costumam mudar mais a classes das A partir do exposto no tópico sobre vogal temática,
palavras. Já os prefixos modificam mais o sentido dos esperamos ter deixado claro que nem toda palavra irá
vocábulos. apresentar vogal temática; dessa forma, as palavras
que não apresentem vogal temática também não irão
Desinências ou Morfemas Flexionais possuir tema.
Exs.:
Os morfemas flexionais, mais conhecidos como Vendesse – tema: vende;
Mares – tema: mare.
desinências, são os mais estudados na língua portu-
guesa, pois são esses os morfemas que organizam as
Vogais e Consoantes de Ligação
estruturas no singular e no plural, os verbos em tem-
pos e conjugações e as relações de gênero em femini-
As consoantes e vogais de ligação têm uma função
no e masculino.
eufônica, ou seja, servem para facilitar a pronúncia de
Para facilitar a compreensão, podemos dividir os palavras. Essa é a principal diferença entre as vogais
morfemas flexionais em: de ligação e as vogais temáticas, estas unem desinên-
cias, aquelas facilitam a pronúncia.
z Aditivos: Adiciona-se ao morfema lexical. Ex.: pro-
fessor/professora; livro/livros. Exs.:
� Subtrativos: Elimina-se um elemento do morfema Gas - ô - metro;
lexical. Ex.: Irmão/irmã; Órfão/órfã. Alv - i - negro;
Tecn - o - cracia;
z Nulos: Quando a ausência de uma letra indica Pe - z - inho;
uma flexão. Ex.: o singular dos substantivos é mar- Cafe - t- eira;
cado por essa ausência, como em: mesa (0)1 /mesas Pau - l - ada;
Cha - l - eira;
Não confunda: Inset - i - cida;
Pobre - t- ão;
Morfema derivacional: afixos (prefixos e sufixos); Paris - i - ense;
Gira - s - sol;
Morfema flexional: aditivos, subtrativos, nulos;
Legal - i - dade.
Morfema lexical: radical.
Morfema gramatical: significado interno à estrutu-
A partir do conhecimento dos morfemas que auxi-
ra gramatical, como artigos, preposições, conjunções liam o processo de ampliação das palavras da língua,
etc. podemos iniciar o estudo sobre os processos de for-
mação de palavras.
Vogais temáticas As palavras na língua portuguesa são criadas a
partir de dois processos básicos que apresentam clas-
A vogal temática liga o radical a uma desinência, ses específicas. O quadro a seguir organiza bem os
que estabelece o modo e o tempo da conjugação ver- processos de formação de palavras:
bal, no caso de verbos, e, nos substantivos, junta-se ao
radical para a união de outras desinências.
FORMAÇÃO DE PALAVRAS
Ex.: Amar e Amor. DERIVAÇÃO COMPOSIÇÃO
� Prefixal � Justaposição
Nos verbos, a vogal temática marca ainda a conju- � Sufixal � Aglutinação
gação verbal, indicando se o verbo pertence à 1º, 2º ou � Prefixal e sufixal
3º conjugação: � Parassintética
� Regressiva
Exs.: � Imprópria ou conversão
Amar – 1º conjugação;
Comer – 2º conjugação; Como é possível notar, os dois processos de forma-
Partir – 3º conjugação. ção de palavras são a derivação e a composição. As
palavras formadas por processos derivativos apresen-
É importante não se confundir: a vogal temática tam mais classes a serem estudas. Vamos conhecê-las
não existe em palavras que apresentam flexão de agora!
gênero. Logo, as palavras gato/gato possuem uma
desinência e não uma vogal temática! PROCESSOS DE DERIVAÇÃO
Caso a dúvida persista, faça esse exercício: Igreja
(essa palavra existe); “Igrejo” (essa palavra não exis- As palavras formadas por processos de derivação
te), então o -a de igreja é uma vogal temática que irá são classificadas a partir de seis categorias:
ligar o vocábulo a desinências, como -inha, -s.
Note que as palavras terminadas em vogais tônicas z Prefixal ou prefixação;
não apresentam vogais temática: Ex.: cajá, Pelé, bobó. z Sufixal ou sufixação;
z Prefixal e sufixal;
Tema z Parassintética ou parassíntese;
z Regressiva;
O tema é a união do radical com a vogal temática. z Imprópria ou conversão.
334 1 O morfema flexional nulo é mais conhecido como morfema zero nas gramáticas; sua marcação é feita com a presença do numeral 0 (zero).
A seguir, iremos estudar a diferença entre cada Almoço (almoçar);
uma dessas classes e identificar as peculiaridades de Ataque (atacar);
cada uma. Amasso (amassar).
A derivação regressiva, geralmente, forma subs-
Derivação Prefixal tantivos abstratos derivados de verbos. É possível
que alguns autores reconheçam esse processo como
Como o próprio nome indica, as palavras forma- redução.
das por derivação prefixal são formadas pelo acrésci-
mo de um prefixo à estrutura primitiva, como: Derivação Imprópria
Pré-vestibular; disposição; deslealdade; super-ho-
mem; infeliz; refazer.
A derivação imprópria, a partir de seu processo de
Pré-vestibular: prefixo pré-;
formação de palavras, provoca a conversão de uma
Disposição: prefixo dis-;
Deslealdade: prefixo des-; classe gramatical, que pode passar de verbo a subs-
Super-homem: prefixo super; tantivo, por exemplo.
Infeliz: prefixo in-; A seguir, apresentamos alguns processos de con-
Refazer: prefixo re-. versão das palavras por derivação imprópria:

Derivação Sufixal z Particípio do verbo - substantivo: Teria passado


- O passado;
De maneira comparativa, podemos afirmar que z Verbos - substantivos: Almoçar - O almoço;
a formação de palavras por derivação sufixal refere- z Substantivos - adjetivos: o gato - mulher gato;
-se ao acréscimo de um sufixo à estrutura primitiva, z Substantivos comuns - substantivos próprios:
como em: leão - Nara Leão;
Lealdade; francesa; belíssimo; inquietude; sofri- z Substantivos próprios - comuns: Gillete - gilete;
mento; harmonizar; gentileza; lotação; assessoria. Judas - ele é o judas do programa.
Lealdade: sufixo -dade;
Francesa: sufixo -esa; Sufixos e formação de palavras: Alguns sufixos
Belíssimo: sufixo -íssimo; são mais comuns no processo de formação de deter-
Inquietude: sufixo -tude;
minadas classes gramaticais, vejamos:
Sofrimento: sufixo -mento;
Harmonizar: sufixo -izar;
Gentileza: sufixo -eza; z Sufixos nominais: originam substantivos, adjeti-
Lotação: sufixo -ção; vos. Ex.: -dor, -ada, -eiro, -oso, -ão, -aço.
Assessoria: sufixo -ria. z Sufixos verbais: originam verbos. Ex.: -ear, -ecer,
-izar, -ar.
Derivação Prefixal e Sufixal z Sufixos adverbiais: originam advérbios. Ex.: -mente.

Nesse caso, juntam-se à palavra primitiva tanto Lista de radicais e prefixos


um sufixo quanto um prefixo; vejamos alguns casos:
Inquietude (prefiro in- com sufixo -tude); infeliz- Apresentamos alguns radicais e prefixos na lista a
mente (prefixo in- com sufixo -mente); ultrapassagem seguir, que podem auxiliar na compreensão do proces-
(prefixo ultra- com sufixo -agem); reconsideração so de formação de palavras. Novamente, alertamos que
(prefixo -re com sufixo -ção). essa lista não deve ser encarada como uma “tabuada” a
ser decorada, mas como um método para apreender o
Derivação Parassintética sentido de alguns desses radicais e prefixos.

Na derivação parassintética, um acréscimo simul-


tâneo de afixos, prefixos e sufixos é realizado a uma RADICAIS E PREFIXOS GREGOS
estrutura primitiva. É importante não confundir, con-
tudo, com o processo de derivação por sufixação e RADICAL/
SENTIDO EXEMPLO
prefixação. Veja: PREFIXO
Se, ao retirar os afixos, a palavra perder o senti-
do, como em “emagrecer” (sem um dos afixos: “ema- Acro Alto Acrofobia/acrobata
gro-” não existe), basta fazer o seguinte exercício para
estabelecer por qual processo a palavra foi formada: Agro Campo Agropecuária
retirar o prefixo ou o sufixo da palavra em que paira
Algia Dor Nevralgia
LÍNGUA PORTUGUESA

dúvida. Caso a palavra que restou exista, estaremos


diante de um processo por derivação sufixal e prefi-
xal, caso contrário, a palavra terá sido formada por Bio Vida Biologia
derivação parassintética.
Biblio Livro Biblioteca
Ex.: Entristecer, desalmado, espairecer, desgelar,
Crono Tempo Cronologia
entediar etc.
Caco Mau cacofonia
Derivação Regressiva
Cali Belo Caligrafia
Já na derivação regressiva, a nova palavra será
formada pela subtração de um elemento da estrutura Dromo Local Autódromo
primitiva da palavra. Vejamos alguns exemplos: 335
Além dos radicais e prefixos gregos, as palavras da ORIGENS DAS PALAVRAS DA LÍNGUA
língua portuguesa também se aglutinam a radicais e PORTUGUESA
prefixos latinos.
A morfologia é a área da linguística que estuda a
origem, a formação, a estrutura e a classificação das
RADICAIS E PREFIXO LATINOS palavras em língua portuguesa.
As palavras da língua portuguesa vêm, em sua
RADICAL/PREFIXO SENTIDO EXEMPLO
maioria, do latim e do grego, mas também podem ter
Arbori Árvore Arborizar origem estrangeira. O português brasileiro incorpo-
rou ainda palavras de origem indígena, árabe e afri-
Beli Guerra Belicoso cana. Podemos citar como exemplos:

Cida Que mata Homicida z Palavras de origem árabe:


Des- dis Separação Discordar
„ Arroz;
Equi Igual Equivalente „ Açougue;
„ Azulejo;
Ex- Para fora Exonerar „ Sofá.
Fide Fé Fidelidade
z Palavras de origem francesa:
Mater Mãe Materno
„ Abajur;
„ Canapé;
Processos de Composição
„ Crepe;
„ Lingerie.
As palavras formadas por processos de composi-
ção podem ser classificadas em duas categorias: justa-
z Palavras de origem africana:
posição e aglutinação.
As palavras formadas por qualquer um desses pro- „ Dengo;
cessos estabelecem um sentido novo na língua, uma „ Cafuné;
vez que nesse processo há a junção de duas palavras „ Cachaça;
que já existem para a formação de um novo termo, „ Cachimbo.
com um novo sentido.
z Palavras de origem indígena:
z Composição por justaposição: nesse processo,
as palavras envolvidas conservam sua autonomia „ Capivara
morfológica, permanecendo a tonicidade original „ Copacabana
de cada palavra. Ex.: pé de moleque, dia a dia, faz „ Jacaré
de conta, navio-escola, malmequer. „ Paçoca
z Composição por aglutinação: na formação de
CLASSIFICAÇÃO E FLEXÃO DAS PALAVRAS
palavras por aglutinação, há mudanças na toni-
cidade dos termos envolvidos, que passam a ser
Substantivos
subordinados a uma única tonicidade. Ex.: petró-
leo (petra + óleo); aguardente (água + ardente); Os substantivos classificam os seres em geral. Uma
vinagre (vinho + agre); você (vossa + mercê). característica básica dessa classe é admitir um deter-
minante, artigo, pronome etc. Os substantivos flexio-
Palavras Compostas e Derivadas nam-se em gênero, número e grau.

Agora que já conhecemos os processos de forma- Tipos de Substantivos


ção de palavras, precisamos identificar as palavras
que são compostas e as palavras que são derivadas. A classificação dos substantivos admite nove tipos
diferentes de substantivos. São eles:
z São compostas: planalto, couve-flor, aguardente etc.
z Simples: Formados a partir de um único radical.
z São derivadas: pedreiro, floricultura, pedal etc.
Ex.: vento, escola;
Palavras derivadas são aquelas formadas a partir z Composto: Formados pelo processo de justaposi-
de palavras primitivas, ou seja, a partir de palavras ção. Ex.: couve-flor, aguardente;
que detêm a raiz com sentido lexical independente. z Primitivo: Possibilitam a formação de um novo
São palavras primitivas: porta, livro, pedra etc. substantivo. Ex.: pedra, dente;
A partir das palavras primitivas, o falante pode
anexar afixos (sufixos e prefixos), formando as pala- z Derivado: Formados a partir dos primitivos. Ex.:
vras derivadas, assim chamadas pois derivam de um pedreiro, dentista;
dos seis processos derivacionais. z Concreto: Designam seres com independência
Já as palavras compostas guardam a independên- ontológica, ou seja, um ser que existe por si, inde-
cia semântica e ortográfica, unindo-se a outras pala- pendente da sua conotação espiritual ou real. Ex.:
336 vras para a formação de um novo sentido. Deus, fada, carro;
z Abstrato: Indica estado, sentimento, ação, quali- Algumas formas substantivas mantêm o radical,
dade. Ex.: coragem, Liberalismo; mas a alteração do gênero interfere no significado:
z Comum: Designam determinados seres e lugares.
Ex.: homem, cidade; z O cabeça: chefe / a cabeça: membro o corpo;
z O moral: ânimo / a moral: costumes sociais;
z Próprio: Designam uma determinada espécie. Ex.: z O rádio: aparelho / a rádio: estação de transmissão.
Maria, Fortaleza;
z Coletivo: Usados no singular, designam um con- Além disso, algumas palavras na língua causam
junto de uma mesma espécie. Ex: pinacoteca, dificuldade na identificação do gênero, pois são usa-
manada. das em contextos informais com gêneros diferentes, é
o caso de: a alface; a cal; a derme; a libido; a gênese;
É importante destacar que a classificação de um a omoplata / o guaraná; o catolicismo; o formicida; o
substantivo depende do contexto em que ele está inse- telefonema; o trema.
rido. Vejamos: Algumas formas que não apresentam, necessaria-
Judas foi um apóstolo (Judas = Próprio). mente, relação com o gênero, são admitidas tanto no
O amigo se mostrou um judas (judas = traidor/ masculino quanto no feminino: O personagem / a per-
comum). sonagem; O laringe / a laringe; O xerox / a xerox.

Flexão de Gênero Flexão de Número

Os gêneros do substantivo são masculinos e femi- Os substantivos flexionam-se em gênero, de manei-


ninos. Porém, alguns admitem apenas uma forma ra geral, pelo acréscimo do morfema -s: Casa / casas.
para os dois gêneros, são, por isso, chamados de uni- Porém, podem apresentar outras terminações: males,
formes. Os substantivos uniformes podem ser:
reais, animais, projéteis etc. Geralmente, devemos acres-
centar -es ao singular das formas terminadas em R ou Z,
z Comuns-de-dois-gêneros: designam seres huma-
como: flor / flores; paz / pazes. Porém, há exceções, como
nos e sua diferença é marcada pelo artigo. Ex.: o
mal/males.
pianista / a pianista; o gerente / a gerente; o cliente
Já os substantivos terminados em AL, EL, OL, UL
/ a cliente; o líder / a líder.
fazem plural trocando-se o L final por -is. Ex.: coral
z Epicenos: designam animais ou plantas que apre- / corais; papel / papéis; anzol / anzóis. Mas também
sentam distinção entre masculino e feminino; a há exceções. Ex.: a forma mel apresenta duas formas
diferença é marcada pelo uso do adjetivo macho aceitas meles e méis.
ou fêmea. Ex.: cobra macho / cobra fêmea; onça Geralmente, as palavras terminadas em -ão fazem
macho / onça fêmea; gambá macho / gambá fêmea; plural com o acréscimo do -s ou pelo acréscimo de -es.
girafa macho / girafa fêmea. Ex.: capelães, capitães, escrivães. Contudo, há subs-
z Sobrecomuns: designam seres de forma geral que tantivos que admitem até três formas de plural:
não são distinguidos por artigo ou adjetivo, o gêne-
ro pode ser reconhecido apenas pelo contexto. Ex.: z Ermitão: ermitãos, ermitões, ermitães.
A criança; O monstro; A testemunha; O indivíduo.
z Ancião: anciãos, anciões, anciães.
Os substantivos biformes, como o nome indi- z Vilão: vilãos, vilões, vilães.
ca, designam os substantivos que apresentam duas
formas para os gêneros masculino ou feminino. Ex.: Podemos, ainda, associar às palavras paroxítonas
professor/professora. que terminam em -ão o acréscimo do -s. Ex.: órgão /
Destacamos que alguns substantivos apresentam órgãos; órfão / órfãos.
formas diferentes nas terminações para designar for-
mas diferentes no masculino e no feminino: Plural dos Substantivos Compostos
Ex.: Ator/atriz; Ateu/ ateia; Réu/ré.
Os substantivos compostos são aqueles formados
por justaposição; o plural dessas formas obedece às
Outros substantivos modificam o radical para
seguintes regras:
designar formas diferentes no masculino e no femini-
no, estes são chamados de substantivos heteroformes:
z Variam os dois elementos:
LÍNGUA PORTUGUESA

Ex.: Pai/mãe; Boi/vaca; Genro/nora.


substantivo + substantivo:
Gênero e Significação Ex.: mestre-sala / mestres-salas;

É importante salientar que alguns substantivos Substantivo + adjetivo:


uniformes podem aparecer com marcação de gênero Ex.: guarda-noturno / guardas - noturnos;
diferente, ocasionando uma modificação no sentido.
Veja, por exemplo: Adjetivo + substantivo:
Ex.: boas-vindas;
z A testemunha: pessoa que presenciou um crime;
z O testemunho: relato de experiência, associado a Numeral + substantivo:
religiões. Ex.: terça-feira / terças - feiras. 337
z Varia apenas um elemento: Em palavras com hífen, podemos optar pelo uso
de maiúsculas ou minúsculas, portanto, são aceitas as
Substantivo + preposição + substantivo. formas: Vice-Presidente; Vice-presidente e vice-pre-
Ex.: canas-de-açúcar; sidente, porém é preciso manter a mesma forma em
todo o texto. Já nomes próprios compostos por hífen
Substantivo + substantivo (com função adjetiva). devem ser escritos com as iniciais maiúsculas: Grã-
Ex.: navios-escola. -Bretanha, Timor-Leste.

Palavra invariável + palavra invariável. Artigos


Ex.: abaixo-assinados.
Os artigos devem concordar em gênero e número
Verbo + substantivo. com os substantivos. São, por isso, considerados deter-
Ex.: guarda-roupas. minantes dos substantivos.
Essa classe está dividida em artigos definidos e arti-
Redução + substantivo. gos indefinidos: os primeiros funcionam como deter-
Ex.: bel-prazeres. minantes objetivos, individualizando a palavra, já os
segundos funcionam como determinantes imprecisos.
Destacamos, ainda, que os substantivos compostos
formados por verbo + advérbio e verbo + substan- z Artigos definidos: o, os; a, as.
tivo plural ficam invariáveis. Ex.: Os bota-fora; os z Artigos indefinidos: um, uns; uma, umas.
saca-rolha.
Os artigos podem ser combinados às preposições:
Variação de Grau são as chamadas contrações. Algumas contrações
comuns na língua são: em + a = na; a + o = ao; a + a =
A flexão de grau dos adjetivos exprime a variação à; de + a = da.
de tamanho dos seres, indicando um aumento ou uma Toda palavra determinada por um artigo torna-se
diminuição. um substantivo! Ex.: o não, o porquê, o cuidar etc.

z Grau aumentativo: quando o acréscimo de sufi- Adjetivos


xos aos substantivos indicar um grau aumentativo.
Ex.: bocarra, homenzarrão, gatalhão, cabeçorra, Os adjetivos associam-se aos substantivos garan-
fogaréu, boqueirão, poetastro. tindo a estes um significado mais preciso. Os adjetivos
podem indicar:
z Grau diminutivo: quando o acréscimo de sufi-
xos aos substantivos indicar um grau diminutivo.
z Qualidade: professor chato.
Ex.: fontinha, lobacho, casebre, vilarejo, saleta,
z Estado: aluno triste.
pequenina, papelucho.
z Aspecto, aparência: estrada esburacada.

Dica Locuções Adjetivas


O emprego do grau aumentativo ou diminutivo
As locuções adjetivas apresentam o mesmo valor
dos substantivos pode alterar o sentido das pala-
dos adjetivos, indicando as mesmas características
vras, podendo assumir um valor:
deles.
Afetivo: filhinha; Elas são formadas por preposição + substantivo,
Pejorativo: mulherzinha / porcalhão. referindo-se a outro substantivo ou expressão subs-
tantivada, atribuindo-lhe o mesmo valor adjetivo.
O Novo Acordo Ortográfico e o Uso de Maiúsculas A seguir, colocamos algumas locuções adjetivas
com valores diferentes ao lado da forma adjetiva,
O novo acordo ortográfico estabelece novas regras importantes para seu estudo:
para o uso de substantivos próprios, exigindo o uso
da inicial maiúscula. Dessa forma, devemos usar com z Voo de águia / aquilino;
letra maiúscula as iniciais das palavras que designam:
z Poder de aluno / discente;
z Nomes de instituições. Ex.: Embaixada do Brasil; z Cor de chumbo / plúmbeo;
Ministério das Relações Exteriores; Gabinete da z Bodas de cobre / cúprico;
Vice-presidência. z Sangue de baço / esplênico;
z Títulos de obras. Ex.: Memórias póstumas de Brás z Nervo do intestino / celíaco ou entérico;
Cubas. Caso a obra apresente em seu título um z Noite de inverno / hibernal ou invernal.
nome próprio, este também deverá ser escrito com
inicial maiúscula. É importante destacar que mais do que “decorar”
z Nomenclatura legislativa especificada deve ser formas adjetivas e suas respectivas locuções, é fun-
damental reconhecer as principais características de
escrita com inicial maiúscula. Ex.: Lei de Diretri-
uma locução adjetiva: caracterizar o substantivo e
zes e Bases da Educação (LDB).
apresentar valor de posse. Ex.: Viu o crime pela aber-
z Períodos e eventos históricos. Ex.: Revolta da tura da porta; A abertura de conta pode ser realiza-
338 Vacina; Guerra Fria. da on-line.
Quando a locução adjetiva é composta pela pre- O amor é mais suficiente do que o dinheiro
posição “de”, ela pode ser confundida com a locução (comparativo de superioridade);
adverbial. Nesse caso, para diferenciá-las, é importan- Homens são menos engajados do que mulhe-
te perceber que a locução adjetiva apresenta valor de res (comparativo de inferioridade).
posse, pois, nesse caso, o meio usado pelo sujeito para
ver “o crime”, indicado na frase, foi pela abertura da z Grau superlativo: em relação ao grau superlati-
porta. Além disso, a locução destacada está caracteri- vo, é importante considerar que o valor semântico
zando o substantivo “abertura”. desse grau apresenta variações, podendo indicar:
Já na segunda frase, a locução destacada é adver-
bial, pois quem sofre a “ação” de ser aberta é a “con- „ Característica de um ser elevada ao último
ta”, o que indica o valor de passividade da locução, grau: Superlativo absoluto, que pode ser analí-
demonstrando seu caráter adverbial. tico (associado ao advérbio) ou sintético (asso-
As locuções adjetivas também desempenham fun- ciação de prefixo ou sufixo ao adjetivo);
ção de adjetivo e modificam substantivos, pronomes,
numerais, oração substantiva. Ex.: amor de mãe, café „ Característica de um ser relacionada com
com açúcar. outros indivíduos da mesma classe: Superla-
Já as locuções adverbiais desempenham função tivo relativo, que pode ser de superioridade (O
de advérbio. Modificam advérbios, verbos, adjetivos, mais) ou de inferioridade (O menos)
orações adjetivas com esses valores. Ex.: morreu de Ex.: O candidato é muito humilde (Superlativo
fome; agiu com rapidez. absoluto analítico).
O candidato é humílimo (Superlativo absoluto
Adjetivo de Relação sintético).
O candidato é o mais humilde dos concorren-
No estudo dos adjetivos, é fundamental estudar tes? (Superlativo relativo de superioridade).
o aspecto morfológico designado como “adjetivo de O candidato é o menos preparado entre os con-
relação”, muito cobrado por bancas de concursos. correntes à prefeitura (Superlativo relativo de
Para identificar um adjetivo de relação, observe as inferioridade).
seguintes características:
Ao compararmos duas qualidades de um mesmo
z Seu valor é objetivo, não podendo, portanto, apre- ser, devemos empregar a forma analítica (mais alta,
sentar meios de subjetividade. Ex.: Em “Menino mais magra, mais bonito etc.).
bonito”, o adjetivo não é de relação, já que é sub- Ex.: A modelo é mais alta que magra.
jetivo, pois a beleza do menino depende dos olhos Porém, se uma mesma característica se referir
de quem o descreve. a seres diferentes, empregamos a forma sintética
z Posição posterior ao substantivo: os adjetivos de (melhor, pior, menor etc.).
relação sempre são posicionados após o substanti- Ex.: Nossa sala é menor que a sala da diretoria.
vo. Ex.: casa paterna.
Formação dos Adjetivos
z Derivado do substantivo: derivam-se do substan-
tivo por derivação prefixal ou sufixal. Os adjetivos podem ser primitivos, derivados,
z Não admitem variação de grau: os graus compa- simples ou compostos.
rativo e superlativo não são admitidos.
z Primitivos: são os Adjetivos que não derivam de
Alguns exemplos de adjetivos relativos: Presiden- outras palavras e, a partir deles, é possível formar
novos termos. Ex.: útil, forte, bom, triste, mau etc.
te americano (não é subjetivo; posicionado após o
substantivo; derivado de substantivo; não existe a z Derivados: são formados a partir dos adjetivos pri-
forma variada em grau “americaníssimo”); platafor- mitivos. Ex.: bondade, lealdade, mulherengo etc.
ma petrolífera; economia mundial; vinho francês; z Simples: Os adjetivos simples apresentam um
roteiro carnavalesco. único radical. Ex.: português, escuro, honesto etc.
z Compostos: são formados a partir da união de
Variação de Grau dois ou mais radicais. Ex.: verde-escuro, luso-bra-
sileiro, amarelo-ouro etc.
O adjetivo pode variar em dois graus: Compara-
tivo ou superlativo. Cada um deles apresenta suas Dica
respectivas categorias.
LÍNGUA PORTUGUESA

O plural dos adjetivos simples é realizado da


mesma forma que o plural dos substantivos.
z Grau comparativo: exprime a característica de
um ser, comparando-o com outro da mesma classe Plural dos adjetivos compostos
nos seguintes sentidos:
O plural dos adjetivos compostos segue as seguin-
„ Igualdade: igual a, como, tanto quanto, tão tes regras:
quanto;
„ Superioridade: mais do que; z Invariável: adjetivos compostos como azul-mari-
nho, azul-celeste, azul-ferrete; locuções formadas
„ Inferioridade: menos do que. de cor + de + substantivo, como em cor-de-rosa,
Ex.: Somos tão complexos quanto simplórios cor-de-cáqui; adjetivo + substantivo, como tape-
(comparativo de igualdade); tes azul-turquesa, camisas amarelo-ouro. 339
z Varia o último elemento: 1º elemento é palavra Sobre o numeral milhão/milhares, importa desta-
invariável, como em mal-educados, recém-forma- car que sua forma é masculina, logo, o artigo que pre-
dos; adjetivo + adjetivo, como em lençóis verde- cede será sempre no masculino
-claros, cabelos castanho-escuros.
z Errado: As milhares de vacinas chegaram hoje.
Adjetivos Pátrios
z Correto: Os milhares de vacina chegaram hoje.
Os adjetivos pátrios também são conhecidos como
gentílicos e designam a naturalidade ou nacionalidade Dica
dos seres.
A forma 14 por extenso apresenta duas formas
O sufixo -ense, geralmente, designa a origem de
um ser relacionada a um estado brasileiro. Ex.: ama- aceitas pela norma gramatical: catorze e quatorze.
zonense, fluminense, cearense.
Uma outra curiosidade sobre os adjetivos pátrios diz Pronomes
respeito ao adjetivo brasileiro, formado com o sufixo
-eiro, costumeiramente usado para designar profissões. Pronomes são palavras que representam ou acom-
O gentílico que designa nossa nacionalidade teve panham um termo substantivo. Dessa forma, sua
origem com as pessoas que comercializavam o pau- função é substituir ou determinar uma palavra. Os
-brasil, esse ofício dava-lhes a alcunha de “brasileiros”, pronomes indicam: pessoas, relações de posse, indefi-
termo que passou a indicar os nascidos em nosso país. nição, quantidade, localização no tempo, no espaço e
no meio textual, entre tantas outras funções.
Numerais Destacamos, ainda, que os pronomes exercem
papel importante na análise sintática e também na
Palavra que se relaciona diretamente ao substanti- interpretação textual, pois colaboram para a comple-
vo, inferindo ideia de quantidade ou posição. mentação de sentido de termos essenciais da oração,
Os numerais podem ser: além de estruturar a organização textual, contribuin-
do para a coesão e também para a coerência de um
z Cardinais: indicam quantidade em si. Ex.: dois texto.
potes de sorvete; zero coisas a comprar; ambos os
meninos eram bons em português. Pronomes Pessoais
z Ordinais: indicam a ordem de sucessão de uma
Os pronomes pessoais designam as pessoas do dis-
série. Ex.: foi o segundo colocado do concurso; che-
curso; algumas informações relevantes sobre eles são:
gou em último/penúltimo/antepenúltimo lugar.
z Multiplicativos: indicam o aumento proporcio-
PRONOMES PRONOMES
nal de uma quantidade. Ex.: Ele ganha o triplo no
PESSOAS DO CASO DO CASO
novo emprego.
RETO OBLÍQUO
z Fracionários: indicam a diminuição proporcio-
1º pessoa do Me, mim,
nal de uma quantidade. Ex.: Tomou um terço EU
singular comigo
de vinho; o copo estava meio cheio; ele recebeu
metade do pagamento. 2º pessoa do
TU Te, ti, contigo
singular
Um numeral ou um artigo?
3º pessoa do Se, si, consigo,
ELE/ELA
A forma um pode assumir na língua a função de singular o, a, lhe
artigo indefinido ou de numeral cardinal; então, como 1ª pessoa do
podemos reconhecer cada função? É preciso observar NÓS Nos, conosco.
plural
o contexto em uso.
2º pessoa do
VÓS Vos, convosco
z Durante a votação, houve um deputado que se plural
posicionou contra o projeto.
3º pessoa do Se, si, consigo,
z Durante a votação, apenas um deputado se posi- ELES/ELAS
plural os, as, lhes
cionou contra o projeto.

Na primeira frase, podemos substituir o termo um Os pronomes pessoais do caso reto costumam
por uma, realizando as devidas alterações sintáticas, e substituir o sujeito. Ex.: Pedro é bonito / Ele é bonito.
Já os pronomes pessoais oblíquos costumam funcio-
o sentido será mantido, pois o que se pretende defen-
nar como complemento verbal ou adjunto. Ex.: Eu a vi
der é que a espécie do indivíduo que se posicionou
com o namorado; Maura saiu comigo.
contra o projeto é um deputado e não uma deputada,
por exemplo.
z Os pronomes que estarão relacionados ao objeto
Já na segunda oração, a alteração do gênero não
direto são: O, a, os, as, me, te, se, nos, vos. Ex.: Infor-
implicaria em mudanças no sentido, pois o que se
mei-o sobre todas as questões.
pretende indicar é que o projeto foi rejeitado por UM
deputado, marcando a quantidade. z Já os que se relacionam com o objeto indireto são:
Outra forma de notarmos a diferença é ficarmos Lhe, lhes, (me, te, se, nos, vos – complementados
atentos com a aparição das expressões adverbiais, o por preposição). Ex.: Já lhe disse tudo (disse tudo
340 que sempre fará com que a palavra “um” seja numeral. a ele).
Devemos lembrar que todos os pronomes pessoais z Vossa Senhoria (V. Sa.): Funcionários públicos gra-
são pronomes substantivos; além disso, é importan- duados, oficiais até o posto de coronel, tratamento
te saber que eu e tu não podem ser regidos por pre- cerimonioso a comerciantes importantes;
posição e que os pronomes ele(s), ela (s), nós e vós z Vossa Santidade (V. S.): Papa;
podem ser retos ou oblíquos, dependendo da função z Vossa Excelência Reverendíssima (V. Exa. Revma.):
que exercem. Bispos.
Os pronomes oblíquos tônicos são pronunciados
com força e precedidos de preposição. Costumam ter Os exemplos acima fazem referência a pronomes
função de complemento: de tratamento e suas respectivas designações sociais
conforme indica o Manual de Redação Oficial da Pre-
z 1ª pessoa: Mim, comigo (singular); nós, conosco sidência da República; portanto, essas designações
(plural). devem ser seguidas com atenção quando o gênero
textual abordado for um gênero oficial.
z 2ª pessoa: Ti, contigo (singular); vós, convosco Sobre o uso das abreviaturas das formas de trata-
(plural). mento, é importante destacar:
O plural de algumas abreviaturas é feito com letras
z 3ª pessoa: Si, consigo (singular ou plural); ele (s), ela (s) dobradas, como: V. M. / VV. MM.; V. A. / VV. AA.
Porém, na maioria das abreviaturas terminadas
Importante lembrar que não devemos usar prono- com a letra a, por exemplo, o plural é feito com o
mes do caso reto como objeto ou complemento ver- acréscimo do s: V. Exa. / V. Exas.; V. Ema. / V.Emas.
bal, como em: “mate ele”. Contudo, o gramático Celso O tratamento adequado a Juízes de Direito é Meri-
Cunha destaca que é possível usar os pronomes do tíssimo Juiz. O tratamento dispensado ao Presidente
caso reto como complemento verbal, desde que ante- da República nunca deve ser abreviado.
cedidos pelos vocábulos “todos”, “só”, “apenas” ou
“numeral”. Ex.: Encontrei todos eles na festa; Encon- Pronomes Indefinidos
trei apenas ela na festa.
Após a preposição “entre”, em estrutura de reci- Os pronomes indefinidos indicam quantidade de
procidade, devemos usar os pronomes oblíquos tôni- maneira vaga e sempre devem ser utilizados na 3ª
cos. Ex.: Entre mim e ele não há segredos. pessoa do discurso. Os pronomes indefinidos podem
variar e podem ser invariáveis, vejamos:
Pronomes de Tratamento
z Variáveis: Algum, Alguma / Alguns, Algumas;
Os pronomes de tratamento são formas que expres- Nenhum, Nenhuma / Nenhuns, Nenhumas; Todo,
sam uma hierarquia social institucionalizada linguis- Toda/ Todos, Todas; Outro, Outra / Outros, Outras;
ticamente. As formas de pronomes de tratamento Muito, Muita / Muitos, Muitas; Tanto, Tanta / Tan-
apresentam algumas peculiaridades importantes: tos, Tantas; Quanto, Quanta / Quantos, Quantas;
Pouco, Pouca / Poucos, Poucas etc.
z Vossa: designa a pessoa a quem se fala (relativo a
2ª pessoa), apesar disso, os verbos relacionados a z Invariáveis: Alguém; Ninguém; Tudo; Outrem;
esse pronome devem ser flexionados na 3ª pessoa Nada; Cada; Quem; Menos; Mais; Que.
do singular. Ex: Vossa excelência deve conhecer a
Constituição. As palavras certo e bastante serão pronomes
indefinidos quando vierem antes do substantivo, e
z Sua: designa a pessoa de quem se fala (relativo serão adjetivos quando vierem depois. Ex.: Busco cer-
a 3ª pessoa). Ex.: Sua excelência, o presidente do to modelo de carro (Pronome indefinido) / Busco o
Supremo Tribunal, fará um pronunciamento hoje modelo de carro certo (adjetivo).
à noite. A palavra bastante frequentemente gera dúvida
quanto a ser advérbio, adjetivo ou pronome indefini-
Como mencionamos anteriormente, os pronomes do, por isso, fique atento:
de tratamento estabelecem uma hierarquia social na
linguagem, ou seja, a partir das formas usadas, pode- z Bastante (advérbio): será invariável e equivalen-
mos reconhecer o nível de discurso e o tipo de poder te ao termo “muito”. Ex.: Elas são bastante famosas.
instituídos pelos falantes.
Por isso, é eficaz reconhecer que alguns destes z Bastante (adjetivo): será variável e equivalente
pronomes só devem ser utilizados em contextos cujos ao termo “suficiente”. Ex.: A comida e a bebida não
interlocutores sejam reconhecidos socialmente por foram bastantes para a festa.
suas funções, como juízes, reis, clérigos, entre outras. z Bastante (Pronome indefinido): “Bastantes ban-
LÍNGUA PORTUGUESA

Dessa forma, apresentamos alguns pronomes de tra- cos aumentaram os juros”


tamento com as funções sociais que designam:
Pronomes Demonstrativos
z Vossa Alteza (V. A.): Príncipes, duques, arquidu-
ques e seus respectivos femininos; Os pronomes demonstrativos indicam a posição
z Vossa Eminência (V. Ema.): Cardeais; e apontam elementos a que se referem as pessoas do
discurso (1ª, 2ª e 3ª). Essa posição pode ser designa-
z Vossa Excelência (V. Exa.): Autoridades do governo
da por eles no tempo, no espaço físico ou no espaço
e das Forças Armadas membros do alto escalão;
textual.
z Vossa Majestade (V. M.): Reis, imperadores e seus
respectivos femininos; z 1ª pessoa: Este, Estes / Esta, Estas.
z Vossa Reverendíssima (V. Rev. Ma.): Sacerdotes; z 2ª pessoa: Esse, Esses / Essa, Essas. 341
z 3ª pessoa: Aquele, Aqueles / Aquela, Aquelas. Os pronomes relativos referem-se a um substantivo
z Invariáveis: isto, isso, aquilo. ou a um pronome substantivo, mencionado anterior-
mente. A esse nome (substantivo ou pronome mencio-
Usamos este, esta, isto para indicar: nado anteriormente) chamamos de antecedente.
São pronomes relativos:
z Referência ao espaço físico, indicando a proximi-
dade de algo ao falante. Ex.: Esta caneta aqui é z Variáveis: O qual, os quais, cujo, cujos, quanto,
minha; Entreguei-lhe isto como prova. quantos / A qual, as quais, cuja, cujas, quanta,
z Referência ao tempo presente. Ex.: Esta semana quantas.
começarei a dieta; Neste mês, pagarei a última z Invariáveis: Que, quem, onde, como.
prestação da casa.
z Emprego do pronome relativo que: pode ser asso-
z Referência ao espaço textual. Ex.: Encontrei Joana
ciado a pessoas, coisas ou objetos. Ex.: Encontrei
e Carla no shopping, esta procurava um presente
o homem que desapareceu; O cachorro que esta-
para o marido (o pronome refere-se ao último ter-
va doente morreu; A caneta que emprestei nunca
mo mencionado).
recebi de volta.
Usamos esse, essa, isso para indicar:
Em alguns casos, há a omissão do antecedente do
relativo que. Ex.: Não teve que dizer (não teve nada
z Referência ao espaço físico, indicando o afasta-
que dizer).
mento de algo de quem fala. Ex.: Essa sua gravata
combinou muito com você.
z Emprego do relativo quem: seu antecedente deve
z Pode indicar distância que se deseja manter. Ex.: ser uma pessoa ou objeto personificado. Ex.: Fomos
Não me fale mais nisso; A população não confia nós quem fizemos o bolo.
nesses políticos. O pronome relativo quem pode fazer referência a algo
subentendido: Quem cala consente (aquele que cala).
z Referência ao tempo passado. Ex.: Nessa semana,
eu estava doente; Esses dias estive em São Paulo. z Emprego do relativo quanto: seu antecedente
deve ser um pronome indefinido ou demonstra-
z Referência a algo já mencionado no texto/ na fala.
tivo, pode sofrer flexões. Ex.: Esqueci-me de tudo
Ex.: Continuo sem entender o porquê de você ter
quanto foi me ensinado; Perdi tudo quanto pou-
falado sobre isso; Sinto uma energia negativa nes-
pei a vida inteira.
sa sua expressão.
z Emprego do relativo cujo: deve ser empregado
Usamos aquele, aquela, aquilo para indicar: para indicar posse e aparecer relacionando dois
termos que devem ser um possuidor e uma coisa
z Referência ao espaço físico, indicando afastamen- possuída. Ex.: A matéria cuja aula faltei foi Língua
to de quem fala e de quem ouve. Ex.: Margarete, portuguesa (o relativo cuja está ligando aula (pos-
quem é aquele ali perto da porta? suidor) a matéria (coisa possuída).
z Referência a um tempo muito remoto, um passado
O relativo cujo deve concordar em gênero e núme-
muito distante. Ex.: Naquele tempo, podíamos dor-
ro com a coisa possuída.
mir com as portas abertas; Bons tempos aqueles!
Jamais devemos inserir um artigo após o pronome
z Referência a um afastamento afetivo. Ex.: Não cujo: Cujo o, cuja a
conheço aquela mulher. Não podemos substituir cujo por outro pronome
relativo;
z Referência ao espaço textual, indicando o primeiro
O pronome relativo cujo pode ser preposiciona-
termo de uma relação expositiva. Ex.: Saí para lan-
do. Ex.: Esse é o vilarejo por cujos caminhos percorri.
char com Ana e Beatriz, esta preferiu beber chá,
Para encontrar o possuidor faça-se a seguinte per-
aquela, refrigerante.
gunta: “de quem/do que?” Ex.: Vi o filme cujo dire-
tor ganhou o Óscar (diretor do que? Do filme.); Vi o
Dica rapaz cujas pernas você se referiu (pernas de quem?
O pronome “mesmo” não pode ser usado em Do rapaz.)
função demonstrativa referencial, veja:
O candidato fez a prova, porém o mesmo esque- z Emprego do pronome relativo onde: empregado
ceu de preencher o gabarito. ERRADO. para indicar locais físicos. Ex.: Conheci a cidade
onde meu pai nasceu.
O candidato fez a prova, porém esqueceu de
Em alguns casos, pode ser preposicionado, assumin-
preencher o gabarito. CORRETO.
do as formas aonde e donde. Ex.: Irei aonde você for.
O relativo onde pode ser empregado sem antece-
Pronomes Relativos
dente. Ex.: O carro atolou onde não havia ninguém.
Uma das classes de pronomes mais complexas, os z Emprego de o qual: o pronome relativo o qual e
pronomes relativos têm função muito importante na suas variações (os quais, a qual, as quais) é usa-
língua, refletida em assuntos de grande relevância do em substituição a outros pronomes relativos,
em concursos, como a análise sintática. Dessa forma, sobretudo o que, a fim de evitar fenômenos lin-
é essencial conhecer adequadamente a função desses guísticos, como queísmo. Ex.: O Brasil tem um pas-
342 elementos a fim de saber utilizá-los corretamente. sado do qual (que) ninguém se lembra.
O pronome o qual pode auxiliar na compreensão z Mesóclise: pronome posicionado no meio do verbo.
textual, desfazendo estruturas ambíguas.
Casos que atraem o pronome para mesóclise:
Pronomes Interrogativos Os pronomes devem ficar no meio dos verbos que
estejam conjugados no futuro, caso não haja nenhum
São utilizados para introduzir uma pergunta ao tex- motivo para uso da próclise. Ex.: “Dar-te-ei meus bei-
to e se apresentam de formas variáveis (Que? Quais? jos agora...”
Quanto? Quantos?) e invariáveis (Que? Quem?). Ex.:
O que é aquilo? Quem é ela? Qual sua idade? Quantos z Ênclise: pronome posicionado após o verbo.
anos tem seu pai?
Casos que atraem o pronome para ênclise:
O ponto de exclamação só é usado nas interrogati-
vas diretas. Nas indiretas, aparece apenas a intenção
„ Início de frase ou período. Ex.: Sinto-me mui-
interrogativa, indicada por um verbo como: pergun-
to honrada com esse título.
tar, indagar etc. Ex.: Indaguei quem era ela.
„ Imperativo afirmativo. Ex.: Sente-se, por favor.
Os pronomes interrogativos que e quem são pro- „ Advérbio virgulado. Ex.: Talvez, diga-me o
nomes substantivos. quanto sou importante.

Pronomes Possessivos Casos proibidos: Início de frase: Me dá esse cader-


no! (errado) / Dá-me esse caderno! (certo).
Os pronomes possessivos referem-se às pessoas do Depois de ponto e vírgula: Falou pouco; se lembrou
discurso e indicam posse: de nada (errado) / Falou pouco; lembrou-se de nada
(correto).
1ª pessoa Meu, minha, meus, minhas Depois de particípio: Tinha lembrado-se do fato
SINGULAR 2ª pessoa Teu, tua, teus, tuas (errado) / Tinha se lembrado do fato (correto).
3ª pessoa Seu, sua, seus, suas
Verbos
1ª pessoa Nosso, nossa, nossos, nossas
PLURAL 2ª pessoa Vosso, vossa, vossos, vossas
Certamente, a classe de palavras mais complexa e
3ª pessoa Seu, sua, seus, suas
importante dentre as palavras da língua portuguesa
é o verbo. A partir deles, são estruturados as ações e
Os pronomes pessoais oblíquos (me, te, se, lhe, o, os agentes desses atos, além de ser uma importante
a, nos, vos) também podem atribuir valor possessivo classe sempre abordada nos editais de concursos; por
a uma coisa. Ex.: Apertou-lhe a mão (a sua mão). Ain- isso; fique atento às nossas dicas.
da que o pronome esteja ligado ao verbo pelo hífen, a Os verbos são palavras variáveis que se flexionam
relação do pronome é com o objeto da posse. em número, pessoa, modo e tempo, além da designa-
Outras funções dos pronomes possessivos: ção da voz que exprime uma ação, um estado ou um
fato.
z Delimitam o substantivo a que se referem; As flexões verbais são marcadas por desinências
z Concordam com o substantivo que vem depois dele; que podem ser: número-pessoal, indicando se o
verbo está no singular ou plural, bem como em qual
z Não concordam com o referente; pessoa verbal foi flexionado (1ª, 2ª ou 3ª); modo-tem-
z O pronome possessivo que acompanha o substan- poral, que indica em qual modo e tempo verbais a
tivo exerce função sintática de adjunto adnominal. ação foi realizada; iremos apresentar estas desinên-
cias a seguir. Antes, porém, de abordarmos as desi-
Colocação Pronominal nências modo-temporais, precisamos explicar o que
são o modo e o tempo verbais:
Estudo da posição dos pronomes na oração.
Modos
z Próclise: pronome posicionado antes do verbo.
Indica a atitude da ação/sujeito frente a uma rela-
Casos que atraem o pronome para próclise: ção enunciada pelo verbo.

z Indicativo: exprime atitude de certeza. Ex.: Estu-


„ Palavras negativas: nunca, jamais, não. Ex.:
dei muito para ser aprovado.
LÍNGUA PORTUGUESA

Não me submeto a essas condições.


„ Pronomes indefinidos, demonstrativos, rela- z Subjuntivo: exprime atitude de dúvida, desejo ou
tivos. Ex: Foi ela que me colocou nesse papel. possibilidade. Ex.: Se eu estudasse, seria aprovado.
„ Conjunções subordinativas. Ex.: Embora se z Imperativo: designa ordem, convite, conselho, súpli-
apresente como um rico investidor, ele nada tem. ca ou pedido. Ex.: Estuda! Assim, serás aprovado.
„ Gerúndio precedido da preposição em. Ex: Em
se tratando de futebol, Maradona foi um ídolo. Tempos
„ Infinitivo pessoal preposicionado. Ex.:
Na esperança de sermos ouvidos, muito lhe O tempo designa o recorte temporal em que a ação
agradecemos. verbal foi realizada. Basicamente, podemos indicar
„ Orações interrogativas, exclamativas, opta- o tempo dessa ação no Passado, Presente ou Futuro.
tivas (exprimem desejo). Ex.: Como te iludes! Porém, existem ramificações específicas. 343
z Presente: pode expressar não apenas um fato z Futuro composto: Verbo auxiliar: TER (futuro do
atual, como também uma ação habitual. Ex.: indicativo) + verbo principal no particípio. Ex.:
Estudo todos os dias no mesmo horário. Terei saído.
Uma ação passada.
z Futuro do pretérito composto: Verbo auxiliar: TER
Ex.: Vargas assume o cargo e instala uma ditadura.
(futuro do pretérito simples) + verbo principal no
Uma ação futura.
particípio. Ex.: Teria estudado.
Ex.: Amanhã, estudo mais! (equivalente a estudarei)
z Pretérito perfeito: ação realizada plenamente no Flexões Modo-Temporais – Tempos Compostos
passado. Ex.: Estudei até ser aprovado. (Subjuntivo)
Pretérito imperfeito: ação inacabada, que pode
indicar uma ação frequentativa, vaga ou durativa. z Pretérito perfeito composto: Verbo auxiliar: TER
Ex.: Estudava todos os dias. (presente o subjuntivo) + Verbo principal particí-
Pretérito mais-que-perfeito: ação anterior à ou- pio. Ex.: (que eu) Tenha estudado.
tra mais antiga. Ex.: Quando notei, a água já trans-
bordara da banheira. z Pretérito mais-que-perfeito composto: Verbo auxi-
liar: TER (pretérito imperfeito do subjuntivo) +
z Futuro do presente: indica um fato que deve ser verbo principal no particípio. Ex.: (se eu) Tivesse
realizado em um momento vindouro. Ex.: Estuda- estudado
rei bastante ano que vem.
z Futuro composto: Verbo auxiliar: TER (futuro sim-
z Futuro do pretérito: expressa um fato posterior
ples do subjuntivo) + verbo principal no particípio.
em relação a outro fato já passado. Ex.: Estudaria
Ex.: (quando eu) tiver estudado.
muito, se tivesse me planejado.
Formas Nominais do Verbo e Locuções Verbais
A partir dessas informações, podemos também iden-
tificar os verbos conjugados nos tempos simples e nos
As formas nominais do verbo são as formas infi-
tempos compostos. Os tempos verbais simples são for-
nitiva, particípio e gerúndio que eles assumem em
mados por uma única palavra, ou verbo, conjugado no
determinados contextos. São chamadas nominais pois
presente, passado ou futuro; já os tempos compostos são
funcionam como substantivos, adjetivo ou advérbios.
formados por dois verbos, um auxiliar e um principal,
nesse caso, o verbo auxiliar é o único a sofrer flexões.
z Gerúndio: é marcado pela terminação -NDO, seu
Agora, vamos conhecer as desinências modo-temporais
valor indica duração de uma ação e, por vezes,
dos tempos simples e compostos, respectivamente:
pode funcionar como um advérbio ou um adjetivo.
Ex.: Olhando para seu povo, o presidente se
Flexões modo-temporais – tempos simples compadeceu.
z Particípio: é marcado pelas terminações -ado,
MODO MODO
TEMPO -ido, -do, -to, -go, -so, corresponde nominalmente
INDICATIVO SUBJUNTIVO
ao adjetivo, pode flexionar-se, em alguns casos, em
-e(1ªconjugação) número e gênero.
Presente * e -a ( 2ª e 3ª Ex.: A Índia foi colonizada pelos ingleses.
conjugações)
z Infinitivo: forma verbal que indica a própria ação
Pretérito -ra(3ª pessoa do do verbo, ou o estado, ou, ainda, o fenômeno desig-
*
perfeito plural) nado. Pode ser pessoal ou impessoal.
-va (1ª conjuga-
Pretérito „ Pessoal: o infinitivo pessoal é passível de con-
ção) -ia (2ª e 3ª -sse
imperfeito jugação, pois está ligado às pessoas do discurso.
conjugações)
É usado na formação de orações reduzidas. Ex.:
Pretérito
Comer eu; Comermos nós; É para aprenderem
mais-que-per- -ra *
que ele ensina.
feito
„ Impessoal: não é passível de flexão. É o nome
Futuro -rá e -re -r do verbo, servindo para indicar apenas a con-
Futuro do jugação. Ex.: Estudar - 1ª conjugação; Comer - 2ª
-ria * conjugação; Partir - 3ª conjugação.
pretérito

* Nem todas as formas verbais apresentam desi- O infinitivo impessoal forma locuções verbais ou
nências modo-temporais. orações reduzidas.

„ Locuções verbais: sequência de dois ou mais ver-


Flexões Modo-Temporais – Tempos Compostos
bos que funcionam como um verbo. Ex.: Ter de
(Indicativo)
+ verbo principal no infinitivo: Ter de trabalhar
para pagar as contas; Haver de + verbo principal
z Pretérito perfeito composto: Verbo auxiliar: TER
no infinitivo: Havemos de encontrar uma solução.
(presente do indicativo) + verbo principal particí-
pio. Ex.: Tenho estudado.
Não confunda locuções verbais com tempos com-
z Pretérito mais-que-perfeito composto: Verbo auxi- postos. O particípio formador de tempo composto na
liar: TER (pretérito imperfeito do indicativo) + ver- voz ativa não se flexiona. Ex.: O homem teria realiza-
344 bo principal no particípio. Ex.: Tinha passado. do sua missão.
Classificação dos Verbos
PRETÉRITO PERFEITO
PRESENTE INDICATIVO
Os verbos são classificados quanto a sua forma de INDICATIVO
conjugação e podem ser divididos em: regulares, irre- Nós somos Fomos
gulares, anômalos, abundantes, defectivos, pronomi-
nais, reflexivos, impessoais e os auxiliares, além das Vós sois Fostes
formas nominais. Vamos conhecer as particularida-
des de cada um a seguir: Eles/ vocês são Foram

z Regulares: os verbos regulares são os mais fáceis Os verbos ser e ir são irregulares, porém, apresen-
de compreender, pois apresentam regularidade no tam uma forma específica de irregularidade, que oca-
uso das desinências, ou seja, as terminações ver- siona uma anomalia em sua conjugação, por isso, são
bais. Da mesma forma, os verbos regulares man- classificados como anômalos.
têm o paradigma morfológico com o radical, que
permanece inalterado. Ex.: Verbo cantar. z Abundantes: são formas verbais abundantes os
verbos que apresentam mais de uma forma de
PRETÉRITO PERFEITO particípio aceitas pela norma culta gramatical.
PRESENTE INDICATIVO Geralmente, apresentam uma forma de particípio
INDICATIVO
regular e outra irregular; falaremos disso poste-
Eu canto Cantei
riormente, quando tratarmos das formas nominais
Tu cantas Cantaste do verbo. Vejamos alguns verbos abundantes:
Ele/ você canta Cantou
Nós cantamos Cantamos PARTICÍPIO PARTICÍPIO
INFINITIVO
Vós cantais Cantastes REGULAR IRREGULAR
Eles/ vocês cantam Cantaram Acender Acendido Aceso

z Irregulares: os verbos irregulares apresentam Afligir Afligido Aflito


alteração no radical e nas desinências verbais, por Corrigir Corrigido Correto
isso recebem esse nome, pois sua conjugação ocor-
re irregularmente, seguindo um paradigma pró- Encher Enchido Cheio
prio para cada grupo verbal. Perceba como ocorre
uma sutil diferença na conjugação do verbo estar Fixar Fixado Fixo
que utilizamos como exemplo, isso é importante
para não confundir os verbos irregulares com os � Defectivos: são verbos que não apresentam algu-
verbos anômalos. Ex.: Verbo estar. mas pessoas conjugadas em suas formas, gerando
um defeito na conjugação, por isso o nome. São
defectivos os verbos colorir, precaver, reaver.
PRETÉRITO PERFEITO Esses verbos não são conjugados na primeira pes-
PRESENTE INDICATIVO
INDICATIVO soa do singular do presente do indicativo. Bem
Eu estou Estive como: Aturdir, exaurir, explodir, esculpir, extor-
quir, feder, fulgir, delinquir, demolir, puir, ruir,
Tu estás Esteves computar, colorir, carpir, banir, brandir, bramir,
soer.
Ele/ você está Esteve
Verbos que expressam onomatopeias ou fenôme-
Nós estamos Estivemos nos temporais também apresentam essa caracte-
rística, como latir, bramir, chover.
Vós estais Estiveste
� Pronominais: esses verbos apresentam um pro-
Eles/ vocês estão Estiveram nome oblíquo átono integrando sua forma verbal;
é importante lembrar que esses pronomes não
z Anômalos: esses verbos apresentam profundas apresentam função sintática. Predominantemen-
alterações no radical e nas desinências verbais, te, os verbos pronominas apresentam transitivida-
consideradas anomalias morfológicas, por isso, de indireta, ou seja, são VTI. Ex.: Sentar-se
recebem essa classificação. Um exemplo bem
usual de verbos dessa categoria é o verbo ser. Na
LÍNGUA PORTUGUESA

PRETÉRITO PERFEITO
língua portuguesa, apenas dois verbos são classi- PRESENTE INDICATIVO
INDICATIVO
ficados dessa forma, os verbos ser e ir. Vejamos a
conjugação do verbo ser: Eu me sento Sentei-me

Tu te sentas Sentaste-te
PRETÉRITO PERFEITO
PRESENTE INDICATIVO
INDICATIVO Ele/ você se senta Sentou-se

Eu sou Fui Nós nos sentamos Sentamo-nos

Tu és Foste Vós vos sentais Sentastes-vos

Ele/ você é Foi Eles/ vocês se sentam Sentaram-se


345
z Reflexivos: são os verbos que apresentam pro- „ Infinitivo: marca as conjugações verbais.
nome oblíquo átono reflexivo, funcionando sinta- AR: verbos que compõem a 1ª conjugação (AmAR,
ticamente como objeto direto ou indireto. Nesses PasseAR);
verbos, o sujeito sofre e pratica a ação verbal ao ER: verbos que compõem a 2ª conjugação (ComER,
mesmo tempo. Ex.: Ela se veste mal; Nós nos cum- pÔR);
primentamos friamente. IR: verbos que compõem a 3ª conjugação (Par-
tIR, SaIR)
z Impessoais: são verbos que designam fenômenos
O verbo pôr corresponde à segunda conjuga-
da natureza, como chover, trovejar, nevar etc.
ção, pois origina-se do verbo poer, o mesmo
acontece com verbos que deste derivam.
O verbo haver com sentido de existir ou marcando
tempo decorrido também será impessoal. Ex.: Havia Vozes verbais
muitos candidatos e poucas vagas; Há dois anos, fui
aprovado em concurso público. As vozes verbais definem o papel do sujeito na
Os verbos ser e estar também são verbos impes- oração, demonstrando se o sujeito é o agente da ação
soais, quando designam fenômeno climático ou tempo. verbal ou se ele recebe a ação verbal.
Ex.: Está muito quente!; Era tarde quando chegamos.
O verbo ser para indicar hora, distância ou data z Ativa: O sujeito é o agente, praticando a ação ver-
concorda com esses elementos. bal. Ex.: O policial deteve os bandidos.
O verbo fazer também poderá ser impessoal,
z Passiva: O sujeito é paciente, sofre a ação verbal.
quando indicar tempo decorrido ou tempo climáti-
Ex.: Os bandidos foram detidos pelo policial – pas-
co. Ex.: Faz anos que estudo para concursos; Aqui faz
siva analítica; Detiveram-se os criminosos – pas-
muito calor.
siva sintética.
Os verbos impessoais não apresentam sujeito; sin-
taticamente, classificamos como sujeito inexistente. z Reflexiva: O sujeito é agente e paciente ao mesmo
tempo, pois o sujeito pratica e recebe a ação ver-
bal. Ex.: Os bandidos se entregaram à polícia.
Dica
z Recíproca: O sujeito é agente e paciente ao mesmo
O verbo ser será impessoal quando o espaço tempo, porém percebemos que há uma ação com-
sintático ocupado pelo sujeito não estiver preen- partilhada entre dois indivíduos. Ex.: Os bandidos
chido: “Já é natal”. Segue o mesmo paradigma se olharam antes do julgamento.
do verbo fazer, podendo ser impessoal, tam-
bém, o verbo IR: “vai uns bons anos que não vejo A voz passiva é realizada a partir da troca de
Mariana” funções entre sujeito e objeto da voz ativa; falamos
melhor desse processo no capítulo funções do SE em
z Verbos Auxiliares: os verbos auxiliares são verbos transitivos direto.
empregados nas formas compostas dos verbos e Só podemos transformar uma frase da voz ativa
também nas locuções verbais. Os principais verbos para a voz passiva se o verbo for transitivo direto ou
auxiliares dos tempos compostos são ter e haver. transitivo direto e indireto, logo, só há voz passiva
com a presença do objeto direto.
Nas locuções, os verbos auxiliares determinam a A voz reflexiva indica uma ação praticada e rece-
concordância verbal, porém, o verbo principal deter- bida pelo sujeito ao mesmo tempo; essa relação pode
mina a regência estabelecida na oração. ser alcançada com apenas um indivíduo que pratica e
Apresentam forte carga semântica que indica sofre a ação. Ex.: O menino se agrediu.
modo e aspecto da oração; apresenta-se mais desse Ou a ação pode ser compartilhada entre dois ou mais
assunto no tópico verbos auxiliares. indivíduos que praticam e sofrem a ação. Ex.: Apesar
São importantes na formação da voz passiva analítica. do ódio mútuo, os candidatos se cumprimentaram.
No último caso, a voz reflexiva é também chamada
z Formas Nominais: na língua portuguesa, usamos de recíproca, por isso, fique atento.
três formas nominais dos verbos: Não confunda os verbos pronominais com as
vozes verbais. Os verbos pronominais que indicam
„ Gerúndio: terminação -NDO. Apresenta valor sentimentos, como arrepender-se, queixar-se, dignar-
durativo da ação e equivale a um advérbio ou -se, entre outros acompanham um pronome que faz
adjetivo. Ex.: Minha mãe está rezando. parte integrante do seu significado, diferentemente
das vozes verbais que acompanham o pronome SE
„ Particípio: terminações: -ADO, -IDO, -DO, -TO, com função sintática própria.
-GO, -SO. Apresenta valor adjetivo e pode ser
classificado em particípio regular e irregular, Conjugação de Verbos Derivados
sendo as formas regulares finalizadas em -ADO
e -IDO. Vamos conhecer agora alguns verbos cuja conjuga-
ção apresenta paradigma derivado, auxiliando a com-
A norma culta gramatical recomenda o uso do par- preensão dessas conjugações verbais.
ticípio regular com os verbos ter e haver, já com os O verbo criar é conjugado da mesma forma que os
verbos ser e estar, recomenda-se o uso do particípio verbos “variar”, “copiar”, “expiar” e todos os demais
irregular. Ex.: Os policiais haviam expulsado os ban- que terminam em -iar. Os verbos com essa termina-
346 didos / Os traficantes foram expulsos pelos policiais. ção são, predominantemente, regulares.
Advérbios
PRESENTE - INDICATIVO

Eu Crio Advérbios são palavras invariáveis que modificam


um verbo, um adjetivo ou um outro advérbio. Em
Tu Crias alguns casos, os advérbios também podem modificar
uma frase inteira, indicando circunstância.
Ele/Você Cria Os grandes cientistas da gramática da língua por-
tuguesa apresentam uma lista exaustiva com as fun-
Nós Criamos ções dos advérbios, porém, decorar as funções dos
Vós Criais advérbios, além de desgastante, pode não ter o resul-
tado esperado na resolução de questões de concurso.
Eles/Vocês Criam Dessa forma, sugerimos que você fique atento às
principais funções designadas por um advérbio e, a
partir delas, consiga interpretar a função exercida nos
Os verbos terminados em -ear, por sua vez, geral- enunciados das questões que tratem dessa classe de
mente, são irregulares e apresentam alguma modi- palavras.
ficação no radical ou nas desinências. Assim como o Ainda assim, julgamos pertinente apresentar algu-
verbo passear. São derivados dessa terminação os mas funções basilares exercidas pelo advérbio:
verbos:
z Dúvida: Talvez, caso, porventura, quiçá etc.

PRESENTE - INDICATIVO z Intensidade: Bastante, bem, mais, pouco etc.


z Lugar: Ali, aqui, atrás, lá etc.
Eu Passeio
z Tempo: Jamais, nunca, agora etc.
Tu Passeias
z Modo: Assim, depressa, devagar etc.
Ele/Você Passeia
Novamente, chamamos sua atenção para a função
Nós Passeamos que o advérbio deve exercer na oração. Como disse-
mos, essas palavras modificam um verbo, um adjetivo
Vós Passeais
ou um outro advérbio. Por isso, para identificar com
Eles/Vocês Passeiam mais propriedade a função denotada pelos advérbios,
é preciso perguntar: Como? Onde? Como? Por quê?
As respostas sempre irão indicar circunstâncias
Conjugação de Alguns Verbos adverbiais expressas por advérbios, locuções adver-
biais ou orações adverbiais.
Vamos agora conhecer algumas conjugações de Vejamos como podemos identificar a classificação/
verbos irregulares importantes, que sempre são obje- função adequada dos advérbios:
to de questões em concursos.
Fazem paradigma com o verbo aderir, mantendo z O homem morreu... de fome (causa); com sua família
as mesmas desinências desse verbo, as formas (companhia); em casa (lugar); envergonhado (modo).
z A criança comeu... demais (intensidade); ontem
(tempo); com garfo e faca (instrumento); às cla-
PRESENTE - INDICATIVO
ras (modo).
Eu Adiro
Locuções adverbiais
Tu Aderes

Ele/Você Adere As locuções adverbiais, como já mostramos ante-


riormente, são bem semelhantes às locuções adjeti-
Nós Aderimos vas. É importante saber que as locuções adverbiais
apresentam um valor passivo.
Vós Aderis Ex.: Ameaça de colapso.
Eles/Vocês Aderem Nesse exemplo, o termo em negrito é uma locução
adverbial, pois o valor é de passividade, ou seja, se
invertermos a ordem e inserirmos um verbo na voz
passiva, a frase manterá seu sentido. Vejamos:
PRESENTE - INDICATIVO
Colapso foi ameaçado: essa frase faz sentido e
LÍNGUA PORTUGUESA

Eu Ponho apresenta valor passivo, logo, sem o verbo, a locução


Tu Pões destacada anteriormente é adverbial.
Ainda sobre esse assunto, perceba que em locu-
Ele/Você Põe ções como esta: “Característica da nação”, o termo
Nós Pomos destacado não terá o mesmo valor passivo, pois não
Vós Pondes aceitará a inserção de um verbo com essa função:
Nação foi característica*: essa frase quebra a
Eles/Vocês Põem estrutura gramatical da língua portuguesa, que não
admite voz passiva em termos com função de posse,
São conjugados da mesma forma os verbos: dispor, caso das locuções adjetivas. Isso torna tal estrutura
interpor, sobrepor, compor, opor, repor, transpor, agramatical, por isso, inserimos um asterisco (*) para
entrepor, supor. indicar essa característica. 347
Dica
Locuções adverbiais apresentam valor passivo.
Locuções adjetivas apresentam valor de posse.

Com essa dica, esperamos que você seja capaz de diferenciar essas locuções em questões, ademais, buscamos
desenvolver seu aprendizado para que não seja preciso gastar seu valioso tempo decorando listas de locuções
adverbiais. Lembre-se: o sentido está no texto.

Advérbios Interrogativos

Os advérbios interrogativos são, muitas vezes, confundidos com pronomes interrogativos. Para evitar essa
confusão, devemos saber que os eles introduzem uma pergunta, exprimindo ideia de tempo, modo ou causa.

Exs.:
Como foi a prova?
Quando será a prova?
Onde será realizada a prova?
Por que a prova não foi realizada?

De maneira geral, as palavras como, onde, quando e por que são advérbios interrogativos, pois não substi-
tuem nenhum nome de ser (vivo), exprimindo ideia de modo, lugar, tempo e causa.

Grau do Advérbio

Assim como os adjetivos, os advérbios podem ser flexionados nos graus comparativo e superlativo.
Vejamos as principais mudanças sofridas pelos advérbios quando flexionados em grau:

GRAU COMPARATIVO
NORMAL SUPERIORIDADE INFERIORIDADE IGUALDADE
Bem Melhor (mais bem*) - Tão bem
Mal Pior (mais mal*) - Tão mal
Muito Mais - -
Pouco menos - -

Obs.: As formas “mais bem” e “mais mal” são aceitas quando acompanham o particípio verbal.

GRAU SUPERLATIVO

NORMAL ABSOLUTO SINTÉTICO ABSOLUTO ANALÍTICO RELATIVO


Bem Otimamente Muito bem Inferioridade
Mal Pessimamente Muito mal Superioridade
Muito Muitíssimo - Superioridade: o mais
Pouco Pouquíssimo - Superioridade: o menos

Advérbios e Adjetivos

O adjetivo é, como vimos, uma classe de palavras variável, porém, quando se refere a um verbo, ele fica inva-
riável, confundindo-se com o advérbio.
Nesses casos, para ter certeza de qual é classe da palavra, basta tentar colocá-la no feminino ou no plural; caso
a palavra aceite uma dessas flexões, será adjetivo.
Ex.: A cerveja que desce redondo/ As cervejas que descem redondo.
Nesse caso, trata-se de um advérbio.

Palavras Denotativas

São termos que apresentam semelhança aos advérbios, em alguns casos são até classificados como tal, mas
não exercem função modificadora de verbo, adjetivo ou advérbio.
Sobre as palavras denotativas, é fundamental que você saiba identificar o sentido a elas atribuído, pois, geral-
mente, é isso que as bancas de concurso cobram.

348 z Eis: sentido de designação;


z Isto é, por exemplo, ou seja: sentido de explicação; Em vez de comer lanches gordurosos, coma frutas
z Ou melhor, aliás, ou antes: sentido de ratificação; = substituição. / Ao invés de chegar molhado, chegou
z Somente, só, salvo, exceto: sentido de exclusão; cedo = oposição.
z Além disso, inclusive: sentido de inclusão.
Fonte: instagram.com/academiadotexto. Acessado em: 19/11/2020.
Além dessas expressões, há, ainda, as partículas
expletivas ou de realce, geralmente formadas pela Combinações e Contrações
forma ser + que (é que). A principal característica des-
sas palavras é que podem ser retiradas sem causar As preposições podem ser contraídas com outras
prejuízo sintático ou semântico na frase. Ex.: Eu é que classes de palavras, veja:
faço as regras / Eu faço as regras.
Outras palavras denotativas expletivas são: lá, cá, z Preposição + artigo:
não, é porque etc. A + a, as, o, os: à, às, ao, aos.
De + a, as, o, os, um, uns, uma, umas: da, das, do,
Algumas Observações Interessantes
dos, dum, duns, duma, dumas.
Por + a, as, o, os: pela, pelas, pelo, pelos.
z O adjunto adverbial deve sempre vir posicionado
Em + a, as, o, os, um, uns, uma, umas: na, nas, no,
após o verbo ou complemento verbal, caso venha
nos, num, nuns, numa, numas.
deslocado, em geral, separamos por vírgulas.
z Em uma sequência de advérbios terminados com o z Preposição + pronome demonstrativo:
sufixo -mente, apenas o último elemento recebe a A + aquele, aquela, aqueles, aquelas, aquilo: àque-
terminação destacada. le, àqueles, àquela, àquelas, àquilo.
Em + este, esta, estes, estas, isto, esse, essa, esses,
Preposições essas, isso, aquele, aquela, aqueles, aquelas, aqui-
São palavras invariáveis que ligam orações ou lo: neste, nesta, nestes, nestas, nisto, nesse, nes-
outras palavras. As preposições apresentam funções sa, nesses, nessas, nisso, naquele, naquela, na-
importantes tanto no aspecto semântico quanto no queles, naquelas, naquilo.
aspecto sintático, pois complementam o sentido de De + este, esta, estes, estas, isto, esse, essa, esses, es-
verbos e/ou palavras cujo sentido pode ser alterado sas, isso, aquele, aquela, aqueles, aquelas, aquilo:
sem a presença da preposição, modificando a transiti- deste, desta, destes, destas, disto, desse, dessa,
vidade verbal e colaborando para o preenchimento de desses, dessas, disso, daquele, daquela, daque-
sentido de palavras deverbais2. les, daquelas, daquilo.
As preposições essenciais são: a, ante, até, após, Preposição + advérbio:
com, contra, de, desde, em, entre, para, per, peran- De + aqui, ali, além: daqui, dali, dalém.
te, por, sem, sob, trás.
Existem, ainda, as preposições acidentais, assim z Preposição + pronomes pessoais:
chamadas pois pertencem a outras classes gramaticais, Em + ele, ela, eles, elas: nele, nela, neles, nelas.
mas, ocasionalmente, funcionam como preposições. De + ele, ela, eles, elas: dele, dela, deles, delas.
Eis algumas: afora, conforme (quando equivaler a z Preposição + pronome relativo:
“de acordo com”), consoante, durante, exceto, salvo, A + onde: aonde.
segundo, senão, mediante, que, visto (quando equi-
valer a “por causa de”). z Preposição + pronomes indefinidos:
De + outro, outras: doutro, doutros, doutra, doutras.
Locuções Prepositivas
Algumas Relações Semânticas Estabelecidas por
São grupos de palavras que equivalem a uma pre- Preposições
posição. Ex.: Falei sobre o tema da prova; Falei acerca
do tema da prova. É importante ressaltar que as preposições podem
A locução prepositiva na segunda frase substitui apresentar valor relacional ou podem atribuir um
perfeitamente a preposição sobre. As locuções pre- valor nocional. As preposições que apresentam um
positivas sempre terminam em uma preposição, e há valor relacional cumprem uma relação sintática
apenas uma exceção: a locução prepositiva com sen- com verbos ou substantivos, que, em alguns casos, são
tido concessivo “não obstante”. A seguir, elencamos
chamados deverbais, conforme já mencionamos ante-
alguns exemplos de locuções prepositivas:
riormente. Essa mesma relação sintática pode ocorrer
Abaixo de; acerca de; acima de; devido a; a despeito
com adjetivos e advérbios, os quais também apresen-
de; adiante de; defronte de; embaixo de; em frente de;
LÍNGUA PORTUGUESA

tarão função deverbal.


graças a; junto de; perto de; por entre; por trás de; quan-
to a; a fim de; a respeito de; por meio de; em virtude de. Ex.: Concordo com o advogado (preposição exigida
Algumas locuções prepositivas apresentam seme- pela regência do verbo concordar).
lhanças morfológicas, mas significados completamen- Tenho medo da queda (preposição exigida pelo
te diferentes, como: complemento nominal).
A opinião dos diretores vai ao encontro do pla- Estou desconfiado do funcionário (preposição exi-
nejamento inicial = Concordância. / As decisões do gida pelo adjetivo).
público foram de encontro à proposta do programa Fui favorável à eleição (preposição exigida pelo
= Discordância. advérbio).
2 Palavras deverbais são substantivos que expressam, de forma nominal e abstrata, o sentido de um verbo com o qual mantêm relação.
Exemplo: A filmagem, O pagamento, A falência etc. Geralmente, os nomes deverbais são acompanhados por preposições e, sintaticamente, o
termo que completa o sentido desses nomes é conhecido como complemento nominal. 349
Em todos esses casos, a preposição mantém uma z Explicativas: Que, porque, pois, (se vier no início
relação sintática com a classe de palavras a qual se liga, da oração), porquanto. Estude, porque a caneta é
sendo, portanto, obrigatória sua presença na sentença. mais leve que a enxada!
De modo oposto, as preposições cujo valor nocio-
nal é preponderante apresentam uma modificação „ Importante: Pois com sentido explicativo ini-
no sentido da palavra a qual se liga. Elas não são cia uma oração e justifica outra. Ex.: Volte, pois
componentes obrigatórios na construção da senten- sinto saudades.
ça, divergindo das preposições de valor relacional.
As preposições de valor nocional estabelecem uma Pois conclusivo fica após o verbo, deslocado entre
noção de posse, causa, instrumento, matéria, modo vírgulas: Nessa instabilidade, o dólar voltará, pois, a
etc. Vejamos algumas: subir.

z Conclusiva: Logo, portanto, então, por isso, assim,


VALOR NOCIONAL
SENTIDO por conseguinte, destarte, pois (deslocado na fra-
DAS PREPOSIÇÕES
se). Ex.: Estava despreparado, por isso, não fui
Posse Carro de Marcelo aprovado.

Lugar O cachorro está sob a mesa As conjunções e, nem não devem ser empregadas
juntas (e nem), tendo em vista que ambas indicam a
mesma relação aditiva o uso concomitante acarreta
Votar em branco, chegar aos
Modo em redundância.
gritos

Causa Preso por estupro Conjunções Subordinativas

Assunto Falar sobre política Tal qual as conjunções coordenativas, as subor-


Origem Descende de família simples dinativas estabelecem uma ligação entre as ideias
apresentadas em um texto, porém, diferentemente
Olhe para frente! Iremos a daquelas, estas ligam ideias apresentadas em orações
Destino
Paris subordinadas, ou seja, orações que precisam de outra
para terem o sentido apreendido.
Conjunções
z Causal: Haja vista, que, porque, pois, porquanto,
Assim como as preposições, as conjunções também visto que, uma vez que, como (equivale a porque)
são invariáveis e auxiliam na organização das ora- etc. Ex.: Como não era vaidosa, nunca se arrumava.
ções, ligando termos e, em alguns casos, orações. Por
z Consecutiva: Que (depois de tal, tanto, tão), de
manterem relação direta com a organização das ora-
modo que, de forma que, de sorte que etc. Ex.:
ções nas sentenças, as conjunções podem ser: coorde-
nativas ou subordinativas. Estudei tanto que fiquei com dor de cabeça.
z Comparativa: Como, que nem, que (depois de
Conjunções Coordenativas mais, menos, melhor, pior, maior) etc. Ex.: Corria
como um touro.
As conjunções coordenativas são aquelas que
ligam orações coordenadas, ou seja, orações que não z Conformativa: Conforme, como, segundo, de
fazem parte de uma outra ou, em alguns casos, essas acordo com, consoante etc. Ex.: Tudo ocorreu con-
conjunções ligam núcleos de um mesmo termo da ora- forme o planejado.
ção. As conjunções coordenadas podem ser:
z Concessiva: Embora, conquanto, ainda que, mes-
mo que, em que pese, posto que etc. Ex.: Teve que
z Aditivas: E, nem, bem como, não só, mas também,
aceitar a crítica, conquanto não tivesse gostado.
não apenas, como ainda, senão (após não só). Ex.:
Não fiz os exercícios nem revisei. O gato era o pre- z Condicional: Se, caso, desde que, contanto que,
ferido, não só da filha, senão de toda família. a menos que, somente se etc. Ex.: Se eu quisesse
z Adversativa: Mas, porém, contudo, todavia, entre- falar com você, teria respondido sua mensagem.
tanto, não obstante, senão (equivalente a mas). Ex.:
Não tenho um filho, mas dois. A culpa não foi a z Proporcional: À proporção que, à medida que,
população, senão dos vereadores (equivale a “mas quanto mais...mais, quanto menos...menos etc. Ex.:
sim”). Quanto mais estudo, mais chances tenho de ser
aprovado.
„ Importante: a conjunção E pode apresentar
z Final: Final, para que, a fim de que etc. Ex.: A pro-
valor adversativo, principalmente quando é
fessora dá exemplos para que você aprenda!
antecedido por vírgula: Estava querendo dor-
mir, e o barulho não deixava. z Temporal: Quando, enquanto, assim que, até que,
mal, logo que, desde que etc. Ex.: Quando viajei
z Alternativas: Ou, ou...ou, quer...quer, seja...seja, para Fortaleza, estive na Praia do Futuro. Mal che-
ora...ora, já...já. Ex.: Estude ou vá para a festa. Seja guei à cidade, fui assaltado.
por bem, seja por mal, vou convencê-la.
Os valores semânticos das conjunções não se
„ Importante: a palavra senão pode funcionar prendem às formas morfológicas desses elementos.
como conjunção alternativa: Saia agora, senão O valor das conjunções é construído contextualmen-
chamarei os guardas! (podemos trocá-la por ou).
350 te, por isso, é fundamental estar atento aos sentidos
estabelecidos no texto. Ex.: Se Mariana gosta de você, Antes de concluirmos, é importante ressaltar o
por que você não a procura? (SE = causal = já que); papel das locuções interjetivas, conjunto de palavras
Por que ficar preso na cidade, quando existe tanto ar que funciona como uma interjeição, como: Meu Deus!
puro no campo. (quando = causal = já que). Ora bolas! Valha-me Deus!

Conjunções Integrantes CONECTIVOS E FORMAS VARIANTES

As conjunções integrantes fazem parte das orações Conectivos ou conectores são palavras ou expres-
subordinadas e, na realidade, elas apenas integram sões que têm a função de ligar os períodos e parágra-
uma oração principal à outra, subordinada. Existem fos do texto. Os conectivos podem ser conjunções ou
apenas dois tipos de conjunções integrantes: que e se. advérbios/locuções adverbiais e sempre promovem
uma relação entre os termos conectados. É muito
z Quando é possível substituir o que pelo pronome importante saber identificar a relação que indicam,
isso, estamos diante de uma conjunção integrante. pois isso pode modificar o sentido de um texto. A
Ex.: Quero que a prova esteja fácil. Quero = isso. seguir veremos as principais relações que os conecto-
res expressam:
z Sempre haverá conjunção integrante em orações
substantivas e, consequentemente, em períodos z Adição: e, também, além disso, mas também.
compostos. Ex.: Perguntei se ele estava em casa. z Oposição: mas, porém, contudo, entretanto, no entanto.
Perguntei = isso. z Causa: por isso, portanto, certamente.
z Nunca devemos inserir uma vírgula entre um ver- z Tempo: atualmente, nos dias de hoje, na socieda-
bo e uma conjunção integrante. Ex.: Sabe-se, que de atual, depois, antes disso, em seguida, logo, até
o Brasil é um país desigual (errado). Sabe-se que o que.
z Consequência: logo, consequentemente.
Brasil é um país desigual (certo).
z Confirmação/Reafirmação: Ou seja, nesse sentido,
nessa perspectiva, em suma, em outras palavras,
Interjeições
dessa forma.
z Hipótese/Probabilidade: A menos que, mesmo que,
As interjeições também fazem parte do grupo de
supondo que.
palavras invariáveis, tal como as preposições e as con-
z Semelhança: do mesmo modo, assim como, bem
junções. Sua função é expressar estado de espírito e
como.
emoções, por isso, apresenta forte conotação semânti-
z Finalidade: afim de, para, para que, com a finalida-
ca; ademais, uma interjeição sozinha pode equivaler de de, com o objetivo de.
a uma frase. Ex.: Tchau! z Exemplificação: por exemplo, a exemplo de, isto é.
As interjeições, como mencionamos, indicam rela- z Ênfase: na verdade, efetivamente, certamente, com
ções de sentido diversas; a seguir, apresentamos um efeito.
quadro com os sentimentos e sensações mais expres- z Dúvida: talvez, por ventura, provavelmente,
sos pelo uso de interjeições: possivelmente.
z Conclusão: portanto, logo, enfim, em suma.
VALOR SEMÂNTICO INTERJEIÇÃO
Dica
Advertência Cuidado! Devagar! Calma!
É necessário observar o contexto de uso de cada
Alívio Arre! Ufa! Ah! conector, pois vários deles podem mudar de sen-
Alegria/satisfação Eba! Oba! Viva! tido de acordo com a situação em que está sen-
do usado.
Desejo Oh! Tomara! Oxalá! Na língua portuguesa, o contexto é essencial
para entender uma proposição.
Repulsa Irra! Fora! Abaixo!

Dor/tristeza Ai! Ui! Que pena!

Espanto Oh! Ah! Opa! Putz!


SEMÂNTICA
Saudação Salve! Viva! Adeus! Tchau!
SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS
Medo Credo! Cruzes! Uh! Oh!
LÍNGUA PORTUGUESA

Denotação
É salutar lembrar que o sentido exato de cada
interjeição só poderá ser apreendido diante do con- O sentido denotativo da linguagem compreende
texto, por isso, em questões que abordem essa classe o significado literal da palavra independente do seu
de palavras, o candidato deve reler o trecho em que a contexto de uso. Preocupa-se com o significado mais
interjeição aparece, a fim de se certificar do sentido objetivo e literal associado ao significado que aparece
expresso no texto. nos dicionários. A denotação tem como finalidade dar
Isso acontece pois qualquer expressão exclamati- ênfase à informação que se quer passar para o recep-
va que expresse sentimento ou emoção pode funcionar tor de forma mais objetiva, imparcial e prática. Por
como uma interjeição. Lembrem-se dos palavrões, por isso, é muito utilizada em textos informativos, como
exemplo, que são interjeições por excelência, mas, depen- notícias, reportagens, jornais, artigos, manuais didá-
dendo do contexto, podem ter seu sentido alterado. ticos, entre outros. 351
Ex.: O fogo se alastrou por todo o prédio. (fogo:
chamas)
O coração é um músculo que bombeia sangue para
o corpo. (coração: parte do corpo)

Conotação

O sentido conotativo compreende o significado


figurado e depende do contexto em que está inserido.
A conotação põe em evidência os recursos estilísticos
dos quais a língua dispõe para expressar diferen-
tes sentidos ao texto de maneira subjetiva, afetiva e
poética. A conotação tem como finalidade dar ênfase
à expressividade da mensagem de maneira que ela
possa provocar sentimentos ou diferentes sensações
no leitor. Por esse motivo, é muito utilizada em poe-
sias, conversas cotidianas, letras de músicas, anúncios Fonte: https://bit.ly/3kETkpl. Acesso em: 16/10/2020.
publicitários e outros.
Ex.: “Amor é fogo que arde sem se ver”. A relação de sentido estabelecida na tirinha é
Você mora no meu coração. construída a partir dos sentidos opostos das palavras
“prende” e “solta”, marcando o uso de antônimos, nes-
O significado das palavras se contexto.

Quando escolhemos determinadas palavras ou z Homonímia


expressões dentro de um conjunto de possibilidades
Homônimos são palavras que têm a mesma pro-
de uso, estamos levando em conta o contexto que
núncia ou grafia, porém apresentam significados dife-
influencia e permite o estabelecimento de diferentes
rentes. É importante estar atento a essas palavras e a
relações de sentido. Essas relações podem se dar por
seus dois significados. A seguir, listamos alguns homô-
meio de: sinonímia, antonímia, homonímia, paroní-
nimos importantes:
mia, polissemia, hiponímia e hiperonímia.
acender (colocar fogo) ascender (subir)
acento (sinal gráfico) assento (local onde se senta)
Importante! acerto (ato de acertar) asserto (afirmação)
Léxico: Conjunto de todas as palavras e expres- apreçar (ajustar o preço) apressar (tornar rápido)
sões de um idioma. bucheiro (tripeiro) buxeiro (pequeno arbusto)
Vocabulário: Conjunto de palavras e expressões bucho (estômago) buxo (arbusto)
que cada falante seleciona do léxico para se caçar (perseguir animais) cassar (tornar sem efeito)
comunicar. cegar (deixar cego) segar (cortar, ceifar)
sela (forma do verbo selar;
cela (pequeno quarto)
arreio)
z Sinonímia
censo (recenseamento) senso (entendimento, juízo)
céptico (descrente) séptico (que causa infecção)
São palavras ou expressões que, empregadas em
cerração (nevoeiro) serração (ato de serrar)
um determinado contexto, têm significados seme-
lhantes. É importante entender que a identidade dos cerrar (fechar) serrar (cortar)
sinônimos é ocasional, ou seja, em alguns contextos cervo (veado) servo (criado)
uma palavra pode ser empregada no lugar de outra, chá (bebida) xá (antigo soberano do Irã)
o que pode não acontecer em outras situações. O cheque (ordem de xeque (lance no jogo de
uso das palavras “chamar”, “clamar” e “bradar”, por pagamento) xadrez)
exemplo, pode ocorrer de maneira equivocada se uti- círio (vela) sírio (natural da Síria)
lizadas como sinônimos, uma vez que a intensidade cito (forma do verbo citar) sito (situado)
de suas significações é diferente. concertar (ajustar, combinar) consertar (reparar, corrigir)
O emprego dos sinônimos é um importante recur- concerto (sessão musical) conserto (reparo)
so para a coesão textual, uma vez que essa estratégia coser (costurar) cozer (cozinhar)
revela, além do domínio do vocabulário do falante, a exotérico (que se expõe em
capacidade que ele tem de realizar retomadas coesi- esotérico (secreto)
público)
vas, o que contribuiu para melhor fluidez na leitura espectador (aquele que expectador (aquele que tem
do texto. assiste) esperança, que espera)
esperto (perspicaz) experto (experiente, perito)
z Antonímia espiar (observar) expiar (pagar pena)
espirar (soprar, exalar) expirar (terminar)
São palavras ou expressões que, empregadas em
estático (imóvel) extático (admirado)
um determinado contexto, têm significados opostos.
esterno (osso do peito) externo (exterior)
As relações de antonímia podem ser estabelecidas em
gradações (grande/pequeno; velho/jovem); reciproci- extrato (o que se extrai de
estrato (camada)
algo)
dade (comprar/vender) ou complementaridade (ele é
352 casado/ele é solteiro). Vejamos o exemplo a seguir: estremar (demarcar) extremar (exaltar, sublimar)
incerto (não certo, impreciso) inserto (inserido, introduzido) Polissemia (Plurissignificação)
incipiente (principiante) insipiente (ignorante)
Multiplicidade de sentidos encontradas em algu-
laço (nó) lasso (frouxo)
mas palavras, dependendo do contexto. As palavras
ruço (pardacento, grisalho) russo (natural da Rússia) polissêmicas guardam uma relação de sentido entre
tacha (prego pequeno) taxa (imposto, tributo) si, diferenciando-as das palavras homônimas. A polis-
tachar (atribuir defeito a) taxar (fixar taxa) semia é encontrada no exemplo a seguir:

Fonte: https://www.soportugues.com.br/secoes/seman/seman6.
php. Acessado em: 17/10/2020.

Parônimos

Parônimos são palavras que apresentam sentido


diferente e forma semelhante, conforme demonstra-
mos nos exemplos a seguir: Fonte: https://bit.ly/3jynvgs. Acessado em: 17/10/2020.

z Absorver/absolver z Hipônimo e Hiperônimo

„ Tentaremos absorver toda esta água com Relação estabelecida entre termos que guardam
esponjas. (sorver) relação de sentido entre si e mantém uma ordem gra-
„ Após confissão, o padre absolveu todos os fiéis dativa. Exemplo: Hiperônimo – veículo; Hipônimos –
de seus pecados. (inocentar) carro, automóvel, moto, bicicleta, ônibus...

z Aferir/auferir Efeitos de sentido decorrentes do uso de recursos


verbais e não verbais em gêneros diferentes:
„ Realizaremos uma prova para aferir seus gráficos e infográficos
conhecimentos. (avaliar, cotejar)
„ O empresário consegue sempre auferir lucros A representação de sentido por meio de tabelas
em seus investimentos. (obter) e gráficos está sempre presente em nosso cotidiano,
principalmente nos meios de comunicação, ainda
z Cavaleiro/cavalheiro mais com as redes sociais. Isso está ligado à facilidade
com que podemos analisar e interpretar as informa-
„ Todos os cavaleiros que integravam a cava- ções que estão organizadas de forma clara e objetiva
laria do rei participaram na batalha. (homem e, além disso, ao fato de não exigir o uso de cálculos
que anda de cavalo) complexos para a sua análise. A análise de gráficos
„ Meu marido é um verdadeiro cavalheiro, abre auxilia na resolução de questões não apenas de portu-
sempre as portas para eu passar. (homem edu- guês, assim, requer atenção.
cado e cortês)
Gráfico
z Cumprimento/comprimento
Componentes de um gráfico:
„ O comprimento do tecido que eu comprei é de
3,50 metros. (tamanho, grandeza) z Título: na maioria dos casos possuem um título
„ Dê meus cumprimentos a seu avô. (saudação) que indica a que informação ele se refere;
z Fonte: a maioria dos gráficos contém uma fonte,
z Delatar/dilatar ou seja, de onde as informações foram retiradas,
com o ano de publicação;
„ Um dos alunos da turma delatou o colega que z Números: é deles que precisamos para comparar as
chutou a porta e partiu o vidro. (denunciar) informações dadas pelos gráficos. Usados para repre-
„ Comendo tanto assim, você vai acabar dilatan- sentar quantidade ou tempo (mês, ano, período);
do seu estômago. (alargar, estender) z Legendas: ajudam na leitura das informações apre-
sentadas. Na maioria dos casos, o uso de cores des-
z Dirigente/diligente taca diferentes informações.

„ O dirigente da empresa não quis prestar decla-


rações sobre o funcionamento da mesma. (pes- Gráfico de Exemplo
soa que dirige, gere) 900
LÍNGUA PORTUGUESA

800
„ Minha funcionária é diligente na realização de
700
suas funções. (expedito, aplicado) 600
500
z Discriminar/descriminar 400
300
„ Ela se sentiu discriminada por não poder 200
entrar naquele clube. (diferenciar, segregar) 100
„ Em muitos países se discute sobre descrimi- 0
nar o uso de algumas drogas. (descriminalizar, Maçãs Laranjas Bananas
inocentar) 2013 2014 2015

Fonte: https://www.normaculta.com.br/palavras-par onimas/. Fonte: https://support.microsoft.com/pt-br/office/adicionar-uma-legenda-


Acessado em 17/10/2020. a-um-gráfico-eccd4b70-30ec-429d-8600-6305e08862c7. 353
Infográficos Frase

Os infográficos são uma forma moderna de apre- Frase é todo enunciado com sentido completo.
sentar o sentido. Essa palavra une os termos info Pode ser formada por apenas uma palavra ou por um
(informação) e gráfico (desenho, imagem, representa- conjunto de palavras.
ção visual), ou seja, um desenho ou imagem que, com o Ex.: Fogo!
apoio de um texto, informa sobre um assunto que não Silêncio!
seria muito bem compreendido somente com um texto. “A igreja, com este calor, é fornalha...” (Graciliano
Para interpretar os dados informativos em um Ramos)
infográfico, é preciso boa leitura e esta requer atenção
aos detalhes. As representações neste formato aliam Oração
ao texto uma série de atrativos visuais, cabendo ao
leitor ser extremamente observador. Ter atenção ao Enunciado que se estrutura em torno de um verbo
título, ao tema e à fonte das informações é vital para (explícito, implícito ou subentendido) ou de uma locu-
uma boa análise e interpretação. ção verbal. Quanto ao sentido, a oração pode apresen-
tá-lo completo ou incompleto.
Ex.: Você é um dos que se preocupam com a
poluição.
“A roda de samba acabou” (Chico Buarque)

Período

Período é o enunciado constituído de uma ou mais


orações.
Classifica-se em:

� Simples: possui apenas uma oração.


Ex.: O sol surgiu radiante.
Ninguém viu o acidente.
� Composto: possui duas ou mais orações.
Ex.: “Amou daquela vez como se fosse a última.”
(Chico Buarque)
Chegou Em Casa E Tomou Banho.

TERMOS ESSENCIAIS DA ORAÇÃO

São aqueles indispensáveis para a estrutura básica


da oração. Costuma-se associar esses termos a situa-
ções analógicas, como um almoço tradicional brasi-
leiro constituído basicamente de arroz e feijão, por
exemplo. São eles: Sujeito e Predicado. Veremos a
seguir cada um deles.

Sujeito

É o elemento que faz ou sofre a ação determinada


pelo verbo.
O sujeito pode ser:
Fonte: https://mundoeducacao.uol.com.br/doencas/covid-19.htm.
Acessado em: 01/03/2021. � o termo sobre o qual o restante da oração diz algo;
� o elemento que pratica ou recebe a ação expressa
pelo verbo;
� o termo que pode ser substituído por um pronome
SINTAXE do caso reto;
� o termo com o qual o verbo concorda.
CONCEITOS BÁSICOS DA SINTAXE
Ex.: A população implorou pela compra da vacina
da COVID-19.
Ao selecionar palavras, nós as escolhemos entre
os grandes grupos de palavras existentes na língua,
No exemplo anterior a população é:
como verbos, substantivos ou adjetivos. Esses são gru-
pos morfológicos. Ao combinar as palavras em frases,
z O elemento sobre o qual se declarou algo (implo-
nós construímos um painel morfológico.
rou pela compra da vacina);
As palavras normalmente recebem uma dupla
classificação: a morfológica, que está relacionada à z O elemento que pratica a ação de implorar;
classe gramatical a que pertence, e a sintática, rela- z O termo com o qual o verbo concorda (o verbo
cionada à função específica que assumem em deter- implorar está flexionado na 3ª pessoa do singular);
minada frase.
354
z O termo que pode ser substituído por um pronome „ Elíptico, oculto ou desinencial: quando não
do caso reto. aparece na oração, mas é possível de ser identifi-
(Ele implorou pela compra da vacina da COVID-19.) cado devido à flexão do verbo ao qual se refere.
Ex.: Vi o noticiário hoje de manhã. Sujeito: (Eu)
Núcleo do sujeito
z Indeterminado: quando não é possível identificar
O núcleo é a palavra base do sujeito. É a principal o sujeito na oração, mas ainda sim está presente.
porque é a respeito dela que o predicado diz algo. Ele Encontra-se na 3ª pessoa do plural ou representa-
indica a palavra que realmente está exercendo deter- do por um índice de indeterminação do sujeito, a
minada função sintática, que atua ou sofre a ação. O partícula “se”.
núcleo do sujeito apresentará um substantivo, ou uma
palavra com valor de substantivo, ou pronome. „ Colocando-se o verbo na 3ª pessoa do plural,
não se referindo a nenhuma palavra determi-
z O sujeito simples contém apenas um núcleo. nada no contexto.
Ex.: O povo pediu providências ao governador. Ex.: Passaram cedo por aqui, hoje.
Sujeito: O povo Entende-se que alguém passou cedo.
Núcleo do sujeito: povo „ Colocando-se verbos sem complemento direto
z Já o sujeito composto, o núcleo será constituído (intransitivos, transitivos diretos ou de ligação)
de dois ou mais termos. na 3ª pessoa do singular acompanhados do pro-
As luzes e as cores são bem visíveis. nome se, que atua como índice de indetermina-
Sujeito: As luzes e as cores ção do sujeito.
Núcleo do sujeito: luzes/cores Ex.: Não se vê com a neblina.
Entende-se que ninguém consegue ver nessa
condição.
Dica
Para determinar o sujeito da oração, colocam-se Classificação do Sujeito Quanto à Voz
as expressões interrogativas quem? ou o quê?
Antes do verbo. z Voz ativa (sujeito agente)
Ex.: A população pediu uma providência ao Ex.: Cláudia corta cabelos de terça a sábado.
Nesse caso, o termo “Cláudia” é a pessoa que exer-
governador.
ce a ação na frase.
quem pediu uma providência ao governador?
Resposta: A população (sujeito). z Voz passiva sintética (sujeito paciente)
Ex.: O pêndulo do relógio iria de um lado para o Ex.: Corta-se cabelo.
outro. Pode-se ler “Cabelo é cortado”, ou seja, o sujeito
o que iria de um lado para o outro? “cabelo” sofre uma ação, diferente do exemplo do
Resposta: O pêndulo do relógio (sujeito). item anterior. O “-se” é a partícula apassivadora da
oração.
Tipos de Sujeito
Importante notar que não há preposição entre
Quanto à função na oração, o sujeito classifica-se em: o verbo e o substantivo. Se houvesse, por exemplo,
“de” no meio da frase, o termo “cabelo” não seria mais
sujeito, seria objeto indireto, um complemento verbal.
Simples Precisa-se de cabelo.
Assim, “de cabelo” seria um complemento verbal,
DETERMINADO Composto e não um sujeito da oração. Nesse caso, o sujeito é
indeterminado, marcado pelo índice de indetermina-
Elíptico
ção “-se”.
Com verbos flexionados na 3ª
pessoa do singular Voz passiva analítica (sujeito paciente)
INDETERMINADO Com verbos acompanhados do Ex.: A minha saia azul está rasgada.
se (índice de indeterminação do O sujeito está sofrendo uma ação, e não há presen-
sujeito) ça da partícula -se.
Usado para fenômenos da
Predicado
INEXISTENTE natureza ou com verbos
impessoais
LÍNGUA PORTUGUESA

É o termo que contém o verbo e informa algo sobre


o sujeito. Apesar de o sujeito e o predicado serem ter-
z Determinado: quando se identifica a pessoa, o mos essenciais na oração, há casos em que a oração
lugar ou o objeto na oração. Classifica-se em: não possui sujeito. Mas, se a oração é estruturada em
torno de um verbo e ele está contido no predicado, é
„ Simples: quando há apenas um núcleo. impossível existir uma oração sem sujeito.
Ex.: O [aluguel] da casa é caro.
Núcleo: aluguel O predicado pode ser:
Sujeito simples: O aluguel da casa
„ Composto: quando há dois núcleos ou mais. z Aquilo que se declara a respeito do sujeito.
Ex.: Os [sons] e as [cores] ficaram perfeitos. Ex.: “A esposa e o amigo seguem sua marcha.”
Núcleos: sons, cores. (José de Alencar)
Sujeito composto: Os sons e as cores Predicado: seguem sua marcha 355
z Uma declaração que não se refere a nenhum sujei- z Verbo transitivo indireto (VTI): o verbo transiti-
to (oração sem sujeito): vo indireto tem como necessidade o complemen-
Ex.: Chove pouco nesta época do ano. to acompanhado de uma preposição para fazer
Predicado: Chove pouco nesta época do ano. sentido.
Ex.: Nós acreditamos em você.
Para determinar o predicado, basta separar o Verbo transitivo indireto: acreditamos
sujeito. Ocorrendo uma oração sem sujeito, o predica- Preposição: em
do abrangerá toda a declaração. A presença do verbo Ex.: Frida obedeceu aos seus pais.
é obrigatória, seja de forma explícita ou implícita: Verbo transitivo indireto: obedeceu
Ex.: “Nossos bosques têm mais vidas.” (Gonçalves Preposição: a (a + os)
Dias) Ex.: Os professores concordaram com isso.
Sujeito: Nossos bosques. Predicado: têm mais vida. Verbo transitivo indireto: concordaram
Ex.: “Nossa vida mais amores”. (Gonçalves Dias) Preposição: com
Sujeito: Nossa vida. Predicado: mais amores.
z Verbo transitivo direto e indireto (VTDI): é o
verbo de sentido incompleto que exige dois com-
Classificação do Predicado
plementos: objeto direto (sem preposição) e objeto
indireto (com preposição).
A classificação do predicado depende do significa- Ex.: “Ela contava-lhe anedotas, e pedia-lhe ou-
do e do tipo de verbo que apresenta. tras.” (Machado de Assis)
Verbo transitivo direto e indireto 1: contava
z Predicado nominal: ocorre quando o núcleo sig- Objeto direto 1: anedotas
nificativo se concentra em um nome (corresponde Objeto indireto 1: lhe
a um predicativo do sujeito). Verbo transitivo direto e indireto 2: pedia
O verbo deste tipo de oração é sempre de ligação. Objeto direto 2: outras
O predicado nominal tem por núcleo um nome Objeto indireto 2: lhe.
(substantivo, adjetivo ou pronome).
Ex.: “Nossas flores são mais bonitas.” (Murilo z Verbo intransitivo (VI): É aquele capaz de cons-
Mendes) truir sozinho o predicado, que não precisa de com-
Predicado: são mais bonitas. plementos verbais, sem prejudicar o sentido da
Ex.: “As estrelas estão cheias de calafrios.” (Olavo oração.
Bilac) Ex.: Escrevia tanto que os dedos adormeciam.
Predicado: estão cheias de calafrios. Verbo intransitivo: adormeciam.

É importante não confundir: Predicado Verbo-Nominal

z Verbo de ligação: quando não exprime uma ação, Ocorre quando há dois núcleos significativos:
mas um estado momentâneo ou permanente que um verbo nocional (intransitivo ou transitivo) e um
relaciona o sujeito ao restante do predicado, que é nome (predicativo do sujeito ou, em caso de verbo
o predicativo do sujeito. transitivo, predicativo do objeto).
z Predicativo do sujeito; função exercida por subs-
tantivo, adjetivo, pronomes e locuções que atri- Ex.: “O homem parou atento.” (Murilo Mendes)
buem uma condição ou qualidade ao sujeito. Verbo intransitivo: parou
Ex.: O garoto está bastante feliz. Predicativo do sujeito: atento
Verbo de ligação: está.
Predicativo do sujeito: bastante feliz. Repare que no primeiro exemplo o termo “atento”
Ex.: Seu batom é muito forte. está caracterizando o sujeito “O homem” e, por isso, é
Verbo de ligação: é. considerado predicativo do sujeito.
Predicativo do sujeito: muito forte. Ex.: “Fabiano marchou desorientado.” (Olavo Bilac)

Predicado Verbal Verbo intransitivo: marchou


Predicativo do sujeito: desorientado
Ocorre quando há dois núcleos significativos: um
verbo (transitivo ou intransitivo) e um nome (predi- No segundo exemplo, o termo “desorientado” indi-
cativo do sujeito ou, em caso transitivo, predicativo do ca um estado do termo “Fabiano”, que também é sujei-
objeto). Da natureza desse verbo é que decorrem os to. Temos mais um caso de predicativo do sujeito.
demais termos do predicado.
O verbo do predicado pode ser classificado em Ex.: “Ptolomeu achou o raciocínio exato.” (Macha-
transitivo direto, transitivo indireto, verbo transi- do de Assis)
tivo direto e indireto ou verbo intransitivo. Verbo transitivo direto: achou
Objeto direto: o raciocínio
z Verbo transitivo direto (VTD): é o verbo que exi- Predicativo do objeto: exato
ge um complemento não preposicionado, o objeto
direto. No terceiro exemplo, o termo “exato” caracteriza
Ex.: “Fazer sambas lá na vila é um brinquedo.” um julgamento relacionado ao termo “o raciocínio”,
Noel Rosa que é o objeto direto dessa oração. Com isso, podemos
Verbo Transitivo Direto: Fazer. concluir que temos um caso de predicativo do obje-
Ex.: Ele trouxe os livros ontem. to, visto que “exato” não se liga a “Ptolomeu”, que é
356 Verbo Transitivo Direto: trouxe. o sujeito.
O que é o predicativo do objeto? Exemplos com ocorrência obrigatória de preposição:
É o termo que confere uma característica, uma
qualidade, ao que se refere. Não entendo nem a ele nem a ti.
A formação do predicativo do objeto se dá por um Respeitava-se aos mais antigos.
adjetivo ou por um substantivo. Ali estava o artista a quem nosso amigo idolatrava.
Ex.: Consideramos o filme proveitoso. Amavam-se um ao outro.
Predicativo do objeto: proveitoso “Olho Gabriela como a uma criança, e não mulher
Ex.: Chamavam-lhe vitoriosa, pelas conquistas. feita.” (Ciro dos Anjos)
Predicativo do objeto: vitoriosa
Para facilitar a identificação do predicativo do
Exemplos com ocorrência facultativa de preposição:
objeto, o recomendável é desdobrar a oração, acres-
centando-lhe um verbo de ligação, cuja função especí-
Eles amam a Deus, assim diziam as pessoas daque-
fica é relacionar o predicativo ao nome.
O filme foi proveitoso. le templo.
Ela era vitoriosa. A escultura atrai a todos os visitantes.
Nessas duas últimas formas, os termos seriam pre- Não admito que coloquem a Sua Excelência num
dicativos do sujeito, pois são precedidos de verbos de pedestal.
ligação (foi e era, respectivamente). Ao povo ninguém engana.
Eu detesto mais a estes filmes do que àqueles.
TERMOS INTEGRANTES DA ORAÇÃO No caso “Você bebeu dessa água?”, a forma “des-
sa” (preposição de + pronome essa) precisa estar pre-
São vocábulos que se agregam a determinadas sente para indicar parte de um todo, quando assim
estruturas para torná-las completas. De acordo com for o contexto de uso. Logo, a pergunta é se a pessoa
a gramática da língua portuguesa, esses termos são bebeu uma porção da água, e não ela toda.
divididos em:
z Objeto direto pleonástico: É a dupla ocorrência
Complementos Verbais dessa função sintática na mesma oração, a fim de
enfatizar um único significado.
São termos que completam o sentido de verbos
transitivos diretos e transitivos indiretos. Ex.: “Eu não te engano a ti”. (Carlos Drummond de
Andrade)
z Objeto direto: revela o alvo da ação. Não é acom-
panhado de preposição. z Objeto direto interno: Representado por palavra
Ex.: Examinei o relógio de pulso.
que tem o mesmo radical do verbo ou apresenta
Gostaria de vê-lo no topo do mundo.
mesmo significado.
O técnico convocou somente os do Brasil. (os =
Ex.: Riu um riso aterrador.
aqueles)
Dormiu o sono dos justos.
Pronomes e sua relação com o objeto direto
Além dos pronomes oblíquos o(s), a(s) e suas Como diferenciar objeto direto de sujeito?
variações lo(s), la(s), no(s), na(s), “que” quase sem- Já começaram os jogos da seleção. (sujeito)
pre exercem função de objeto direto, os pronomes Ignoraram os jogos da seleção. (objeto direto)
oblíquos me, te, se, nos, vos também podem exercer O objeto direto pode ser passado para a voz passi-
essa função sintática. va analítica e se transforma em sujeito.
Ex.: Levou-me à sabedoria esta aula. (= “Levaram Os jogos da seleção foram ignorados.
quem? A minha pessoa”)
Nunca vos tomeis como grandes personalidades. z Objeto indireto: É complemento verbal regido de
(= “Nunca tomeis quem? Vós”) preposição obrigatória, que se liga diretamente a
Convidaram-na para o almoço de despedida. (= verbos transitivos indiretos e diretos. Representa
“Convidaram quem? Ela”) o ser beneficiado ou o alvo de uma ação.
Depois de terem nos recebido, abriram a caixa. (= Ex.: Por favor, entregue a carta ao proprietário da
“Receberam quem? Nós”) casa 260.
Os pronomes demonstrativos o, a, os, as podem Gosto de ti, meu nobre.
ser objetos diretos. Normalmente, aparecem antes do Não troque o certo pelo duvidoso.
pronome relativo que.
Vamos insistir em promover o novo romance de
Ex.: Escuta o que eu tenho a dizer. (Escuta algo:
LÍNGUA PORTUGUESA

ficção.
esse algo é o objeto direto)
Observe bem a que ele mostrar. (a = pronome
feminino definido) Objeto indireto e o uso de pronomes pessoais

z Objeto direto preposicionado Pode ser representado pelos seguintes pronomes


oblíquos átonos: me, te, se, no, vos, lhe, lhes. Os pro-
Mesmo que o verbo transitivo direto não exija nomes o, a, os, as não exercerão essa função.
preposição no seu complemento, algumas palavras Ex.: Mostre-lhe onde fica o banheiro, por favor.
requerem o uso da preposição para não perder o sen- Todos os pronomes oblíquos tônicos (me, mim,
tido de “alvo” do sujeito. comigo, te, ti, contigo) podem funcionar como objeto
Além disso, há alguns casos obrigatórios e outros indireto, já que sempre ocorrem com preposição.
facultativos. Ex.: Você escreveu esta carta para mim? 357
z Objeto indireto pleonástico: Ocorrência repetida z Como diferenciar adjunto adnominal de com-
dessa função sintática com o objetivo de enfatizar plemento nominal?
uma mensagem.
Ex.: A ele, sem reservas, supliquei-lhe ajuda. Quando o adjunto adnominal for representado
por uma locução adjetiva, ele pode ser confundido
Complemento nominal com complemento nominal. Para diferenciá-los, siga
a dica:
Completa o sentido de substantivos, adjetivos e
advérbios. É uma função sintática regida de preposi- „ Será adjunto adnominal: se o substantivo ao
ção e com objetivo de completar o sentido de nomes. A qual se liga for concreto.
presença de um complemento nominal nos contextos Ex.: A casa da idosa desapareceu.
de uso é fundamental para o esclarecimento do senti- Se indicar posse ou o agente daquilo que
do do nome. expressa o substantivo abstrato.
Ex.: Tenho certeza de que tu serás aprovado. Ex.: A preferência do grupo não foi respeitada.
Estou longe de casa e tão perto do paraíso. „ Será complemento nominal: se indicar o alvo
Para melhor identificar um complemento nomi- daquilo que expressa o substantivo.
nal, siga a instrução: Ex.: A preferência pelos novos alojamentos não
Nome + preposição + quem ou quê foi respeitada.
Como diferenciar complemento nominal de com- Notava-se o amor pelo seu trabalho.
plemento verbal? Se vier ligado a um adjetivo ou a um advérbio:
Ex.: Naquela época, só obedecia ao meu coração. Ex.: Manteve-se firme em seus objetivos.
(complemento verbal, pois “ao meu coração” liga-se
diretamente ao verbo “obedecia”) Adjunto Adverbial
Naquela época, a obediência ao meu coração pre-
valecia. (complemento nominal, pois “ao meu cora- Termo representado por advérbios, locuções
ção” liga-se diretamente ao nome “obediência”). adverbiais ou adjetivos com valor adverbial. Relacio-
na-se ao verbo ou a toda oração para indicar variadas
Agente da Passiva circunstâncias.

É o complemento de um verbo na voz passiva ana- z Tempo: Quero que ele venha logo;
lítica. Sempre é precedido da preposição por, e, mais z Lugar: A dança alegre se espalhou na avenida;
raramente, da preposição de. z Modo: O dia começou alegremente;
Forma-se essencialmente pelos verbos auxiliares
z Intensidade: Almoçou pouco;
ser, estar, viver, andar, ficar.
z Causa: Ela tremia de frio;
TERMOS ACESSÓRIOS DA ORAÇÃO z Companhia: Venha jantar comigo;
z Instrumento: Com a máquina, conseguiu lavar as
Há termos que, apesar de dispensáveis na estrutu- roupas;
ra básica da oração, são importantes para compreen- z Dúvida: Talvez ele chegue mais cedo;
são do enunciado porque trazem informações novas.
z Finalidade: Vivia para o trabalho;
Esses termos são chamados acessórios da oração.
z Meio: Viajou de avião devido à rapidez;
Adjunto Adnominal z Assunto: Falávamos sobre o aluguel;
z Negação: Não permitirei que permaneça aqui;
São termos que acompanham o substantivo, z Afirmação: Sairia sim naquela manhã;
núcleo de outra função, para qualificar, quantificar,
especificar o elemento representado pelo substantivo. z Origem: Descendia de nobres.
Categorias morfológicas que podem funcionar
como adjunto adnominal: Não confunda!
Para conseguir distinguir adjunto adverbial de
adjunto adnominal, basta saber se o termo relacio-
z Artigos
nado ao adjunto é um verbo ou um nome, mesmo que
z Adjetivos
o sentido seja parecido.
z Numerais Ex.: Descendência de nobres. (O “de nobres” aqui
z Pronomes é um adjunto adnominal)
z Locuções adjetivas Descendia de nobres. (O “de nobres” aqui é um
adjunto adverbial)
Ex.: Aqueles dois antigos soldadinhos de chumbo
ficaram esquecidos no quarto. Aposto
Iam cheios de si.
Estava conquistando o respeito dos seus. Estruturas relacionadas a substantivos, pronomes
O novo regulamento originou a revolta dos ou orações. O aposto tem como propósito explicar,
funcionários. identificar, esclarecer, especificar, comentar ou apon-
O doutor possuía mil lembranças de suas viagens. tar algo, alguém ou um fato.
Ex.: Renata, filha de D. Raimunda, comprou uma
z Pronomes oblíquos átonos e a função de adjun- bicicleta.
to adnominal: os pronomes me, te, lhe, nos, vos, Aposto: filha de D. Raimunda
lhes exercem essa função sintática quando assu- Ex.: O escritor Machado de Assis escreveu gran-
mem valor de pronomes possessivos. des obras.
358 Ex.: Puxaram-me o cabelo (Puxam meu cabelo). Aposto: Machado de Assis.
Classifica-se nas seguintes categorias: z Diferença de aposto especificativo e adjunto
adnominal: Normalmente, é possível retirar a
z Explicativo: usado para explicar o termo anterior. preposição que precede o aposto. Caso seja um
Separa-se do substantivo a que se refere por uma adjunto, se for retirada a preposição, a estrutura
pausa, marcada na escrita por vírgulas, travessões fica prejudicada.
ou dois-pontos. Ex.: A cidade Fortaleza é quente.
Ex.: As filhas gêmeas de Ana, que aniversariaram (aposto especificativo / Fortaleza é uma cidade)
ontem, acabaram de voltar de férias. O clima de Fortaleza é quente.
Jéssica uma ótima pessoa, conseguiu apoio de todos.
(adjunto adnominal / Fortaleza é um clima?)
� Enumerativo: usado para desenvolver ideias que
z Diferença de aposto e predicativo do sujeito: O
foram resumidas ou abreviadas em um termo ante-
aposto não pode ser um adjetivo nem ter núcleo
rior. Mostra os elementos contidos em um só termo.
Ex.: Víamos somente isto: vales, montanhas e adjetivo.
riachos. Ex.: Muito desesperado, João perdeu o controle.
Apenas três coisas me tiravam do sério, a saber, (predicativo do sujeito; núcleo: desesperado – ad-
preconceito, antipatia e arrogância. jetivo)
z Recapitulativo ou resumidor: É o termo usado
Homem desesperado, João sempre perde o con-
para resumir termos anteriores. É expresso, nor-
trole.
malmente, por um pronome indefinido.
(aposto; núcleo: homem – substantivo)
Ex.: Os professores, coordenadores, alunos, todos
estavam empolgados com a feira.
Irei a Macau, Cabo Verde, Angola e Timor-Leste, Vocativo
países africanos onde se fala português.
O vocativo é um termo que não mantém relação
� Comparativo: Estabelece uma comparação implícita. sintática com outro termo dentro da oração. Não per-
Ex.: Meu coração, uma nau ao vento, está sem
tence nem ao sujeito, nem ao predicado. É usado para
rumo.
chamar ou interpelar a pessoa que o enunciador dese-
� Circunstancial: Exprime uma característica ja se comunicar. É um termo independente, pois
circunstancial. não faz parte da estrutura da oração.
Ex.: No inverno, busquemos sair com roupas Ex.: Recepcionista, por favor, agende minha
apropriadas. consulta.
� Especificativo: É o aposto que aparece junto a um Ela te diz isso desde ontem, Fábio.
substantivo de sentido genérico, sem pausa, para
especificá-lo ou individualizá-lo. É constituído por z Para distinguir vocativo de aposto: o vocati-
substantivos próprios. vo não se relaciona sintaticamente com nenhum
Exs.: O mês de abril. outro termo da oração.
O rio Amazonas. Ex.: Lufe, faz um almoço gostoso para as crianças.
Meu primo José. O aposto se relaciona sintaticamente com outro
z Aposto da oração: É um comentário sobre o termo da oração.
fato expresso pela oração, ou uma palavra que A cozinha de Lufe, cozinheiro da família, é impecável.
condensa. Sujeito: a cozinha de lufe.
Ex.: Após a notícia, ficou calado, sinal de sua Aposto: cozinheiro da família (relaciona-se ao
preocupação. sujeito).
O noticiário disse que amanhã fará muito calor –
ideia que não me agrada. PERÍODO COMPOSTO
� Distributivo: Dispõe os elementos equitativamente.
Ex.: Separe duas folhas: uma para o texto e outra Observe os exemplos a seguir:
para as perguntas. A apostila de Português está completa.
Sua presença era inesperada, o que causou surpresa. Um verbo: Uma oração = período simples
Português e Matemática são disciplinas essen-
Dica ciais para ser aprovado em concursos.
Dois verbos: duas orações = período composto
� O aposto pode aparecer antes do termo a que O período composto é formado por duas ou mais
se refere, normalmente antes do sujeito. orações. Num parágrafo, podem aparecer misturado
Ex.: Maior piloto de todos os tempos, Ayrton Sen- períodos simples e período compostos.
LÍNGUA PORTUGUESA

na marcou uma geração.


� Segundo “o gramático” Cegalla, quando o apos-
PERÍODO SIMPLES PERÍODO COMPOSTO
to se refere a um termo preposicionado, pode ele
vir igualmente preposicionado. O povo levantou-se cedo
Era dia de eleição
Ex.: De cobras, (de) morcegos, (de) bichos, de para evitar aglomeração
tudo ele tinha medo.
� O aposto pode ter núcleo adjetivo ou adverbial. Para não esquecer:
Ex.: Tuas pestanas eram assim: frias e curvas. Período simples é aquele formado por uma só
(adjetivos, apostos do predicativo do sujeito) oração.
Falou comigo deste modo: calma e maliciosa- Período composto é aquele formado por duas ou
mente. (advérbios, aposto do adjunto adverbial mais orações.
de modo). Classifica-se nas seguintes categorias: 359
z Por coordenação: orações coordenadas assindéticas; z Orações subordinadas substantivas reduzidas:
não são introduzidas por conectivo, e o verbo fica
„ Orações coordenadas sindéticas: aditivas, adver- no infinitivo.
sativas, alternativas, conclusivas, explicativas. Ex.: Ele afirmou desconhecer estas regras.
z Orações subordinadas substantivas subjetivas:
z Por subordinação:
exercem a função de sujeito. O verbo da oração
principal deve vir na voz ativa, passiva analítica
„ Orações subordinadas substantivas: subjeti- ou sintética. Em 3ª pessoa do singular, sem se refe-
vas, objetivas diretas, objetivas indiretas, com- rir a nenhum termo na oração.
pletivas nominais, predicativas, apositivas; Ex.: Foi importante o seu regresso. (sujeito)
„ Orações subordinadas adjetivas: restritivas, Foi importante que você regressasse. (sujeito ora-
explicativas; cional) (or. sub. subst. subje.)
„ Orações subordinadas adverbiais: causais,
comparativas, concessivas, condicionais, con- z Orações subordinadas substantivas objetivas
formativas, consecutivas, finais, proporcionais, diretas: exercem a função de objeto direto de um
temporais. verbo transitivo direto ou transitivo direto e indi-
reto da oração principal.
z Por coordenação e subordinação: orações for- Ex.: Desejo o seu regresso. (OD)
madas por períodos mistos; Desejo que você regresse. (OD oracional) (or. sub.
z Orações reduzidas: de gerúndio e de infinitivo. subst. obj. dir.)
z Orações subordinadas substantivas completi-
Período Composto por Coordenação vas nominais: exercem a função de complemento
nominal de um substantivo, adjetivo ou advérbio
As orações são sintaticamente independentes. Isso da oração principal.
significa que uma não possui relação sintática com Ex.: Tenho necessidade de seu apoio. (comple-
verbos, nomes ou pronomes das demais orações no mento nominal)
período. Tenho necessidade de que você me apoie. (com-
Ex.: “Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.” plemento nominal oracional) (or. sub. subst. com-
(Fernando Pessoa) pl. nom.)
Oração coordenada 1: Deus quer
Oração coordenada 2: o homem sonha z Orações subordinadas substantivas predicati-
Oração coordenada 3: a obra nasce. vas: funcionam como predicativos do sujeito da
Ex.: “Subi devagarinho, colei o ouvido à porta da oração principal. Sempre figuram após o verbo de
sala de Damasceno, mas nada ouvi.” (M. de Assis) ligação ser.
Oração coordenada assindética: Subi devagarinho Ex.: Meu desejo é a sua felicidade. (predicativo do
Oração coordenada assindética: colei o ouvido à sujeito)
porta da sala de Damasceno Meu desejo é que você seja feliz. (predicativo do
Oração coordenada sindética: mas nada ouvi sujeito oracional) (or. sub. subst. predic.)
Conjunção adversativa: mas nada z Orações subordinadas substantivas apositivas:
funcionam como aposto. Geralmente vêm depois
Período composto por subordinação de dois-pontos ou entre vírgulas.
Ex.: Só quero uma coisa: a sua volta imediata. (aposto)
Formado por orações sintaticamente dependentes, Só quero uma coisa: que você volte imediata-
considerando a função sintática em relação a um ver- mente. (aposto oracional) (or. sub. aposi.)
bo, nome ou pronome de outra oração.
Tipos de orações subordinadas: z Orações subordinadas adjetivas: desempenham
função de adjetivo (adjunto adnominal ou, mais
z Substantivas; raramente, aposto explicativo). São introduzidas
z Adjetivas; por pronomes relativos (que, o qual, a qual, os
z Adverbiais. quais, as quais, cujo, cuja, cujos, cujas etc.) As
orações subordinadas adjetivas classificam-se em:
São classificadas nas seguintes categorias: explicativas e restritivas.
z Orações subordinadas adjetivas explicativas:
z Orações subordinadas substantivas conectivas: não limitam o termo antecedente, e sim acrescen-
são introduzidas pelas conjunções subordinativas tam uma explicação sobre o termo antecedente.
integrantes que e se. São consideradas termo acessório no período,
Ex.: Dizem que haverá novos aumentos de podendo ser suprimidas. Sempre aparecem isola-
impostos. das por vírgulas.
Não sei se poderei sair hoje à noite. Ex.: Minha mãe, que é apaixonada por bichos,
z Orações subordinadas substantivas justapos- cria trinta gatos.
tas: introduzidas por advérbios ou pronomes z Orações subordinadas adjetivas restritivas:
interrogativos (onde, como, quando, quanto, especificam ou limitam a significação do termo
quem etc.) antecedente, acrescentando-lhe um elemento
z Ex.: Ignora-se onde eles esconderam as joias indispensável ao sentido. Não são isoladas por
roubadas. vírgulas.
Não sei quem lhe disse tamanha mentira. Ex.: A doença que surgiu recentemente ainda é
incurável.
360
Dica Para separar as orações de um período composto, é
necessário atentar-se para dois elementos fundamen-
Como diferenciar as orações subordinadas adje- tais: os verbos (ou locuções verbais) e os conectivos
tivas restritivas das orações subordinadas adjeti- (conjunções ou pronomes relativos). Após assinalar
vas explicativas? esses elementos, deve-se contar quantas orações ele
Ele visitará o irmão que mora em Recife. representa, a partir da quantidade de verbos ou locu-
(restritiva, pois ele tem mais de um irmão e vai ções verbais. Exs.:
visitar apenas o que mora em Recife)
[“A recordação de uns simples olhos basta] – 1ª oração
Ele visitará o irmão, que mora em Recife. [para fixar outros] – 2ª oração
(explicativa, pois ele tem apenas um irmão que [que os rodeiam] – 3ª oração
mora em Recife) [e se deleitem com a imaginação deles]. – 4ª ora-
ção (M. de Assis)
� Orações subordinadas adverbiais: exprimem
uma circunstância relativa a um fato expresso em Nesse período, a 2ª oração subordina-se ao verbo
outra oração. Têm função de adjunto adverbial. basta, pertencente à 1ª (oração principal).
São introduzidas por conjunções subordinativas A 3ª e a 4ª são orações coordenadas entre si, porém
(exceto as integrantes) e se enquadram nos seguin-
ambas dependentes do pronome outros, da 2ª oração.
tes grupos:
� Orações subordinadas adverbiais causais: são Orações Reduzidas
introduzidas por: como, já que, uma vez que, por-
que, visto que etc. z Apresentam o mesmo verbo em uma das formas
Ex.: Caminhamos o restante do caminho a pé por- nominais (gerúndio, particípio e infinitivo);
que ficamos sem gasolina.
z As que são substantivas e adverbiais: nunca são
� Orações subordinadas adverbiais comparati- iniciadas por conjunções;
vas: são introduzidas por: como, assim como, tal
qual, como, mais etc. z As que são adjetivas: nunca podem ser iniciadas
Ex.: A cerveja nacional é menos concentrada (do) por pronomes relativos;
que a importada.
z Podem ser reescritas (desenvolvidas) com esses
� Orações subordinadas adverbiais concessivas: conectivos;
indica certo obstáculo em relação ao fato expres-
so na outra oração, sem, contudo, impedi-lo. São z Podem ser iniciadas por preposição ou locução
introduzidas por: embora, ainda que, mesmo que, prepositiva.
por mais que, se bem que etc. Ex.: Terminada a prova, fomos ao restaurante.
Ex.: Mesmo que chova, iremos à praia amanhã. O. S. Adv. reduzida de particípio: não começa com
conjunção
� Orações subordinadas adverbiais condicionais: Quando terminou a prova, fomos ao restaurante.
são introduzidas por: se, caso, desde que, salvo se, (desenvolvida)
contanto que, a menos que etc. O. S. Adv. Desenvolvida: começa com conjunção
Ex.: Você terá sucesso desde que se esforce para tal.
� Orações subordinadas adverbiais conformati- Orações Reduzidas de Infinitivo
vas: são introduzidas por: como, conforme, segun-
do, consoante. Podem ser substantivas, adjetivas ou adverbiais.
Ex.: Ele deverá agir conforme combinamos. Se o infinitivo for pessoal, irá flexionar normalmente.
� Orações subordinadas adverbiais consecutivas:
são introduzidas por: que (precedido na oração z Substantivas: Ex.: É preciso trabalhar muito. (O.
anterior de termos intensivos como tão, tanto, S. substantiva subjetiva reduzida de infinitivo)
tamanho etc.) de sorte que, de modo que, de forma Deixe o aluno pensar. (O. S. substantiva objetiva
que, sem que. direta reduzida de infinitivo)
Ex.: A garota rio tanto, que se engasgou. A melhor política é ser honesto. (O. S. substantiva
“Achei as rosas mais belas do que nunca, e tão per- predicativa reduzida de infinitivo)
fumadas que me estontearam.” (Cecília Meireles) Este é um difícil livro de se ler. (O. S. substantiva
completiva nominal reduzida de infinitivo)
� Orações subordinadas adverbiais finais: indi-
Temos uma missão: subir aquela escada. (O. S.
cam um objetivo a ser alcançado. São introduzidas
substantiva apositiva reduzida de infinitivo)
por: para que, a fim de que, porque e que (= para
LÍNGUA PORTUGUESA

que). z Adjetivas: Ex.: João não é homem de meter os pés


Ex.: O pai sempre trabalhou para que os filhos pelas mãos.
tivessem bom estudo. O meu manual para fazer bolos certamente vai
� Orações subordinadas adverbiais proporcio- agradar a todos.
nais: são introduzidas por: à medida que, à pro- z Adverbiais: Ex.: Apesar de estar machucado,
porção que, quanto mais, quanto menos etc. continua jogando bola.
Ex.: Quanto mais ouço essa música, mais a aprecio. Sem estudar, não passarão.
� Orações subordinadas adverbiais temporais: Ele passou mal, de tanto comer doces.
são introduzidas por: quando, enquanto, logo que, Orações Reduzidas de Gerúndio
depois que, assim que, sempre que, cada vez que,
agora que etc. Podem ser coordenadas aditivas, substantivas apo-
Ex.: Assim que você sair, feche a porta, por favor. sitivas, adjetivas, adverbiais. 361
z Coordenada aditiva: Ex.: Pagou a conta, ficando Oração coordenada 3: nem que culpe meus
livre dos juros. parentes.
z Substantiva apositiva: Ex.: Não mais se vê amigo
ajudando um ao outro. (subjetiva)
Agora ouvimos artistas cantando no shopping.
Importante!
(objetiva direta) O segredo para classificar as orações é per-
z Adjetiva: Ex.: Criança pedindo esmola dói o ceber os conectivos (conjunções e pronomes
coração. relativos).

z Adverbial: Ex.: Temendo a reação do pai, não


contou a verdade. � Orações subordinadas adjetivas coordenadas
entre si
Orações Reduzidas de Particípio Ex.: A mulher que é compreensiva, mas que é
cautelosa, não faz tudo sozinha.
Podem ser adjetivas ou adverbiais. Oração subordinada adjetiva 1: que é compreensiva
Oração subordinada adjetiva 2: mas que é
� Adjetiva: Ex.: A notícia divulgada pela mídia era falsa. cautelosa
Nosso planeta, ameaçado constantemente por � Orações subordinadas adverbiais coordenadas
nós mesmos, ainda resiste. entre si
� Adverbiais: Ex.: Aceitas as condições, não have- Ex.: Não só quando estou presente, mas também
ria problemas. (condicional) quando não estou, sou discriminado.
Dada a notícia da herança, as brigas começaram. Oração subordinada adverbial 1: quando estou
(causal/temporal) presente
Comprada a casa, a família se mudou logo. Oração subordinada adverbial 2: quando não
(temporal) estou
� Orações coordenadas ou subordinadas no mes-
O particípio concorda em gênero e número com os mo período
termos referentes. Ex.: Presume-se que as penitenciárias cumpram
Essas orações reduzidas adverbiais são bem fre- seu papel, no entanto a realidade não é assim.
quentes em provas de concurso. Oração principal: Presume-se
Oração subordinada subjetiva da principal: as
Estudo complementar do período composto penitenciárias cumpram seu papel
Oração coordenada sindética adversativa da ante-
Períodos Mistos rior: no entanto a realidade não é assim.

São períodos que apresentam estruturas oracio- SINAIS DE PONTUAÇÃO


nais de coordenação e subordinação.
Assim, às vezes aparecem orações coordenadas Outro tópico que gera dúvidas é a pontuação. Vere-
dentro de um conjunto de orações que são subordina- mos a seguir as regras sobre seus usos.
das a uma oração principal.
Uso de Vírgula

1ª oração 2ª oração 3ª oração A vírgula é um sinal de pontuação que exerce três


funções básicas: marcar as pausas e as inflexões da
O homem entrou na sala e pediu que todos calassem. voz na leitura; enfatizar e/ou separar expressões e
orações; e esclarecer o significado da frase, afastando
verbo verbo verbo qualquer ambiguidade.
Quando se trata de separar termos de uma mesma
1ª oração: oração coordenada assindética. oração, deve-se usar a vírgula nos seguintes casos:
2ª oração: oração coordenada sindética aditiva em
relação à 1ª oração e principal em relação à 3ª oração. � Para separar os termos de mesma função
3ª oração: coordenada substantiva objetiva direta Ex.: Comprei livro, caderno, lápis, caneta.
em relação à 2ª oração.
z Usa-se a vírgula para separar os elementos de
Resumindo: período composto por coordenação e enumeração.
subordinação. Ex.: Pontes, edifícios, caminhões, árvores... tudo foi
As orações subordinadas são coordenadas entre si, arrastado pelo tsunami.
ligadas ou não por conjunção.
� Para indicar a elipse (omissão de uma palavra que
Orações subordinadas substantivas coordenadas já apareceu na frase) do verbo
entre si Ex.: Comprei melancia na feira; ele, abacate.
Ela prefere filmes de ficção científica; o namorado,
Ex.: Espero que você não me culpe, que não culpe filmes de terror.
meus pais, nem que culpe meus parentes. � Para separar palavras ou locuções explicativas,
Oração principal: Espero retificativas
Oração coordenada 1: que você não me culpe Ex.: Ela completou quinze primaveras, ou seja, 15
362 Oração coordenada 2: que não culpe meus pais anos.
� Para separar datas e nomes de lugar Dois-pontos
Ex.: Belo Horizonte, 15 de abril de 1985.
� Para separar as conjunções coordenativas, exceto Marcam uma supressão de voz em frase que ainda
e, nem, ou. não foi concluída.
Ex.: Treinou muito, portanto se saiu bem. Servem para:

A vírgula também é facultativa quando a expres- � Introduzir uma citação (discurso direto):
são de tempo, modo e lugar não for uma expressão, Ex.: Assim disse Voltaire: “Devemos julgar um
mas uma palavra só. Exemplos: homem mais pelas suas perguntas que pelas suas
Antes vamos conversar. / Antes, vamos conversar. respostas”.
Geralmente almoço em casa. / Geralmente, almoço
em casa. � Introduzir um aposto explicativo, enumerativo,
Ontem choveu o esperado para o mês todo. / distributivo ou uma oração subordinada substan-
Ontem, choveu o esperado para o mês todo. tiva apositiva
Ela acordou muito cedo. Por isso ficou com sono Ex.: Em nosso meio, há bons profissionais: profes-
durante a aula. / Ela acordou muito cedo. Por isso, sores, jornalistas, médicos.
ficou com sono durante a aula. � Introduzir uma explicação ou enumeração após
Irei à praia amanhã se não chover. / Irei à praia
as expressões como, por exemplo, isto é, ou seja, a
amanhã, se não chover.
saber, como.
Não se Usa Vírgula nas Seguintes Situações Ex.: Adquirimos vários saberes, como: Linguagens,
Filosofia, Ciências...
� Entre o sujeito e o verbo z Marcar uma pausa entre orações coordenadas
Ex.: Todos os alunos daquele professor, entende- (relação semântica de oposição, explicação/causa
ram a explicação. (errado) ou consequência)
Muitas coisas que quebraram meu coração, con- Ex.: Já leu muitos livros: pode-se dizer que é um
sertaram minha visão. (errado) homem culto.
� Entre o verbo e seu complemento, ou mesmo pre- Precisamos ousar na vida: devemos fazê-lo com
dicativo do sujeito: cautela.
Ex.: Os alunos ficaram, satisfeitos com a explica-
� Marcar invocação em correspondências
ção. (errado)
Ex.: Prezados senhores:
Os alunos precisam de, que os professores os aju-
dem. (errado) Comunico, por meio deste, que...
Os alunos entenderam, toda aquela explicação.
(errado) Travessão

� Entre um substantivo e seu complemento nominal � Usado em discursos diretos, indica a mudança de
ou adjunto adnominal. discurso de interlocutor: Ex.:
Ex.: A manutenção, daquele professor foi exigida
– Bom dia, Maria!
pelos alunos. (errado)
– Bom dia, Pedro!
� Entre locução verbal de voz passiva e agente da
passiva: � Serve também para colocar em relevo certas
Ex.: Todos os alunos foram convidados, por aquele expressões, orações ou termos. Pode ser subs-
professor para a feira. (errado) tituído por vírgula, dois-pontos, parênteses ou
� Entre o objeto e o predicativo do objeto: colchetes:
Ex.: Considero suas aulas, interessantes. (errado) Ex.: Os professores ― amigos meus do curso cario-
Considero interessantes, as suas aulas. (errado) ca ― vão fazer videoaulas. (aposto explicativo)
Meninos ― pediu ela ―, vão lavar as mãos, que
Uso de Ponto e Vírgula vamos jantar. (oração intercalada)

É empregado nos seguintes casos o sinal de ponto Como disse o poeta: “Só não se inventou a máqui-
e vírgula (;): na de fazer versos ― já havia o poeta parnasiano”.

� Nos contrastes, nas oposições, nas ressalvas Parênteses


Ex.: Ela, quando viu, ficou feliz; ele, quando a viu,
ficou triste. Têm função semelhante à dos travessões e das
� No lugar das conjunções coordenativas deslocadas vírgulas no sentido que colocam em relevo certos ter-
LÍNGUA PORTUGUESA

Ex.: O maratonista correu bastante; ficou, portan- mos, expressões ou orações.


to, exausto. Ex.: Os professores (amigos meus do curso carioca)
vão fazer videoaulas. (aposto explicativo)
� No lugar do e seguido de elipse do verbo (= zeugma) Meninos (pediu ela), vão lavar as mãos, que vamos
Ex.: Na linguagem escrita é o leitor; na fala, o
jantar. (oração intercalada)
ouvinte.
Prefiro brigadeiros; minha mãe, pudim; meu pai,
sorvete. Ponto-final

� Em enumerações, portarias, sequências É o sinal que denota maior pausa.


Ex.: São órgãos do Ministério Público Federal: Usa-se:
o Procurador-Geral da República;
o Colégio de Procuradores da República;
o Conselho Superior do Ministério Público Federal. 363
� Para indicar o fim de oração absoluta ou de � Para indicar hesitação:
período. Ex.: ― Eu não a beijava porque... porque... tinha
Ex.: “Itabira é apenas uma fotografia na parede.” vergonha.
Carlos Drummond de Andrade
� Para realçar uma palavra ou expressão, normal-
� Nas abreviaturas mente com outras intenções:
Ex.: apart. ou apto. = apartamento Ex.: ― Ela é linda...! Você nem sabe como...!
sec. = secretário
a.C. = antes de Cristo Uso das Aspas

Dica São usadas em citações ou em algum termo que


precisa ser destacado no texto. Pode ser substituído
Símbolos do sistema métrico decimal e elemen- por itálico ou negrito, que têm a mesma função de
tos químicos não vêm com ponto final: destaque.
Exemplos: km, m, cm, He, K, C Usam-se nos seguintes casos:

Ponto de Interrogação � Antes e depois de citações:


Ex.: “A vírgula é um calo no pé de todo mundo”,
Marca uma entonação ascendente (elevação da afirma Dad Squarisi, 64.
voz) em tom questionador.
� Para marcar estrangeirismos, neologismos, arcaís-
Usa-se:
mos, gírias e expressões populares ou vulgares,
conotativas:
� Em frase interrogativa direta: Ex.: O home, “ledo” de paixão, não teve a fortuna
Ex.: O que você faria se só lhe restasse um dia? que desejava.
� Entre parênteses para indicar incerteza: Não gosto de “pavonismos”.
Ex.: Eu disse a palavra peremptório (?), mas acho Dê um “up” no seu visual.
que havia palavra melhor no contexto. � Para realçar uma palavra ou expressão imprópria,
� Junto com o ponto de exclamação, para denotar às vezes com ironia ou malícia
surpresa: Ex.: Veja como ele é “educado”: cuspiu no chão.
Ex.: Não conseguiu chegar ao local de prova?! (ou !?) Ele reagiu impulsivamente e lhe deu um “não”
sonoro.
� E interrogações retóricas:
Ex.: Jogaremos comida fora à toa? (Ou seja: “Claro � Para citar nomes de mídias, livros etc.
que não jogaremos comida fora à toa”). Ex.: Ouvi a notícia do “Jornal Nacional”.

Ponto de Exclamação Colchetes

� É empregado para marcar o fim de uma frase com Representam uma variante dos parênteses, porém
entonação exclamativa: tem uso mais restrito.
Ex.: Que linda mulher! Usam-se nos seguintes casos:
Coitada dessa criança!
� Para incluir num texto uma observação de nature-
� Aparece após uma interjeição: za elucidativa:
Ex.: Nossa! Isso é fantástico. Ex.: É de Stanislaw Ponte Preta [pseudônimo de
Sérgio Porto] a obra “Rosamundo e os outros”.
� Usado para substituir vírgulas em vocativos enfáticos:
Ex.: “Fernando José! onde estava até esta hora?” � Para isolar o termo latino sic (que significa “assim”),
a fim de indicar que, por mais estranho ou errado
� É repetido duas ou mais vezes quando se quer que pareça, o texto original é assim mesmo:
marcar uma ênfase: Ex.: “Era peior [sic] do que fazer-me esbirro aluga-
Ex.: Inacreditável!!! Atravessou a piscina de 50 do.” (Machado de Assis)
metros em 20 segundos!!!
� Para indicar os sons da fala, quando se estuda
Reticências Fonologia:
Ex.: mel: [mɛw]; nem: [bẽy]
São usadas para: � Para suprimir parte de um texto (assim como
parênteses)
� Assinalar interrupção do pensamento: Ex.: Na hora em que entrou no quarto [...] e depois
Ex.: ― Estou ciente de que... desceu as escadas apressadamente. ou
― Pode dizer... Na hora em que entrou no quarto (...) e depois des-
ceu as escadas apressadamente. (caso não preferí-
� Indicar partes suprimidas de um texto:
vel segundo as normas da ABNT)
Ex.: Na hora em que entrou no quarto ... e depois
desceu as escadas apressadamente. (Também pode
Asterisco
ser usado: Na hora em que entrou no quarto [...] e
depois desceu as escadas apressadamente.)
� É colocado à direita e no canto superior de uma
� Para sugerir prolongamento da fala: palavra do trecho para se fazer uma citação ou
Ex.: ―O que vocês vão fazer nas férias? comentário qualquer sobre o termo em uma nota
364 ― Ah, muitas coisas: dormir, nadar, pedalar... de rodapé:
Ex.: A palavra tristeza é formada pelo adjetivo Embora não existam regras muito definidas sobre
triste acrescido do sufixo -eza*. a existência de espaços antes e depois da barra oblí-
*-eza é um sufixo nominal justaposto a um adjeti- qua, privilegia-se o seu uso sem espaços: plural/singu-
vo, o que origina um novo substantivo. lar, masculino/feminino, sinônimo/antônimo.
� Quando repetido três vezes, indica uma omissão
SINTAXE DE CONCORDÂNCIA
ou lacuna em um texto, principalmente em substi-
tuição a um substantivo próprio:
Na elaboração da frase, as palavras relacionam-se
Ex.: O menor *** foi apreendido e depois encami-
umas com as outras. Ao se relacionarem, elas obede-
nhado aos responsáveis. cem a alguns princípios: um deles é a concordância.
� Quando colocado antes e no alto da palavra, repre- Observe o exemplo:
senta o vocábulo como uma forma hipotética, isto
é, cuja existência é provável, mas não comprovada: A pequena garota andava sozinha pela cidade.
Ex.: Parecer, do latim *parescere. A: Artigo, feminino, singular;
Pequena: Adjetivo, feminino, singular;
� Antes de uma frase para indicar que ela é agrama- Garota: Substantivo, feminino, singular.
tical, ou seja, uma frase que não respeita as regras
da gramática. Tanto o artigo quanto o adjetivo (ambos adjuntos
* Edifício elaborou projeto o engenheiro. adnominais) concordam com o gênero (feminino) e o
número (singular) do substantivo.
Uso da Barra Na língua portuguesa, há dois tipos de concordân-
cia: verbal e nominal.
A barra oblíqua [ / ] é um sinal gráfico usado:
Concordância Verbal
� Para indicar disjunção e exclusão, podendo ser
substituída pela conjunção “ou”: É a adaptação em número – singular ou plural –
Ex.: Poderemos optar por: carne/peixe/dieta. e pessoa que ocorre entre o verbo e seu respectivo
Poderemos optar por: carne, peixe ou dieta. sujeito.
� Para indicar inclusão, quando utilizada na separa- “De todos os povos mais plurais culturalmente, o
ção das conjunções e/ou. Brasil, mesmo diante de opiniões contrárias, as quais
insistem em desmentir que nosso país é cheio de ‘bra-
Ex.: Os alunos poderão apresentar trabalhos orais
sis’ – digamos assim –, ganha disparando dos outros,
e/ou escritos.
pois houve influências de todos os povos aqui: euro-
� Para indicar itens que possuem algum tipo de rela- peus, asiáticos e africanos.”
ção entre si. Esse período, apesar de extenso, constitui-se de um
Ex.: A palavra será classificada quanto ao número sujeito simples “o Brasil”, portanto o verbo correspon-
(plural/singular). dente a esse sujeito, “ganha”, necessita ficar no singular.
O carro atingiu os 220 km/h. Destrinchando o período, temos que os termos
essenciais da oração (sujeito e predicado) são apenas
� Para separar os versos de poesias, quando escritos “[...] o Brasil [...]” – sujeito – e “[...] ganha [...]” – predi-
seguidamente na mesma linha. São utilizadas duas cado verbal.
barras para indicar a separação das estrofes. Veja um caso de uso de verbo bitransitivo:
Ex.: “[…] De tanto olhar para longe,/não vejo o que Ex.: Prefiro natação a futebol.
passa perto,/meu peito é puro deserto./Subo mon- Verbo bitransitivo: Prefiro
te, desço monte.//Eu ando sozinha/ao longo da noi- Objeto direto: natação
te./Mas a estrela é minha.” Cecília Meireles Objeto indireto: a futebol
� Na escrita abreviada, para indicar que a palavra Popularmente, usa-se “do que” no lugar de “a”,
não foi escrita na sua totalidade: o que tornaria a oração da seguinte forma: “Prefiro
Ex.: a/c = aos cuidados de; natação do que futebol”. Porém, segundo a norma-pa-
s/ = sem drão, a forma correta é como consta no exemplo.

� Para separar o numerador do denominador nos Concordância Verbal com o Sujeito Simples
números fracionários, substituindo a barra da
fração: Em regra geral, o verbo concorda com o núcleo do
Ex.: 1/3 = um terço sujeito.
LÍNGUA PORTUGUESA

� Nas datas: Ex.: Os jogadores de futebol ganham um salário


Ex.: 31/03/1983 exorbitante.

� Nos números de telefone: Diferentes situações:


Ex.: 225 03 50/51/52
� Nos endereços: z Quando o núcleo do sujeito for uma palavra de
Ex.: Rua do Limoeiro, 165/232 sentido coletivo, o verbo fica no singular. Ex.: A
multidão gritou entusiasmada.
� Na indicação de dois anos consecutivos:
z Quando o sujeito é o pronome relativo que, o ver-
Ex.: O evento de 2012/2013 foi um sucesso.
bo posterior ao pronome relativo concorda com o
� Para indicar fonemas, ou seja, os sons da língua: antecedente do relativo. Ex.: Quais os limites do
Ex.: /s/ Brasil que se situam mais próximos do Meridiano? 365
z Quando o sujeito é o pronome indefinido quem, o Soaram dez badaladas no relógio da sala. (Dez
verbo fica na 3ª pessoa do singular. Ex.: Fomos nós badaladas soaram)
quem resolveu a questão. Soou dez badaladas o relógio da escola. (O relógio
da escola soou dez badaladas)
Por questão de ênfase, o verbo pode também con-
cordar com o pronome reto antecedente. Ex.: Fomos z Quando o sujeito está em voz passiva sintética, o
nós quem resolvemos a questão. verbo concorda com o sujeito paciente. Ex.: Ven-
dem-se casas de veraneio aqui.
z Quando o sujeito é um pronome interrogativo, Nunca se viu, em parte alguma, pessoa tão
demonstrativo ou indefinido no plural + de nós / interessada.
de vós, o verbo pode concordar com o pronome no z Quando o sujeito é um pronome de tratamento, o
plural ou com nós / vós. Ex.: Alguns de nós resol- verbo fica sempre na 3ª pessoa. Ex.: Por que Vossa
viam essa questão. / Alguns de nós resolvíamos Majestade está preocupada?
essa questão. Suas Excelências precisam de algo?
z Quando o sujeito é formado por palavras plurali- z Sujeito do verbo viver em orações optativas ou
zadas, normalmente topônimos (Amazonas, férias, exclamativas. Ex.: Vivam os campeões!
Minas Gerais, Estados Unidos, óculos etc.), se hou-
ver artigo definido antes de uma palavra plura-
Concordância Verbal com o Sujeito Composto
lizada, o verbo fica no plural. Caso não haja esse
artigo, o verbo fica no singular. Ex.: Os Estados
Unidos continuam uma potência. � Núcleos do sujeito constituídos de pessoas grama-
Estados Unidos continua uma potência. ticais diferentes
Santos fica em São Paulo. (Corresponde a: “A cida- Ex.: Eu e ele nos tornamos bons amigos.
de de Santos fica em São Paulo.”) � Núcleos do sujeito ligados pela preposição com
Ex.: O ministro, com seus assessores, chegou/che-
garam ontem.
Importante!
� Núcleos do sujeito acompanhados da palavra cada
Quando se aplica a nomes de obras artísticas, o ou nenhum
verbo fica no singular ou no plural. Ex.: Cada jogador, cada time, cada um deve man-
Os Lusíadas imortalizou / imortalizaram Camões. ter o espírito esportivo.
� Núcleos do sujeito sendo sinônimos e estando no
z Quando o sujeito é formado pelas expressões mais singular
de um, cerca de, perto de, menos de, coisa de, Ex.: A angústia e a ansiedade não o ajudava/aju-
obra de etc., o verbo concorda com o numeral. Ex.: davam. (preferencialmente no singular)
Mais de um aluno compareceu à aula. � Gradação entre os núcleos do sujeito
Mais de cinco alunos compareceram à aula. Ex.: Seu cheiro, seu toque bastou/bastaram para
me acalmar. (preferencialmente no singular)
A expressão mais de um tem particularidades:
� Núcleos do sujeito no infinitivo
se a frase indica reciprocidade (pronome reflexivo
Ex.: Andar e nadar faz bem à saúde.
recíproco se), se houver coletivo especificado ou se
a expressão vier repetida, o verbo fica no plural. Ex.: � Núcleos do sujeito resumidos por um aposto resu-
Mais de um irmão se abraçaram. mitivo (nada, tudo, ninguém)
Ex.: Os pedidos, as súplicas, nada disso o comoveu.
Mais de um grupo de crianças veio/vieram à festa.
� Sujeito constituído pelas expressões um e outro,
Mais de um aluno, mais de um professor esta-
nem um nem outro
vam presentes.
Ex.: Um e outro já veio/vieram aqui.
z Quando o sujeito é formado por um número per- � Núcleos do sujeito ligados por nem... nem
centual ou fracionário, o verbo concorda com o Ex.: Nem a televisão nem a internet desviarão meu
numerado ou com o número inteiro, mas pode foco nos estudos.
concordar com o especificador dele. Se o numeral � Entre os núcleos do sujeito, aparecem as palavras
vier precedido de um determinante, o verbo con- como, menos, inclusive, exceto ou as expressões
cordará apenas com o numeral. Ex.: Apenas 1/3 bem como, assim como, tanto quanto
das pessoas do mundo sabe o que é viver bem. Ex.: O Vasco ou o Corinthians ganhará o jogo na
final.
Apenas 1/3 das pessoas do mundo sabem o que é
viver bem. z Núcleos do sujeito ligados pelas séries correlativas
Apenas 30% do povo sabe o que é viver bem. aditivas enfáticas (tanto... quanto / como / assim
Apenas 30% do povo sabem o que é viver bem. como; não só... mas também etc.)
Os 30% da população não sabem o que é viver mal. Ex.: Tanto ela quanto ele mantém/mantêm sua
popularidade em alta.
z Os verbos bater, dar e soar concordam com o z Quando dois ou mais adjuntos modificam um úni-
número de horas ou vezes, exceto se o sujeito for a co núcleo, o verbo fica no singular concordando
palavra relógio. Ex.: Deram duas horas, e ela não com o núcleo único. Mas, se houver determinante
chegou. (Duas horas deram...) após a conjunção, o verbo fica no plural, pois aí o
366 Bateu o sino duas vezes. (O sino bateu) sujeito passa a ser composto.
Ex.: O preço dos alimentos e dos combustíveis z Exemplos com verbos no infinitivo impessoal:
aumentou. Ou: O preço dos alimentos e o dos com- Devo continuar trabalhando nesse projeto. (locu-
bustíveis aumentaram. ção verbal)
Deixei-os brincar aqui. (pronome oblíquo átono
Concordância Verbal do Verbo Ser sendo sujeito do infinitivo)

� Concorda com o sujeito Quando o sujeito do infinitivo for um substantivo


Ex.: Nós somos unha e carne. no plural, usa-se tanto o infinitivo pessoal quanto o
impessoal. “Mandei os garotos sair/saírem”.
� Concorda com o sujeito (pessoa)
Ex.: Os meninos foram ao supermercado.
Navegar é preciso, viver não é preciso. (infinitivo
� Em predicados nominais, quando o sujeito for com valor genérico)
representado por um dos pronomes tudo, nada, São casos difíceis de solucionar. (infinitivo prece-
isto, isso, aquilo ou “coisas”, o verbo ser concor- dido de preposição de ou para)
dará com o predicativo (preferencialmente) ou Soldados, recuar! (infinitivo com valor de imperativo)
com o sujeito � Concordância do verbo parecer
Ex.: No início, tudo é/são flores. Flexiona-se ou não o infinitivo.
� Concorda com o predicativo quando o sujeito for Pareceu-me estarem os candidatos confiantes. (o
que ou quem equivalente a “Pareceu-me que os candidatos esta-
Ex.: Quem foram os classificados? vam confiantes”, portanto o infinitivo é flexionado
de acordo com o sujeito, no plural)
� Em indicações de horas, datas, tempo, distância Eles parecem estudar bastante. (locução verbal,
(predicativo), o verbo concorda com o predicativo logo o infinitivo será impessoal)
Ex.: São nove horas.
É frio aqui. � Concordância dos verbos impessoais
Seria meio-dia e meia ou seriam doze horas? São os casos de oração sem sujeito. O verbo fica
sempre na 3ª pessoa do singular.
� O verbo fica no singular quando precede termos Ex.: Havia sérios problemas na cidade.
como muito, pouco, nada, tudo, bastante, mais, Fazia quinze anos que ele havia se formado.
menos etc. junto a especificações de preço, peso, Deve haver sérios problemas na cidade. (verbo
quantidade, distância, e também quando seguido auxiliar fica no singular)
do pronome o Trata-se de problemas psicológicos.
Ex.: Cem metros é muito para uma criança. Geou muitas horas no sul.
Divertimentos é o que não lhe falta.
Dez reais é nada diante do que foi gasto. � Concordância com sujeito oracional
Quando o sujeito é uma oração subordinada, o
� Na expressão expletiva “é que”, se o sujeito da ora- verbo da oração principal fica na 3ª pessoa do
ção não aparecer entre o verbo ser e o que, o ser singular.
ficará invariável. Se o ser vier separado do que, o Ex.: Ainda vale a pena investir nos estudos.
verbo concordará com o termo não preposiciona- Sabe-se que dois alunos nossos foram aprovados.
do entre eles. Ficou combinado que sairíamos à tarde.
Ex.: Eles é que sempre chegam cedo. Urge que você estude.
São eles que sempre chegam cedo. Era preciso encontrar a verdade
É nessas horas que a gente precisa de ajuda. (cons-
trução adequada) Casos mais frequentes em provas
São nessas horas que a gente precisa de ajuda.
(construção inadequada) Veja agora uma lista com os casos mais abordados
em concursos:
Casos Especiais de Concordância Verbal
� Sujeito posposto distanciado
Concordância do Infinitivo Ex.: Viviam o meio de uma grande floresta tropical
brasileira seres estranhos.
z Exemplos com verbos no infinitivo pessoal:
Nós lutaremos até vós serdes bem tratados. (sujei- � Verbos impessoais (haver e fazer)
to esclarecido) Ex.: Faz dois meses que não pratico esporte.
Está na hora de começarmos o trabalho. (sujeito Havia problemas no setor.
implícito “nós”) Obs.: Existiam problemas no setor. (verbo existir
Falei sobre o desejo de aprontarmos logo o site. vai ter sujeito “problemas”, e vai ser variável)
LÍNGUA PORTUGUESA

(dois pronomes implícitos: eu, nós) � Verbo na voz passiva sintética


Até me encontrarem, vocês terão de procurar Ex.: Criaram-se muitas expectativas para a luta.
muito. (preposição no início da oração)
Para nós nos precavermos, precisaremos de luz. � Verbo concordando com o antecedente correto
(verbos pronominais) do pronome relativo ao qual se liga
Visto serem dez horas, deixei o local. (verbo ser Ex.: Contratei duas pessoas para a empresa, que
indicando tempo) tinham experiência.
Estudo para me considerarem capaz de aprova- � Sujeito coletivo com especificador plural
ção. (pretensão de indeterminar o sujeito) Ex.: A multidão de torcedores vibrou/vibraram.
Para vocês terem adquirido esse conhecimento,
foi muito tempo de estudo. (infinitivo pessoal com- � Sujeito oracional
posto: locução verbal de verbo auxiliar + verbo no Ex.: Convém a eles alterar a voz. (verbo no
particípio) singular) 367
� Núcleo do sujeito no singular seguido de adjun- Há casos em que o adjetivo concordará apenas
to ou complemento no plural com o nome mais próximo, quando a qualidade per-
Ex.: Conversa breve nos corredores pode gerar tencer somente a este.
atrito. (verbo no singular) Ex.: Saudaram todo o povo e a gente brasileira.
Foi um olhar, uma piscadela, um gesto estranho
Casos Facultativos
Quando o adjetivo funcionar como adjunto adno-
z A multidão de pessoas invadiu/invadiram o minal e estiver antes dos substantivos, poderá con-
estádio. cordar apenas com o elemento mais próximo. Ex.:
Existem complicadas regras e conceitos.
z Aquele comediante foi um dos que mais me fez/
Quando houver apenas um substantivo qualifica-
fizeram rir.
do por dois ou mais adjetivos pode-se:
z Fui eu quem faltou/faltei à aula. Colocar o substantivo no plural e enumerar o ad-
jetivo no singular. Ex.: Ele estuda as línguas inglesa,
z Quais de vós me ajudarão/ajudareis?
francesa e alemã.
z “Os Sertões” marcou/marcaram a literatura Colocar o substantivo no singular e, ao enumerar
brasileira. os adjetivos (também no singular), antepor um artigo
a cada um, menos no primeiro deles. Ex.: Ele estuda a
z Somente 1,5% das pessoas domina/dominam a
língua inglesa, a francesa e a alemã.
ciência. (1,5% corresponde ao singular)
z Chegaram/Chegou João e Maria. z Com função de predicativo do sujeito
z Um e outro / Nem um nem outro já veio/vieram
aqui. Com o verbo após o sujeito, o adjetivo concordará
com a soma dos elementos.
z Eu, assim como você, odeio/odiamos a política Ex.: A casa e o quintal estavam abandonados.
brasileira. Com o verbo antes do sujeito o predicativo do su-
z O problema do sistema é/são os impostos. jeito acompanhará a concordância do verbo, que por
sua vez concordará tanto com a soma dos elementos
z Hoje é/são 22 de agosto. quanto com o nome mais próximo.
z Devemos estudar muito para atingir/atingirmos Ex.: Estava abandonada a casa e o quintal. / Esta-
a aprovação. vam abandonados a casa e o quintal.
Como saber quando o adjetivo tem valor de adjun-
z Deixei os rapazes falar/falarem tudo. to adnominal ou predicativo do sujeito? Substitua os
substantivos por um pronome:
Silepse de Número e de Pessoa Ex.: Existem conceitos e regras complicados.
(substitui-se por “eles”)
Conhecida também como “concordância irregular, Fazendo a troca, fica “Eles existem”, e não “Eles
ideológica ou figurada”. Vejamos os casos: existem complicados”.
Como o adjetivo desapareceu com a substituição,
z Silepse de número: usa-se um termo discordando então é um adjunto adnominal.
do número da palavra referente, para concordar
com o sentido semântico que ela tem. Ex.: Flor tem z Com função de predicativo do objeto
vida muito curta, logo murcham. (ideia de plurali-
dade: todas as flores) Recomenda-se concordar com a soma dos substan-
z Silepse de pessoa: o autor da frase participa do tivos, embora alguns estudiosos admitam a concor-
processo verbal. O verbo fica na 1ª pessoa do plu- dância com o termo mais próximo.
ral. Ex.: Os brasileiros, enquanto advindos de Ex.: Considero os conceitos e as regras complicados.
diversas etnias, somos multiculturais. Tenho como irresponsáveis o chefe do setor e
seus subordinados.
Concordância Nominal
Algumas convenções
Define-se como a adaptação em gênero e número
que ocorre entre o substantivo (ou equivalente, como � Obrigado / próprio / mesmo
o adjetivo) e seus modificadores (artigos, pronomes, Ex.: A mulher disse: “Muito obrigada”.
adjetivos, numerais). A própria enfermeira virá para o debate.
O adjetivo e as palavras adjetivas concordam em Elas mesmas conversaram conosco.
gênero e número com o nome a que se referem.
Ex.: Parede alta. / Paredes altas. Dica
Muro alto. / Muros altos.
O termo mesmo no sentido de “realmente” será
Casos com adjetivos invariável.
Ex.: Os alunos resolveram mesmo a situação.
z Com função de adjunto adnominal: quando o
adjetivo funcionar como adjunto adnominal e esti- z Só / sós
ver após os substantivos, poderá concordar com Variáveis quando significarem “sozinho” / “sozinhos”.
as somas desses ou com o elemento mais próximo. Invariáveis quando significarem “apenas, somente”.
Ex.: Encontrei colégios e faculdades ótimas. / Ex.: As garotas só queriam ficar sós. (As garotas
368 Encontrei colégios e faculdades ótimos. apenas queriam ficar sozinhas.)
A locução “a sós” é invariável. SINTAXE DE REGÊNCIA
Ex.: Ela gostava de ficar a sós. / Eles gostavam de
ficar a sós. Regência é a maneira como o nome ou o verbo se
� Quite / anexo / incluso relacionam com seus complementos, com ou sem pre-
Concordam com os elementos a que se referem. posição. Quando um nome (substantivo, adjetivo ou
Ex.: Estamos quites com o banco. advérbio) exige complemento preposicionado, esse
Seguem anexas as certidões negativas. nome é um termo regente, e seu complemento é um
Inclusos, enviamos os documentos solicitados. termo regido, pois há uma relação de dependência
entre o nome e seu complemento.
� Meio O nome exige um complemento nominal sempre ini-
Quando significar “metade”: concordará com o ciado por preposição, exceto se o complemento vier em
elemento referente. forma de pronome oblíquo átono.
Ex.: Ela estava meio (um pouco) nervosa. Ex.: Os discípulos daquele mestre sempre lhe
Quando significar “um pouco”: será invariável. foram leais.
Ex.: Já era meio-dia e meia (metade da hora). Observação: Complemento de “lhe”: predicativo
� Grama do sujeito (desprovido de preposição)
Quando significar “vegetação”, é feminino; quan- Pronome oblíquo átono: lhe
do significar unidade de medida, é masculino. Foram leais: complemento de “lhe”, predicativo do
Ex.: Comprei duzentos gramas de farinha. sujeito (desprovido de preposição).
“A grama do vizinho sempre é mais verde.”
Regência Verbal
� É proibido entrada / É proibida a entrada
Se o sujeito vier determinado, a concordância do
Relação de dependência entre um verbo e seu
verbo e do predicativo do sujeito será regular, ou
complemento. As relações podem ser diretas ou indi-
seja, tanto o verbo quanto o predicativo concorda-
rão com o determinante. retas, isto é, com ou sem preposição.
Ex.: Caminhada é bom para a saúde. / Esta cami-
nhada está boa. Há verbos que admitem mais de uma regência
É proibido entrada de crianças. / É proibida a sem que o sentido seja alterado.
entrada de crianças.
Pimenta é bom? / A pimenta é boa? Ex.: Aquela moça não esquecia os favores recebidos.
V. T. D: esquecia
� Menos / pseudo Objeto direto: os favores recebidos.
São invariáveis. Aquela moça não se esquecia dos favores recebidos.
Ex.: Havia menos violência antigamente. V. T. I.: se esquecia
Aquelas garotas são pseudoatletas. / Seu argumen- Objeto indireto: dos favores recebidos.
to é pseudo-objetivo.
� Muito / bastante No entanto, na Língua Portuguesa, há verbos
Quando modificam o substantivo: concordam com que, mudando-se a regência, mudam de sentido,
ele. alterando seu significado.
Quando modificam o verbo: invariáveis.
Ex.: Muitos deles vieram. / Eles ficaram muito Ex.: Neste país aspiramos ar poluídos.
irritados. (aspiramos = sorvemos)
Bastantes alunos vieram. / Os alunos ficaram bas- V. T. D.: aspiramos
tante irritados. Objeto direto: ar poluídos.
Se ambos os termos puderem ser substituídos por Os funcionários aspiram a um mês de férias.
“vários”, ficarão no plural. Se puderem ser substi- (aspiram = almejam)
tuídos por “bem”, ficarão invariáveis. V. T. I.: aspiram
� Tal qual Objeto indireto: a um mês de férias
Tal concorda com o substantivo anterior; qual,
com o substantivo posterior. A seguir, uma lista dos principais verbos que
Ex.: O filho é tal qual o pai. / O filho é tal quais os geram dúvidas quanto à regência:
pais.
Os filhos são tais qual o pai. / Os filhos são tais � Abraçar: transitivo direto
quais os pais. Ex.: Abraçou a namorada com ternura.
Silepse (também chamada concordância O colar abraçava-lhe elegantemente o pescoço
figurada)
� Agradar: transitivo direto; transitivo indireto
LÍNGUA PORTUGUESA

É a que se opera não com o termo expresso, mas o


que está subentendido. Ex.: A menina agradava o gatinho. (transitivo dire-
Ex.: São Paulo é linda! (A cidade de São Paulo é to com sentido de “acariciar”)
linda!) A notícia agradou aos alunos. (transitivo indireto
Estaremos aberto no final de semana. (Estaremos no sentido de “ser agradável a”)
com o estabelecimento aberto no final de semana.) � Agradecer: transitivo direto; transitivo indireto;
Os brasileiros estamos esperançosos. (Nós, brasi- transitivo direto e indireto
leiros, estamos esperançosos.) Ex.: Agradeceu a joia. (transitivo direto: objeto não
� Possível personificado)
Concordará com o artigo, em gênero e número, em Agradeceu ao noivo. (transitivo indireto: objeto
frases enfáticas com o “mais”, o “menos”, o “pior”. personificado)
Ex.: Conheci crianças o mais belas possíveis. / Agradeceu a joia ao noivo. (transitivo direto e indi-
Conheci crianças as mais belas possíveis. reto: refere-se a coisas e pessoas) 369
� Ajudar: transitivo direto; transitivo indireto Ele implicou-se em negócios ilícitos. (transitivo
Ex.: Seguido de infinitivo intransitivo precedido da direto e indireto com sentido de envolver-se”)
preposição a, rege indiferentemente objeto direto
e objeto indireto. � Informar: transitivo direto e indireto
Ajudou o filho a fazer as atividades. (transitivo direto) Ex.: Referente à pessoa: objeto direto; referente à
Ajudou ao filho a fazer as atividades. (transitivo coisa: objeto indireto, com as preposições de ou
indireto) sobre
Se o infinitivo preposicionado for intransitivo, Informaram o réu de sua condenação.
rege apenas objeto direto: Informaram o réu sobre sua condenação.
Ajudaram o ladrão a fugir. Referente à pessoa: objeto direto; referente à coi-
Não seguido de infinitivo, geralmente rege objeto sa: objeto indireto, com a preposição a
direto: Informaram a condenação ao réu.
Ajudei-o muito à noite.
� Interessar-se: verbo pronominal transitivo indi-
� Ansiar: transitivo direto; transitivo indireto reto, com as preposições em e por
Ex.: A falta de espaço ansiava o prisioneiro. (tran- Ex.: Ela interessou-se por minha companhia.
sitivo direto com sentido de “angustiar”)
Ansiamos por sua volta. (transitivo indireto com � Namorar: intransitivo; transitivo indireto; transi-
sentido de “desejar muito” – não admite “lhe” tivo direto e indireto
como complemento) Ex.: Eles começaram a namorar faz tempo. (intran-
sitivo com sentido de “cortejar”)
� Aspirar: transitivo direto; transitivo indireto Ele vivia namorando a vitrine de doces. (transitivo
Ex.: Aspiramos o ar puro das montanhas. (transiti-
indireto com sentido de “desejar muito”)
vo direto com sentido de “respirar”)
“Namorou-se dela extremamente.” (A. Gar-
Sempre aspiraremos a dias melhores. (transitivo
indireto no sentido de “desejar”) ret) (transitivo direto e indireto com sentido de
“encantar-se”)
� Assistir: transitivo direto; transitivo indireto
Ex.: - Transitivo direto ou indireto no sentido de � Obedecer/desobedecer: transitivos indiretos
“prestar assistência” Ex.: Obedeçam à sinalização de trânsito.
O médico assistia os acidentados. Não desobedeçam à sinalização de trânsito.
O médico assistia aos acidentados.
� Pagar: transitivo direto; transitivo indireto; transi-
- Transitivo direto no sentido de “ver, presenciar”
Não assisti ao final da série. tivo direto e indireto
Ex.: Você já pagou a conta de luz? (transitivo direto)
O verbo assistir não pode ser empregado no particípio. Você pagou ao dono do armazém? (transitivo indireto)
É incorreta a forma “O jogo foi assistido por milha- Vou pagar o aluguel ao dono da pensão. (transitivo
res de pessoas.” direto e indireto)
� Perdoar: transitivo direto; transitivo indireto;
� Casar: intransitivo; transitivo indireto; transitivo transitivo direto e indireto
direto
Ex.: Perdoarei as suas ofensas. (transitivo direto)
Ex.: Eles casaram na Itália há anos. (intransitivo)
A jovem não queria casar com ninguém. (transiti- A mãe perdoou à filha. (transitivo indireto)
vo indireto) Ela perdoou os erros ao filho. (transitivo direto e
O pai casou a filha com o vizinho. (transitivo dire- indireto)
to e indireto) � Suceder: intransitivo; transitivo direto
� Chamar: transitivo direto; transitivo seguido de Ex.: O caso sucedeu rapidamente. (intransitivo no
predicativo do objeto sentido de “ocorrer”)
Ex.: Chamou o filho para o almoço. (transitivo dire- A noite sucede ao dia. (transitivo direto no sentido
to com sentido de “convocar”) de “vir depois”)
Chamei-lhe inteligente. (transitivo seguido de pre-
dicativo do objeto com sentido de “denominar, Regência Nominal
qualificar”)
� Custar: transitivo indireto; transitivo direto e indi- Alguns nomes (substantivos, adjetivos e advér-
reto; intransitivo bios) exigem complementos preposicionados, exceto
Ex.: Custa-lhe crer na sua honestidade. (transitivo quando vêm em forma de pronome oblíquo átono.
indireto com sentido de “ser difícil”)
A imprudência custou lágrimas ao rapaz. (transiti- Advérbios Terminados em “mente”
vo direto e indireto: sentido de “acarretar”)
Este vinho custou trinta reais. (intransitivo) Os advérbios derivados de adjetivos seguem a
� Esquecer: admite três possibilidades regência dos adjetivos:
Ex.: Esqueci os acontecimentos.
Esqueci-me dos acontecimentos. análoga / analogicamente a
Esqueceram-me os acontecimentos. contrária / contrariamente a
� Implicar: transitivo direto; transitivo indireto; compatível / compativelmente com
transitivo direto e indireto diferente / diferentemente de
Ex.: A resolução do exercício implica nova teoria. favorável / favoravelmente a
(transitivo direto com sentido de “acarretar”) paralela / paralelamente a
Mamãe sempre implicou com meus hábitos. (transiti- próxima / proximamente a/de
370 vo indireto com sentido de “mostrar má disposição”) relativa / relativamente a
Preposições Prefixos Verbais Para facilitar, observe a lista a seguir com todas as
regras estabelecidas sobre a concordância de verbos
Alguns nomes regem preposições semelhantes a no infinitivo flexionado:
seus “prefixos”:
� Quando o sujeito da oração estiver claramente
dependente, dependência de expresso.
inclusão, inserção em Ex.: É melhor nós irmos embora.
inerente em/a
descrente de/em � Quando o verbo se referir a um agente não expres-
desiludido de/com so, identificado pela desinência verbal.
desesperançado de Ex.: Convém exercitarmos questões sobre esse
desapego de/a tema.
convívio com � Quando o sujeito for indeterminado (3ª pessoa).
convivência com Ex.: Faço isso para não me acharem inútil.
demissão, demitido de
encerrado em � Quando o verbo for pronominal ou reflexivo.
enfiado em Ex.: O Juiz obrigou os litigantes a se cumprimentarem.
imersão, imergido, imerso em � Quando o verbo, no infinitivo, vier regido por pre-
instalação, instalado em
posição e preceder a oração principal.
interessado, interesse em
Ex.: Antes de chegarmos à resposta correta, con-
intercalação, intercalado entre
sultamos o professor.
supremacia sobre
Não devemos flexionar o infinitivo nos seguintes
EMPREGO DO INFINITIVO
casos:
O infinitivo é uma das formas nominais do verbo e
z quando o verbo for impessoal;
enuncia uma ação, estado, fato ou fenômeno de modo
z quando o verbo fizer parte de uma locução verbal;
indefinido, podendo ser conjugado de duas maneiras:
pessoal ou impessoal. z quando o verbo vier, imediatamente, depois de
verbos causativos e sensitivos (Ver, ouvir, sentir
etc.).
� Infinitivo pessoal: está ligado às pessoas discursi-
vas, sendo, portando, conjugável.
Ex.: por Eu amar; EMPREGO DO VERBO “HAVER”
por Tu amares;
por ele/ ela/ você amar; Ao contrário do que se pensa, o verbo haver, pode
por nós amarmos vós amardes ; ser utilizado em todas as pessoas, isso depende do seu
por eles/ elas/ vocês amarem; significado e do contexto de uso.
O infinitivo pessoal usa-se em orações reduzidas.
Ex.: Fez tudo para eu reclamar. Verbo haver com todas as pessoas do discurso
� Infinitivo impessoal: não pode ser flexionado, é z Quando é auxiliar do verbo pessoal, junto do parti-
o nome do verbo, servindo apenas para indicar a
cípio, ou do infinitivo antecedido da preposição de;
conjugação.
z Quando é verbo principal, significando “conse-
Ex.: Amar (1ª conjugação);
guir”, “obter”, “alcançar”, “adquirir”;
Comer/ pôr (2 ª conjugação);
z Quando é verbo principal, significando “portar-
Pedir (3ª conjugação).
-se”, “proceder”, “comportar-se”, “conduzir-se”;
z Quando é verbo principal, também com a forma
O infinito impessoal deve ser usado em locuções
reflexa, no sentido de “entender-se”, “avir-se”,
verbais, tendo em vista que, nesses casos, o verbo
“ajustar contas”:
principal deve ficar no infinitivo.
z Quando é verbo principal, acompanhado de infini-
Ex.: Eles podem falar toda a verdade.
Em orações reduzidas, introduzidas por uma pre- tivo sem preposição, com o sentido equivalente a
posição, se o sujeito estiver oculto (sendo o mesmo da “ser possível”.
oração principal), a flexão do infinitivo é facultativa.
Ex.: Eles vieram para estudar “ou para estudarem”. Casos especiais
Os verbos causativos (mandar, deixar, fazer, ver,
z Haver por bem = “dignar-se”, “resolver”, “assen-
LÍNGUA PORTUGUESA

ouvir) não formam locuções verbais na posição de ver-


bo auxiliar. Nesses casos, pode acontecer o seguinte: tar”, “julgar oportuno ou conveniente”;
z Haver mister = “precisar”, “necessitar”;
� O infinitivo se flexiona se o sujeito estiver expres- z Bem haja = “seja feliz”, “seja abençoado”;
so antes do verbo. z Haja vista = “veja”.
Ex.: Eu mandei os alunos estudarem.
Verbo haver impessoal
� A flexão do verbo se torna facultativa se o sujeito
estiver depois do infinitivo.
O verbo haver é impessoal, ou seja, sem sujeito,
Ex.: Eu mandei estudar ou estudarem os alunos.
quando significa “existir”, “ocorrer”, “acontecer”,
� A flexão verbal se torna proibida se o sujeito for “realizar”, ou quando indica tempo decorrido. Nestes
um pronome pessoal oblíquo átono. casos, em qualquer tempo, ele é conjugado somente
Ex.: Eu mandei-os estudar. na 3ª pessoa do singular. 371
z Enunciador: É que fala e, assim, desempenha um
TEORIA DA LINGUAGEM papel na sociedade;
z Interlocutor(es): Para quem se fala; é importante
HISTÓRIA DA LÍNGUA PORTUGUESA saber o grau de intimidade que se tem com quem
está falando;
A complexidade do fenômeno linguístico desa- z Discurso: O que é dito (o enunciado). Tem marca-
fia a compreensão do homem em diferentes locais e ções ideológicas;
épocas. Vamos traçar, brevemente, a história da cons- z Situação imediata: O que se apresenta quando a
trução desse saber metalinguístico, enfatizando o sig- fala é enunciada; pode ser material (lugar, fato) ou
nificado, que é o objeto dos estudos semânticos. imaterial (tempo, espaço);
z Contexto mais amplo: Reúne configurações sociais,
ideológicas e históricas que permeiam a fala.
Principais aspectos dos estudos sobre a história da
língua portuguesa
Observando esses cinco aspectos, pode-se perce-
ber que a linguagem transcende o que é dito – para ela,
z Século: IV a.C.
também importam fatores como a intimidade entre os
z Fatos: O gramático hindu Panini se propõe a des-
sujeitos, a situação na qual estão inseridos e o contexto
crever minunciosamente o ramo da língua Sâns-
sócio-histórico no qual o enunciado é elaborado. Importa,
crito, braço de inúmeras línguas; entre elas, estava
ainda, o conhecimento que o indivíduo tem do mundo a
o latim, que, mais tarde, originou o português.
sua volta e suas relações com sua própria língua e cultura.
z Século: IV/V a.C. Pré-românico
Assim, pode-se dizer que o sentido do enunciado
z Fatos: As preocupações dos gregos com a arbitra-
não está pronto no ato da fala (ou escrita), mas que
riedade da linguagem deram origem a um dos pri-
deve ser construído entre os sujeitos nela envolvidos.
meiros tratados sobre linguagem que orientaram
Para finalizar, podemos afirmar que a língua é a
os estudos linguísticos por muito tempo. Os prin-
parte operacional da linguagem, por meio da qual
cipais filósofos que contribuíram para isso foram
esta se realiza.
Crátilo e Platão.
Já o discurso envolve elementos enunciativos que
englobam agentes localizados no tempo, no local e na
Nesse período, que antecedeu as conquistas roma- língua durante o ato de fala. Por fim, o estilo traz a
nas, o latim já era uma língua que ganhava espaço marca pessoal do indivíduo que fala.
entre os povos conquistados. Assim, surgiu o latim
vulgar, língua que deu origem a todas as demais lín-
guas latinas, incluindo o português. Ressaltamos que RESUMINDO
o latim culto, língua ainda falada no Vaticano, não era
a variante usada pelo povo; por isso, as mudanças que Processo de interação entre participantes
Linguagem
ocasionaram novos idiomas derivam do latim vulgar. da enunciação.

z Século: Românico Língua Sistema pelo qual a linguagem opera.


z Fatos: fortalecendo o latim vulgar e levando ao
surgimento de outras línguas, como o galego. Além
desse, idiomas estabelecidos hoje, como o Espa- Marcas deixadas pela língua em práti-
nhol, o Italiano e o Português, são remanescentes Discurso cas de determinada classe social.
desse período. Exemplo: Discurso político.
z Século: Galego-português
z Fatos: Remonta aos idos de 1170/1220. O testamen-
to de Afonso II, rei de Portugal, é um dos documen- Efeito da linguagem que pertence a uma
tos mais antigos escritos nessa língua, que marca Estilo pessoa, marcando suas idiossincrasias
um território na península Ibérica. Esse idioma na fala.
marca não apenas aspectos históricos da língua
portuguesa, mas aspectos sociais e políticos, tendo
em vista que é o atual idioma da Galiza, na Espa-
nha. Foi falado até o século XIV. NÍVEIS DE LINGUAGEM
z Século: Português arcaico
z Fatos: A mistura de povos da península Ibérica A língua não é uma, ou seja, não é indivisível; ela
realmente enriqueceu o sistema linguístico euro- pode ser considerada um conjunto de dialetos. Alguém
peu, fazendo emergir não apenas o galego, como já disse que em país algum se fala uma língua só, há
também o nosso português. A presença de árabes, várias línguas dentro da língua oficial. E no Brasil não
muçulmanos e romanos fortaleceu o surgimen- é diferente: pode-se até afirmar que cada cidadão tem
to do português, marcado nos textos literários do a sua. A essa característica da língua damos o nome de
Trovadorismo. variação linguística. De maneira sintética, podemos
z Século: Português moderno dividir de duas formas a língua “brasileira”: padrão for-
z Fatos: Língua oficial de 6 países, além do Brasil: mal e padrão informal; cada um desses tipos apresenta
Moçambique, São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau, suas peculiaridades e espécies derivadas. Vejamos:
Cabo Verde, Angola e Portugal. Além disso, é um
dos idiomas reconhecidos oficialmente na Orga-
Padrão formal
nização das Nações Unidas (ONU) e nestes territó-
rios: Macau e Goa.
z Norma Culta
LINGUAGEM, LÍNGUA, DISCURSO E ESTILO
A norma culta da língua portuguesa é estabelecida
A linguagem é um processo que relaciona cinco pelos padrões definidos conforme a classe social mais
fatores. Acompanhe a seguir: abastada, detentora de poder político e cultural. As
372
pessoas cujo padrão social lhe permite gozar de pri- variação diastrática fonética. Usar “presunto” no
vilégios na sociedade têm o poder de ditar, inclusive, lugar de corpo de pessoa assassinada é variação dias-
as regras da língua, direcionando o que é considerado trática lexical. E falar “Houveram menas percas” no
permitido e aquilo que não é. lugar de “Houve menos perdas” é variação diastráti-
ca sintática.
z Norma Padrão
z Variação diafásica ou estilística
A norma padrão diz respeito às regras organizadas
nas gramáticas, estabelecendo um conjunto de regras A variação diafásica, como ocorreu com a diató-
e preceitos que devem ser respeitados na utilização pica e com a diastrática, pode ser também fonética,
lexical e sintática. Dizer “veio”, com o e aberto, não
da língua. Essa norma apresenta um caráter mais abs-
por morar em determinado lugar nem porque todos
trato, tendo em vista que também considera fatores
de sua camada social usem, é usar a variação diafá-
sociais, como a norma culta. sica fonética. Um padre, em um momento de descon-
tração, brincando com alguém, dizer “presunto” para
z Língua Formal representar o “corpo de pessoa assassinada”, usa a
variação diafásica lexical. E, finalmente, um advo-
A língua formal não está, diretamente, associada gado dizer “Encontrei ele”, também em momento
a padrões sociais; embora saibamos que a influência de descontração, no lugar de “Encontrei-o” é usar a
social exerce grande poder na língua, a língua formal variação diafásica sintática.
busca formalizar em regras e padrões as suas normas
a fim de estabelecer um preceito mais concreto sobre
VARIAÇÃO DIAFÁSICA
a linguagem.
Mudança no som, como veio
Padrão informal (pronúncia com E aberto) e morre
Diafásica fonética (pronúncia com E fechado, asse-
z Coloquialismo melhando-se quase a pronúncia
de i)
Diz respeito a qualquer traço de linguagem (foné- Ocorre em contextos de informa-
tico, lexical, morfológico, sintático ou semântico) que lidade, em que há mais liberdade
apresenta formas informais no falar e/ou escrever. Diafásica lexical
para usar gírias e expressões lexi-
cais diferentes
z Oralidade
Ocorre com a alteração dos ele-
A oralidade marca as maneiras informais de se Diafásica sintática mentos sintáticos, ocasionando
comunicar. Tais formas não são reconhecidas pela erros
norma formal, e, por isso, são chamadas de registros
orais ou coloquiais, embora nem sempre sejam reali- z Variação diacrônica
zados apenas pela linguagem oral.
Diz respeito à mudança de forma e/ou sentido
Linguagem Coloquial estabelecido em algumas palavras ao longo dos anos.
Podemos citar alguns exemplos comuns, como as
A linguagem coloquial marca formas fora do palavras Pharmácia – Farmácia; Vossa Mercê – Você.
padrão estabelecido pela gramática. Como sabemos, Além dessas, a variação diacrônica também marca a
existem alguns tipos de variação linguística; dentre presença de gírias comuns em determinadas épocas,
elas, as mais comuns em provas de concurso são: como broto, chocante, carango etc.

z Variação diatópica ou geográfica FUNÇÕES DA LINGUAGEM

A variação diatópica pode ocorrer com sons dife- Emotiva ou expressiva


rentes. Quando isso acontece, dizemos que ocorreu
uma variação diatópica fonética, já que fonética sig- Tem como objetivo transmitir sentimentos, emo-
nifica aquilo que diz respeito aos sons da fala. Temos ções e objetividades do emissor. O uso de verbos na
também o exemplo das variações que ocorrem em primeira pessoa do singular evidencia seu mundo
diversas partes do país. Em Curitiba, PR, os jovens cha- interior; também é comum o uso de interjeições, reti-
mam de penal o estojo escolar para guardar canetas e cências, ponto de exclamação e interrogação para
lápis; no Nordeste, é comum usarem a palavra cheiro reforçar a expressividade do emissor. Essa função é
LÍNGUA PORTUGUESA

para representar um carinho feito em alguém. O que comum em poemas, diários, conversas cotidianas e
em outras regiões se chamaria de beijinho. Macaxeira, narrativas de teor romântico ou dramático.
no Norte e no Nordeste, é a mandioca ou o aipim. Essa
variação denominamos diatópica lexical, já que lexi- Função apelativa ou conativa
cal significa algo relativo ao vocabulário.
Tem como objetivo convencer e influenciar o com-
portamento do receptor da mensagem. Essa função
z Variação diastrática ou sociocultural
caracteriza-se pela presença das formas tu, você, vocês
(explícitas ou subtendidas no texto), de vocativos e de
A variação diastrática, como também ocorre com formas verbais no imperativo que expressam ordem,
a diatópica, pode ser fonética, lexical e sintática, sugestão, apelo etc. Essa função é predominante em tex-
dependendo do que seja modificado pelo falar do indi- tos publicitários, propagandas, horóscopos, manuais de
víduo: falar adevogado, pineu, bicicreta, é exemplo de advertências, tutoriais etc. 373
Função referencial Zeugma

Objetiva informar, referenciar algo. O foco é o pró- Considerado um caso particular de elipse, o zeug-
prio assunto, o que faz dela uma função predominan- ma consiste omissão em orações seguintes de palavras
te nos noticiários, jornais, artigos, nas revistas, nos expressas na oração anterior.
Ex.: Eu sou professora; minha amiga, advogada.
livros instrucionais, contratos etc. A linguagem, nes-
Desembrulhe essa caixa enquanto eu desembru-
se caso, transmite uma mensagem direta, objetiva e
lho a outra.
impessoal, que pode ser entendida pelo leitor em um
sentindo específico. Pleonasmo

Função fática Consiste na repetição de termos ou ideias com o


objetivo de realçá-las, tornando-as mais expressivas.
Essa função serve para estabelecer ou interromper a Ex.: “É rir meu riso e derramar meu pranto”. (Viní-
comunicação com o interlocutor. Pode ser encontrada em cius de Moraes)
expressões de cumprimento, saudações, discursos etc. “Só Capitu, amparando a viúva, parecia vencer-se
a si mesma.” (Machado de Assis).
Função metalinguística ou metalinguagem
Dica
Acontece quando a linguagem é usada para expli- Existe o pleonasmo literário, que é um recurso
car a própria linguagem. Dessa maneira, o emissor estilístico aceitável e muito explorado na litera-
explica o código utilizando o próprio código. Na cate- tura e na música. O problema é quando o pleo-
goria de textos, merecem destaque as gramáticas e os nasmo se torna vicioso. Expressões como “fatos
dicionários. reais”, “subir para cima”, “ganhar de graça”, “cego
dos olhos” e outras constituem um vício de lin-
Função poética guagem. A repetição da ideia torna-se, portanto,
desnecessária, pois não traz nenhum reforço à
Preocupa-se com a maneira como a mensagem ideia apresentada.
será transmitida. Essa função, embora seja comum
em poesias, também pode ser encontrada em slogans Polissíndeto
publicitários, piadas, músicas, conversas cotidianas
etc. O uso de figuras de linguagem para explorar o Figura que consiste no uso excessivo e repetitivo
ritmo, a sonoridade, a forma das palavras realçam o de conjunções.
sentido da mensagem que se quer passar ao receptor, Ex.: “Suspira, e chora, e geme, e sofre, e sua...” (Ola-
que a interpreta de maneira subjetiva. vo Bilac)
“Mãe gentil, mas cruel, mas traiçoeira.” (Alberto
Oliveira)
Importante!
Assíndeto
Observe que, quando se trata de identificar uma
determinada função em um texto, dizemos que É a figura que consiste na omissão reiterada de
ela predomina naquele texto (ou em grande parte conjunções. Geralmente a conjunção omitida é a coor-
dele). Isso porque dificilmente uma função ocorre denativa. Essa estratégia torna a leitura do texto mais
isoladamente: o mais comum é que em um texto clara e dinâmica.
se combinem duas ou mais funções de linguagem. Ex.: “Pense, fale, compre, beba, leia, vote, não se
esqueça.” (Pitty)
“Vim, vi, venci.” (Júlio César)

Anáfora
ESTILÍSTICA
Consiste na repetição de palavra ou expressões no
FIGURAS DE SINTAXE início da oração. Esse tipo de recurso é muito comum
em textos estruturados em versos consecutivos (poe-
Consistem em modificações da estrutura da oração mas, músicas, entre outros). O propósito é valorizar a
(ou parte dela) por meio da omissão, inversão ou repe- mensagem por meio da ênfase ao elemento repetido.
tição de termos. Nesse caso, essas alterações ocorrem Ex.: “É o pau, é a pedra, é o fim do caminho
para conferir mais expressividade ao enunciado. É um resto de toco, é um pouco sozinho
É um caco de vidro, é a vida, é o sol
Elipse É a noite, é a morte, é um laço, é o anzol.” (Tom Jobim)
“Quando não tinha nada eu quis
Utilizada para omitir termos numa oração que não Quando tudo era ausência, esperei
foram mencionados anteriormente, mas que podem Quando tive frio, tremi
ser facilmente identificados pelo interlocutor. Essa Quando tive coragem, liguei”. (Daniela Mercury)
omissão pode ser percebida por indícios gramaticais
ou dentro do próprio contexto. Aliteração
Ex.: Ana Rita arrumou-se para o trabalho. Estava
atrasada. (“elipse sujeito -ela”) Recurso sonoro que consiste na repetição de sons
Os alunos e as alunas, mãos erguidas contra os consonantais para intensificar a rima e o ritmo.
políticos, caminhavam pelas ruas. (elipse da preposi- Ex.: “Chove chuva choverando” (Oswald de Andrade)
374 ção – “de mãos erguidas”) “Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço, Ex.: Dizem que os brasileiros somos amantes do
— não sei, não sei. Não sei se fico futebol. (brasileiros //3ª p. plural) (somos// 1ª p. plural)
ou passo.” (Cecília Meireles)
Anacoluto
Assonância
Consiste na quebra ou interrupção da estrutura
Figura de linguagem que aborda o uso de som em normal. Um dos termos da oração fica desvinculado
harmonia. Caracterizada pela repetição de vogais. do restante da sentença e não estabelece nenhuma
Ex.: “A pálida lágrima de Flávia” – repetição da vogal a. ligação sintática com os demais.
“Amo muito tudo isso” – repetição do som da vogal u. Ex.: Meu vizinho, ouvi dizer que está muito doente.

Onomatopeia FIGURAS DE PALAVRAS

Recurso sonoro que procura representar os sons As figuras de palavras estão associadas ao signifi-
específicos de objetos, animais ou pessoas a partir de cado delas. Caracterizam-se por apresentar uma subs-
uma percepção aproximada da realidade. tituição ou transposição do sentido real da palavra
Ex.: “O tic tac do relógio me deixava mais angus- para assumir um sentido figurado construído dentro
tiado na prova”. de um contexto. A substituição de uma palavra por
“Psiiiiiu! – Falou o professor no momento da reunião”. outra pode acontecer por uma relação muito próxi-
ma (contiguidade) ou por uma comparação/analogia
Hipérbato ou Inversão (similaridade).

Caracteriza-se pela inversão proposital da ordem Comparação


direta dos termos da oração. Essa inversão confere
maior efeito estilístico na construção do enunciado. Analogia explícita entre dois termos; a principal
Ex.: “Os bons vi sempre passar / no mundo graves diferença entre a comparação e a metáfora, que é
tormentos” (Luiz Vaz de Camões) outro tipo de relação de semelhança, é que a compa-
Na ordem direta seria: Eu sempre vi passar os ração se estabelece com o uso de conectivos.
bons no mundo de graves tormentos. Ex.: Minha boca é como um túmulo.
A menina é como um doce.
Anástrofe Seu sorriso é tal qual um raio de sol numa manhã
nublada.
Diferentemente do hipérbato, a anástrofe consiste
na inversão mais sutil dos termos da oração, não pre- Metáfora
judicando o entendimento do enunciado.
Ex.:
Consiste em usar uma palavra ou expressão em lu-
“Sabes também quanto é passageira essa desavença
gar da outra em razão de algumas semelhanças (ana-
Não destrates o amor”. (Jacob do Bandolim)
Utilizando a figura de linguagem teríamos: “Sabes logia) conceituais. É recurso que está associado ao em-
também quanto essa desavença é passageira”. prego da palavra fora do seu sentido normal.
Ex.: O tempo é uma cadeira ao sol, e nada mais.
(Carlos Drummond de Andrade)
Silepse
Meu pensamento é um rio subterrâneo. (Fernan-
do Pessoa)
Consiste na concordância com o termo que está
subtendido na oração e não com o termo expresso na Observe:
oração. (Concordância ideológica). Existem três tipos Metáfora: relação de semelhança não explícita.
de silepse:

z Silepse de Gênero: Há uma discordância entre O que foi isso, Foi um candidato
os gêneros dos artigos, substantivos, pronomes e homem? “ficha suja” que
adjetivos. Notamos na oração a presença do con- me abraçou...
traste entre os gêneros masculino e feminino.
Ex.: Vossa Excelência é falso. - O pronome de tra-
tamento certamente se refere a alguma autoridade do
sexo masculino (deputado, prefeito, vereador etc.)

z Silepse de Número: Há uma discordância entre o


LÍNGUA PORTUGUESA

verbo e o sujeito da oração quando ele expressa


uma ideia de coletividade. Nesse caso, o verbo con-
corda com a ideia que nele está contida.
Ex.: A turma era barulhenta, falavam alto. (“fala-
vam” concorda com “alunos”)
Comparação: relação de semelhança estabele-
z Silepse de Pessoa: Há uma discordância entre o
cida por conectivos.
verbo e a pessoa do discurso expressa pelo sujeito
da oração. Geralmente o emissor se inclui no sujei-
to expresso em 3ª pessoa do plural, realizando a
flexão verbal na primeira pessoa.
375
tes: parte pelo todo, singular pelo plural, gênero pela
espécie, particular pelo geral (ou vice-versa).
Ex.: O homem é um ser mortal (os homens).
É preciso pensar na criança (nas crianças).

Antonomásia ou Perífrase

A antonomásia é uma figura que consiste na subs-


tituição de um nome próprio (de pessoa) por uma ex-
pressão que lhe confere alguma característica ou atri-
buto que o distingue (epíteto). É a substituição de um
nome por outro, o que pode configurar uma espécie
de apelido para o ser designado.
Ex.: O poeta dos escravos é autor do célebre poema
Fonte: instagram.com/academiadotexto. Acesso em: 16/10/2020. “O navio negreiro”. (Castro Alves)
Este aeroporto tem o nome do pai da aviação. (San-
Metonímia tos Dumont)
Observação: A antonomásia é uma espécie de
Consiste na substituição de um termo pelo outro perífrase. A diferença é que esta designa um ser (coi-
em virtude de uma relação de proximidade ou conti- sas, animais ou lugares) por meio de características,
nuidade. Essa relação é qualitativa e pode ser realiza- atributos ou um fato que o celebrizou.
da dos seguintes modos: Ex.: Fomos ao zoológico ver o rei da selva. (leão)
Adoraria conhecer a cidade luz. (Paris)
� A parte pelo todo: Qualquer dúvida consulte o pai dos burros.
Ex.: O brasileiro trabalha muito para garantir o (dicionário)
pão aos filhos (O brasileiro trabalha muito para
garantir alimento aos filhos). Sinestesia
� O autor pela obra:
Ex.: Os leitores de Machado de Assis são cultos (Os Consiste no recurso que engloba um conjunto de
leitores da obra de Machado de Assis são cultos). percepções e sensações interligadas aos processos
� O continente pelo conteúdo: sensoriais provenientes de diferentes sentidos (visão,
Ex.: A menina bebeu a jarra de suco inteira (A audição, olfato, paladar e tato). Na sinestesia, a per-
menina bebeu todo o suco da jarra). cepção ou sensação de um sentido é atribuída a outro.
� A marca pelo produto: Ex.: “As falas sentidas, que os olhos falavam.” (Ca-
Ex.: Minha filha pediu uma Melissa de aniversário simiro de Abreu)
(Minha filha pediu uma sandália de aniversário). “E o pão preserve aquele branco sabor de alvora-
� Singular pelo plural: da”. (Ferreira Gullar)
Ex.: O cidadão deve cumprir seus deveres legais
(Os cidadãos devem cumprir seus deveres legais).
FIGURAS DE PENSAMENTO
� O concreto pelo abstrato:
Ex.: A juventude está cada vez mais ansiosa (Os
jovens estão cada vez mais ansiosos). Processo expressivo que enfatiza o aspecto semân-
� A causa pelo efeito: tico da linguagem. As figuras de pensamento introdu-
Ex.: Comprei a casa com o meu suor (Comprei a zem uma ideia diferente daquela que a palavra em
casa com o meu trabalho). seu sentido real exprime.
� O instrumento pelo agente:
Ex.: O carro atropelou o cachorro (O motorista do Antítese
veículo atropelou o cachorro).
� A coisa pela sua representação: Consiste no emprego de conceitos que se opõem e que
Ex.: O sonho de muitos candidatos é chegar ao podem ocorrer de maneira simultânea em uma mesma
Palácio do Planalto (O sonho de muitos candida- oração. Na antítese, os conceitos antônimos não se contra-
tos é chegar à Presidência da República). dizem e estão relacionados a referentes distintos.
� O inventor pelo invento: Ex.: “Tristeza não tem fim, felicidade sim!” (Viní-
Ex.: Diego comprou um Picasso no museu (Diego cius de Moraes)
comprou uma obra de Picasso no museu). “O mito não é nada que é tudo”. (Fernando Pessoa)
� A matéria pelo objeto:
Ex.: Custou-me apenas algumas pratas aque- Personificação ou Prosopopeia
la mobília. (Custou-me apenas algumas moedas
aquela mobília.) Consiste em atribuir características, sentimentos e
� O proprietário pela propriedade comportamentos próprios de seres humanos a seres
Ex.: Vou ao médico buscar meus exames (Vou ao irracionais ou inanimados. É uma figura muito usada
consultório médico buscar meus exames). em textos literários, como fábulas e apólogos.
Ex.: “O cravo brigou com a rosa debaixo de uma
Sinédoque sacada...” (cantiga popular).
“As pedras andam vagarosamente”.
Atualmente as gramáticas não realizam distinção
entre metonímia e sinédoque; a diferença entre essas Paradoxo
figuras é tênue. Na sinédoque, a relação que se estabe-
lece entre os termos é quantitativa, ou seja, quando Consiste no emprego de conceitos opostos e con-
se amplia ou se reduz a significação das palavras. As traditórios na representação de uma ideia. No para-
376 relações entre os termos são basicamente as seguin- doxo, embora os termos pareçam ilógicos, são perfei-
tamente aceitáveis no campo da literatura, o que confere ao autor uma licença poética.
Ex.: “Se lembra quando a gente chegou um dia a acreditar que tudo era pra sempre, sem saber que o pra sem-
pre sempre acaba” (Cássia Eller)
“Dor, tu és um prazer!” (Castro Alves)

Eufemismo

Consiste no emprego de uma palavra ou expressão que serve para amenizar/ suavizar uma informação desa-
gradável ou fatídica. É um recurso essencial para validar a polidez nas relações sociais.
Ex.: “Suzanna é uma mulher desprovida de beleza.” (feia)
“Aquele pobre homem entregou a alma a Deus” (morreu)

Hipérbole

Uso de expressões intencionalmente exageradas para dar maior ênfase à mensagem expressa pelo emissor.
Ex.: “Amor da minha vida, daqui até a eternidade
Nossos destinos foram traçados na maternidade”. (Cazuza)
“Vou caçar mais um milhão de vagalumes por aí”. (Pollo)

Ironia

Consiste em expressar ideias, pensamentos e julgamentos com o sentido contrário do que se diz. A ironia tem
como objetivo satirizar uma situação desagradável ou depreciar alguém pelo seu comportamento.
Ex.: “Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis...” (Machado de Assis)
“Parece um anjinho, briga com todos”.

Gradação

Consiste na apresentação de ideias sinônimas (ou não) em uma escala progressiva de maior ou menor in-
tensidade à expressão. Os termos da oração são frutos de uma hierarquia e podem ser de ordem crescente ou
decrescente.
Ex.: “Mais dez, mais cem, mais mil e mais um bilião, uns cingidos de luz, outros ensanguentados.” (Machado
de Assis)
“Eu era pobre. Era subalterno. Era nada.” (Monteiro Lobato)

Apóstrofe

Consiste na invocação de alguém ou alguma coisa personificada. Essa figura de linguagem realiza-se por meio
de um vocativo. A apóstrofe é um recurso estilístico muito utilizado na linguagem informal (cotidiana), nos textos
religiosos, políticos e poéticos.
Ex.: “Liberdade, Liberdade! É isso que pretendemos nessa luta”.
“Senhor, tende piedade de nós”.

ALTERAÇÕES INTRODUZIDAS NA ORTOGRAFIA DA LÍNGUA PORTUGUESA PELO


ACORDO ORTOGRÁFICO DA LÍNGUA PORTUGUESA
NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO

O Novo Acordo Ortográfico foi aprovado no Brasil em 2009, sua intenção é unificar a língua portuguesa escrita
nos 9 países que firmaram o acordo.
Alguns aspectos foram modificados, e serão detalhados a seguir:
LÍNGUA PORTUGUESA

Alfabeto

z Como era:

ABCDEFGHIJLMNOPQRSTUVXZ

z Como está:

ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ

Antes do acordo, tínhamos 23 letras em nosso alfabeto, agora, foram acrescentadas as letras K, W e Y, tendo,
ao todo, 26 letras no alfabeto do português brasileiro desde então. 377
A causa dessa mudança é basicamente organizar e “legalizar” o uso dessas letras que já estavam presentes na
prática da língua, inseridas em nomes próprios e abreviaturas, como por exemplo: km, Ygor, Walter, Karolina,
dentre outras palavras.

Importante!
O uso dessas letras não modifica a escrita de outras palavras, mas sim propõe novas possibilidades de escri-
ta para novas palavras bem como nomes próprios, estrangeirismos e abreviaturas.

Veja também, na tabela a seguir, as principais mudanças oriundas do Acordo Ortográfico na área de acentua-
ção de palavras:

PRINCIPAIS MUDANÇAS NA ACENTUAÇÃO

ASSUNTO MUDANÇA COMO ERA COMO FICOU

Só aparece em palavras estrangeiras



Conseqüência Consequência
Trema Deixou de ser utilizado em palavras da lín-

Agüentar Aguentar
gua portuguesa

Idéia Ideia
Ditongo em palavras paroxítonas Não recebem mais acento
Assembléia Assembleia

Hiatos com paroxítonas com “i” ou


Não recebem mais acento Feiúra Feiura
“u”

Enjôo Enjoo
Letras repetidas: ee/oo Não recebem mais acento
Lêem Leem

Pára Para
Acento diferencial Deixou de ser utilizado
Pêlo Pelo

Acento diferencial em conjugações Ele tem. Ele tem.


Mantido
verbais Eles têm. Eles têm.

Uso do hífen

O hífen é um sinal diacrítico cujo uso foi reformulado com a reforma ortográfica da língua que entrou em
vigor em 2009 no Brasil.
A reforma uniformizou o uso do hífen em muitos contextos, o que podemos ver como uma facilitação do
aprendizado de quando usá-lo ou não.
A regra básica para o aprendizado do uso do hífen, conforme o novo acordo ortográfico, é esta:

z Palavras com final em vogais iguais: Usa-se hífen. Ex.: micro-ondas, anti-inflamatório.

Porém, é preciso ficar atento às exceções a essa regra geral. Por isso, iremos apresentar alguns exemplos para
organizar o uso desse diacrítico e facilitar seu aprendizado.

z Exceções: os prefixos Pre, Pro, Co, Re não serão unidos por hífen quando o segundo termo apresentar vogal,
seja igual seja diferente. Ex.: coorientador, coautor, preenchimento, reeleição, reeducação, preestabelecer.
z Nos prefixos Sub, Hiper, Inter, Super, o hífen deve permanecer caso a palavra seguinte seja iniciada pelas
consoantes H ou R. Ex.: sub-hepático, hiper-requintado, inter-racial, super-racional.
z Hífen com os dígrafos RR e SS: o hífen não é mais utilizado em palavras formadas de prefixo terminado em
vogal seguido de palavra iniciada por R ou S. Ex.: antessala, autorretrato, contrarregra, antirrugas etc.
z É importante esclarecer que em prefixos terminados em vogais, aplicados a palavras cuja primeira letra seja
H, o hífen permanece. Ex.: anti-herói; anti-higiênico; extra-humano; semi-herbáceo.
z Já os prefixos Pré, Pró, Pós (quando acentuados), Ex, Vice, Soto, Além, Aquem, Recém, Sem devem ser
empregados sempre com hífen. Ex.: pré-natal; pró-democrata; pós-graduação; ex-prefeito; vice-governador;
soto-mestre; além-mar; aquém-oceano; recém-nascido; sem-teto.
z Palavras formadas por Circum e Pan, adicionadas a palavras iniciadas por vogal, H, M ou N, usam hífen. Ex.:
circum-navegação; pan-americano.
z Também devemos empregar hífen em palavras formadas pelos sufixos de origem tupi-guarani, como Açu,
Guaçu, Mirim. Ex.: amoré-guaçu; capim-açu.

378
Dica Após o duro golpe da Reforma Protestante de Mar-
tinho Lutero, no fim do século XV, Portugal recupera-
A reforma ortográfica de 2009 eliminou o hífen va o prestígio com a descoberta por Vasco da Gama de
das palavras compostas por justaposição com um novo caminho para as Índias. Esse espírito de ufa-
um termo de ligação. Assim, palavras como Pé nia geraria a maior epopeia da Língua Portuguesa: Os
de moleque, que antes contavam com o hífen, Lusíadas, escrita por Luís Vaz de Camões, compreen-
agora já não utilizam mais. Porém, não foram dida como a mais alta expressão de amor à pátria.
todas as palavras justapostas que foram atin- Enquanto isso, no Brasil de 1500, as primeiras pro-
gidas pela reforma; palavras justapostas que duções possuíam mais caráter documental do que lite-
designam plantas ou bichos ainda são escritas rário. Desde então, a forma como foi escrita a história
com hífen. Ex.: Cana-de-açúcar; pimenta-do-rei- de nosso país tem refletido até hoje nas produções artís-
no; castanha-do-Pará; João-de-barro; bem-te-vi; ticas e, consequentemente, literárias. Se observarmos,
porco-da-Índia. desde o período Colonial (do Descobrimento a chega-
da da Família Real ao Brasil), passando pelo Período
Imperial, além de diversas revoltas internas em prol
da Independência e da abolição da escravatura, Perío-
LITERATURA BRASILEIRA do Regencial, a Proclamação da República, em 1889,
o Período Republicano, marcado pelos governos mili-
A Literatura está ligada à escrita, sua origem per- tares, ditaduras e a reconquista da democracia, todos
de-se nos tempos. Não há um único marco histórico do esses acontecimentos permeiam a nossa Literatura.
surgimento da escrita, tendo em vista que os desenhos Mais recentemente, diversas transformações de
das cavernas são considerados escritos antigos. âmbito político e social decorreram das duas Grandes
A Literatura é a arte de compor escritos artísticos, Guerras, que refletiram no mundo e, consequente-
em prosa ou em verso, de acordo com princípios teóri- mente no Brasil, ideológica e politicamente. Políticas
cos e práticos, o exercício dessa arte ou da eloquência mundiais de combate ao comunismo influenciaram
e poesia. líderes e momentos, a liberdade de expressão foi cer-
Sabe-se que a “Literatura” vem do latim “litteris”, ceada e um período sombrio foi instaurado em nossa
em tradução “Letras”, e possivelmente uma tradução história até 1985, quando o direito à democracia foi
do grego “grammatikee”. Na Roma antiga, literatura restabelecido, além da globalização, a internet e as
significava uma instrução ou um conjunto de saberes mídias sociais, tudo isso reflete no pensamento, no
ou habilidades de escrever e ler bem. O escrever e o sentimento e na expressão artística, como poderemos
ler bem, por sua vez, relaciona-se com as artes da gra- acompanhar nas Escolas Literárias.
mática, da retórica e da poética. Por extensão, refe-
re-se especificamente à arte ou ofício de escrever de GÊNEROS LITERÁRIOS
forma artística. Nos dias atuais, o termo “Literatura”
também é utilizado como referência a um corpo ou Na teoria literária, o estudo dos gêneros literários
um conjunto escolhido de textos como, por exemplo, ocupa-se em agrupar as diversas modalidades de
a literatura inglesa, a literatura médica, a literatura expressão literária pelas suas características de forma
portuguesa, literatura japonesa etc. e conteúdo. Cada gênero possui uma técnica, um esti-
Mais profícuo do que tentar definir a Literatura é lo e uma função. Vale destacar que a distinção entre
encontrar um caminho para decidir o que torna um os gêneros é bem flexível, sendo possível às vezes a
texto, em sentido lato, literário. A literatura está geral- mistura deles. Para classificar uma obra, então, é
mente associada à ideia de estética, ou melhor, à ideia
necessário verificar a predominância de um gênero. A
de ocorrência de algum procedimento que seja estéti-
classificação básica dos gêneros compreende: o lírico,
co. Segundo Aristóteles, um texto é literário, portanto,
o épico e o dramático.
quando consegue produzir um efeito estético no leitor
e quando provoca catarse no receptor. Uma estraté-
z Gênero Lírico – A poesia lírica surgiu na Grécia
gia para entender o fenômeno literário é a oposição.
Antiga, sendo originalmente declamada ao som da
Vamos opor o texto científico ao texto artístico, por
exemplo: enquanto o texto científico emprega as pala- lira, daí a origem da palavra lírico. A lira, pela tra-
vras sem preocupação com a beleza, o texto artístico, dição literária, passou a simbolizar a poesia.
ao contrário, terá essa preocupação. Outra compara-
ção é em relação ao emprego e o sentido das palavras. No gênero lírico predomina o sentimento, a emo-
Sabe-se que no texto científico emprega-se as palavras ção, a subjetividade, a expressão do “eu”. Trata-se da
no seu sentido dicionarizado, denotativo, enquanto manifestação do mundo interior através de uma visão
LÍNGUA PORTUGUESA

que no texto artístico busca-se empregar as palavras pessoal do mundo.


com mais autonomia, preferindo o seu sentido cono- Quanto à temática, o tema lírico por excelência é o
tativo, figurado. amor, sendo que os demais lhe são correlatos: a soli-
dão, a angústia, a saudade, a tristeza.
HISTÓRIA DA LITERATURA BRASILEIRA A linguagem lírica mostra-se densamente metafó-
rica, sendo predominante a exploração da sonoridade
O marco inicial da Literatura Brasileira coincide e o arranjo das palavras.
com o período histórico chamado Renascimento. Em Aqui estamos falando especificamente do lirismo
Portugal, especialmente, este período coincide com na Literatura, mas o lirismo identifica-se com outras
o esplendor das conquistas ultramarinas, grandes formas de arte, podendo ser encontrado na própria
navegações, continentes recém descobertos e a fase poesia, em um romance, em um filme ou quadro e em
de colonização de povos. outras formas de arte. 379
Observe neste poema as características do gênero z Auto: surgido na Idade Média, os autos são tex-
lírico, o espírito subjetivo, que aparece embalado por tos curtos, de linguagem simples, com elementos
emoções e sentimentos. cômicos e intenção moralizadora. Suas persona-
gens simbolizam as virtudes, os pecados, ou repre-
Eu cantarei de amor tão docemente, sentam anjos, demônios e santos. Um dos autos
Por uns termos em si tão concertados, mais famosos na língua portuguesa é o “Monólogo
Que dois mil acidentes namorados do Vaqueiro ou Auto da Visitação”, de Gil Vicente.
Faça sentir ao peito que não sente.
Modernamente, encontramos textos notáveis que
Farei que amor a todos avivente, revelam certa influência medieval, como é o caso
Pintando mil segredos delicados, do “Auto da Compadecida”, de Ariano Suassuna.
Brandas iras, suspiros magoados, z Gênero Épico ou Narrativo - O gênero narrativo
Temerosa ousadia e pena ausente. estrutura-se pela narração, sendo característico a
narração das ações dos personagens em determi-
Também, Senhora, do desprezo honesto nado tempo e espaço.
De vossa vista branda e rigorosa,
Contentar-me-ei dizendo a menor parte. A forma narrativa consagrada na antiguidade era
a épica em que se faziam relatos de versos sobre as
Porém, pera cantar de vosso gesto
origens das nacionalidades, os acontecimentos histó-
A composição alta e milagrosa
Aqui falta saber, engenho e arte. ricos que mudaram o curso da humanidade. Os heróis
Luís de Camões das epopeias eram personagens históricas ou semi-
deuses, isto é, pessoas que se destacaram por excep-
cionais façanhas. Cumpre ressaltar as mais célebres
Importante! epopeias: a “Ilíada” e a “Odisseia”, de Homero; a “Enei-
da”, de Vergílio; “Os Lusíadas”, de Camões.
Para a compreensão dos gêneros literários, pre-
Modernamente, as formas narrativas resultam da
cisamos saber que o lirismo, a subjetividade, não
evolução do gênero épico, a saber: o romance, o conto, a
são exclusividade do gênero lírico, podendo apa- novela e a crônica. O romance e a novela possuem uma
recer nos demais. Também é preciso saber sepa- estrutura de múltiplos conflitos, em que se caracteriza
rar a participação do “eu-lírico”, ou seja, a própria a pluralidade de ações. De modo contrário, o conto gira
voz que fala no poema do artista (o poeta). em torno de um único conflito, decorre disso a unidade
de ações. A crônica, por sua vez, que nasceu das colunas
z Gênero Dramático – Do grego, a palavra “drama” dos jornais, explora fatos da atualidade.
significa “ação”. Trata-se de um modo específico
de textos, baseado na performance, sendo assim, LINGUAGEM POÉTICA
o gênero dramático abrange os textos em forma de
diálogo destinados à encenação. Veremos, agora, noções básicas, referentes ao estu-
do de poemas. Assim, ficará mais fácil compreendê-los
No gênero dramático, não há a narração de fatos, e gabaritar as questões que abordam essa temática.
como existe no romance, tendo em vista que os per-
sonagens assumem seus papéis diante de um público
Prosa
que assim é envolvido com os acontecimentos.
Vale destacar que uma peça é uma obra literária,
enquanto texto destinado à leitura. Por outro lado, Chamamos de prosa os textos escritos de forma
como espetáculo teatral, depende dos meios técnicos corrida, organizados em parágrafos, cuja intenção é
empregados na apresentação, como: maquilagem, ilu- expor uma ideia, um fato ou uma história. São comuns
minação, imposição de voz, cenário e figurino. em gêneros, como redações de concurso, gêneros opi-
nativos, narrativos e descritivos em geral.
Exemplos de Textos Dramáticos
Verso
z Tragédia: acontecimentos trágicos, temas deri-
vados das paixões humanas do qual fazem parte
Verso é cada linha de um texto poético, que, geral-
personagens nobres e heroicas, sejam deuses ou
semideuses. Os finais são sempre nefastos. Como mente, organiza-se em estrofes ritmadas, a partir de
exemplo, podemos citar “Édipo Rei”, de Sófocles; figuras de linguagem, baseadas na sonoridade, a fim de
“Romeu e Julieta”, de Shakespeare. criar um efeito de sentido conhecido como rima.
z Comédia: textos humorísticos de caráter crítico,
irônico, jocoso e satírico, podendo ser até mes- Versificação
mo obsceno, cuja temática são ações cotidianas
das quais fazem parte personagens humanos e Não cobre amor,
estereotipados, geralmente o povo e a nobreza. O que amor não é cobre. Verso
objetivo era fazer sátiras políticas, críticas sociais, É ouro.
fazer paródias com o intuito de causar o riso.
z Tragicomédia: textos que trazem a junção de ele- Não peça amor,
mentos trágicos e cômicos na representação teatral.
que amor não é peça. Estrofe
z Farsa: surgida por volta do século XIV, a farsa
É todo.
caracteriza-se pela crítica social. É um texto cur-
to, formado por diálogos simples e representado
por personagens caricaturais em ações corriquei- Mas chama, chama amor,
ras, cômicas, burlescas. Como exemplo famoso na que amor é chama.
língua portuguesa, podemos citar “A farsa de Inês É fogo!
380 Pereira”, de Gil Vicente. (C. Lemos)
z Tipos de Rimas Como contar as sílabas? Conta-se até a última
sílaba tônica da última palavra do verso.
Vagueio campos noturnos (A) Ex.: pa la vras não e ram di tas. Última sílaba tôni-
Muros soturnos (A) ca (para a rima).
paredes de solidão (B) Emparelhadas No interior do verso, a sílaba terminada em vogal une-
sufocam minha canção (B) AABB
-se à sílaba seguinte se ela também começar por vogal.
(Ferreira Gullar) Ex.: Um/ cor/po a/ber/to/ co/mo os/ a/ni/mais
10 sílabas métricas
Tu és um beijo materno! (A)
Tu és um riso infantil, (B) z Elisão: junção da vogal final de uma palavra com
Emparelhadas
Sol entre as flores de inverno, (A) ABAB a vogal inicial da palavra seguinte.
Rosa entre as flores de abril! (B)
Principais tipos de rimas
(J. de Deus)

z Rimas Emparelhadas: rimas que ocorrem em encon- ESQUEMA RIMÁTICO CLASSIFICAÇÃO


tros, sucedendo uma à outra. Sua estrutura é AABB. AABB Emparelhada
z Rimas Alternadas: rimas cujo efeito sonoro
encontra sonoridade com os versos ímpares, como, ABAB Cruzada
por exemplo, quando o primeiro verso rima com o
terceiro. Sua estrutura é ABAB. ABBA ou ABCA Interpolada ou intercalada

ABCD Versos soltos ou brancos


Saudade! Olhar de minha mãe rezando (A)
E o pranto lento deslizando em fio... (B)
Opostas
Saudade! Amor dminha terra... O rio (B) ABBA As rimas podem ser:
Cantigas de águas claras soluçando. (A) I - Rima pobre
II - Rima rica
(Da Costa e Silva)

POBRE RICA
Ouve ó Glaura, o som da lira
Que suspira lagrimosa. Rimas entre palavras da Rimas entre palavras de
Amorosa, em noite escura, Encadeadas
mesma classe grama- classes gramaticais dife-
Sem ventura, nem prazer. tical. Ex.: “Já vi sua fo- rentes. Ex.: “Onde estiver,
tografia, tenho saudade vai me ouvir dizer: não
(Silva Alvarenga) noite e dia” vivo sem você”

z Rimas Opostas ou Intercaladas: essas rimas Poemas de formas fixas


encontram sonoridade com os seguintes versos: o
primeiro rima com o quarto e o segundo rima com Há poesias que apresentam uma forma fixa a
o terceiro, montando a seguinte estrutura: ABBA. seguir. A tradição desses poemas remonta escolas lite-
z Rimas Encadeadas: essas rimas não apresentam rárias apegadas à forma e à classificação linguística. A
uma estrutura fixa como as demais, pois as palavras seguir, veremos alguns exemplos:
das rimas se situam no fim de um verso e início de
outro, como demonstrado no exemplo anterior. z Soneto: Composto por 14 versos, dos quais, dois são
quartetos, ou seja, conjunto de quatro versos; os
ESTRUTURA ESTRÓFICA outros versos são tercetos, ou seja, conjunto de três
versos.
CLASSIFICAÇÃO DAS
NÚMERO DE VERSOS Soneto da Separação
ESTROFES
(Vinícius de Moraes)
2 Dístico

3 Terceto De repente do riso fez-se o pranto


Silencioso e branco como bruma
4 Quadra ou Quarteto E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
5 Quintilha ou Quinteto De repente da calma fez-se o vento
LÍNGUA PORTUGUESA

6 Sextilha Que dos olhos desfez a última chama


7 Sétima E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.
8 Oitava
De repente, não mais que de repente
9 Nona Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.
10 Décima
Fez-se do amigo próximo o distante
Irregular – Não há
Mais de 10 Fez-se da vida uma aventura errante
classificação
De repente, não mais que de repente. 381
z Trova: também chamadas de quadrinhas, as tro- z Situação final: Retorno da situação equilibrada;
vas são pequenos poemas de apenas uma estrofe. z Avaliação: Apresentação de uma “opinião” sobre
a resolução;
“O amor que a teu lado levas z Moral: Apresentação de valores morais que a histó-
a que lugar te conduz, ria possa ter apresentado.
que entras coberto de trevas
e sais coberto de luz?” Esses sete passos podem ser encontrados no seguin-
te exemplo, a canção Era um garoto que como eu...
(Olavo Bilac) Vamos ler e identificar essas características, bem
como aprender a identificar outros pontos do tipo tex-
z Balada: formada por três oitavas e uma quadra, tual narrativo.
geralmente de versos octossílabos. A balada é uma
forma de poesia cultuada pelos franceses no sécu- Era um garoto que como eu
1. Situação inicial:
lo XVIII, porém, aqui no Brasil, os Parnasianos Amava os Beatles e os Rolling Stones
predomínio de
reviveram esse modelo de poesia. Exemplo: Girava o mundo sempre a cantar
equilíbrio
As coisas lindas da América
Não era belo, mas mesmo assim
Vi-te pequena: ias rezando
Havia uma garota afim
Para a primeira comunhão: Cantava Help and Ticket to Ride
Toda de branco, murmurando, Oh Lady Jane, Yesterday
2. Complicação:
Na fronte o véu, rosas na mão. Cantava viva à liberdade
início da tensão
Não ias só: grande era o bando... Mas uma carta sem esperar
Mas entre todas te escolhi: Da sua guitarra, o separou
Minha alma foi-te acompanhando, Fora chamado na América
Stop! Com Rolling Stones
A vez primeira em que te vi.
……………………............................. Stop! Com Beatles songs
Mandado foi ao Vietnã 3. Clímax
Tão branca e moça! o olhar tão brando!
Lutar com vietcongs
Tão inocente o coração!
Era um garoto que como eu
Toda de branco, fulgurando, Amava os Beatles e os Rolling Stones 4. Resolução
Mulher em flor! flor em botão! Girava o mundo, mas acabou
Inda, ao lembrá-lo, a mágoa abrando. Fazendo a guerra no Vietnã
Esqueço o mal que vem em ti, Cabelos longos não usa mais
E, o meu rancor estrangulando, Não toca a sua guitarra e sim
Bendigo o dia em que te vi. Um instrumento que sempre dá
6. Situação final
A mesma nota,
7. Avaliação
(Olavo Bilac) ra-tá-tá-tá
Não tem amigos, não vê garotas
Só gente morta caindo ao chão
Além desses, são poemas de formas fixas o Rondó
Ao seu país não voltará
e a Sextilhas.
Pois está morto no Vietnã
O Rondó refere-se a um poema de forma fixa, com- Stop! Com Rolling Stones
posto em versos de oito ou dez sílabas, em duas rimas, Stop! Com Beatles songs
com a seguinte estrutura: uma quintilha (rimas aab- 8. Moral
Stop! Com Beatles songs
ba); um terceto (rimas aab), ao qual se ajusta, à guisa No peito, um coração não há
de refrão, a primeira ou primeiras palavras da peça; Mas duas medalhas sim
uma segunda quintilha (rimas aabba), também segui- Essas sete marcas que definem o tipo textual narra-
da do mesmo refrão. tivo podem ser resumidas em marcas de organização
Já as sextilhas correspondem às estrofes de seis linguística caracterizadas por: presença de marcado-
versos. res temporais e espaciais; verbos, predominante-
mente, utilizados no passado; presença de narrador
ELEMENTOS DA NARRATIVA e personagens.

Os textos compostos predominantemente por se-


quências narrativas cumprem o objetivo de contar Importante!
uma história, narrar um fato, por isso precisam man-
ter a atenção do leitor/ouvinte. Para tal, lançam mão Os gêneros textuais que são, predominantemen-
de algumas estratégias, como a organização dos fatos te, narrativos, apresentam outras tipologias tex-
a partir de marcadores temporais, espaciais, inclusão tuais em sua composição, tendo em vista que
de um momento de tensão, chamado de clímax, e um nenhum texto é composto exclusivamente por
desfecho que poderá ou não apresentar uma moral. uma sequência textual. Por isso, devemos sem-
Conforme Cavalcante (2013), o tipo textual narrati- pre identificar as marcas linguísticas que são pre-
vo pode ser caracterizado por sete aspectos: dominantes em um texto, a fim de classificá-lo.

z Situação inicial: envolve a “quebra” de um equi-


líbrio, o qual demanda uma situação conflituosa; Para sua compreensão, também é preciso saber o
z Complicação: desenvolvimento da tensão apre- que são marcadores temporais e espaciais.
sentada inicialmente; São formas linguísticas como advérbios, prono-
z Ações (para o clímax) – Acontecimentos que mes, locuções etc. utilizados para demarcar um espaço
ampliam a tensão; físico ou temporal em textos. Nos tipos textuais nar-
382 z Resolução: Momento de solução da tensão; rativos, esses elementos são essenciais para marcar o
equilíbrio e a tensão da história, além de garantirem Humanismo
a coesão do texto. Exemplos de marcadores temporais
e espaciais: Atualmente, naquele dia, nesse momento, A passagem do mundo medieval para o mundo
aqui, ali, então... moderno influenciou as artes e engendrou o Renascimen-
Um outro indicador do texto narrativo é a pre- to cultural. Na literatura, a prosa historiográfica, o teatro
sença do narrador da história. Por isso, é importante e a poesia palaciana apareceram, tendo como principais
aprendermos a identificar os principais tipos de nar- representantes os escritores Gil Vicente e Fernão Lopes.
rador de um texto: Sobre a escrita no Humanismo, publicado em 1517,
o livro Auto da Barca do Inferno é uma das obras mais
Narrador: também conhecido como foco narrativo é o representativas do teatro vicentino. Trata-se de uma
responsável por contar os fatos que compõem o texto obra em que o autor aproveita a temática religiosa
como pretexto para a crítica de costumes. Em um bra-
Narrador personagem: Verbos flexionados em 1ª pes- ço de mar estão ancoradas duas barcas: a primeira,
soa. O narrador participa dos fatos capitaneada pelo diabo, faz a travessia para o inferno;
a segunda, chefiada por um anjo, vai para o céu. Uma
Narrador observador: Verbos flexionados em 3ª pes-
a uma vão chegando as almas – um fidalgo, um onze-
soa. O narrador tem propriedade dos fatos contados,
neiro (agiota), um parvo (bobo), um sapateiro, um fra-
porém não participa das ações
de – levando sua amante, uma alcoviteira, um judeu,
Narrador onisciente: Os fatos podem ser contados em um corregedor (juiz), um procurador (advogado do
3ª ou 1ª pessoa verbal. O narrador conhece os fatos e Estado), um enforcado e quatro Cavaleiros de Cris-
não participa das ações, porém o fluxo de consciência to (cruzados) que morreram em poder dos mouros.
do narrador pode ser exposto, levando o texto para a Todos tentam evitar a barca do diabo, mas apenas o
1ª pessoa parvo e os cruzados conseguem embarcar para o céu.

Classicismo
Alguns gêneros são conhecidos por suas marcas
predominantemente narrativas, são eles: notícia, diá- Durante o Renascimento, destaca-se pela introdução
rio, conto, fábula, entre outros. É importante reafir-
de novos gêneros literários, entre eles os romances de
mar que o fato de esses gêneros serem essencialmente
cavalaria e a literatura de viagens, inspirado na cultu-
narrativos não significa que não possam apresentar
outras sequências em sua composição. ra clássica greco-latina. Luís de Camões, Sá de Miran-
Para diferenciar os tipos textuais e proceder na da e Fernão Mendes Pinto estão entre seus principais
classificação correta, é sempre essencial prestar aten- representantes.
ção nas marcas que predominam no texto.
Após demarcarmos as principais características do Características do Classicismo:
tipo textual narrativo, vamos agora conhecer as mar-
cas mais importantes da sequência textual classifica- z imitação dos clássicos;
da como descritiva. z equilíbrio;
z obediência a regras;
CORRENTES LITERÁRIAS z impessoalidade;
z universalismo;
Trovadorismo z ideal de perfeição formal;
z racionalismo;
Trata-se do primeiro movimento literário da língua z valores ideais.
portuguesa. Surgiu em um período em que a escrita era
pouco difundida, por esse motivo, os poetas transmitiam Barroco
suas poesias oralmente, na maioria das vezes cantan-
do-as. Dessa maneira, os primeiros textos receberam o No período entre (1601-1768), enquanto o mundo
nome de cantigas. De maneira tradicional, são dividi-
Ocidental vivia uma atormentada crise entre homem
das em cantigas de amor, de amigo, escárnio e maldizer.
e igreja, percebemos uma intenção na arte de recon-
Para que você conheça um pouco melhor os autores,
segue alguns nomes que representam o expoente desse ciliar o homem com a fé, porém de uma forma mais
estilo: Dom Duarte, Dom Dinis, Paio Soares de Taveirós, subjetiva e conflituosa. Para diversos pesquisadores, o
João Garcia de Guilhade, Aires Nunes, entre outros. Barroco constitui não apenas um estilo artístico, mas
todo um período histórico e um movimento sociocul-
z Características das Cantigas tural em que se formularam novos modos de enten-
der o mundo, o homem e Deus.
LÍNGUA PORTUGUESA

„ Cantiga de amigo: voz lírica feminina; o tra-


tamento dado ao namorado era o de “amigo”;
expressão da vida campesina e urbana; amor
possível; paralelismo e refrão; origem popular.
„ Cantiga de amor: voz lírica feminina; trata-
mento dado à mulher: mia senhor; expressão
da vida da corte; amor cortês; idealização da
mulher; origem provençal.

„ Cantigas satíricas
*De escárnio: indiretas; uso da ironia e do equívoco.
*De maldizer: diretas; intenção difamatória; pala-
vrões e xingamentos.
383
A arte barroca é então caracterizada pelos deta- Arcadismo
lhes, pelo exagero e pelo rebuscamento. É comum
encontrar o uso de imagens contrastantes como o cre- No período entre 1768 e 1836, o Arcadismo coincide
púsculo (dia/noite) e a aurora (noite/dia), além de tex- com a expulsão dos jesuítas do Brasil, a vinda da corte
tos repletos de antíteses e inversões sintáticas. portuguesa, a descoberta de ouro em Minas Gerais e a
Na literatura, o marco inicial do barroco é a publi- Proclamação da Independência. Artisticamente, é um
cação da obra “Prosopopeia” (1601) de Bento Teixeira período marcado pela recuperação da cultura greco-la-
e terminou em 1768 com a publicação de “Obras Poé- tina e apreciação da natureza e da simplicidade.
ticas”, de Cláudio Manuel da Costa.
Na escultura e arquitetura, Aleijadinho foi sem
dúvida um dos maiores artistas barrocos brasileiros.

Contexto histórico

z O Barroco surgiu pelas oposições e pelos conflitos


religiosos. Esse contexto histórico acabou influen-
ciando na produção artística, gerando o fenômeno
do Barroco. As obras são marcadas pela angústia
e pela oposição entre o mundo material e o espi-
ritual. Quanto às características do estilo, pode-se
encontrar metáforas, antíteses e hipérboles.
z As invasões holandesas no Brasil. “O Senhor e a Senhora Andrews”, de Thomas Gainsborough
z Os bandeirantes. O marco inicial do Arcadismo no Brasil foi a publi-
cação de “Obras Poéticas”, de Cláudio Manuel da Costa
Características na arte
em 1768 e, ademais, a fundação da “Arcádia Ultrama-
z Contrastes: luz/sombra, bem/mal, divino/humano. rina”, em Vila Rica. Vale lembrar que o nome dessa
z Riqueza de detalhes, preferência pelas curvas e escola literária provém das Arcádias, ou seja, das
contornos e ausência de simetrias. sociedades literárias da época.
z Temas religiosos. Contexto histórico
z Personagens retratadas com expressões dramáti-
cas, cenas conflituosas. z A Inconfidência Mineira.
z Conceptismo (Quevedo): jogo de ideias, pesquisa e z A Revolução Farroupilha.
essência íntima. z A vinda da Família Real para o Brasil.
z Frequência das antíteses e paradoxos, fugacidade
do tempo e incerteza da vida. Características na arte e na literatura

Características na Literatura z Rompimento com a estética barroca, opondo-se


aos exageros e rebuscamentos.
z Rebuscamento, virtuosismo, ornamentação exa- z Influência do movimento iluminista.
gerada, jogo sutil de palavras e ideias, ousadia de z Equilíbrio e busca pela perfeição na tentativa de
metáforas e associações. resgatar as tradições clássicas, a estética greco-ro-
z Cultismo ou Gongorismo: abuso de metáforas, mana e as figuras mitológicas.
hipérboles e antíteses. Obsessão pela linguagem z Preferência por sonetos;
culta, jogo de palavras. z Racionalismo: A razão era constantemente valorizada.
z Bucolismo e pastoralismo em que retrata uma
Autores e Obras natureza tranquila e serena, um refúgio calmo do
campo, os costumes rurais, que se contrastava com
z Padre Antônio Vieira (1608-1697) os centros urbanos monárquicos.
Foi um religioso, filósofo, escritor e maior orador z Idealização da mulher amada, assim como a valo-
sacro da Língua Portuguesa. As suas principais obras rização da pureza e ingenuidade humana;
são “Sermão da Sexagésima”, que retrata sobre a arte z Uso de pseudônimos, geralmente nomes de pastores;
de pregar, além do “Sermão de Santo Antônio”, que z Expressões em latim como inutilia truncat (“tirar
tem como tema a escravidão indígena. o inútil” da poesia, entendendo-se esse inútil como
sendo o excesso de rebuscamento formal), fugere
z Bento Teixeira (1561-1600) urbem (“fuga da urbanidade” e preferência pela
vida campestre), locus amoenus (preceito de que
Foi um poeta luso-brasileiro cuja principal obra o campo, o ambiente bucólico, é o ideal para o
é “Prosopopeia”, considerada o marco inicial do Bar- homem), carpe diem (“aproveitar o presente” para
roco na Literatura Brasileira. Trata-se de um poema contemplar a realidade, sem preocupar-se com o
escrito à semelhança de “Os Lusíadas”, sobre os feitos futuro) e aurea mediocritas (o “homem mediano”
dos heróis portugueses em terras brasileiras e africa- é aquele que alcança a felicidade, não se devendo,
nas, com o objetivo de louvar o donatário da capitania assim, procurar riquezas e posses em vida).
de Pernambuco, Jorge de Alburqueque Coelho.
Autores e Obras
z Gregório de Matos (1636-1696)
z Cláudio Manuel da Costa (1729-1789)
Conhecido como “Boca do Inferno”, foi um advo-
gado e poeta do Brasil colônia, sendo considerado um Poeta, advogado e jurista brasileiro, é considerado
dos maiores poetas do barroco em Portugal e no Bra- o precursor do Arcadismo no Brasil e destacou-se por
sil. Produziu diversas sátiras desumanas, além de poe- sua obra literária, mais precisamente a poesia. O poe-
sias religiosas, líricas e satíricas. ta mineiro em seus textos aborda elementos locais,
descrevendo paisagens, temática pastoril e expressan-
384 do um forte sentimento nacionalista.
z José de Santa Rita Durão (1722-1784) z Indianismo e culto à nossa fauna e flora. Tam-
bém está presente o nacionalismo, o regionalismo
Autor do poema épico Caramuru (1781), Freire ou o sertanismo.
Santa Rita Durão foi poeta e orador, considerado um z Individualismo e sentimentalismo, considerando que
dos precursores do indianismo no Brasil. seus desejos, paixões e frustrações pessoais são mais
importantes do que os acontecimentos externos.
z José Basílio da Gama (1741-1795) z A natureza como força incontrolável e transcenden-
tal, uma personagem que reflete o “eu”, assumin-
Poeta mineiro e autor do poema épico “O Uraguai” do emoções, como tristeza, e esbanja exuberância
(1769), um marco na literatura brasileira, no qual abor- diante da alegria e das conquistas do indivíduo.
da as disputas entre os europeus, os jesuítas e os índios. z Pessimismo da realidade e escapismo, expressões
de angústia, frustração, desespero, tristeza, entre
z Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810) outras emoções que acabam caracterizando esse
estado de espírito como o “mal do século”.
Um dos grandes poetas árcades de pseudônimo Dir- z Temas como morte, suicídio, fuga para a natureza
ceu. Sua obra que merece destaque é Marília de Dirceu ou a pátria são os escapes possíveis para esse mal.
(1792) carregada de lirismo e baseada no seu romance
com a brasileira Maria Doroteia Joaquina de Seixas. z Primeira Geração - Nacionalista
Romantismo
As obras desse período abordam a natureza, o país
e idealizam tudo maravilhoso. Em Portugal, os temas
O Romantismo corresponde ao período aproxima-
mais frequentes eram o nacionalismo, o romance
do entre 1774 e 1849 – embora influencie a arte até
histórico e o medievalismo. No Brasil, esse apego ao
hoje – na Era das Revoluções, quando diversas trans-
passado era visto no indianismo.
formações políticas, sociais e econômicas ocorreram
no Ocidente, como a Revolução Industrial e a Revo-
lução Francesa. Os artistas românticos, movidos por z Segunda Geração - Ultrarromântica
esse ideal de mudanças, começaram a mudar a teo-
ria e a prática de suas artes. Além do campo artístico, O mal do século tem papel de destaque e as obras
observamos uma visão transformadora também na acabam sendo caracterizadas pelo exagero no subjeti-
filosofia e em toda a cultura ocidental, que passou a vismo e emocionalismo. As menções ao tédio e desejo
aceitar a emoção e os sentidos como uma forma váli- de morte são frequentes.
da de experimentar a vida.
O idealismo e rebeldia, somados ao escapismo e o z Terceira Geração - Romântica
subjetivismo, foram marcantes nas obras produzidas
no período. Na Europa, obras com temáticas medie- Há a quebra das regras da literatura. Os poemas
vais eram bastante comuns, já que esse era o passado começaram a ser escritos de maneira diferente e, na
histórico europeu. prosa, começam a aparecer palavras que antes não
No Brasil, o Romantismo predominou entre 1835 eram da literatura, ou seja, palavras mais usadas pelo
a 1880, período da consolidação da independência. povo. Nessa geração os autores também começaram a
Seu marco inicial foi a publicação do livro “Suspiros falar de questões sociais. Foi o primeiro passo para o
poéticos e saudades”, de Gonçalves de Magalhães, realismo, próximo movimento literário.
em 1836. Porém, o Romantismo brasileiro busca-
va resgatar os nossos ancestrais que já viviam aqui: Autores e obras
os índios. A literatura desse período também retra-
tava as lutas políticas e sociais existentes em nosso z Primeira Geração
país, como o movimento abolicionista. Também não
podemos nos esquecer que, devido à época, começa-
Poesia
vam a surgir problemas urbanos relacionados à rela-
ção delicada entre indústrias e operários, assim como
„ Gonçalves Dias: “Segundos Cantos” (1848),
a corrupção e o materialismo.
“Últimos Cantos” (1851), “Os Timbiras” (1857),
“Cantos” (1857).
Contexto histórico
„ Casimiro de Abreu: Primaveras, poesias (1859)
z A Imprensa no Brasil.
z A crise do 2º reinado. Prosa
LÍNGUA PORTUGUESA

z A abolição da escravidão.
„ José de Alencar: “O guarani” (1857), “Iracema”
Características (1865).

z Liberdade de expressão e de criação, retrato e z Segunda Geração


valorização do “eu”.
z Rebeldia e idealismo, preocupação em retratar o „ Álvares de Azevedo: “Lira dos vinte anos”;
mundo não como ele é, mas como ele poderia ser, “Noite na Taverna” e “Macário”.
uma vez que a realidade para esses autores era „ Fagundes Varela: “Noturnas”; Cantos e Fanta-
considerada desesperadora, repleta de limitações sias e Anchieta ou O Evangelho nas Selvas.
ao crescimento pessoal, político e artístico. „ Casimiro de Abreu: As Primaveras (1859), Sau-
z Exaltação da pátria, da mulher e do amor. dades (1856) e Suspiros (1856). 385
„ Junqueira Freire: “Inspirações do Claustro” e Autores e obras
“Contradições poéticas”.
z Machado de Assis (1839-1908): Ressurreição (1872),
z Terceira Geração A mão e a luva (1874), Helena (1876), Iaiá Garcia
(1878), Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881),
„ Castro Alves: “Espumas Flutuantes”, 1870, “Os Quincas Borba (1886), Dom Casmurro (1899), Esaú e
Escravos” (O Navio Negreiro), 1883. Jacó (1904), Memorial de Aires (1908).
z Raul d’Ávila Pompeia (1863-1895): “O Ateneu”.
Modalidades do Romantismo:
Naturalismo
z Romance de folhetim - Teixeira e Sousa, “O filho
do pescador”. Surgido no século XIX, é considerado uma ramifica-
z Romance urbano - Joaquim Manuel de Macedo, ção do Realismo, pois traçam o mesmo objetivo: retra-
“A Moreninha”. tar a realidade como ela é, porém, usando de métodos
z Romance regionalista: Bernardo Guimarães, “O um pouco distintos. Uma das grandes preocupações das
ermitão de Muquém”, “Escrava Isaura”. obras naturalistas é a relação entre o homem e as “forças
z Romance indianista e histórico - José de Alencar,
da natureza”, voltando-se às descobertas relacionadas
“O Guarani”.
à biologia e a sociologia, especialmente considerando
comportamentos patológicos, os desejos e as taras, com
Realismo
destaque para as tendências animalescas dos homens.
Isso ocorre devido ao fato de que esse movimento ter
O Realismo é um movimento cultural e literário que
grande influência da Teoria da Evolução de Charles Dar-
surgiu em oposição ao Romantismo no século XIX. Sua
win e de outras correntes de pensamento científico que
temática principal foca nos problemas sociais da épo-
predominavam na Europa na época.
ca, usando de linguagem clara e objetiva. A Revolução
O Naturalismo surgiu na França, tendo como prin-
Francesa e Revolução Industrial trouxe o crescimento
cipal representante o escritor francês Émile Zola, que
do poder da burguesia na sociedade, portanto, as pes-
ficou famoso com a publicação de “Germinal”, em 1881,
soas nas cidades em busca de melhores condições de
e marcou o início deste movimento artístico na Europa,
vida por meio do trabalho nas fábricas e comércios e
sobre as péssimas condições de vida dos trabalhadores
a vida burguesa passaram a estar mais presentes nas
das minas de carvão no interior da França no século XIX.
narrativas. Em certas obras, percebe-se um forte tom
Os escritores naturalistas do Brasil se ocuparam,
de ironia e crítica social. Os integrantes desse movi-
principalmente, com os temas mais obscuros da alma
mento repudiavam a artificialidade do Arcadismo e do
humana e, por isso, outros fatos importantes da histó-
Romantismo, pois sentiam a necessidade de retratar a
vida, os problemas e costumes das classes média e bai- ria do país acabaram sendo deixados de lado, como a
xa sem haver a necessidade de se inspirar em modelos Abolição da Escravatura e a proclamação da República.
do passado. O movimento manifestou-se também na
escultura, na pintura e em alguns aspectos sociais. Características
O marco do Realismo foi a publicação do romance
“Madame Bovary”, de Gustave Flaubert, em 1857. No z Desdobramento do Realismo.
Brasil, foi a publicação do livro “Memórias Póstumas z Escritores naturalistas retratam pessoas margina-
de Brás Cubas”, de Machado de Assis. lizadas pela sociedade.
z As personagens são comparadas aos animais
Contexto histórico: (zoomorfismo).
z Análise biológica e patológica das personagens.
z A Proclamação da República. z Abordagem de temas polêmicos como miséria,
z A Primeira República. adultério, crimes e sexualidade desvelada.
z Forte influência Darwinista, na qual o homem não
Características possui livre arbítrio, sendo guiado pela heredita-
riedade e pelo meio social em que vive.
z Objetividade como forma de opor ao excesso de sub- z Cientificismo exagerado, apontando para as rela-
jetividade e idealizações existentes no Romantismo. ções e fenômenos sociais como se observasse uma
z Correção e clareza de linguagem para manter o experiência científica.
ideal de representar a realidade verdadeiramente. z A realidade é abordada a partir do pensamento
z Contenção das emoções, focando-se em análises científico, sob influência do positivismo.
mais objetivas. z Linguagem simples e objetiva.
z Análise psicológica dos personagens. z Os pintores recriavam paisagens naturais, ou seja,
z Narrativa lenta, buscavam construir análises – pintavam aquilo que observavam.
muitas vezes, inclusive, utilizando métodos cientí- z Grande desejo de reformar a sociedade nas obras.
ficos – da sociedade contada nas histórias.
z Impessoalidade do Narrador, em terceira pessoa, Autores e obras
sugerindo-se certo grau de impessoalidade.
z A filosofia positivista de Auguste Comte, olhar cientí- z Aluísio de Azevedo (1857-1913): “O Mulato”
fico para analisar comportamentos sociais, o Cientifi- (1881), “Casa de Pensão” (1884) e “O Cortiço” (1890).
cismo, o Darwinismo, o Empirismo, o Determinismo. z Adolfo Caminha (1867-1897): “A Normalista”
z Literatura de combate social, crítica à burguesia, (1893) e “Bom Criolo” (1895)
386 ao adultério e ao clero. z Raul Pompeia - Obra: “O Ateneu”.
Impressionismo Parnasianismo

O Impressionismo não chegou a configurar, na O Parnasianismo localiza-se entre o final do sécu-


Literatura, uma escola, corrente ou movimento artís- lo XIX e o início do século XX, foi contemporâneo do
tico, mas a teorização da atitude artística impressio- Realismo e do Naturalismo. O nome Parnasianismo
nista deve muito à pintura (Monet, Degas, Cézanne, remonta à denominação de um monte da Grécia Anti-
Pissaro, Sisley, Renoir) e à música (Debussy e Ravel). ga (Monte Parnaso), onde, segundo a mitologia, os
poetas se isolavam do mundo para maior integração
com os deuses, por meio de sua poesia, considerada
por eles a mais alta expressão artística humana.

Contexto histórico

z Contemporâneo do Realismo – Naturalismo;


z Estilo especificamente poético, desenvolveu-se
junto com o Realismo – Naturalismo;
z A maior preocupação dos poetas parnasianos é
com o fazer poético.

Pierre-Auguste Renoir (1881) Le Déjeuner des canotiers

Aos impressionistas não interessa a fixação “foto-


gráfica” das formas e das imagens. Valorizando a cor
e os efeitos tonais, pretendem reproduzir a “percep-
ção visual do instante”, as “impressões” provocadas
pelo objeto no sujeito. O romance psicológico de tipo
moderno, de estrutura não-linear, em que a história é
narrada do ponto de vista do herói-autor, ou do ponto
de vista plurifocal, a partir da perspectiva de várias per- O espelho de Vênus
sonagens, surge no bojo do Impressionismo, com Henry
James (Os Embaixadores – 1903); Joseph Conrad (Lord- Os únicos países em que ele floresceu de forma
Jim- 1900); ítalo Svevo (A Consciência do Zeno – 1923) e expressiva foram na França e no Brasil. Na França,
Marcel Proust (Em Busca do Tempo Perdido 1913-1927). o movimento surgiu em 1866, com a publicação da
No Brasil, é perfeitamente identificável em autores como revista Le Parnasse Contemporain, que congregava
Machado de Assis, Raul Pompeia e Coelho Neto, entre os
poetas defensores de uma poesia antirromântica, des-
brasileiros, e Eça de Queirós e Cesário Verde entre os
critivista, mimética e formalista. Entre esses poetas,
portugueses. As obras buscam grafar a aparência vivida
da realidade humana, com exatidão e esmero científi- destacaram-se Théophile Gautier e Leconte de Lisle.
co, mas voltados para a pintura refinada das impressões No Brasil, o movimento por uma poesia de reação
subjetivas, dos estados d’alma das personagens. contrária ao Romantismo teve lugar no início da déca-
da de 1880, com a publicação do livro Fanfarras (1882),
Características de Teófilo Dias, obra inaugural da estética no país. Três
grandes autores destacam-se: Olavo Bilac (“o príncipe
z Descrição de impressões e aspectos psicológicos dos poetas”), Raimundo Correia e Alberto de Oliveira.
das personagens com detalhes para constituir as
impressões sensoriais de um incidente ou cena. Características
z Caráter “hermético” (= difícil), exigindo leitores
intelectualmente sofisticados. z Estilo majoritariamente poético, não produzindo
z Pesquisas sobre óptica e seus efeitos, a presen- grandes manifestações em prosa.
ça dos contrastes e de transparências luminosas, z A “arte pela arte” como um movimento para rebater o
auxiliam no desvanecimento da forma, percebida excesso de sentimentalismo trazido pelo Romantismo.
LÍNGUA PORTUGUESA

agora sem contornos. z Aproximação entre a literatura e as artes plásticas;


z União entre o concreto e o abstrato.
tinha apreço pelas métricas, geralmente caracteriza-
z A percepção do tempo e o fluxo da memória, a lem-
das por versos decassílabos; apresentava cunho des-
brança crítica e a compreensão do sentido da expe-
riência passada e a “procura do tempo perdido”. critivo, temas clássicos, objetividade, impessoalidade
z A fixação do instante, momentos cotidianos fugazes, e temas universais, como poesia, vaidade e beleza.
as impressões da realidade em detrimento da razão z O racionalismo da poesia como fruto do trabalho
e da emoção. do poeta – um trabalho árduo, difícil, que depen-
dia de fatores como o conhecimento técnico, apli-
Autores e obras cado com esmero na produção poética.
z Rigidez formal no tocante ao vocabulário (refina-
z Graça Aranha (1868-1931): Espírito Moderno, 1925 do e erudito), à sintaxe, à rima e à métrica utiliza-
z Raul Pompeia (1863-1985): “O Ateneu”. dos pelo poeta. 387
Autores e obras Alguns anos após a abolição da escravatura, muitos
imigrantes – a maioria italianos – vêm ao Brasil com
z Olavo Bilac: “Via Láctea”. o intuito de substituir a mão de obra rural e escrava.
z Raimundo Correia: “Sinfonias” (1883). Enquanto os ex-escravizados são marginalizados
nos centros urbanos, a urbanização de São Paulo faz
Simbolismo surgir uma nova classe social: a operária.
Há algumas mudanças nos estados brasileiros,
como a ascensão do café no Sul e Sudeste e o declí-
Apesar de ter sido uma reação ao Parnasianismo
nio da cana-de-açúcar no Nordeste. Em termos de
em alguns aspectos, o Simbolismo dividiu com aquele regência administrativa, o governo republicano não
estilo o espaço cultural europeu entre o final do século promovia as esperadas mudanças sociais – a socieda-
XIX e o início do século XX. de se encontrava dividida entre a elite detentora de
dinheiro, respeito e poder das oligarquias rurais e a
classe trabalhadora rural, bem como dos marginaliza-
dos nos centros urbanos.
Eclodiram diversos movimentos sociais pelo Brasil
em virtude da desigualdade social – como a Revolta de
Canudos, ocorrida no final do século XIX no sertão da
Bahia, sob liderança de Antônio Conselheiro. Além desse,
surgiram os movimentos protestantes no meio urbano,
como a Revolta da Chibata, em 1910 – contra o maltrato
da Marinha à corporação – e as greves de operários.
No começo do século XX aparecem os primeiros
indícios da crise cafeeira com a superprodução de
café, a chamada crise da “República Café-com-Leite”.
É em meio a este quadro na sociedade brasileira
que começa no Brasil uma nova produção literária,
intitulada de Pré-Modernismo pelo crítico literário
Tristão de Ataíde. Destacam-se neste período as obras
Os sertões (Euclides da Cunha) e Canaã (Graça Ara-
A Noite Estrelada – Van Gogh
nha). Contudo, o Pré-Modernismo não é tido como
uma “escola literária”, pois apresenta características
Se, no Brasil, foi superado pela escola parnasiana, individuais muito marcantes. No entanto, há caracte-
que dominou a cena artística do período, na Europa rísticas comuns às obras desse período: a ruptura com
representou considerável avanço em direção à arte a linguagem pomposa parnasiana; a exposição da rea-
moderna que dominaria o século XX. lidade social brasileira; o regionalismo; a marginali-
dade exposta nas personagens e associação aos fatos
Contexto histórico políticos, econômicos e sociais.
Caracteriza-se pelas produções desde o início do
z Fundação da Academia Brasileira de Letras. século XX até a Semana de Arte Moderna, em 1922. Foi
z Origem: a poesia de Baudelaire. um período de intensa movimentação literária que
z Características: desmistificação da poesia, sines- marcou a transição entre o Simbolismo e o Modernis-
tesia, musicalidade, preferência pela cor branca, mo. Apesar disso, para muitos estudiosos deve ser con-
siderado uma escola literária, uma vez que apresenta
sensualismo, dor e revolta.
inúmeras produções artísticas e literárias distintas.
Em outras palavras, ele reúne um sincretismo
Características estético, com presença de características neorrealis-
tas, neoparnasianas e neossimbolistas.
z Formação das bases intelectuais de filósofos como
Henri Bergson, Arthur Schopenhauer e Soren Vanguardas europeias
Kierkegaard.
z Decadentismo, marcado pela agonia, pela melan- Tendo início nas duas primeiras décadas do Sécu-
colia e pelo pessimismo, descrença nos atributos lo XX, as vanguardas europeias foram manifestações
racionais e a saturação das conquistas científi- artístico-literárias surgidas na Europa e vieram pro-
cas conduziram à crença em uma decadência da vocar uma ruptura da arte moderna com a tradição
civilização. cultural do século anterior.
z A arte da sugestão. Em relação ao contexto histórico, houve o advento
z A sinestesia e a musicalidade. da tecnologia, as consequências da Revolução Indus-
trial, a Primeira Guerra Mundial e atmosfera política
Autores e obras que resultou destes grandes acontecimentos, surgiu um
sentimento nacionalista, um progresso espantoso das
grandes potências mundiais e uma disputa pelo poder.
z Cruz e Souza (poeta representante) - Obra: “Mis-
Nesse cenário, várias correntes ideológicas foram cria-
sal” e “Broquéis”.
das, como o nazismo, o fascismo e o comunismo. Outros
movimentos surgiram com a mesma terminação “ismo”,
PRÉ-MODERNISMO os movimentos artísticos que chamamos de vanguar-
das. É importante conhecer alguns dos objetivos das
É o período de transição entre as tendências do vanguardas: o questionamento, a quebra dos padrões, o
final do Simbolismo ou Parnasianismo, século XIX, e o protesto contra a arte conservadora, a criação de novos
Modernismo. O Pré-Modernismo acontece anos antes padrões estéticos que fossem mais coerentes com a rea-
388 da Semana da Arte Moderna, em 1922. lidade histórica e social do século que surgia.
Estas manifestações se destacaram por sua radica- A razão da Op Art é a representação do movimento
lidade, que influenciou a arte em todo o mundo. através da pintura apenas com a utilização de elemen-
Os movimentos e as tendências artísticas, tais tos gráficos. Outro fator fundamental para a criação
como o Expressionismo, o Fauvismo, o Cubismo, o da Op Art foi a evolução da ciência, que está presen-
Futurismo, o Abstracionismo, o Dadaísmo, o Surrea- te em praticamente todos os trabalhos, baseando-se
lismo, a Op art e a Pop art expressam a perplexidade principalmente nos estudos psicológicos sobre a vida
do homem contemporâneo. moderna e da Física sobre a Óptica. A alteração das
Como uma reação ao Impressionismo, o Expressio- cidades modernas e o sofrimento do homem com a
nismo surge. Subjaz ao Expressionismo a preocupação alteração constante em seus ritmos de vida.
em expressar as emoções humanas, transparecendo As principais características da Op Art são:
em linhas e cores vibrantes os sentimentos e angústias
z Explorar a falibilidade do olho pelo uso de ilusões
do homem moderno. No Impressionismo, o enfoque
de óticas;
se resumia na busca pela sensação de luz e sombra.
z Defender para arte “menos expressão e mais
Sobre o Fauvismo, trata-se de um movimento que
visualização”;
teve basicamente dois princípios: a simplificação das
z Quando as obras são observadas, dão a impressão
figuras e o emprego das cores puras, sem mistura. As figu- de movimento, clarões ou vibração, ou por vezes
ras não são representadas tal qual a forma real, ao passo parecem inchar ou deformar-se;
que as cores são usadas de maneira organiza, como saem z Oposição de estruturas idênticas que interagem
do tubo de tinta. O nome deriva de “fauves” (feras, no umas com as outras, produzindo o efeito ótico;
francês), devido à agressividade no emprego das cores. z Observador participante;
No Cubismo também não há a preocupação de z Busca nos efeitos ópticos sua constante alteração;
representar realisticamente as formas de um objeto, z As cores têm a finalidade de passar ilusões ópticas
porém a intenção do movimento artístico era represen- ao observador.
tá-lo de vários ângulos, em um único plano. O Cubis-
mo, com passar do tempo, evoluiu em duas grandes
tendências: Cubismo Analítico e Cubismo Sintético. O
movimento teve o seu melhor momento entre 1907 e
1914, e mudou para sempre a forma de ver a realidade.
Foi um movimento que se desenvolveu em todas
as artes e exerceu influência sobre vários artistas.
O Futurismo abrange sua criação em expressar o
real, assinalando a velocidade exposta pelas figuras
em movimento no espaço. Posteriormente, criaram
outros movimentos de arte moderna. Repercutiu prin-
cipalmente na França e na Itália.
O movimento Abstracionista surgiu em oposição à O termo Pop Art (abreviação das palavras em
arte figurativa ou objetiva. São formas de arte que não inglês Popular Art) foi utilizado pela primeira vez
são regidas pela exata cópia dos objetos do mundo. em 1954, pelo crítico inglês Lawrence Alloway, para
O Dadaísmo é um movimento que abrange a arte denominar a arte popular que estava sendo criada
em todos os seus campos, pois não foi apenas uma cor- em publicidade, no desenho industrial, nos cartazes
rente artística, mas um verdadeiro movimento literá- e nas revistas ilustradas. Representava os componen-
rio, musical, filosófico e até mesmo político. A palavra tes mais ostensivos da cultura popular, de poderosa
dada em francês significa cavalo de madeira, mas sua influência na vida cotidiana na segunda metade do
utilização marca o nonsense ou falta de sentido que século XX. Era a volta a uma arte figurativa, em oposi-
pode ter a linguagem (como na fala de um bebê). À ção ao expressionismo abstrato que dominava a cena
princípio, o movimento não envolveu uma estética estética desde o final da Segunda Guerra Mundial. Sua
específica, mas provavelmente as principais expres- iconografia era a da televisão, da fotografia, dos qua-
sões do Dadaísmo tenham sido o poema aleatório e o drinhos, do cinema e da publicidade.
ready made. O intuito deste movimento era protestar A Pop Art proporcionou a transformação do que
contra os estragos trazidos da guerra, denunciando de era considerado vulgar em refinado, e aproximou a
forma irônica toda aquela loucura que estava acon- arte das massas, desmitificando-a, pois se utilizava de
tecendo. Como negação total da cultura, o Dadaísmo objetos próprios e populares. Com o objetivo da crítica
irônica do bombardeamento da sociedade pelos obje-
defende o absurdo, a incoerência, a desordem, o caos.
tos de consumo, operava com signos estéticos massifi-
Sobre o Surrealismo, trata-se de um movimen-
cados da publicidade, quadrinhos, ilustrações. Muito
to artístico e literário surgido em Paris por volta dos
LÍNGUA PORTUGUESA

do que era considerado brega, virou moda.


anos 20, inserido no contexto das vanguardas que
Suas principais características são:
viriam a definir o modernismo no período entre as
duas Grandes Guerras Mundiais. z Linguagem figurativa e realista, referindo-se aos cos-
A expressão Op Art deriva do inglês Optical Art, tumes, ideias e aparências do mundo contemporâneo;
significando Arte Óptica. A Op Art passou por um z Temática extraída do ambiente urbano das gran-
desenvolvimento relativamente lento, apesar de ter des cidades, de seus aspectos sociais e culturais:
ganhado força na metade da década de 1950. Trata-se história em quadrinhos, revistas, jornais sensa-
de um movimento excessivamente cerebral e sistemá- cionalistas, fotografias, anúncios publicitários,
tica, mais próxima das ciências do que das humanida- cinema, rádio, televisão, música, espetáculos
des, e não tem o ímpeto atual e o apelo emocional da populares, elementos da sociedade de consumo e
Pop Art. Por outro lado, suas possibilidades parecem de conveniências (alimentos enlatados, geladeiras,
ser tão ilimitadas quanto às da ciência e da tecnologia. carros, estradas, postos de gasolina, etc.); 389
z Ausência de planejamento crítico: os temas são Guerra Mundial (1914-1918), que trouxe reflexos para a
concebidos como simples motivos que justificam a sociedade brasileira. Assim, numa tentativa de reestru-
realização da pintura; turar o país politicamente, também no campo das artes
z Representação de caráter inexpressivo, preferen- – estimulado pelas Vanguardas Europeias – encontra-
cialmente frontal e repetitiva; -se a motivação para romper com o tradicionalismo.
z Combinação da pintura com objetos reais integra-
dos na composição da obra como flores de plástico, Primeira Fase do Modernismo (1922-1930): “Fase
garrafas, etc., como uma nova forma dadaísta em Heroica”
consonância aos novos tempos;
z Formas e figuras em escala natural e ampliada; Os artistas buscam a renovação estética inspira-
z Preferência por referências ao status social, fama, da nas vanguardas europeias (Cubismo, Futurismo,
violência e desastres, a sensualidade e o erotismo, Surrealismo).
aos símbolos da tecnologia industrial e a sociedade Manifesto da Poesia Pau-Brasil (1924), Manifesto
de consumo; Antropófago (1928), Manifesto Regionalista (1926) e
z Uso de matérias como tinta acrílica, poliéster e látex, Manifesto Nhenguaçu Verde-Amarelo (1929).
produzindo cores puras, brilhantes e fosforescentes
inspiradas na indústria e nos objetos de consumo; Segunda Fase do Modernismo (1930-1945): “Fase
z Reprodução de objetos do cotidiano em tamanho de Consolidação”
maior, transformando o real em hiper-real.
As temáticas nacionalistas e regionalistas com pre-
domínio da prosa de ficção caracterizam esse momen-
to de amadurecimento. Na década de 30, a poesia
brasileira se consolida, o que significa o maior êxito
para os modernistas.

Terceira fase do Modernismo (1945-1980):


Pós-modernista”

Muitos estudiosos afirmam que essa fase termina


em 1960, enquanto outros, definem o fim dessa fase
nos anos 80. Há ainda os que ponderam que a tercei-
ra fase modernista prolonga-se até os dias atuais, não
havendo, pois, um consenso.
Nesse momento, tem-se um predomínio e diversi-
dade da prosa, com a prosa urbana, a prosa intimista
e a prosa regionalista. Além disso, surge um grupo de
escritores denominado “Geração de 45”, muitas vezes
Características chamados de neoparnasianos, pois eles buscavam
uma poesia mais equilibrada.
z Ruptura com o academicismo.
z Ruptura com o passado e a linguagem parnasiana. Características
z Linguagem coloquial, simples.
z Exposição da realidade social brasileira. z Libertação estética;
z Regionalismo e nacionalismo. z Ruptura com o tradicionalismo;
z Marginalidade das personagens: o sertanejo, o cai- z Experimentações artísticas;
pira e o mulato. z Liberdade formal (versos livres, abandono das for-
z Temas: fatos históricos, políticos, econômicos e mas fixas, ausência de pontuação);
sociais. z Linguagem com humor;
z Valorização do cotidiano.
Autores e obras
Alguns autores e principais obras
z Euclides da Cunha (1866-1909): “Os Sertões: Cam-
panha de Canudos”.
z Oswald de Andrade (1890-1954): Memórias Sen-
z Graça Aranha (1868-1931): “Canaã”
timentais de João Miramar, Serafim Ponte Grande,
z Monteiro Lobato (1882-1948): série de livros do
Marco Zero I - A Revolução Melancólica, Marco
Sítio do Pica-Pau Amarelo.
Zero II – Chão.
MODERNISMO BRASILEIRO z Mário de Andrade (1893-1945): Amar, verbo intran-
sitivo (1927) e Macunaíma (1928).
O Modernismo é o principal movimento literário z Manuel Bandeira (1886-1968): Libertinagem (1930),
do século XX. Fortemente influenciado pelos movi- Estrela da Manhã, 1936.
mentos de vanguarda que ocorreram na Europa no z Carlos Drummond de Andrade (1902-1987): A
início dos anos 1900, esse estilo literário foi revolucio- Rosa do Povo (1945).
nário em diversos níveis. z Rachel de Queiroz (1902-2003): O quinze (1930).
No Brasil, o marco inicial do Modernismo foi a z Graciliano Ramos (1892-1953): Angústia (1936),
Semana de Arte Moderna de 1922, momento marcado Vidas Secas (1938), Memórias do Cárcere 1953;
pela fervura de novas ideias e modelos. O Modernis- (obra póstuma).
mo surge em um momento de insatisfação política no z João Cabral de Melo Neto (1920-1999): Morte e vida
390 Brasil, causada também em decorrência da Primeira Severina.
z Clarice Lispector (1920-1977): A Hora da Estrela, O pós-modernismo também teve uma expressivida-
A Paixão segundo G.H., Laços de Família e Perto do de na economia. Seu papel foi mostrar aos indivíduos
Coração Selvagem. a capacidade de consumo, a adotarem estilos de vida
z Guimarães Rosa (1908-1967): Corpo de Baile: Noi- e de filosofias, o consumo personalizado, usar bens e
tes do Sertão (1956), Grande Sertão: Veredas (1956), serviços e se entregarem ao presente e ao prazer.
Primeiras Estórias (1962) e Campo Geral (1964). O ambiente pós-moderno significa simulação, ele
não nos informa sobre o mundo, ele o refaz à sua
PÓS-MODERNISMO maneira, hiper-realiza o mundo, transformando-o em
um espetáculo. Os pós-modernistas querem rir levia-
Trata-se de um dos conceitos mais discutidos nas namente de tudo, encaram uma ideia de ausência de
questões relativas à arte, à literatura ou à teoria social,
valores, de vazio, do nada, e do sentido para a vida.
mas a noção de pós-modernidade reúne uma série de
No pós-modernismo o homem vive imerso em um rio
conceitos e modelos de pensamento em “pós”, dentre os
de testes permanentes, em que a informação e a comu-
quais: sociedade pós-industrial, pós-estruturalismo, pós-
nicação transportam a impulsividade para o consumo.
-fordismo, pós-comunismo, pós-marxismo, pós-hierár-
quico, pós-liberalismo, pós-imperialismo, pós-urbano, Simbolicamente, o pós-modernismo nasceu em
pós-capitalismo. A pós-modernidade se coloca também 1945. Nos anos 60 foi a época de grandes mudanças e
em relação com o feminismo, a ecologia, o ambiente, a descobertas tecnológicas, sociais, artísticas, científicas
religião, a planificação, o espaço, o marketing, a adminis- e arquitetônicas.
tração. O geógrafo Georges Benko afirma que o “pós” é Completando o cenário moderno as metrópoles
incontornável, o fim do século XX se conjuga em “pós”. industriais, as classes médias consumidoras de moda
Resumiremos algumas das características da pós- e de lazer, surgiram a família nuclear - pessoas isola-
-modernidade: propensão a se deixar dominar pela das em apartamentos - e a cultura de massa (revistas,
imaginação das mídias eletrônicas; colonização do seu filmes, novelas), dando vitória à razão técnico-cientí-
universo pelos mercados (econômico, político, cultu- fica, inspirada no Iluminismo, a máquina fez a huma-
ral e social); celebração do consumo como expressão nidade recuar seus hábitos religiosos, morais e foi
pessoal; pluralidade cultural; polarização social devi- ditado novos valores, mais livres, urbanos, mas sem-
do aos distanciamentos acrescidos pelos rendimentos; pre atrelados no progresso social.
falências das metanarrativas emancipadoras como As multinacionais trouxeram os serviços de tecnologia
aquelas propostas pela Revolução Francesa: liberda- em geral, como informações e comunicações em tempo
de, igualdade e fraternidade. real, o que proporciona uma economia pela informação.
A pós-modernidade recobre todos esses fenômenos, Nas chamadas sociedades programadas, codificar
de modo que conduz em um único e mesmo movimen-
e manipular o conhecimento e a informação é vital,
to, a uma lógica cultural que valoriza o relativismo e
onde a programação da produção do consumo e da
a (in)diferença, a um conjunto de processos intelec-
vida social significa projetar o comportamento.
tuais flutuantes e indeterminados, a uma configura-
ção de traços sociais que significaria a erupção de um O ambiente pós-moderno é povoado pela cibernética,
movimento de descontinuidade da condição moderna: a robótica industrial, a biologia molecular, a medicina
mudanças dos sistemas produtivos e crise do trabalho, nuclear, a tecnologia dos alimentos, as terapias psicoló-
eclipse da historicidade, crise do individualismo e oni- gicas, a climatização, as técnicas de embelezamento, o
presença da cultura narcisista de massa. A pós-moder- trânsito computadorizado e os eletroeletrônicos.
nidade tem predomínio do instantâneo, da perda de Em resumo, o pós-modernismo pode ser caracte-
fronteiras, gerando a ideia de que o mundo está cada rizado como as definições de natureza sociocultural
vez menor através do avanço da tecnologia. e estética que marcam o capitalismo da era contem-
No campo urbano, a cidade está em pedaços, porque porânea. Este movimento, que também pode ser
nela há caos, (des)ordem: padrões de diferentes graus chamado de pós-industrial ou financeiro, predomi-
de complexidade: o efêmero, o fragmentário, o descontí- na mundialmente desde o fim do Modernismo. Ele é
nuo, o caótico predomina. Mudam-se valores: é o novo, caracterizado pela avalanche recente de inovações
o fugidio, o efêmero, o fulgaz e o individualismo que tecnológicas, pela subversão dos meios de comunica-
valem. A aceleração transforma o consumo numa rapi- ção e da informática, com a crescente influência do
dez nunca vivenciada: tudo é descartável (desde copos universo virtual, e pelo desmedido apelo consumista
a maridos/ou esposas). A publicidade manipula desejos, que seduz o homem pós-moderno.
promove a sedução, cria novas imagens e signos, even- Nada mais é realmente concreto na era atual, tudo
tos como espetáculos, valorizando o que a mídia dá ao
é fluido na pós-modernidade. Dessa afirmação pode-
transitório da vida. As telecomunicações possibilitam
LÍNGUA PORTUGUESA

mos retirar o termo proferido pelo polonês Zygmunt


imagens vistas em todas as partes do planeta, facilitando
Bauman, que tornou popular esta expressão, e pre-
a mercadificação de coisas e gostos. A informatização, o
fere traduzi-la como ‘modernidade líquida’. Tempo e
computador, o caixa 24 horas e a telemática são compul-
sivamente disseminadas. As lutas mudam: agora não é espaço são reduzidos a fragmentos; a individualidade
contra o patrão, mas contra a falta deles. Os pobres só predomina sobre o coletivo e o ser humano é guiado
dizem presente nos acontecimentos de massa, lugar de pela ética do prazer imediato como objetivo prioritá-
deslocamento das energias de revolta. rio, denominado hedonismo.
Nesse sentido, o pós-modernismo invade o cotidia- A humanidade é induzida a levar sua liberdade
no com a tecnologia eletrônica em massa e individual, ao extremo, colocada diante de uma opção infinita de
onde a saturação de informações, diversões e serviços, probabilidades, desde que sua escolha recaia sempre
causam um “rebu” pós-moderno, com a tecnologia pro- no circuito perverso do consumismo. Daí a subjetivi-
gramando cada vez mais o dia a dia dos indivíduos. dade também ser incessantemente fracionada. 391
A ciência não contrariou nossas expectativas. Imagi-
HORA DE PRATICAR! ne um mundo sem antibióticos, TVs, aviões, carros. As
pessoas vivendo no mato, sem os confortos tecnoló-
gicos modernos, caçando para comer. Quantos opta-
1. (EsPCEx – 2020) Leia o texto para responder às ques- riam por isso?
tões de 1 a 16
A culpa do que fazemos com o planeta é nossa, não
da ciência. Apenas uma sociedade versada na ciência
Sobre a importância da ciência
pode escolher o seu destino responsavelmente. Nos-
so futuro depende disso.
Parece paradoxal que, no início deste milênio, durante
o que chamamos com orgulho de “era da ciência”, tan- Marcelo Gleiser é professor de física teórica no Dartmouth College
tos ainda acreditem em profecias de fim de mundo. (EUA).
Quem não se lembra do bug do milênio ou da enxur-
rada de absurdos ditos todos os dias sobre a previsão Assinale a opção que apresenta o grupo de vocábulos
maia de fim de mundo no ano 2012? acentuados graficamente pelo mesmo motivo:

Existe um cinismo cada vez maior com relação à ciên- a) início – milênio – ciência
cia, um senso de que fomos traídos, de que promes- b) insaciável – ecológica – através
sas não foram cumpridas. Afinal, lutamos para curar c) traídos – indivíduo – pólvora
doenças apenas para descobrir outras novas. Criamos d) existência – provê – cônsul
e) átomos – microscópio – destruído
tecnologias que pretendem simplificar nossas vidas,
mas passamos cada vez mais tempo no trabalho. Pior 2. (EsPCEx – 2020) As palavras “paradoxal” e “orgulho”
ainda: tem sempre tanta coisa nova e tentadora no contêm, respectivamente, o mesmo número de fone-
mercado que fica impossível acompanhar o passo da mas de
tecnologia.
a) inexorável e início
Os mais jovens se comunicam de modo quase que b) promessas e jovens
incompreensível aos mais velhos, com Facebook, c) habitantes e cinismo
Twitter e textos em celulares. Podemos ir à Lua, mas a d) compreender e através
maior parte da população continua mal nutrida. e) liberdade e prática
Consumimos o planeta com um apetite insaciável, 3. (EsPCEx – 2020) O verbo sublinhado no trecho
criando uma devastação ecológica sem precedentes. “enxurrada de absurdos ditos” é
Isso tudo graças à ciência? Ao menos, é assim que
pensam os descontentes, mas não é nada disso. a) defectivo.
b) particípio.
Primeiro, a ciência não promete a redenção humana.
c) gerúndio.
Ela simplesmente se ocupa de compreender como d) infinitivo.
funciona a natureza, ela é um corpo de conhecimento e) reflexivo.
sobre o Universo e seus habitantes, vivos ou não, acu-
mulado através de um processo constante de refina- 4. (EsPCEx – 2020) Na frase “A culpa dos usos mais
mento e testes conhecido como método científico. nefastos da ciência deve ser dividida por toda a socieda-
de”, a palavra sublinhada, dentro do contexto, significa
A prática da ciência provê um modo de interagir com o
mundo, expondo a essência criativa da natureza. Dis- a) recorrentes.
so, aprendemos que a natureza é transformação, que b) elementares.
a vida e a morte são parte de uma cadeia de criação e c) benéficos.
destruição perpetuada por todo o cosmo, dos átomos às d) prejudiciais.
estrelas e à vida. Nossa existência é parte desta transfor- e) constantes.
mação constante da matéria, onde todo elo é igualmente
importante, do que é criado ao que é destruído. 5. (EsPCEx – 2020) Assinale a alternativa que apresen-
ta o núcleo do sujeito do seguinte período: “Apenas
A ciência pode não oferecer a salvação eterna, mas uma sociedade versada na ciência pode escolher o
oferece a possibilidade de vivermos livres do medo seu destino responsavelmente”.
irracional do desconhecido. Ao dar ao indivíduo a auto-
nomia de pensar por si mesmo, ela oferece a liberda- a) ciência
de da escolha informada. Ao transformar mistério em b) versada
desafio, a ciência adiciona uma nova dimensão à vida, c) sociedade
d) escolher
abrindo a porta para um novo tipo de espiritualidade,
e) destino
livre do dogmatismo das religiões organizadas.
A ciência não diz o que devemos fazer com o conhe- 6. (EsPCEx – 2020) “Os mais jovens se comunicam de
cimento que acumulamos. Essa decisão é nossa, modo quase que incompreensível aos mais velhos,
com Facebook, Twitter e textos em celulares.” O termo
em geral tomada pelos políticos que elegemos, ao
sublinhado complementa uma ideia presente em qual
menos numa sociedade democrática. A culpa dos
palavra da frase?
usos mais nefastos da ciência deve ser dividida por
toda a sociedade. Inclusive, mas não exclusivamente, a) jovens
pelos cientistas. Afinal, devemos culpar o inventor da b) comunicam
pólvora pelas mortes por tiros e explosivos ao longo c) modo
da história? Ou o inventor do microscópio pelas armas d) quase
biológicas? e) incompreensível
392
7. (EsPCEx – 2020) No trecho “Existe um cinismo cada uma afirmação exagerada, uma deformação da verda-
vez maior com relação à ciência, um senso de que de que visa a um efeito expressivo. A alternativa que
fomos traídos, de que promessas não foram cumpri- contém os dois tipos de figura, uma em cada período,
das”, as orações em negrito são classificadas, respec- respectivamente, é
tivamente, como
a) Quem não se lembra da enxurrada de absurdos ditos
a) oração subordinada substantiva objetiva indireta, ora- sobre a previsão maia de fim de mundo em 2012? /
ção subordinada substantiva objetiva indireta. Parece paradoxal que tantos acreditem em profecias
b) oração subordinada substantiva subjetiva, oração de fim de mundo.
subordinada substantiva subjetiva. b) Criamos uma devastação ecológica sem precedentes.
c) oração subordinada substantiva objetiva direta, ora- / Primeiro, a ciência não promete a redenção humana.
ção subordinada substantiva objetiva indireta. c) Nossa existência é parte desta transformação cons-
d) oração subordinada substantiva completiva nominal, tante da matéria. / A ciência não contrariou nossas
oração subordinada substantiva completiva nominal. expectativas.
e) oração subordinada substantiva completiva nominal, d) Apenas uma sociedade versada na ciência pode esco-
oração subordinada substantiva objetiva indireta. lher seu destino responsavelmente. / A culpa do que
fazemos com nosso planeta é nossa.
8. (EsPCEx – 2020) Em “tem sempre tanta coisa nova e) A ciência abre a porta para um novo tipo de espiri-
e tentadora no mercado que fica impossível acompa- tualidade. / Consumimos o planeta com um apetite
nhar o passo da tecnologia”, a oração subordinada em insaciável.
negrito é
12. (EsPCEx – 2020) Assinale a opção que corresponde
à função do “que” na frase a seguir. “Não vão a uma
a) adverbial causal. festa que não voltem cansados.”
b) adverbial consecutiva.
c) substantiva objetiva direta. a) Parece paradoxal que ainda acreditem em profecias
d) adjetiva explicativa. do fim do mundo.
e) substantiva subjetiva.
b) Criamos tecnologias que pretendem simplificar nos-
sas vidas.
9. (EsPCEx – 2020) No fragmento “A ciência não con-
c) Os mais jovens se comunicam de modo quase que
trariou nossas expectativas. Imagine um mundo sem
incompreensível.
antibióticos, TVs, aviões, carros”, temos
d) Tem tanta coisa nova no mercado que fica impossível
a) um período composto por subordinação substantiva acompanhar.
subjetiva e objetiva direta. e) Existe um senso de que as promessas não foram
b) duas orações absolutas, num período composto por cumpridas.
coordenação assindética.
c) duas orações absolutas, num período composto, com 13. (EsPCEx – 2020) De acordo com o texto, nesta cha-
verbos transitivos e seus adjuntos. mada “era da ciência” em que nos orgulhamos de viver,
d) dois períodos simples, com um verbo transitivo direto, pode-se inferir que é paradoxal acreditar em profecias
outro indireto e seus complementos. de fim de mundo porque a ciência
e) dois períodos simples, com verbos transitivos e seus
respectivos objetos diretos. a) se ocupa de compreender como funciona a natureza,
mas não promete a redenção humana.
10. (EsPCEx – 2020) Em “a ciência adiciona uma nova b) é um corpo de conhecimento sobre o Universo e seus
dimensão à vida”, o acento grave é usado porque habitantes, vivos ou não.
houve a fusão de preposição “a”, exigida pelo objeto c) provê um modo de interagir com o mundo, expondo a
indireto do verbo adicionar, e o artigo que define o essência criativa da natureza.
substantivo “vida”. A frase em que o uso do acento d) oferece a possibilidade de vivermos livres do medo
grave ocorre pelo mesmo motivo está na alternativa irracional do desconhecido.
e) não diz o que devemos fazer com o conhecimento que
a) Há, hoje, cura para muitas doenças e muita tecnologia acumulamos.
graças à ciência.
b) Muitos preferem o romantismo do imprevisível à ciên- 14. (EsPCEx – 2020) Ao comentar sobre o cinismo, o
cia dos números. autor faz menção a uma falta de compreensão geral
c) A oposição da religião à ciência é, em grande parte, em relação à ciência, que consiste, de acordo com o
LÍNGUA PORTUGUESA

um mito. texto, em
d) Uma das motivações presentes nos pesquisadores é o
amor à ciência. a) entender a ciência como uma espécie de religião, que
e) A comunicação pode melhorar o acesso das pessoas faz promessas de cura e redenção.
à ciência. b) acreditar que a ciência deveria ter se ocupado das pro-
fecias de fim do mundo com o objetivo de evitar as
11. (EsPCEx – 2020) A personificação é uma figura pela consequências ali descritas.
qual se faz os seres inanimados ou irracionais agirem c) julgar a ciência pelo método científico por ela utilizado.
e sentirem como pessoas humanas. Por meio dessa d) reduzir a ciência a um número limitado de respostas
figura, também chamada prosopopeia e animização, que ela pode dar sobre a natureza.
empresta-se vida e ação a seres inanimados. A hipér- e) culpar os seres humanos pelos usos indevidos e
bole é uma figura de pensamento que consiste em desastrosos da ciência.
393
15. (EsPCEx – 2020) Depois de ler o texto, compreende- Mas é claro que os canudos são apenas parte da
-se que a importância da ciência está, principalmente, quantidade monumental de resíduos que vão parar
em poder em nossos oceanos. “Nos últimos 10 anos, produzi-
mos mais plástico do que em todo o século passado
a) escolher, enquanto sociedade, nosso destino de forma e 50% do plástico que utilizamos é de uso único e des-
responsável. cartado imediatamente”, diz Tessa Hempson, gerente
b) estabelecer as diferenças principais entre a ciência e o de operações do Oceans Without Borders, uma nova
charlatanismo. fundação da empresa de safáris de luxo & Beyond.
c) explicar que a ciência não pode oferecer a salvação “Um milhão de aves marinhas e 100 mil mamíferos
eterna, porque não prova a existência divina. marinhos são mortos anualmente pelo plástico nos
d) abrir a porta para um novo tipo de espiritualidade. oceanos. 44% de todas as espécies de aves marinhas,
e) direcionar a conduta humana em relação ao conheci- 22% das baleias e golfinhos, todas as espécies de tar-
mento obtido. tarugas, e uma lista crescente de espécies de peixes já
foram documentados com plástico dentro ou em volta
16. (EsPCEx – 2020) Assinale a opção que apresenta um de seus corpos”.
emprego adequado ao padrão culto da língua. Mas, agora, o próprio canudo plástico começou a final-
mente se tornar uma espécie ameaçada, com algumas
a) A prática da ciência provê um modo de interagir com o cidades nos Estados Unidos (Seattle, em Washington;
mundo. Expondo a essência criativa da natureza. Miami Beach e Fort Myers Beach, na Flórida; e Malibu,
b) Consumindo o planeta com um apetite insaciável, cria- Davis e San Luis Obispo, na Califórnia) banindo seu
mos uma devastação ecológica sem precedentes. uso, além de outros países que limitam itens de plásti-
c) Nossa existência é parte desta transformação constante co descartável, o que inclui os canudos. Belize, Taiwan
da matéria, onde todo elo é igualmente importante. e Inglaterra estão entre os mais recentes países a pro-
d) Transformando mistério em desafio, adicionando uma porem a proibição.
nova dimensão à vida, abrindo a porta para um novo Mesmo ações individuais podem causar um impacto
tipo de espiritualidade. significativo no meio ambiente e influenciar a indús-
e) Ao dar ao indivíduo a autonomia de pensar por si mes- tria: a proibição em uma única rede de hotéis remove
mo, oferecendo a ele a liberdade da escolha informada. milhões de canudos em um único ano. As redes Anan-
tara e AVANI estimam que seus hotéis tenham utili-
17. (EsPCEx – 2029) Após a leitura atenta do texto apre- zado 2,49 milhões de canudos na Ásia em 2017, e a
sentado a seguir, responda às questões propostas. AccorHotels estima o uso de 4,2 milhões de canudos
nos Estados Unidos e Canadá também no último ano.
O fim do canudinho de plástico Embora utilizar um canudo não seja a melhor das
hipóteses, algumas pessoas ainda os preferem ou até
Por Devorah Lev-Tov / Quinta-feira, 5 de Julho de 2018 necessitam deles, como aqueles com deficiências ou
dentes e gengivas sensíveis. Se quiser usar um canu-
Em 2015, um vídeo perturbador de uma tartaruga do, os reutilizáveis de metal ou vidro são a alternati-
marinha oliva sofrendo com um canudo plástico preso va ideal. A Final Straw, que diz ser o primeiro canudo
em sua narina viralizou, mudando a atitude de muitos retrátil reutilizável do mercado, está arrecadando fun-
espectadores quanto ao utensílio plástico tão conve- dos através do Kickstarter.
niente para muitos. “A maioria das pessoas não pensa nas consequências
Mas, como pode o canudo plástico, um item insignifi- que o simples ato de pegar ou aceitar um canudo plásti-
cante utilizado brevemente antes de ser descartado, co tem em suas vidas e nas vidas das futuras gerações”
causar tanto estrago? Primeiramente, ele consegue diz David Laris, diretor de criação e chef do Cachet Hos-
chegar facilmente aos oceanos devido a sua leveza. pitality Group, que não utiliza canudos de plástico. “A
Ao chegar lá, o canudo não se decompõe. Pelo con- indústria hoteleira tem a obrigação de começar a redu-
trário, ele se fragmenta lentamente em pedaços cada zir a quantidade de resíduos plásticos que gera”.
vez menores, conhecidos como microplásticos, que
Adaptado de https://www.nationalgeographicbrasil.com/planeta-ou-
são frequentemente confundidos com comida pelos plastico/2018/07/fim-canudinhoplastico- canudo-poluicao-oceano.
animais marinhos. Acesso em 14 de março de 2019.
E, em segundo lugar, ele não pode ser reciclado. “Infe-
lizmente, a maioria dos canudos plásticos são leves Assinale a alternativa correta. “Mas é claro que os
demais para os separadores manuais de reciclagem, canudos são apenas parte da quantidade monumen-
indo parar em aterros sanitários, cursos d’água e, por tal de resíduos plásticos que vão parar em nossos
fim, nos oceanos”, explica Dune Ives, diretor executivo oceanos”. O fragmento, transcrito do texto “O fim do
da organização Lonely Whale. A ONG viabilizou uma canudinho de plástico”, permite concluir que:
campanha de marketing de sucesso chamada “Stra-
wless in Seattle” (ou “Sem Canudos em Seattle”) em a) além dos canudos, há outros resíduos plásticos que
apoio à iniciativa “Strawless Ocean” (ou “Oceanos vão parar em nossos oceanos.
Sem Canudos”). b) os canudos caracterizam a maior parte dos resíduos
Nos Estados Unidos, milhões de canudos de plástico plásticos que vão parar em nossos oceanos.
são descartados todos os dias. No Reino Unido, esti- c) apenas os canudos que se tornam resíduos plásticos
ma-se que pelo menos 4,4 bilhões de canudos sejam vão parar em nossos oceanos.
jogados fora anualmente. Hotéis são alguns dos pio- d) os resíduos plásticos que vão parar em nossos ocea-
res infratores: o Hilton Waikoloa Village, que se tornou nos são compostos essencialmente por canudos.
o primeiro resort na ilha do Havaí a banir os canudos e) há uma quantidade monumental de canudos plásticos
plásticos no início deste ano, utilizou mais de 800 mil em nossos oceanos que são compostos de resíduos
canudos em 2017. plásticos.
394
18. (EsPCEx – 2019) Marque a alternativa correta de acor-
do com o texto. 5 C

6 E
a) O vídeo da tartaruga marinha oliva foi o que levou as
grandes redes hoteleiras a proporem o fim dos canu- 7 D
dos de plástico.
b) Os canudos plásticos são muito leves e, por isso, acabam 8 B
escapando dos separadores manuais de reciclagem.
c) Nos Estados Unidos, estima-se que pelo menos 4,4 9 E
bilhões de canudos sejam jogados fora anualmente.
10 B
d) Pessoas com alguma deficiência ou com gengivas
sensíveis são os principais causadores da epidemia 11 E
de uso de canudos plásticos.
e) David Laris, principal produtor de canudos plásticos no 12 D
mundo, pensa nas consequências de sua atitude.
13 D
19. (EsPCEx – 2019) “Embora utilizar um canudo não
seja a melhor das hipóteses, algumas pessoas ainda 14 A
os preferem ou até necessitam deles...”. Assinale a 15 A
alternativa em que a reescrita do fragmento mantém
as relações de sentido e de subordinação indicadas 16 B
no texto original.
17 A
a) Utilizar um canudo não é a melhor das hipóteses, ain-
da que algumas pessoas os prefiram ou até necessi- 18 B
tem deles...”
19 C
b) “Visto que a utilização de um canudo não é a melhor
das hipóteses, algumas pessoas ainda os preferem ou 20 E
até necessitam deles...”
c) ”Mesmo que a utilização de um canudo não seja a
melhor das hipóteses, algumas pessoas ainda os pre-
ferem ou até necessitam deles...”
d) Considere-se que utilizar um canudo não seja a melhor ANOTAÇÕES
das hipóteses, porque ainda há algumas pessoas que
os preferem ou até necessitam deles...”
e) Concluindo-se que utilizar um canudo não seja a melhor
das hipóteses, consideremos algumas pessoas que ain-
da os preferem ou até necessitam deles...”.

20. (EsPCEx – 2020)

“Indefiníveis músicas
supremas, Harmonias da Cor
e do Perfume...
Horas do Ocaso, trêmulas,
extremas, Réquiem do Sol que
a Dor da Luz resume...”

Nos versos acima, há um exemplo de “imagem pluris-


sensorial”, uma figura de linguagem conhecida pelo
nome de e característica marcante da estética
literária .

Assinale a alternativa que completa os espaços.

a) silepse / romântica
b) polissíndeto / parnasiana
c) aliteração / simbolista
LÍNGUA PORTUGUESA

d) eufemismo / romântica
e) sinestesia / simbolista

9 GABARITO

1 A

2 A

3 B

4 D
395
ANOTAÇÕES

396
REPRESENTAÇÃO DE CONJUNTOS

Existem 3 maneiras distintas de se presentar Conjuntos:

MATEMÁTICA
z Analítica,
z Sintética;
z Diagrama de Euler-Venn (ou simplesmente Diagrama).

Na representação Analítica destaca-se cada um


TEORIA DE CONJUNTOS E dos elementos que pertencem a um determinado con-
junto. Nos exemplos que foram mencionados acima
CONJUNTOS NUMÉRICOS (conjuntos M, P e N), todos eles foram representados
desta maneira.
A Teoria de Conjuntos deve ser vista como Na representação Sintética devemos destacar uma
um dos tópicos mais importantes da Matemática característica que seja comum a todos os elementos
Contemporânea. pertencentes a um conjunto qualquer. Nos exemplos
É ela que dá sustentação lógica a outros tópicos que mencionamos acima, esta representação ficaria
inerentes à Matemática, como por exemplo: Funções, da seguinte maneira (abaixo Lê-se x/x como “x é tal
Probabilidade, Análise Combinatória, Polinômios, que x tem a propriedade”:
Progressões (Aritméticas e Geométricas) etc.
Acreditar nos alicerces estabelecidos por esta Teo- z M = {x / x é mês do ano com 31 dias};
ria é ter a garantia de que o rigor matemático, a coe- z P = {x / x é número primo};
são e a elegância na exposição do conteúdo terão seu z N = {x / x é país da América do Norte}.
lugar de destaque garantidos.
Na representação por Diagramas devemos definir
NOÇÕES PRIMITIVAS uma região (normalmente um círculo) onde devem
ser representados todos os elementos pertencentes
No contexto da Teoria de Conjuntos, três noções ao conjunto. Importante não esquecer de nomear o
primitivas são aceitas sem definição e, portanto, não conjunto.
necessitam de demonstração. São elas: Observe as situações abaixo (já apresentados ante-
riormente) que são exemplos desta representação:
z Conjunto,
z Elemento; P
z Pertinência entre Conjunto e Elemento.

Os Conjuntos (ou coleções) devem ser representa- 2 17


dos por letras latinas Maiúsculas: A, B, C etc.
3
Alguns exemplos de Conjuntos:
11 5
z M = {janeiro, março, maio, julho, agosto, outubro,
7
dezembro} é o conjunto dos meses do ano que pos-
13
suem 31 dias;
z P = {2, 3, 5, 7, 11, 13, 17, 19} é o conjunto dos núme- 19
ros primos até 19;
z N = {Estados Unidos, Canadá, México} é o conjunto
dos países da América do Norte.
N
Os Elementos referem-se aos objetos inerentes
aos Conjuntos. Nos exemplos acima, cada um dos Estados Unidos
componentes dos Conjuntos apresentados são ele-
mentos destes (por exemplo: no conjunto dos núme-
ros primos, cada número ali destacado representa um México
elemento deste conjunto).
A Relação de Pertinência entre Conjunto e Ele-
mento estabelece a identificação entre estes. Para Canadá
tanto utilizamos os símbolos ∈ (pertence) ou ∉ (não
pertence).
MATEMÁTICA

Nos exemplos acima temos algumas situações para


destacar esta relação:
Figura 1. Representação de conjuntos por diagramas
z O mês de abril não pertence ao conjunto M, ou sim-
bolicamente, Abril ∉ M; CONJUNTO UNITÁRIO
z O número 11 pertence ao conjunto P, ou simboli-
camente, 11 ∈ P; Um determinado conjunto recebe o nome de Con-
z O Haiti não pertence ao conjunto N, ou simbolica- junto Unitário quando ele apresentar exatamente
mente, Haiti ∉ N. um único elemento (ou objeto). 397
São exemplos de Conjuntos Unitários: CONJUNTOS IGUAIS

Dois conjuntos A e B são iguais quando todo ele-


z H = {1986} é o conjunto formado pelo ano do Século mento de A pertence a B, e vice-versa.
XX em que o Cometa Halley pôde ser visto por quem A notação (mais rigorosa e carregada de símbolos)
estava na Terra. Observe que este conjunto apre- utilizada neste contexto é a seguinte: A = B ⟺ (∀x)(x
senta somente um único elemento, ou seja, 1986; ∈ A ⟺ x ∈ B) (Lê-se: A é igual a B, se, e somente se,
z F = {Michael Phelps} é o conjunto formado pelo qualquer que seja x, x pertence a A se, e somente se, x
esportista que mais ganhou medalhas olímpicas. pertence a B).
Observe que este conjunto apresenta somente um Duas observações são bastante importantes e
único elemento, ou seja, ele é composto pelo meda- impactam diretamente na compreensão de outros
lhista Norte-Americano Michael Phelps (ganhador conteúdos que dependem de Teoria de Conjuntos:
de 28 medalhas olímpicas, em um total de 4 Olím-
piadas que participou); z A ordem na Teoria de Conjuntos não importa (não
z Conjunto dos números primos pares. Neste caso, a interfere)! Observe o conjunto A = {1, 2, 3, 4}. Se
este conjunto pertence somente o número 2. trocarmos a ordem dos elementos deste conjun-
to, como por exemplo {3, 1, 4, 2}, este conjunto
CONJUNTO VAZIO continua recebendo o nome de A, pois apresenta
os mesmos elementos (mesmo estando estes em
Um determinado conjunto recebe o nome de Con- ordem distinta daquela apresentada inicialmen-
te). Portanto, variações do conjunto A (outras pos-
junto Vazio quando ele não apresentar elemento (ou
síveis são: {1, 3, 4, 2}, {4, 3, 1, 2}, {2, 3, 4, 1} etc.) no
objeto) algum. A notação utilizada para representar
que tange a ordem dos elementos não interferem
um Conjunto Vazio é: {} ou ∅
em sua nomeação.
z A repetição na Teoria de Conjuntos não importa
(não interfere)! Observe o mesmo conjunto A = {1,
Importante! 2, 3, 4]. Se repetirmos os elementos deste conjunto,
É muito comum as pessoas representarem o como por exemplo {2, 2, 3, 4, 4, 1, 1, 1}, este conjun-
Conjunto Vazio da seguinte maneira: {∅} to continua recebendo o nome de A, pois apresenta
os mesmos elementos (mesmo estando estes repe-
Na verdade, o que se tem aí é um conjunto que
tidos). Cabe destacar que neste caso a quantidade
possui um único elemento que é o conjunto de elementos continua sendo a mesma, ou seja,
vazio. 4 elementos pertencem ao conjunto A. Portanto,
Complicado? variações do conjunto A (outras possíveis são: {1,
O importante é não cometer este erro de forma 2, 2, 3, 3, 3, 4, 4, 4, 4}, {1, 2, 3, 3, 3, 4}, {4, 4, 2, 2, 3, 1,
alguma: utilize {} ou ∅, e nunca as duas represen- 4} etc.) no que tange a repetição dos elementos não
tações ao mesmo tempo! interferem em sua nomeação.

SUBCONJUNTOS
São exemplos de Conjuntos Vazios:
Um conjunto A é Subconjunto de um conjunto B se,
z Conjunto dos meses que apresentam 32 dias; e somente se, todo elemento de A pertence também a B.
A notação (mais rigorosa e carregada de símbolos)
z Países que fazem parte da América do Norte e que
utilizada neste contexto é a seguinte: A ⊂ B ⟺ (∀x)(x ∈
começam com a letra W;
A ⇒ x ∈ B) (Lê-se: A está contido em B, se, e somente se,
z Número primo irracional;
qualquer que seja x, x pertence a A, então x pertence a B).
z Seleção de Futebol que tenha conquistado 10
Por diagramas poderíamos representar esta situa-
Copas do Mundo. ção da seguinte maneira:
CONJUNTO UNIVERSO B
Um determinado conjunto recebe o nome de Con-
junto Universo quando a ele pertencem todos os
elementos.
No exemplo a seguir o conjunto universo conside-
A
rado poderia ser os seguintes:

z Se fossemos escolher um aluno qualquer do 1º ano


B do Ensino Médio de uma Escola que apresen-
tasse uma determinada característica (como por
exemplo o uso de óculos de grau), nosso Conjunto
Universo poderia ser representado pela Turma ao
qual o aluno pertence (no caso o 1º ano B), ou ainda
a Escola onde ele estuda. Percebam que neste caso Figura 2. Subconjunto A do conjunto B
dá para escolher mais de um conjunto Universo.
Perceba que todo elemento pertencente ao conjun-
Você poderá escolher o Conjunto Universo ao to A (no interior da região verde), automaticamente,
qual pertencem todos os elementos que são de seu pertence também a B.
interesse. É desta maneira que representamos por Diagra-
Dentre estes, você selecionará aqueles que apre- mas a relação de inclusão A ⊂ B. Concluímos que A é
398 sentam a característica procurada (ou de interesse). subconjunto de B.
Diferentemente do que acontece quando relaciona- Antes de apresentarmos um exemplo que possa
mos elementos com conjuntos (ali vigoram as relações ilustrar esta situação, uma propriedade importante
de pertinência, ou seja, somente utilizamos ∈ (pertence) deve ser destacada: o número de elementos de P (A) é
ou ∉ (não pertence)), quando tratamos da relação entre dado por 2n, ou seja, 2 elevado ao número de elemen-
conjuntos, utilizamos os símbolos abaixo: tos do conjunto A.
z ⊂ (está contido) ou; Exemplo 1: Determine o conjunto das partes de B
z ⊄ (não está contido) ou; = {1, 2, 3, 4}.
z ⊃ (contém) ou; Resposta:
z ⊅ (não contém).
P(B) = {{1}, {2}, {3}, {4}, {1, 1}, {1, 3}, {1, 4}, {2, 3},
Dá-se o nome de Subconjunto Impróprio de B à {2, 4}, {3, 4}, {1, 2, 3}, {1, 2, 4}, {1, 3, 4}, {2, 3, 4}, {1, 2,
seguinte situação: 3, 4}, ∅}

A=B Observe que temos acima representados, todos


os subconjuntos do conjunto B, ou seja, P(B). Atenção
especial deve ser dada aos elementos (que aqui são
conjuntos) {1, 2, 3, 4} (perceba que é o próprio conjun-
to B, pois todo conjunto está contido nele mesmo) e ∅
(o conjunto vazio está contido em qualquer conjunto).
Observe também que a quantidade de elementos é
dada por 2n = 24 = 16 subconjuntos!

Exemplo 2: Determine o conjunto das partes de C


= {1, 2, 3}.
Resposta:
P(C) = {{1}, {2}, {3}, {1, 2}, {1, 3}, {2, 3}, {1, 2, 3}, ∅}
Figura 3. Subconjunto Impróprio de B Observe que temos acima representados, todos
os subconjuntos do conjunto C, ou seja, P(C). Atenção
A notação (mais rigorosa e carregada de símbolos) especial deve ser dada aos elementos (que aqui são
utilizada neste contexto é a seguinte: A = B ⟺ (A ⊂ B conjuntos) {1, 2, 3} (perceba que é o próprio conjunto
e B ⊂ A) (Lê-se: A é igual a B, se, e somente se, A está C, pois todo conjunto está contido nele mesmo) e ∅ (o
contido em B e B está contido em A). conjunto vazio está contido em qualquer conjunto).
Duas propriedades são bastante importantes e Observe também que a quantidade de elementos é
impactam diretamente na compreensão de outros
dada por 2n = 23 = 8 subconjuntos!
conteúdos que dependem de Teoria de Conjuntos:
Vamos utilizar de diagramas para entender melhor
z O conjunto vazio está contido em qualquer con- a importância da Partição do conjunto C:
junto! Representamos esta situação da seguinte
maneira: Ø ⊂ A. Apesar de parecer insignificante
C
em um primeiro momento (aquelas observações
que passam desapercebidas quando estudo um 1
determinado assunto), esta propriedade é extre-
mamente importante para a simplificação de
demonstrações de Teoremas. Sem ela, diversas
situações envolvendo conjuntos teriam suas “com-
provações” apresentadas de uma maneira muito 2
mais extenuante (cansativa)! 3
z Todo conjunto está contido em si mesmo! Repre-
sentamos esta situação da seguinte maneira: A ⊂ A.
Também aparentemente insignificante, esta pro-
priedade tem seu “lugar de destaque” no contexto
da Teoria de Conjuntos e é extremamente útil no
Figura 4. Partição do conjunto C, com elementos tomados 1 a 1
que se refere a simplificação de demonstrações de
Teoremas. Ela também recebe o nome de Proprie- Situação que apresenta cada um dos elementos de
dade Reflexiva. C tomados 1 a 1, ou seja, 3 subconjuntos aparecem cla-
ramente separados: {1}, {2} e {3}.
CONJUNTO DAS PARTES OU PARTIÇÃO

Dado um conjunto A, chama-se Conjunto das Par-


C
tes (ou Partição) de A (representado por P(A)), aquele
que é formado por todos os subconjuntos de A. 1
MATEMÁTICA

A notação (mais rigorosa e carregada de símbolos)


utilizada neste contexto é a seguinte: P(A) = {X / X ⊂ A},
onde X é subconjunto de A (Lê-se: X é tal que, X está
contido em A).
Por intermédio do Conjunto das Partes de um 2
determinando conjunto dado (A por exemplo), pode- 3
mos reforçar aquilo que talvez você já tenha perce-
bido intuitivamente, ou seja, um conjunto pode ser
elemento de outro conjunto.
399
C UNIÃO OU REUNIÃO DE CONJUNTOS

Dados dois conjuntos A e B, chama-se União de A e


1 B o conjunto formado pelos elementos que pertencem
a A ou a B (disjunção lógica).
A notação (mais rigorosa e carregada de símbolos)
utilizada neste contexto é a seguinte: A ∪ B = {x / x ∈
A ou x ∈ B} (Lê-se: os elementos do conjunto A união
2 3 com B são representados por x, tal que x pertence a A
ou x pertence a B).
Por diagramas poderíamos representar esta situa-
ção da seguinte maneira:

A B
C

2 3

Figura 7. União dos conjuntos A e B

Figura 5. Partições do conjunto C, com elementos tomados 2 a 2 Perceba que os elementos pertencentes ao conjun-
to A ∪ B (A união com B) são aqueles que pertencem
Situação que apresenta cada um dos elementos de exclusivamente a A, unidos com aqueles que perten-
C tomados 2 a 2, ou seja, 3 subconjuntos aparecem cla- cem exclusivamente a B, unidos com aqueles que per-
ramente separados: {1, 3}, {1, 2}, {2, 3}. Perceba que tencem a intersecção (como veremos em seguida!).
É desta maneira que representamos por Diagra-
aqui vale a observação referente a repetição de ele-
mas a relação de disjunção lógica A ∪ B.
mentos na Teoria de Conjuntos, ou seja, os elementos
{1}, {2} e {3} aqui aparecem repetidos, mas já foram INTERSECÇÃO DE CONJUNTOS
tomados na primeira situação abordada neste exem-
plo. Portanto, você não irá tomá-los novamente! Dados dois conjuntos A e B, chama-se Intersecção
de A e B o conjunto formado pelos elementos que per-
C tencem a A e a B (conjunção lógica).
A notação (mais rigorosa e carregada de símbolos)
utilizada neste contexto é a seguinte: A ∩ B = {x / x ∈ A
1 e x ∈ B} (Lê-se: os elementos do conjunto A intersecção
com B são representados por x, tal que x pertence a A e
x pertence a B).
Por diagramas poderíamos representar esta situa-
ção da seguinte maneira:
2 3
A B

Figura 6. Partição do conjunto C, com elementos tomados 3 a 3

Situação que apresenta o próprio conjunto C toma-


do 3 a 3, ou seja, 1 subconjunto aparece claramente:
{1, 2, 3}. Perceba que aqui vale a observação referente
ao fato de que todo conjunto está contido nele mesmo.
Por fim tente “dar um up” em sua abstração e per-
ceber que o conjunto vazio é complementar (veremos
Figura 8. Intersecção dos conjuntos A e B
adiante o que isto signifique! Depois de ter acesso a este
conteúdo não se esqueça de voltar aqui!) do conjunto C. Perceba que os elementos pertencentes ao conjun-
De certa maneira, podemos dizer que ele está represen- to A ∩ B (A intersecção com B) são aqueles que perten-
400 tado acima (onde aparece o próprio conjunto C). cem a A e B simultaneamente.
É desta maneira que representamos por Diagra- Observe acima que ao representarmos na figura (à
mas a relação de conjunção lógica A ∩ B. esquerda) o conjunto A, automaticamente a intersec-
ção de A com B (A ∩ B) foi adicionada, pois ela está
Dica contida em A ((A ∩ B) ⊂ A). O mesmo ocorre em rela-
ção ao conjunto B: automaticamente a intersecção de
Existe uma diferença entre Conjuntos Disjuntos A com B (A ∩ B) foi adicionada (figura à direita), pois
(intersecção vazia) e Conjuntos Intersecantes ela está contida em B ((A ∩ B) ⊂ B). Portanto temos
(intersecção não vazia). que eliminar a intersecção uma vez (corresponden-
Acima, por diagramas, representamos dois con- te ao termo n(A ∩ B) no Princípio da Inclusão-Exclu-
juntos A e B Intersecantes. Veja na figura abaixo são), para que esta contagem não seja excedida.
como devemos representar Conjuntos Disjuntos.
DIFERENÇA DE CONJUNTOS
A B
Dados dois conjuntos A e B, chama-se Diferença
entre A e B o conjunto formado pelos elementos de A
que não pertencem a B.
A notação (mais rigorosa e carregada de símbolos)
utilizada neste contexto é a seguinte: A – B = {x / x ∈
A e x ∉ B} (Lê-se: os elementos do conjunto A diferença
com B são representados por x, tal que x pertence a A e
x não pertence a B).
Por diagramas poderíamos representar esta situa-
Figura 9. Conjuntos A e B disjuntos
ção da seguinte maneira:

Apresentadas as operações de União e Intersecção A B


entre dois ou mais conjuntos (isso mesmo, você poderia
expandir o que aprendemos nestes dois últimos tópicos
para 3 ou 4 conjuntos por exemplo) um princípio é de
extrema importância para não contabilizarmos a mais a
quantidade de elementos de um conjunto qualquer.
Trata-se do Princípio da Inclusão-Exclusão cuja
notação (mais rigorosa e carregada de símbolos) é a
seguinte: n(A ∪ B) = n(A) + n(B) – n(A ∩ B) (Lê-se: o
número de elementos do conjunto A união com B é dado
pelo número de elementos de A, somado com o número
de elementos de B, menos o número de elementos de A
intersecção com B).
Observe as seguintes passagens abaixo para cons-
tatar a veracidade do Princípio: Figura 11. Conjunto A diferença com B

A B Perceba que os elementos pertencentes ao conjun-


to A – B (A diferença com B) são aqueles que perten-
cem exclusivamente ao conjunto A.
Da mesma maneira podemos definir o conjunto
B – A (B diferença com A) são aqueles que pertencem
exclusivamente ao conjunto B (veja figura abaixo).

A B

A B
MATEMÁTICA

Figura 12. Conjunto B diferença com A

Figura 10. Intersecção em relação ao Princípio da Inclusão-Exclusão 401


DIFERENÇA SIMÉTRICA DE CONJUNTOS CONJUNTO DOS NÚMEROS NATURAIS E INTEIROS

Dados dois conjuntos A e B, chama-se Diferença Números Naturais


Simétrica de A com B o conjunto formado pelos ele-
mentos que pertencem exclusivamente a A ou a B. Operações e Propriedades
A notação (mais rigorosa e carregada de símbo-
los) utilizada neste contexto é a seguinte: A Δ B = (A ∪
B) – (A ∩ B) = (A – B) ∪ (B – A) (Lê-se: os elementos do Os números construídos com os algarismos de 0 a
conjunto A diferença simétrica com B são representa- 9 são chamados de naturais. O símbolo desse conjun-
dos pela diferença entre o conjunto A união com B e A to é a letra N, e podemos escrever os seus elementos
intersecção com B, ou ainda, este mesmo conjunto pode entre chaves:
ser representado pela união entre a diferença de A com N = {0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16,
B e de B com A). 17, …}
Por diagramas poderíamos representar esta situa- Os três pontos “as reticências” indicam que este
ção da seguinte maneira: conjunto tem infinitos números naturais.
O zero não é um número natural propriamente
A B dito, pois não é um número de “contagem natural”.
Por isso, utiliza-se o símbolo N* para designar os
números naturais positivos, isto é, excluindo o zero.
Vejam: N* = {1, 2, 3, 4, 5, 6, 7…}
O símbolo do conjunto dos números naturais é a
letra N e podemos ter ainda, o símbolo N*, que repre-
senta os números naturais positivos, isto é, excluin-
do o zero.
Conceitos básicos relacionados aos números
naturais:

z Sucessor: é o próximo número natural.

Figura 13. Conjunto Diferença Simétrica de A com B


Exemplo: o sucessor de 4 é 5, e o sucessor de 51 é
52. E o sucessor do número “n” é o número “n+1”.
COMPLEMENTAR DE B EM RELAÇÃO À A
z Antecessor: é o número natural anterior.
Dados dois conjuntos A e B, tais que B ⊂ A, cha-
ma-se Complementar de B em relação a A o conjunto
Exemplo: o antecessor de 8 é 7, e o antecessor de 77
A – B, isto é, o conjunto dos elementos de A que não
pertencem a B. é 76. E o antecessor do número “n” é o número “n-1”.
A notação (mais rigorosa e carregada de símbo-
los) utilizada neste contexto é a seguinte: CBA = A – B z Números consecutivos: são números em sequência.
(Lê-se: complementar de B em relação a A, equivale à A
diferença com B). Exemplo: 5, 6, 7 são números consecutivos, porém
O complementar de B em relação a A também pode 10, 9, 11 não são. Assim, (n-1, n e n+1) são números
c
ser representado por: B ou B . consecutivos.
Por diagramas poderíamos representar esta situa-
ção da seguinte maneira: z Números naturais pares: é aquele que, ao ser divi-
dido por 2, não deixa resto. Por isso o zero também
A é par. Logo, todos os números que terminam em 0,
2, 4, 6 ou 8 são pares.
z Números naturais ímpares: ao serem divididos por
2, deixam resto 1. Todos os números que terminam
em 1, 3, 5, 7 ou 9 são ímpares.
B
A soma ou subtração de dois números pares tem
resultado par.
Ex.: 12 + 8 = 20; 12 – 8 = 4.

A soma ou subtração de dois números ímpares tem


resultado par.
Ex.: 13 + 7 = 20; 13 – 7 = 6.
Figura 14. Conjunto Complementar de B em relação a A
A soma ou subtração de um número par com outro
ímpar tem resultado ímpar.
Importante! Ex.: 14 + 5 = 19; 14 – 5 = 9.
c
O conjunto CBA = B = B só será diferente do con-
A multiplicação de números pares tem resultado
junto vazio (Ø) se for respeitada a restrição de
par.
que B ⊂ A.
402 Ex.: 8 x 6 = 48.
A multiplicação de números ímpares tem resulta- z Propriedade associativa: quando é feita a adição
do ímpar: de 3 ou mais números, podemos somar 2 deles,
Ex.: 3 x 7 = 21. primeiramente, e a depois somar o outro, em qual-
quer ordem, que vamos obter o mesmo resultado.
A multiplicação de um número par por um núme-
ro ímpar tem resultado par: Ex.: 2 + 3 + 5 = (2 + 3) + 5 = 2 + (3 + 5) = 10
Ex.: 4 x 5 = 20.
z Elemento neutro: o zero é o elemento neutro da
adição, pois qualquer número somado a zero é
NÚMEROS INTEIROS igual a ele mesmo.

Os números inteiros são os números naturais e Ex.: 27 + 0 = 27; 55 + 0 = 55.


seus respectivos opostos (negativos). Veja:
Z = {..., -7, -6, -5, -4, -3, -2, -1, 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, ...} z Propriedade do fechamento: a soma de dois núme-
O símbolo desse conjunto é a letra Z. Uma coisa ros inteiros sempre gera outro número inteiro.
importante é saber que todos os números naturais
são inteiros, mas nem todos os números inteiros são Ex.: a soma dos números inteiros 8 e 2 gera o
naturais. Logo, podemos representar através de dia- número inteiro 10 (8 + 2 = 10).
gramas e afirmar que o conjunto de números naturais
está contido no conjunto de números inteiros ou ain- � Subtração: subtrair dois números é o mesmo que
da que N é um subconjunto de Z. Observe: diminuir, de um deles, o valor do outro. Ou seja,
subtrair 7 de 20 significa retirar 7 de 20, restando
13: 20 – 7 = 13.

Veja mais alguns exemplos:


Subtrair 5 de 16: 16 -5 = 11
30 subtraído de 10: 30 – 10 = 20

Z N As principais propriedades da operação de subtração:

z Propriedade comutativa: como a ordem dos núme-


ros altera o resultado, a subtração de números não
possui a propriedade comutativa.

Ex.: 250 – 120 = 130 e 120 – 250 = -130.


Podemos destacar alguns subconjuntos de núme-
ros. Veja: z Propriedade associativa: não há essa propriedade
na subtração.
z Números Inteiros não negativos = {4,5,6...}. Veja z Elemento neutro: o zero é o elemento neutro da
que são os números naturais. subtração, pois, ao subtrair zero de qualquer
número, este número permanecerá inalterado.
z Números Inteiros não positivos = {… -3, -2, -1, 0}.
Veja que o zero também faz parte deste conjunto,
Ex.: 13 – 0 = 13.
pois ele não é positivo nem negativo.
z Números inteiros negativos = {… -3, -2, -1}. O zero z Propriedade do fechamento: a subtração de dois
não faz parte. números inteiros sempre gera outro número inteiro.
z Números inteiros positivos = {5, 6, 7...}. Novamen-
te, o zero não faz parte. Ex.: 33 – 10 = 23.

Operações com números inteiros Multiplicação: a multiplicação funciona como se


fosse uma repetição de adições. Veja:
Há quatro operações básicas que podemos efetuar
com estes números são: adição, subtração, multiplica- A multiplicação 20 x 3 é igual à soma do número 20
ção e divisão. três vezes (20 + 20 + 20), ou à soma do número 3 vinte
vezes (3 + 3 + 3 + ... + 3).
z Adição: é dada pela soma de dois números. Ou Algo que é muito importante e você deve lembrar
sempre, são as regras de sinais na multiplicação de
seja, a adição de 20 e 5 é: 20 + 5 = 25
números.
Veja mais alguns exemplos:
SINAIS NA MULTIPLICAÇÃO
MATEMÁTICA

Adição de 15 e 3: 15 + 3 = 18
Adição de 55 e 30: 55 + 30 = 85 Operações Resultados

Principais propriedades da operação de adição: + + +

- - +
z Propriedade comutativa: a ordem dos números
não altera a soma. + - -

- + -
Ex.: 115 + 35 é igual a 35 + 115. 403
Dica z A divisão de números de mesmo sinal tem resulta-
do positivo.
� A multiplicação de números de mesmo sinal
tem resultado positivo.
Ex.: 60 ÷ 3 = 20; (-45) ÷ (-15) = 3
Ex.: 51 × 2 = 102; (-33) × (-3) = 99
� A multiplicação de números de sinais diferen- z A divisão de números de sinais diferentes tem
tes tem resultado negativo. resultado negativo.
Ex.: 25 × (-4) = -100; (-15) × 5 = -75
Ex.: 25 ÷ (-5) = -5; (-120) ÷ 5 = -24
As principais propriedades da operação de
multiplicação. Esquematizando:

z Propriedade comutativa: A x B é igual a B x A, ou Dividendo


seja, a ordem não altera o resultado. Divisor

30 5
Ex.: 8 x 5 = 5 x 8 = 40. 0 6

z Propriedade associativa: (A x B) x C é igual a (C x B) Resto Quociente


x A, que é igual a (A x C) x B.
Dividendo = Divisor × Quociente + Resto
Ex.: (3 x 4) x 2 = 3 x (4 x 2) = (3 x 2) x 4 = 24. 30 = 5 · 6 + 0

z Elemento neutro: a unidade (1) é o elemento neu- As principais propriedades da operação de divisão.
tro da multiplicação, pois ao multiplicar 1 por Propriedade comutativa: a divisão não possui essa
qualquer número, este número permanecerá propriedade.
inalterado.
z Propriedade associativa: a divisão não possui essa
Ex.: 15 x 1 = 15. propriedade.
z Elemento neutro: a unidade (1) é o elemento neu-
z Propriedade do fechamento: a multiplicação de tro da divisão, pois ao dividir qualquer número
números inteiros sempre gera um número inteiro. por 1, o resultado será o próprio número.

Ex.: 9 x 5 = 45 Ex.: 15 / 1 = 15.

z Propriedade distributiva: essa propriedade é z Propriedade do fechamento: aqui chegamos em


exclusiva da multiplicação. Veja como fica: Ax(B+C) uma diferença enorme dentro das operações de
= (AxB) + (AxC) números inteiros, pois a divisão não possui essa
propriedade. Uma vez que ao dividir números
Ex.: 3x(5+7) = 3x(12) = 36
inteiros podemos obter resultados fracionários ou
Usando a propriedade:
decimais.
3x(5+7) = 3x5 + 3x7 = 15+21 = 36
Ex.: 2 / 10 = 0,2 (não pertence ao conjunto dos
z Divisão: quando dividimos A por B, queremos
números inteiros).
repartir a quantidade A em partes de mesmo
valor, sendo um total de B partes. NÚMEROS PRIMOS, MDC E MMC

Ex.: Ao dividirmos 50 por 10, queremos dividir 50 O máximo divisor comum e o mínimo múltiplo
em 10 partes de mesmo valor. Ou seja, nesse caso tere- comum são ferramentas extremamente importantes
mos 10 partes de 5 unidades, pois se multiplicarmos 10 na matemática. Por meio deles, podemos resolver
x 5 = 50. Ou ainda podemos somar 5 unidades 10 vezes alguns problemas simples, além de utilizar seus con-
consecutivas, ou seja, 5+5+5+5+5+5+5+5+5+5=50. ceitos em outros temas, como frações, simplicação de
Algo que é muito importante e você deve lembrar fatoriais, etc.
sempre, são as regras de sinais na divisão de números. Porém, antes de iniciarmos a apresentar esta teo-
ria, é importante conhecermos primeiramente uma
SINAIS NA DIVISÃO classe de números muito importante: os números
Operações Resultados primos.

+ + + NÚMEROS PRIMOS
- - +
Um número natural é definido como primo se ele tem
+ - - exatamente dois divisores: o número um e ele mesmo. Já
nos inteiros, p ∈ Z é um primo se ele tem exatamente qua-
- + -
404 tro divisores: ± 1 e ± p.
Importante! Um número natural tem uma quantidade finita
Por definição, 0, 1 e − 1 não são números primos. de divisores. Por exemplo, o número 6 poderá ter no
máximo 6 divisores, pois trabalhando no conjunto
dos números naturais não podemos dividir 6 por um
Existem infinitos números primos, como demons- número maior do que ele. Os divisores naturais de 6
trado por Euclides por volta de 300 a.C.. A propriedade são os números 1, 2, 3, 6, o que significa que o número
de ser um primo é chamada “primalidade”, e a pala- 6 tem 4 divisores.
vra “primo” também é utilizada como substantivo ou
adjetivo. Como “dois” é o único número primo par, o MDC
termo “primo ímpar” refere-se a todo primo maior do
que dois.
Agora que sabemos o que são números primos,
O conceito de número primo é muito importante
múltiplos e divisores, vamos ao MDC. O máximo divi-
na teoria dos números. Um dos resultados da teoria
sor comum de dois ou mais números é o maior núme-
dos números é o Teorema Fundamental da Aritmética,
que afirma que qualquer número natural diferente de ro que é divisor comum de todos os números dados.
1 pode ser escrito de forma única (desconsiderando a Ex.: Encontrar o MDC entre 18 e 24.
ordem) como um produto de números primos (chama-
dos fatores primos): este processo se chama decom- Divisores naturais de 18: D(18)= {1,2,3,6,9,18}.
posição em fatores primos (fatoração). É exatamente Divisores naturais de 24: D(24)= {1,2,3,4,6,8,12,24}.
este conceito que utilizaremos no MDC e MMC. Para
caráter de memorização, seguem os 100 primeiros Pode-se escrever, agora, os divisores comuns a 18 e 24:
números primos positivos. Recomenda-se que memo- D(18) ∩ D (24) = {1,2,3,6}
rizem ao menos os 10 primeiros para MDC e MMC: Observando os divisores comuns, podemos identificar
o maior divisor comum dos números 18 e 24, ou seja: MDC
2, 3, 5, 7, 11, 13, 17, 19, 23, 29, 31, 37, 41, 43, 47, 53, (18,24) = 6.
59, 61, 67, 71, 73, 79, 83, 89, 97, 101, 103, 107, 109, 113, Outra técnica para o cálculo do MDC:
127, 131, 137, 139, 149, 151, 157, 163, 167, 173, 179, 181, Decomposição em fatores primos: Para obter o MDC
191, 193, 197, 199, 211, 223, 227, 229, 233, 239, 241, 251,
de dois ou mais números por esse processo, procede-se
257, 263, 269, 271, 277, 281, 283, 293, 307, 311, 313, 317,
da seguinte maneira:
331, 337, 347, 349, 353, 359, 367, 373, 379, 383, 389, 397,
Decompõe-se cada número dado em fatores primos.
401, 409, 419, 421, 431, 433, 439, 443, 449, 457, 461, 463,
467, 479, 487, 491, 499, 503, 509, 521, 523, 541. O MDC é o produto dos fatores comuns obtidos,
cada um deles elevado ao seu menor expoente.
MÚLTIPLOS E DIVISORES Exemplo: Achar o MDC entre 300 e 504.

Diz-se que um número natural a é múltiplo de 300 2 504 2 300 = 2² · 3 · 5²


outro natural b, se existe um número natural k tal que:
150 2 252 2 504 = 2³· 3² · 7
a=k·b 75 3 126 2
25 5 63 3 mdc (300,504) = 2² · 3 = 4 · 3 = 12
Ex.: 15 é múltiplo de 5, pois 15 = 3 · 5 5 5 21 3

Quando a = k · b, segue que a é múltiplo de b, mas 1 7 7


também, a é múltiplo de k, como é o caso do número 1
35 que é múltiplo de 5 e de 7, pois: 35 = 7 · 5.
Quando a = k · b , então, a é múltiplo de b e se MMC
conhecemos b e queremos obter todos os seus múlti-
plos, basta fazer k assumir todos os números naturais O mínimo múltiplo comum de dois ou mais núme-
possíveis. ros é o menor número positivo que é múltiplo comum
Como conclusão às assertivas propostas acima, de todos os números dados. Consideremos:
tem-se que: Ex.: Encontrar o MMC entre 8 e 6.

z Um número b é sempre múltiplo dele mesmo: Múltiplos positivos de 6: M ( 6 ) = {6, 12, 18, 24, 30,
Ex.: a = 1 · b ↔ a=b .
36, 42, 48, 54,...}
z Para obter os múltiplos de dois, isto é, os números
Múltiplos positivos de 8: M( 8 ) = { 8, 16, 24, 32 ,40,
MATEMÁTICA

da forma a = k · 2, k seria substituído por todos os


48, 56, 64,...}
números naturais possíveis.

A definição de divisor está relacionada com a de Podem-se escrever, agora, os múltiplos positivos
múltiplo. comuns: M(6) ∩ M(8) = {24,48,72,...)}
Um número natural b é divisor do número natural Observando os múltiplos comuns, pode-se identifi-
a, se a é múltiplo de b. car o mínimo múltiplo comum dos números 6 e 8, ou
Ex.: 3 é divisor de 15, pois , logo 15 = 3 · 5 é múltiplo seja:mmc(6,8) = 24 .
de 3 e também é múltiplo de 5. Outra técnica para o cálculo do MMC: 405
Decomposição isolada em fatores primos: para Números Opostos: Dizemos que:
obter o MMC de dois ou mais números por esse pro-
cesso, procedemos da seguinte maneira:
3 3
– e
z Decompomos cada número dado em fatores primos. 2 2
z O MMC é o produto dos fatores comuns e não-co-
muns, cada um deles elevado ao seu maior expoente. São números racionais opostos ou simétricos e
cada um deles é o oposto do outro.
Ex.: Achar o MMC entre 18 e 120. As distâncias dos pontos:

18 2 120 2 3 3
– e
9 3 60 2 2 2
3 3 30 2
Ao ponto zero da reta são iguais.
1 15 3
5 5 Soma (Adição) de Números Racionais
1
Como todo número racional é uma fração ou pode
18 = 2 · 3² ser escrito na forma de uma fração, definimos a adi-
120 = 2³· 3 · 5 ção entre os números racionais:
mdc (18,120) = 2³ · 3² · 5 = 8·9·5=360

CONJUNTO DOS NÚMEROS RACIONAIS a c


e
b d
Um número racional é o que pode ser escrito na
forma: Da mesma forma que a soma de frações, através de:

m a c a·d+b·c
+ =
n b d b·d

Onde m e n são números inteiros, sendo que deve Propriedades da Adição de Números Racionais
ser diferente de zero. Frequentemente, usamos:
O conjunto Q é fechado para a operação de adição,
m isto é, a soma de dois números racionais resulta em
n um número racional.
Associativa: Para todos a,b,c em Q: a + (b + c) = (a
Para significar a divisão de m por n . + b) + c
Como podemos observar, números racionais Comutativa: Para todos a,b em Q: a + b = b + a
podem ser obtidos através da razão entre dois núme- Elemento neutro: Existe 0 em Q, que adicionado a
ros inteiros, razão pela qual, o conjunto de todos os todo q em Q, proporciona o próprio q, isto é: q + 0 = q
números racionais é denotado por Q. Assim, é comum Elemento oposto: Para todo q em Q, existe -q em Q,
encontrarmos na literatura a notação: tal que q + (-q) = 0

Q= { m
n
: m e n em Z, n diferente de zero } Subtração de Números Racionais

A subtração de dois números racionais p e q é a


própria operação de adição do número p com o oposto
No conjunto Q destacamos os seguintes subconjuntos:
de q, isto é: p - q = p + (-q).
Q* = conjunto dos racionais não nulos;
Multiplicação (Produto) de Números Racionais
Q+ = conjunto dos racionais não negativos;
Q*+ = conjunto dos racionais positivos;
Q- = conjunto dos racionais não positivos; Como todo número racional é uma fração ou pode
Q*- = conjunto dos racionais negativos. ser escrito na forma de uma fração, definimos o pro-
duto de dois números racionais:
Módulo ou valor absoluto: É a distância do pon-
to que representa esse número ao ponto de abscissa a c
zero. e
Exemplo: Módulo de: b d

| | | |
Da mesma forma que o produto de frações, através
3 3 3 3
– é Indica-se – = de:
2 2 2 2

406
Módulo de +
3
2
é
3
2
Indica-se | | | |
3
2
=
3
2
a
b
·
c
d
=
a·c
b·d
O produto dos números racionais e também pode Potenciação de Números Racionais
ser indicado por a X b, a.b ou ainda ab sem nenhum
sinal entre as letras. A potência qn do número racional é um produto
Para realizar a multiplicação de números racio- de fatores iguais. O número q é denominado a base e
nais, devemos obedecer à mesma regra de sinais que o número n é o expoente.
vale em toda a Matemática:
pn = q · q · q · q · ... · q. (q aparece n vezes)
(+1) · (+1) = (+1) – Positivo · Positivo = Positivo
(+1) · (-1) = (-1) - Positivo · Negativo = Negativo Exs:
(-1) · (+1) = (-1) - Negativo · Positivo = Negativo
(-1) · (-1) = (+1) – Negativo · Negativo = Positivo

Dica
a) ( ) ( ) ( ) ( )
2
5
3
=
2
5
·
2
5
·
2
5
=
8
125

O produto de dois números com o mesmo sinal


é positivo, mas o produto de dois números com
b) ( ) ( ) ( ) ( )

1
2
3
= –
1
2
· –
1
2
· –
1
2
=
1
8
c) (-5)2 = (-5) · (-5)= 25
sinais diferentes é negativo.
d) (+5)2 = (+5) · (+5) = 25
Propriedades da Multiplicação de Números
Propriedades da Potenciação Aplicadas a Números
Racionais
Racionais:
O conjunto Q é fechado para a multiplicação, isto
Toda potência com expoente 0 é igual a 1.
é, o produto de dois números racionais resulta em um
número racional.
Associativa: para todos a,b,c em Q: a · (b · c) = (a · b) · c
Comutativa: para todos a,b em Q: a · b = b · a
( ) +
2
5
0
= 1

Elemento neutro: existe 1 em Q, que multiplicado


por todo q em Q, proporciona o próprio q, isto é: q · 1 = q Toda potência com expoente 1 é igual à própria
Elemento inverso: para todo: base.

q
a
b
( )

9
4
1
= –
9
4

Toda potência com expoente negativo de um núme-


ro racional diferente de zero é igual a outra potência
b
Em Q, q diferente de zero, existe: q -1 = que tem a base igual ao inverso da base anterior e o
a expoente igual ao oposto do expoente anterior.

( ) ( )
a b –2 2
Em Q, q · q-1 = 1, ou seja, ⨯ =1 3 5 25
b a – = – =
5 3 9

Distributiva: para todos a, b, c em Q: a · (b + c) = (a Toda potência com expoente ímpar tem o mesmo
· b) + (a · c) sinal da base.

( ) ( ) ( ) ( )
Divisão de Números Racionais
2 3
2 2 2 8
= · · =
3 3 3 3 27
A divisão de dois números racionais p e q é a pró-
pria operação de multiplicação do número p pelo
Toda potência com expoente par é um número
inverso de q, isto é: p ÷ q = p q-1
positivo.
De maneira prática costuma-se dizer que em uma

( ) ( ) ( )
divisão de duas frações, conserva-se a primeira fração
2
e multiplica-se pelo inverso da segunda: 1 1 1 1
– = – · – =
5 5 5 25
a c a d a·d
÷ = · = Produto de potências de mesma base. Para redu-
b d b c b·c zir um produto de potências de mesma base a uma só
potência, conservamos a base e somamos os expoentes.
Observação: É possível encontrar divisão de fra-

( ) ( ) ( )( )
MATEMÁTICA

ções da seguinte forma: 2 2


2 3
2 2 2 2 2
· = · · · · =
5 5 5 5 5 5 5

( ) ( )
a
2 2+3
2 5

h =
5 5
c
d Quociente de potências de mesma base. Para redu-
zir um quociente de potências de mesma base a uma só
O procedimento de cálculo é o mesmo. potência, conservamos a base e subtraímos os expoentes. 407
( ) ( ) 3
2
5
÷
3
2
5
=
Importante!
Um número racional, quando elevado ao qua-

( )
3 3 3 3 3 drado, dá o número zero ou um número racional
· · · · positivo. Logo, os números racionais negativos
2 2 2 2 2 não têm raiz quadrada em .Q
=
3 3
·
2 2 100
O número: – não tem raiz quadrada em:

( ) ( )
5–2 9
3 3 3
=
3 2 10 10
Q, pois tanto – como +
3 3
Potência de Potência. Para reduzir uma potência
de potência a uma potência de um só expoente, con- 100
quando elevados ao quadrado, dão
servamos a base e multiplicamos os expoentes. 9

[( ) ] ( ) ( ) ( )
3
2
2 3
=
3
2
2
·
3
2
2
3
2
2
=
Um número racional positivo só tem raiz quadra-
da no conjunto dos números racionais se ele for um
quadrado perfeito. O número:

( ) ( ) 3
2
2+2+2
=
3
2
6

2
3
Radiciação de Números Racionais
Não tem raiz quadrada em Q, pois não existe
Se um número representa um produto de dois ou número racional que elevado ao quadrado dê:
mais fatores iguais, então, cada fator é chamado raiz
do número. Vejamos alguns exemplos:
2
Ex: 3
4 Representa o produto 2 2 ou 22. Logo, 2 é a raiz
quadrada de 4. Indica-se: √4 = 2 FATORAÇÃO

A fatoração serve para simplificar equações e


Ex:
expressões algébricas. Veja as maneiras que podemos
fazer a fatoração.
1
9 Fatoração com menor número primo

Representa o produto: O nosso objetivo principal aqui é utilizar os meno-


res números primos para simplificar até o máximo
possível o número em questão. Veja:
1
3
·
1
3
ou ( ) 1
3
2
,Logo
1
3
é a raiz quadrada de:
180 | 2


90 | 2
1 1 1 45 | 3
, Indica-se 9 = 15 | 3
3 3 5|5
1
Ex: Forma fatorada do número 180 = 2×2×3×3×5.
0,216 Representa o produto 0,6 · 0,6 · 0,6 ou (0,6)3.
Logo, 0,6 é a raiz cúbica de 0,216. Indica-se ∛0,216 = Fatoração por fator comum em evidência
0,6.
Nosso foco é observar qual o número que se repete
Assim, podemos construir o diagrama: nos termos e colocá-lo em evidência. Veja:
7x + 7y
Podemos notar que o número 7 é comum nos dois
termos, portanto, podemos destacá-lo:
7x + 7y = 7 (x + y)
Agora veja esse outro exemplo:
14x + 28y = 7 (2x + 4y)
Colocamos o 7 em evidência porque ele é divisor
comum do 14 e 28 ao mesmo tempo.

Fatoração por agrupamento de termos semelhantes

Nosso principal objetivo é juntar os termos comuns


em partes da expressão, ou seja, essa fatoração é uti-
lizada quando um elemento não é comum a todos os
408 termos. Veja:
5x + 10x + 5y + 10y Ex.: 385
Note que o x é comum nos dois primeiros termos e Dobra o algarismo das unidades: 5 x 2 = 10
o y nos dois últimos. Logo, podemos destacá-los assim: Subtrai o resto do número: 38 – 10 = 28
5x + 10x + 5y + 10y = x (5+10) + y (5+10) O resultado é divisível por 7? Sim, pois 28/7 = 4
Ainda podemos simplificar, pois agora existe outro Logo, 385 é divisível por 7.
fator comum que é (5 + 10). 385/7 = 55
x (5+10) + y (5+10) = (5+10) + (x + y)
Logo, podemos dizer que:
Divisibilidade por 8
5x + 10x + 5y + 10y = (5+10) + (x + y).
Se os três últimos algarismos forem divisíveis por
NÚMERO DE DIVISORES
8 ou for número terminado em 000, então esse núme-
ro será divisível por 8.
Quando temos problemas que envolvem divisão,
sabe-se que precisamos de uma maneira mais eficien- Ex.: 2000/8 = 250
te e simples para poder achar o resultado. Pensando Ex.: 1256 é divisível por 8, pois os três últimos alga-
nisso, temos as regras de divisibilidade, ou seja, ferra- rismos “256” é divisível por 8, ou seja, 256/8 = 32
mentas que nos ajudam nas operações de divisão. Há Logo, 1256/8 = 157
apenas duas opções em relação ao resultado: a respos-
ta é exata ou não. Vejamos as diversas regras: Divisibilidade por 9

Divisibilidade por 2 Um número é divisível por 9 quando a soma dos


seus algarismos é divisível por 9.
Um número é divisível por 2 quando ele é par, ou Ex.: 5238 é divisível por 9?
seja, todos os números em que o último algarismo é 0, Somando os algarismos: 5 + 2 + 3 + 8 = 18 (18 é
2, 4, 6 ou 8. divisível por 9)
Ex.: 256 / 2 = 128 Logo, 5238 é divisível por 9.
5238/9 = 582
Divisibilidade por 3
Divisibilidade por 10
Um número é divisível por 3 quando a soma dos
seus algarismos é divisível por 3. Todos os números terminados em 0 são divisíveis
Ex.: 1236 é divisível por 3?
por 10.
Somando os algarismos: 1 + 2 + 3 + 6 = 12 (12 é
divisível por 3) Ex.: 1130/10 = 113
Logo, 1236 é divisível por 3.
1236/3 = 412 MÍNIMO MÚLTIPLO COMUM

Divisibilidade por 4 Os múltiplos de um número X são aqueles núme-


ros que podem ser obtidos multiplicando X por outro
Um número é divisível por 4 quando os dois últi- número natural. Agora observe o seguinte os múlti-
mos algarismos também são divisíveis por 4 ou nos plos dos números 4 e 6:
números terminados em 00. M(4) = 4,8,12,16,20,24,28,32,36,...
Ex.: 3664 é divisível por 4, pois os dois últimos alga- M(6) = 6,12,18,24,30,36,42,...
rismos, ou seja, “64” é divisível por 4. Quais são os múltiplos iguais (comuns) entre os
Logo, 3664/4 = 916 números? São eles: 12,24,36. E qual o menor deles? É
Ex.: 1500 é divisível por 4, pois o final termina em o número 12.
00.
Sendo assim, o número 12 é o menor múltiplo
Logo, 1500/4 = 375
comum entre 4 e 6, ou seja, o MMC entre 4 e 6 é igual
a 12.
Divisibilidade por 5

Todos os números que possuem como último alga- Cálculo do MMC por fatoração simultânea
rismo os números 0 ou 5 são divisíveis por 5.
Ex.: 550/5 = 110 Podemos calcular o MMC entre 2 ou mais números,
Ex.: 1325/5 = 265 de maneira mais rápida, fazendo a fatoração simultâ-
nea dos dois números. Veja:
Divisibilidade por 6 Ex.: Calcule o MMC entre 6 e 8.

Todos os números que são divisíveis por 2 e por 3 6 – 8 2 (aqui devemos colocar o menor número primo)
simultaneamente são divisíveis por 6.
3 – 4 2 (nesse caso repetimos o nº 3, pois ele não é dividido pelo 2)
Ex.: 366 é divisível por 2 e por 3 ao mesmo tempo,
MATEMÁTICA

então também é divisível por 6. 3–2 2


366/6 = 61 3–1 3
1 – 1 MMC = 2×2×2×3 = 24.
Divisibilidade por 7

Devemos duplicar (dobrar) o algarismo das unida- Logo, o MMC (6 e 8) = 24.


des e subtrair o resto do número. Se o resultado dessa Com esse método é possível calcular o MMC entre
operação for divisível por 7, então o número é divisí- vários números. Vamos exercitar, dessa vez com mais
vel por 7. números. Ex.: Calcule o MMC entre os números 10, 12, 20. 409
10 – 12 – 20 2 (aqui devemos colocar o menor número primo) Os problemas mais comuns que envolvem razão e
proporção é quando se aplica uma variável qualquer
5 – 6 – 10 2 (nesse caso repetimos o nº 3, pois ele não é dividido por 2)
dentro da proporcionalidade e se deseja saber o valor
5–3–5 3 dela. Veja o exemplo:
5–1–5 5
1–1–1 MMC = 2×2×3×5 = 60. 2 x
= ou 2 ÷ 3 = x ÷ 6
3 6
Logo, o MMC (10, 12 e 20) = 60.
Para resolvermos esse tipo de problema devemos
Passos para calcular o MMC (fatoração simultânea):
usar a Propriedade Fundamental da razão e propor-
ção: produto dos meios pelos extremos.
1. Montar uma coluna para os fatores primos e colu-
nas para cada um dos números; Meio: 3 e x
2. Começar a divisão dos números pelo menor fator Extremos: 2 e 6
primo (2) e só ir aumentando quando nenhum dos Logo, devemos fazer a multiplicação entre eles
números puder ser dividido; numa igualdade. Observe:

z Se algum dos números não puder ser dividido, bas- 3·X=2.6


ta copiá-lo para a próxima linha; 3X = 12
z O objetivo é fazer com que todos os números che- X = 12/3
guem ao valor 1; X=4
z O MMC será a multiplicação dos fatores primos
utilizados. Lembre-se de que a maioria dos problemas envol-
vendo esse tema são resolvidos utilizando essa pro-
Pensando um pouco além e olhando para os tipos priedade fundamental. Porém, algumas questões
de questões que aparecem nas provas, devemos ter acabam sendo um pouco mais complexas e pode ser
em mente que o enunciado relacionado a MMC sem- útil conhecer algumas propriedades para facilitar.
pre trará uma ideia de periodicidade, repetição, ciclo Vamos a elas.
de acontecimentos.
Veja um exemplo: Propriedade das Proporções
Na linha de montagem de uma fábrica, há duas
luzes de sinalização, sendo que uma delas pisca a cada z Somas Externas
20 minutos e a outra pisca a cada 35 minutos. Se às
8 horas da manhã as duas luzes piscaram ao mesmo a
=
c
=
a+c
tempo, isso irá ocorrer novamente às? b d b+d
Resolução:
Observe “a cada 20 minutos” e “a cada 35 minu- Vamos entender um pouco melhor resolvendo um
tos”. Aqui temos uma ideia de repetição, pois se por questão-exemplo:
exemplo se a luz que pisca a cada 20 minutos picar às Suponha que uma fábrica vai distribuir um prê-
15h, ela irá piscar novamente depois de 20 minutos, mio de R$10.000 para seus dois empregados (Carlos
ou seja, 15h20. Depois às 15h40, 16h, etc. e Diego). Esse prêmio vai ser dividido de forma pro-
Logo, esse é um tipo clássico de questão sobre porcional ao tempo de serviço deles na fábrica. Carlos
MMC. está há 3 anos na fábrica e Diego está há 2 anos na
fábrica. Quanto cada um vai receber?
Dica Primeiro, devemos montar a proporção. Sejam C
Atente-se para as palavras “a cada”, “em”, “ou” a quantia que Carlos vai receber e D a quantia que
nos enunciados que elas indicam uma ideia de Diego vai receber, temos:
repetição, ciclo e periodicidade.
C D
=
3 2
RAZÃO, PROPORÇÃO E SUAS PROPRIEDADES

A razão entre duas grandezas é igual a divisão Utilizando a propriedade das somas externas:
entre elas, veja:
C D C+D
=
2 3 2 = 3+2
5
Perceba que C + D = 10.000 (as partes somadas),
Ou podemos representar por 2 ÷ 5 (Lê-se 2 está então podemos substituir na proporção:
para 5).
Já a proporção é a igualdade entre razões, veja: C D C+D 10.000
= = = = 2.000
3 2 3+2 5
2 4
=
3 6 Aqui cabe uma observação importante!
Esse valor 2.000, que chamamos de “Constante de
Ou podemos representar por 2 ÷ 3 = 4 ÷ 6 (Lê-se 2 Proporcionalidade”, é que nos mostra o valor real das
410 está para 3 assim como 4 está para 6). partes dentro da proporção. Veja:
C
= 2.000 Porém, como são 2 funcionários na categoria A e 3
3 funcionários na categoria B, podemos escrever que a
soma total dos prêmios é igual a R$13.000.
C = 2000 x 3
C = 6.000 (esse é o valor de Carlos) 2A + 3B = 13.000

D Agora multiplicando em cima e embaixo de um


= 2.000
2 lado por 2 e do outro lado por 3, temos:
D = 2.000 x 2
2A 3B
=
D = 4.000 (esse é o valor de Diego) 4 9

Assim, Carlos vai receber R$6.000 e Diego vai rece- Aplicando a propriedade das somas externas,
ber R$4.000. podemos escrever o seguinte:

z Somas Internas 2A 3B 2A + 3B
= =
4 9 4+9
a c a+b c+d
= = =
b d b d
Substituindo o valor da equação 2A + 3B na pro-
porção, temos:
É possível, ainda, trocar o numerador pelo denomi-
nador ao efetuar essa soma interna, desde que o mes- 2A 3B 2A + 3B 13.000
mo procedimento seja feito do outro lado da proporção. = = = = 1.000
4 9 4+9 13
a c a+b c+d
= = = Logo,
b d a c
2A
Vejamos um exemplo: = 1.000
4
x
=
2 2A = 4 x 1.000
-
14 x 5 2A = 4.000
A = 2.000
x + 14 - x 2+5 Fazendo a mesma resolução em B:
=
x 2 3B
= 1.000
9
14 7
=
x 2 3B = 9 x 1.000
3B = 9.000
7 . x = 2 · 14 B = 3.000
Sendo assim, os funcionários com 2 anos de casa
x=
14 · 2
=4 receberão R$2.000 de bônus. Já os funcionários com 3
7 anos de casa receberão R$3.000 de bônus.
O total pago pela empresa será:
Portanto, encontramos que x = 4. Total = 2.2000 + 3.3000 = 4000 + 9000 = 13000
Agora vamos estudar um tipo de problema que
aparece frequentemente em provas de concursos
Importante! envolvendo razão e proporção.
Vale lembrar que essa propriedade também ser-
Regra da Sociedade diretamente proporcional
ve para subtrações internas.
Um dos tópicos mais comuns em questões de prova
z Soma com Produto por Escalar: é “dividir uma determinada quantia em partes propor-
cionais a determinados números. Vejamos um exemplo
a c a + 2b c + 2d para entendermos melhor como esse assunto é cobrado:
= = = Exemplo:
b d b d
A quantia de 900 mil reais deve ser dividida em
Vejamos um exemplo para melhor entendimento: partes proporcionais aos números 4, 5 e 6. A menor
MATEMÁTICA

Uma empresa vai dividir o prêmio de R$13.000 dessas partes corresponde a:


proporcionalmente ao número de anos trabalhados. Primeiro vamos chamar de X, Y e Z as partes pro-
São dois funcionários que trabalham há 2 anos na porcionais, respectivamente a 4, 5 e 6. Sendo assim, X
empresa e três funcionários que trabalham há 3 anos. é proporcional a 4, Y é proporcional a 5 e Z é propor-
Seja A o prêmio dos funcionários com 2 anos e B o cional a 6, ou seja, podemos representar na forma de
prêmio dos funcionários com 3 anos de empresa, temos: razão. Veja:

A B X Y Z
= = = = constante de proporcionalidade.
2 3 4 5 6 411
Usando uma das propriedades da proporção, somas CONJUNTO DOS NÚMEROS REAIS
externas, temos:
É o conjunto que envolve todos os outros conjuntos,
X+Y+Z 900.000 ou seja, aqui encontramos os números naturais, inteiros
= 60.000 e racionais envolvidos de uma única maneira. Dentro
4+5+6 15
dos números reais podemos envolver todos os outros
números dentro das operações matemáticas, sejam elas
A menor dessas partes é aquela que é proporcional de adição, subtração, multiplicação ou divisão.
a 4, logo: O símbolo desse conjunto é a letra R e podemos
representar por meio de diagramas a relação entre os
X
= 60.000 conjuntos naturais, inteiros, racionais e reais. Veja
4
X = 60.000 x 4
X = 240.000

Inversamente proporcional Q

É um tipo de questão menos recorrente, mas não


menos importante. Consiste em distribuir uma quan- Z N
tia X a três pessoas, de modo que cada uma receba um
quinhão inversamente proporcional a três números.
Vejamos um exemplo:
Exemplo:
Suponha que queiramos dividir 740 mil em partes R
inversamente proporcionais a 4, 5 e 6.
Vamos chamar de X as quantias que devem ser dis-
tribuídas inversamente proporcionais a 4, 5 e 6, res-
pectivamente. Devemos somar as razões e igualar ao
total que dever ser distribuído para facilitar o nosso Operações e propriedades dos números reais
cálculo, veja:
z Adição de números reais: segue a mesma lógica da
X X X adição comum.
+ + = 740.000
4 5 6
Ex.: 15,25 + 5,15 = 20,4
5 + 37,8 + 120 = 162,8
Agora vamos precisar tirar o M.M.C (mínimo múl-
55 + 83 + 205 = 343
tiplo comum) entre os denominadores para resolver-
mos a fração.
z Subtração de números reais: segue a mesma lógica
da subtração comum.
4–5–6|2
2–5–3|2 Ex.: 57,3 – 0,12 = 57,18
1–5–3|3 25 – 63 = -38
1–5–1|5 41 – 0,75 – 4,8 = 35,45
1 – 1 – 1 | 2 x 2 x 3 x 5 = 60
z Multiplicação de números reais: aplicamos o mes-
Assim, dividindo o M. M. C. pelo denominador e
mo procedimento da multiplicação comum.
multiplicando o resultado pelo numerador temos:

15x 12x 10x Ex.: 4,6 × 1,75 = 8,05


+ + 3 × 55 = 165
60 60 60 = 740.000
7 × 2,85 = 19,95
37x
= 740.000 z Divisão de números reais: aplicamos o mesmo pro-
60 cedimento da divisão comum.

X = 1.200.000 Ex.: 5,7 ÷ 1,3 = 4,38


2,8 × 100 = 280
Agora basta substituir o valor de X nas razões para 15 × 51 = 765
achar cada parte da divisão inversa.
NÚMEROS COMPLEXOS
x 1.200.000
= 300.000
4 = 4 Representação (Forma) Algébrica de um Número
Complexo
x 1.200.000
= 240.000
5 = 5
Definição de Número Complexo
x 1.200.000
= 200.000
6 = 6 Denominamos conjunto dos Números Complexos,
representados por ℂ, o conjunto dos pares ordenados
Logo, as partes dividas inversamente proporcio- de números reais, que podem ser escritos na forma:
nais aos números 4, 5 e 6 são, respectivamente 300K,
412 240K e 200K. z = a + bi
Com: A potência in
A potência in é igual a ir, onde r é o resto da divisão
a∈R de n por 4
a∈R
i=√–1
Ex.: Encontre o valor de i75

Onde: Fazendo a divisão do expoente de i pelo método da


chave, temos:
a = Re(z): parte real de z
b = Im(z): parte imaginária de z 75 4
3 18
Partindo da definição, temos as seguintes
consequências:
Veja que o resto da divisão é igual a 3, como in = ir,
logo teremos: i75 = i3 = – i
Se b ≠ 0, o número z = a + bi, é denominado número
imaginário. Igualdade de Números Complexos
Se a = 0 e b ≠ 0, o número z = a + bi, é denominado
número imaginário puro. Dois números complexos serão Iguais se, e somen-
Se b = 0, o número z = a + bi, é denominado número te se, suas partes reais e imaginárias também forem
real. iguais, ou seja:

{
z1 = a1 + b1i e z2 = a2 + b2i
Exs.:
z1 = z2 ⟺ a1 = a2 e b1 = b2
a) z = 4 – 6i, Re(z) = 4 e Im(z) = – 6 (número imaginário).
2i 2 Ex.: Se z1 = a + bi e z2 = – 9 + 4i, determine o valor
b) z = , Re(z) = 0 e Im(z) = (número imaginário
5 5 de a e b, sabendo que z1 = z2
puro).
c) z = 12, Re(z) = 12 e Im(z) = 0 (número real).
Como z1 = z2, temos:
Potências de i
a + bi = – 9 + 4i
Sendo i = √– 1, podemos construir as seguintes
Portanto:
relações para as Potências de i:
a=–9eb=4
i0 = 1

i1 = i Conjugado de um Número Complexo

i2 = (√– 1)2 = –1 Dado um número complexo z = a + bi, chamamos


de Conjugado de z, o complexo z, tal que:
i3 = i2 ‧ i = (– 1) ‧ i = – i

i4 = i2 ‧ i2 = (– 1) ‧ (– 1) = 1 z = a – bi

i5 = i4 ‧ i = 1 ‧ i = i Observe que o conjugado tem apenas o sinal da


parte imaginária trocado e é representado por z.
i6 = i5 ‧ i = i ‧ i = i2 = – 1
i7 = i6 ‧ i = (– 1) ‧ i = – i Exs.:

z = 5 – 2i ⇒ z = 5 + 2i
z=i⇒z=–i
Importante!
z=7⇒z=7
Observe que a cada quatro potências os resul-
tados se repetem, ou seja, as potências de i são Observação: Veja que quando o complexo z tem
cíclicas somente a parte real o conjugado de z (z) será igual a
z. Essa é uma das propriedades do conjugado de um
número complexo, que veremos a seguir.
MATEMÁTICA

Como consequência dessa repetição, podemos con-


cluir que só existem quatro valores possíveis para as Propriedades do Conjugado de um Número
potências de i: Complexo

i0 = 1 i1 = i i2 = – 1 i3 = – i Para todo z ∈ C, temos:

Assim sendo, para encontrar qualquer valor de P1) z + z = 2 ‧ Re(z)


uma potência de i, basta dividir o expoente da potên- P2) z – z = 2 ‧ Im(z) ‧ i
cia e analisar o resto da divisão, ou seja: P3) z = z ⟺ z ∈ R 413
Conjugado da Soma e do Produto Frente à equação acima, é importante que você
não se esqueça que i2 = – 1
Se z1 e z2 são números complexos quaisquer, temos
que: Divisão de Números Complexos

1) z1 + z2 = z1 + z2
Para efetuar a Divisão entre dois números com-
plexos é necessário reescrever a divisão como uma
2) z1 ‧ z2 = z1 ‧ z2
fração e racionalizar o denominador dessa fração.
Adição de Números Complexos Para fazer a racionalização da fração, multiplicamos
o denominador da mesma pelo seu conjugado. Esta é
Sejam dois números complexos z1 = a1 + b1i e z2 = a regra prática para dividir dois números complexos.
a2 + b2i, a Soma z1 + z2 é o número complexo cujo a
z1 z1 z2
parte real é a soma das partes reais de z1 e z2 e a parte = ‧
imaginária é a soma das partes imaginárias de z1 e z2. z2 z2 z2

Ex.: Dados z1 = – 6 + 2i e z2 = 4 + 7i, determine z1 + z2 z1


Ex.: Dados z1 = – 1 + i e z2 = 4 – 2i, determine
z2
z1 + z2 = (– 6 + 2i) + (4 + 7i) z1 (– 1 + i) (4 + 2i) (– 1 ‧ 4 – 1 ‧ 2i + 4 ‧ i + 2 ‧ i2)
z1 + z2 = – 6 + 2i + 4 + 7i = ‧ = =
z2 (4 – 2i) (4 + 2i) 42 – (2i)2
z1 + z2 = – 6 + 4 + 2i + 7i
z1 + z2 = – 2 + 9i [– 4 – 2i + 4i + 2 ‧ (– 1)] (– 4 + 2i – 2) – 6 + 2i
= = =
16 – 4i 2
16 – 4 ‧ (– 1) 16 + 4
Subtração de Números Complexos – 6 + 2i 6 2i 3 i 3 i
=– + =– + =– + i
20 20 20 10 10 10 10
Dados dois números complexos z1 = a1 + b1i e z2 = a2
+ b2i, definimos a Subtração z1 – z2 como: REPRESENTAÇÃO (FORMA) TRIGONOMÉTRICA DE
UM NÚMERO COMPLEXO
z1 – z2 = z1 + (– z2) = (a1 + b1i) + (–a2 – b2i) = (a1 – a2) +
(b1 – b2) ‧ i Norma e Módulo

Apesar do raciocínio ser análogo à adição, ou seja,


Denominamos Norma de um número complexo z
fazemos a operação entre parte real e parte real; e
= a + bi ao número real não negativo N (z) = a2 + b2.
entre parte imaginária e parte imaginária, na sub-
tração é importante se atentar a ordem em que os
números complexos são apresentados. Denominamos Módulo ou Valor Absoluto de um
Para um melhor entendimento da Dica acima, número complexo z = a + bi ao número real não nega-
segue um exemplo. tivo |z| = √N(z) = √a2 + b2 . O módulo de um número
complexo também pode ser representado da seguinte
Ex.: Dados z1 = 3 + i e z2 = – 5 – 2i, determine z1 – z2 maneira: ⍴ ou r.

z1 – z2 = (3 + i) – (5 – 2i) Ex.:
z1 – z2 = 3 + i – 5 + 2i
z1 – z2 = 3 – 5 + i + 2i z = 3 + 2i ⇒ N(z) = 32 + 22 = 9 + 4 = 13 e |z| = √13
z1 – z2 =– 2 + 3i z = – 6i ⇒ N(z) = 3 = 02 + (– 6)2 = 0 + 36 = 36 e |z| = √36 = 6
z = 2 ⇒ N(z) = 22 + 02 = 4 + 0 = 4 e |z| = √4 = 2
z = √21 – i ⇒ N(z) = (√21)2 + (– 1)2 = 21 + 1 = 22 e |z| = √22
Multiplicação de Números Complexos
Módulo do Produto, do Quociente e da Soma de
A Multiplicação entre os números complexos z1 = Números Complexos
a1 + b1i e z2 = a2 + b2i é o complexo z1 ‧ z2, cuja parte
real é o produto das partes reais menos o produto das
Sejam z1 e z2 números complexos quaisquer, então
partes imaginárias, e a parte imaginária é a soma dos
temos que:
produtos da parte real de um deles pela parte imagi-
nária do outro.
1) |z1 ‧ z2| = |z1|‧|z2|
z1 ‧ z2 = (a1 + b1i) ‧ (a2 + b2i) = (a1 ‧ a2 – b1 ‧ b2) + (a1 ‧
z1 |z1|
2) = , (z2 ≠ 0)
b2 + b1 ‧ a2) ‧ i z2 |z2|

Ex.: Dados z1 = 2 + i e z2 = 5 + 3i, determine z1 ‧ z2 3) |z1 + z2| ≤ |z1| + |z2|

z1 ‧ z2 = (2 + i) ‧ (5 + 3i) PLANO DE ARGAND-GAUSS


z1 ‧ z2 = 2 ‧ 5 + 2 ‧ 3i + 5 ‧ i + 3i2
z1 ‧ z2 = 10 + 6i + 5i + 3 ‧ (– 1) Dado um número complexo z = a + bi, a sua repre-
z1 ‧ z2 = 10 – 3 + 11i sentação no Plano de Argand-Gauss é através de um
414 z1 ‧ z2 = 7 + 11i ponto, da seguinte maneira:
lm Multiplicação de Complexos na Forma
Trigonométrica

b z=a+bi Para efetuar a Multiplicação entre dois números


complexos em sua forma trigonométrica, basta multipli-
car os módulos e somar os argumentos (se for o caso,
|z|=p tomar a menor determinação positiva da soma), ou seja:

z1 = ⍴1 ‧ (cos θ1 + i ‧ sen θ1)

θ z2 = ⍴2 ‧ (cos θ2 + i ‧ sen θ2)


0 a Re z1 ‧ z2 = ⍴1 ‧ ⍴2 ‧ [cos (θ1 + θ2) + i ‧ sen (θ1 + θ2)]

Onde:
Ex.: Dados z1 = 2 ‧ ( cos
π
5
+ i ‧ sen
π
5 ) e z2 = 3 ‧
|z|= ⍴ é o módulo de um número complexo

θ é o argumento de um número complexo


( cos

5
+ i ‧ sen

5 )
, calcular z1 ‧ z2

z1 ‧ z2 = ⍴1 ‧ ⍴2 ‧ [cos (θ1 + θ2) + i ‧ sen (θ1 + θ2)]


Utilizando o Teorema de Pitágoras, no triângulo
retângulo, obtido no plano Argand-Gauss, temos que:
[ (
z1 ‧ z2 = 2 ‧ 3 ‧ cos
π
5
+

5 ) + i ‧ sen ( π
5
+

5 )]
⍴ = √a + b

[ ( ) ( )]
2 2

4π 4π
z1 ‧ z2 = 6 ‧ cos + i ‧ sen
Consideremos nesse triângulo retângulo as seguin- 5 5
tes relações:
Divisão de Complexos na Forma Trigonométrica
a
cos θ = ⍴ ⇒ a = ⍴ ‧ cos θ
b
Para efetuar a Divisão entre dois números com-
sen θ = ⍴ ⇒ b = ⍴ ‧ sen θ plexos em sua forma trigonométrica, basta dividir os
módulos e subtrair os argumentos, ou seja:
Sendo θ = arc tg (b/a)
z1 = ⍴1 ‧ (cos θ1 + i ‧ sen θ1)
Como z = a + bi, temos:
z2 = ⍴2 ‧ (cos θ2 + i ‧ sen θ2)
z = ⍴ ‧ cos θ + ( ⍴ ‧ sen θ)i ⇒ z = ⍴ ‧ (cos θ + i ‧ sen θ) z1 ⍴1
z2 = ⍴2 ‧ [cos (θ1 – θ2) + i ‧ sen (θ1 – θ2)]
Esta é a Forma Trigonométrica do complexo z.
Observação: O inverso de um número complexo é
escrito na forma trigonométrica por:
Ex.: Vamos colocar z = 1 + i na Forma Trigonométrica
z– 1 = ⍴– 1 ‧ [cos (– θ) + i ‧ sen (– θ)]
Se z = 1 + i, logo a = 1 e b = 1

Calculando o módulo de z, temos: Ex.: Dados z1 = 8 ‧ cos



3 (
+ i ‧ sen

3 ) e z2 = 4 ‧

( )
2π 2π z1
⍴ = √a2 + b2 = √12 + 12 = √1 + 1 = √2 cos + i ‧ sen , calcular z
3 3 2

Calculando o argumento de z, temos: z1 ⍴1

}
= ‧ [cos (θ1 – θ2) + i ‧ sen (θ1 – θ2)]
z2 ⍴2
a 1 1 √2 √2
cos θ = = = ‧ = θ = 45º (porque o ponto
[ ( ) ( )]
⍴ √2 √2 √2 2 z1 8 5π 2π 5π 2π
⇒ P(1,1) pertence ao cos – –
sen θ =
b
⍴ =
1
=
1 √2 √2
‧ = primeiro quadrante) z2 = 4 ‧ 3 3
+ i ‧ sen
3 3
√2 √2 √2 2

[ ( ) ( )]
z1 3π 3π
cos + i ‧ sen
Logo: z2 = 2 ‧ 3 3
z1
z = ⍴ ‧ (cos θ + i ‧ sen θ) = 2 ‧ (cos π + i ‧ sen π)
z2
z = √2 ‧ (cos 45º + i ‧ sen 45º)
MATEMÁTICA

O valor de θ, pode ser representado em graus ou POTENCIAÇÃO DE NÚMEROS COMPLEXOS


radianos, por se tratar da medida de um ângulo. Em
muitos casos é mais simples trabalhar com graus ao A forma trigonométrica se torna muito útil para
invés de radianos, levando em conta os valores do o cálculo de Potência de um número complexo. Para
seno e cosseno dos ângulos notáveis (30º, 45° e 60°). elevar um complexo a um expoente, basta elevar o
Neste contexto, uma outra resposta possível para o módulo a esse expoente e multiplicar o argumento
exemplo acima seria: pelo mesmo expoente, ou seja:
z = √2 ‧ ( cos
π
4
+ i ‧ sen
π
4 ) zn = ⍴n ‧ [cos (n ‧ θ) + i ‧ sen (n ‧ θ)] 415
A fórmula acima é conhecida como a Primeira Calculando o argumento de z, temos:
Fórmula de Moivre.

}
a 0
cos θ = ⍴ = 8 =0
Ex.: Calcule (2 + 2i)5 ⇒ θ = 270°
b –8
sen θ = ⍴ = 8 =–1
Primeiramente vamos passar 2 + 2i para a forma
trigonométrica: Então:

{b = 2
a=2
2 + 2i ⇒ z = ⍴ ‧ (cos θ + i ‧ sen θ) = 8 ‧ (cos 270° + i ‧ sen 270°)

Logo, temos que:


Calculando o módulo de z, temos:
{n = 3, ⍴ = 8, θ = 270° e k = (0,1,2)}
⍴ = √a2 + b2 = √22 + 22 = √4 + 4 = √8 = 2 ‧ √2
Como:
Calculando o argumento de z, temos:

( )
}
θ + 2 ‧ kπ θ + 2 ‧ kπ
n
√z = n√⍴ ‧ cos + i ‧ sen
a 2 1 √2 √2 θ = 45° (porque n n
cos θ = = = ‧ =
⇒ o ponto P(2, 2)
⍴ 2 ‧ √2 √2 √2 2
b 2 1 √2 √2 pertence ao primeiro Teremos:
sen θ = ⍴ = 2 ‧ √2 = √2 ‧ √2 = 2 quadrante)

Então:
n
√z = n√⍴ ‧ ( cos
2kπ + 270°
3
+ i ‧ sen
2kπ + 270°
3 )
z = ⍴ ‧ (cos θ + i ‧ sen θ) = 2 ‧ √2 ‧ (cos 45° + i ‧ sen 45°) Fazendo k = 0, k = 1 e k = 2, teremos portanto:

Logo, temos que: Para k = 0,

( )
(2 + 2i)5 = [2 ‧ √2 ‧ (cos 45° + i ‧ sen 45°)]5 2 ‧ 0 ‧ π + 270° 2 ‧ 0 ‧ π + 270°
(2 + 2i)5 = (2 ‧ √2)5 ‧ (cos 5 ‧ 45° + i ‧ sen 5 ‧ 45°) ∛– 8i = ∛8 ‧ cos + i ‧ sen
3 3

( )
(2 + 2i)5 = 32 ‧ 4 ‧ √2 ‧ (cos 225° + i ‧ sen 225°) 270° 270°
( )
√2 √2 ∛– 8i = 2 ‧ cos + i ‧ sen
(2 + 2i)5 = 128 √2 ‧ – – i 3 3
2 2 ∛– 8i = 2 ‧ (cos 90° + i ‧ sen 90°)
– 128 ‧ √2 ‧ √2 128 ‧ √2 ‧ √2
(2 + 2i)5 = – i ∛– 8i = 2 ‧ (0 + i ‧ 1)
2 2 ∛– 8i = 2i
– 128 ‧ 2 128 ‧ 2
(2 + 2i)5 = – i
2 2 Para k = 1,
(2 + 2i) = – 128 – 128i
5

RADICIAÇÃO DE NÚMEROS COMPLEXOS – ∛– 8i = ∛8 ‧ (


2 ‧ 1 ‧ π + 270°
cos
3
+ i ‧ sen
2 ‧ 1 ‧ π + 270°
3 )
EXTRAÇÃO DE RAÍZES
∛– 8i = 2 ‧ (
cos
2 ‧ 180° + 270°
3
+ i ‧ sen
2 ‧ 180° + 270°
3 )
( )
Para Extrair as Raízes de um número complexo, 360° + 270° 360° + 270°
basta extrair a raiz do módulo ⍴ e dividir o argumento ∛– 8i = 2 ‧ cos + i ‧ sen
3 3

( )
θ + 2 ‧ kπ pelo índice n. Fazendo isso uma vez para 630° 630°
cada raiz (n vezes) em cada vez substituindo sucessi- ∛– 8i = 2 ‧ cos + i ‧ sen
3 3
vamente o valor de k por 0, 1, 2, 3, ... , ou seja: ∛– 8i = 2 ‧ (cos 210° + i ‧ sen 210°)

n
√z = n√⍴ ‧ ( cos
θ + 2 ‧ kπ
n
+ i ‧ sen
θ + 2 ‧ kπ
n
i
) , (k ∈
∛– 8i = 2 ‧ –
√3 1
2
– i
2 ‧ √3 2 ‧ 1
2 ( )
N/ 0 ≤ k ≤ n – 1) ∛– 8i = – – i
2 2
∛– 8i = – √3 – i
A fórmula acima é conhecida como a Segunda
Fórmula de Moivre. Para k = 2,

( )
Ex.: Calcule ∛– 8i 2 ‧ 2 ‧ π + 270° 2 ‧ 2 ‧ π + 270°
∛– 8i = ∛8 ‧ cos + i ‧ sen
3 3

( )
Primeiramente vamos passar – 8i para a forma 4 ‧ 180° + 270° 4 ‧ 180° + 270°
trigonométrica: ∛– 8i = 2 ‧ cos + i ‧ sen
3 3

( )
{
720° + 270° 720° + 270°
a=0 ∛– 8i = 2 ‧ cos + i ‧ sen
3 3

( )
– 8i ⇒
990° 990°
b=–8 ∛– 8i = 2 ‧ cos + i ‧ sen
3 3
∛– 8i = 2 ‧ (cos 330° + i ‧ sen 330°)

( )
Calculando o módulo de z, temos:
√3 1
∛– 8i = 2 ‧ – – i
⍴ = √a² + b² = √0² +(–8)² = √0 + 64 = √64 = 8 2 2
416
2 ‧ √3 2‧1 Para k = 0,
∛– 8i = – i
2 2
∛– 8i = √3 – i
[ (
z0 = 2 ‧ cos
π
6
+0‧
π
3 )
+ i ‧ sen
π
6
+0‧
π
3 ( )]
Portanto:

∛– 8i = {2i, – √3 – i, √3 – i}
[
z0 = 2 ‧ cos
π
6
+ i ‧ sen
π
6
=2‧
2]
√3 1
+2‧ i
2
z0 = √3 + i

Forma Exponencial de um Número Complexo Para k = 1,

[ ( ) ( )]
Um número complexo escrito na forma trigono- π π π π
métrica z = ⍴ ‧ (cos θ + i ‧ sen θ), pode ser escrito na z1 = 2 ‧ cos +1‧ + i ‧ sen +1‧
6 3 6 3

[ ]
Forma Exponencial como:
π π
z1 = 2 ‧ cos + i ‧ sen = 2 ‧ 0 + 2 ‧ 1i
z = ⍴ ‧ eθi 2 2
z1 = 2i
Exemplo: Escreva na forma exponencial o com-

(
plexo: z = 2 ‧ cos
π
4
+ i ‧ sen
π
4 ) Para k = 2,

Se z = ⍴ ‧ e ,
[ (
z2 = 2 ‧ cos
π
6
+2‧
π
3 ) + i ‧ sen
( π
6
+2‧
)]
π
3

[ ] ( )
θi
5π 5π √3 1
π
i z2 = 2 ‧ cos + i ‧ sen =2‧ – +2‧ i
Logo: z = 2 ‧ e 4
6 6 2 2
z2 = – √3 + i
Forma Polar de um Número Complexo
Para k = 3,
Um número complexo na forma trigonométrica z
= ⍴ ‧ (cos θ + i ‧ sen θ), pode ser indicado, de modo sim-
plificado, na Forma Polar: [ (
z3 = 2 ‧ cos
π
6
+3‧
π
3 ) (
+ i ‧ sen
)]π
6
+3‧
π
3

z=⍴θ [
z3 = 2 ‧ cos

6
+ i ‧ sen

6
= 2
] ( ) ( )
‧ –
√3
2
+ 2 ‧
1
– i
2
z3 = – √3 – i
Ex.: Escreva na forma polar o complexo z = 4 ‧ (cos
45° + i ‧ sen 45°) Para k = 4,

Se z = ⍴ θ
Logo: z = 4 45°
[ (
z4 = 2 ‧ cos
π
6
+4‧
π
3 )
+ i ‧ sen
π
6
+4‧
( π
3 )]
Equações Binomiais
[
z4 = 2 ‧ cos

2
+ i ‧ sen

2 ]
= 2 ‧ 0 + 2 ‧ (– 1)i

z4 = – 2i
Denominamos Equação Binomial, toda equação
que pode ser escrita irredutivelmente como a seguir: Para k = 5,

axn + b = 0
[ (
z5 = 2 ‧ cos
π
6
+5‧
π
3 ) π π
+ i ‧ sen
6
+5‧
3 ( )]
Sendo a, b ∈ C, a ≠ 0 e n ∈ N
[
z5 = 2 ‧ cos
11π
6
+ i ‧ sen
11π
6
=2‧
√3
2 ] ( ) ( )
1
+2‧ – i
2
Podemos resolver qualquer equação binomial, iso- z5 = √3 – i
lando xn e aplicando a definição de radiciação em C.
Portanto o conjunto solução da equação x6 + 64 =
Para um melhor entendimento, vamos ver um 0 é:
exemplo a seguir.
Ex.: Vamos calcular as raízes da equação: x6 + 64 S = {√3 + i, 2i, – √3 + i, – √3 – i, – 2i, √3 – i}
=0
Equações Trinomiais
x6 + 64 = ⇒ x6 = – 64 ⇒ x= 6√–64
Denominamos Equação Trinomial, toda equação
Fazendo z = – 64, temos: ⍴ = |z| = 64 e θ = π . que pode ser escrita irredutivelmente como a seguir:
MATEMÁTICA

Logo: ax2n + bxn + c = 0

(
zk = 6√64 ‧ cos
π + 2kπ
6
+ i ‧ sen
π + 2kπ
6 ) Sendo a, b, c ∈ C, a ≠ 0, b ≠ 0 e n ∈ N

[ (
zk = 2 ‧ cos
π
6
+k‧
π
3 )
+ i ‧ sen
π
6 (
+k‧
π
3 )] Podemos resolver qualquer equação trinomial
fazendo o seguinte:

Fazendo k = 0, 1, 2, 3, 4 e 5, teremos: z Dizemos que xn = y; 417


z Encontramos as raízes da equação ay2 + by + c = 0;
z Logo após fazemos a substituição em xn = y1 e xn =
y2, encontrando assim as raízes.
z0 = 2 ‧ ( cos
π
3
+ i ‧ sen
π
3 )
z0 = 1 + i √3

Ex.: Vamos calcular as raízes da equação: x6 + 7x3 Para k = 1,


–8=0

Fazendo x3 = y, temos: y2 + 7y – 8 = 0, z1 = 2 ‧ ( π+2‧1‧π


cos
3
+ i ‧ sen
π+2‧1‧π
3 )
z1 = 2 ‧ (cos π + i ‧ sen π) = 2 ‧ (– 1 + 0)
Resolvendo a equação do segundo grau na variá- z1 = – 2
vel y, temos: y1 = 1 e y2 = – 8
Para k = 2,
Vamos resolver a equação binomial:

xn = y1 ⇒ x3 = 1 ⇒ x = ∛1 z2 = 2 ‧ ( cos
π+2‧2‧π
3
+ i ‧ sen
π+2‧2‧π
3 )
Como z = 1, o valor do seu módulo é 1 e o argumen-
to é zero.
z2 = 2 ‧ ( cos

3
+ i ‧ sen

3 ) (
=2‧
1
2
–i
√3
2 )
z2 = 1 – i√3
Logo teremos:
Logo o conjunto solução da equação x6 + 7x3 – 8 =

zk 1 ‧ ( cos
2kπ
3
+ i ‧ sen
2kπ
3 ) 0, será:

Fazendo k = 0, 1 e 2, teremos:
S=
{ 1, –
1
2
+i
√3
2
1
,– –i
2
√3
2
, 1 + i√3, –2, 1 – i√3
}
Para k = 0,

z0 = 1 ‧ ( 2‧0‧π
cos
3
+ i ‧ sen
2‧0‧π
3 ) FUNÇÕES
z0 = 1 ‧ (cos 0 + i ‧ sen 0) = 1 + 0 DEFINIÇÕES
z0 = 1
O conceito de função é um dos mais importantes
Para k = 1, em toda a matemática. Essa teoria aparece em mui-
tos momentos do nosso cotidiano e seu uso pode ser
z1 = 1 ‧ ( 2‧1‧π
cos
3
+ i ‧ sen
2‧1‧π
3 ) encontrado em diversos assuntos, como por exemplo,
qual seria o preço a ser pago numa conta de luz que
z1 = 1 ‧ cos (2π
3
1
+ i ‧ sen
√3

3 ) depende da quantidade de energia consumida? Ou será
que a temperatura influencia o aumento de vendas de
sorvete? E assim, o seu estudo se torna apropriado para
z1 = – – i que sua aplicação ajude na resolução de problemas.
2 2
Toda vez que temos dois conjuntos e algum tipo de
associação entre eles, que faça corresponder a todo
Para k = 2,
elemento do primeiro conjunto um único elemento do

( )
segundo, ocorre uma função, ou dizemos, que um está
2‧2‧π 2‧2‧π
z2 = 1 ‧ cos + i ‧ sen em função do outro. Podemos representar uma função
3 3

( )
de duas maneiras, tabela ou fórmula. Abaixo segue
4π 4π uma tabela que relaciona dois conjuntos, distância per-
z2 = 1 ‧ cos +i‧
3 3 corrida e valor pago em uma corrida de taxi:
1 √3
z2 = – – i
2 2
DISTÂNCIA PERCORRIDA
10 15 20 25
(KM)
Agora, vamos resolver a equação binomial: x = n

y2 ⇒ x3 = – 8 ⇒ x = ∛– 8 VALOR PAGO (R$) 25 35 45 55


Como z = – 8, o valor do seu módulo é 8 e o argu-
mento é igual a π.
Para toda distância percorrida nesta tabela, existe
Logo teremos: um único correspondente de valor pago por corrida.
Um matemático diria que o valor pago na corrida de

( )
π + 2kπ π + 2kπ taxi está em função da distância percorrida. Se cha-
zk = 2 ‧ cos + i ‧ sen marmos D de distância e VP de valor pago, pode-se
3 3
escrever então a fórmula que represente essa função:
Fazendo k = 0, 1 e 2, teremos: VP = 2D + 5, onde as duas letras na fórmula são as
variáveis, tendo VP variando de acordo com a varia-
Para k = 0, ção de D, isto é, VP está em função de D. A fórmula da
função permite escrever a sua correspondente Tabe-

( )
π+2‧0‧π π+2‧0‧π la, bastando substituir os valores D e obter seus res-
z0 = 2 ‧ cos + i ‧ sen pectivos VP. Podemos dizer ainda, que o valor fixo na
3 3
418 fórmula (cinco) seria o valor da bandeira.
Definição: Uma relação 𝑓 de um conjunto A em um Seja uma função 𝑓: ℕ → ℕ, ou seja, com domínio
conjunto B, ou uma função 𝑓 de A em B, que é denota- e contra domínio nos naturais, definida por y = 𝑓(x)
do por 𝑓: A → B, e apresenta a seguinte propriedade: = x + 2. Seu conjunto imagem é formado por meio da
⩝x ϵ A, existe um único y ϵ B tal que (x, y) ϵ 𝑓. substituição dos valores de x = {0, 1, 2, 3, 4, ...}, perten-
Na figura abaixo, observa-se que as relações 𝑓 e g
cente aos ℕ, em y = 𝑓(x), então para x = 1 → y = 𝑓(1) = 1
não são funções, pois para 𝑓 nem todo elemento de A
tem um respectivo em B. Já para a relação g, não se + 2 = 3, e assim sucessivamente, de modo geral, a Im(
tem todo elemento de A com um único respectivo em 𝑓) = x + 2.
B. A relação h: esta sim é uma função, visto que para
todo elemento de A existe um único respectivo em B,
Importante!
A f B Se tivermos um elemento do conjunto de parti-
da (A) do qual não tem seu respectivo valor em
relação ao conjunto (B), então essa relação não
é função.

O domínio é um subconjunto dos ℝ no qual todas


as operações indicadas em y = 𝑓(x) são possíveis. Para
A g a função abaixo qual seria seu domínio?
B

√x – 2
𝑓(x) =
√3 – x

Assim, o domínio são todos valores possíveis para


x tal que y = 𝑓(x) exista nos reais. Tem-se duas restri-
A ções na função, a primeira que não existe raiz quadra-
H B da negativa e que o denominador não seja nulo. Para
isso faremos:
x – 2 ≥ 0 → x ≥ 2 e 3 – x > 0 → x < 3, note que a
desigualdade do denominador exclui o zero. Assim, a
intersecção dessas duas condições é 2 ≤ x < 3. Logo, o
domínio é D = {x ϵ R| 2 ≤ x < 3}.

Geralmente existe uma expressão y = 𝑓 (x) que


expressa todos os elementos da relação, assim, para
representar uma função 𝑓, de A em B, segundo uma
lei de formação, tem-se:

𝑓 = {(x, y) | x ϵ A, y ϵ B e y = 𝑓 (x)} ou
𝑓: A → B
x ↦ 𝑓(x)

Por exemplo, a função 𝑓, que associa a cada núme-


ro real x ao número 2x é expressa da seguinte forma:

𝑓 = {(x, y) | x ϵ A, y ϵ B e y = 2x} ou
𝑓: A → B
x ↦ 2x

DOMÍNIO, CONTRADOMÍNIO E IMAGEM DA FUNÇÃO Diagrama A e B, em relação ao domínio (D), contra domínio (CD) e
imagem (Im).
O domínio (D) de uma função é sempre o próprio
conjunto de partida, ou seja, é formado por todos os FUNÇÕES INJETORAS, SOBREJETORAS E
possíveis elementos do conjunto A (D=A) e nos gráficos BIJETORAS
MATEMÁTICA

são os valores que a abscissa (eixo x) pode assumir. O


contra domínio (CD=B) é o conjunto de chegada, for-
As funções Injetoras são funções tais que os dis-
mado por todos os elementos do conjunto B e são for-
tintos elementos do domínio se relacionam com dis-
mados por todos os valores que as ordenadas (eixo y)
podem assumir. A imagem (Im) é formada por todos os tintos elementos da imagem, ou seja, dois elementos
elementos do contra domínio que se relacionam com do domínio não podem ter a mesma imagem (Figura
algum elemento do domínio. Assim, quando todo ele- 5a). Uma função 𝑓: ℝ → ℝ dada por 𝑓(x) = 4x é injetora,
mento x ϵ A está associado a um elemento y ϵ B, dize- visto que para x1 ≠ x2tem-se 4x1 ≠ 4x2, logo, 𝑓 (x1) ≠ 𝑓
mos que y é a imagem de x, e denotamos por y = 𝑓(x). (x2). 419
a) Diagrama para funções injetoras

b) Diagrama para funções sobrejetora

Diagramas para funções par (a) e ímpar (b).

Funções de x (𝑓(x) = xn), definidas em 𝑓 : ℝ → ℝ,


com potências pares são funções pares e com potên-
c) Diagrama para funções bijetoras
cias ímpares são funções ímpares, por exemplo, 𝑓(x)
= x2 ou 𝑓(x) = x4 são pares e 𝑓(x) = x3 ou 𝑓(x) = x5 são
ímpares, visto que, 𝑓(x) = x2 = (–x)2 = 𝑓(–x) e 𝑓(–x) = (–x)3
= –x3 = –𝑓(x).
Observando o gráfico de uma função par notamos
que ela é simétrica em relação ao eixo das ordenadas
(eixo y).
Já a função ímpar é simétrica em relação a origem
((x, y) = (0, 0))

FUNÇÕES PERIÓDICAS E COMPOSTAS

Funções periódicas a grosso modo são funções


especiais de fácil identificação visual ou gráfica, onde
As funções Sobrejetoras são funções nas quais se observa uma característica de repetição do decor-
o seu conjunto imagem (Im) é igual ao contra domí- rer da curva em intervalos subsequentes.
nio (CD), isto é, Im=CD=B (Figura 5b). Em funções que Uma função 𝑓 : ℝ → ℝ é dita periódica de tempo T,
aconteçam as duas situações ao mesmo tempo, ou se existe uma constante positiva T tal que 𝑓(x) = 𝑓(x +
T) para todo x ϵ ℝ. Assim, se 𝑓 é periódica de período
seja, a função é Injetora e Sobrejetora, então dizemos
T, então, 𝑓 também é periódica de período nT, onde
que ela é uma função Bijetora (Figura 5c).
n ϵ ℕ, 𝑓(x) = 𝑓(x + T) = 𝑓(x + 2T) = ... = 𝑓(x + nT). Por
exemplo, funções trigonométricas 𝑓(x) =sen(x) e g(x) =
FUNÇÕES PARES E ÍMPARES cos(x), são funções periódicas de período T =2π.
Para que uma função composta 𝑓 com g exista,
Uma função é dita par se, e somente se, 𝑓(x) = cada uma delas 𝑓 e g devem ser funções dentro do
𝑓(–x), para todo x ∊ D, ou seja, valores simétricos de x domínio e contra domínio definido, ou seja, 𝑓: A → B
devem ter a mesma imagem em y. Por outro lado, se a e g: B → C, então para todo x ϵ A temos um único y ϵ
função for definida por 𝑓(–x) = – 𝑓(x), então dizemos a B tal que y = 𝑓(x) e para todo y ϵ B tem-se um único z
função é ímpar. Seja 𝑓:A→B, os diagramas para fun- ϵ C tal que z = 𝑓(y), logo, existe uma função h: A → C,
ções par e ímpar seguem na Figura 6. definida por h(x) = z. Pode-se ainda indicá-la como 𝑓οg
ou h(x) = 𝑓[g(x)].
a) Diagramas para funções pares Assim, sejam as funções 𝑓(x) = x2 + 2 e g(x) = 3x. A
composta de 𝑓οg é dada por 𝑓[g(x)] = 𝑓[3x] = (3x)2 + 2
= 9x2 +2.
Já a composta de gο𝑓 seria: g[𝑓 (x) ] = g[(x2 +2)] =
3(x + 2) = 3x2 + 2.
2

Podemos ainda, conhecendo a composta gο𝑓, vol-


tar para as funções individuais, 𝑓 e g. Supondo 𝑓(x) =
420 2x e 𝑓[g(x)] = x + 3, qual será a função g(x)?
Se 𝑓(x) = 2x então, 𝑓[g(x)] = 2g(x), como temos tam- √x + 1
bém que 𝑓[g(x)] = x + 3, logo: (𝑓/g)(x) =
√x – 4

x+3
𝑓[g(x)] = 2g(x) = x + 3 → g(x) = O domínio da função quociente é D𝑓/g = ]4, +∞[, pois
2 nesse caso o denominador não pode ser nulo.

RELAÇÕES ENTRE FUNÇÕES RAIZ DE UMA FUNÇÃO

A igualdade entre duas funções, é uma relação Raiz, ou raízes de uma função, são também conhe-
entre funções, e é definida da seguinte forma: seja cidas como zero da função, ou seja, é quando o valor de
x tenha imagem, y em zero ou nula, isto é, y = 𝑓(x) = 0.
as funções 𝑓: A → B e g: C → D, são funções iguais se, e
Assim, para determinar a raiz da função y = 2x – 1,
somente se, A = C e B = D e 𝑓(x) = g(x) para todo x ∊ A. basta igualar tal função a zero e isolar o valor de x, logo:
Assim, sendo A = {1, 2, 3} e B = {–2, –1, 0, 1, 2} e as
funções de A em B definidas por:
1
y = 2x – 1 = 0 → 2x = 1 → x =
x2 – 1 2
𝑓(x) = x – 1 e g(x) =
x+1 É raiz da função y = 2x – 1 e o ponto no plano car-
Assim, para o domínio A = {1, 2, 3} tem-se: tesiano será:

𝑓(1) = 1 – 1 = 0 1
𝑓(2) = 2 – 1 = 1 (x, y) = ,0
𝑓(3) = 3 – 1 = 2 2

e FUNÇÃO CONSTANTE, CRESCENTE E DECRESCENTE

Uma relação 𝑓: ℝ → ℝ recebe a denominação de


12 – 1 função constante quando a cada elemento de x ∊ ℝ
g(1) = =0
1+1 associa-se sempre o mesmo elemento c ∊ ℝ, ou seja,
y = 𝑓(x) = c. O gráfico da função constante é uma reta
paralela ao eixo das abcissas (eixo x) passando pelo
22 – 1 ponto (x, y) = (0, c), figura a seguir, assim o conjunto
g(2) = =1
2+1 Imagem (Im) de 𝑓 é Im = {c}.

32 – 1
g(3) = =2
3+1

Como 𝑓(1) = g(1); 𝑓(2) = g(2); 𝑓(3) = g(3) para todo x


∊ A, temos que as funções são iguais.
Função constante 𝑓(x) = c.
Podemos ter outras relações entre funções, como
a soma de duas funções 𝑓 e g definida por:
Assim, temos exemplos de funções constantes como
(𝑓 + g) (x) = 𝑓 (x) + g(x). mostra a figura a seguir.
A diferença entre funções, definida por:
(𝑓 – g) (x) = 𝑓 (x) – g(x).
O produto entre funções:
(𝑓 · g) (x) = 𝑓 (x) · g(x).
E o quociente entre funções:
(𝑓 / g) (x) = 𝑓 (x) / g(x), g(x) ≠ 0.
Em cada uma das operações anteriores o domínio
da função resultante consiste naqueles valores de x
que estão no domínio de cada uma das funções 𝑓 e
g, sendo que quando tivermos o quociente existe a y=4 y=–2
necessidade do denominador ser não nulo e algumas
outras funções também podem ter restrições espe- Exemplos de funções constante.
MATEMÁTICA

cíficas, como por exemplo, a função raiz quadrada


que precisa ser positiva. Logo, o domínio do resulta- Uma função 𝑓: A → B definida por y = 𝑓(x) é dita fun-
do delas deve satisfazer as duas funções ao mesmo ção crescente em um intervalo, se para dois valores
tempo. quaisquer de x1 e x2, pertencentes ao intervalo, se x1 <
Supondo duas funções 𝑓(x) = √x + 1 e g(x) = √x – 4 , os x2então 𝑓(x1) < 𝑓(x2). Ou seja, aumentando os valores de
domínios delas são D𝑓 = [–1, +∞[ e Dg = [4, +∞[, notem x os valores de y também aumentam (Figura 9a).
que raiz quadrada pode assumir somente valores Uma função y = 𝑓(x) = 3x é uma função crescente
positivos incluindo o zero. nos ℝ, visto que para qualquer x1 < x2 → 3x1 < 3x2 para
Se fizermos o quociente delas, teremos: todo {x1, x2} ∊ ℝ. 421
Uma função 𝑓: A → B definida por y = 𝑓(x) é dita AS FUNÇÕES Y= K/X, Y= RAIZ QUADRADA DE X
função decrescente em um intervalo, se para dois E SEUS GRÁFICOS, TRANSLAÇÃO, REFLEXÃO E
valores quaisquer de x1 e x2, pertencentes ao interva- FUNÇÕES
lo, se x1 < x2 então 𝑓(x1) > 𝑓(x2). Ou seja, aumentando
os valores de x os valores de y diminuem (Figura 9b). Função y = k/x
Uma função y = 𝑓(x) = –3x é uma função decres-
cente nos ℝ, visto que para qualquer x1 < x2 → –3x1 > Tem-se um caso particular de Função Racional,
–3x2 para todo {x1, x2} ∊ ℝ. em que x, necessariamente, precisa ser diferente de 0
(zero). O assunto está relacionado à proporcionalida-
de inversa de uma função. Podemos reescrevê-la em
função da constante k, observe a seguir:

y = k/x  k = y . x

Toda função do tipo y = k/x estabelece uma relação


tal que y. x é constante. Dizemos, então, que a varia-
a) b) ção de y é inversamente proporcional à variação de x.

Figura 9. Exemplos de funções crescente (a) e decrescente (b).


Gráfico da Função y = k/x

FUNÇÃO DEFINIDA POR MAIS DE UMA SENTENÇA Quando temos a constante k positiva, o gráfico fica:

Funções definidas por mais de uma sentença


são funções em que cada subdomínio tem uma função
associada a ela e a união desses subdomínios forma
o domínio da função original 𝑓(x). Com isso, conse-
guimos construir o gráfico das funções 𝑓(x) em cada
subdomínio, Figura 10, dois exemplos de funções com
mais de uma sentença e diferentes subdomínios.

a) 𝑓(x) =
{ –x + 1, se x < –2
x2 – 1, se – 2 ≤ x ≤ 1
–x + 1, se x > 1
(Figura 10a);

b) 𝑓(x) = { –x2 + 1, se x < 1


(x – 2)2 – 1, se x ≥ 1
Quando temos a constante k negativa, temos o
seguinte gráfico:

(Figura 10b).

(Figura 10a) Observe o gráfico da função y = k/x para entender


como achar a constante k.

422 (Figura 10b)


Qual será o valor de k para sabermos a lei de for- de x, diminuímos a velocidade de crescimento da
mação da função e qual a ordenada do ponto do gráfi- função.
co que tem abcissa 4?
Veja que, primeiro, é preciso encontrar o valor de Reflexão da Função y = √ x
k, escrevendo-se da seguinte maneira:
k = y . x (já conhecemos dois pontos do gráfico para Dada a função f(x) = √ x e seu gráfico, o gráfico
acharmos o valor de k, ou seja, x = 2 e y = 5). de g(x) = - f (x) trata-se de uma reflexão do gráfico de
Logo, k = 5×2  k = 10.
f(x) = √ x em torno do eixo x, ou seja, g(x) = - √ x .
Temos, então, a função f(x) = 10/x.
Observe no gráfico, a seguir:
Depois, precisa-se encontrar a ordenada referente
à abcissa 4. Para isso, basta substituir o valor de x pelo
número 4. Assim, encontraremos o valor da sua ima-
gem, ou seja, o valor de y. Observe o gráfico a seguir:

f (x) = 10/x
f (4) = 10/4
f (4) = 2,5
Translação da Função y = √ x
Logo, a ordenada vale 2,5.
Quando deslocamos o gráfico original da função
Função y = √x raiz chamamos de translação de uma função raiz.
Observe:
Toda função do tipo y = √x pode ser escrita na for-
ma y = x 1/n (em que n é um número natural), e é cha-
mada por Função Raiz. O domínio de y = x 1/2 serão os
números reais positivos e diferentes de zero, uma vez
que toda a raiz de índice par e radicando negativo
não está definida no conjunto dos números reais.
Observe o gráfico y = x 1/2 , a seguir:

Anteriormente, tem-se o gráfico da função raiz


quadrada de x. Agora, vamos deslocar no gráfico 4
unidades para cima. A representação da nova função
fica: f(x) = √ x + 4.

Extraindo as informações do gráfico, tem-se que:

z A função raiz é crescente e positiva, para qual-


quer valor de x. Observe:
MATEMÁTICA

y = x 1/2
Para x = 1  y = 1 1/2  y = √1 = 1
Para x = 2  y = 2 1/2  y = √2 = 1,4142...

Para x = 2  y = 4 1/2  y = √ 4 = 2

z Seu crescimento é mais significativo para valo-


res pequenos de x. Quando aumentamos o valor 423
Podemos, também, fazer a translação da função
raiz para baixo. Por exemplo, queremos escrever
a função y = 1 - √ x + 2 , a partir da função y = √ x
Extraindo os dados da nova função, sabe-se que há
uma reflexão (devido ao sinal negativo antes do radi-
cal), um deslocamento de 2 unidades para a esquerda
(devido ao número 2 dentro do radical), e um desloca-
mento de 1 unidade para cima. Logo,

FUNÇÃO INVERSA E SEU GRÁFICO

Uma função 𝑓: A → B, bijetora de A em B, ou seja,


distintos elementos do domínio (A) se relacionam com
distintos elementos da imagem (Im) e a Im=CD=B, a
relação inversa de 𝑓 é uma função de 𝑓: B → A, que
denominamos de função inversa e denotada por 𝑓 -1.
Seja uma função 𝑓:A→B, com A = {1, 2, 3, 4} e B = {1, Figura 11. Funções (a) 𝑓(x) = 2x – 1, (b) 𝑓–1(x) = (x + 1)/2 e (c) as
3, 5, 7}, definida por 𝑓(x) = 2x – 1, 𝑓 = {(1, 1), (2, 3), (3, duas funções mais a bissetriz em pontilhado.
5), (4, 7)}. Temos que 𝑓 é bijetora visto que D𝑓 = A e a
Im𝑓 = B. A função inversa de 𝑓 também é uma função
bijetora, visto que para todo y ∊ B existe um único x ∊
A tal que 𝑓–1 = {(y, x) | (x, y) ∊ 𝑓}, onde 𝑓–1 = {(1, 1) | (3, FUNÇÃO LINEAR, AFIM E QUADRÁTICA
2), (5, 3), (7, 4)} D𝑓–1 = B e Im𝑓–1 = A. Logo, a sentença da
FUNÇÃO LINEAR E AFIM
função inversa de 𝑓 é definida por:
A Função Linear é uma aplicação de ℝ → ℝ quan-

{
y+1 do cada elemento x ∊ ℝ associa o elemento ax ∊ ℝ com
𝑓(x) = y = 2x – 1 → 2x = y + 1 → x = a ≠ 0 e constante real, ou seja, 𝑓(x) = ax. a ≠ 0.
2 O gráfico da função linear é uma reta que passa
pela origem e liga os pontos (x, y) = (x, ax) no plano
Logo, se 𝑓 = {(x, y) ∊ A × B | y = 2x – 1}, então: cartesiano (Figura 12).

𝑓–1 = { (y, x) ∊ B × A | x =
y+1
2

O domínio da f é A que é a imagem de f –1, já o


domínio de f–1 é B que é a imagem da f.
Na Figura 11, vemos os gráficos das funções 𝑓 e 𝑓 -1
acima, percebemos pela Figura 11c que eles são simé-
tricos em relação a bissetriz nos quadrantes ímpares
do plano cartesiano. Para construir o gráfico basta
plotar os pontos (x, y) ou (y, x) das duas funções no
424 plano cartesiano e traçar uma reta. Figura 12. Gráfico da Função Linear 𝑓(x) = 2x e o ponto (x, y) = (2, 4).
A aplicação de ℝ → ℝ, quando cada x ∊ ℝ estiver
associado ao elemento (ax + b) ∊ ℝ com a ≠ 0, a e b
constante real, recebe o nome de Função Afim, ou
seja, 𝑓(x) = ax + b; a ≠ 0, onde a é conhecido como coe-
ficiente angular e b como coeficiente linear.
O gráfico para a função afim, 𝑓(x) = ax + b, também
é uma reta, onde o coeficiente angular indica a incli-
nação da reta e o coeficiente linear indica o local em
que a reta corta o eixo das ordenadas (eixo y). Seja a
Assim colocando esses resultados sobre o eixo x, e
função afim, 𝑓(x) = 2x + 1, (x, y) = (0, 1) é o ponto onde a
adicionado os sinais vemos em quais intervalos estão
reta corta o eixo y, com mais um ponto pode-se traçar
os sinais positivos e negativos da função.
a reta que representa a função 𝑓(x). Assim, para x = 1
2º caso: a < 0 (decrescente):
→ y = 3, ou seja, o ponto (x, y) = (1, 3), seu gráfico segue
na Figura 13.
 𝑓(x) = ax + b > 0 → x < – b ;b
Importante!  f ( x=) ax + b > 0 → x > − ;
a a

Uma função afim, 𝑓(x) = ax + b, quando b = 0 , b b
transforma-se na função linear, 𝑓(x) = ax, assim,  𝑓(x)
f ( x=
)= axax+ b+ <b0<→0x→
> –x < − ; ;
dizemos que uma função linear é um caso parti-  a a
cular da função afim.

Seja a função 𝑓(x) = 2x + 1, sua raiz é dada por:

1
2x + 1 = 0 → x = –
2
Figura 13. Gráfico da Função Afim 𝑓(x) = 2x + 1 e o ponto (x, y) = (1, 3).

Como o coeficiente angular é positivo (a = 2 > 0),


Uma Função Afim é crescente sempre que o coe-
então o estudo de sinal de 𝑓(x) será:
ficiente angular for positivo e decrescente quando o
mesmo for negativo.
 x > – 1 → 𝑓(x) > 0 b
SINAL DA FUNÇÃO AFIM  f ( x )
= ax + b > 0 → x > − ;
2 a

O estudo do sinal de uma função 𝑓: A → B definida  xf <(–x= 1 b
) ax 0 0→ x<−
+ b< <
→ 𝑓(x) ;
por y = 𝑓(x), é encontrar para quais valores de x temos  2 a
𝑓(x) > 0, 𝑓(x) < 0 ou 𝑓(x) = 0, com x ∊ D𝑓 .
Inicialmente, identificamos onde a função é igual
a zero, ou seja, encontramos a raiz da função y = 𝑓(x).
Para isso fazemos y = 𝑓(x) = 0, para função afim temos
a raiz sendo:

b
𝑓(x) = ax + b = 0 → x = –
a

Agora, teremos dois casos para estudo do sinal da


INEQUAÇÕES PRODUTO E QUOCIENTE PARA
função afim, um quando o coeficiente angular é posi-
FUNÇÃO AFIM
MATEMÁTICA

tivo (a > 0) outro quando é negativo (a < 0):


1º caso: a > 0 (crescente):
Sejam as funções 𝑓(x) e g(x), as inequações produ-
to delas são dadas por:
 b b 𝑓(x) · g(x) > 0 ou 𝑓(x) · g(x) < 0 ou 𝑓(x) · g(x) ≥ 0 ou
 f ( x==
𝑓(x) ) ax ax →0
+ b+>b0 > x→>–x>− ; ; 𝑓(x) · g(x) ≤ 0
 a a De acordo com a regra de sinais do produto de

 f ( x= b b números reais, temos que (+ × + = +); (– × – = +); (+ × –
𝑓(x) =) ax ax → 0x →
+ b+<b0 < <–x<−; ; = –), assim, um conjunto solução (S) para uma dessas
 a a inequações pode ser encontrado da seguinte forma, 425
seja a inequação produto 𝑓(x) · g(x) > 0, para o produto De acordo com a regra de sinais do quociente de
ser positivo temos duas situações: 𝑓(x) > 0 e g(x) > 0 ou números reais, temos que (+ ÷ + = +); (– ÷ – = +); (+
𝑓(x) < 0 e g(x) < 0. ÷ – = –) e lembrando que o denominador da fração
Assim, para 𝑓(x) > 0 e g(x) > 0 encontramos a solu- não pode ser nulo, assim, um conjunto solução (S)
ção S1 para a 𝑓(x) > 0 e a solução S2 para a g(x) > 0, para uma dessas inequações pode ser encontrado da
chegando na solução geral S1 ⌒ S2. seguinte forma, seja a inequação quociente:
Depois para 𝑓(x) < 0 e g(x) < 0 encontramos a solu-
ção S3 para a 𝑓(x) < 0 e a solução S4 para a g(x) < 0,
chegando na solução geral S3 ⌒ S4 . 𝑓(x)
Por fim, a solução para a inequação produto, 𝑓(x) · ≥0
g(x) > 0, é dada pela união das soluções anteriores,S = g(x)
{S1 ⌒ S2} ◡ { S3 ⌒ S4}. Raciocínio análogo para as outras
inequações produto. Para o produto ser positivo temos duas situações:
Tomemos como exemplo a inequação produto (x +
𝑓(x) ≥ 0 e g(x) > 0 ou 𝑓(x) ≤ 0 e g(x) < 0.
2) (3x – 1) > 0, ou seja, 𝑓(x) · g(x) > 0 → 𝑓(x) = x + 2 e g(x)
Assim, para 𝑓(x) ≥ 0 e g(x) > 0 encontramos a solu-
= 3x – 1, seguindo os dois passos acima temos:
ção S1 para a 𝑓(x) ≥ 0 e a solução S2 para a g(x) > 0,
chegando na solução geral S1 ⌒ S2.
 x+2>0→x>–2 b Depois para 𝑓(x) ≤ 0 e g(x) < 0 encontramos a solu-
 f ( x=) ax + b > 0 → x > − ;
a
ção S3 para a 𝑓(x) ≤ 0 e a solução S4 para a g(x) < 0,
chegando na solução geral S3 ⌒ S4 .
 1
3x b Por fim, a solução para a inequação quociente:
f (–x=
) > 0ax→+x b> < 0 → x < − ;
1
 3 a
𝑓(x)
≥0
g(x)

É dada pela união das soluções anteriores, S = {S1


⌒ S2} ◡ {S3 ⌒ S4}. Raciocínio análogo para as outras
inequações quocientes.
Tomemos como exemplo a inequação quociente:
Logo, a solução para esse primeiro caso é:
(x + 2)

{
S1 ⌒ S2= x∊ℜ|x>
1
{ (3X – 1)
≥1

3
Ou seja,

 x+2<0→x<–2 b
 f ( x=) ax + b > 0 → x > − ; (x + 2) (x + 2) (–2x + 3
 a ≥1→ –1≥0→ ≥0
 (3x – 1) 3x – 1 (3x – 1
 3x
1 b
f (–x1=
)< 0 →ax
x <+ b < 0 → x < − ;

 3 a Assim temos:

𝑓(x)
> 0 → 𝑓(x) = – 2x + 3 e g(x) = 3x – 1
g(x)

Seguindo os dois passos acima temos:

Logo, a solução para esse segundo caso é S3 ⌒ S4 =


{x ∊ ℜ | x < – 2}. Assim, o conjunto solução para inequa-  – 2x + 3 ≥ 0 → x – ≤ 3 b
 f ( x= ) ax + b > 0 → x > − ;
ção produto (x + 2) (3x – 1) > 0 é:  2 a

 f3x(–x1= 1 b
)> 0 ax +b < 0 → x < − ;
{
→x>

S = {S1 ⌒ S2} ◡ {S3 ⌒ S4} = x ∊ ℜ | x < –2 ou x >


1
{ 
 3 a
3

Seja as funções 𝑓(x) e g(x), as inequações quocien-


tes delas são dadas por:

𝑓(x) 𝑓(x) 𝑓(x) 𝑓(x)


> 0 ou < 0 ou ≥ 0 ou ≤0 Logo, a solução para esse primeiro caso é:
g(x) g(x) g(x) g(x)

426
{
S1 ⌒ S2= x∊ℜ|
1
<x≤
3
{ Logo seu gráfico segue na Figura 14.

3 2

 – 2x + 3 ≤ 0 → x – ≥ 3 b
 f ( x=) ax + b > 0 →2 x > − a ;

 f (3xx=)– 1 ax 1 b
< 0+→bx<< 0 → x < − ;
 3 a

Logo, a solução para esse segundo caso é {S3 ⌒


S4} = {∅}. Assim, o conjunto solução para inequação
Figura 14. Gráfico da Função Quadrática 𝑓(x) = x2 – 3x + 2 com
(x v, y v = ^ 2 , – h e raízes (x1, y) = (1, 0); (x2, y) = (2, 0).
quociente: 3 1
vértice: 4
As raízes ou zeros da função quadrática são os valores de x tal que a
(x + 2) 𝑓(x) = ax2 + bx + c = 0.
≥1
(3x – 1)
Pela forma canônica tem-se que a função 𝑓(x) = ax2
+ bx + c pode ser escrita da seguinte forma:
é:

[ ]
2
b ∆

{
S = {S1 ⌒ S2} ◡ {S3 ⌒ S4} = x∊ℜ|
1
<x≤
3
{ 𝑓(x) = a x+
2a

4a2
3 2
Sendo ∆ = b2 – 4ac, o discriminante, igualando essa
Quando se está trabalhando algebricamente com função canônica a zero chegamos nos valores das
uma inequação e no momento que se tem a necessida- raízes:
de de multiplicar por -1 ambos os lados para isolar x,
(–1) · – x ≤ – 3/2 · (–1) , não esqueça de também inver- – b ± √∆
ter o sinal da inequação, ficando nesse caso, x ≥ 3/2 . x=
2a
Funções Quadráticas
Usando essa fórmula chegamos nas raízes da fun-
A Função Quadrática ou do 2º grau é uma apli- ção quadrática, 𝑓(x) = x2 – 3x + 2:
cação de ℝ → ℝ quando cada elemento x ∊ ℝ associa
o elemento (ax2 + bx + c) ∊ ℝ com a ≠ 0, ou seja, 𝑓(x) = ∆ = b2 – 4ac = (–3)2 – 4 · 1 · 2 = 9 – 8 = 1,
ax2 + bx + c; a ≠ 0 e a, b, c ∊ ℜ. Um exemplo de função
quadrática, 𝑓(x) = x2 – 3x + 2; a = 1, b = –3, c = 2.
O gráfico para a função quadrática, 𝑓(x) = ax2 + – (–3) – √1 3–1
x1 = = =2
bx + c, é uma parábola, assim para sua construção é 2·1 2
necessário mais que dois pontos, diferente do visto
anterior na construção da reta. Inicialmente encon- – (–3) + √1 3+1
tra-se os zeros ou raízes da função, o vértice e o pon- x2 = = =2
to de encontro com o eixo y. São três coeficientes na 2·1 2
função quadrática, a, b e c. O primeiro (a) indica se a
concavidade da parábola está voltada para cima (a > Assim, as raízes para a função quadrática são: (x1,
0) ou para baixo (a < 0), já o terceiro (c) indica onde a y) = (1, 0); (x2, y) = (2, 0).
parábola corta o eixo das ordenadas (eixo y), ou seja,
quando x = 0 ou y = c. Seja a função quadrática, 𝑓(x)
Importante!
MATEMÁTICA

= x2 – 3x + 2, (x, y) = (0, 2) é o ponto onde a parábola


corta o eixo y, com mais alguns pontos pode-se traçar
Quando o valor de delta é negativo (∆ < 0) não
a parábola que representa a função 𝑓(x). Assim, as raí-
temos raízes reais, pois raiz quadrada de um
zes da função são y = 0 → x1 = 1; x2 = 2, ou seja, o ponto
número negativo é um número complexo. Quan-
(x1, y) = (1, 0); (x2, y) = (2, 0) e o vértice dado pelo ponto:
do o delta é igual a zero (∆ = 0) as duas raízes
são iguais, ou seja, teremos uma função quadrá-
3 1 tica de raiz unitária. Já para delta positivo (∆ > 0)
(xv, yv) = ,– teremos então a situação de duas raízes reais.
2 4
427
Sinal da Função Quadrática

O estudo do sinal de uma função 𝑓: A → B definida


por y = 𝑓(x), é encontrar para quais valores de x temos
𝑓(x) > 0, 𝑓(x) < 0 ou 𝑓(x) = 0, x ∊ D𝑓 com.
Inicialmente, identificamos onde a função é igual
a zero, ou seja, encontramos a raiz da função y = 𝑓(x). Logo no estudo do sinal da função quadrática 𝑓(x)
Para isso fazemos y = 𝑓(x) = 0, para função quadrática = x2 – 3x + 2, temos que a = 1 > 0 e calculamos o valor
vimos que as raízes são: do delta, ∆ = 1 > 0, e das raízes, x1 1 = e x2 = 2. Assim,
concluímos para o estudo de sinal:
– b ± √∆
x=  b
2a
 f ( x=
𝑓(x) )> 0, ax b |>x0<→
{x ∊+ℜ x x> >−2} ;
1 ou
 a
a>0→ 
Com ∆ = b2 – 4ac.
 𝑓(x) b
Agora, teremos os casos para estudo do sinal da f ( x=
)< 0, ax b |<10<→
{x ∊+ℜ <− ;
x <x2}

 a
função quadrática, quando o coeficiente a é positivo
(a > 0) outro quando é negativo (a <0) e ainda quando
∆ > 0; ∆ < 0 e ∆ = 0 Inequações para Função Quadrática
Para ∆ < 0 temos:
Seja a ≠ 0 as inequações quadráticas são: ax2 + bx
a > 0 → 𝑓(x) >0, ⩝x ∊ ℜ + c > 0, ax2 + bx + c < 0, ax2 + bx + c ≥ 0 ou ax2 + bx + c ≤ 0.
a < 0 → 𝑓(x) < 0, ⩝x ∊ ℜ Resolver a inequação 𝑓(x) = ax2 + bx + c > 0 signifi-
No gráfico da função quadrática com ∆ < 0, como ca encontrar valores de x tal que 𝑓(x) seja positiva. O
não existe raiz real, logo a parábola não corta o eixo resultado para resolver essa inequação é encontrado
x (abscissa). no estudo de sinal da função 𝑓(x) . Assim dependendo
dos valores de a e de delta temos algumas combina-
ções de resultados para solução da 𝑓(x) > 0:

Para ∆ = 0 temos:

a > 0 → 𝑓(x) > 0, ⩝x ∊ ℜ


a < 0 → 𝑓(x) < 0, ⩝x ∊ ℜ

No gráfico da função quadrática com ∆ = 0, as raí-


zes são iguais (raiz unitária), logo a parábola corta o
eixo x (abscissa) em apenas um ponto, nesse ponto a
𝑓(x) = 0.

Para ∆ > 0 temos: No caso de inequação produto faz-se o estudo de


sinal de cada uma das funções quadráticas e define-se
 b como solução de acordo com a regra de sinais do pro-
 ( x=
f𝑓(x))> 0,ax
{x +∊ℜb |>x0<→ x >x >− x2};
x1 ou duto de números reais, temos que (+ × + = +); (– × – =
 a
a>0→  +); (+ × – = –), assim, um conjunto solução (S) para uma
 f𝑓(x) b dessas inequações pode ser encontrada da seguinte
( x=
)< 0,ax ∊b
{x + ℜ< |x01 →
< xx<<x2−} ;

 a forma, seja a inequação produto 𝑓(x) · g(x) > 0, para o
produto ser positivo temos duas situações: 𝑓(x) > 0 e
 b g(x) > 0 ou 𝑓(x) < 0 e g(x) < 0.
 f ( x=
𝑓(x) )> 0, ax b |>x01 <→
{x ∊+ℜ x <xx>2 −
} ; Então seja a inequação produto (x2 – x – 6) · (– x2
 a
a<0→  + 2x – 1) > 0, para achar o conjunto solução primeiro
 𝑓(x) b encontra-se as raízes de cada função 𝑓(x) = x2 – x – 6 e
f ( x=
)< 0, ax b |<x0<→
{x ∊+ℜ x <x−> x2;}
x1 ou

 a g(x) = –x2 + 2x – 1:

 b
No gráfico da função quadrática com ∆ > 0, exis- f ( x=
) ax +b > 0 → x > − ;
 ∆𝑓 = (–1) – 4(1)(–6) = 1 + 24 = 25
2
 a
te as duas raízes reais, logo a parábola corta o eixo x ∆ = b – 4ac →
2 
 f ( x= b
) 2 ax + b < 0 → x < − ;
428 (abscissa) em dois pontos, nesses pontos a 𝑓(x) = 0.  ∆g = (2) – 4(–1)(–1) = 4 – 4 = 0 a

 –(–1) – √25 b g(x) > 0, {x ∊ ℜ | 0 < x < 2}
 fx ( =x=) ax2 +· 1b > 0 =→–2x > − a ;
1
g(x) < 0, {x ∊ ℜ | x < 0 ou x > 2}
𝑓(x) = 0 
 fx ( =x=) –(–1) + √25 b
ax + b < 0 →=3x<− ; Assim, para a inequação quociente ser negativa,
 2
2·1 a 𝑓(x)/g(x) = (2x2 + x – 1) / (–x2 + 2x) < 0, temos duas situa-
 b ções, a primeira com 𝑓(x) > 0 e g(x) < 0. Assim, a solu-


f ( x=) –(2)
ax + b > ± √0
0→ x > −
a
;
ção será:
g(x) = 0  x =x =
 f (1 x=
= 1 b
) 2 ax + b < 0 → x < − ;

 2 · (–1) a
b   b
; − > x f ( x0
→ )> b
= ax++ xab >= (1f
)0x→ x > −
 ;
a   a
b S1 =  x ∊ ℜ | x < – 1 ou x >
  ⌒ {x ∊ ℜ | x < 0 ou x >2}
Para 𝑓(x) = x2 – x – 6, com ∆ > 0 e a > 0: ; − < x →f ( x0
)< b
= ax++ xab <= ) (2f
0x→ 
x < −
b
;
a 
 
 a


f ( x=
)
 𝑓(x) >
 {x ∊+ℜb|>x 0
0, ax →ou
< –2
b
3}a ;
x x>>− = {x ∊ ℜ | x < –1 ou x > 2

 f ( x= b
) {x ∊+ℜb|<–20<→
0, ax x < − ;
 𝑓(x) <
 x <3} a
A segunda para 𝑓(x) < 0 e g(x) > 0. Assim, a solução
será:
Para g(x) = –x2 +2x – 1, com ∆ = 0 e a < 0:
g(x) < 0, ⩝x ∊ ℜ. b   b
; − > x → f0
(x )b+axxa+ b=)> (1f→
x0 x > − ;
Assim, para a inequação produto ser positiva, 𝑓(x) a 

>= 
 a
b S2 =  x ∊ ℜ | – 1 < x < ⌒ { x ∊ ℜ | 0 < x < 2}
 
· g(x) = (x2 – x – 6) · (–x2 + 2x – 1) > 0, sabendo que g(x) < ; − < x →f 0
(x<)b+
= axxa+ b=)<x0  x < −
( f→
b
;
a 
 2 
 a
0, então a 𝑓 também deve ser negativa, 𝑓(x) < 0. Assim,
a solução será S = {x ∊ ℜ |–2 < x < 3}. ;
b 
− > x →0f >
( xb
) + xax
= )
a +=bx>

(1f0→ x > −
b
;
No caso de inequação quociente faz-se o estudo a
=

x∊ℜ|0<x<


a
b b
de sinal de cada uma das funções quadráticas e defi- ;
a

− < x → 0f <


( xb
) + xax
= )
a +=bx<
2 

( f0 → x < −
 a
;
ne-se como solução de acordo com a regra de sinais
do quociente de números reais, temos que (+ ÷ + =
+);(– ÷ – = +);(+ ÷ – = –), assim, um conjunto solução (S) Logo, a solução das inequações quociente (2x2 + x
para uma dessas inequações pode ser encontrada da – 1)/(–x2 + 2x) < 0 é:
seguinte forma, seja a inequação quociente 𝑓(x) / g(x)
> 0, para o quociente ser positivo temos duas situa- 
 f ( x=
b
) ; ax +b
− > > 00→
x → > bx+
>
b
1 x−aa ;=) x ( f


 a 
ções: 𝑓(x) > 0 e g(x) > 0 ou 𝑓(x) < 0 e g(x) < 0. S1 ◡ S2 =  x ∊ ℜ | x < –1 ou 0 < x <
b ou
b x>2

 f ( x=
) ; ax →00→ 
Então seja a inequação quociente (2x2 + x – 1)/(–x2 + 
 a
+b
− < x < < b
2 −aa ;=) x ( f
x+
<x


2x) < 0, para achar o conjunto solução primeiro encon-
tra-se as raízes de cada função 𝑓(x) = 2x2 + x – 1 e g(x) Máximo e Mínimo para Função Quadrática
= – x2 + 2x:
Dizemos que o número yM ∊ Im(𝑓) é o valor máxi-
∆𝑓 = (1)2 – 4(2)(–1) = 1 + 8 = 9 mo ou mínimo da função y = 𝑓(x) se, somente se, yM ≥
∆ = b2 – 4ac → y ou yM ≤ y, respectivamente. Ao valor xM ∊ D𝑓 tal que
∆g = (2)2 – 4(–1)(0) = 4 – 0 = 4 yM = 𝑓(xM) chamamos de ponto máximo ou mínimo da
função. Esse ponto também conhecido como vértice
da função quadrática ou da parábola. Denotamos o
 x = –(1) – √9 = –1 b
 f 1( x=
) ax + b > 0 → x > − ; vértice como:
 2·2 a
𝑓(x) = 0 
b ∆ b −∆
−–b− b–∆
− 
 f ( x=
 x2 =

ax ++ b√9< 0=→ 1x < − ;
) –(1)
a (=
xM , (x ( x(xv ,,yyv )) = VV 
yM, )y ) V==
V ,,  V = ) vy , vx ( V =
) My
2·2 2 M M v v
 a22a
4a a44a2a 

 x = –(2) – √4 = 2 b Para a função quadrática 𝑓(x) = x2 – 3x + 2, o vértice


 f 1( x=
) ax + b > 0 → x > − ;
 2 · (–1) a é dado por:
g(x) = 0 
 f ( x= –(2) + √4 b
 x2 = ) ax + b < 0 →=0x<− ;  ∆−–b−b b−∆
− 
–∆
 a
2 · (–1) (=
xM , yM ) (V(x
V= xv v, ,yyvv)) = VV  ,,  V = ) vy , vx ( V =
) My , Mx
 a22a
4a a44a
2a 
Para 𝑓(x) = 2x2 + x – 1, com ∆ > 0 e a > 0:
−∆ –((–3) –∆4−· 1 b· −2) 
 −–b( –3) 2

(=xM , yM ) V=
( xv , yv ) =VV  , ,   , V = ) vy , vx ( V =
) My ,
MATEMÁTICA

;
b 
( x=
− >xf → )0 >ax
b+ ba> 0
+x =
b
)x
 𝑓(x) b> 0, x ∊ ℜ | x < –1 ou x >
a 


(1fx> −

b
a
;  22a· 1 4 a 
4 · 1  a 4 a 2 
 f ( x= ) axx+f →

bx>)00 → xxb>a<−0=)→
; ( fx< − b ;
 ; a − < 
( = <axb++ x
a 2   a
 ∆ b −∆
−3− b1− 
 b
b b (=xM , y M ) V=( xv , yv ) =VV  , ,– ) vy , vx ( V =
 V = ) My , Mx (
 ;f a( x−= 2
a24
a 4
a42
a
 
)>x + b < 0 → x < −1 ; 
ax  
→ f (0x>
) b ax
= + x+
ab = >) x0(→f x > − ;
 a
 ;
b < 0,  x ∊ ℜ | –1 < x <
 𝑓(x) 
− < x → f (0x<
) b ax
= + x+
ab = < a( →
) x0

f x < −
b
;
a 
 2 
 a

Sendo a = 1 > 0, então a concavidade da parábola


está voltada para cima e o vértice será ponto de míni-
Para g(x) = – x + 2x, com ∆ > 0 e a < 0:
2
mo da função. 429
O vértice de uma função quadrática será ponto de  –(4) – √16 b
máximo da função quando a < 0 e ponto de mínimo
da função quando a > 0.  fx ( =x=) 2 ·ax
1
1
+ b > 0= →
–4 x > − ;
a

 fx ( =x=) –(4) + √16 b
ax + b < 0= →0 x<− ;

2
2·1 a
FUNÇÃO MODULAR
As raízes são –4 e 0, como para a primeira sentença
DEFINIÇÃO, GRÁFICO, DOMÍNIO E IMAGEM o valor de a > 0, então a concavidade é voltada para
cima, e na segunda sentença o valor de a < 0, ou seja,
Uma função 𝑓: ℝ → ℝ definida pela associação de concavidade voltada para baixo. Logo, a solução posi-
cada x ∊ ℝ a 𝑓(x) = |x| ∊ ℝ é denominada Função tiva para a função nas duas sentenças segue o interva-
Modular. lo de x abaixo:
Considerando a definição de módulo de um núme-
ro real, em que para um número x tem-se |x| = x, se x  2 b
 x + 4x, x ≤ –4 e x ≥ 0
f ( x=
) ax + b > 0 → x > − ;
≥ 0 ou |x| = –x, se x < 0, podemos descrever a função  a
modular também da seguinte forma: 𝑓(x) = 
 f (2x= b
) ax + b < 0 → x < − ;
 –x – 4x, –4 < x < 0
 a

 b
 x, se x ≥ 0
 f ( x=
) ax + b > 0 → x > − ;
a Dessa forma construímos o gráfico para x2 + 4x no
𝑓(x) = 
b
 f ( x=
) ax + b < 0 → x < − ; intervalo abaixo de –4 e acima de 0 e para –x2 – 4x no
 – x, se x < 0
 a
intervalo entre –4 e 0 (Figura 16).
As raízes das sentenças definidas pela função
O gráfico para a função modular 𝑓(x) = |x| é defi- modular podem também ser chamadas de ponto (s)
nido pela junção dos dois gráficos da função de duas de inflexão da curva (funções quadráticas) ou da reta
sentenças (x e –x) e resultará em duas semi-retas de (funções lineares ou Afim). Inflexão é um ponto sobre
origem na raiz da função, (x, y) = (0,0), ou seja, essas uma curva na qual a curvatura troca o sinal, nesse
retas são bissetrizes dos primeiro e segundo quadran- caso indo para o lado positivo do eixo y, pois, Im(𝑓)
tes do plano (Figura 15). = 𝔑+.
O domínio da função modular é o conjunto dos
reais, ou seja, para todo x ∊ ℝ, existe um único y ∊
Im(𝑓), sendo que a imagem da função assume somen-
te valores positivos (reais não negativos (ℝ+)). Logo,
Im(𝑓) = ℜ+. Note, que no gráfico da função as retas
ficam acima do eixo x, onde todos valores para y são
positivos (Figura 15).

Figura 16. Gráfico da Função Modular 𝑓(x) = | x2 + 4x|.

EQUAÇÕES MODULARES

Lembrando da definição de módulo de um núme-


Figura 15. Gráfico da Função Modular 𝑓(x) = |x|.
ro real, em que para um número k > 0 tem-se |x| = k
⇔ x = k ou x = –k. Então a solução da equação modu-
Para funções modulares com potência quadrática
lar |x + 2| = 3 é:
como 𝑓(x) = |x2 + 4x|, primeiro divida a função modu-
lar em funções definidas por duas sentenças:
 b
x+2= 3ax
→x
 f ( x=
) +=
b1> 0 → ;
x > −
a
 b |x + 2| = 3 ⇔ 
 f ( x= b
f 2( x=
) ax + b > 0 → x > − ;
 x + 4x
) ax + b < 0 → x < − ;
 a x+2=
 –3 → x = –5 a
𝑓(x) = 
b
 f (x ) ax + b < 0 → x < − ;
 –(x + 4x)
2=
 a
S = {–5, 1}
A essas duas funções encontramos as suas raízes:
Caso tenhamos duas funções modulares, como a
equação |3x + 2| = |x – 1|, a solução é dada da seguin-
∆ = b – 4ac = 4 – 4 · 1 · 0 = 16
2 2
te forma:

430
 3 b Já para x < –1 temos –x –1 ≥ 7 – 2x ⇔ x ≥ 8, com
f ( x+=)2 = ax
 3x 1b
x –+ →>x0= –→ x > − ; solução:
2 a
|3x + 2| = |x – 1| ⇔ 
 3x 1 b S2 = {x ∊ ℜ| x < –1} ⌒ {x ∊ ℜ| x ≥ 8} = {∅}
f ( x+=)2 = ax +1b→<x0=→
–x + – x<− ;
 4 a Assim, a solução de |x + 1| + 2x – 7 ≥ 0 é dada por:
b   b
; − > x → 0 > b+fx(a )=
3x= ) xax
(1f+
 b >0→ x > − ;
a   a
b S = – , –  S1 ◡ S2 = {x ∊ ℜ| x ≥ 2} ◡ ∅ = {x ∊ ℜ| x ≥ 2}
; − < x → 0 < b+fx(a b < 0 → x < − b ;
a 

)=
2x= ) xax
(4f+

 a

E na situação de uma função modular, como a


equação |3x + 2| = 2x – 3, a solução é válida para valo-
res de x tal que 2x – ≥ 0 → x ≥ 3/2. A solução da equa-
FUNÇÃO EXPONENCIAL
ção é dada por:
DEFINIÇÃO, CARACTERÍSTICAS, DOMÍNIO, IMAGEM
 3x + 2 = 2x – 3 → x = –5 b E GRÁFICO
 f ( x=) ax + b > 0 → x > − ;
 a
|3x + 2| = 2x – 3 ⇔  1 Seja a um número real, tal que seja maior que zero
 3x
f ( x+=
)2 = ax
–2x++b3< = x<−b;
→0x →
 5 a e diferente de 1(0 < a ≠ 1 ou a ∊ ℜ + –{1}), a função 𝑓:
*

ℝ → ℝ que associa a cada x ∊ ℝ o número 𝑓(x) = ax,
Como a solução só é válida para valores de x ≥ 3/2, é conhecida como Função Exponencial. Assim fun-
então a solução para |3x + 2| = 2x – 3 é S = {∅}.
ções como: 2x, (√2)x e 10x são exemplos de funções
INEQUAÇÕES MODULARES exponenciais.
Da definição de função exponencial, a partir de
Uma das propriedades de módulo para números
algumas características, pode-se notar:
reais, em que para um número k > 0 tem-se |x| < k ⇔
–k < x < k e |x| > k ⇔ x < – k ou x > k. Com essa proprie-
dade podemos resolver inequações modulares como z x = 0 → 𝑓(0) = a0 = 1;
|3x – 2| < 4 e sua solução é: z 𝑓(x) = ax é crescente para a > 1, ou seja, x1 < x2 →
𝑓(x1) < 𝑓(x2);
2 z 𝑓(x) = ax é decrescente para 0 < a < 1, ou seja, x1 <
|3x – 2| < 4 ⇔ –4 < 3x – 2 < 4 → –2 < 3x < 6 → – <x<2
3 x2 → 𝑓(x1) > 𝑓(x2);
b   b z n ∊ ℤ e a > 1, então 𝑓(n) = an > 1 se, e somente se, n > 0;
; − > x→f (0
x=)> bax
+2 x
+ab >
=)x
0(→
f x > − ;
a   a z a ∊ ℝ, a > 1 e r ∊ ℚ, então 𝑓(r) = ar > 1 se, e somente
b S= x∊ℜ|– <x<2 

b
; − < x →f (0
x=)< bax
+3 x
+ab <
=)x f x < −
0(→ ; se, r > 0;
a 
 
 a
z a ∊ ℝ, a > 1 e r, s ∊ ℚ, então as > ar se, e somente se, s > r;
Mas se a inequação for |5x + 4| ≥ 4, a solução é: z a ∊ ℝ, a > 1 e α ∊ {ℝ –ℚ}, então aα > 1 se, e somente
se, α > 0;
|5x + 4| ≥ 4 ⇔ 5x + 4 ≤ –4 ou 5x + 4 ≥ 4 ⇔ 5x ≤ –8
z a ∊ ℝ, a > 1 e b ∊ ℝ, então ab > 1 se, e somente se, b > 0;
ou z a ∊ ℝ, a > 1 e x1, x2 ∊ ℝ, então ax1 > ax2 se, e somente
se, x1 > x2;
8 z a ∊ ℝ, 0 < a < 1 e b ∊ ℝ, então ab > 1 se, e somente
5x ≥ 0 ⇔ x ≤ – ou x ≥ 0 se, b < 0;
5
z a ∊ ℝ, 0 < a < 1 e x1, x2 ∊ ℝ, então ax1 > ax2 se, e somen-
b   b
; −> ) 0ax
f (xx→
= >+bb
+8>xa0 → ) xx( >
= f − ;
a   a te se, x1 < x2.
S=b
x∊ℜ|x≤– ou x ≥ 0  b
< 
; −

f (xx→
) 0ax
= <+bb
+5<x 0
a →)
= xx( f
<

− ;
a   a O domínio da função exponencial é o conjunto
dos reais, ou seja, para todo x ∊ ℝ, existe um único y ∊
Para a inequação |x + 1| + 2x – 7 ≥ 0 temos:
Im(𝑓), sendo que a imagem da função assume somente
|x + 1| + 2x – 7 ≥ 0 → |x + 1| ≥ 7 – 2x valores positivos não nulos (reais não negativos e não
MATEMÁTICA

nulo (ℝ*+)). Logo, Im(𝑓) = ℜ*+. Note, que no gráfico da


 b
f ( x=
) ax + b > 0 → x > − ; função a curva de 𝑓(x) = ax está toda acima do eixo x,
 x + 1, se x ≥ – 1
 a
|x + 1| = 
b pois 𝑓(x) = ax > 0, ⩝ x ∊ ℜ. Além disso, temos que o pon-
 f ( x=
 –x – 1, se x < –1
) ax + b < 0 → x < − ;
 a to de encontro da curva com o eixo y, é no ponto (x, y)
= (0, 1), x = 0 → 𝑓(0) = a0 = 1. Assim, o gráfico para duas
Para x ≥ –1 temos x + 1 ≥ 7 – 2x ⇔ ≥ 2, com solução:
funções exponenciais, crescente (a > 1) e decrescente
S1 = {x ∊ ℜ | x ≥ – 1} ⌒ { x ∊ ℜ | x ≥ 2} = {x ∊ ℜ | x ≥ 2} (0 < a < 1), segue como na Figura 17. 431
b   b
; − > x → 0 > b + xa
 f=()xx=
)(1f ax + b > 0 → x > −
 ;
a   a
b S =  – 2, 
b
; f=
− < x → 0 < b + xa )(2f
()xx= 
ax + b < 0 → x < − ;
a 
 
 a

INEQUAÇÕES EXPONENCIAIS

Inequações exponenciais são aquelas inequações


onde a incógnita x está no expoente, como: 2x > 32 e
2x – 4x < 2.
A forma de solucionar a equação exponencial é
deixando todas as potências com a mesma base, como
a 𝑓(x) = ax é crescente com base (a > 1) e decrescen-
te com base (0 < a < 1), podemos dizer então que a
desigualdade se mantém para as potências quando a
função é crescente e inverte quando é decrescente, ou
seja:

a > 1 → ax > ay ⇔ x > y;


0 < a < 1 → ax > ay ⇔ x < y

Seja a inequação exponencial 2x < 32 (crescente),


temos a solução igual a:

2x < 32 → 2x < 25 → x < 5


S = {x ∊ ℜ | x < 5}

E na inequação exponencial (decrescente):

x x
11x
521 ≥ 1  ≥≥ 125
125
555
Temos duas formas:
Figura 17. Gráfico da Função Exponencial, (a) crescente (𝑓(x) = 2x) e
(b) decrescente (𝑓(x) = (0, 5)x ). x x x x
 11   11 
x x

EQUAÇÕES EXPONENCIAIS 521 ≥   5≥2≥125≥→   ≥≥5 125


1125 → (5 )
3 –1 x
≥ 53 → 5–x ≥ 53
 55   55 
Equações exponenciais são aquelas equações onde 5–x ≥ 53 → – x ≥ 3 → x ≤ –3
a incógnita x está no expoente, como: 2x = 32 e 2x – 4x S = {x ∊ ℜ | x ≤ –3}
= 2. x xx x x x x x x
A forma de solucionar a equação exponencial é 521 ≥  11  ≥ 125  111 x  111 x  111 –3
1
521→≥     ≥≥125
    ≥ 125 5523 →
1 ≥   5≥21≥125
≥   ≥ 125
deixando todas as potências com a mesma base, como  555   555   555   555 
a 𝑓(x) = ax é injetora, podemos dizer que potências
iguais e de mesma base têm expoentes iguais, ou seja, x ≤ –3
ax = ay ⇔ x = y, (a ∊ ℜ* –{1}) S = {x ∊ ℜ | x ≤ –3}
+
Seja a equação exponencial 2x = 128, temos a solu-
ção o valor de x igual a:

2x = 128 → 2x = 27→ x = 7
FUNÇÃO LOGARÍTMICA
S = {7}
LOGARITMO
2x2+3x–2
Agora para a equação exponencial 5 = 1 Antes de definir a Função Logarítmica, temos que
temos x igual a: ter uma noção básica de Logaritmo. A ideia de Loga-
ritmo surgiu para solucionar problemas de equações
52x2+3x–2 = 1 → 52x2+3x–2 = 50 → 2x2 + 3x – 2 = 0 exponenciais do tipo 2x = 3, ou seja, exponenciais que
∆ = b2 – 4ac = 32 – 4 · 2 · (–2) = 9 + 16 = 25 não são possíveis deixar os dois membros com a mes-
ma base, assim define-se o conceito de logaritmo, seja
 –b – √∆ b
–3 – √25 dois números reais positivos a e b, com a ≠ 1, chama-se
 xf (
= x )
= ax + b > 0 →
= x > − ; = –2 x o logaritmo de b na base a, onde o expoente que se
2 · 2a
1
2a
 deve dar à base a de modo que a potência obtida seja
–b + √∆
xf =( x=) ax –3 +√25b 1 igual a b, ou seja:
+b < 0 →= x<− ; =
432 
2
2a 2 · 2a 2 loga b = x ⇔ ax = b
Em que, a é base do logaritmo; b é o logaritmando O domínio da função logarítmica é o conjunto dos
e x é o logaritmo. Assim, por exemplo, o logaritmo log2 reais positivos não nulos, ou seja, para todo x ∊ ℝ*+,
8 = 3 pois 23 = 8. existe um único y ∊ Im(𝑓), como a função 𝑓: ℝ*+ → ℝ,
Logo, dessa definição decorrem algumas proprie- 𝑓(x) = loga x, admite a inversa g: ℝ → ℝ*+, g(x) = ax, assim
dades, seja (a ∊ ℜ*+ –{1}) e b > 0: 𝑓 é bijetora e portanto a imagem da função assume
qualquer valor real. Logo, Im (𝑓) = ℜ. Note, que no grá-
z loga 1 = 0; fico da função 𝑓(x) = loga x, a curva está toda a direita
do eixo y, pois x > 0. Além disso, temos que o ponto de
z loga a = 1; encontro da curva com o eixo x, é no ponto (x, y) = (1,
0), x = 1 → 𝑓(1) = loga 1 = 0. Assim, o gráfico para duas
z aloga b = b; funções logarítmicas, crescente (a > 1) e decrescente (0
< a < 1), segue como na Figura 18.
z loga b = loga c ⇔ b = c;

z b > 0 e c > 0 → loga (b · c) = loga b + loga c, que pode


ser generalizada para:
x x
 1 n 1  n
52a1≥Πbi≥125
log = Σ log b , n ≥ 2;
 5i =15  i = 1 a i
x x
 1b1 
z b>0ec>05 →2log
1 ≥a     ≥ 125a b – loga c, então loga
= log
x x  5c5 
 111 
521 ≥     ≥= –125 loga c;
 5c5 
z α ∊ ℝ → loga bα = α · (loga b);

1
z n ∊ ℕ → loga √b = loga(b) =
*
loga b ;
n
z a, b, c ∊ ℝ+ e a ≠ 1, c ≠ 1:

logc b
loga b = , mudança de base com quociente;
logc a
z a, b, c ∊ ℝ+ e a ≠ 1, c ≠ 1: loga b = logc b · log a c,
mudança de base com produto;

1
z a ≠ 1, b ≠ 1 loga b = ;
loga a
1
z β ∊ ℝ* logaβ b = loga b ;
β

DEFINIÇÃO, CARACTERÍSTICAS, DOMÍNIO, IMAGEM Figura 18. Gráfico da Função Logarítmica, (a) crescente (𝑓(x) = log2
E GRÁFICO x) e (b) decrescente (𝑓(x) = log½ x).

Seja a um número real, tal que seja maior que zero EQUAÇÕES LOGARÍTMICAS
e diferente de 1(0 < a ≠ 1 ou a ∊ ℜ*+ –{1}), a função 𝑓: ℝ*+
→ ℝ que associa a cada x ∊ ℝ*+ o número 𝑓(x) = loga x, é Equações logarítmicas são aquelas equações do
conhecida como Função Logarítmica. Assim funções tipo: loga 𝑓(x) = loga g(x) ou loga 𝑓(x) = α, α ∊ ℝ e com
como: log2 x, log½ x e log x são exemplos de funções (a ∊ ℜ*+ –{1}).
logarítmicas. A forma de solucionar a equação logarítmica é
Da definição de função logarítmica algumas carac- deixando os logaritmos com a mesma base, e igualan-
do as função 𝑓(x) = g(x) > 0 ou aplicando propriedade
terísticas quando a ∊ ℜ*+ –{1}, pode-se notar:
inversa e transformando em equação exponencial,
MATEMÁTICA

loga 𝑓(x) = α → 𝑓(x) = aα


z 𝑓: ℝ*+ → ℝ e g: ℝ → ℝ*+: 𝑓(x) = loga x → 𝑓–1 (x) = g(x) =
Seja a equação logarítmica log4 (3x + 2) = log4 (2x +
ax , relação inversa;
5), temos a solução o valor de x = 3, pois foi maior que
z 𝑓(x) = loga x é crescente para a > 1;
x > –2/3 e x > –5/2:
z 𝑓(x) = loga x é decrescente para 0 < a < 1;
z a > 1; 0 < x < 1 → loga x < 0;
 b
z a > 1; x > 1 → loga x > 0; f ( x=
)
 3x + 2
 < ax 0→
0 →+xb>>–2/3 a
;
x > −

z 0 < a < 1; 0 < x < 1 → loga x > 0;  f ( x=
) 0→ x < −
b
;
z 0 < a < 1; x > 1 → loga x < 0;  2x + 5
 > ax
0 →+xb><–5/2 a 433
log4 (3x + 2) = log4 (2x + 5) → (3x + 2) = (2x + 5) → x = 3  – (–5) – √25 b
S = {3} xf =( x=) 2 ·ax
1
2
+b > 0 →= x0> − ;
a

Agora para a equação logarítmica log4 (2x2 + 5x + 4)
xf =( x=) –(–5) + √25 5 b
= 2 temos x igual a: ax + b < 0 →
= x<− ;
 1
2·2 2 a
2x2 + 5x + 4 > 0
Como para a 𝑓(x) = 2x2 – 5x temos a > 0 e ∆ > 0,
∆ = b2 – 4ac = 25 – 32 = –7
então a solução para 𝑓(x) > 0 é:
logo, 𝑓(x) > 0, ⩝ x ∊ ℜ
b   b
; − >xf → )0 >ax
( x= b++xba> 0)x
= →(5fx> − ;
log4 (2x2 + 5x + 4) = 2 → 2x2 + 5x + 4 = 42 →2x2 + 5x + 4 a   a
S1 =
b
 x ∊ ℜ | x < 0 ou x > 
b
= 16 → 2x2 + 5x – 12 = 0 ; − <xf →

( x=
)0 <ax
b++xba< 0)x
= →(2fx< −

;
a   a

∆ = b2 – 4ac = 52 – 4 · 2 · (–12) = 25 + 96 = 121 Agora o estudo da inequação logarítmica começa


na relação entre os logaritmos de mesma base, como
 – b – √∆ b
– 5 – √121 a base é 2 então a função é crescente:
 xf (
= x )
= ax + b > 0 →
= x > − ; = –4
2·2 a
1
2a a = 2 > 1 → log2 (2x2 – 5x) ≤ log2 3 → 2x2 – 5x ≤ 3 → 2x2

xf =( x=) – bax+ +√∆b < 0 → b
– 5 +√121 3 – 5x – 3 ≤ 0
= x<− ; =

2
2a 2·2 a 2 2x2 – 5x – 3 ≤ 0 → ∆ = (–5)2 – 4 · 2 · (–3) = 25 + 24 = 49

b   b  – (–5) – √49 1b
;
a
− > x → 0 > b + xa


f=()xx=
S =  – 4,
)(3f ax + b > 0 → x > −

 a
;
 xf (
= x )
= ax + b > 0 →
= x–> − ;
2a
 1
b f=  b 2·2
; − < x → 0 < b + xa )(2f
()xx= ax + b < 0 → x < − ;
a 
 
 a 
xf =( x=) – (–5) + √49 b
ax + b < 0 → = x3< − ;
INEQUAÇÕES LOGARÍTMICAS 
1
2·2 a
Inequações logarítmicas são aquelas inequações Como para a g(x) = 2x2 – 5x – 3 temos a > 0 e ∆ > 0,
do tipo: loga 𝑓(x) >loga g(x) e loga 𝑓(x) > α, α ∊ ℝ e com então a solução para g(x) ≤ 0 é:
(a ∊ ℜ*+ –{1}).
b   b
A forma de solucionar a inequação logarítmica é ;
a
− > x→

f (x
0=)> bax
+1+ab >
x )0
= f x > −
x (→
 a
;

b 2=
S x∊ℜ|– ≤x≤3 
deixando os logaritmos com as mesma base, e aplican- ; − < x→ 0=
f (x +2
)< bax x )0
+ab <= f x < −
x (→
b
;
a 
 
 a
do as desigualdades em casos de bases maiores que
um ou entre zero e um, lembrando que as 𝑓(x) = g(x) Assim, a solução da inequação logarítmica log2
> 0 ou aplicando propriedade inversa e transforman- (2x2 – 5x) ≤ log2 3 é dada pela intersecção das soluções
do em equação exponencial, loga 𝑓(x) = α → 𝑓(x) = aα. acima:
Esquematizando temos:
 b b 
 f ( x;=
) −ax
>
1+ xb →>00>→ bx 5a− a=);x ( f
x
+> 
 a 
 b S = S1 ⌒ S2 = x ∊ ℜ | –
b ≤ x < 0 ou <bx ≤ 3 
 f ( x;=
) − 0< 
f ( x=
) ax + b > 0 → x > −
 𝑓(x) > g(x) se a > 1
 a
;

 a 2 +x b→
ax
< <0 → bx 2a− a=);x ( f
x
+<


loga 𝑓(x) > loga g(x) ⇔ 
b
 f ( x=
 0 < 𝑓(x) < g(x) se 0 < a < 1
) ax + b < 0 → x < − ;
 a E na inequação logarítmica log2 (3x + 5) > 3, temos:

a > 1 → log2 (3x + 5) > 3 → 3x + 5 > 23 → 3x + 5 > 8 → x > 1


ou
Mas, a função 𝑓(x) = 3x + 5 > 0, então:
 b
f ( x=
) kax + b > 0 → x > − ;
 𝑓(x) > a se a > 1
 a
loga 𝑓(x) > k ⇔ 
b 5
 f ( x=
 0 < 𝑓(x) < a se 0 < a < 1
) axk+ b < 0 → x < − ;
 a 𝑓(x) = 3x + 5 > 0 → x > –
3
 b
 0 < 𝑓(x) < a se a > 1
 f ( x=
) axk+ b > 0 → x > − ;
a
loga 𝑓(x) > k ⇔ 
 f ( x= b Como a solução x > 1 é também maior que:
) kax + b < 0 → x < − ;
 𝑓(x) > a se 0 < a < 1
 a

5
Seja a inequação logarítmica log2 (2x2 – 5x) ≤ log23, x>–
3
para acharmos a solução primeiro fazemos o estudo
do sina de 𝑓(x) = 2x2 – 5x:
Logo temos o intervalo de solução para x sendo:

434 2x2 – 5x > 0 → ∆ = (–5)2 – 4 · 2 · 0 = 25 S = {x ∊ ℜ | x > 1}


LOGARITMOS DECIMAIS MANTISSAS
São funções logarítmicas onde a base a = 10, ou N 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
pode ser escrita como potência de base 10, como: log10
𝑓(x) ou log10α 𝑓(x), α ∊ ℝ*. Pode-se ter também a nota- 21 3222 3243 3263 3284 3304 3324 3345 3365 3385 3404
ção: log10 𝑓(x) = log 𝑓(x), onde não há a necessidade de
22 3424 3444 3464 3483 3502 3522 3541 3560 3579 3598
escrever o valor 10 na base. Todas as características
e propriedades de logaritmos também valem para os 23 3617 3636 3655 3674 3692 3711 3729 3747 3766 3784
logaritmos decimais. 24 3802 3820 3838 3856 3874 3892 3909 3927 3945 3962
Segue algumas propriedades:

z 10c ≤ x < 10c+1 ⇔ log 10c ≤ log x < log 10c+1 → c ≤ log x 25 3979 3997 4014 4031 4048 4065 4082 4099 4116 4133
< c + 1, x > 0 e c ∊ ℤ; 26 4150 4166 4183 4200 4216 4232 4249 4265 4281 4298
z log x = c + m, onde c ∊ ℤ é característica e 0 ≤ m < 1 27 4314 4330 4346 4362 4378 4393 4409 4425 4440 4456
é a mantissa;
28 4472 4487 4502 4518 4533 4548 4564 4579 4594 4609
z x > 1 → c ≥ 0; 0 < x < 1 → c < 0;
z A mantissa (m) é um valor tabelado; 29 4624 4639 4654 4669 4683 4698 4713 4728 4742 4757
z A mantissa do decimal de x não se altera quando
multiplica-se x por potência de 10 com expoente
30 4771 4786 4800 4814 4829 4843 4857 4871 4886 4900
inteiro, ou seja a mantissa (m) de log x não muda
quando temos log10p x, p ∊ ℤ. 31 4914 4928 4942 4955 4969 4983 4997 5011 5024 5038
32 5051 5065 5079 5092 5105 5119 5132 5145 5159 5172
Valores da característica (c) são dados da seguinte 33 5185 5198 5211 5224 5237 5250 5263 5276 5289 5302
forma:
34 5315 5328 5340 5353 5366 5378 5391 5403 5416 5428

 log 2,3 → c = 0 b
f ( x=) ax + b > 0 → x > − ;
 log 35 5441 5453 5465 5478 5490 5502 5514 5527 5539 5551
31,421 → c = 1 a 36 5563 5575 5587 5599 5611 5623 5635 5647 5658 5670
x>1 
 log 204 → c = 2 b 37 5882 5694 5705 5717 5729 5740 5752 5763 5775 5786
f ( x=) ax + b < 0 → x < − ; 38 5798 5809 5821 5832 5843 5855 5866 5877 5888 5899
 log 6542,3 → c = 3 a 39 5911 5922 5933 5944 5955 5966 5977 5988 5999 6010

 log 0,2 → c = –1 b 40 6021 6031 6042 6053 6064 6075 6085 6096 6107 6117
f ( x )
= ax + b >
 log 0,035 → c = –2 0 → x > − ; 41 6128 6138 6149 6160 6170 6180 6191 6201 6212 6222
a
0<x<1  42 6232 6243 6253 6263 6274 6284 6294 6304 6314 6325

 log 0,00405 → c = –3 b 43 6335 6345 6355 6365 6375 6385 6395 6405 6415 6425
f ( x=) ax + b < 0 → x < − ;
 log 0,00053 → c = –4 a 44 6435 6444 6454 6464 6474 6484 6493 6503 6513 6522

Ou seja, o c é a quantidade de algarismos da parte 45 6532 6542 6551 6561 6571 6580 6590 6599 6609 6618

inteira menos 1 em caso de x > 1 e para 0 < x < 1 é o 46 6628 6637 6646 6656 6665 6675 6684 6693 6702 6712
oposto (negativo) da quantidade de zeros (inclusive o 47 6721 6730 6739 6749 6758 6767 6776 6785 6794 6803
zero antes da vírgula!) que precede o primeiro alga- 48 6812 6821 6830 6839 6848 6857 6866 6875 6884 6893
rismo significativo.
49 6902 6911 6920 6928 6937 6946 6955 6964 6972 6981
Sendo a mantissa tabelada para N = 234 (m =
0,3692), Tabela 1, c = 1, assim o valor do log 23,4 = c +
m = 1 + 0,3692 = 1,3692. 50 6990 6998 7007 7016 7024 7033 7042 7050 7059 7067
51 7075 7084 7093 7101 7110 7118 7126 7135 7143 7152
MANTISSAS 52 7160 7168 7177 7185 7193 7202 7210 7218 7226 7235
N 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 53 7243 7251 7259 7267 7275 7284 7292 7300 7308 7316
54 7324 7332 7340 7348 7356 7464 7372 7380 7388 7396
10 0000 0043 0086 0128 0170 0212 0253 0294 0334 0374
11 0414 0453 0492 0531 0569 0607 0645 0682 0719 0755 Tabela 1. Exemplo de tabela de Mantissas para valores de 100 a 549
(IEZZI; MURAKAMI, 1977
12 0792 0828 0864 0899 0934 0969 1004 1038 1072 1106
13 1139 1173 1206 1239 1271 1303 1335 1367 1399 1430
14 1461 1492 1523 1553 1584 1614 1644 1673 1703 1732

TRIGONOMETRIA
MATEMÁTICA

15 1761 1790 1818 1847 1875 1903 1931 1959 1987 2014
16 2041 2068 2095 2122 2148 2175 2201 2227 2253 2279 TRIGONOMETRIA NO TRIÂNGULO RETÂNGULO
(SENO, COSSENO E TANGENTE)
17 2304 2330 2355 2380 2405 2430 2455 2480 2504 2529
18 2553 2577 2601 2625 2648 2672 2695 2718 2742 2765
Consideremos um triângulo retângulo ABC, reto
19 2788 2810 2833 2856 2878 2900 2923 2945 2967 2989 em A. Os outros dois ângulos B e C são agudos e com-
plementares, isto é, B + C = 90º.
20 3010 3032 3054 3075 3096 3118 3139 3160 3181 3201 435
Para ângulos agudos, temos por definição: a) A hipotenusa BC
b) Sen B
C c) Cos B
d) Tg B
e) Sen C
f) Cos C
g) Tg C
b
a Para encontrar a hipotenusa, vamos aplicar o Teo-
rema de Pitágoras:

z a2 = b2 + c2
a2 = 32 + 42
A c B a2 = 9 + 16
Figura 1. Triângulo Retângulo ABC a2 = 25
a = ± 25
a=±5
cateto oposto a B b a=5
sen B = =
hipotenusa a Descartamos o valor negativo, pois estamos tratan-
do de medida e não existe medida negativa.
cateto oposto a C c
sen C = =
a cateto oposto a B 3
hipotenusa
� sen B = =
hipotenusa 5
cateto adjacente a B c
cos B = =
a cateto adjacente a B 3
hipotenusa
� cos B = =
hipotenusa 5
cateto adjacente a C b
cos C = = 3
a cateto oposto a B
hipotenusa � tg B = =
cateto adjacente a B 4
cateto oposto a B b
tg B = = cateto oposto a C 4
cateto adjacente a B c � sen C = =
hipotenusa 5
cateto oposto a C c
tg C = = cateto adjacente a c 3
cateto adjacente a C b � cos C = =
hipotenusa 5
Observações:
cateto oposto a C 4
z Os senos e cossenos de ângulos agudos são núme- � tg C = =
ros compreendidos entre 0 e 1, pois a medida cateto adjacente a C 3
do cateto é sempre menor do que a medida da
hipotenusa;
z O seno de um ângulo é igual ao cosseno do seu ARCOS NOTÁVEIS
complemento e reciprocamente: Seno, cosseno e tangente de 45º
sen x = cos (90º – x) e cosx = sen (90º – x)
C
z No triângulo retângulo vale o Teorema de Pitágo-
ras: a2 = b2 + c2 45°
Exemplo: No triângulo retângulo abaixo, determine:
L L√2
C

45°

A L B
3
Figura 3. Triângulo Retângulo ABC, com catetos L e hipotenusa L√2

Em um triângulo retângulo isósceles qualquer, se


for a medida de cada cateto, então, L √2 será a medida
da hipotenusa, pois:
A 4 B
436 Figura 2. Triângulo Retângulo ABC, com catetos 3 e 4 (BC)2 = l2 + l2
Figura 4. Triângulo Equilátero ABC, com lados L
(BC)2 = l2 . l2

BC = l √2 Em um triângulo equilátero qualquer, se l for a medi-


l 3
Neste contexto: da de cada um dos lados, então, será a medida da
2
altura, pois:
AC l 1
sen B̂ = → sen 45° = → sen 45° = →
BC l√2 √2 (AC)² = (AM)² + (MC)²

l² = b l + (MC)²
2
l
2 2
√2 l
→sen 45° = (MC)² = l² -
4 2
2 4 2 l
(MC)² = l -
4 4
√2
Portanto: sen 45º = 3 2
(MC)² = l
2 4

l 3
AB l 1 MC =
2
cos B̂ = → cos 45° = → cos 45° = →
BC l√2 √2
Desta maneira, temos:

√2
→ cos 45° = MC l 3 l√3 1
2 → sen 60° = . →
sen  = → sen 60° = 2
AC l 2 1
√2
√3
Portanto: cos 45º = → sen 60° =
2
2

AC l √3
tg B̂ = → tg 45° = → tg 45° = 1 Portanto: sen 60º =
AB l
2
Portanto: tg 45º = 1
AM l l 1
.
Seno, cosseno e tangente de 60º cos  = → cos 60° = 2 → cos 60° = →
AC l 2 l
C
1
→ cos 60° =
2

L L 1
Portanto: cos 60º =
2
(L√3)/2 l 3
MC 2 l√3 2
→ tg 60° = . →
tg  = → tg 60° = l
AM 2 2 l
60° 60°
→ tg 60° =√3
L/2 M L/2
A B
Portanto: tg 60º = √3
C
Seno, cosseno e tangente de 30º

30° No triângulo retângulo AMC do item anterior,


temos:
MATEMÁTICA

L
(L√3)/2 l l 1
AM
.
sen Ĉ = → sen 30° = 2 → sen 30° = →
AC l 2 l
60° 1
→ sen 30° =
M L/2 A 2
437
1 Figura 5. Triângulo Retângulo formado com a árvore
Portanto: sen 30º =
2
Pelo triângulo retângulo formado na figura, pode-
mos perceber facilmente que a altura da árvore seria
MC l 3 l√3 1 o cateto oposto ao ângulo de 30º formado no solo.
→ cos 30° = . →
cos Ĉ = → cos 30° = 2
AC Como a distância no solo é de 30m, temos duas infor-
l 2 l mações importantes, o cateto oposto ao ângulo de 30º
√3 que podemos chamar de h (altura da árvore) e o cate-
→ cos 30° = to adjacente ao ângulo de 30º (distância no solo), para
2 encontrar a altura usaremos a tangente de 30º:

3 cateto oposto h √3
Portanto: cos 30º = → =
2 tg 30° = → tg 30°=
cateto adjacente 30 3
l
AM 2 l 2
3 → tg 30° =
tg Ĉ = → tg 30° = l →
h 30. √3
MC 2 l√3 = →h = 10 √3 = 10.1,7
2
30 3
1 √3 Resposta: Letra B.
→ tg 30° = → tg 30° =
√3 3 Exemplo: Determinar o valor de x, na figura a seguir:

3 D
Portanto: tg 30º =
3
x
Observações: Note que:
sen 30º = cos 60º = , cos 30º = sen 60º = , sen 45º =
C
2
cos 45º =
2
Podemos construir a seguinte tabela: 45°
30°
A 60 B
ARCO 30º 45º 60º
Figura 6. Triângulo Retângulo BAD
Seno 1 2 3
2 2 2 Pelo triângulo ABC, temos:

Cosseno 3 2 1
2 2 2 CB √3 CB 60· √3
tg 30° = = = = CB → CB = 20 · √3
Tangente 3 1 60 3 60 3
3
3
Logo, podemos concluir que a medida de:
Exemplo: Na figura abaixo, uma árvore é vista sob BD = 20· 3 +x
um ângulo de 30°, a uma distância de 30m de sua base.
Considerando , a altura da árvore, em metros, é igual a: Pelo triângulo ABD, temos:

a) 35 BD ^ 20· 3 + xh
b) 17 tg 45° = =1= → 20 · 3 + x = 60 →
60 60
c) 14
d) 28
e) 30 → x = 60 - 20 · √3 →x = 20 · (3 - 3)
Portanto, x = 20 · (3 - 3)

IDENTIDADES TRIGONOMÉTRICAS FUNDAMENTAIS

Teorema Fundamental da Trigonometria

sen2 x + cos2 x = 1

Em um triângulo retângulo de catetos b e c e hipo-


30° tenusa a temos, de acordo com o teorema de Pitágo-
ras: a2 = b2 + c2.
30m

438
C A cotangente de um ângulo agudo x é, por defini-
ção, o inverso da tangente. É representada com o sím-
bolo: cotg (x). Assim sendo, temos:

cotg (x) = tg1(x) = sen x = 1 · sen x = sen x


1 cos x cos x
cos x
a
b

Portanto: cotg (x) = sen


cos x
x
1
z Relação Fundamental: sec x = cos x
A
c A secante de um ângulo agudo x é, por definição,
B
o inverso do cosseno. É representada com o símbolo
Figura 7. Triângulo Retângulo ABC, com catetos b e c e hipotenusa a secx.
1
Portanto: sec x = cos x
Assim sendo, se x for a medida do ângulo agudo
B, então: 1
z Relação Fundamental: cossec (x) = senx
(sen x)² + (cos x)² = sen²x + cos²x = b l + b l =
2 2
b c
a a
b 2 c 2 b 2 + c2 a 2 A cossecante de um ângulo agudo x é, por defini-
= 2 + aa = = 2 = 1
a a2 a ção, o inverso do seno. É representada com o símbolo
cossec (x).
Portanto: sen2 x + cos2 x = 1 1
Portanto: cossec (x) = senx
Observações:
z Relação Fundamental: sec2 x = 1 + tg2 x
z sen2 x = (sem x)2
z sen2 x = 1 – cos2 x Dividindo ambos os membros do Teorema Funda-
z cos2 x = (cosx)2 mental da Trigonometria (sen2 x + cos2 x = 1), por cos2
z cos2 x = 1 – sen2 x x, temos:

Vejamos agora as relações fundamentais da trigonometria: sen²x + cos² = 1


sen x
z Relação Fundamental: tg x = cos x sen2 x + cos2 x 1
=
cos2 x cos2 x
Em um triângulo retângulo de catetos b e c e hipo-
tenusa a, se x for a medida do ângulo agudo B, então: sen2 x cos2 x
+
cos2 x cos2 x
C
tg² x +1 = sec²x

sec²x = tg²x = 1

Portanto: sec2 x = 1 + tg2 x

a z Relação Fundamental: cossec2 x = 1 + cotg2 x


b
Dividindo ambos os membros do Teorema Funda-
mental da Trigonometria (sen2 x + cos2 x = 1), por sen2
x, temos:

A sen²x = cos²x = 1
B c
sen2 x + cos2 x 1
= =
Figura 8. Triângulo Retângulo ABC, com catetos b e c e hipotenusa a sen2 x sen2 x
MATEMÁTICA

sen2 x cos2 x 1
b + =
b senx sen2 x sen2 x sen2 x
tgx = c = ac = cos x,
a 1 + cotg²x = cossec²x
sen x
Portanto: tg x = cos x cossec²x = 1 + cotg²x
sen x
z Relação Fundamental: cotg (x) = cos x
Portanto: cossec2 x = 1 + cotg2 x
Logo, podemos construir a seguinte tabela: 439
MEDIDAS DE ARCOS E ÂNGULOS
RELAÇÕES FUNDAMENTAIS
Arcos na Circunferência
sen x + cos x = 1
2 2
Seja uma circunferência, na qual são tomados dois
sen x pontos A e B. A circunferência ficará dividida em duas
tg x = cos x partes chamadas Arcos. Os pontos A e B são as extremi-
cos x dades desses arcos. Quando A e B coincidem, um desses
cotg(x) = sen x arcos é chamado arco nulo e o outro, arco de uma volta.
1
sec x = cos x

1 B
cossec(x)= senx

sec2 x = 1 + tg2 x r
α
cossec2 x = 1 + cotg2 x

r
Exemplo: Se 0º < x < 90º, então, a expressão A
sen2 x + cos2 x
cos x é igual a:

sen2 x + cos2 x 1
cos x = cos x = sec x
Figura 9. Setor circular em uma circunferência de raio r

Exemplo: Simplificando a expressão (tg x) · (cos x) ·


Medida de um arco em Graus
(cossec x), para 0º < x < 90º, obtém-se:

sen x 1 O arco de uma volta mede 360º e o arco nulo mede


(tg x) · (cos x) · (cossec x) = cos x · cos x· sen x = 0º. Assim sendo, o arco de 1 grau (representado pelo
1
sen x· cos x símbolo 1º) é um arco igual a 360 do arco de uma vol-
= cos x · sen x = 1
ta. Os submúltiplos do grau são o minuto e o segundo.
O arco de um minuto (representado pelo símbolo l´) é
3
Exemplo: Sabendo que sen = 5 0º < x < 90º, calcu- 1
um arco igual a 60 do arco de um grau.
le as demais funções circulares de x.
Simbolicamente: 1º = 60´
3
Se sen x = 5 , temos que:
O arco de um segundo (representado pelo símbolo
3 2
sen²x + cos²x = 1 → b 5 l + cos2 x = 1 →
9 1
l´´) é um arco igual a 60 do arco de um minuto.
25 + cos x = 1
2

Simbolicamente: 1´= 60´´


cos²x = 1 - 9 16
25 → cos²x = 25 → cos x= !
16
25
4 Medida de um arco em Radianos
cos x = ! 5 , como 0º < x < 90º, o cosseno assumirá
o valor positivo. A medida de um arco, em radianos, é a razão entre
o comprimento do arco e o raio da circunferência
4
Portanto: cos x = 5 sobre a qual este arco está determinado. Assim, temos:

3 4
Se sen x = 5 e cos x = 5' , temos que:

3
senx 3 5 3
tgx= cos x " 54 = 5·4 = 4 B A
5
3
Se tg x = 4 temos que:

1 1 4 4
cotg x= tgx " 3 = 1· 3 = 3
4 Figura 10. Arco circular AB em uma circunferência de raio r
4
Se cos x = 5 temos que: AB
α = r , onde AB é o comprimento do arco
1 1 5 5
sec x = cos x " 4 = 1 · 4 = 4 Observações:
5
3 z O arco AB mede 1 radiano (1 rad), se o seu compri-
Se sen x = 5 temos que:
mento for igual ao raio da circunferência.
z A medida de um arco, em radianos, é um número
1 1 5 5
440 cossec x = senx " 3 = 1 · 3 = 3 real “puro” e, portanto, é costume omitir o símbolo
5
rad. Ao dizer ou escrever que um certo arco mede CICLO TRIGONOMÉTRICO
3, por exemplo, fica subentendido que sua medi-
da é de 3 radianos, ou seja, que o comprimento do Chamamos de Ciclo Trigonométrico a uma cir-
arco é o triplo da medida d do raio. cunferência de raio unitário na qual fixamos um
z O arco de uma volta, cuja medida é 360º, tem com- ponto como origem dos arcos e adotamos o sentido
primento igual a 2 · π · r e sua medida em radianos
anti-horário como sendo o positivo.
AB 2 · π ·r
será, portanto, 2 π pois α = r = 2 π , 6, 28
r
Arco Trigonométrico
Transformação de Graus em Radianos
Chamamos de Arco Trigonométrico AP ao con-
As transformações de unidades de Graus em
Radianos e vice-versa são feitas através de uma regra junto dos “infinitos” arcos de origem A e extremida-
de três simples, a partir da seguinte correspondência: de P. Esses arcos são obtidos partindo da origem A e
180º = π rad girando em qualquer sentido (positivo ou negativo)
(Lê-se: 180 graus equivalem a π radianos) até a extremidade P, seja na primeira passagem ou
Exemplo: Transforme os seguintes arcos de graus
após várias voltas completas no ciclo trigonométrico.
para radianos e vice-versa, lembrando que 180º = π rad:
Analogamente, chamamos de ângulo trigonométrico
a) 120º AÔP ao conjunto dos “infinitos” ângulos de lado inicial
b) 135º e lado terminal .
c) 150º

d) rad
6
P

e) rad (II) (I)
4 α
O r A (Origem) O A
e) 4π rad (III) (IV)
3

Para transformar graus em radianos, sem usar a


regra de três, basta multiplicar o valor em grau por
π
: Figura 11. Quadrantes e orientação em uma circunferência de raio r
180
a) 120º REDUÇÃO
π 120c 2 2π
120º · = 180c · π = ·π=
180 3 3 Redução ao 1º quadrante

b) 135º Vamos deduzir fórmulas para calcular funções tri-


π 135c 3 3π gonométricas de x, com x não pertencente ao 1º qua-
135º · = ·π= 4 ·π=
180 180c 4 drante, relacionando x com algum elemento do 1º
quadrante (por isso o nome Redução ao 1º quadran-
c) 150º te). A meta é conhecer sen x, cos x e tg x a partir de uma
π 5π tabela que dê as funções circulares dos reais entre 0 e
150c 5 π .
150º· = ·π= 6 ·π=
180 180c 6
2

Para transformar radianos em graus, sem usar a Redução do 2º para o 1º quadrante


regra de três, basta substituir π por 180º:
sen x = sen (π – x)
7π cos x = - cos (π – x)
a)
6
7π 7·180c Redução do 3º para o 1º quadrante
= 6 = 7·30c = 210º
6
sen x = - sen (x - π)
MATEMÁTICA


b) cos x = - cos (x - π)
4
5π 5·180c
= 4 = 7·45c = 315º Redução do 4º para o 1º quadrante
4
4π sen x = - sen (2π – x)
c)
3 sen x = - sen (2π – x)
4π 4·180c
= 3 = 4·60º = 240º
3 Podemos criar a seguinte tabela: 441
TABELA RESUMO DE REDUÇÃO DE ARCOS PARA O z cos 120º
1º QUADRANTE z cos 135º
z cos 150º
ARCO SENO COSSENO TANGENTE z cos 210º
z cos 225º
0 0 1 0
z cos 240º
π z cos 300º
(30º) 1 3 3
6 2 2 3 z cos 315º
z cos 330º
π 2 2
(45º) 1
4 2 2 Utilizando a tabela acima, temos:

π 1 3
(60º) 3 3 z sen 120º =
3 2 2 2

π 2
(90º) 1 0 Não existe z sen 135º =
2
2
1
z sen 150º = 2

(120º) 3 -1 - 3
3 2 2
1
z sen 210º = - 2
3π 2 -1
(135º) -
2
4 2 2 z sen 225º = -
2
2

(150º) 1
-
3
-
3
z sen 240º = -
3
6 2 2 3 2

0 -1 0 3
π 180º z sen 300º = -
2
7π 3
(210º) -1 -
3
z sen 315º = -
2
6 2 2 3 2
1
5π 1 z sen 330º = - 2
(225º) -
2
-
2
4 2 2
1
z cos 120º = - 2

(240º) -
3 -1 3
3 2 2
2
z cos 135º = -
2
3π -1 0 Não existe
(270º)
2 3
z cos 150º = -
2

(300º) -
3 1 - 3 3
3 2 2 z cos 210º = -
2
7π 2 -1
(315º) -
2
z cos 225º = -
2
4 2 2 2

11π 1
z cos 240º = - 2
(330º) -1 3
-
3
6 2 2 3
1
z cos 300º = 2
2 π (360º) 0 1 0

2
Exemplo: Reduza para o 1º quadrante (consultar a z cos 315º =
2
tabela resumo acima):
3
z cos 330º =
z sen 120º 2
z sen 135º
z sen 150º FUNÇÕES TRIGONOMÉTRICAS
z sen 210º
z sen 225º Função Seno
z sen 240º
z sen 300º Consideremos, no ciclo trigonométrico de origem
z sen 315º A, um sistema cartesiano ortogonal xOy, conforme
442 z sen 330º mostra a figura.
y
P
B N

(II) (I)
x A
C O r A (Origem) O
M
x
(III) (IV)

Figura 12. Circunferência de raio r em um sistema cartesiano xOy


Figura 14. Circunferência de raio r com eixo dos senos, arcos e

Os pontos A = (1,0), B = (0,1), C = (-1,0) e D = (0, -1) triângulos retângulos


dividem o ciclo trigonométrico em quatro quadrantes.
Quando dizemos que um arco AP pertence ao De fato, se:
segundo quadrante, por exemplo, queremos dizer
que a extremidade P pertence ao segundo quadrante.
O seno de um arco trigonométrico AP, de extremidade
P, é a ordenada do ponto P. π
0<x< 2
Eixos dos senos
Então, P pertence ao primeiro quadrante e, além
P
N disso, OP = 1 (raio) e MP = ON. Assim sendo, no triân-
gulo OMP retângulo em M, temos:
O A

cateto oposto MP ON
sen x = = = ON
hipotenusa OP 1

Enquanto o ponto P percorre a primeira volta, no


Figura 13. Circunferência de raio r com eixo dos senos
sentido anti-horário, o número real varia x de 0º a
sen (AP) = medida do segmento ON 360º e o seno de varia de -1 a 1. Observe, na tabela
A cada número real x corresponde a um único
ponto P, extremidade do arco AP de medida x. A cada abaixo, as várias situações possíveis:
ponto P, por sua vez, corresponde uma única ordena-
da chamada seno de x. A função de em que a cada
x=0
número real associa a ordenada do ponto é, por defi-
nição, a função seno.

Simbolicamente:
O=N
A=P
f :→ 
x  sen x

Tal que f(x)=sen x=ON . A definição é coerente com


aquela apresentada no triângulo retângulo. senx = 0

0° < x < 90°


N
X P
senx N
MATEMÁTICA

O
A
O A

0 < sen x < 1 443


x = 90° x = 270°
N=P

A O A
O

P=N
senx = 1(máximo)
senx = -1(mínimo)

270° < x < 360°

90° < x < 180°

P N
O A

O A
N P

-1 < sen x < 0

0 < sen x < 1 x = 360°

O=N
x = 180° A=P

O=N A senx = 0
P

Notando que sen x = sen (x ± 2 π), pois x e x ± 2 π


são as medidas de arcos de mesma extremidade, e de
acordo com a tabela do item anterior, concluímos que
o gráfico da função f: R → R tal que f (x) = sen x é:
senx = 0
y = senx

- π 3π
2 2
180° < x < 270° -2π -π 0 π π 2π
- 3π
2 2

-1

Figura 15. Função Seno


O A
E o conjunto imagem é {y ∈ R/-1 ≤ y ≤ 1}.

N Podemos concluir que a função seno é:


P
z Positiva no primeiro e segundo quadrantes;
444 0 < sen x < 1 z Negativa no terceiro e quarto quadrantes;
z Crescente no primeiro e quarto quadrantes; De fato, se:
z Decrescente no segundo e terceiro quadrantes;
z Ímpar, pois sen (-x) = - sen x; π
0<x<
z Periódica de período 2 π. 2

Função Cosseno Então, P pertence ao primeiro quadrante e além


disso OP=1 (raio). Assim sendo, no triângulo OMP
O cosseno de um arco trigonométrico AP, de extre- retângulo em M, temos:
midade P, é a abscissa do ponto P.

cateto adjacente OM OM
P cos x = = = = OM
hipotenusa OP 1

O Enquanto o ponto P percorre a primeira volta, no


M A Eixo dos cossenos sentido anti-horário, o número real x varia de 0º a
360º e o cosseno de x varia de -1 a 1. Observe, na tabe-
la abaixo, as várias situações possíveis:

Figura 16. Circunferência de raio r com eixo dos cossenos x=0

cos (AP) = medida do segmento OM


A=P
A cada número real x corresponde um único ponto O
P, extremidade do arco AP de medida x. A cada ponto M
P, por sua vez, corresponde a uma única abcissa cha-
mada cosseno de x. A função de R em R que a cada
número real x associa a abcissa do ponto P é, por defi-
nição, a função cosseno. cos x = 1 (máximo)

Simbolicamente:
0° < x < 90°

f :→  P
x  cos x
A
O
Tal que f (x) = cos x = OM. A definição é coerente M
com aquela apresentada no triângulo retângulo.

0 < cos x < 1

X x = 90°
cosx P
O
M A
A
O=M

P cos x = 0

90° < x < 180°


X
O
MATEMÁTICA

M A P

A
O
M

Figura 17. Circunferência de raio r com eixo dos cossenos, arcos e


triângulos retângulos
-1 < cos x < 0 445
x = 180° y = cosx
1
π 3π
- 3π - π
2 -π 2 2 π 2 x
A -2π 0 2π
O
M=P -1

cos x = -1 (mínimo) Figura 18. Função Cosseno

180° < x < 270° E o conjunto imagem é {y ∈ R/-1 ≤ y ≤1}.

Podemos concluir que a função cosseno é:

z Positiva no primeiro e quarto quadrantes;


M A
z Negativa no segundo e terceiro quadrantes;
O z Crescente no terceiro e quarto quadrantes;
z Decrescente no primeiro e segundo quadrantes;
z Par, pois cos (- x) = cos x;
P z Periódica de período 2 .

-1 < sen x < 0


Função Tangente

x = 270° Consideremos, no ciclo trigonométrico de origem A,


o eixo t perpendicular ao eixo x e de origem A, chamado
eixo das tangentes. Seja, ainda, T a intersecção da reta
*
OP com o eixo t. A tangente do arco trigonométrico AP,

A de extremidade P, é a medida algébrica do segmento AT.


O M
Representa-se:

Eixo das tangentes

B T
P P
cos x = 0
C
270° < x < 360° O A

D
M A
O Figura 19. Circunferência de raio r com eixo das tangentes

tg (AP) = medida do segmento AT


P
A cada número real x corresponde a um único
ponto P, extremidade do arco AP de medida x. A cada
0 < cos x < 1 ponto P, por sua vez, corresponde a uma única medi-
da algébrica AT, chamada tangente de x. A função de
x = 360°
R em R que a cada número real x associa a medida
algébrica AT é, por definição, a função tangente.
Simbolicamente:
A=P
O
M f :D→ 
x  tg x
,

Onde:
cos x = 1 (máximo)
π
D = R-{ +kπ,com k∈Z}
2
Notando que cos x = cos (x ± 2 π), pois x e x ± 2 π
são as medidas de arcos de mesma extremidade, e de
acordo com a tabela do item anterior, concluímos que Tal que f(x) = tg x = AT. A definição é coerente com
446 o gráfico da função f: R→R tal que f (x) = cos x é: aquela apresentada no triângulo retângulo.
x = 90°
P
T

x tgx
O A
O
A

∄ tg x

T 90° < x <180°


P
P
x
O
A O A

Figura 20. Circunferência de raio r com eixo das tangentes, arcos e


tg x < 0
triângulos retângulos

De fato, se:
x = 180°
π
0<x<
2
Então, P pertence ao primeiro quadrante e além
P O
disso AO = 1 (raio). Assim sendo, no triângulo OAT A T
retângulo em A, temos:

cateto oposto AT AT
tg x = = = = AT
cateto adjacente OA 1 tg x = 0

Enquanto o ponto P percorre a primeira volta, no


sentido anti-horário, o número real x varia de 0º a 180° < x <270°
360º e a tangente de x varia de -∞ a ∞. Observe, na
tabela abaixo, as várias situações possíveis: T

x=0
O A

A P T
O
P

tg x > 0

tg x = 0
x = 270°
0° < x < 90°
MATEMÁTICA

P T

O A
O A

P
tg x > 0 ∄ tg x 447
270° < x < 360° Em relação ao triangulo retângulo acima, temos:

z BC é a hipotenusa;

z AB e AC são os catetos;
O A
z AH é a altura relativa à hipotenusa;

z BH e CH são, respectivamente, as projeções dos


P T catetos AB e AC sobre a hipotenusa BC .
tg x < 0
No triângulo retângulo ABC da figura, sendo BC =
x = 360° a, AC = b, AB = c, AH = h, BH = m e CH = n, então, valem
as seguintes relações:

b2 = a · n
A P T c2 = a · m
O a2 = b2 + c2
h2 = m · n
b·c=a·h

RELAÇÕES TRIGONOMÉTRICAS EM UM TRIÂNGULO


tg x = 0 QUALQUER

Notando que tg x = tg (x ± π), pois x e x ± π são as A trigonometria permite determinar elemen-


medidas de arcos de mesma extremidade, e de acordo tos (lados ou ângulos) não dados de um triângulo. A
obtenção desses elementos, em um triângulo qual-
com a tabela do item anterior, concluímos que o grá-
quer, fundamenta-se em relações existentes entre os
fico da função
elementos (lados e ângulos) do triângulo. As relações
π mais importantes são conhecidas como Lei dos Senos
f: R- { +kπ ,com k ∈ Z} → R e Lei dos Cossenos, que veremos a seguir.
2
Tal que f(x) = tg x é: LEI DOS SENOS E LEI DOS COSSENOS

y = tgx Lei dos Senos

“Em todo triângulo, as medidas dos lados são pro-


π 3π porcionais aos senos dos ângulos opostos e a razão de
2 2 2π x
proporcionalidade é a medida do diâmetro da circun-
-π 0
- 3π
-2π π π
- ferência circunscrita ao triângulo”.
2 2 Consideremos o triângulo ABC, inscrito na circun-
ferência de raio R. Verifica-se que:
a b c
= = =2·R
sen A sen B sen C
Figura 21. Função Tangente

E o conjunto imagem é R.

Podemos concluir que a função tangente é:

z Positiva no primeiro e terceiro quadrantes;


z Negativa no segundo e quarto quadrantes;
z Crescente em todos os quadrantes;
z Ímpar, pois tg (-x) = - tg x;
z Periódica de período π.

RELAÇÕES MÉTRICAS NO TRIÂNGULO RETÂNGULO


Figura 23. Triângulo ABC inscrito em uma circunferência de raio R

Lei dos Cossenos

“Em todo triângulo, o quadrado da medida de um


lado é igual à soma dos quadrados das medidas dos
outros lados, menos o dobro do produto dessas medi-
das pelo cosseno do ângulo que eles formam.”
Seja o triângulo ABC, da figura. Verifica-se que:

a2 = b2 + c2 – 2 · b · c · cos A
448 Figura 22. Triângulo Retângulo ABC b2 = a2 + c2 – 2 · a · c · cos B
c2 = a2 + b2 – 2 · a · b · cos C Qual é o comprimento do muro necessário para
cercar o terreno (em metros)?
A
Como temos apenas um ângulo conhecido, vamos
utilizar a lei dos cossenos:
c
b Chamando de x o lado oposto ao ângulo de 60º,
temos:
C
B a
x² = 10² + 15² - 2 · 10 · 15 · cos60º
1
Figura 24. Triângulo ABC
x² = 100 + 225 - 2 · 10 · 15 · 2
x²= 325 - 150
x² = 175
Exemplo: Determine o valor de x no triângulo a seguir:
x = ± 175
x = ±5 7
A
x=5 7

Observe que acima só nos interessa o valor positi-


120° vo, visto que estamos de posse de medida geométrica
(que tem sempre que ser positiva!).
Como o exercício pede o comprimento necessário
100m do muro para cercar o terreno, logo vamos calcular o
perímetro do triângulo, que será dado por:

2p = 10 + 15 + 5 · 7
45° 2p = 25 + 5 · 7
2p = 5 · (5 + 7 )
C
x
B Portanto, o comprimento necessário de muro é
dado por: 5 · (5 + 7 ) metros.
Figura 25. Triângulo ABC com ângulos CÂB=120° e CB̂A = 45°
TRANSFORMAÇÕES TRIGONOMÉTRICAS
Como temos dois ângulos conhecidos, vamos utili-
zar a Lei dos Senos: Adição e Subtração de Arcos

Se a e b são as determinações de dois arcos, veri-


x x 100 2 2
= 100 = →x· = 100 · → fica-se que:
sen 120° sen 45° 2
3 2 3
2 2 z Cosseno de (a + b)

→ x = 100 · 3 cos (a + b) = cos (a) · cos(b) – sen(a) · sen(b)


2
z Cosseno de (a – b)

100 · 3· 2 100 · 6 cos(a – b) = cos (a) · cos(b) + sen(a) · sen(b)


x= →x → x = 50 · 6 metros
2· 2 2 z Seno de (a + b)

sen(a + b) = sen(a) · cos(b) + sen(b) · cos(a)


Exemplo: Dois lados de um terreno de forma
triangular medem 15 m e 10 m, formando um ângulo
z Seno de (a – b)
de 60°, conforme a figura abaixo:
sen(a – b) = sen(a) · cos(b) – sen(b) · cos(a)

z Tangente de (a + b)

tg (a) + tg (b)
tg (a + b) =
MATEMÁTICA

1 - tg (a) ·tg (b)


z Tangente de (a – b)

tg (a) - tg (b)
tg (a - b) =
1 + tg (a) ·tg (b)
A partir dessas relações podemos construir a
seguinte Tabela Resumo:
Figura 26. Triângulo com ângulo de 60º e lados 10 e 15 metros 449
Desta maneira, podemos obter as fórmulas do arco
ADIÇÃO E SUBTRAÇÃO DE ARCOS duplo.
Fórmulas de arco duplo são as expressões das fun-
cos(a + b) = cos(a) · cos(b) – sen(a) · sen(b) ções trigonométricas de arcos da forma 2a. É um caso
particular de adição de arcos. Para tanto, basta fazer b
cos(a – b) = cos(a) · cos(b) + sen(a) · sen(b) = a nas fórmulas acima.
Vejamos abaixo como ficarão estas fórmulas:
sen(a + b) = sen(a) · cos(b) + sen(b) · cos(a)
z Cosseno de (2a)
sen(a – b) = sen(a) · cos(b) – sen(b) · cos(a)
cos(a + b) = cos(a) · cos(b) – sen(a) · sen(b)
tg (a) + tg (b)
tg (a+b) = -
1 tg (a) ·tg (b) Fazendo , temos:

tg (a) - tg (b) cos(a + a) = cos(a) · cos(a) – sen(a) · sen(a)


tg (a - b) =
1 + tg (a) ·tg (b) cos(2a) = cos2 (a) – sen2 (a)

Portanto: cos(2a) = cos2 (a) – sen2 (a)


Exemplo: Utilizando as fórmulas de adição e sub-
tração de arcos, calcule cos15º.
Observação: Esta fórmula do cosseno do arco duplo
apresenta duas outras variações, conforme utilizamos
cos15º = cos(60º-45º) = cos(60º) · cos(45º) + sen(60º) · sen(45º)
o Teorema Fundamental da Trigonometria (sen2 a +
cos2 a = 1). Vejamos de que maneira isto acontece:
1 2 3 2 2 6 2+ 6
cos15º = ·
2· 2 + 2 2 = 4 + 4 = 4
a) Substituindo sen2 a = 1 – cos2 a, temos:
Exemplo: Utilizando as fórmulas de adição e sub-
tração de arcos, calcule sen105º. cos(2a) = cos2 (a) – sen2 (a)
cos(2a) = cos2 (a) – [ 1 – cos2 (a)]
sen105º = sen(60º + 45º) = sen(60º) · cos(45º)+sen(45º) · cos(60º) cos(2a) = cos2 (a) -1 + cos2 (a)
cos(2a) = 2 · cos2 (a) -1
3 2 2 1 6 2 6+ 2 Portanto, temos a 1ª variação: cos(2a) = 2 · cos2 (a) -1
sen105º = · =
2 · 2 + 2 2 = 4 + 4 4
b) Substituindo cos2 a = 1 – sen2 a, temos:
Exemplo: Utilizando as fórmulas de adição e sub-
tração de arcos, calcule tg75º. cos (2a) = cos2 (a) – sen2 (a)
cos (2a) = [1 – sen2 (a)] – sen2 (a)
tg (45c) - tg (30c)
tg75° = tg(45° + 30°) = cos (2a) = 1 – sen2 (a) – sen2 (a)
1 - tg (45c) · tg (30c) cos (2a) =1 – 2 · sen2 (a)
3
1+ 3 Portanto, temos a 2ª variação: cos(2a) = 1 – 2 · sen2 (a)
tg75° = =
3
1 - 1· 3
z Seno de (2a)
3 3 3
1+ 3 sen(a + b) = sen(a) · cos(b) + sen(b) · cos(a)
= = 3+ 3 =
3 3- 3
1- 3 3 3 Fazendo b = a, temos:

3+ 3 sen(a + a) = sen(a) · cos(a) + sen(a) · cos(a)


= 3 = sen(2a) = 2 · sen(a) · cos(a)
3
3- 3
Portanto: sen(2a) = 2 · sen(a) · cos(a)

=c m·d n=
3+ 3 3
3 3- 3 z Tangente de (2a)

3+ 3 tg (a) + tg (b)
tg75° = tg (a + b) =
3- 3 1 - tg (a) ·tg (b)

FÓRMULAS DO ARCO DUPLO Fazendo b = a, temos:

tg (a) + tg (a)
A partir das fórmulas de adição de arcos, temos: tg (a + a) =
1 - tg (a) ·tg (a)
cos (a + b) = cos(a) · cos(b) – sen(a) · sen(b)
sen(a + b) = sen(a) · cos(b) + sen(b) · cos(a) 2·tg (a)
tg (2a) =
1 - tg2 (a)
tg (a) + tg (b)
tg (a + b) = 2·tg (a)
1 - tg (a) ·tg (b)
Portanto: tg (2a) =
1 - tg2 (a)
450
Logo, temos as seguintes fórmulas para arcos z Seno do Arco Metade
duplos:
Vamos fazer o cálculo de b 2 l :
x

FÓRMULAS DE ARCO DUPLO cos2a = cos²a - sen²a


cos2a = 1 - sen²a - sen²a
cos2a = 1 - 2sen²a
cos(2a) = cos2(a) – sen2(a) 2sen²a = 1 - cos2a
1 - cos 2a
sen²a =
2
cos(2a) = 2 · cos2(a) - 1
x
Fazendo 2a = x, temos a = 2 .
cos(2a) = 1 – 2 · sen (a) 2

Logo:
sen(2a) = 2 · sen(a) · cos(a)
sen² b 2 l =
x 1 - cos x
2
2·tg (a)
tg(2a) =
sen² b 2 l = ±
1 - tg2 (a) x 1 - cos x
2
z Cosseno do Arco Metade
3 3π
Exemplo: Sendo tg x = 4 e π < x < , calcule sen(2x):
Vamos fazer o cálculo de cos b 2 l :
Sabemos que: 2 x

sen x
tg x = cos x cos2a = cos²a - sen²a
cos2a = cos²a - (1 - cos²a)
3
Se tg x = l cos2a = cos²a - 1 + cos²a
4 cos2a = 2cos²a - 1
3 sen x 4·sen x 2cos²a = 1 + cos2a
Logo: 4 = cos x → cos x = ( I) 1 + cos 2a
3 cos²a = 2
Vamos substituir o valor do cos x em: sen2 x + cos2 x = 1 x
Fazendo 2a = x, temos a = 2 .
sen²x + cos²x = 1⇒ sen²x = 1- cos²x ⇒ sen²x = 1- b 3 l
4·senx 2
Logo:
cos² b 2 l =
x 1 + cos x
16·se2 x 2
sen²x = 1 - " 9 · sen²x = 9 -16 · sen²x → 9 · sen²x +
cos b 2 l = !
9 x 1 + cos x
16 · sen²x = 9 2
z Tangente do Arco Metade
9 9 3
25 · sen²x = 9 → sen²x = 25 → senx ± 25 → senx = ± 5
Vamos fazer o cálculo de tg b 2 l :
x

sen b 2 l 1 - cos x
x
tg b 2 l = b l
3π x x 2
Como π < x < , x ∈ 3ºQ, logo o sen x é negativo. x → tg 2 =
2 cos b 2 l 1 + cos x
2
3
Portanto, sen x = - 5 (II)
1 - cos x
tg b x l = 2 → tg b 2 l =
x 1 - cos x
De I e II, vem que: 2 1 + cos x 1 + cos x
→ cosx 3 · senx → cosx 3 · b - 5 l → cosx= - 5
4·senx 4 4 3 4 2
cosx = 3
tg b 2 l = !
x 1 - cos x x π
, (Para 2 ≠ +kπ, k ∈ ℤ)
1 + cos x l 2
Com os valores de senx e cos x, vamos encontrar
sen(2x): Logo, temos as seguintes fórmulas para Arcos
Metade:
sen(2x) = 2 · sen(x) · cos(x)
sen(2x) = 2 · b - 5 l · b - 5 l
3 4
FÓRMULAS DE ARCO METADE

sen(2x) = 2 · b 25 l
12
sen b 2 l = !
x 1 - cos x
MATEMÁTICA

24 2
sen(2x) = 25

cos b 2 l = !
x 1 + cos x
FÓRMULAS DO ARCO METADE 2

A partir das fórmulas anteriores podemos obter


tg b 2 l = !
x 1 - cos x
mais três fórmulas importantes. 1 + cos x

451
TRANSFORMAÇÃO EM PRODUTO
α = β + 2kπ
ou
As somas e subtrações trigonométricas podem ser sen α = sen β →
α = (π - β) + 2kπ
transformadas em produtos, facilitando assim a reso-
lução de muitos exercícios.
Para utilizar esse recurso, fazemos a aplicação de
fórmulas. Exemplos: Vamos resolver as seguintes equações:
Essas fórmulas são conhecidas como Fórmulas de
Werner.
Vejamos cada uma delas. π
z sen α = sen β = sen
5
cos p + cos q = 2 · cos c m · cos c m
p+q p-q
2 2
π
x= + 2kπ
cos p - cos q = -2 · sen c m·c m
p+q p-q
2 5
2
π ou
sen p + sen q = 2 · sen c m · cos c m
p+q p-q sen x = sen →
2 2 5

sen p - sen q = 2 · sen c m ·cos c m π 4π


p-q p+q
2 2 x = (π - ) + 2kπ = + 2kπ
5 5
sen (p + q)
tg p + tg q =
(cos p) · (cos q)
sen (p - q)
tg p - tg q = π 4π
(cos p) · (cos q) Logo: S = {x ∈ ℝ/x = + 2kπ ou x = = 2kπ}
5 5
Exemplos:
1
cos8x + cos2x = 2 · cos b l· cos b 8x 2x l= cos5x · cos3x
8x + 2x - z sen²x =
2 2 4

cos6x - cos4x = -2 · sen b l·b l= - 2 · sen5x · senx


6 x + 4 x 6x - 4x
2 2 1 1 1
sen²x = → senx = ! → senx = ! →
en3x + senx = 2 · sen b 2 l· cosb 2 l=2 · sen2x · cosx
3x + x 3x - x 4 4 2
s

1 π π
sen18x - sen 4x = 2 · senb
18x - 4x l
· cosb l= 2 · →
18x + 4x sen x = → sen x = sen →x=
2 2 2 6 6
→ · sen7x · cos11x
sen (3x + 2x) sen (5x) ou
tg3x + tg2x = = →
cos 3x · cos 2x cos 3x · cos 2x

sen (5x - x) sen (4x)


tg5x - tgx = cos 5x · cos x = cos 5x · cos x sen x = -
1
2
→ sen x = sen π -
π
6
( )→ x = 5π
6

EQUAÇÕES E INEQUAÇÕES
π
Equações Trigonométricas x= + 2kπ
6

Consideremos f (x) e g (x) duas funções trigonomé- π ou


sen x = sen →
tricas na variável x, com seus respectivos domínios. 6
Resolvemos uma equação trigonométrica f (x) = g (x)
encontrando os números f (r) = g (r) que tornam a sen-
tença verdadeira. Vale ressaltar que r precisa perten-
x= π-( π
6
) + 2kπ = 5π
6
+ 2kπ
cer aos respectivos domínios das funções.
Todas equações trigonométricas podem ser redu-
zidas em três equações fundamentais:

x= + 2kπ
z sen α = sen β 6

z cos α = cos β sen x = sen → ou
z tg α = tg β 6

Resolução de uma equação sen α = sen β x= π-( 7π


6
) + 2kπ = - π6 + 2kπ

Para resolver a equação sen α = sen β, utilizamos a


seguinte relação:

452
z tg x + cotg x = 2
π 5π
Logo: S = {x ∈ ℝ/x = + 2kπ ou x = + 2kπ ou x= 1
6 6 tg x + cotg x = 2 → tg x + tg x = 2
7π π
= + 2kπ ou x = - + 2kπ} tg²x + 1 = 2tg x → tg² x - 2tg x + 1 = 0
6 6

Resolução de uma equação cos α = cos β -(-2) ± √(-2)² - · 4 · 1 ·1 2 ± √4 - 4 2±0


tg x = = = =1
Para resolver a equação cos α = cos β, utilizamos a 2·1 2 2
seguinte relação:

α = β + 2kπ
ou → α = ± β + 2kπ π
cos α = cos β → Logo: S = {x ∈ ℝ/x = + kπ}
α = -β + 2kπ 4
Inequações Trigonométricas

Exemplos: Vamos resolver as seguintes equações: Consideremos f (x) e g (x) duas funções trigonomé-
tricas na variável x, com seus respectivos domínios.
2 Resolvemos uma inequação trigonométrica f (x) < g (x)
z cos x =
2 obtendo o conjunto solução, ou conjunto verdade, dos
números reais r para os quais f (r) < g (r).
Todas inequações trigonométricas podem ser redu-
2 π π zidas em seis equações fundamentais:
cos x = → cos x = cos →x=
2 3 3
z sen x > m
z sen x < m
π
Logo: S = {x ∈ ℝ/x = ± + 2kπ} z cos x > m
3 z cos x < m
z cos²x + cosx = 0 z tg x > m
z tg x < m
cos²x + cos x = 0 → cos x · (cos x + 1) = 0
Vejamos um exemplo para cada uma das seis situa-
ções destacadas acima:

cos x = 0 → cos x = cos ( π2 )


+ 2kπ Exemplo: Vamos resolver a inequação sen x ≥ -
2
2
ou
2
sen x ≥ -
cos x +1 = 0 → cos x = -1 → cos x = cos (π + 2kπ) 2

5π 7π
0 + 2kπ ≤ x < + 2kπ ou + 2kπ < x < 2π + 2kπ
4 4
π
Logo: S = {x ∈ ℝ/x = + 2kπ ou x = π + 2kπ}
2 5π 7π
S = {x ∈ ℝ/ 0 + 2kπ ≤ x < + 2kπ ou + 2kπ < x < 2π + 2kπ}
Resolução de uma equação tg α = tg β 4 4

Para resolver a equação tg α = tg β, utilizamos a


seguinte relação: 1
Exemplo: Vamos resolver a inequação sen x <
2
α = β + 2kπ
ou → α = β + kπ 1
tg α = tg β → sen x <
α = (β + π) + 2kπ
2

Exemplos: Vamos resolver as seguintes equações: π 5π


0 + 2kπ ≤ x < + 2kπ ou + 2kπ < x < 2π + 2kπ
6 6
MATEMÁTICA

z tg x = - 3
π 5π
S = {x ∈ ℝ/0 + 2kπ ≤ x < + 2kπ ou + 2kπ < x < 2π + 2kπ}
6 6

2π 2π
tg x = - 3 → tgx = tg →x= 3
3 3 Exemplo: Vamos resolver a inequação cos x >
2

2π 3
Logo: S = {x ∈ ℝ/x = + kπ} cos x > 453
3 2
π 11π 3π
2kπ ≤ x < + 2π ou + 2kπ < x < 2π + 2kπ + 2kπ < x < 2π + 2kπ}
6 6 2

π 11π
S= {x ∈ ℝ/2kπ ≤ x <
6
+ 2π ou
6
+ 2kπ < x < 2π + 2kπ} CONTAGEM E ANÁLISE
COMBINATÓRIA

1 Um método muito utilizado na resolução de pro-


Exemplo: Vamos resolver a inequação cos x < - blemas matemáticos e probabilísticos é a teoria de
2
contagem e análise combinatória. Nela, desenvolvem-
-se técnicas de contagens de agrupamentos formados
1 sob condições pré-estabelecidas.
cos x < - À primeira vista pode parecer desnecessário o uso
2
de técnicas de contagem de números ou elementos,
mas nem sempre a quantidade de elementos encon-
2π 4π trada é pequena e nem trivial de enumerar, então a
+ 2kπ < x < + 2kπ
3 3 aplicação de métodos de contagem se faz necessário.
Suponha que se queira contar a quantidade de
2π 4π elementos de um conjunto A, sendo ele um conjunto
S = {x ∈ ℝ/ + 2kπ < x < + 2kπ}
3 3 finito de números de dois algarismos distintos, forma-
dos a partir dos dígitos 1, 2 e 3. Nesse caso, o núme-
ro de elementos do conjunto A é de fácil enumeração,
Exemplo: Vamos resolver a inequação tg x > 1
bastando formar todos os elementos e depois fazer a
contagem. Logo, A={12,13,21,23,31,32} e assim o núme-
tg x > 1
ro de elementos de A é n(A)=6. O mesmo não ocorre
para o número de elementos do conjunto B com a lei de
π π 5π 3π formação, sendo este um conjunto finito de números
+ 2kπ < x < + 2kπ ou 2kπ < x < + 2kπ
4 2 4 2 de três algarismos distintos, formado pelos dígitos 1, 2,
3, 4, 5, 6, 7 e 8, pois enumerar todos elementos de B,
n(B)=?, agora não é trivial B={123, 124, 125, ..., 876}. Por
π π ser muito grande esse conjunto é necessário utilizar
+ kπ < x < + kπ uma técnica de contagem, onde veremos que n(B)=336.
4 2

FATORIAL
π π
S = {x ∈ ℝ/ + kπ < x < + kπ}
4 2 O fatorial é uma operação matemática utilizada
para simplificar a notação de algumas técnicas de
Exemplo: Vamos resolver a inequação contagem, como permutação, arranjo e combinatória.
Sua definição é bem simples: dado um número inteiro
tg x < 3 e não negativo, ou seja, n ∈ ℕ, define-se o fatorial de n,
com notação de n!:
π
0 + 2kπ ≤ x < + 2kπ n! = n ∙ (n – 1) ∙ (n – 2) ∙ ... ∙ 3 ∙ 2 ∙ 1, para n ≥ 2.
3
ou Sendo que, para n=0 ou n=1, temos que os fatoriais
são, respectivamente, 1! = 1 e 0! = 1.
π 4π O cálculo do fatorial de n=5 é 5! ∙ 4 ∙ 3 ∙ 2 ∙ 1 = 120,
+ 2kπ < x < + 2kπ mas quando esse n tende a ser grande o cálculo do
2 3
fatorial torna-se mais trabalhoso como para n=12, 12!
ou = 12 ∙ 11 ∙ 10 ∙ ... ∙ 3 ∙ 2 ∙ 1 = 479001600. Nesses casos
podemos simplificar e usar em algumas operações
3π essa simplificação para facilitar o cálculo. Assim,
+ 2kπ < x < 2π + 2kπ
2 temos o fatorial para n=12, 12! = 12 ∙ 11 ∙ 10 ∙ ... 3 ∙ 2 ∙ 1
= 12 ∙ 11!, generalizando temos:

π (n + 1) != (n + 1) ∙ n ∙ (n – 1) ∙ ... ∙3 ∙ 2 ∙ 1 = (n +1) ∙ n!
S = {x ∈ ℝ/ 0 + 2kπ ≤ x < + 2kπ
3
ou (n + 1)!
Nesse sentido, a razão simplificada fica:
(n – 1)!
π 4π
+ 2kπ < x < + 2kπ
2 3 (n + 1)! (n + 1) ∙ n ∙ (n – 1)!
= = (n + 1) ∙ n = n² +n
ou (n – 1)! (n – 1)!

454
Com n ∈ ℕ temos que aplicando essa ideia na razão A = {a₁, a₂, a₃, a₄} e B = {b₁, b₂, b₃, b₄, b₅}
13!
temos: (a1, b1), ⋯ ,(a1, b5) → 5 pares
11!
(a2, b1), ⋯ ,(a2, b5) → 5 pares
4 linhas ∙
13! 13 ∙ 12 ∙ 11! ∙
= = 13 ∙ 12 = 156 ∙
11! 11!

PRINCÍPIO MULTIPLICATIVO E ADITIVO DA (a4, b1), ⋯ ,(a4, b5) → 5 pares


CONTAGEM 5 + 5 + ⋯ + 5 = 4 ∙ 5 = 20

O princípio multiplicativo, também conhecido Assim, são 20 formas diferentes de chegar ao Rio
como o princípio fundamental da contagem, é defi- de Janeiro, saindo de Brasília e passando por Belo
nido em duas situações diferentes, sendo a primeira Horizonte.
quando se deseja fazer a contagem da combinação Generalizando o princípio multiplicativo para
de elementos entre dois ou mais conjuntos, ou seja, qualquer quantidade de conjuntos temos:
cruzamento todos com todos. A segunda é quando se
quer contar elementos dessas combinações, mas res-
tringindo elementos a serem combinados. A = {a₁, a₂, ⋯, an₁} n(A) = n₁
Na primeira situação podemos inicialmente traba-
B = {b₁, b₂, ⋯, bn₂} n(B) = n₂
lhar com dois conjuntos A e B, sendo, A = {a₁,a₂, ⋯, am}
com m elementos e B = {b1, b2, ⋯, bn}com n elementos. ∙
Com isso, podemos formar da combinação de A com B ∙

uma quantidade m ∙ n (princípio multiplicativo) de
pares ordenados (ai, bj) com ai ∈ A e bj ∈ B. Podemos
Z = {z₁, z₂, ⋯, zn } n(Z) = nr
visualizar melhor descrevendo tal combinação em r

forma de diagrama de árvore:


Então a quantidade de r-uplas, ou sequência de r
elementos, do tipo (ai, bj, ⋯, zp), onde ai ∈ A, bj ∈ B, ..., zp,
∈ Z é n1 ∙ n2 ∙ ... ∙ nr (princípio multiplicativo).
Agora para a segunda situação podemos inicial-
mente trabalhar com um conjunto A, A = {a1, a2, ⋯, am}
com m elementos. Com isso, podemos formar da com-
binação de A com A tais que, ai ∈ A e aj ∈ A, sendo ai ≠
aj (i ≠j) a quantidade m ∙ (m – 1) (princípio multiplica-
tivo, com restrição de elementos no par ordenado)
de pares ordenados (ai, aj) com ai ∈ A e aj ∈ A. Podemos
visualizar melhor descrevendo tal combinação em
forma de diagrama de árvore:

(a1, b1), ⋯ ,(a1, bn) → n pares


(a2, b1), ⋯ ,(a2, bn) → n pares


m linhas ∙

(am, b1), ⋯ ,(am, bn)


n pares

n+n+⋯+n=m∙n

(a1, a2), ⋯ ,(a1, am) → m – 1 pares


Suponha que em três cidades, Brasília, Belo Hori-
MATEMÁTICA

zonte e Rio de Janeiro, existam quatro rodovias que (a2, a1), ⋯ ,(a2, am) → m – 1 pares
ligam Brasília a Belo Horizonte e outras cinco rodo-
vias que ligam Belo Horizonte ao Rio de Janeiro. ∙
m linhas ∙
Usando o princípio multiplicativo podemos saber de ∙
quantas formas diferentes podemos chegar ao Rio de
Janeiro, saindo de Brasília e passando por Belo Hori- (am, a1), ⋯ ,(am, am–1) → m – 1 pares
zonte. Usando a ideia dos conjuntos A e B anteriores
temos o conjunto A ligando Brasília a Belo Horizonte e (m – 1)+(m – 1)+ ⋯ +(m – 1) = m ∙ (m – 1)
o conjunto B ligando Belo Horizonte ao Rio de Janeiro: 455
Voltando ao exemplo do início da seção temos relação ao seus algarismos. Onde temos OU entenda
o conjunto B, com a lei de formação sendo, um con- como SOMA (princípio aditivo), assim temos:
junto finito de números de três algarismos distintos
formado pelos dígitos 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8. Para nume-
1algarismo: três possíveis: 1,2,3;
rar todos elementos de B, n(B)=?, B={123, 124, 125, ...,
876}, por ser muito grande esse conjunto é necessário 2algarismo: 3 ∙ 3 =9 possíveis (princípio multiplicativo);
utilizar uma técnica de contagem. Aqui podemos usar 3algarismos: 3 ∙ 3 ∙ 3=27 possíveis(princípio multiplicativo);
o princípio da multiplicação, com o caso de restrição,
onde para serem elementos distintos, o que aparecer A união:3+9+27=39 casos (princípio aditivo)
no primeiro algarismo não pode aparecer no segundo,
nem no terceiro, ou seja, o número 111 não é elemen- ARRANJOS, PERMUTAÇÕES E COMBINAÇÕES
to de B:
Da definição do princípio fundamental da conta-
gem (multiplicativo) podemos deduzir algumas fór-
A = {a₁, a₂, a₃, a₄, a₅, a₆, a₇, a₈} = {1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8} mulas de agrupamentos, simplificando com notação
→ B = {123, 124, 125, ⋯, 876} de fatorial e definindo alguns casos particulares.
(a1, a2, a3), ⋯ ,(a1, a7, a8) → 7 ∙ 6pares (prin-
Arranjos
cípio multiplicativo)
(a2, a1, a3), ⋯ ,(a2, a7, a8) → 7 ∙ 6pares Seja um conjunto de n elementos N = {a1, a2, ⋯, an},
chamamos de arranjo dos n elementos tomados r a r
8 linhas ∙ (1 ≤ r ≤ n) a qualquer sequência de r elementos ou
∙ toda r-upla formada com elementos de N todos distin-

tos. Denotado por:
(a8, a1, a2), ⋯ ,(a8, a7, a6) → 7 ∙ 6pares
An, r =n ∙ (n – 1) ∙ ... ∙[n – (r – 1)]
7 ∙ 6+7 ∙ 6+ ⋯ +7 ∙ 6=8 ∙ 7 ∙ 6 = 336 r fatores

Assim, são 336 números distintos formados por Com simplificação fatorial temos:
três algarismos distintos com os dígitos de 1 a 8.
Generalizando então o princípio multiplicativo,
com restrição para elementos distintos, para qualquer n!
An, r
quantidade de elementos temos: (n – r)!

Se A = {a₁, a₂, ⋯, am}, n(A) = m Na mesma definição de arranjo, se as r-upla orde-


nadas são formadas por elementos de N não necessa-
com sequências do tipo: (ai,al, ⋯,aj, ⋯,ak) riamente distintos, temos a definição de arranjo com
r elementos repetição:

ARn, r =n ∙ n ∙ ... ∙ n = nr
r fatores

a quantidade de sequência é: m ∙ (m – 1) ∙ (m – 2) ∙ ... ∙


Então, no exemplo do início da seção em que o
[m – (r –1)]
conjunto B, com a lei de formação é um conjunto fini-
to de números de três algarismos distintos, formado
Então a quantidade de r-uplas, ou sequência de r
pelos dígitos 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8, enumerando todos
elementos, formados com elementos distintos dois a
os elementos de B, n(B)=?, B={123, 124, 125, ..., 876},
dois, é m ∙ (m – 1) ∙ ... ∙ [m – (r – 1)] (princípio multipli-
feito com princípio multiplicativo, temos o resultado
cativo), onde a1 ∈ A ∀i ∈ {1, 2, ⋯, m} e a1 ≠ ap para i ≠ p.
n(B)=336; agora usando a definição de arranjo sem
Até o momento vimos técnicas de contagem envol-
repetição temos:
vendo o princípio multiplicativo, já o princípio adi-
tivo é empregado em situações em que se deseja a
união entre conjuntos de resultados possíveis, onde n! 8! 8! 8 ∙ 7 ∙ 6 ∙ 5!
em cada um deles a contagem será feita utilizando o An,r = à A8,3 = = = =
(n – r)! (8 – 3)! 5! 5!
princípio da multiplicação e pôr fim a soma deles dará
o resultado final do número de elementos da união 8 ∙ 7 ∙ 6 = 336
desses conjuntos de interesse. Por exemplo, qual a
quantidade de números inteiros positivos abaixo de Note que a solução usando o princípio fundamen-
1000, formado pelos dígitos {1, 2, 3}. Note que não foi tal da contagem (multiplicativo) foi exatamente o
informada a quantidade de algarismos que devem ter mesmo que usando a definição de arranjo, veja ainda
esses números inteiros, assim eles podem ser conjun- que a fórmula do arranjo no final caiu no princípio
to de números de 1 algarismo ou números de 2 alga- multiplicativo.
rismos ou ainda número de 3 algarismos. Não entram
números de 4 algarismos pois eles devem estar abai- Para exemplificar o arranjo com repetição pode-
xo de 1000. Para resolver esse problema, iremos uti- mos usar o problema de sorteio com urnas, onde o
lizar primeiro o princípio multiplicativo e logo após número sorteado é reposto na urna e pode ser sor-
o princípio da adição, onde somaremos os resultados teado novamente, ou seja, com reposição (repetição).
456 de cada um dos possíveis conjuntos de números em
Seja nesse contexto uma urna com os números 1, 2 n!
e 3, e em seguida um número é sorteado, reposto na Cn, r = ,r≤n;∀n,r ∈ N
r!(n – r)!
urna, e o segundo número é sorteado. Quantas for-
mas possíveis de sequências de números podem ser
Como define-se combinação sendo subconjuntos, a
observadas? Assim, usando a definição de arranjo ordem dos elementos não interfere. Assim, os subcon-
com repetição temos: juntos {a,b} e {b,a}são iguais.
O exemplo clássico de combinações são os pro-
ARn, r = nr à AR3, 2 = 32 = 9 blemas envolvendo membros de comissões. Suponha
que uma empresa tenha 15 funcionários no setor
Logo, temos nove pares possíveis de números administrativo, e se queira formar uma comissão com
sorteados. 3 desses funcionários. De quantas formas possíveis
pode-se formar essa comissão? Assim, essas comis-
Permutação sões são subconjuntos com elementos funcionários e
Seja um conjunto de n elementos N = {a1, a2, ⋯, an}, a ordem dos elementos dentro dela não interfere, ou
chamamos de permutação dos n elementos a todo seja, esses subconjuntos de mesmos elementos, mas
arranjo onde r=n. Denotado por: de ordem distintas, são iguais. Logo, essa contagem
pode ser feita a partir da combinação:
n! n! n!
An, n = = = = n! = Pn n! 15! 15!
(n – n)! 0! 1 Cn, r = à C15,3 = = =
r! (n – r)! 3!(15 – 3)! 3!12!
Dica
15 ∙ 14 ∙ 13 ∙ 12! 15 ∙ 14 ∙ 13
A permutação é um caso particular do arranjo, = = 455 .
3!12! 3∙2∙1
em que se queira combinar todos elementos.
Caso usássemos no exemplo anterior a ideia de
Assim, a permutação de um conjunto N = {1, 2, 3}, arranjo teríamos um número bem maior de elementos,
são todos os arranjos constituídos dos 3 elementos, ou visto que a ordem importa no arranjo. Sendo assim, o
seja, {123,132,213,231,312,321}. Calculado o número arranjo contaria como diferentes aqueles subconjun-
de permutações temos então Pn = n! à P3 = 3! = 3 ∙ 2 tos que a combinação define como iguais. Logo, a esco-
∙ 1=6 . lha correta da técnica (arranjo ou combinação) para a
Em situações que envolvam condições de con- condição definida é essencial!
tagem, como em anagramas de palavras, em que o
n! 15! 15!
conjunto N = {a1, a2, ⋯, an} de n elementos, irão existir An, r = à A15,3 = = =
alguns elementos iguais, ai = ajcom i ≠ j. Neste caso, uti- (n – r)! (15 – 3)! 12!
liza-se a técnica de permutação com elementos repeti-
15 ∙ 14 ∙ 13 ∙ 12!
dos, de forma geral temos: = 15 ∙ 14 ∙ 13 = 2730 .
12!
n! BINÔMIO DE NEWTON
Pnn₁, n₂, ⋯, nr =
n1!n2! ⋯ nr!
Desenvolvimento, coeficientes binomiais e termo
Suponha que se deseja saber quantos anagramas geral
podem ser construídos com a palavra ARARAQUARA? Usamos as técnicas de contagem como o diagra-
Então, usando a definição de permutação com repe- ma de árvore e o princípio fundamental da contagem
tição, da palavra temos 10 letras e duas delas com para obter o desenvolvimento do binômio (x + a)n com
repetição: n ∈ N e x, a ∈ ℝ.

n = 10 Alguns casos particulares já são conhecidos:


A à n1 = 5 z (x + a)0 = 1;
R à n2 = 3 z (x + a)1 = x + a;
z (x + a)2 = x2 + 2xa + a2;
z (x + a)3 = x3 + 3x2a + 3xa2 + a3 .
n! 10! 10 ∙ 9 ∙ 8 ∙ 7 ∙ 6 ∙ 5!
Pnn₁, n₂ = à P105,3 = = =
n1!n2! 5!3! 5!3! Mas para todo n inteiro, positivo, quanto maior o n
mais trabalhoso fica:
10 ∙ 9 ∙ 8 ∙ 7 ∙ 6
MATEMÁTICA

= 5040 (x + a)n =(x + a) ∙ (x + a) ∙ ... ∙ (x + a)


3∙2∙1
r fatores

COMBINAÇÕES
Seguindo essa ideia de distributiva da multiplicação
em relação aos termos (x+a), a cada fator (x+a), sele-
Seja um conjunto de n elementos N = {a1, a2, ⋯,an}, cionamos exatamente um termo, podendo ser x ou a, e
chamamos de combinações dos n elementos tomados multiplicamos em seguida. Continua-se o processo até
r a r, os subconjuntos de N constituídos de r elemen- esgotar todas as seleções possíveis de um termo de cada
tos. Denotado por: fator. Toma-se todos os produtos obtidos e calcula-se 457
sua soma (reduzindo os termos semelhantes). Por fim, são iguais a a e uma igual a x, da permutação com
a soma obtida é o desenvolvimento do binômio (x+a)n. repetição temos:
Para (x+a)2 = (x+a) ∙ (x+a), usando o diagrama de
árvore para seleção dos termos, e esgotando as possí-
3!
veis seleções para cada termo do fator, temos: p31,2 = = C3,2, logo, o coeficiente de xa2 é C3,2.
1!2!

Por fim, para o termo a3 só pode ser obtido de uma


única forma que é com a escolha de a para os três fato-
res. Logo, o coeficiente de a3 no desenvolvimento do
binômio é 1 ou C3,3.
Finalmente temos o desenvolvimento do binômio
cúbico:

(x+a)3 = C3,0x3+C3,1x2a+C3,2xa2+C3,3a3.

Desse exemplo, podemos definir então o Teorema


Binomial. Seja o binômio (x+a)n com n ∈ ℕ e x, a ∈ ℝ, o
desenvolvimento do binômio é dado por:

Assim, a soma de todos os produtos é: x ∙ x+x ∙ a+a (x+a)n = Cn,0 xn+Cn,1 xn – 1a1+Cn,2 xn – 2a2+ ... +Cn, p xn – p ap+ ... +
∙ x+a ∙ a=x2+2xa+a2. Cn, n an
Para (x+a)3 = (x+a) ∙ (x+a) ∙ (x+a), o mesmo
raciocínio: onde Cn,0, Cn,1, Cn,2, ..., Cn,p, ..., Cn,n são chamados de
coeficientes binomiais.
Por fim, o termo geral a partir do desenvolvimen-
to do Teorema Binomial é:

(x+a)n = Cn, p xn – p ap

No desenvolvimento do binômio (1 – 2x2)5, qual o


coeficiente de x8? O termo geral do binômio é:

C5, p (–2x2)5 – p 1p = C5,p (–2)5 – p x2(5 – p) = C5,p (-2)5 – p x10 – 2p


10 – 2p = 8 → p = 1
C5,1 (–2)5 – 1 x10 – 2∙1 = C5,1 (–2)4 x8 = C5,1 16x8 = 5 ∙16x8 = 80x8
Logo, o coeficiente do termo x8 é 80.

PROBABILIDADE

Assim a soma de todos os produtos é: x ∙ x ∙ x+x ∙ x ∙ a+x ∙ As origens da probabilidade remetem ao século
a ∙ x+x ∙ a ∙ a+a ∙ x ∙ x+a ∙ x ∙ a+a ∙ a ∙ x+a ∙ a ∙ a=x3+3x2a+3xa2+a3 XVI e suas aplicações se limitavam a jogos de azar.
Hoje, a utilização das probabilidades ultrapassou o
Usando o binômio cúbico e reescrevendo ele em âmbito dos jogos. O governo e as empresas incorpo-
forma de combinações temos o seguinte: do binômio raram a teoria das probabilidades em seus processos
(x+a)3 = (x+a) ∙ (x+a) ∙ (x+a), se escolhermos um ter- diários de deliberações.
mo de cada fator, obteremos três termos (um em cada O estudo das probabilidades indica que existe um
fator), que são multiplicados entre si: x3, x2a, xa2 e a3, elemento de acaso, ou de incerteza, quanto à ocor-
ou seja, o diagrama de árvore está na coluna “Produ- rência ou não de um evento futuro. Assim, em muitos
to”. Assim, o primeiro deles x3 só pode ser obtido de casos é impossível afirmar por antecipação o que irá
uma única forma que é com a escolha de x para os três ocorrer, mas por meio de dados históricos e da expe-
fatores. Logo, o coeficiente de x3 no desenvolvimento riência, é possível dizer o quão provável é a ocorrên-
do binômio é 1 ou C3,0. cia de um determinado evento. Alguns exemplos de
Para o termo x2a, a quantidade de produtos do tipo aplicação nos negócios ou no governo são a previsão
x2a no diagrama de árvore foi igual a três, onde duas da procura de um novo produto, o cálculo dos custos
são iguais a x e uma igual a a, da permutação com de produção, a compra de apólices de seguro, o prepa-
repetição temos: ro de um orçamento, a avaliação do impacto da redu-
ção de impostos sobre a inflação. Tudo isso contém
algum elemento de acaso.
3!
P32,1 = = C3,1, logo, o coeficiente de x2a é C3,1. As probabilidades são úteis no desenvolvimento
2!1! de estratégias, como por exemplo, se as chances de
lucro são boas, os investidores sentem-se mais inclina-
Para o termo xa2, a quantidade de produtos do tipo dos a aplicar seu dinheiro, uma empresa pode nego-
458 xa no diagrama de árvore foi igual a três, onde duas
2
ciar seriamente com um sindicato quando há forte
ameaça de greve ou pode investir em um novo equi- PROBABILIDADE EM ESPAÇOS AMOSTRAIS
pamento, se há boa chance de recuperar o dinheiro. EQUIPROVÁVEIS
As probabilidades são utilizadas para exprimir a
chance de ocorrência de determinado evento e assim Seja um processo aleatório, com um espaço amos-
tral definido e conhecido todos seus eventos ou resul-
modelando o acaso.
tados possíveis, podemos definir a probabilidade de
um evento de interesse de duas formas: definição fre-
PROBABILIDADES: EXPERIMENTO ALEATÓRIO E
quentista e definição clássica.
ESPAÇO AMOSTRAL
De acordo com a definição frequentista, se um
evento de probabilidade p for observado repetida-
Para iniciarmos a teoria de probabilidade e termos mente ao longo de realizações independentes, a rela-
condições de entender como calcular a probabilidade ção da frequência observada desse evento ao número
de evento de interesse é importante sabermos alguns total das repetições converge para p enquanto o núme-
conceitos básicos. ro das repetições se torna arbitrariamente grande.
O primeiro deles é o conceito de experimento Dizendo com outras palavras e colocando no contexto
aleatório. Este representa a realização de uma expe- da construção de histogramas, pode-se entender que
riência ou experimento que gera resultados incertos. quando n → ∞, as frequências das classes tendem a se
Assim, denominamos de experimento aleatório todo estabilizar.
fenômeno ou ação que geralmente pode ser repetido Para exemplificar essa definição frequentista, se
indefinidamente sob mesmas condições e cujo resul- tomarmos uma moeda honesta e realizarmos o experi-
tado é aleatório ou incerto. Por exemplo, quando lan- mento de lançar essa moeda, qual seria a probabilidade
de sair cara? Todos irão responder intuitivamente que
çamos uma moeda, uma única vez, estamos gerando
é 50%. Isto é intuitivo devido à lei dos grandes núme-
um experimento aleatório, cujos possíveis resultados ros. Mas, pela definição frequentista faríamos o lan-
são conhecidos, cara ou coroa, mas até que a moeda çamento dessa moeda, por exemplo, 1000 vezes, e
pare de girar o seu resultado final ainda é incerto. plotaríamos em um gráfico o número de lançamentos
Outro conceito importante é o de espaço amos- versus a frequência relativa de caras (número de caras/
tral. Em um experimento aleatório gerado, sabemos números de lançamentos).
quais resultados possíveis de acontecer, e a todos Note que (Figura 1), quanto maior o n (número de
esses resultados de um experimento aleatório damos lançamentos) mais a frequência relativa tende a se
o nome de espaço amostral e denotamos ele com uma estabilizar em 50%, que seria a resposta da probabi-
lidade de sair cara, feita anteriormente e respondida
letra grega (Ω). Assim, no lançamento de um dado de
intuitivamente. Ou seja, a probabilidade do evento A
seis faces, o espaço amostral é Ω = {1, 2, 3, 4, 5, 6}. Já ocorrer na definição frequentista é:
no lançamento de uma moeda, o espaço amostral é
definido como sendo Ω = {cara, coroa}. Na linha de
produção de uma indústria faz-se a inspeção dos equi- m
P(A) = lim 𝑓rA = lim
pamentos construídos, contando o número de defei- n→∞ n→∞ n
tos, seu espaço amostral é Ω = {0, 1, 2, 3, ...}.
Aos subconjuntos do espaço amostral temos possí-
Sendo m o número de eventos favoráveis e n o
veis combinações de interesse em cálculos de probabi-
número de resultados possíveis.
lidade. Essas possíveis combinações ou subconjuntos
do espaço amostral no qual interessamos saber suas
probabilidades, damos o nome de evento. Logo, obter
um número par na face superior de um dado de seis
faces, A = {2, 4, 6}, é um evento de interesse dentro
do espaço amostral Ω = {1, 2, 3, 4, 5, 6}, encontrado
a partir da realização de um experimento aleatório,
que foi o lançamento do dado. Neste mesmo contexto,
por exemplo, se temos interesse em obter um número
menor que 7, tem-se então o evento B = {1, 2, 3, 4, 5, 6}
que é igual ao espaço amostral Ω. A este tipo de even-
to damos o nome de evento certo. Já quando quere-
mos obter um número negativo no lançamento de um
dado de seis faces, temos que esse evento não contém
elementos, C={ }, ou seja, evento vazio Φ, a este tipo
de evento damos o nome de evento impossível.
Sendo dois eventos A e B, se a ocorrência de um
deles, implicar necessariamente na não ocorrência
Figura 1. Simulação do lançamento de uma moeda honesta 1000
MATEMÁTICA

do outro, ou seja, se esses eventos (conjuntos) forem vezes em relação a suas respectivas frequências relativas.
disjuntos (sem intersecção, (A ⌒ B = ∅), dizemos que
esses eventos A e B são mutuamente exclusivos. Já na definição clássica, definido o processo alea-
É importante saber que, experimento aleatório tório e seu espaço amostral, temos a relação entre o
ou processo aleatório é qualquer fenômeno que gere número de eventos favoráveis e o número de resul-
resultados incertos ou casuais, podendo ser repetido tados possíveis. Assim, a probabilidade do evento de
indefinidamente sob as mesmas condições. Inicial- interesse é definida como o número de eventos (pon-
mente não se conhece seus resultados, mas pode-se tos ou elementos) favoráveis divididos pelo número
descrever todos possíveis. de elementos do espaço amostral: 459
n(A) Se os eventos A e B são independentes então a
P(A) = probabilidade da intersecção entre A e B é:
n(Ω)
P(A ∩ B) = P(A) · P(B)
Em que n(A) é o número de eventos ou resultados
favoráveis, e n(Ω) é o número de eventos ou resulta- 3) Complementar: AC = Ω – A (lê-se: complementar
dos do espaço amostral. de A ou não A).
Assim, qual seria a probabilidade de se retirar
uma carta de ouros de um baralho honesto? Fazemos
isso usando a definição clássica de probabilidade, se
um baralho honesto tem 13 cartas do naipe ouros
(evento A) e o total de cartas do baralho é 52 (espaço
amostral), então a chance de uma carta de ouros ser
tirada ao acaso é:

n(A) 13 1
P(A) = = = ou 25%
n(Ω) 52 4
Assim, a probabilidade do complementar é dado por:
PROBABILIDADE DA UNIÃO DE DOIS EVENTOS OU
OPERAÇÕES COM EVENTOS P(AC) = 1 – P(A)

A operação com eventos é semelhante a operações Observação Importante: Se A e B são conjuntos


com conjuntos. A seguir apresentaremos o Diagrama mutuamente exclusivos (disjuntos) então, A ∩ B = Փ,
de Venn para ilustrarmos algumas propriedades: assim a probabilidade de A intersecção com B é P(A ∩ B).

Figura 2. Diagrama de Venn.

1) União (∪): A ∪ B = B ∪ A. PROPRIEDADES DAS PROBABILIDADES

Axiomas de Probabilidade

Axioma 1: A probabilidade de um certo evento


ocorrer corresponde a um número não negativo.

P(A) ≥ 0

Axioma 2: A probabilidade de ocorrer todo o espa-


ço amostral é igual a um.
P(A ∪ B) = P(A) + P(B) – P(A ∩ B)
P(Ω) = 1
Caso os eventos A e B sejam mutuamente exclusi-
vos então a probabilidade de A união com B é: Baseado no Axioma 1 e no Axioma 2 segue-se que
0 ≤P(A) ≤ 1.
P(A ∪ B) = P(A) + P(B)
Teoremas
2) Intersecção (∩): A ∩ B = B ∩ A
Teorema 1: A probabilidade de um evento impos-
sível ocorrer é P(Փ) = 0.

Demonstração:

Seja Ω o espaço amostral de um processo aleatório.


Sabe-se que Ω = Ω + Փ, então aplicando a função pro-
babilidade de ambos os lados se têm:

Ω=Ω+Փ
P(Ω) = P(Ω) + P(Փ)
460 1 = 1 + P(Փ)
P(Փ) = 0 PROBABILIDADE CONDICIONAL
Outra forma de prova:
Nem sempre estamos falando de espaço amostral
Prova: A ⊆ Ω e A ∩ ∅ = ∅ e A ∪ ∅ = A
em que os eventos são independentes, logo para tra-
balharmos em situações em que um evento interfe-
P(A) = P(A ∪ ∅) = P(A) + P(∅)
re na probabilidade de ocorrência de outro evento,
P(∅) = P(A) – P(A) = 0
usamos a teoria de probabilidade condicional. Assim,
pelo teorema da probabilidade condicional temos que
Teorema 2 (Probabilidade do complemento): a probabilidade do evento A em relação ao evento B
Seja Ω o espaço amostral. Então, a probabilidade de é dada por:
um evento A não ocorrer é:

P(AC) = 1 – P(A) P(A ∩ B)


P(A | B) = , P(B) > 0
P(B)
Demonstração:
Sabe-se que AC = Ω – A, então aplicando a função Caso esteja-se interessado na probabilidade con-
probabilidade de ambos os lados se têm: dicional do evento B em relação ao evento A então
tem-se:
AC = Ω – A
P(AC) = P(Ω) – P(A)
P(AC) = 1 – P(A) P(A ∩ B)
P(B | A) = , P(A) > 0
P(A)
Outra forma de prova:
Se os eventos são independentes, então a probabi-
Se A ∩ AC = ∅ e A ∪ AC = Ω: P(AC) = 1 – P(A): lidade do evento A acontecer, sabendo que o evento B
já ocorreu, não altera e tem-se então: P(A | B) = P(A).
R·Ad ii Daí, temos que a independência entre dois eventos
P(A ∪ AC) = P(A) + P(AC) = P(Ω) = 1
pode ser verificada a partir da igualdade: P(A ∩ B) =
P(AC) = 1 – P(A)
P(A) × P(B). A prova é feita simplesmente substituindo
P(A) no teorema da probabilidade condicional.
Teorema 3 (Teorema da soma): Se A e B são dois Supondo um experimento aleatório de um lança-
eventos do espaço amostral Ω a probabilidade que mento de um dado de seis faces, qual seria a probabi-
ocorra A ou B é: lidade da face superior do dado ser maior ou igual a 4
sabendo que ela é par? No lançamento de um dado, o
P(A ∪ B) = P(A) + P(B) – P(A ∩ B) espaço amostral é Ω = {1, 2, 3, 4, 5, 6}, vamos definir o
evento A como sendo face superior par, e o evento B
Prova: (A ∪ B) = (A – B) ∪ B e (A – B) ∩ B = ∅ face superior maior ou igual a 4. Então, A = {2, 4, 6) e B
= {4, 5, 6}, qual a P(B | A) = ?
R . Ad. 4
P(A ∪ B) = P[(A – B) ∪ B] = P(A – B) + P(B) =
4
P(A ∩ B)
= P(A) – P(A∩B) + P(B) = P(A) + P(B) – P(A∩B) P(B | A) = , P(A) > 0
P(A)
Corolário: Se dois eventos A e B são mutuamente
exclusivos (disjuntos), isto é, A ∩ B = Փ, assim P(A ∩ B)
= 0, então: P(A ∪ B) = P(A) + P(B).
Teorema 4: Se A e B são dois eventos do espaço
amostral Ω e se A ⊆ B, então a probabilidade P(A) ≤ P(B).
Prova: B = A ∪ (B – A) e A ∩ (B – A) = ∅

P(B) = P(A ∪ (B – A)) = P(A) + P(B – A)


P(B) ≥ P(A)
Agora, vamos determinar P(A), P(B) e P(A ∩ B):
Teorema 5: Se A e B são dois eventos do espaço amos-
tral Ω, então a probabilidade P(A – B) = P(A) – P(A ∩ B). n ( n(A)
A) 3 1 3  1
Prova: A = (A – B) ∪ (A ∩ B) e (A – B) ∩ (A ∩ B) = ∅ ( A)==
P P(A) = = 
n (Ω ) 6 = 26
n(Ω)
=
2 
R . Ad .
n(B ) = 3 = 13
n(B)

1  P ( A ∩ B)
P(A) = P[(A – B)∪(A ∩ B)] = P(A – B) + P(A ∩ B)
( B ) ==
P P(B) = = ⇒ P ( |BA)
⇒ P(B | A=) =
P(A – B) = P(A) – P(A ∩ B) n (Ω ) 6 26 P ( A)
MATEMÁTICA

n(Ω) 2 
Para eventos independentes alguns desses teore- A ∩ B )2 2 11 
n(A n∩(B)
mas, axiomas ou corolário anteriores viram a regra P∩
P(A ( AB)∩= B ) = = == = 
do “E” e regra do “OU”. Na regra do “e” a probabili- n(Ω)n ( Ω ) 6 6 33 
dade de ocorrência entre dois eventos A e B simulta-
neamente é P(A e B) = P(A) × P(B) = P(A ∩ B) . E a regra P(A ∩ B) 1/3 1 2 2
= = · =
do “ou” a probabilidade de ocorrer o evento A ou o P(A) 1/2 3 1 3
evento B é P(A ou B) = P(A) + P(B) = P(A ∪ B), assim “e”
→ × e “ou” → +. 461
Portanto, a probabilidade de que a face superior retira-se a primeira moeda, calcula-se a probabilida-
do dado seja maior ou igual a 4 sabendo que ela é par de da primeira retirada, e esta não retorna à bolsa,
é de 2/3. logo, o espaço amostral irá alterar, sendo menor que o
inicial. Assim, para a probabilidade de ambas moedas
PROBABILIDADE DE DOIS EVENTOS SUCESSIVOS E serem de 1centavo temos:
EXPERIMENTOS BINOMIAIS
2 1 4
Probabilidade de dois eventos sucessivos P(1ce1c) = P(1c ∩ 1c) = × =
9 8 36
Além da possibilidade de cálculo de probabilidade
em eventos únicos ou que ocorrem em apenas uma Observe agora, que o número de eventos favorá-
realização, pode-se ter também algumas situações em veis e o número de eventos possíveis para a segunda
que os eventos de interesse vão ser realizados de for- retirada foi menor pois a primeira moeda retirada não
mas sucessivas ou repetidas em duas ou mais vezes. voltou para participar da segunda. Então, se a primei-
Um exemplo seria um experimento aleatório reali- ra moeda retirada foi de 1centavo, e tínhamos duas
zado com seu respectivo espaço amostral, mas o inte- na bolsa, ela não é mais provável na segunda retirada.
resse será buscar nesse espaço amostral um evento em Assim, tanto o espaço amostral ficou com uma moe-
determinado momento e outro logo posterior, poden- da a menos como também o segundo evento, pois já
do essa busca ser realizada em forma de amostragem havia saído no primeiro.
com ou sem reposição. Assim, para realizar esse tipo
de cálculo de probabilidade para eventos sucessivos Experimentos Binomiais
precisamos levar em conta a relação de independên-
cia entre esses eventos e aplicar os teoremas e axio- Quando iniciamos o estudo de probabilidade,
mas vistos anteriormente. resolvemos problemas do tipo, dois times de futebol,
Por exemplo, se temos um experimento aleatório A e B, jogam entre si 4 vezes. Se a probabilidade do
formado pelo espaço amostral de moedas dentro de time A ganhar um jogo é de 1/3, qual seria a probabi-
uma bolsa feminina, sendo que dentro dessa bolsa lidade de o time A ganhar 2 jogos? Então a probabili-
existam duas moedas de 1centavo, três moedas de dade do time A não ganhar um jogo é 2/3, ou seja, a
10centavos e quatro moedas de 1real. Se duas moe- probabilidade do time B ganhar. Se os times jogam 4
das são retiradas aleatoriamente dessa bolsa, qual vezes e o time A ganha 2 delas, colocando as possibili-
seria, por exemplo, a probabilidade de ambas moedas dades de ordem nesses resultados, sendo A indicando
serem de 1centavo, fazendo as retiradas com reposi- time A ganhador e B time B ganhador temos: A, A, B, B
ção? O espaço amostral de cada retirada é dado por Ω
ou A, B, B, A ou A, B, A, B ou B, B, A, A. Logo, calculando
= {1c, 1c, 10c, 10c, 10c, 1R, 1R, 1R, 1R}, assim em cada
as probabilidades usando as regras do “e” e do “ou”, a
retirada temos que o espaço amostral tem 9 resulta-
probabilidade de A ganhar 2 jogos é:
dos possíveis. Para retirar moedas com reposição,
fazemos retirada da primeira moeda, calculando-se a
P(2A) = P(A ∩ A ∩ B ∩ B) + P(A ∩ B ∩ B ∩ A) + P(A ∩ B
probabilidade de ocorrência de interesse e após isso,
ela retorna à bolsa para poder participar da segunda ∩ A ∩ B) + P(B ∩ B ∩ A ∩ A)
retirada, assim da primeira retirada para a segunda o
espaço amostral não se altera. 1 1 2 2 1 2 2 1 1 2 1 2
Logo, para calcular a probabilidade de duas moe- P(2A) = · · · + · · · + · · · +
das retiradas e as duas serem simultaneamente de 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3
1centavo (1c), temos que lembrar do conceito de even-
tos independentes, em que a primeira retirada não 2 2 1 1 2 1 2 1 2 1 1 2
interfere no resultado da segunda, assim podemos · · · + · · · + · · ·
)A usar
∩A ∩ )BA∩
a regra∩BA
do(P +B)∩
∩“e”, BB
em (A
P∩
∩que )BB∩∩AA( P
+ocorrendo +B)∩
∩as AA∩(B
duas P + )BA∩

retira- ∩AB( P
∩ +B ∩3A
P)(2
B ∩3)=(B
P 3∩ 3
+PP)(A
(2
B
A∩∩)=A3B
A A( PP3 (A
∩ BA=3)∩A
∩A 3A
2B (()PP
+P
∩ 3
B=()∩A32B∩()P3∩
B+ P (3BA∩
∩AB) ∩
+PB(∩
A∩A)B+ ∩
P
das sucessivamente seria o mesmo que a intersecção
2 1 1 2 na
entre os eventos
2 1 12 21 2 e1 na
12 11 2 21 retirada,
12 21 2 12 1 2 1 2 11 12 12 21 212 12 21 21 11 2 1 2 1 21 2 12 21 12 2
. . . + . primeira
. .. .+ . +. ⋅.segunda
⋅. ⋅+ +⋅ ⋅⋅ ⋅ ⋅+ +⋅ ⋅ P (2 ⋅ A⋅+) =+⋅ P⋅(2 ⋅ A⋅ ⋅) ⋅=⋅+ +⋅=⋅ )⋅A⋅ 2⋅(⋅P + ⋅ = )+A ⋅ 2⋅( P ⋅ ⋅+ +⋅ ⋅ ⋅⋅ + ⋅ +⋅
3 3 3 3 3 3 33 33 3 3 33 33 3 33 3 3 3 33 3 3 3 33 33 33 33 3333 33 33 33 33 3 3 3 33 3 3 3 33 3
logo temos: 1 1 2 2
P(2A) = 6 · · · ·
2 21 11 122 221 311 132 32 3
P (2 A) = 6⋅P⋅(2
⋅ ⋅A⋅) ⋅=⋅ 6⋅⋅ ⋅=⋅ )⋅A⋅2⋅ (⋅P6⋅ = )A 2( P
2 2 4 3 3 3 33 333 333 33 3 3 3
P(1ce1c) = P(1c ∩ 1c) = × = 2 2 22 2 22 2 2 2
9 9 81 2 −4  2   111  2 2  121   2  2 2 4− 2 4 –22
2 2 −4 2
) q(. ) p ( P
) qC
= (2(.A))p==
(626P (2
⋅ A) =
·,4⋅C
= 2 , 4P(2A)⋅⋅6·⋅⋅ )A=
2C(⋅⋅P
= 6=(Cp4,))A
4,2 =.(2Cq( P
(p) ( p ) .(q ) 4− 2
)· (q)
4,2
Aonde em cada retirada o numerador é a quanti-
 3   333  3 3  333   3  2

dade de resultados favoráveis para o evento moeda P (2 A) = 29, P (2 %6226


A )=
% ,9229, =% 62
)A262,(9P2 = )A 2( P
%
de 1centavo e o denominador é a quantidade de resul- P(2A) = 29,62%
tados possíveis ou espaço amostral. Em cada retirada,
perceba que da primeira para segunda retirada os Com probabilidade de A ganhar sendo p e probabi-
valores não mudaram, pois como o cálculo está sendo lidade de A perder sendo q.
feito para amostragem com reposição, significa que a Uma grande quantidade de problemas que envol-
primeira retirada volta para a bolsa e o espaço amos- vem cálculo de probabilidades pode apresentar exa-
tral para a segunda retirada continua o mesmo, ou tamente as mesmas características do problema
seja, não se altera. descrito, o que leva à construção de um modelo esta-
Agora se pensarmos nesse mesmo experimento tístico teórico, conhecido também como distribuição
aleatório e no mesmo cálculo de probabilidade, mas Binomial.
462 agora com uma amostragem sem reposição, ou seja,
Esse tipo de problema então pode ser resolvido TIPOS DE MATRIZES
diretamente pelo experimento Binomial ou distri-
buição Binomial, onde determina-se a probabilidade Matriz Linha
de se obterem k sucessos em n tentativas. Para isso,
É toda matriz do tipo 1 ⨉ n, ou seja, é uma matriz
temos a função de probabilidade dada por:
que possui apenas uma linha.
Exemplo:
P(X = k) = Ckn· pk · qn – k,
C = [–3 4 1] é uma matriz linha de ordem 1x3
Em que P(X = k) é a probabilidade de que o evento M = (–9 7 0 –√15) é uma matriz linha de ordem 1x4
aconteça k vezes em n tentativas, p é a probabilidade
de um sucesso, q é a probabilidade de fracasso (q=1 – Matriz Coluna
p) e a combinação de resultados possíveis no espaço
amostral igual a: É toda matriz do tipo m ⨉ 1, ou seja, é uma matriz
que possui apenas uma coluna.
Exemplo:
n!
Cn, k = RS VW
k! (n – k)! SS - 2 WW
SS 1 WW
A= SS 7 WW é uma matriz coluna de ordem 4x1
SS 0 WW
SS- 17WW
MATRIZES, DETERMINANTES E T X
SISTEMAS LINEARES
e o é uma matriz coluna de ordem 2x1
-6
MATRIZES B=
1
Matrizes podem ser definidas da seguinte manei-
ra: sejam dois números naturais m e n diferentes de Matriz Nula
zero, denominamos matriz de ordem m por n (indi-
É matriz que possui todos os elementos iguais a
ca-se m x n) qualquer tabela M formada por núme-
zero.
ros pertencentes ao conjunto dos reais, sendo estes Exemplo:
números distribuídos em m linhas e n colunas.
Exemplos:
= G
0 0 0 0
E= é uma matriz nula de ordem 2x4
0 0 0 0
> H
-2 1 0
A= é uma matriz de ordem 2x3,
2 4 3
e o
0 0
= G é uma matriz de ordem 2x2,
0 -1 N= é a matriz nula de ordem 2x2
B= 0 0
3 5
JK 9 1 NO Matriz Quadrada de Ordem n
KK 3 OO
C= KK- 8 7 OO é uma matriz de ordem 3x2. É toda matriz do tipo n ⨉ n, ou seja, em uma matriz
K 4 0 O quadrada de ordem n o número de linhas e colunas
L P são iguais.
Toda matriz m x n tem os seus elementos repre- Exemplo:
sentados por (aij) onde i representa a linha e j a colu-

e o é uma matriz quadrada de ordem 2x2


na em que o elemento está localizado: 2 -8
Exemplo: A=
7 0

e o
a11 a12
A= RS VW
a21 a22 SS - 7 4 2 WW

{
B=
SS 2 3
9 0W WW é uma matriz quadrada de
(lê – se a um um) elemento que está na 1ª linha SS 2
a11 S-5 - 1 22 W W ordem 3x3.
e 1ª coluna.
MATEMÁTICA

(lê – se a um dois) elemento que está na 1ª linha T X


a12
e 2ª coluna. Observação: Para toda matriz quadrada, no lugar
(lê – se a um um) elemento que está na 2ª linha
a21 de mencionarmos que sua ordem é n ⨉ m, dizemos
e 1ª coluna.
(lê – se a um um) elemento que está na 2ª linha apenas que ela é uma matriz de ordem n. Por exem-
a22 plo, ao nos referirmos a uma matriz quadrada de
e 2ª coluna.
ordem 3, estamos dizendo que esta matriz possui três
linhas e três colunas.
Observação: Uma matriz M de ordem m ⨉ n tam-
bém pode ser indicada por M = (aij) ou M = (aij) m ⨉ n. 463
Diagonal Principal
∙∙∙ , n }. Portanto para que duas matrizes sejam iguais,
elas devem ser do mesmo tipo e apresentar todos os
Chamamos de diagonal principal de uma matriz elementos correspondentes iguais.
quadrada de ordem n, o conjunto dos elementos que Exemplo:
possui índices iguais.
Exemplo: [ ] [ ]
Seja A = X 2 e B = 7 2 , a matriz A será igual
9 –6 z y
à matriz B, se, e somente se, x = 7, y = – 6 e z = 9.

e o é uma matriz quadrada de ordem 2,


2 -8
A= Adição de Matrizes
7 0
Dadas duas matrizes A = (aij)m ⨉ n e B = (bij)m ⨉ n , cha-
cuja diagonal principal é uma matriz composta mamos soma de A + B a matriz C = (cij)m ⨉ n tal que cij =
pelos elementos a11 = 2, e a22 = 0 aij + bij, para todo i e todo j. Isto significa que a soma
de duas matrizes A e B do tipo m ⨉ n é uma matriz C
Diagonal Secundária do mesmo tipo, em que cada elemento é a soma dos
elementos correspondentes em A e B.
Chamamos de diagonal secundária de uma matriz Exemplo:
quadrada de ordem n, o conjunto dos elementos que
possui soma dos índices igual a n + 1.
Exemplo: [ –14 09 27 ] + [ –31 –01 05 ] = [ –14+–31 90 +– 10 27 ++ 05 ]
= [ 4 –1 7 ]
A = e o é uma matriz quadrada de ordem 2,
2 -8
–5 9 7
7 0
� Propriedades da adição de matrizes
cuja diagonal secundária é composta pelos elemen-
tos a12 = - 8, e a21 = 7
A adição de matrizes do tipo admite as seguintes
propriedades:
Matriz Diagonal
P1) Associativa: (A + B) + C = A + (B + C)
É a matriz em que todos os elementos que não per- P2) Comutativa: A + B = B + A
tencem à diagonal principal são iguais a zero. P3) Elemento Neutro: A + 0 = A, em que 0 é a matriz
Exemplo: nula
P4) Elemento simétrico: A + (- A) = 0, em que -A é a
–15 0 0 matriz oposta de A.

B= 0 1 0
Produto de Número por Matriz
0 0 – √7
Dado um número k e uma matriz A = (aij)m ⨉ n, cha-
Matriz Identidade de Ordem n ma-se produto kA a matriz B = (bij)m ⨉ n tal que bij = kaij,
para todo i e todo j. Isto significa que multiplicar uma
matriz A por um número k é construir uma matriz B
É toda matriz quadrada em que os elementos da
formada por todos os elementos de A multiplicados
diagonal principal são iguais a 1. A matriz identidade por k.
é representada pela letra maiúscula I, seguida da sua

[ ][ ][ ]
ordem, ou seja, In.
4 –1 2 ∙ 4 2 ∙ (– 1) 8 –2
Exemplos: 2. 0 5 = 2 ∙ 0 2 ∙ 5 = 0 10
3 √2 2 ∙ 3 2 ∙ √2 6 2 ∙ √2
= G
1 0
I2 = é uma matriz identidade de ordem 2 � Propriedades do produto de um número por uma
0 1
matriz
JK1 0 0N
O O produto de um número por uma matriz admite
KK OO as seguintes propriedades:
I3 = K0 1 0 O é uma matriz identidade de ordem 3
KK OO
L
0 0 1
P P1) a . (b . A) = (a . b) . A
P2) a . (A + B) = a . A + a . B
RS V
SS1 0 0 0W
W P3) (a + b) . A = a . A + b . A
SS0 W P4) 1 . A = A
1 0 0W
WW é uma matriz identidade de ordem 4.
I4 = S SS0 0 1 0WWW PRODUTO DE MATRIZES
SS
S0 0 0 1W W
T X Dadas duas matrizes A = (aij)m ⨉ n e B = (bij)n ⨉ p , deno-
minamos o produto AB a matriz C = (cik)m ⨉ p tal que cik =
OPERAÇÕES COM MATRIZES
ai1 . b1k + ai2 . b2k + ai3 . b3k + . . . + ain . bnk = ƩnJ=1 aij . bjk para
todo i ∈ {1,2, ... ,m} e k ∈ {1,2, ... ,p}.
Igualdade de Matrizes
Observações: A definição dada garante a existên-
Duas matrizes A = (aij)m ⨉ n e B = (bij)m ⨉ n serão iguais
cia do produto AB somente se o número de colunas de
464 quando aij = bij para todo i ∈ {1,2, ∙∙∙ , m } e todo j ∈ {1,2,
A for igual ao número de linhas de B, pois A é do tipo e todo j. Isto significa que as colunas de At são ordena-
m ⨉ n e B é do tipo n ⨉ p. damente iguais às linhas de A.
A definição dada afirma que o produto AB é uma Exemplos:
matriz que tem o número de linhas de A e o número
de colunas de B, pois AB é do tipo m ⨉ p.
> H
4 2 -1
Exemplos: Se A = , sua transposta é
2

[ ] [ ]
5 7 5 2x3
2 4 2 1 –2
∙ 0 5
–1 –3 5 4 0 RS VW
2x3 2x3 SS 4 5 WW
At = SS2 7W W
[ 2∙1+4∙0+2∙4 2 (– 2) + 4 ∙ 5 + 2 ∙ 0
(– 1) ∙ 1 + (– 3) ∙ 0 + 5 ∙ 4 (– 1) ∙ (– 2) + (– 3) ∙ 5 + 5 ∙ 0 ] SS
S-1 2 W W
5 W3x2
T X
[ 1019 16
– 13 ]
2x2
Se B = [– 1 0 ⁵√19 – 6]1x4, sua transposta é

RS V
SS - 1 WWW
[ ]
1 SS 0 WW
–2 ∙ [ 3 –5 4 0 ]
1x4 Bt = SS5 WW
12 SS 19WW
3x1

1∙3 1 ∙ (– 5) 1∙4 1∙0 SS - 6 WW4x1

[ ]
(– 2) T X
(– 2) ∙ 3 (– 2) ∙ (– 5) (– 2) ∙ 4
∙0 � Propriedades de uma matriz transposta
12 ∙ 3 12 ∙ (– 5) 12 ∙ 4 12 ∙ 0

[ ]
3 –5 4 0 A matriz transposta admite as seguintes
– 6 10 – 8 0 propriedades:
36 –60 48 0
3x4
P1) (At)t = A

[ ]
1 P2) (A + B)t = At + Bt
[ 5 –3 1
0 3 –2 ] 3x2
∙ –1
10 3x1
P3) (k . A)t = k . At
P4) (A . B)t = Bt . At

[ 05 ∙∙ 11 ++ (–3 ∙3)(–∙1)(–+1)(–+2)1 ∙∙ 1010 ] = [ –1823 ] 1x2


MATRIZ SIMÉTRICA

Denominamos matriz simétrica toda matriz qua-


� Propriedades do produto de matrizes drada A, de ordem n, tal que At = A.
Exemplo:
O produto de matrizes admite as seguintes
propriedades: Se C = [2 –1
–1 3 ]
, sua transposta é Ct =
2 –1
–1 3
. [ ]
Portanto, a matriz C é simétrica, pois C = C.
t
P1) Associativa: (A . B) . C = A . (B . C)
P2) Distributiva à direita em relação à adição: (A + B) . MATRIZ ANTISSIMÉTRICA
C=A.C+B.C
P3) Distributiva à esquerda: C . (A + B) = C . A + C . B
Denominamos matriz antissimétrica toda matriz
P4) (k . A) . B = A . (k . B) = k . (A . B)
quadrada A, de ordem n, tal que At = - A.
Observações: É muito importante notar que, em
geral, a multiplicação de matrizes não é comutativa,
ou seja, para duas matrizes quaisquer A e B, temos AB
Se D = [ –04 04 ], sua transposta é D = [ 04 t
0 ]
–4 .

≠ BA.
Quando A e B são tais que AB = BA, dizemos que A Portanto, a matriz D é antissimétrica, pois Dt = -D.
e B comutam. Notemos que uma condição necessária
para A e B comutarem é que sejam matrizes quadra- MATRIZ INVERSA
das e de mesma ordem.
É importante observar também que a implicação Seja A uma matriz quadrada de ordem n. Dizemos
AB = 0 → A = 0 ou B = 0 não é válida para matrizes, que A é uma matriz invertível se existir uma matriz
ou seja, é possível encontrar duas matrizes não nulas A-1 tal que A . A-1 = A-1 . A = In, onde In é a matriz identi-
cujo produto é a matriz nula. dade de ordem n.
Exemplo:
MATEMÁTICA

Observações: Se A não é invertível, dizemos que A


é uma matriz singular.
[ 01 00 ] ∙ [ 00 01 ] = [ 00 00 ] Se A é invertível, então é única a matriz A-1.
Exemplos:

MATRIZ TRANSPOSTA [ ]
A matriz A = 1 3 é inversível e A– 1 = 7 – 3
, pois
2 7 –2 1 [ ]
Dada a matriz A = (aij)m ⨉ n, chamamos transposta
de A a matriz At = (a´ji)n ⨉m tal que aji’ = aij para todo i A ∙ A– 1 = [ 21 73 ] ∙ [ –72 –13 ] 465
[ 21 ∙∙ 77 ++ 37 ∙∙ (–(– 2)2) 1 ∙ (– 3) + 3 ∙ 1
2 ∙ (– 3) + 7 ∙ 1 ] = [ 01 0
1 ] =I
2
Determinante de matriz quadrada de ordem 3

Se M é de ordem 3, então o det M é dado por:


A ∙ A– 1 = [ 7
–2
–3
1 ]∙[ 1
2 ]3
7 det M = a11 ∙ a22 ∙ a33 + a12 ∙ a23 ∙ a31 + a13 ∙ a21 ∙ a32 – a13
∙ a22 ∙ a31 – a11 ∙ a23 ∙ a32 – a12 ∙ a21 ∙ a33
[ 7 ∙ 1 + (–3) ∙ 2
–2∙1+1∙2 –2∙3+1∙7 ] [ 0
7 ∙ 3 + (– 3) ∙ 7
=
1 0
1 ] =I 2
Podemos memorizar esta definição da seguinte
maneira:
Qual é a inversa da matriz A = [ 02 1
3 ]? z Repetimos ao lado da matriz, as duas primeiras
a b colunas;
Fazendo A-1 = [ c ], temos:
d
z Os termos precedidos pelo sinal + são obtidos
multiplicando-se os elementos segundo as flechas
situadas na direção da diagonal principal;
A ∙A= [
c d ] [ 0 3 ] [ 0 1 ]
a b ∙ 2 1 1 0 z Os termos precedidos pelo sinal – são obtidos
–1
=
multiplicando-se os elementos segundo as flechas

[ ac ∙∙ 22 ++ db ∙∙ 00 ac ∙∙ 11 ++ db ∙∙ 33 ] = [ 01 01 ]
situadas na direção da diagonal secundária.

Este dispositivo apresentado a cima é conhecido

{ a +2a3b= 1= 0
1 1 como Regra de Sarrus, e é utilizado para o cálculo de
⇒a= eb=– determinantes de ordem 3.
2 6
Vejamos agora um exemplo numérico:

RS V
2 1W
{ 2c = 0 1 SS1 W
⇒c=0ed= W
c + 3d = 1 3 SS5 - 2W
Seja M = 3 WW , calcule o seu determinante
SS
2 4 - 1W
T X
> H
1
2
- 16 Utilizando a regra de Sarrus, temos que:
Portanto, A-1 = 1
0 3 1 2 1 1 2
� Propriedades de uma matriz inversa det M = 5 3 – 2 5 3 = 1 ∙ 3 ∙ (1) + 2 ∙ (– 2) ∙
2 4 –1 2 4
A matriz inversa admite as seguintes propriedades: 2 + 1 ∙ 5 ∙ 4 – (1 ∙ 3 ∙ 2 + 1 ∙ (– 2) ∙ 4 + 2 ∙ 5 ∙ (– 1))

P1) (A-1)-1 = A 1 2 1 1 2
P2) (A . B)-1 = B-1 . A-1 det M = 5 3 – 2 5 3 = – 3 – 8 + 20 – (6 – 8
P3) (At)-1 = (A-1)t 2 4 –1 2 4
– 10) = 9 – (– 12) = 9 + 12 = 21, portanto, o det de M
DETERMINANTES = 21
Determinantes podem ser definidos do seguinte MENOR COMPLEMENTAR
modo: considere o conjunto das matrizes quadra-
das de elementos reais. Seja M uma matriz de ordem Considere uma matriz M de ordem n ≥ 2. Seja aij
n desse conjunto. Denominamos determinante da um elemento de M. Definimos menor complementar
matriz M (e indicamos por det M) o número que asso- do elemento aij, e indicamos por Dij, como sendo o
ciamos a matriz M, operando seus elementos confor- determinante da matriz que se obtém suprimindo a
me a ordem desta matriz. linha i e a coluna j de M.
Exemplo:
Determinante de matriz quadrada de ordem 1
RS V
SS1 2 1W
W
Se M é de ordem 1, então o det M é o único elemen- SS5 W
- 2W
to de M. Seja M = 3 WW , então:
SS
Exemplo: 2 4 - 1W
Se M = [4], então o det M = 4 T X
D11 = – 1 5 = - 18, note que suprimimos a primeira
4 –2

[ ]
Determinante de matriz quadrada de ordem 2
1 –2 3
linha e a primeira coluna da matriz M, 1 – 1 5 ,
Se M é de ordem 2, então o det M é o produto dos
2 4 –2
elementos da diagonal principal de M, menos o produ- calculando assim o determinante dos elementos
to dos elementos da diagonal secundária de M. restantes.
Exemplo: O raciocínio é análogo para os demais termos, por-
tanto teremos:
Se M =
[ 26
– 1 , então:
5 ] D12 = 1 5 = – 12, D =
13
1 – 1 = 6,
det M = 2 ∙ 5 – [6 ∙ (– 1)] = 10 – (– 6) = 10 + 6 = 16 2 –2 2 4
466
D21 = – 2 3 = – 8, D22 = 1 3 = – 8, preferência, escolha sempre a fila com a maior quan-
4 –2 2 –2 tidade de elementos iguais a zero. Este procedimento
D23 = 1 – 2 = 8, D31 = – 2 3 = – 7, facilita os cálculos do determinante.
2 4 –1 5
D32 = 1 3 = 2, D33 = 1 – 2 = 1. PROPRIEDADES DOS DETERMINANTES
1 5 1 –1
COMPLEMENTO ALGÉBRICO (COFATOR) A definição de determinante e o teorema de Lapla-
ce nos permitem fazer o cálculo de qualquer deter-
minante, no entanto, é possível simplificar o cálculo
Consideremos uma matriz M de ordem n ≥ 2. Seja
com a aplicação de certas propriedades. Vejamos estas
aij um elemento de M. Definimos complemento algé-
propriedades:
brico do elemento aij, e indicamos por Aij, como sendo
o número ( - 1)i + j . Dij
Exemplo: P1) Matriz transposta
RS VW
SS1 -2 3W
WW Se M é a matriz de ordem n e Mt sua transposta,
Seja M = S1
S 5W então det Mt = det M
W, então:
-1
SS Exemplo:
S2 - 2W W RS V
S- 1 2 0 WW
4
T X SS W
A11 = (– 1)1+1 ∙ D11 = (– 1)2 ∙ – 1 5 = 1 ∙ (– 18) = – 18
4 –2
Seja a Matriz M = SS 3 4 - 6WWW , o det M = – 10
SS 2 1 - 2WW
A12 = (– 1)1+2 ∙ D12 = (– 1)3 ∙ 1 5 = (– 1) ∙ (– 12) = 12 T VW X
2 –2 RS
SS- 1 3 2W
W
A13 = (– 1)1+3 ∙ D13 = (– 1)4 ∙ 1 5 = 1 ∙ (6) = 6 logo a Mt = SS 2 4 1W WW , e o det Mt = – 10
2 –2 SS
S0 - 6 - 2W W
A21 = (– 1)2+1 ∙ D21 = (– 1)3 ∙ – 2 3 = (– 1) ∙ (– 8) = 8 T X
4 –2 P2) Fila nula
A22 = (– 1) 2+2
∙ D22 = (– 1) ∙ 14 3 = 1 ∙ (– 8) = – 8
2 –2 Se os elementos de uma fila (linha ou coluna) qual-
quer de uma matriz M de ordem n forem todos nulos,
A23 = (– 1)2+3 ∙ D23 = (– 1)5 ∙ 1 – 2 = (– 1) ∙ (8) = – 8
então det M = 0
2 4 RS V
S 3 - 1 4WW
SS W
A31 = (– 1)3+1 ∙ D31 = (– 1)4 ∙ – 2 3 = 1 ∙ (– 7) = – 7
–1 5 Seja M = SS 0 0 0W
W , o det de M = 0
SS- 3 WW
A32 = (– 1)3+2 ∙ D32 = (– 1)5 ∙ 1 3 = (– 1) ∙ (2) = – 2 5 2W
1 5 T X
P3) Multiplicação de uma fila por uma constante
A33 = (– 1)3+3 ∙ D33 = (– 1)6 ∙ 1 – 2 = 1 ∙ (1) = 1
1 –1 Se multiplicarmos uma fila qualquer de uma
TEOREMA FUNDAMENTAL DE LAPLACE matriz M de ordem n por um número k, o determi-
nante da nova matriz M’ obtida será o produto de k
O determinante de uma matriz de ordem n ≥ 2, é pelo determinante de M, isto é det M’ = k . det M
a soma dos produtos dos elementos de uma fila qual- Exemplo:
RS V
quer (linha ou coluna) pelos respectivos cofatores.
S2 - 1 3WW
S W
RS V Seja M = S
S4 5 0WW , o det M = – 28
SS1 3 4WWW SS WW
SS5 - 3W
S2 -1 1W
Seja M = 2 WW , então: T X
SS
1 4 2W Se multiplicarmos a primeira linha da matriz por
T X 2, teremos:
RS V
det M =
1
5
3
2
4
– 3 = a11 ∙ A11 + a12 ∙ A12 + a13 ∙ A13 SS4 - 1 6WW
W
1 4 2 M’ = S
S4 5 0WW , o det de M’ = – 56, ou seja, det M’ = 2 .
SS W
S2 - 1 1WW
= 1 ∙ (– 1)1+1 ∙ D11 + 3 ∙ (– 1)1+2 ∙ D12 + 4 ∙ (– 1)1+3 ∙ D13 = 1 ∙ (– 1)2 ∙
det M, oTdet de M’X = – 56, ou seja, caso fosse multipli-
cada a primeira coluna da matriz M por 2, o determi-
2 – 3 + 3 ∙ (– 1)3 ∙ 5 – 3 + 4 ∙ (– 1)4 ∙ 5 2 =1 nante da nova matriz M’ também seria o dobro do det
4 2 1 2 1 4 M.
RS VW
MATEMÁTICA

SS4 -1 3W
∙ 1 ∙ (4 + 12) + 3 ∙ (– 1) ∙ (10 + 3) + 4 ∙ 1 ∙ (20 – 2) = 16 – 39 S WW
+ 72 = 49 M’ = S8
SS 5 0W WW , o det M’ = - 56
S4 -1 1W
Observações: podemos utilizar Sarrus ou Laplace T X
no cálculo do determinante de uma matriz qualquer,
os resultados obtidos serão os mesmos. Na utiliza-
ção de Laplace qualquer fila (linha ou coluna) esco-
lhida produzirá o mesmo valor de determinante. De
467
P4) Multiplicação da matriz por uma constante Exemplos:

Se A é uma matriz de ordem n, então det (ɑ . A) = JK 1 - 2 - 1N


OO
ɑn . det A KK O
Exemplo: Seja M = KK 3 4 7O
O , o det M = 0, pois a 3ª coluna
KK- O
Se A = e o , o det A = 14
4 -1 5 2 - 3O
L P
2 3 é a soma da 1ª coluna com a 2 ª coluna.
Se quiséssemos descobrir o determinante de 3 . A, JK2 - 3 5 NO
faríamos: KK OO
det 3 . A = (3)2 . det A = 9 . 14 = 126 Seja N = K
K1 4 0O
O , o det N = 0, pois a 3ª linha é
KK O
3 - 10 10 O
P5) Troca de filas paralelas L P
o dobro da 2ª linha menos a 1ª linha.
Seja M uma matriz de ordem n ≥ 2 Se trocarmos
de posição duas filas paralelas obteremos uma nova P9) Teorema de Binet
matriz M’ tal que det M’ = - det M
Exemplo: Se A e B são matrizes quadradas de ordem n, então
RS V
S 1 - 1 2WW
SS W
det (AB) = det A . det B
Exemplo:
Seja M = SS 0 4W
W , o det M = 13
o , o det A = 5 e B = e o , o det
3
Seja A = e
SS- 3 WW 3 2 -2 -7
5 1W -1 1
T X B = 3, 1 2
Se trocarmos de posição a primeira coluna com a Logo, pelo Teorema de Binet, o det (A . B) = det A .
segunda coluna, teremos: det B = 5 . 3 = 15
RS V Observação: decorre a seguinte relação do Teore-
SS- 1 1 2W
W ma de Binet:
SS 3 W
M’ = 0 4W
WW o det M’ = - 13
SS W 1
S5 -3 1W det A–1 =
det A
T X
Portanto a conclusão que chegamos é que: det M’ Exemplo:
= - det M
RS WV
SS0 3 - 1W
WW
O raciocínio é análogo, caso fosse feita a troca de SS2
linhas paralelas. Seja A = -4 3 W , o det A = 19 , logo o det A–1 =
SS W
1
=
1 S1 2 - 3WW
P6) Filas paralelas iguais det A 19 T X
P10) Matriz triangular
Se uma matriz M de ordem n ≥ 2 tem duas filas
paralelas formadas por elementos respectivamente O determinante de uma matriz triangular (aquela
iguais, então det M = 0. cujos elementos acima ou abaixo da diagonal princi-
Exemplo: pal são todos iguais a zero) é dado pelo produto dos
RS V elementos da diagonal principal.
SS- 1 0 2W
W Exemplos:
SS 4 W
Seja M = 5 7W
WW , o det de M = 0, pois a 1ª e 3ª RS V
SS W SS- 3 0 W
0W
S- 1 0 2W
SS 1 W
T X Seja A = 2 0WWW , como temos uma matriz
linha, são iguais. SS
S4 -5 - 1WW
P7) Filas paralelas proporcionais T X
triangular superior, ou seja, todos os elementos acima
da diagonal principal são nulos, logo o determinante
Se uma matriz de ordem n ≥ 2 tem duas filas para-
de A será dado pelo produto dos elementos da diago-
lelas formadas por elementos respectivamente pro-
nal principal da matriz A.
porcionais, então det M = 0.
Portanto: det A = ( - 3) . 2 . ( - 1) = 6
Exemplo:
RS V RS V
SS 1 2 6W
W SS1 -2 7 W
W
W SS0 W
Seja M = SS 3 -1 - 3W
WW , o det M = 0, pois a 3ª linha Seja B = 4 2WWW ,como temos uma matriz
SS SS
-2 4 12W S0 0 - 3WW
T X T X
é a 2ª linha multiplicada por 3.
triangular inferior, ou seja, todos os elementos acima
da diagonal principal são nulos, logo o determinante
P8) Combinação linear de filas paralelas
de B será dado pelo produto dos elementos da diago-
nal principal da matriz B.
Se uma matriz quadrada M, de ordem n, tem uma
Portanto: det B = 1 . 4 . ( - 3) = - 12
linha (ou coluna) que é combinação linear de outras
468 linhas (ou colunas), então det M = 0
[ ][ ] [ ]
SISTEMAS DE EQUAÇÕES LINEARES
a11 a12 a13 ... a1n x1 c1
Equação linear a21 a22 a23 ... a2n x2 c2
a31 a32 a33 ... a3n x3 = c3
Denominamos equação linear, toda equação do ∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙ ∙ ∙
tipo:
am1 am2 am3 ... amn xn cn
a11x1 + a12x2 + a13x3 + . . . + a1nxn = c, onde:
Exemplos:
a1, a2, a3, . . . , xn : são coeficientes reais, não todos Escrevendo na forma matricial os dois exemplos
nulos. anteriores, temos:
x1, x2, x3, . . . , xn : são as incógnitas.
c : é o termo independente.

Quando o termo independente é nulo, dizemos


{ x4x+–7yy == 21 ⇒ [ 41 –1
7 ] ∙ [ xy ] = [21]

{ [ ][][ ]
que a equação linear é homogênea.
– 3x + 2y – z = – 1 –3 2 –1 x –1
Exemplos:
x + y – 5z = 3 ⇒ 1 1 –5 ∙ y = 3
a) 4x + 3y – z = – 1 2x – 5y + 2z = 4 2 –5 2 z 4
b) 2x – y = 3
c) – 2x – y + 5z = 0 (Equação linear homogênea) SOLUÇÃO DE UM SISTEMA LINEAR

Não são equações lineares as equações abaixo: Seja uma sequência ou n-upla ordenada de núme-
ros reais (a1, a2, a3, . . . , an), a mesma será solução de
a) x2 + y – z3 = 3 um sistema linear S, se for a solução de todas as equa-
b) xy – 5z = –7 ções lineares de S, ou seja:
c) x – 2y + √z = 3
a11a1 + a12a2 + a13a3 + . . . + a1nan = c1 (setença verdadeira)
� Sistema linear: a21a1 + a22a2 + a23a3 + . . . + a2nan = c2 (setença verdadeira)
a31a1 + a32a2 + a33a3 + . . . + a3nan = c3 (setença verdadeira)
Denominamos sistema linear, o conjunto de duas
ou mais equações lineares com n incógnitas. ∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙
Exemplos: am1a1 + am2a2 + am3a3 + . . . + amnan = cm (setença verdadeira)

{ 4x – y = 2 Exemplo:

{
x + 7y = 1
x + 2y – 2z = – 5
Neste caso temos um sistema linear de duas incóg- 2x – 3y + z = 9
nitas, sendo elas x e y. O 2 e o 1 são os termos indepen- 3x – y + 3z = 8
dentes desse sistema.

{
O sistema acima admite como solução a tripla
– 3x + 2y – z = – 1 ordenada (1,-2,1), pois substituindo estas coordenadas
x + y – 5z = 3 em cada uma das equações lineares, temos:

{ {
2x – 5y + 2z = 4
(1) +2 (– 2) – 2 (1) = – 5 1–4–2=–5
Neste caso temos um sistema linear de três incóg- 2(1) – 3 (– 2) + (1) = 9 ⇒ 2+6+1=9
nitas, sendo elas x, y e z. O -1, e o 4 são os termos inde- 3+2+3=8
3(1) – (– 2) + 3(1) = 8
pendentes desse sistema.

{
Um sistema linear de m equações com n incógni- –5=–5
tas, indicado por m x n (lemos “m por n”), pode ser 9 = 9 .todas as sentenças são verdadeiras.
representado por um conjunto de equações do tipo: 8=8

{
SISTEMA LINEAR HOMOGÊNEO
a11x1 + a12x2 + a13x3 + . . . + a1nxn = c1
a21x1 + a22x2 + a23x3 + . . . + a2nxn = c2 Chamamos de sistema linear homogêneo, aquele
MATEMÁTICA

possui todos os termos independentes nulos, ou seja,


S a31x1 + a32x2 + a33x3 + . . . + a3nxn = c3
iguais a zero.
∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙ Exemplo:

{
am1x1 + am2x2 + am3x3 + . . . + amnxn = cm
x + y + 2z = 0
Note que pela definição do produto de matrizes, o 3x + 4y – z = 0
sistema linear genérico acima, pode ser escrito na for-
2x + 3y – 3z = 0
ma matricial da seguinte maneira: 469
Todo sistema linear homogêneo admite a solução 1 0 1 1 –2 0
nula (0, 0, ..., 0), chamada de solução trivial. Além da Dy = 2 – 5 – 3 = 20, Dz = 2 1 – 5 = 30
solução trivial um sistema linear homogêneo pode ter 4 –1 –1 4 –1 –1
outras soluções.
Dx 10 Dy 20
MÉTODOS PRÁTICOS PARA A RESOLUÇÃO DE UM portanto: x = = = 1, y = = =2
SISTEMA D 10 D 10

Regra de Cramer Dz 30
z= = =3
D 10
Inicialmente consideremos o seguinte sistema
linear:
Logo a solução do sistema é a tripla ordenada (1, 2, 3).

{ aa xx ++ bb yy == cc
1
2
1
2
1
2
CLASSIFICAÇÃO DE SISTEMAS LINEARES

Os sistemas lineares podem ser classificados con-


[a b ] é a matriz incompleta do sistema c e c
a1 b1
forme o esquema abaixo:
2 2 1 2,

são os termos independentes do sistema. determinado


a1 b1
D= , é o determinante da matriz incompleta possível
a2 b2
indeterminado
do sistema. Sistema
c1 b1
Dx = , é o determinante da matriz obtida impossível
c2 b2
por meio da troca dos coeficientes de x, pelos termos Sistema Possível e Determinado
independentes, na matriz incompleta.
a1 c1 Um sistema será possível e determinado (SPD),
Dy = , é o determinante da matriz obtida
a2 c2 quando o determinante D da matriz incompleta for
por meio da troca dos coeficientes de y, pelos termos diferente de zero, ou seja, D ≠ 0.
independentes, na matriz incompleta.
Sistema Possível e Indeterminado
O exemplo acima é análogo para qualquer sistema
linear n x n, portanto a regra de Cramer pode ser apli- Um sistema será possível e indeterminado (SPI),
cada para resolver qualquer sistema linear n x n, onde quando o determinante D da matriz incompleta for
D ≠ 0. A solução será dada pelas seguintes razões: igual a zero (D = 0) e os determinantes das incógnitas
também: (D1 = D2 = D3 = ... = Dn = 0)

( X1 =
D1
D
,X2 =
D2
D
,X3 =
D3
D
, . . . , xn =
Dn
D ) Sistema Impossível

Um sistema será impossível (SI), quando o deter-


Exemplos: minante D da matriz incompleta for igual a zero (D =
Vamos resolver os seguintes sistemas pela Regra 0) e pelo menos um dos determinantes das incógnitas
de Cramer: for diferente de zero.
Vamos classificar cada um dos sistemas lineares
a) { 3x2x– +4yy == –45 abaixo:

D = 3 – 4 = 11, Dx = – 5 – 4 = 11, D = 3 – 5 = 22
a) {4x2x –+ y3y==15
2 1 4 1 2 4
D = 4 – 1 = 14 Como D ≠ 0, o sistema é SPD
Dx 11 Dy 22 2 3
portanto: x =

{
= = 1, y = = = 22
D 11 D 11 x + 2y – z = 1
b) 2x – 3y + 4z = 2
3x – y + 3z = 3
Logo a solução do sistema é o par ordenado (1, 2)
1 2 –1
D = 2 – 3 4 = 0, como D = 0, o sistema não é SPD,

b)
{ x – 2y + z = 0
2x + y – 3z = – 5
4x – y – z = – 1
3 –1 3

vamos verificar se é SPI ou SI.

1 –2 1 0 –2 1 1 2 –1 1 1 –1 1 2 1
D = 2 1 – 3 = 10, Dx = – 5 1 – 3 = 10 Dx = 2 – 3 4 = 0, Dy = 2 2 4 = 0, Dz = 2 – 3 2 = 0
470 4 –1 –1 –1 –1 –1 3 –1 3 33 3 3 –1 3
Como D = 0, Dx = 0, Dy = 0 e Dz = 0, o sistema é SPI. Substituiremos a terceira linha por uma nova,

{
fazendo a seguinte operação:
– 2x + y – 3z = 0
c) x – y – 5z = 2 z Vamos multiplicar a 2ª equação por (- 1) e adicio-
3x – 2y + 2z = – 3
nar o resultado à 3ª equação.

{
–2 1 –3
D = 1 – 1 – 5 = 0, como D = 0, o sistema não é SPD, x + 2y – 2z = – 5
3 –2 –2 – 7y + 5z = 19
4z = 4
vamos verificar se é SPI ou SI.
Com o sistema escalonado, podemos determinar
0 1 –3 os valores das incógnitas da seguinte forma:
Dx = 2 – 1 – 5 = 40 , Como D ≠ 0, o sistema é SI. Obtendo z na 3ª equação:
x
–3 –2 –2
4z = 4
Não é necessário analisar o determinante das incóg- 4
nitas y e z, uma vez que um deles já apresenta resulta- z=
do diferente de zero. 4
z=1
ESCALONAMENTO DE SISTEMAS LINEARES
Obtendo y na 2ª equação:
Nem sempre a Regra de Cramer é um instrumento Como z = 1, vamos substituir o seu valor na 2ª
prático para a resolução de sistemas lineares. Para a equação e encontrar o y:
resolução de sistemas de três ou mais equações pode-
mos fazer a solução de uma forma escalonada, ou seja, – 7y + 5z = 19
vamos fazer o escalonamento do sistema. Um sistema – 7y + 5(1) = 19
estará escalonado quando de equação para equação, – 7y + 5 = 19
no sentido de cima para baixo, houver aumento dos – 7y = 19 – 5
coeficientes nulos situados antes dos coeficientes – 7y = 14
não-nulos. 14
Exemplos: y=
–7

S1
{ x+y+z=3
0x + y + z = 2 , S2
0x + 0y + z = 1 { x+y+z–t=6
0x – y – 4z + 3t = – 13
0x + 0y + 12z – 6t = 20
Obtendo x na 1º equação:
y=–2

Como y = - 2 e z = 1, vamos substituir os seus valo-


Vejamos um exemplo prático de como resolver um
res na 1ª equação e encontrar o x:
sistema linear por escalonamento:

{
x + 2y – 2z = – 5
2x – 3y + z = 9
x + 2 (– 2) – 2(1) = – 5
x + 2y – 2z = – 5
3x – y + 3z = 8 x–4–2=–5
x–6=–5
Primeiramente vamos trocar de posição a linha 2 x=–5+6
com a linha 1, para que a incógnita x que possui o coe- x=1
ficiente 1 fique na primeira linha.
Logo a solução do sistema é a tripla ordenada (1, -2, 1).

{ x + 2y – 2z = – 5
2x – 3y + z = 9
3x – y + 3z = 8
SEQUÊNCIAS NUMÉRICAS E
Substituiremos a segunda linha por uma nova,
fazendo a seguinte operação: PROGRESSÕES

z Vamos multiplicar a 1ª equação por (- 2) e adicio- SEQUÊNCIAS NUMÉRICAS


nar o resultado à 2ª equação.
Esse tema é cobrado de uma maneira que ao
MATEMÁTICA

Substituiremos a terceira linha por uma nova, mesmo tempo pode parecer fácil, mas ser, na verda-
fazendo a seguinte operação: de, bem complicada. Descobrir a lei de formação ou
padrão da sequência é o seu principal objetivo, pois
z Vamos multiplicar a 1ª equação por (- 3) e adicio- nas questões sobre sequências / raciocínio sequencial,
nar o resultado à 3ª equação. você será apresentado a um conjunto de dados dispos-
tos de acordo com alguma “regra” implícita, alguma

{ x + 2y – 2z = – 5 lógica de formação. O desafio é exatamente descobrir


– 7y + 5z = 19 essa “regra” para, com isso, encontrar outros termos
– 7y + 9z = 23 daquela mesma sequência. 471
Veja o exemplo abaixo: Veja que 1+2=3, 3+2=5, 5+2=7, 7+2=9, e assim suces-
sivamente. Temos um exemplo nítido de uma Progres-
2, 4, 6, 8,... são Aritmética (PA) com uma razão 2, ou seja, r = 2 e
termo inicial igual a 1. Em questões envolvendo pro-
A primeira pergunta que podemos fazer para gressões aritméticas, é importante você saber obter o
achar a lei de formação é: os números estão aumen- termo geral e a soma dos termos, conforme veremos
tando ou diminuindo? a seguir.
Caso eles estejam aumentando, devemos tentar as
operações de soma ou multiplicação entre os termos. TERMO GERAL DA PA
Veja o nosso exemplo que fora postado: 2, 4, 6, 8, ... Do
primeiro termo para o segundo somamos o número
Trata-se de uma fórmula que, a partir do primei-
dois e depois repetimos isso.
ro termo e da razão da PA, permite calcular qualquer
2+2 = 4 outro termo. Temos a seguinte fórmula:
4+2 = 6
6+2 = 8 an = a1 + (n-1)r

Logo, o nosso próximo termo será o número 10, Nesta fórmula, an é o termo de posição n na PA (o
pois 8+2 = 10. “n-ésimo” termo); a1 é o termo inicial, r é a razão e n é
Caso os números estejam diminuindo, você pode a posição do termo na PA.
buscar uma lógica envolvendo subtrações ou divisões Usando o nosso exemplo acima, vamos descobrir
entre os termos. o termo de posição 10. Já temos as informações que
Agora observe esta outra sequência: precisamos: {1,3,5,7,9,11, 13, ...}
2, 3, 5, 7, 11, 13, ...
z O termo que buscamos é o da décima posição, isto
é, a10;
Qual é o seu próximo termo? Vários alunos tendem
z A razão da PA é 2, portanto r = 2;
a dizer que o próximo termo é o 15. Mesmo tendo per-
cebido que o 9 NÃO está na sequência, a nossa tendên- z O termo inicial é 1, logo a1 = 1;
cia é relevar esse “probleminha” e marcar logo o valor z n, ou seja, a posição que queremos, é a de número
15. Muito cuidado! Como já disse, o padrão encontra- 10: n = 10
do deve ser capaz de explicar toda a sequência! Neste
caso, estamos diante dos números primos! Sim, aque- Logo,
les números que só podem ser divididos por eles mes-
mos ou então pelo número 1. No caso, o próximo seria an = a1 + (n-1)r
o 17, e não o 15. A propósito, os próximos números a10 = 1 + (10-1)2
primos são: 17, 19, 23, 29, 31, 37...
a10 = 1 + 2x9
a10 = 1 + 18
Sequências numéricas alternadas
a10 = 19
É bem comum aparecem questões que envolvem
uma sequência que tem mais de uma lei de formação. Isto é, o termo da posição 10 é o 19. Volte na
Podemos ter 2 sequências que se alternam, como nes- sequência e confira. Perceba que, com essa fórmula,
te exemplo: podemos calcular qualquer termo da PA. O termo da
posição 200 é:
2, 5, 4, 10, 6, 15, 8, 20, ...
an = a1 + (n-1)r
Se analisarmos mais minuciosamente, podemos a200 = 1 + (200-1)2
dizer que temos uma sequência que, de um número a200 = 1 + 2x199
para outro, devemos somar 2 unidades e também a200 = 1 + 198
podemos notar que temos a sequência que, de um a200 = 199
número para o outro, basta somar 5 unidades, elas
estão em sequências numéricas alternadas. Veja:
Soma do primeiro ao n-ésimo termo da PA
1° Sequencia: 2, 4, 6, 8,...
2° Sequencia: 5, 10, 15, 20, ...
A fórmula a seguir nos permite calcular a soma dos
PROGRESSÃO ARITMÉTICA “n” primeiros termos de uma progressão aritmética:

n # (a1 + an)
Uma progressão aritmética é aquela em que os Sn =
2
termos crescem, sendo adicionados a uma razão cons-
tante, normalmente representada pela letra r. Para entendermos um pouco melhor, vamos calcu-
Termo inicial: valor do primeiro número que lar a soma dos 7 primeiros termos do nosso exemplo
compõe a sequência; que já foi apresentado: {1,3,5,7,9,11, 13, ...}.
Razão: regra que permite, a partir de um termo, Já sabemos que a1 = 1, e n = 7. O termo an será, nes-
obter o seguinte. te caso, o termo a7, que observando na sequência é o
Observe o exemplo abaixo: número 13, ou seja, a7 = 13. Substituindo na fórmula,
temos:
{1,3,5,7,9,11,13, ...}
n # (a1 + an)
472 Sn =
2
7 # (1 + 13) Soma do primeiro ao n-ésimo termo da PG
S7 =
2
A fórmula abaixo permite calcular a soma dos “n”
7 # 14 primeiros termos da progressão geométrica:
S7 =
2
n
S7 =
98
= 49 a1 # (q - 1)
2 Sn =
q-1
Dependendo do sinal da razão r, a PA pode ser: Usando novamente o nosso exemplo e fazendo a
PA crescente: se r > 0, a PA terá termos em ordem soma dos 4 primeiros termos (n = 4), temos: {2, 4, 8,
crescente. 16, 32...}
Ex.: {1, 4, 7, 10, 13, 16...} → r = 3 4
PA decrescente: se r < 0, a PA terá termos em ordem 2 # (2 - 1)
S4 =
decrescente. 2-1
Ex.: {20, 19, 18, 17 ...} → r = -1 2 # (16 - 1)
PA constante: se r = 0, todos os termos da PA serão S4 = 1
iguais. 2 # 15
Ex.: {7, 7, 7, 7, 7, 7, 7...} → r = 0. S4 = 1
S4 = 30

Importante! Soma dos infinitos termos de uma progressão


geométrica
PA crescente: se r > 0;
PA decrescente: se r < 0; Suponha que você corra 1000 metros, depois,
PA constante: se r = 0. você corra 500 metros, depois, você corra 250 metros
e, depois, 125 metros – sempre metade do que você
correu anteriormente. Quanto você correrá no total?
Em uma progressão aritmética de 3 termos, o Observe que o que temos é exatamente uma progres-
segundo termo ou o termo do meio é a média aritmé- são geométrica infinita, porém, essa PG é decrescente.
tica entre o primeiro e terceiro termo. Veja: Quando temos uma PG infinita com razão 0 < q <
1, teremos que qn = 0. Entendemos, então, que quanto
PA (a1, a2, a3)  a2 = (a1 + a3)/2 maior for o expoente, mais próximo de zero será. Por-
PA (2, 4, 6)  4 = (2+6)/2  4 = 4 tanto, substituindo, teremos:

Progressão geométrica a1 # (0 - 1)
S∞ =
q-1
Observe a sequência abaixo: a1
S∞ =
q-1
{2, 4, 8, 16, 32...}
Em uma progressão geométrica, o quadrado do
termo do meio é igual ao produto dos extremos. {a1,
Cada termo é igual ao anterior multiplicado por 2. a2, a3}  (a2)2 = a1 × a3
Este é um exemplo típico de Progressão Geométrica, Veja: {2, 4, 8, 16, 32...}
ou simplesmente, PG. Em uma PG, cada termo é obti- 82 = 4 × 16
do a partir da multiplicação do anterior por um mes- 64 = 64.
mo número, o que chamamos de razão da progressão
geométrica. A razão é simbolizada pela letra q.
No exemplo acima, temos q = 2 e o termo inicial é GEOMETRIA ESPACIAL DE POSIÇÃO
a1 = 1. Da mesma maneira que vimos para o caso de
PA, normalmente, precisamos calcular o termo geral As primeiras noções ou conceitos primitivos da
e a soma dos termos. geometria são as de ponto, reta e plano. Assim, o espa-
ço é o conjunto de todos os pontos, e nesse conjunto
TERMO GERAL DA PG desenvolvemos a Geometria espacial.

A fórmula a seguir nos permite obter qualquer


termo (an) da progressão geométrica, partindo-se do
primeiro termo (a1) e da razão (q):

an = a1 × qn-1

No nosso exemplo, o quinto termo, a5 (n = 5), pode


MATEMÁTICA

ser encontrado assim:

{2, 4, 8, 16, 32...}


a5 = 2 × 25-1
a5 = 2 × 24
a5 = 2 × 16
a5 = 32
Figura 22. Exemplo de ponto (A), reta (r) e plano (α). 473
Temos ainda algumas proposições ou postulados
relacionando ponto, reta e plano:

z Postulado da existência: existe reta e numa reta


infinitos pontos; existe plano e num plano há infi-
nitos pontos.
z Postulado da determinação: dois pontos distintos
determinam uma única reta que passa por eles;
três pontos não colineares determinam um único
plano que passa por eles.
z Postulado da inclusão: se uma reta tem dois pon-
tos distintos num plano, então ela está contida no
plano.
z Retas concorrentes: duas retas são concorren- Figura 23. Exemplo de planos secantes e traço.
tes se, e somente se, elas têm um único ponto em
comum. POSIÇÕES RELATIVAS ENTRE RETA E PLANO
z Retas paralelas: duas retas são paralelas se, e
somente se, ou são coincidentes ou são coplanares Uma reta é paralela a um plano se, e somente se,
e não tem ponto comum. eles não têm ponto em comum. Se uma reta não está
z O plano pode ser determinado por três pontos contida num plano e é paralela a uma reta do plano,
não colineares, por uma reta e um ponto, por duas então a reta também é paralela ao plano, ou seja, para
retas concorrentes ou por duas retas paralelas que uma reta não contida num plano seja paralela a
distintas. esse plano ela deve ser paralela a uma reta do plano.
Temos ainda que uma reta e um plano podem
POSIÇÕES RELATIVAS ENTRE DUAS RETAS ainda apresentar em comum: dois pontos distintos,
fazendo, assim, com que a reta esteja contida no pla-
Para falar de posições relativas entre duas retas,
no; um único ponto, daí a reta e o plano são concor-
primeiramente definiremos retas reversas, assim
rentes ou são secantes; nenhum ponto em comum,
sejam duas retas, estas são chamadas de retas rever-
assim a reta e o plano são paralelos.
sas quando não existe um plano que as contenha.
Agora podemos definir as posições relativas entre
duas retas, então, sejam duas retas r e s distintas,
em relação a posição relativas entre essas duas retas,
temos que ou elas são concorrentes, ou paralelas ou
reversas. Assim podemos ter o seguinte esquema:

  rr ees com


srcom ponto
eponto
s com em→comum
ponto
em comum em comum→ r→ e srconcorrentes
r e s concorrentes e s concorrentes
r e srrcoplanares
ees coplanares
s coplanares
 
  rr eessem
srsem ponto
eponto
s sem em →comum
ponto
em comum em
r e scomum → r→
paralelas e srparalelas
e s paralelas
r e srrreversas
  ees reversas
s reversas
Figura 24. Exemplo reta paralela ao plano.

r e s com ponto comum→r ree ss concorrentes


com ponto em comum → r e s concorrentesPERPENDICULARIDADE ENTRE DUAS RETAS, DOIS
 r e s coplanares 
  rrreeess coplanares
ssem
componto
ponto s em
→ r eem sPLANOS
comum→→r er es paralelas
comum
paralelas
E ENTRE RETA E PLANO
concorrentes
rreresesem
s coplanares
ponto comum 
  s reversas rrees não
s sem ponto
coplanares → rem comum → r e sUma
e s reversas paralelas
reta e um plano são perpendiculares se, e
r e s reversas somente se, eles têm um único ponto em comum e a
POSIÇÕES RELATIVAS ENTRE DOIS PLANOS reta seja perpendicular a todas as retas do plano que
passam por esse ponto comum, como pode ser obser-
Alguns postulados ou teoremas em relação aos pla- vado na Figura 25a.
nos devem ser enunciados: Caso a reta seja concorrente a todos as retas do pla-
no, dizemos então que a reta é oblíqua ao plano. Se
z Teorema da interseção de planos: se dois planos
uma reta é perpendicular a um plano, então ela forma
distintos têm um ponto em comum, então a inter-
ângulo reto com qualquer reta do plano.
seção desses planos é uma única reta que passa
Assim, podemos dizer que se uma reta é perpen-
por aquele ponto.
dicular a duas retas concorrentes do plano, então ela
z Planos secantes: dois planos distintos que se cortam
(ou interceptam) são chamados de planos secantes é perpendicular ao plano. Duas retas são perpendi-
ou concorrentes, nesse caso a reta que está nos dois culares, quando as retas são reversas e formam um
planos ao mesmo tempo é chamada de traço. ângulo reto, são chamadas ainda de retas ortogonais,
z Paralelismo entre planos: dois planos são parale- como vemos na Figura 25b.
los se, e somente se, eles não têm ponto em comum Um plano α é perpendicular a um plano β se, e
ou são coincidentes, ou seja, se um plano contém somente se, α contém uma reta perpendicular ao pla-
duas retas concorrentes, ambas paralelas a um no β (Figura 25c), ou seja, o plano β contém uma reta r
474 outro plano, então esses dois planos são paralelos. que é perpendicular a uma reta s do plano α.
(a)
(b)

(b)

(c)

(c)

Figura 25. Exemplo reta e plano perpendiculares (a); retas


perpendiculares (b) e planos perpendiculares (c).
(d)
PROJEÇÃO ORTOGONAL

Chama-se projeção ortogonal de um ponto sobre


o plano, o pé da perpendicular ao plano, conduzida
pelo ponto. O plano é dito plano de projeção e a reta
é a reta projetante do ponto. Chama-se projeção orto-
gonal de uma figura sobre um plano, ao conjunto das
projeções ortogonais dos pontos dessa figura sobre
o plano. Com base nessas definições temos também
que: se a reta é perpendicular ao plano, sua projeção
ortogonal sobre o plano é traço da reta no plano; se a
reta r não é perpendicular ao plano α, então a proje- (e)
ção ortogonal dessa reta ao plano α é feita pela proje-
ção do plano β em que a reta r está contida. Chama-se Figura 26. Exemplo de projeções ortogonais: ponto (a); figura (b);
projeção ortogonal sobre um plano α de um segmento reta (c); reta não perpendicular (d) e segmento de reta (e).
de reta AB contida numa reta não perpendicular a α,
ao segmento A’ B’ onde A’ é projeção do ponto A ao
plano α e B’ da projeção do ponto B.
GEOMETRIA ESPACIAL MÉTRICA
POLIEDROS CONVEXOS, POLIEDROS DE
PLATÃO, POLIEDROS REGULARES: DEFINIÇÕES,
PROPRIEDADES E RELAÇÃO DE EULER
MATEMÁTICA

Poliedros e suas Definições

Quando temos figuras com três dimensões (tri-


dimensionais), formadas por polígonos regulares e
com os ângulos iguais, chamamos de poliedros. Os
(a) elementos que compõem um poliedro são: vértices,
arestas e faces.
475
Relação de Euler

Em todo poliedro convexo aplica-se a relação a seguir:

V+F=A+2
Onde:

V = n° de vértices
F = n° de faces
A = n° de arestas

Vejamos um exemplo:

Dica
Os polígonos são as faces do poliedro. O encon-
tro das faces (lados) forma as arestas e os vérti-
ces do poliedro.
Temos:
Poliedros Convexos
V=8
Características de um poliedro convexo:
F=6
z Todas as faces desse poliedro são polígonos conve- A = 12
xos em planos distintos;
z Todo o poliedro pertence a um semiespaço, deter- Logo,
minado por qualquer uma de suas faces;
z Cada aresta pertence a duas faces. V+F=A+2
8 + 6 = 12 + 2
Exemplo:
Poliedro Côncavo

Um poliedro é côncavo (não convexo), quando


temos dois pontos em faces distintas. E a reta, que con-
tém esses pontos, não fica toda contida no poliedro.
Exemplo:

Importante!
Poliedro convexo – quando temos dois pontos
em faces distintas e a reta que contém esses
pontos fica totalmente contida no poliedro. Poliedros de Platão

Sempre que um poliedro conter todas as suas faces


com o mesmo número de arestas, e todos os seus vér-
tices serem um ponto de encontro do mesmo número
476 de arestas, chamamos de Poliedro de Platão.
São exemplos de Poliedros de Platão:

Tetraedro

Octaedro Hexaedro

Icosaedro

Didecaedro

Importante!
Guarde que:
São 5 Poliedros de Platão:
� Tetraedro (4 faces, 6 arestas, 4 vértices)
� Hexaedro (6 faces, 12 arestas, 8 vértices)
� Octaedro (8 faces, 12 arestas e 6 vértices)
� Dodecaedro (12 faces, 30 arestas e 20 vértices)
Icosaedro (20 faces, 30 arestas e 12 vértices)

Poliedros Regulares e suas Propriedades

Um poliedro é considerado regular quando obedece às três exigências seguintes:

z é convexo;
z é também Poliedro de Platão;
z Os polígonos que o formam, chamados de faces, são regulares e congruentes.

Há, apenas, 5 poliedros regulares convexos, que são também chamados de “Sólidos Platônicos” ou “Poliedros
de Platão”. São eles: tetraedro, hexaedro (cubo), octaedro, dodecaedro, icosaedro.

z Tetraedro: sólido geométrico formado por 4 vértices, 4 faces triangulares e 6 arestas;


z Hexaedro: sólido geométrico formado por 8 vértices, 6 faces quadrangulares e 12 arestas;
z Octaedro: sólido geométrico formado por 6 vértices, 8 faces triangulares e 12 arestas;
z Dodecaedro: sólido geométrico formado por 20 vértices, 12 faces pentagonais e 30 arestas;
z Icosaedro: sólido geométrico formado por 12 vértices, 20 faces triangulares e 30 arestas.
MATEMÁTICA

PRISMAS

Conceito, elementos, classificação, áreas e volumes e troncos

Considerando um polígono convexo de n lados em um plano e um segmento de reta entre dois planos para-
lelos, chamamos de prisma a reunião de todos segmentos congruentes e paralelos ao segmento de reta e que
passam pelos n pontos da região poligonal conhecida, como podemos observar na Figura 46. 477
Para um prisma reto, as bases podem ser, por exem-
plo, um triângulo ou um quadrado (paralelogramo), ou
seja, a área da base será a área de um triângulo, que é a
metade da base x altura, ou de um paralelogramo, cuja
área é base x altura. Então, seja base (b) e altura da base
(m), o cálculo da área da base, área lateral e área total,
sendo h a altura do prisma, é:

 b · m → triângulo b
 2f ( x )
= ax + b > 0 → x > − ;
a
= 
Figura 46. Exemplos de Prismas, respectivamente: triangular,
quadrangular e pentagonal. AB → paralelogramo (retângulo, quadrado)
b·m
 f ( x=) outros b
O prisma possui alguns elementos: duas bases con- ax + b < 0 → x < − ;
gruentes (nos planos paralelos), com n faces laterais (n + 2  a
no total, somando-se as bases) e n arestas laterais; 3n ares- AL = n · b · h → n paralelogramos
tas totais; 3n diedros; 2n vértices e 2n triedros; e também, AT = AL + 2AB
altura (h) que é a distância entre os planos das bases.
Os prismas são classificados em: prisma reto, pris- No caso de um prisma regular de base de n lados,
ma oblíquo e prisma regular. O prisma reto é aquele
temos então que a área da base é formada por n triân-
cujas arestas laterais são perpendiculares aos planos
gulos de aresta base (b) e altura da base (m), e os para-
das bases. Já o prisma oblíquo é aquele cujas arestas
são oblíquas aos planos das bases. Por fim, o prisma lelogramos laterais tem base (b) e altura (h), então a
regular é aquele cujas bases são polígonos regulares. área da base será:

Base Base b·m (n · b) m


AB = n · =
2 2
AL = n · b · h → n paralelogramos
(n · b) m
AT = AL + 2AB = n · b · h + 2 = (n · b) (h + m)
2
Base Base
Conhecendo os cálculos das áreas do prisma, para
(a) achar o volume do prisma reto ou regular, basta fazer
o produto da área da base pela altura (h) do prisma:

V = AB · h

Para o prisma oblíquo o volume vai depender tam-


bém do ângulo (α) entre a aresta lateral (a) e a altura (h):

V = a · AB · cos α

Seja então um prisma oblíquo com base quadrada,


com aresta da base igual a 3 e aresta lateral igual a 5,
sabe-se que o ângulo exterior formado entre a aresta
lateral e a aresta da base é de 60 graus, como podemos
observar na Figura 48. Quais são a área total e o volu-
me desse prisma?

(b)

Figura 47. Exemplos de Prismas: (a) reto e oblíquo e (b) regular.

A área do prisma é dividida entre as áreas laterais


e as áreas das bases. Assim, a área lateral de um pris-
ma é dada pela soma das áreas laterais de cada para-
lelogramo formado pelas arestas das bases. Já a área
total é a soma da área lateral com as áreas das bases.
Figura 48. Prisma oblíquo com arestas 3 e 5 e ângulo de 60 graus.
Importante!
Ex.: Sejam seus elementos: aresta lateral (a) 5 cm,
Para calcular a área da base de um prisma deve-
aresta da base (b) 3 cm, altura da base (m) também 3
-se levar em conta o formato que cada prisma cm pois a base é um quadrado, e altura do prisma (h):
vai ter. Por exemplo: se for prisma triangular, cal-
cula-se a área da base com a área do triângulo. a = 5cm; b = 3cm; m = 3cm; h = ?
478
Do prisma, tiramos o triângulo retângulo entre a Uma pirâmide possui uma base formada por um
altura e a aresta lateral, onde a soma dos ângulos é: polígono de n lados e n faces laterais (formadas por
triângulos). Ao todo então são n+1 faces, n arestas late-
α + 60º + 90º = 180º → α = 30º rais, 2n arestas, 2n diedros, n+1 vértices, n+1 ângulos
poliédricos e n triedros. A altura (h) da pirâmide é a
distância entre o vértice e o plano da base.
h √3 As pirâmides são classificadas em: regulares ou oblí-
cos(α) = cos(30º) = → h = 5 · cos(30º) = 5 · cm
5 2 quas. A regular tem a projeção do vértice no centro da
base, já a oblíqua a projeção não fica no centro. Na pirâ-
AB = b · m = 3 · 3 = 9cm2 mide regular, temos ainda que as arestas laterais são
congruentes e as faces laterais são triângulos isósceles
congruentes. À altura da face lateral de uma pirâmide
5√3 regular, dá-se o nome de apótema. O apótema da base
AL = n · b · h = 4 · 3 · = 30√3cm2 é a distância entre a projeção do vértice e o centro da
2
base, até o apótema.
A área lateral de uma pirâmide regular é a soma
AT = AL + 2AB = 30√3 + 18 = 6 · (3 + 5√3)cm2 das áreas das faces laterais. A área total é a soma da
área da base com a área lateral. Para uma pirâmide
regular, as bases podem ser por exemplo um triângu-
√3 45√3
V = a · AB · cos(30º) = 5 · 9 · = cm3 lo, um quadrado, ou seja, a área da base será a área
2 2 de um triângulo que é a metade da base x altura e
nos paralelogramos a área é base x altura. Então seja
a aresta da base (b), o apótema da pirâmide (m) e o
apótema da base (m’) os cálculos da área da base, área
lateral e área total são:

b · m' (n · b) m'
AB = n · =
2 2

n·b·m
AL = → n triângulos
2

O tronco do prisma é um sólido formado pelo corte n·b·m (n · b) m' (n · b) (m + m')


AT = AL + AB = + =
ou uma secção transversal no plano paralelo à base 2 2 2
do prisma. Esse conjunto de pontos que fica entre a m2 = h2 + m’2
secção transversal e a base do prisma é o tronco do
prisma.

Dica
Como o prisma tem base e topo com o mesmo
polígono então a secção transversal vai definir o
tamanho do corte nas arestas ou faces laterais,
assim as áreas e volumes serão menores, mas
com as mesmas fórmulas de cálculos.

PIRÂMIDE

Conceito, elementos, classificação, áreas e volumes


e troncos

Seja um polígono convexo em um plano α e um Conhecendo os cálculos das áreas da pirâmide,


ponto V fora desse plano, chamamos de pirâmide a para achar o volume da pirâmide regular, basta fazer
reunião dos segmentos com uma extremidade em V e o produto de um terço da área da base pela altura (h)
a outra nos pontos do polígono (Figura 49). da pirâmide:
MATEMÁTICA

1 n · b · m' · h
V= · AB · h =
3 6

O tronco da pirâmide é um sólido formado pelo


corte ou uma secção transversal no plano paralelo à
base da pirâmide. Esse conjunto de pontos que fica
Figura 49. Exemplos de Pirâmides, respectivamente, triangular, entre a secção transversal e a base da pirâmide é o
quadrangular, pentagonal e hexagonal. tronco da pirâmide. 479
CILINDRO

Conceito, elementos, classificação, áreas e volumes


e troncos

Seja um círculo de centro O e raio r em um plano α


e um segmento de reta não paralelo e não contido no
plano α, chamamos de cilindro a reunião dos segmen-
tos congruentes e paralelos ao segmento de reta com
uma extremidade nos pontos do círculo e a outra na
sua secção circular paralela e distinta, como pode ser
Figura 50. Tronco de pirâmide.
verificado na Figura 50.
A área do tronco da pirâmide é encontrada somando
a área da base maior, área da base menor e a área late-
ral. O volume é feito subtraindo do volume total da pirâ-
mide o volume da pirâmide menor que foi formada pela
secção transversal, ou seja, o volume da pirâmide de
base maior menos o volume da pirâmide de base menor,
sendo AB, área da base maior e Ab área da base menor:

V=V =VVmaior −– V
(H– −h)h
(H )
 b·A⋅ +AABbA
) h − H ( = V − V =V
A· A⋅+A+ AA+A⋅ 
⋅ BA
menor=
Vmenor =   ++√A B B b bB b  b  ronem roiam h
maior
3 3 B
3

Da relação de semelhança de triângulos podem-se


fazer algumas relações:

H B A
= = r
h b a

ABmaior ALmaior ATmaior B2 H2 A2


= = = = = Figura 50. Exemplo de Cilindro.
ABmenor ALmenor ATmenor b2 h2 a2

A∆maior B3 H3 A3 Um cilindro possui duas bases formadas por uma


= = = circunferência de raio r em planos paralelos e gera-
A∆menor b3 h3 a3 trizes formadas por segmentos com uma extremida-
de em um ponto da circunferência de centro O e raio
r, e a outra extremidade no ponto da circunferência
Ex.: Seja uma pirâmide quadrangular de bases nos
no plano paralelo acima da base, também de raio r. A
planos ABCD e EFGH paralelas. Se os segmentos VF=3 altura do cilindro é a distância h entre os planos das
e VB=5 e a área de EFGH igual a 18, qual seria a área bases.
da base ABCD? O cilindro é classificado em cilindro oblíquo e
cilindro reto. No primeiro, as geratrizes são oblíquas
AEFGH = 18; VF = 3; VB = 5; aos planos das bases, já no segundo, as geratrizes são
perpendiculares aos planos das bases.
ABmaior A2 AABCD VB2
= → =
ABmenor a2 AEFGH VF2
Importante!
AABCD 52 AABCD 25 25 · 18 O cilindro reto também é chamado de cilindro de
= → = → AABCD =
18 3 2
18 9 9
revolução, pois ele é gerado a partir da rotação
de um retângulo em torno de um eixo que con-
450 tém um dos seus lados.
AABCD = = 50
9
Secção meridiana de um cilindro é a interseção do
cilindro com um plano que contém as bases. Assim a
secção meridiana de um cilindro reto é um retângulo,
de altura h e base 2r, e a de um cilindro oblíquo é um
paralelogramo. Quando essa secção meridiana é um
quadrado, dizemos que o cilindro é equilátero (h = 2r
ou geratriz = 2r).
Como a superfície lateral de um cilindro reto é
equivalente a um retângulo de altura h e base sendo
o comprimento da circunferência 2πr. A área total é a
soma da área lateral com as áreas das duas bases, sen-
do área da base igual à área da circunferência (πr2):
480
g1 + g 2
AB = π · r2
E= , cilindro reto
O volume do cilindro oblíquo de raio g/2 e geratriz
2
AL = 2 · π · r · h g, Figura 52, é dado por:
AL = 2 ⋅ π
AT = AL + 2AB = 2 · π · r · h + 2 · π · r = 2 · π · r(h+r)
2 ⋅r ⋅E
h 2 h
retosen ( 60º ) = π ⋅ rh ⋅ ( g1 + g 2 ) = ) º06 ( nes →
Figura 52
O volume do cilindro é o produto da área da base  Figura→52 25aru
pela medida da altura: Vtronco= π 2 cilindro
⋅ r ⋅ E →Vsen =
(60º)
tronco =
g g g
2
V = AB · h = π · r2 · h 3
√3 3
h=hg=⋅gsen· sen( 60º )=
(60º) =gg ·⋅ = ⋅ g ) º06 ( nes ⋅
O tronco do cilindro é formado pelo plano que
22 2
2 2
intersecta o cilindro obliquamente em todas as gera- 3  gg 
2
3√3
trizes, ou seja, um corte oblíquo, formando assim Vcilindro = A=bA⋅ bh· =h =ππ⋅ r· r2⋅·hh⋅==gππ⋅ ·⋅ ⋅ ⋅π·gg=⋅·h ⋅ 2 r ⋅ π = h ⋅ bA =
Vcilindro
2
or
um tronco de cilindro com duas geratrizes, maior e 2  222  22
menor, o eixo e uma elipse na região do corte.
g 2 g2 3 3 3 3 2
g
Vcilindro
V
= =ππ⋅· ⋅ g ⋅ · g ·= √3 ⋅πg⋅=33 ⋅gπ√3
⋅ =
·g ·π
3 ⋅ g ⋅ ⋅π= or
a cilindro 4 4 2 82 8 8 2 4
b

g1 g2
E E

r
Figura 52. Cilindro raio g/2 e geratriz g.

CONE

r Conceito, elementos, classificação, áreas e volumes


e troncos
E
Seja um círculo de centro O e raio r em um plano
g1 α e um ponto V fora do plano α, chamamos de cone a
r reunião dos segmentos de reta com uma extremidade
Secção em V e a outra nos pontos do círculo, como veremos
Circular
na Figura 53.
Reta
E
g 2

Figura 51. Tronco de cilindro reto e oblíquo.

g1 + g 2
E= g1, +cilindro
g2 reto
E2= , cilindro reto
2
AL = 2 ⋅ π ⋅ r ⋅ E
AL = 2 · π · r · E
π ⋅ r 2 ⋅ ( g1 + g 2 )
Vtronco= =ππ⋅ ·rr ⋅· E
Vtronco
22
E → V
Vtronco
cilindro
= reto
cilindro reto
Figura 53. Exemplo de Cone.
2
tronco

π · r · (g1 + g2)
2
= Um cone possui uma base formada por uma circun-
2 ferência de raio r, geratrizes (g) formadas por segmen-
MATEMÁTICA

tos com uma extremidade em um ponto V e a outra nos


Dica pontos da circunferência da base. A altura do cone é a
Um corte transversal paralelo à base do cilindro, distância h entre o vértice e o plano da base.
não forma um tronco de cilindro, pois o novo O cone é classificado em: cone oblíquo e cone reto.
sólido continua sendo um cilindro com altura ou No primeiro, a reta VO é oblíqua ao plano da base, já
geratriz menor. no segundo, a reta VO é perpendicular ao plano da
base. A geratriz de um cone reto também é chamada
de apótema do cone. 481
A área do tronco do cone é encontrada somando
Importante! a área da base maior, área da base menor e a área
O cone reto também é chamado de cone de revo- lateral. O volume é feito subtraindo do volume total
lução, pois ele é gerado a partir da rotação de do cone e o volume do cone menor que foi formado
um triângulo retângulo em torno de um eixo que pela secção transversal, ou seja, o volume do cone de
base maior menos o volume do cone de base menor:
contém um dos seus catetos.
π · (H – h)
VTronco = Vmaior – Vmenor = · [R2 + R · r + r2]
Secção meridiana de um cone é a interseção do cone 3
com um plano que contém a reta VO, assim, a secção
meridiana de um cone reto é um triângulo isósceles, Sendo AB, área da base maior e Ab área da base
de altura h, com os lados iguais à geratriz e a base 2r. menor, R o raio da base maior, r o raio da base menor
Quando essa secção meridiana é um triângulo equiláte- e G a geratriz do tronco do cone, temos:
ro dizemos que o cone é equilátero (h = r√3 ou g = 2r).
Como a superfície lateral de um cone reto é equi- AL = π · (R + r) · G
valente a um setor circular de raio g e comprimento AT = AL + AB + Ab = π · [R · (G + R) + r · (G + r)]
do arco 2πr, a área total é a soma da área lateral com
a área da base, sendo a área da base igual à área da Da semelhança entre o cone original (cone maior)
circunferência (πr2): com o cone da secção transversal (cone menor) temos
as mesmas relações que já tínhamos notado para o
AB = π · r2 caso da pirâmide:
AL = π · r · g
AT = AL + AB = π · r · g + π · r2 = π · r (g+r) R H
=
O volume do cone é um terço do produto da área r h
da base pela medida da altura:
ABmaior ALmaior ATmaior R2 H2
= = = =
1 1 r2 h2
V= · AB · h = · π · r2 · h ABmenor ALmenor ATmenor
3 3
A∆maior R3 H3
O tronco do cone é um sólido formado pelo corte = =
A∆menor r3 h3
ou uma secção transversal no plano paralelo à base do
cone. Esse conjunto de pontos que fica entre a secção
transversal e a base do cone é o tronco do cone. Ex.: Num tronco de cone, os perímetros das bases são
16π cm e 8π cm e a geratriz G = 5cm, Figura 55, os valores
V da altura, da área lateral e do volume do tronco são:

PB = 16π = 2π R → R = 8cm;
Pb = 8π = 2πr → r = 4cm;
g G = 5cm;
h B
R H 8 H
= → = → H = 2h;
r h 4 h

H k = (H – h) = 2h – h = h;
A¹ r B¹

∆ABC
h2 + r2 = G2 → h2 = 25 – 16 = 9

A¹ r B¹ h = 3cm;
O¹ H = 2h = 6cm;
AL = π(R+r) G = π(8 + 4) 5 = 60πcm2;
G
π · (H – h)
H-h
VTronco = · [R2 + R · r + r2]
3

π · (3)
R B = · [82 + 8 · 4 + 42] = 112πcm3
A 3
O

482 Figura 54. Tronco de cone.


R=4

A
O1

G=5
(H-h=k)

C
O
Figura 56. Esfera e seus elementos, polo, equador, paralelo e
meridiano.

R=8
A área da superfície da esfera de raio r é igual a
4πr e o volume é quatro terços de πr3. O fuso esférico
é a interseção da superfície da esfera com um setor
diedral cuja aresta contém um diâmetro dessa super-
(a) fície esférica, como podemos observar na Figura 57. A
área do fuso é 2r2α. Já a cunha esférica é dada por esta
O1 r=4 A mesma região do fuso esférico e vai até a região do
centro da esfera, ou seja, até o raio no eixo, formando
um volume que pode ser calculado com 2r3α/3.0

k=(H-h)=h G=5
h

R-r=4
r=4
C
O B Figura 57. Exemplo de Fuso e Cunha esférica, respectivamente, da
esquerda para direita.
R=8
Assim, resumindo, temos as seguintes fórmulas
(b) para esferas:

Figura 55. Tronco do Cone de geratriz G = 5, R = 8, r = 4 e h = 3 (a) e AEsfera = 4 · π · r2;


triângulos retângulos formados dentro do tronco a partir da altura do VEsfera = π · r3;
tronco, raios e geratriz (b). AFuso = 2 · r2 · α;
2 · r3 · α
ESFERA VCunha =
3
Conceito, elementos, classificação, áreas e volumes
Ex.: Seja uma superfície esférica com o compri-
Considerando-se um ponto O e um segmento de mento da circunferência do círculo máximo igual a
medida r, chama-se esfera de centro O e raio r o con- 26π cm, qual seria a área dessa superfície e qual o
junto dos pontos P do espaço, tais que a distância do volume?
segmento OP seja menor ou igual a r. O comprimento do círculo é: 2πr = 26π → r = 13cm;
A esfera possui alguns elementos: o eixo, uma reta
MATEMÁTICA

que passa pelo centro da esfera; os polos que são as AEsfera = 4πr2 = 4π(13)2 = 676πcm2;
interseções da superfície da esfera com o eixo; equa- VEsfera = πr3 = π(13)3 = 2197πcm3;
dor, uma secção perpendicular ao eixo passando pelo
centro da superfície; paralelo, uma seção perpendi- INSCRIÇÃO E CIRCUNSCRIÇÃO DE SÓLIDOS
cular ao eixo e paralela ao equador e o meridiano,
uma seção cujo plano passa pelo eixo, como pode ser Existe uma gama de situações em que podemos ter
observado na Figura 56. alguns sólidos inscritos ou circunscritos e termos o
Distância polar é a distância de um ponto do para- interesse de encontrar alguns de seus elementos nes-
lelo ao polo. sa junção. Aqui vamos mostrar alguns exemplos. 483
No caso de inscrito, temos o sólido de interesse no No caso da esfera circunscrita ao octaedro regular
interior. Podemos ter, por exemplo, uma esfera de de aresta a, o diâmetro da esfera é igual à diagonal do
raio r inscrita em um cubo de aresta a e querer saber octaedro, ou seja, diagonal do quadrado, como pode-
o valor do raio dessa esfera, como vemos na Figura 58. mos observar na Figura 61. Assim, temos que 2r=a√2 o
Sabemos que o diâmetro da esfera é igual à aresta do que implica em r = a√2/2.
cubo, assim, 2r = a o que implica em r = a/2.

Figura 58. Esfera de raio r inscrita em um cubo de aresta a.

Na esfera de raio r inscrita em um octaedro regu-


lar de aresta a, que podemos observar na Figura 59, Figura 61. Esfera de raio r circunscrita em um octaedro regular de
usando a relação métrica de triângulos retângulos, em aresta a.
que a hipotenusa multiplicada pela altura é igual ao
produto dos catetos, temos o valor da métrica do raio
dada por:
GEOMETRIA ANALÍTICA PLANA
a√3 a√2 a a√6
·r= · →r= PONTO
2 2 2 6
Plano cartesiano

Sejam dois eixos (retas) x e y perpendiculares em


relação ao ponto O, os quais determinam um plano
α. Chamamos esse plano α de plano cartesiano, sendo
o ponto O (0,0) a origem do sistema de coordenadas,
sendo o eixo x (Ox) chamado de abscissa, o eixo y (Oy)
de ordenada e para o ponto P pertencente ao plano α,
ou seja, pertencente ao plano cartesiano, suas coorde-
nadas são dadas pelos valores em x e y da projeção do
ponto aos eixos. Os eixos x e y ainda dividem o plano
cartesiano em quatro regiões, chamadas quadrantes.
Um ponto pertencente ao eixo x quando o y é nulo,
e vice-versa, quando os valores de x=y ou x=-y, esse
ponto pertence à bissetriz dos quadrantes, ou seja, os
pontos (2,2) e (-2,-2) são bissetrizes dos quadrantes
ímpares, e os pontos (-2,2) e (2,-2) são bissetrizes dos
Figura 59. Esfera de raio r inscrita em um octaedro de aresta a. quadrantes pares.

Nos casos circunscritos, temos o sólido de interesse


no exterior. Assim, se tivermos uma esfera circunscri-
ta ao cubo, teremos o interesse de calcular o valor do
raio da esfera em função da aresta do cubo, como na
Figura 60. Sabemos que o diâmetro da esfera é igual
à diagonal do cubo, assim, 2r=a√3, o que implica em
r=a√3/2.

A C
R

R a

E Figura 27. Plano cartesiano (x,y) de origem O e ponto P.


a√2 G

Figura 60. Esfera de raio r circunscrita em um cubo de aresta a.

484
Distância entre dois pontos

Dados dois pontos A(x1,y1) e B(x2,y2), calculamos a


distância entre eles da seguinte forma:

d = √(x2 – x1)2 + (y2 – y1)2

Sejam os pontos A(3,5) e B(1-3) no plano cartesia-


no, qual seria a distância entre A e B?

dAB = √(x2 – x1)2 + (y2 – y1)2 = √(1 – 3)2 + (–3 – 5)2 =


= √(–2)2 + (–8)2 = √4+64 = √68 = 2√17

Ponto médio de um segmento e condições de


alinhamento de três pontos
Figura 28. Plano cartesiano (x,y) de origem O e reta r.
Dados os pontos A(x1,y1) e B(x2,y2), o ponto médio
de AB é dado por:
A equação geral ainda pode ser reescrita na forma
reduzida:
x1 + x2 y1 + y2
xPM = e

( ) ( )
2 2
a c
b≠0→y= – x+ –
Assim, o ponto médio do segmento AB, A(3,5) e B(1- b b
3), anterior é:
a c
→ y = mx + q; m = – eq=–
3+1 4 5–3 2 b b
xPM = e = 2 e yPM = = =1
2 2 2 2 Ex.: Sejam os pontos A(7/2,5/2) e B(-5/2,-7/2),a equa-
PM = (2,1) ção da reta definida por eles é:

( )
Sejam três pontos A(x1,y1), B(x2,y2) e C(x3 ,y2), dize-
mos que são colineares quando o determinante deles 5 7 5 7
é nulo: a = y1 – y2 = – – = + =6
2 2 2 2

x1 y1 1 5 7
b = x2 – x1 = – – = –6
2 2
x2 y2 1 = 0.
x3 y3 1

Ex.: Assim, mostre que os pontos A(1,3), B(2,5) e


c = x1y2 – x2y1 =
7
2

( )( )

7
2
– –
5
2

5
2
=

C(49,100) não são colineares! 49 25 24


=– + =– = –6
4 4 4
x1 y1 1 1 3 1 ax + by + c = 0 → 6x – 6x – 6 = 0 ⟺ x – y – 1 = 0
x2 y2 1 =0→ 2 5 1 =0
Na forma reduzida temos:
x3 y3 1 49 100 1
1 ∙ 5 ∙ 1+3 ∙ 1 ∙ 49+1 ∙ 2 ∙ 100 –1 ∙ 5 ∙ 49 – 3 ∙ 2 ∙ 1–1 ∙ 1 ∙ 100 =
a 6 c –6
= 5+147+200 – 245 – 6 – 100=352 – 351=1≠0 b≠ 0 → m = – =– = 1;q = – =– = –1
b –6 b –6
RETA y = mx + q → y = x – 1

Equações geral e reduzida Temos ainda a equação da reta passando por um


ponto P(x0,y0):
Sejam três pontos, A(x1,y1), B(x2,y2) e C(x,y), colinea-
MATEMÁTICA

res em uma reta (r), onde os pontos A e B são pontos


fixos em r, ou seja, conhecidos no plano cartesiano e o (y – y0) = m(x – x0)
ponto C, um ponto qualquer que pode percorrer a reta
r. A equação geral da reta é dada por: Interseção de retas

a = y1 – y2, b = x2 – x1 e c = x1y2 – x2y1 Um ponto P(x0,y0) de interseção de duas retas (r e


ax + by + c = 0 s) deve satisfazer as equações de ambas. Assim, resol-
vendo o sistema de equações (S) das retas encontra-se
o ponto comum às retas. 485
S
{ r : a1x+b1y+c1 = 0
s : a2x+b2y+c2 = 0 { r : a1x+b1y+c1 = 0 → y = m1x+q1
s : a2x+b2y+c2 = 0 → y = m2x+q2

Ex.: Sejam duas retas: Então a relação dos coeficientes angulares das
equações das retas para que elas sejam perpendicu-
r : x+2y – 3 = 0 e s: 2x+3y – 5 = 0 lares é:

Então o ponto P(x0,y0) de interseção entre elas é: r ⟘ s ⟺m1 ∙ m2 = –1

{
Se a reta r:y=x+2 é perpendicular à reta s, e saben-
r : x+2y – 3=0 do que a reta s passa pelo ponto (3,2), qual seria a
S equação da reta s?
s : 2x+3y – 5=0

r : x= – 2y+3 [I]

[I]
s : 2x + 3y – 5= 0 → 2( – 2y + 3) + 3y – 5 = 0 → – 4y + 6
{ r : y = x+2 → m1=1
s : y = m2x+q2

+ 3 y – 5 = 0 → -y + 1 = 0 → y = 1 [II] E para serem perpendiculares precisamos satisfa-


[II] zer a equação:
x= – 2y + 3y →x = – 2(1) + 3 → x = – 2 + 3 → x = 1
P(x0,y0)=(1,1) r ⟘ s ⟺ m1 ∙ m2 = –1 → 1 ∙ m2 = –1 → m2 = –1

Paralelismo e perpendicularidade Da equação da reta quando se conhece um ponto


temos:
Sejam duas retas (r e s), para que elas sejam para-
lelas e distintas elas não devem ter nenhum ponto em (y – y0) = m2(x – x0)
comum, ou seja, a solução do sistema (S) não tem solu-
(y – 2) = –1(x – 3)
ção. Para isso temos que a relação entre os coeficien-
tes das equações são: y – 2= – x+3

{
x+y – 5=0
r : a1x+b1y+c1 = 0
S
s : a2x+b2y+c2 = 0 Importante!
a1 b1 c1 Quando duas retas são paralelas os coeficientes
r∩s=Ø→ = ≠
a2 b2 c2 angulares das retas são iguais, ou seja, se r e s
são paralelas então r // s ⟺ m1 = m2.
Por exemplo, as retas r e s são paralelas:

{
Ângulo entre duas retas
r : x+2y+3=0
S
s : 3x+6y+1 = 0 Chamamos de coeficiente angular ou declive de
uma reta r, não perpendicular ao eixo das abscissas
(eixo x), o número real m dado por:
a1 b1 c1 1 2 3
= ≠ → = ≠
a2 b2 c2 3 6 1 m = tgα

y2 – y1
Dica A(x1, y1); B(x2, y2) → m =
x2 – x1
Para a reta r:x+2y+3=0 podemos encontrar
a equação das retas paralelas a r, bastando a
r : ax + by + c = 0 → m= –
que os coeficientes a e b das retas paralelas b
a b
sejam proporcionais a 1 e 2, ou seja, = . Sendo α o ângulo da reta r com o eixo x, na leitura
1 2 anti-horário.
Assim, a reta t:2x+4y+2=0 também é uma reta
Se o ângulo é agudo (0º<α<90º) então m é positi-
paralela a r. vo, se é obtuso (90º<α<180º) então m é negativo, se for
nulo então m também é nulo e se for reto então não
Duas retas r e s são ditas perpendiculares, se e se define m.
somente se elas formarem entre si um ângulo reto, Quando duas retas r e s são concorrentes, pode-
mas pode-se também determinar essa perpendicula- mos determinar o ângulo formado entre elas:
ridade relacionando o coeficiente angular das retas.

{
Assim, se as equações das retas são dadas por:
r : a1x+b1y+c1 = 0 → y = m1x+q1
s : a2x+b2y+c2 = 0 → y = m2x+q2
486
m2 – m1 Ex.: Sejam as retas r:3x+3y-1=0 e s:2x-2y+1=0 as
tgθ = equações das retas bissetrizes t1 e t2 são:
1 + m1 ∙ m2
3x+3y –1 2x – 2y+1 3x+3y –1 2x – 2y+1
± =0→ ± =0
Dadas duas retas r e s, o ângulo formado por elas é: √3 +3
2 2
√2 +(–2)
2 2
√18 √8

{
a1 3 3x+3y –1 2x – 2y+1
r : 3x – y + 5 = 0 → m1 = – =– =3 → ± =0
b1 –1 3√2 2√2
a2 2
s : 2x + y + 3 = 0 → m2 = – =– = –2 3x+3y –1 2x – 2y+1
b2 1 – =0→
3√2 2√2
t1 :
m2 – m1 3 – (–2) (6x+6y – 2) – (6x – 6y+3)
tgθ = → tgθ = →tgθ= = 0 → 12y – 5 = 0
1+m1 ∙ m2 1 + (–2) ∙ 3 6√2
5 π
= =1⇒θ= 3x+3y – 1 2x – 2y+1
–5 4 + =0→
3√2 2√2
t2 :
Distância entre ponto e reta e distância entre duas (6x+6y – 2) + (6x – 6y+3)
= 0 → 12x+1 = 0
retas 6√2

Seja uma reta r:ax+by+c=0 e um ponto P(x0,y0) no Área de um triangulo e inequações do primeiro grau
plano cartesiano, a distância entre a reta r e o ponto com duas variáveis
P é:
Seja um triangulo cujos vértices são A(x1,y1), B(x2,y2)
ax0+by0+c e C(x3,y3) como a área do triângulo é base vezes altura
dP,r = divido por 2, então para nosso triângulo no plano car-
√a2+b2 tesiano temos:

Ex.: Seja o ponto P(-3,-1) e a reta r:3x-4y+8, a distân- 1


cia entre o ponto e a reta é: Aδ = ∙ BC ∙ AH
2

ax0+by0+c BC = √(x2 – x3)2 + (y2 – y3)2


dP,r =
√a2+b2 x1 y1 1

3 ∙ (–3) – 4 ∙ (–1)+8 –9+4+8 3 3 3 x2 y2 1


→ dP,r= = = = = x3 y3 1
√(3)2+(– 4)2 √9+16 √25 5 5 AH = dA,BC =
√(x2 – x3)2+(y2 – y3)2
Sejam as retas paralelas r e s no plano cartesiano, a
distância entre as retas é a mesma que a distância da
reta r a um ponto da reta s. Então seja P(x0,y0) perten- x1 y1 1
1
cente a reta s, a distância de P(x0,y0) até r é: Aδ = ∙ x y 1
2 2 2

{
x3 y3 1
r : ax+by+c1 = 0
P(x0,y0)∈s
s : ax+by+c2 = 0 → ax0+by0= –c2

ax0+by0 – c2 c1 – c2
dr,s= =
√a2+b2 √a2+b2

Bissetrizes do ângulo entre duas retas

Sejam as retas r e s no plano cartesiano, tais que


essas retas determinem dois ângulos opostos pelo vér-
MATEMÁTICA

tice, assim, as bissetrizes que dividem esses ângulos


são dada por:

{ r : a1x+b1y+c1 = 0
s : a2x+b2y+c2 = 0

a1x+b1y+c1 a2x+b2y+c2
± =0
√a +b1
1
2 2
√a22+b22 487
Ex.: Seja o triângulo no plano cartesiano formado
pelos pontos A(a,a+3), B(a-1,a) e C(a+1,a+1), a área
desse triângulo é:

x1 y1 1 a a+3 1
1 1
Aδ = ∙ x2 y2 1 = ∙ a – 1 a 1
2 2
x3 y3 1 a+1 a+1 1

1
Aδ = ∙ a2+(a+3)(a+1)+(a – 1)(a+1) – a(a+1) – a(a+1)
2

– (a – 1)(a+3)

1
Aδ = ∙ a2+a2+a+3a+3+a2+a – a – 1 – a2 – a – a2 – a
2
CIRCUNFERÊNCIA
– a2 – 3a+a+3
Equações geral e reduzida

Seja uma circunferência (λ) de centro C(a,b) e raio


1 1 5 (r) e um ponto P(x,y) pertencente a ela tem-se a equa-
Aδ = ∙ 3 – 1+3 = ∙5=
2 2 2 ção reduzida da circunferência dada por:

(x – a)2+(y – b)2=r2
O estudo do sinal de uma função do primeiro grau
é usado para definir a região no gráfico que admite Se, dados três pontos do tipo P(x0,y0) na circunferên-
solução para inequações do primeiro grau a duas cia, podemos encontrar a equação reduzida dela resol-
vendo o sistema de três equações e três incógnitas, a
incógnitas, pois só admite solução gráfica. Logo a partir da substituição dos pontos na equação abaixo:
regra para estudo do sinal e definição da região de
solução da inequação é a seguinte, dado a função de (a–x0)2+(b – y0)2=r2
duas variáveis E(x,y)=ax+by+c:
Desenvolvendo essa equação reduzida chegamos
z Primeiro definimos os pontos que anulam o trinômio na equação geral da circunferência:
E(x,y), ou seja, pontos da equação da reta ax+by+c=0;
z Segundo definimos o sinal de E na origem O(0,0), x2+y2 – 2ax – 2by+(a2+b2 – r2)=0
ou seja, E(0)=a∙0+b∙0+c=c, assim concluímos que o
sinal de E é o mesmo de c; Ex.: Na equação da circunferência abaixo, encon-
z Terceiro atribuímos a E nos pontos do semiplano tre o centro e o raio:
opostos ao sinal anterior, ou seja, contrário de c;
z Se a reta contiver a origem O, significa que o c=0, 2x2+2y2 – 4x –6y – 3=0
então os passos 2 e 3 não são válidos, daí o passo
Dividindo por 2 teremos os termos quadrados
2 deve ser um ponto P qualquer fora da reta e a
iguais a unidade:
assim, atribuir o sinal dos planos.

Ex.: Seja a inequação x-y+1>0, a solução dela está 3


X2+y2 – 2x – 3y – =0

{
em qual plano?

{
2

a 1
1) E=0 → r: x – y+1=0 → m = – =– =1 – 2a = – 2 → a = 1;
b –1
2) E(0) = c=1>0 →E>0 em rα
3) E< 0 em r β – 2b = – 3 → b =
3
;
→C
( )
1,
3
2
2

()
Como coeficiente angular m>0 reta crescente, pas-
2
sando pelos pontos (0,1) e (-1,0). 3 3 3
(a2+b2 – r2) = – → 12 + – r2 = –
2 2 2

9 3 19 √19
1+ – r2 = – → r2 = →r=
4 2 4 2
488
Posições relativas entre ponto e circunferência

Seja um ponto P(x0,y0) e uma circunferência de cen-


tro C(a,b) e raio (r) dada pela equação λ: (x-a)2+(y-b)2=-
r2, a posição de P depende de três situações, são elas:
ponto P exterior à circunferência, ponto P na circun-
ferência e ponto P interior à circunferência. Assim
temos, respectivamente, o seguinte:

{
PC > r → (x0 – a)2 + (y0 – b)2 – r2 > 0
PC = r → (x0 – a)2 + (y0 – b)2 – r2 = 0
PC < r → (x0 – a)2 + (y0 – b)2 – r2 < 0

Seja a circunferência λ: x2 + y2 + 2x + 2y - 2 = 0, o
ponto P(-4, -5) está em qual posição em relação à
circunferência?
Primeiro determinamos o centro e o raio da
circunferência:
Figura 29. Circunferência de centro C raio (r) com exemplos de
retas: secante (r), tangente (s) e exterior (t).
x2 + y2 + 2x + 2y – 2 = 0

{ –2a = 2 → a = –1;
–2b = 2 → b = –1;
→ C (–1, –1)
Ex.: Sendo a reta dada por r:3x+2y+17=0 e a circun-
ferência λ:x2+y2+6x+8y+12=0, qual a posição relativa
entre elas e suas interseção?
a2+b2 – r2 = –2 → 1+1 – r2 = –2 → r2 = 4 →r = 2

{
Depois substituímos o ponto na equação da circun- r : 3x+2y+17 = 0
ferência e vemos a posição relativa: S
λ : x2+y2+6x+8y+12 = 0
P(–4, –5) → (x0 – a) + (y0 – b) – r²
2 2

→ (–4 – 1) + (–5 – 1)2 – 22 = 25+36 – 4 = 57>0 Isolando x na equação da reta e substituindo na

{
equação da circunferência temos:
Logo, o ponto é exterior à circunferência pois a dis-
tância do ponto ao centro é PC>r.
17 2
r : 3x+2y+17 = 0 → x = – – y(I)
Reta e circunferência e duas circunferências 3 3

( )
Seja uma reta r:Ax+By+C=0 e uma circunferên- 17 2
2

cia de centro C(a,b) e raio (r) dada pela equação λ: S λ : x +y +6x+8y+12 = 0


2 2 (I)
→ – – y +y2+6
(x-a)2+(y-b)2=r2, a interseção da reta com a circunfe- 3 3

( )
rência é o P(x,y) que pertença ao mesmo tempo a reta
17 2
r e à circunferência. Logo para achar essa interseção – – y +8y+12=0
basta ver as soluções do sistema: 3 3

S
{ r : Ax + By + C = 0
λ : (x – a)2 + (y – b)2 = r2
13y2+104y+91=0 → Δ=(104)2 – 4(13)(91)=6084 → Δ>0

Como Δ>0, então temos duas raízes reais, ou seja,


Sendo que, a solução desse sistema resulta em uma dois pontos de solução, assim a reta é secante à cir-
equação do segundo grau, então para diferentes valo- cunferência. Para determinar os pontos de interseção
res possíveis de Δ determinamos as posições relativas
basta achar as raízes:
da reta à circunferência:

z Se Δ>0, temos duas raízes reais, ou seja, dois pon- 13y2 + 104y + 91 = 0 → Δ = 6084
tos de solução, assim a reta é secante à circunfe-
– b – √Δ –104 – 78
rência, ou ainda, quando a distância do centro à y1= = = –7
reta é menor que o raio; 2a 2 ∙ 13
z Se Δ=0, temos uma única raiz real, ou seja, um úni- – b + √Δ –104 + 78
MATEMÁTICA

co ponto, assim a reta é tangente à circunferência, y2= = = –1


ou ainda, quando a distância do centro à reta é 2a 2 ∙ 13
igual ao raio;
z Se Δ<0, não temos raiz real, ou seja, a solução não Com os valores do eixo y para o ponto P de interse-
tem ponto comum entre reta e circunferência, ção encontramos os respectivos valores para o eixo x:
assim a reta é exterior à circunferência, ou ainda,
quando a distância do centro à reta é maior que
ao raio. 17 2
y1 = –7 → x1 = – – ∙ (–7) = –1
3 3 489
17 2
y2 = –1 → x2 = – – ∙ (–1) = –5
3 3

Logo, os pontos de interseção da reta secante com


a circunferência são:

P1(–1, –7)
P2(–5, –1)
(e) (f)
Da mesma forma podemos encontrar a interseção
entre duas circunferências, bastando encontrar o Figura 30. Posições relativas entre duas circunferências de centro C1
ponto P(x,y) que pertença ao mesmo tempo às duas e C2, (a) exteriores; (b) tangentes exteriores; (c) tangente interiores;
circunferências, ou seja, a solução do sistema: (d) secantes; (e) interior com menor raio e (f) concêntricas.

Ex.: Dada duas circunferências, qual a posição


S
{ λ1 : (x – a1)2+(y – b1)2 = r12
λ2 : (x – a2)2+(y – b2)2 = r22
relativa entre elas?

E a partir da comparação entre a distância entre os


centros das circunferências e a soma dos raios pode-
S
{ λ1 : x2 + y2 = 36
λ2 : x2 + y2 – 6x – 8y+21=0
mos ter seis posições relativas entre elas. Então seja a Primeiro definimos o centro e o raio de cada uma
distância entre os centros C1 e C2: delas:

d = C1C2 = √(a1 – a2)2 + (b1 – b2)2 λ1 : x2 + y2 – 36 = 0

z Circunferências exteriores, a distância entre os


centros é maior que a soma dos raios, d>r1+r2;
λ1
{ –2a1 = 0 → a1 = 0;
–2b1 = 0 → b1 = 0;
→ C1(0, 0)

z Circunferências tangentes exteriormente, a dis- a12+b12 – r12 = –36 → 0+0 – r12 = –36 → r1 = 6
tância entre os centros é igual à soma dos raios,
d=r1+r2; λ2 : x2 + y2 –6x – 8y + 21 = 0
z Circunferências tangentes interiores, a distância
entre os centros é igual ao módulo da diferença
dos raios, d=|r1 – r2|;
λ2
{ –2a2 = –6 → a2 = 3;
–2b2 = –8 → b2 = 4;
→ C2(3, 4)

z Circunferências secantes, a distância entre os cen- a22+b22 – r22 = 21 → 9+16 – r22 = 21 → r2 = 2


tros está entre o módulo da diferença dos raios e a
soma dos raios, |r1 – r2|<d<r1+r2; Agora calculamos a distância entre os centros e
z Circunferências de menor raio e interior à outra, comparamos com a soma ou diferença entre os raios:
a distância entre os centros está entre zero e o d = C1C2 = √(a1 – a2)2 + (b1 – b2)2 = √(0 – 3)2 + (0 – 4)2
módulo da diferença dos raios, 0≤d<|r1 – r2|;
z Circunferências concêntricas, a distância entre os = √9+16 = √25 = 5;
centros é zero, d = 0. r1 + r2 = 6 + 2 =8;
|r1 – r2| = |6 – 2| = 4;
4 < 5 < 8 → |r1 – r2| < d < r1+r2 → secantes.

Logo, as circunferências são secantes, com dois


pontos de intersecção.

Problemas de tangência

Quando o intuito é encontrar as equações das retas


(a) (b) tangentes à circunferência, usamos a definição de reta
tangente, que diz que existe um único ponto de interseção
entre a reta e a circunferência, e a distância entre o cen-
tro da circunferência a esse ponto da reta é exatamente o
valor do raio. Outro conceito que irá nos ajudar é o de fei-
xes de retas paralelas, em que a cada equação de reta dada
por Ax+By+C=0, para que as retas sejam paralelas entre si,
os valores de A e B para todas as retas são iguais ou propor-
cionais, e o valor de C irá mudar em cada reta, ou seja, para
cada valor de C nos números reais, temos novas retas que
serão paralelas à reta original.
Assim, conhecendo uma reta paralela às retas tan-
gentes, o centro e o raio da circunferência, podemos
(c) (d) determinar as equações das retas tangentes. Para isso,
igualamos a distância do centro à reta paralela ao
valor do raio e, assim, definimos quais os valores do
coeficiente C para cada uma delas.
490
Ex.: Então, seja uma reta r:5x+2y+7=0 a circunfe- ma – b +(y0 – mx0)
rência λ:x2+y2+4x-10y+4=0, quais são as equações das =r
retas tangentes (t) a circunferência e que sejam para- √m2+1
lelas a reta r?
Primeiro definimos qual o centro e o raio da m ∙ 2 – 0 +(7 – m ∙ (–1))
circunferência: =3
√m2+1
λ : x2+y2+4x – 10y+4=0

{
3m +7
–2a = 4 → a = –2; =3
λ → C(–2, 5) √m2+1
–2b = –10 → b = 5;
a +b2 – r2 =4 → (–2)2+52 – r2 = 4 → r=5
2 20
m=–
Agora igualamos ao raio a distância do centro C à 21
reta t paralela à reta r dada:
y – y0 = mi (x – x0)
t || s: Ax+By+C=0 → 5x+2y+C=0
i
20
y–7=– (x – (–1))
Ax+By+C 5(–2)+2(5)+C 21
dCt = r → =5→ =5
√A2+B2 √(5)2+(2)2
20
y–7=– (x+1)
–10+10+C 21
→ =5
√25+4 t1: 20x+21y – 127 = 0

C Assim, além dessa reta tangente podemos cons-


=5 → |C|=5√29 → C1 = 5√29 e C2 = –5√29
√29 truir o gráfico com a circunferência, os pontos e as
retas tangentes para visualizarmos mais facilmente
t1 : 5x+2y+5√29 = 0 e t2 : 5x+2y – 5√29 = 0 qual seria a segunda reta tangente, visto que da solu-
ção de m tivemos apenas um valor, e pelo ponto P ser
Nos casos em que não se conhece a reta paralela à externo sabemos que existe mais uma reta tangente
reta tangente, mas se conhece um ponto P(x0,y0) que além da encontrada. Logo, a outra reta tangente é a t2:
é a interseção entre a reta tangente e a circunferên- x = –1 ou x+1 = 0.
cia de centro C(a,b), podemos achar a equação da reta
tangente por: P
7
t2 t1
6
z Quando o ponto é interior à circunferência não 5
existe reta tangente; 4
z Quando o ponto pertence à circunferência: 3
2 c
a – x0
y – y0 = (x – x0) 1
c
y0 – b ; 11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
-1
z Quando o ponto está externo à circunferência: -2
-3
ma – b+(y0 – mx0) -4
= r, y – y0 = mi(x – x0); -5
√m2 + 1 -6
-7
Ex.: Seja a circunferência λ:x2+y2-4x-5=0 e com pon-
to P(-1,7) de interseção da reta tangente e a circunfe- Figura 31. Circunferência de centro C(2,0) e raio 3, com ponto P(-1,7)
exterior a circunferência com suas retas tangentes t1 e t2.
rência, a equação da reta tangente é dada por:
Primeiro definimos o centro e o raio da circunfe-
rência λ: Equações e inequações do segundo grau com duas
variáveis
λ : x2+y2 – 4x – 5=0
Uma inequação envolvendo uma circunferência

{ –2a = –4 → a = 2; admitem infinitas soluções que podem ser represen-


λ → C(2, 0) tadas num sistema de eixos coordenados por uma
–2b = 0 → b = 0; região limitada pela circunferência. Alguns exemplos
a2 + b2 – r2 = –5 → (2)2 + 02 – r2 = –5 → r = 3 de regiões soluções:
MATEMÁTICA

Região que contém os pontos A(x,y) fora da circun-


A distância entre o centro e o ponto é: ferência, incluindo a circunferência: (x – a)2+(y – b)2
– r2≥0 ou excluindo a circunferência (x – a)2+(y – b)2
dcp= √(a – x0)2+(b – y0)2 = √(2 – (–1))2+(0 – 7)2 – r2>0.
= √9+49 = √58;

Se a distância do centro ao ponto é maior que o


raio, temos que o ponto está fora da circunferência.
491
Figura 32 a, quando for sinal sem igualdade usar o λ1 : x2 + y2 ≤ 25

{
contorno da circunferência pontilhada;
Região que contém os pontos A(x,y) dentro da cir- –2a = 0 → a = 0
→ C (0, 0)
cunferência, incluindo a circunferência: (x – a)2+(y – –2b = 0 → b = 0
b)2 – r2 ≤ 0 ou excluindo a circunferência (x – a)2+(y
a2 + b2 – r2 = –25 → 0+0 – r2 = –25 → r = 5
– b)2 – r2<0.
Então para a primeira circunferência temos o cen-
tro na origem e o raio igual a cinco, Figura 33:

20 (x – a)2 + (y – b)2 – r2 ≤ 0 → (x – 0)2+(y – 0)2 – 52 ≤ 0 → x2


+ y2 – 25≤0
A
15 10

C
10 5
Raio

5 C
-10 -5 0 5 10

-1 0 5 10 15
-5

(a)
-10

Figura 33. Inequações com circunferência de centro C(0,0) e raio 5,


com solução interior à circunferência.
20

λ1 : x2+y2 ≥ 4
15
A

C
{ –2a = 0 → a = 0
–2b = 0 → b = 0
→ C (0, 0)

10 a2+b2 – r2 = –4 → 0+0 – r2 = –4 → r = 2
Raio
Então para segunda circunferência temos o centro
5 na origem e o raio igual a dois, Figura 34:

(x – a)2 + (y – b)2 – r2 ≤ 0 → (x – 0)2 + (y – 0)2 – 22 ≥ 0 →


x2 + y2 – 4 ≥ 0
-1 0 5 10 15

(b) 2
Figura 32. Inequações com circunferência de centro C e raio r, 1
com ponto A(x,y), (a) região exterior e (b) região interior, inclusos a
circunferência. C
-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4
Ex.: Seja o sistema de inequações circulares: -1

{
-2
λ1 : x2 + y2 ≤ 25
S
λ2 : x2 + y2 ≥ 4 -3

A solução desse sistema pode ser dada via solução


gráfica como mostrado anteriormente. Assim, para Figura 34. Inequações com circunferência de centro C(0,0) e raio 2,
cada uma das inequações temos: com solução exterior à circunferência.

Assim o conjunto solução para que ocorra as duas


inequações simultaneamente é o sistema circular for-
492 mando uma coroa, com segue na Figura 35.
Já uma elipse de centro na origem e eixo maior na
6 ordenada tem equação reduzida dada por:

4 y2 x2
+ =1
a2 b2
2
Uma elipse de centro em um ponto C(x0,y0), e eixo
C maior paralelo à abscissa temos a equação:
-6 -4 -2 0 2 4 6
(x – x0)2 (y – y0)2
-2 + =1
a2 b2

-4 Uma elipse de centro em um ponto C(x0,y0), e eixo


maior paralelo à ordenada temos a equação:

-6
(y – y0)2 (x – x0)2
+ =1
a 2
b2
Figura 35. Solução simultânea das inequações com circunferência
de mesmo centro C(0,0) e raio 5 e 2, com solução na coroa entre as Assim, uma elipse que tenha centro C(7,8) e eixo
circunferências. (A1A2) maior (2a) igual a 10 e o menor (2b) igual a 8,

{
podemos ter as seguintes equações:
ELIPSE
A1A2//x : (x – x0)2 (y – y0)2 (x – 7)2 (y – 8)2
Definição + =1 → + =1
a2 b2 52 42
Dados dois pontos (F1 e F2) pertencentes a um pla-
no e seja 2c a distância entre F1 e F2, a elipse é o con- (x – 7)2 (y – 8)2
→ + =1
junto dos pontos do plano cuja soma das distâncias 25 16
aos pontos (F1 e F2) é uma constante (2a), sendo 2a>2c.
A1A2//y : (y – y0)2 (x – x0)2 (y – 8)2 (x – 7)2
+ =1 → + =1
a2 b2 52 42

(y – 8)2 (x – 7)2
→ + =1
25 16

Posições relativas entre ponto e elipse

Seja um ponto P(x,y) e uma elipse de centro C(x0,y0)


e semieixos maiores e menores, a e b, respectivamente
(x – x0)2 (y – y0)2
dada pela equação +
= 1 , a posição de
a2 b2
P em relação a elipse pode ser: ponto P exterior a
elipse, ponto P na elipse e ponto P interior da elipse.
Assim temos, respectivamente, as inequações (idem

{
quando o eixo maior é paralelo à ordenada):
(x – x0)2 (y – y0)2
+ – 1>0
a2 b2

(x – x0)2 (y – y0)2
+ – 1=0
a2 b2
Figura 36. Elipse de focos F1 e F2, centro C, e as distâncias
A1A2=2a, B1B2=2b e F1 F2=2c e c/a é a excentricidade, onde
a2=b2+c2.
(x – x0)2 (y – y0)2
+ – 1<0
MATEMÁTICA

a2 b2
Equações
Posições relativas entre reta e elipse
Uma elipse de centro na origem e eixo maior na
abscissa tem equação reduzida dada por: Seja uma reta r:Ax+By+C=0 e uma elipse de centro
C(x0,y0) e semieixos maiores e menores, a e b, respecti-
(x – x0)2 (y – y0)2
x2 y2 vamente dada pela equação =1 , +
+ =1 a2 b2
a2 b2 a interseção da reta com a elipse é o P(x,y) que pertença 493
{
ao mesmo tempo a reta r e à elipse. Logo para achar r : – 12,73x+6,4y – 15,62=0 → x = –1,23+0,5y(I)
essa interseção basta ver as soluções do sistema:

{
δ : (y+2)2 (x – 4)2
+ =1
S 100 64
r : Ax+By+C=0

S (I) (y+2)2 (–1,23+0,5y – 4)2


(x – x0)2 (y – y0)2 → + =1
δ: + =1 100 64
a2 b2
y2 –3y – 38,3 = 0 → Δ = (3)2 – 4(1) (38,3) = 162,2 → Δ > 0
Sendo que, da solução desse sistema resulta uma
Como Δ>0, então temos duas raízes reais, ou seja,
equação do segundo grau, então para diferentes valo- dois pontos de solução, assim a reta é secante à elipse.
res possíveis de Δ determinamos as posições relativas Para determinar os pontos de interseção basta achar as
da reta à elipse: raízes:

y2 – 3y – 38,3 = 0 → Δ=162,2
z Se Δ>0, temos duas raízes reais, ou seja, dois pon-
tos de solução, assim a reta é secante à elipse;
–b – √Δ 3 – 12,74
z Se Δ=0, temos uma única raiz real, ou seja, um úni- y1 = = = – 4,87
2a 2∙1
co ponto, assim a reta é tangente à elipse;
z Se Δ<0, não temos raiz real, ou seja, solução não
–b+√Δ 3+12,74
tem ponto comum entre reta e elipse, assim a reta y2 = = = 7,87
2a 2∙1
é exterior à elipse.
Com os valores do eixo y para o ponto P de interse-
ção encontramos os respectivos valores para o eixo x:

y1 = – 4,87 → x1 = –1,23 + 0,5 (–4,87) = –3,66


y2 = 7,87 → x2 = –1,23 + 0,5 (7,87) = 2,70

Logo, os pontos de interseção da reta secante com a


elipse é o que podemos ver na Figura 38. Esses pontos
são também solução para as duas equações, reta e elipse:

P1(2,7; 7,87)
P2(– 3,66; – 4,87)

Dica
Na equação da elipse:
(y+2)2 (x – 4)2
δ: + =1
100 ,64
eixo maior está paralelo à ordenada (eixo y), pois
a variável y tem como denominador o quadrado
da medida do semieixo maior, já a variável x tem
o semieixo menor. Logo, o eixo do denominador
é paralelo ao eixo ordenado do numerador.

Figura 37. Elipse de centro C, semieixos (a e b) com exemplos de


retas: secante (r), tangente (s) e exterior (t).

Ex.: Sendo a reta dada por r:-12,73x+6,4y-15,62=0 e a


(y+2)2 (x – 4)2
elipse δ : + =1 , qual a posição relativa
100 64
entre elas e suas interseção?

{
r : – 12,73x+6,4y – 15,62=0

S (y+2)2 (x – 4)2
δ: + =1
100 64

Isolando x na equação da reta e substituindo na


494 equação da elipse temos:
{
Figura 38. Elipse de centro C(-4,-2), semieixos (a=10 e b=8) e
distância focal (c=12) com interseção com reta secante (r) nos foco // x: (x – x0)2 (y – y0)2 (x – 7)2 (y – 8)2
– =1→ – =1
pontos P1 e P2. a2 b2 42 32

HIPÉRBOLE (x – 7)2 (y – 8)2


→ – =1
16 9
Definição
foco // y: (y – y0)2 (x – x0)2 (y – 8)2 (x – 7)2
Dados dois pontos (F1 e F2) pertencentes a um pla- – =1→ – =1
a2 b2 42 32
no e seja 2c a distância entre F1 e F2, a hipérbole é o
conjunto dos pontos do plano cujo módulo da diferen- (y – 8)2 (x – 7)2
ça das distâncias aos pontos (F1 e F2) é uma constante → – =1
16 9
(2a), sendo 0<2a<2c.
Posições relativas entre ponto e hipérbole

Seja um ponto P(x,y) e uma hipérbole de centro


C(x0,y0) e semieixos real e imaginário, a e b, respecti-
(x – x0)2 (y – y0)2
vamente dada pela equação = 1, a –
a2 b2
posição de P em relação a elipse pode ser: ponto P
exterior a elipse, ponto P na elipse e ponto P interior
da elipse. Assim temos, respectivamente, as inequa-

{
ções (idem quando o foco é paralelo à ordenada):

(x – x0)2 (y – y0)2
– – 1>0
a2 b2

(x – x0)2 (y – y0)2
Figura 39. Hipérbole de focos F1 e F2, centro C, e as distâncias – – 1=0
A1A2=2a (eixo real), B1B2=2b (eixo imaginário) e F1 F2=2c (focal), c/a é a2 b2
a excentricidade, onde c2=a2+b2.

(x – x0)2 (y – y0)2
Equações – – 1<0
a2 b2
Uma hipérbole de centro na origem e foco na abs-
cissa tem equação reduzida dada por: Posições relativas entre reta e hipérbole

Seja uma reta r:Ax+By+C=0 e uma hipérbole de cen-


x2 y2 tro C(x0,y0) e semieixos real e imaginário, a e b, respec-
– =1
a2 b2 (x – x0)2 (y – y0)2
tivamente, dada pela equação – = 1,a
Já uma hipérbole de centro na origem e foco na a2 é o P(x,y)
interseção da reta com a hipérbole b2 que per-
ordenada tem equação reduzida dada por: tença ao mesmo tempo à reta r e à hipérbole. Logo para

{
achar essa interseção basta ver as soluções do sistema:
y2 x2
– =1
a2
b2 r : Ax+By+C=0

Uma hipérbole de centro em um ponto C(x0,y0), e S (x – x0)2 (y – y0)2


foco paralelo à abscissa temos a equação: r: + =1
a2 b2
(x – x0)2 (y – y0)2
– =1 Sendo que, da solução desse sistema resulta em
a 2
b2 uma equação do segundo grau, então para diferentes
valores possíveis de Δ determinamos as posições rela-
Uma hipérbole de centro em um ponto C(x0,y0), e
MATEMÁTICA

tivas da reta à hipérbole:


foco paralelo à ordenada temos a equação:
z Se Δ>0, temos duas raízes reais, ou seja, dois pon-
(y – y0)2 (x – x0)2 tos de solução, assim a reta é secante à hipérbole;
– =1
a2 b2 z Se Δ=0, temos uma única raiz real, ou seja, um úni-
co ponto, assim a reta é tangente à hipérbole;
Ex.: Assim, uma hipérbole que tenha centro C(7,8) z Se Δ<0, não temos raiz real, ou seja, solução não
e eixo (A1A2) real (2a) igual a 8 e o imaginário (2b) tem ponto comum entre reta e hipérbole, assim a
igual a 6, podemos ter as seguintes equações: reta é exterior à hipérbole. 495
x=–2

1
3
→ y = √3+2x=√3+2
( √)
–2
1
3


1
→ y = √3 – 4
3

Logo, o ponto de interseção da reta tangente com


a hipérbole é o que podemos constatar na Figura 41,
sendo esse ponto solução para as duas equações, reta
e hipérbole:

P
( √ –2
1
3 ;√3 – 4
√)
1
3

Figura 40. Hipérbole com exemplos de retas: secante (r), tangente


(s) e exterior (t).

Ex.: Sendo a reta dada por r:-2x+y-√3=0 e a hipér-


bole r: x2 – y2 =1, qual a posição relativa entre elas e
suas interseções?
Figura 41. Hipérbole de centro C(0,0), semieixos (a=1 e b=1) e

{
distância focal (c=2√2) com interseção com reta tangente (r) no
r : –2x+y – √3=0 ponto P.
S
γ : x2 – y2 = 1
Equações das assíntotas da hipérbole

Isolando y na equação da reta e substituindo na As duas retas, r1 e r2, que tangenciam os dois
equação da hipérbole temos: ramos da curva de uma hipérbole de centro C(0,0) e
semieixos, real e imaginário, a e b, respectivamente,

{ r : –2x+y – √3=0 → y = 2x+ √3(I) é chamada de assíntotas da hipérbole. Assim, uma


S hipérbole de centro na origem do plano cartesiano
(I)
γ : x2 – y2 = 1 →x2 – (2x+ √3)2 – 1=0 tem suas assíntotas dadas por:


1 4

{
x2+4 x+ =0 b
3 3 r1 : y = x

(√) ()
a
2
1 4 16 16
→Δ= 4 – 4(1) = – =0
3 3 3 3 b
r2 : y = – x
→Δ=0 a
Como Δ=0, então temos uma única raiz real, ou
Ex.: Assim, seja a hipérbole dada por:
seja, um ponto de solução. Assim, a reta é tangente à
hipérbole. Para determinar o ponto de interseção bas-
ta achar a raiz: x2 y2
γ: – =1
9 16


1 4
x2+4 x+ =0→Δ=0
3 3 As retas, r1 e r2, assíntotas à hipérbole estão
demonstradas na Figura 42:


–b ± √Δ –b ± 0 –b 1

{
x1 = x2 = = = =–2
2a 2a 2a 3 a2 = 9 → a = 3
x2 y2
r: – =1→ b2 = 16 → b =4
Com os valores do eixo x para o ponto P de interse- 9 16
496 ção encontramos os respectivos valores para o eixo y: c2 = a2 +b2 = 9+16 = 25 → c = 5
{
Equações
b 4
r1 : y = x→y= x
a 3 Uma parábola de vértice na origem e foco na abs-
cissa tem equação reduzida dada por:

b 4 y2 = 2px
r2 : y = – x→y=– x
a 3
Já uma parábola de vértice na origem e foco na
ordenada tem equação reduzida dada por:

x2 = 2py

Uma parábola de vértice em um ponto V(x0,y0), e


foco (VF) paralelo à abscissa temos a equação:

(y – y0)2 = 2p (x – x0)

Uma parábola de vértice em um ponto V(x0,y0), e


foco (VF) paralelo à ordenada temos a equação:

(x – x0)2 = 2p (y – y0)

Ex.: Assim, uma parábola que tenha vértice em


V(7,8) e parâmetro (p) igual a 4, podemos ter as seguin-
tes equações:

Figura 42. Hipérbole de centro C(0,0), semieixos (a=3 e b=4) e


{ foco(VF) // x : (y – y0)2 = 2p (x – x0) → (y – 8)2 = 8(x – 7)

foco(VF) // y : (x – x0)2 = 2p (y – y0) → (x – 7)2 = 8(y – 8)

Posições relativas entre ponto e parábola


distância focal (2c=10) com as assíntotas, r1 e r2.
Seja um ponto P(x,y) e uma parábola de vértice
PARÁBOLA V(x0,y0) e parâmetro (p), dada pela equação (y – y0)2 =
2p (x – x0), a posição de P em relação a parábola pode
Definição ser: ponto P exterior a parábola, ponto P na parábola
e ponto P interior da parábola. Assim temos, respec-
Dados um ponto (F) e uma reta d pertencentes a tivamente, as inequações (idem quando o foco (VF) é

{
paralelo a ordenada):
um plano com F não pertencente a d, seja p a distância
entre F e a reta d, a parábola é o conjunto dos pontos (y – y0)2 – 2p (x – x0)>0
do plano que estão na mesma distância de F e d.
(y – y0)2 – 2p (x – x0)=0
(y – y0)2 – 2p (x – x0)<0

Posições relativas entre reta e parábola

Seja uma reta r:Ax+By+C=0 e uma parábola de


vértice V(x0,y0) e parâmetro (p) dado pela equação (y
– y0)2 – 2p (x – x0), a interseção da reta com a parábola
é o P(x,y) que pertença ao mesmo tempo a reta r e à
parábola. Logo para achar essa interseção basta ver as
soluções do sistema:

S
{ r : Ax+By+C = 0
x : (y – y0)2 = 2p(x – x0)
MATEMÁTICA

Sendo que, da solução desse sistema resulta em


uma equação do segundo grau, então para diferentes
valores possíveis de Δ determinamos as posições rela-
tivas da reta à parábola:

Figura 43. Parábola de foco F, diretriz d, parâmetro p e vértice V, z Se Δ>0, temos duas raízes reais, ou seja, dois pon-
sendo a reta VF o eixo de simetria (VF=p/2). tos de solução, assim a reta é secante à parábola;

497
z Se Δ=0, temos uma única raiz real, ou seja, um úni-
co ponto, assim a reta é tangente à parábola;
z Se Δ<0, não temos raiz real, ou seja, solução não
tem ponto comum entre reta e parábola, assim a
reta é exterior à parábola.

Figura 45. Parábola de vértice V(1,3), parâmetro (p=4) com


interseção com reta tangente (r) no ponto P.

RECONHECIMENTO DE CÔNICAS A PARTIR DE SUA


EQUAÇÃO GERAL

Uma equação do segundo grau nas incógnitas x e


y representa uma elipse, se a sua equação geral for
redutível à forma:
Figura 44. Parábola com exemplos de retas: secante (r), tangente (s)
e exterior (t).
(x – x0)2 (y – y0)2
+ =1
Ex.: Sendo a reta dada por r:-3,46x+1,27y-1,27=0 e k1 k2
a parábola χ: (y – 3)2 = 8 (x – 1), qual a posição relativa
entre elas e suas interseções? k1 > k2 → k1 = a2 e k2 = b2 → eixo maior horizontal

{
k1 < k2 → k1 = b2 e k2 = a2 → eixo maior vertical
r : –3,46x + 1,27y – 1,27 = 0
S (x0 ,y0) → centro
χ : (y – 3)2 = 8(x – 1)
Uma equação do segundo grau nas incógnitas x e y
Isolando y na equação da reta e substituindo na representa uma hipérbole, se a sua equação geral for
equação da parábola temos: redutível à forma:

S
{ r : –3,46x + 1,27y – 1,27 = 0 → y = 1 + 2,72x(I)
(I)
χ : (y – 3)2 = 8(x – 1) → ((1+2,72x) –3)2 –8(x – 1) = 0
(x – x0)2
k1
+
(y – y0)2
k2
=1

k1 > 0 e k2 > 0 → k1 = a2 e k2 = –b2 → eixo real horizontal


x – 2,55x + 1,62 = 0 → Δ=(–2,55) – 4(1)(1,62) = 6,5 –
2 2

6,5 = 0 → Δ = 0 k1 < 0 e k2 > 0 → k1 = –b2 e k2 = a2 → eixo real vertical


Como Δ=0, então temos uma única raiz real, ou
(x0 ,y0) → centro
seja, um ponto de solução, assim a reta é tangente à
parábola. Para determinar o ponto de interseção bas- Uma equação do segundo grau nas incógnitas x e y
ta achar a raiz: representam uma parábola, se a sua equação geral for
redutível à forma:

{
x2 – 2,55x +1,62 = 0 → Δ = 0
x = ay2 +by+c (a ≠ 0)
–b±√Δ –b±0 –b 2,55
x1 = x2 = = = = = 1,275 y = ax2 +bx+c (a ≠ 0)
2a 2a 2a 2

Com os valores do eixo x para o ponto P de interse- 1 y0 y02 +2px0


ção encontramos os respectivos valores para o eixo y: a= ,b=– ,c= → eixo horizontal
2p p 2p

x = 1,275 → y = 1+2,72x = 1+3,47 → y = 4,47


1 x0 x02 +2py0
Logo, o ponto de interseção da reta tangente com a a= ,b=– ,c= → eixo vertical
2p p 2p
parábola é o que podemos ver na Figura 41, sendo esse
ponto solução para as duas equações, reta e hipérbole: (x0, y0) → vértice

498 P(1,275;4,47)
z Setor Angular
GEOMETRIA PLANA
Denominamos Setor Angular a reunião dos pontos
A Geometria Plana (ou Geometria Euclidiana) deve
pertencentes ao ângulo e dos seus pontos interiores.
ser vista como um dos principais ramos da Matemática.
Sua origem remonta a Euclides de Alexan-
dria (360 a.C. – 295 a.C.), que foi um matemático da
antiguidade.
A
Vamos estudar de agora em diante todos os tópicos
relacionados à Geometria Plana!
Boa leitura e bons estudos!
O
ÂNGULOS

Definições, Elementos e Propriedades


B
z Definição de Ângulo

Definimos ângulo como a união de duas semirre- Figura 3. Setor Angular


tas de mesma origem e não colineares (que não per-
tencem a uma mesma reta). Veja a figura adiante: Observação: A figura acima mostra o Setor Angu-
lar do AOB
A z Classificação dos Ângulos

Vejamos de que maneira os ângulos podem ser


classificados.

„ Ângulos Consecutivos: dois ângulos serão


O
chamados de Consecutivos quando tiverem o
mesmo vértice e um lado em comum.

B
Figura 1. Definição de Ângulo A

Observação 1: O é chamado de Vértice do ângulo


e OA e OB são chamados de lados.
Observação 2: Na figura acima o ângulo é indica-
B
do por AOB ou BOA.

z Ponto Interior de um Ângulo

Seja um ângulo e um ponto P qualquer, dizemos


C
que P será um Ponto Interior ao Ângulo, quando
uma reta qualquer que passa por P intercepta os lados
do ângulo em dois pontos distintos A e B, de modo que Figura 4. Dois Ângulos Consecutivos
o ponto P seja obrigatoriamente um ponto entre A e B.
Observação: os pares de ângulos AÔB e BÔC; AÔC
e AÔB; AÔC e BÔC são consecutivos.

„ Ângulos adjacentes: dois ângulos serão cha-


mados de Adjacentes quando forem consecu-
A
tivos e não tiverem pontos internos em comum.

P
O
A

B
MATEMÁTICA

B
Figura 2. Representação de um Ponto no Interior de um Ângulo O

Observação: Na figura acima, o ponto P é um pon-


to interior ao AOB
C

Figura 5. Ângulos Adjacentes 499


Observação: os ângulos AÔB e BÔC são adjacentes. „ Ângulo Obtuso: um ângulo será chamado de
Obtuso quando sua medida for maior que 90º
„ Ângulos Opostos pelo Vértice: dois ângu- e, ao mesmo tempo, menor que 180°.
los serão chamados de Opostos pelo Vértice
quando os lados de um deles forem semirretas
opostas aos lados do outro.
A

H
O B

Figura 9. Ângulo Obtuso


O
Observação: AÔB é um ângulo obtuso.
I G
„ Ângulos Complementares: dois ângulos serão
complementares quando a soma de suas
medidas for igual a 90°. Dizemos que um ângu-
lo é o complemento do outro.
Figura 6. Ângulos Opostos pelo Vértice

Observação: o par de ângulos FÔG e HÔI são opos-


tos pelo vértice.

„ Ângulo Reto: um ângulo será chamado de Reto I M


quando sua medida for igual a 90º.

A
O H

Figura 10. Ângulos Complementares

Observação: os ângulos IÔM e MÔH são


complementares.
O B
„ Ângulos Suplementares: dois ângulos serão
Figura 7. Ângulo Reto suplementares quando a soma de suas medi-
das for igual a 180°. Dizemos que um ângulo é o
Observação: AÔB é um ângulo reto. suplemento do outro.
„ Ângulo Agudo: um ângulo será chamado de
A
Agudo quando sua medida for menor que 90º.

C O B

O Figura 11. Ângulos Suplementares


B
Figura 8. Ângulo Agudo Observação: os ângulos AÔC e AÔB são suplementares.

Observação: AÔB é um ângulo agudo. Bissetriz de um Ângulo

Sejam os ângulos AÔB e BÔC, de vértice comum e


500 lado OB, também comum, conforme a figura abaixo.
A semirreta OC divide o ângulo AÔB em duas partes z Elementos de uma Circunferência: na figura
congruentes, ou seja, iguais. Essa semirreta é denomi- abaixo temos uma circunferência de centro C e
nada bissetriz do ângulo AÔB. raio r.
Portanto, a Bissetriz de um Ângulo é uma semir-
reta que tem origem no vértice e divide o ângulo em N
duas partes iguais.

A B

C
Bissetriz r C
O

A
B
D E
Figura 12. Bissetriz de um Ângulo
M
CIRCUNFERÊNCIAS, CÍRCULOS E SEUS ELEMENTOS
Figura 15. Elementos de uma Circunferência
Ângulos na Circunferência
AC = raio
Vejamos abaixo as definições importantes acerca
de ângulos na circunferência. AB = diâmetro
DME = arco
z Circunferência: definimos circunferência como
o conjunto de todos os pontos de um plano, de ANB = semicircunferência
modo que a distância a um ponto fixo é uma cons-
AC = r e AB = 2r
tante positiva. A figura a seguir representa uma
circunferência λ, em que C é o centro (ponto fixo),
PC é um raio, com PC = r (constante positiva). z Posições de um Ponto em Relação a uma Circun-
ferência: sejam um ponto P e uma circunferência
de centro C e raio r, sendo d a distância de P ao
centro C, temos:

P „ O ponto P é interno à circunferência: d < r


„ O ponto P é externo à circunferência: d > r
r „ O ponto P pertence à circunferência: d = r
C
F

r
Figura 13. Circunferência λ A

z Círculo: definimos círculo como o conjunto de todos


os pontos de um plano cuja distância a um ponto fixo C
é menor ou igual a uma constante positiva.

P
MATEMÁTICA

r Figura 16. Posições de alguns pontos em relação à Circunferência λ


C
Observação: na figura acima, F é um ponto exter-
no à circunferência; A é um ponto que pertence à cir-
cunferência; e D é um ponto interno à circunferência.

z Medidas de um Ângulo pela Circunferência:


para medir o Arco (uma espécie de “pedaço” da
Figura 14. Círculo circunferência), primeiramente a dividimos em 501
360 “partes” e denominamos 1 Grau ( º ) a cada Observação 1: O ângulo AÔB (α) é o Ângulo
“parte” obtida. Central.
Observação 2: APB é o arco correspondente do
Fazer a medição do arco em graus é determinar a ângulo AÔB.
quantidade de partes compreendida neste arco. Veja A medida de um ângulo central é igual à medida de
a figura adiante: seu arco correspondente AÔB = m (AB) = α.
Veja a representação desta igualdade abaixo:

A
A

S
O
O

B
B

Figura 17. Arco S representado em uma Circunferência


Figura 20. Ângulo e Arco Correspondente em uma Circunferência
A Medida de um Ângulo é a medida do menor
arco determinado pelo ângulo em uma circunferência z Ângulo Inscrito: chamamos de ângulo inscrito
com o centro em seu vértice. aquele que tem vértice na circunferência e lados
secantes à mesma. O arco da circunferência com pon-
tos internos ao ângulo é o seu arco correspondente.

A Veja a figura abaixo:

Q
B
O
P

B
Figura 18. Ângulo em uma Circunferência

A medida do ângulo AOB é a medida do arco AB assi-


nalado na figura acima. Indicamos esta situação por: Figura 21. Ângulo Inscrito em uma Circunferência

m (AOB) = AÔB Observação 1: O ângulo AP̂B é inscrito na


circunferência.
z Ângulo Central: definimos um ângulo central Observação 2: AQB é o arco correspondente do
como sendo aquele cujo vértice coincide com o ângulo AP̂B.
centro da circunferência. O arco de uma circunfe-
rência com pontos internos ao ângulo é o seu Arco z Ângulo de Vértice Externo: denominamos de ângu-
Correspondente. Veja a figura: lo de vértice externo, ao ângulo que tem o vértice no
exterior da circunferência e seus lados secantes a ela.

A Vejamos abaixo:
A

P
O D N
M O
P
B C
B

502 Figura 19. Ângulo Central em uma Circunferência Figura 22. Ângulo de Vértice Externo em relação à Circunferência
Observação 1: APB é de vértice externo. Existência da Paralela
Observação 2: ANB e CMD são os arcos correspon-
^ . Se duas retas distintas e coplanares e uma trans-
dentes do ângulo APB versal determinarem ângulos alternos, ou ângulos
correspondentes congruentes, podemos concluir
PARALELISMO então que essas duas retas são paralelas.

Retas Paralelas

Duas retas serão chamadas de paralelas se, e t


somente se, elas forem coincidentes (iguais) ou se
forem coplanares (pertencerem ao mesmo plano e
não possuírem nenhum ponto em comum).

r s
r
r
s

Figura 23. Retas Paralelas r e s


s
Observação 1: β é um plano que contém as retas
r e s.
Observação 2: r ⸦ β, s ⸦ β e r ∩ s = ø
Dadas duas retas r e s paralelas (ou não paralelas)
e uma reta t concorrente com r e s, temos:
Figura 25. Existência da Paralela

Observação: Se α = β, então r//s


t
Postulado de Euclides

a O postulado de Euclides afirma o seguinte:


b
z Por um ponto passa uma única reta paralela a
uma reta dada;
d r z Se duas retas paralelas distintas interceptam uma
transversal, então os ângulos alternos, ou ângulos
c correspondentes, são congruentes.

e PERPENDICULARIDADE
f
Retas Perpendiculares
s
h Duas retas serão chamadas de Perpendiculares
se, e somente se, forem concorrentes e formarem dois
g
ângulos retos suplementares, ou seja, cada um dos
ângulos medindo 90°.

Figura 24. Retas Paralelas r e s cortadas pela Transversal t

Observação 1: A reta t será chamada de transver-


sal de r e s
MATEMÁTICA

Observação 2: Os ângulos formados pela figura


acima são denominados de:

O
Alternos: â e ĝ, b̂ e ĥ, ĉ e ê, d̂ e f ̂ s

Correspondentes: â e ê, b̂ e f,̂ ĉ e ĝ, d̂ e ĥ

Colaterais: â e ĥ, b̂ e ĝ, ĉ e f,̂ d̂ e ê Figura 26. Retas r e s perpendiculares entre si


503
Mediatriz de um segmento Soma dos Ângulos Internos de um Triângulo

Denominamos Mediatriz de um segmento a reta Em virtude do Teorema do Ângulo Externo, pode-


perpendicular (m) ao segmento (AB) que passa pelo mos demonstrar facilmente que a soma dos ângulos
seu ponto médio (M), ou seja, a mediatriz divide o seg- internos de qualquer triângulo será igual a 180°.
mento em duas partes iguais.
A
m

B C

A B Figura 30. Soma dos ângulos internos de um Triângulo ABC


M
Observação: a Soma dos Ângulos Internos de um
triângulo é dada por: Â + B̂ + Ĉ = 180°.

Altura de um Triângulo

A altura de um triângulo é dada pelo segmento de


Figura 27. Mediatriz de um segmento AB qualquer reta perpendicular à reta suporte de um dos lados do
triângulo (no caso abaixo, a reta suporte é dada pelo
TRIÂNGULOS segmento BC), com extremidade nessa reta e no vér-
tice oposto (na figura é dada pelo vértice A) ao lado
Ângulo Externo considerado.

A
Em todo triângulo, qualquer um de seus ângulos
externos é igual à soma dos dois ângulos internos não
adjacentes a ele. Na figura abaixo, representamos um
destes ângulos externos:

B C
e H

Figura 31. Altura de um Triângulo ABC


B
C
Observação: No triângulo acima, a altura é dada
Figura 28. Ângulo Externo a um Triângulo ABC pelo segmento AH

Observação: conforme mencionado acima, o SEMELHANÇA DE TRIÂNGULOS


ângulo externo a um triângulo é dado pela soma dos
ângulos internos ao triângulo e que não são adjacen- Dois triângulos serão denominados de semelhan-
tes a e (Teorema do Ângulo Externo). Neste caso, tes se, e somente se, for possível estabelecer uma cor-
temos: respondência entre seus vértices de modo que:

A z Os ângulos correspondentes sejam congruentes.


z Os lados homólogos sejam proporcionais.

B
C

Figura 29. Ângulo Externo e soma de ângulos internos do Triângulo


ABC C B

Observação: No caso acima, temos ê = Â + B̂


504
A’ A’

C’ B’

Figura 32. Dois Triângulos Semelhantes


C’ B’

Figura 34. Dois Triângulos Semelhantes pelo caso


 = Â’ , B̂ = B̂ ’ , Ĉ = Ĉ ’ e LAL

AB AC BC ⇔ ΔABC ~ ΔA’ B’ C’
= = =k z Caso LLL (Lado-Lado-Lado): se dois triângulos
A’ B’ A’ C’ B’ C’ têm os três lados correspondentes proporcionais,
então esses dois triângulos são semelhantes.
Observação: a constante k é chamada de Razão
de Semelhança. A

Casos de Semelhança

Abaixo apresentamos cada um dos casos de seme-


lhança entre triângulos:

z Caso AA (Ângulo-Ângulo): Se dois triângulos pos-


suem dois ângulos ordenadamente congruentes,
então eles são semelhantes. C B

A A’

C B C’ B’

A’ Figura 35. Dois Triângulos Semelhantes pelo caso LLL

PONTOS NOTÁVEIS NO TRIÂNGULO

Apresentamos abaixo os pontos notáveis (B.I.C.O.)


de um triângulo:
C’ B’
z Baricentro: para definir o baricentro de um triân-
Figura 33. Dois Triângulos Semelhantes pelo caso AA gulo temos que definir primeiro o que é a mediana
de um triângulo. A mediana é o segmento que une
z Caso LAL (Lado-Ângulo-Lado): Se dois triângulos um vértice ao ponto médio do lado oposto. Logo,
possuem dois pares de lados proporcionais e os o baricentro será o ponto de encontro das três
ângulos compreendidos entre eles são congruen- medianas do triângulo.
tes, então esses dois triângulos são semelhantes.
A
A
MATEMÁTICA

F D
G

C B C B
E

Figura 36. Medianas e Baricentro de um Triângulo ABC 505


Observação 1: medianas do triângulo ABC: AE, BF Observação 2: pontos médios dos lados do triân-
e CD gulo ABC: D, E e F
Observação 2: pontos médios dos lados do triân- Observação 3: circuncentro do ΔABC : C
gulo ABC: D, E e F Observação 4: uma observação importante é que
Observação 3: Baricentro do ΔABC : G o circuncentro de um triângulo é o centro da circunfe-
rência nele circunscrita.
z Incentro: para definir o incentro de um triângu-
lo, vamos relembrar o conceito de bissetriz de um z Ortocentro: Para definir ortocentro precisamos
ângulo. A bissetriz de um ângulo é a semirreta primeiro entender que a altura de um triângulo é
com pontos internos ao ângulo e que determina o segmento da perpendicular traçada de um vérti-
com seus lados dois ângulos adjacentes congruen- ce à reta suporte do lado oposto e que possui extre-
tes. A bissetriz interna de um triângulo é o seg- midades nesse vértice e no ponto de encontro com
mento da bissetriz de um ângulo interno que tem essa reta suporte. Logo, o ortocentro é o ponto de
extremidades no vértice desse ângulo e no ponto encontro das retas suportes das três alturas de um
de encontro com o lado oposto. Logo, o incentro é triângulo.
o ponto de encontro das bissetrizes internas deste
triângulo. A
A F D

D
F
I

C B
E
C B
E Figura 39. Alturas e Ortocentro de um Triângulo ABC

Figura 37. Bissetrizes Internas e Incentro de um Triângulo ABC


Observação 1: alturas do triângulo ABC: AE, BF e
CD
Observação 1: Bissetrizes Internas do triângulo Observação 2: ortocentro do ΔABC : O
ABC: AE, BF e CD
Observação 2: Incentro do ΔABC: I
TRIÂNGULOS RETÂNGULOS
Observação 3: uma observação importante é que
o incentro de um triângulo é o centro da circunferên-
Um triângulo recebe o nome de triângulo retân-
cia nele inscrita.
gulo se possuir um dos seus ângulos internos iguais a
90°. Observe na figura abaixo:
z Circuncentro: para definir o circuncentro de um
triângulo, precisamos entender a definição de B
mediatriz primeiramente. A mediatriz de um seg-
mento de reta é a reta perpendicular a esse seg-
mento pelo seu ponto médio. Logo, o circuncentro
de um triângulo é o ponto de encontro das três
mediatrizes deste triângulo.

A
m1
m2

m3 D
F

A C

C Figura 40. Triângulo ABC Retângulo no Vértice A

C B TEOREMA DE PITÁGORAS
E

O Teorema de Pitágoras diz que em todo triângu-


Figura 38. Mediatrizes e Circuncentro de um Triângulo ABC lo retângulo, o quadrado da medida da hipotenusa é
igual a soma dos quadrados das medidas dos catetos.
Observação 1: mediatrizes do triângulo ABC: m1,
m2 e m3
506
B RELAÇÕES MÉTRICAS EM UM TRIÂNGULO
QUALQUER

z Lei dos Senos: em todo triângulo, as medidas dos


lados são proporcionais aos senos dos ângulos
opostos e a razão de proporcionalidade é a medi-
a
da do diâmetro da circunferência circunscrita ao
c triângulo.

Consideremos o triângulo ABC, inscrito na circun-


ferência de raio R:

A C A
b
b
Figura 41. Triângulo Retângulo ABC

Observação 1: a medida dos lados BC, AC e AB são C


dados respectivamente por a, b e c. c
Observação 2: o lado a é chamado de hipotenusa
e os lados b e c de catetos.
R
Observação 3: pelo teorema de Pitágoras temos
a seguinte relação entre os lados do triângulo retân- a
gulo: a2 = b2 + c2

RELAÇÕES MÉTRICAS NO TRIÂNGULO RETÂNGULO

Considere um Triângulo Retângulo ABC, com hipo- B


tenusa BC e altura AH.
Figura 43. Triângulo ABC inscrito em uma Circunferência de Raio R
A
Verifica-se pela Lei dos Senos que:

a b c
b c = = = 2R
h sen A sen B sen C

z Lei dos Cossenos: em todo triângulo, o quadrado


da medida de um lado é igual à soma dos quadra-
n m dos das medidas dos outros lados, menos o dobro
CB do produto dessas medidas pelo cosseno do ângulo
H que eles formam.
a
A
Figura 42. Triângulo Retângulo ABC com Hipotenusa BC e Altura
AH

Em relação ao triangulo retângulo acima, temos:


b c
z BC é a hipotenusa;
z AB e AC são os catetos;
z AH é a altura relativa à hipotenusa;
z BH e CH são, respectivamente, as projeções dos
catetos AB e AC sobre a hipotenusa BC C B
a

No triângulo retângulo ABC da figura, sendo BC = Figura 44. Triângulo ABC qualquer
a, AC = b, AB = c, AH = h, BH = m e CH = n, então valem
as seguintes relações: Seja um triângulo qualquer ABC, conforme a figu-
MATEMÁTICA

ra 44.
b2 = a · n Neste caso, verifica-se que:
c2 = a · m
a2 = b2 + c2 a2 = b2 + c2 – 2 · b · c · cos Â
h2 = m · n
b·c=a·h b2 = a2 + c2 – 2 · a · c · cos B̂

c2 = a2 + b2 – 2 · a · b · cos Ĉ

507
RELAÇÃO DE STWART Aplicando a Relação de Stewart: a2y + b2x - z2c = cxy

O Teorema de Stewart relaciona os comprimentos 62×6 + 102×6 – m2×12 = 12×6×6


dos lados de um triângulo ao comprimento de uma 216 + 600 – 12m2 = 432
Ceviana (segmento de reta que liga um vértice de um 816 – 432 = 12m2
triângulo a um ponto qualquer do lado oposto – pode 384 = 12m2
ser uma mediana, altura ou uma bissetriz), sendo 384/ 12 = m2
aplicável a uma ceviana qualquer. m2 = 32  m = √32  m = √16 x 2  m = 4√2
Para compreender melhor, observe: A mediana é igual a 4√2 .

Um dos problemas mais comuns que envolvem a


Relação de Stewart é o problema das quatro circunfe-
rências tangentes.
Vejamos um outro exemplo:

Calcule o valor de “t” na figura, a seguir:

Relação de Stewart: a2y + b2x - z2c = cxy

Onde:

a, b e c são os lados do triângulo.


z é a ceviana.
x e y são segmentos gerados pela ceviana.

Dica
Ceviana é todo seguimento de reta que tem uma
das extremidades em um vértice de um triângulo,
e a outra, em um ponto qualquer da reta suporte,
ao lado oposto ao vértice. Extraindo os dados da figura para aplicarmos na rela-
ção de Stewart:
Vejamos um exemplo: Calcule o valor da mediana Raio da circunferência grande = 6
“m” na figura, a seguir:
AB = 3
AC = 2 + t
BC = 1 + t
AO = y = 1
BO = x = 2
CO = z = 3 - t

Aplicando a Relação de Stewart: a2y + b2x - z2c = cxy

(t + 1)2×1 + (t + 2)2×2 – (3-t)2×3 = 3×2×1


t + 2t + 1 + (t2 + 4t + 22) ×2 – (32 – 6t + t2) ×3 = 6
2

t2 + 2t + 1 + 2t2 + 8t + 8 – 27 + 18t – 3t2 = 6


28t = 24
Se “m” é uma mediana, então, podemos escrever o
triângulo, assim: 24
t=
28

6
t=
7

FEIXE DE RETAS PARALELAS E TRANSVERSAIS

A transversal de um conjunto de retas todas para-


lelas é uma reta do plano das paralelas que é concor-
rente com todas as retas deste conjunto.
Os pontos correspondentes de duas transversais
são pontos destas transversais que estão numa mes-
508 ma reta do conjunto de paralelas.
Os segmentos correspondentes de duas transver- TEOREMA DA BISSETRIZ INTERNA E EXTERNA DE
sais são segmentos que possuem por extremidades os UM TRIÂNGULO
pontos correspondentes.
O teorema da bissetriz interna de um triângu-
lo nos diz que em qualquer triângulo, uma bissetriz
t1 t2 interna, ou seja, bissetriz de um ângulo interno ao
triângulo, sempre divide o lado oposto em segmentos
A proporcionais aos lados adjacentes.
A’
Seja AD a bissetriz do ângulo BAC no triângulo
B B’ ABC, com AB = c, AC = b e BD = m e DC = n

C C’

D D’

C B

Figura 45. Feixe de Retas Paralelas cortadas por Transversais


Figura 47. Teorema da Bissetriz Interna
Observação 1: as transversais são indicadas por
t1 e t2 Pelo Teorema da Bissetriz Interna, temos a seguin-
Observação 2: os pontos correspondentes são te igualdade:
indicados por A e A’, B e B’, C e C’, D e D’.
Observação 3: os segmentos correspondentes são
indicados por AB e A’ B’, BD e B’ D’. AC AB
=
CD BD
TEOREMA DE TALES
Observação 1: AD é a bissetriz do ângulo BÂC
O Teorema de Tales diz que se duas retas são no triângulo ABC, ou seja, divide o ângulo  em dois
transversais de um conjunto de retas paralelas, então, ângulos congruentes.
a razão entre dois segmentos quaisquer de uma Observação 2: utilizando as medidas dos lados da
delas é igual à razão entre os segmentos corres- figura 51, temos:
pondentes da outra.
b c
=
n m
t1 t2 O teorema da bissetriz externa de um triângu-
lo nos diz que em qualquer triângulo, uma bissetriz
externa, ou seja, bissetriz de um ângulo externo ao
A A’ triângulo, intercepta a reta que contém o lado oposto
externamente em segmentos proporcionais aos lados
B B’ adjacentes.
Seja AD a bissetriz do ângulo externo ao triângulo
ABC no vértice A, com AB = c, AC = b e BD = x e DC = y
C C’
A

D D’

C
a B x
Figura 46. Feixe de Retas Paralelas, Transversais e Teorema de Tales
y
Pelo Teorema de Tales, temos as seguintes igualdades:
MATEMÁTICA

Figura 48. Teorema da Bissetriz Externa

Pelo teorema da bissetriz externa, temos a seguin-


AB AC AD BC BD CD
= = = = = te igualdade:
A’B’ A’C’ A’D’ B’C’ B’D’ C’D’
AC AB
=
CD BD
509
Observação 1: AD é a bissetriz do ângulo exter- Polígono Côncavo e Polígono Convexo
no ao triângulo ABC no vértice A, ou seja, divide este
ângulo externo em dois ângulos congruentes. Um polígono é convexo se, e somente se, qualquer
Observação 2: utilizando as medidas dos lados da reta suporte, de um lado do polígono, deixar todos os
figura 52, temos: outros lados em um mesmo semi-plano dos dois que
ela determina.
b c
= B
y x

POLÍGONOS
A
Polígonos e seus elementos
C
Vamos considerar n · (n ≥ 3) pontos ordenados A1,
A2, ..., An. Consideremos também os n segmentos con-
secutivos determinados por estes pontos (A1A2, A2A3,
..., AnA1), de modo que não existam dois segmentos
consecutivos colineares. Definimos Polígono como a
reunião dos pontos dos n segmentos considerados. E
Vejamos alguns exemplos:
D
A

D
Figura 51. Polígono Convexo

Observação: em um polígono convexo, a região


C poligonal é convexa.
B Por definição, um polígono que não é convexo é
K côncavo
I

G
J
I
E

H
G
F
F

L M
Q O

R P N

Figura 49. Polígonos Figura 52. Polígono Côncavo

Região Poligonal Observação 2: em um polígono côncavo, a região


poligonal é côncava.
A região poligonal é a reunião do polígono com o
seu interior. Nomenclatura dos polígonos
G
Nomeamos os Polígonos de acordo com o número
n de lados:
A
F
z 1° caso: 3� n � 9
n = 3 – Triângulo
H n = 4 – Quadrilátero
n = 5 – Pentágono
n = 6 – Hexágono
D E B
n = 7 – Heptágono
n = 8 – Octógono
n = 9 – Eneágono

C
510 Figura 50. Região Poligonal
z 2º caso: n é múltiplo de 10 L
K
n = 10 – Decágono
n = 20 – Icoságono
n = 30 – Tricágono
n = 40 – Quadricágono
n = 50 – Pentacágono
n = 60 – Hexacágono H
J
z 3° caso: n > 10 e n não é múltiplo de 10

n = 11 – Unodecágono
n = 17 – Heptdecágono
n = 26 – Hexaicoságono I
n = 35 – Pentatricágono
Q
Número de Diagonais de um Polígono Convexo P
O Número de Diagonais em um Polígono Convexo
é dado pela expressão:
R

n (n – 3)
d= O
2

Ângulos Internos de um Polígono Convexo


M
A soma dos ângulos internos de um polígono con- N
vexo é dada pela expressão:
A1
Si = (n – 2) · 180º B1
z
Ângulos Externos de um Polígono Convexo
C1
A soma dos ângulos externos de um polígono con- W
vexo é dada pela expressão:

Se = 360º
D1
V
Perímetro de Polígonos
S
Quando nos referimos ao Perímetro de um Polí-
T U
gono, estamos na prática indicando que nosso interes-
se diz respeito à soma dos lados deste. Portanto, para
Figura 53. Polígonos Regulares
calcular o Perímetro de um Polígono qualquer, basta
somar os lados.
QUADRILÁTEROS NOTÁVEIS
POLÍGONOS REGULARES
Trapézio: um quadrilátero é um Trapézio se, e
Um Polígono é denominado de regular quando pos- somente se, tiver dois lados paralelos.
sui todos os seus lados e ângulos internos congruentes.
Seguem alguns exemplos de Polígonos Regulares:

A B

C
MATEMÁTICA

Figura 54. Trapézio com vértices ABCD

Observação 1: o lado AB é chamado de base maior.


Observação 2: o lado CD é chamado de base menor.

511
Classificação dos Trapézios Observação: AB // CD e AD // BC

z Trapézio Isósceles: os lados não paralelos são Propriedades dos Paralelogramos


congruentes.
z Em todo Paralelogramo os ângulos opostos são
congruentes;
z Todo Quadrilátero convexo que possui ângulos
opostos congruentes é Paralelogramo.
z Todo Retângulo é Paralelogramo;
z Em todo Paralelogramo os lados opostos são
congruentes;
z Todo Quadrilátero convexo que possui os lados
opostos congruentes é Paralelogramo;
z Todo Losango é Paralelogramo;
z Em todo Paralelogramo as diagonais se intercep-
tam nos respectivos pontos médios;

Figura 55. Trapézio Isósceles Todo Quadrilátero convexo em que as diago-


nais se interceptam nos respectivos pontos médios é
z Trapézio Escaleno: os lados não paralelos não são Paralelogramo.
congruentes. Losango: um quadrilátero é um Losango se, e
D C somente se, possuir os quatro lados congruentes.

A B

Figura 56. Trapézio Escaleno

z Trapézio Retângulo: quando existem dois ângu- A C


los internos retos.

Figura 57. Trapézio Retângulo Figura 59. Losango

Paralelogramo: um quadrilátero é Paralelogra- Observação: AB = BC = CD = DA


mo se, e somente se, possuir os lados opostos paralelos.
Propriedades dos Losangos
D C
z Todo Losango tem as diagonais perpendiculares;
z Todo Paralelogramo que tem as diagonais perpen-
diculares é Losango;
z Todo Losango tem as diagonais nas bissetrizes
dos ângulos internos;
z Todo Paralelogramo que tem as diagonais nas bis-
setrizes dos ângulos internos é Losango.

A B Retângulo: um quadrilátero é um Retângulo


se, e somente se, possuir os quatro ângulos internos
Figura 58. Paralelogramo
congruentes.
512
B Observação: A área é dada por A = L2

Área de um Retângulo

A área de um Retângulo é dada pelo produto das


suas dimensões, comprimento vezes largura, ou seja,
base vezes a altura.
B C

D
h
Figura 60. Retângulo

Observação 1: AB = CD e BC = AD
Observação 2: Â = B̂ = Ĉ = D̂ = 90°

Propriedades dos Retângulos b D

z Todo Retângulo tem as diagonais congruentes; Figura 63. Área de um Retângulo


z Todo Paralelogramo que tem diagonais congruen-
tes é um Retângulo. Observação: A área é dada por A = b · h

Quadrado: um quadrilátero é um Quadrado se, e Área de um Paralelogramo


somente se, possuir os quatro ângulos internos con-
gruentes e os quatro lados congruentes. Á área de um Paralelogramo é dada pelo produto
de uma base, ou seja, um lado, pela altura relativa.
B
D

D
Figura 61. Quadrado b

Observação 1: AB = BC = CD = AD Figura 64. Área de um Paralelogramo


Observação 2: Â = B̂ = Ĉ = D̂ = 90°
Observação: A área é dada por A = b · h
Propriedades dos Quadrados
Área de um Triângulo
z Todo Quadrado é Retângulo;
z Todo Quadrado é Losango. Temos duas situações no caso do cálculo da área
do Triângulo.
ÁREAS DE FIGURAS PLANAS A área de um Triângulo qualquer é dada pelo pro-
duto da base pela altura, dividido por dois.
Área de um Quadrado

A área de um Quadrado é dada pelo lado (L) ao


quadrado.
B L C
h

B
MATEMÁTICA

H
L
b
Figura 65. Área de um Triângulo

Observação: A área é dada por:

b·h
L D A= 2
Figura 62. Área de um Quadrado 513
A área de um Triângulo Retângulo também é dada b
pelo produto da base pela altura, dividido por dois.
D
B

B
b
Figura 68. Área de um Trapézio Isósceles
Figura 66. Área de um Triângulo Retângulo
Observação: A área é dada por:
Observação: A área é dada por:
(b + B) · h
A= 2
b·h
A= 2 A área de um Trapézio Retângulo também é dada
Área de um Losango pela soma das bases (maior e menor) multiplicada
pela altura, dividido por dois:
Á área de um Losango é dada pelo semiproduto
D
das diagonais.
B

B
b

D Figura 69. Área de um Trapézio Retângulo

Observação: A área é dada por:

(b + B) · h
A= 2
Área do Círculo

Á área do Círculo é dada pelo produto de π pelo


raio ao quadrado.
D

d
Figura 67. Área de um Losango

Observação 1: D é a diagonal maior e d é a diago-


P
nal menor.
Observação 2: a área é dada por:
r
D·d
A= 2
Área de um Trapézio

Temos duas situações no caso do cálculo da área


do Trapézio.
A área de um Trapézio Isósceles é dada pela soma
das bases (maior e menor) multiplicada pela altura,
Figura 70. Área de um Círculo
dividido por dois:

514 Observação: A área é dada por A = π · r2


Área do Setor Circular

Á área do Círculo é dada pelo produto do raio r pelo arco L.

L
O

Figura 71. Área de um Setor Circular

Observação: A área é dada por A = L · r

FÓRMULA DE HERON (HIERÃO)

A área um triângulo de lados com medidas a, b e c e semiperímetro p será dada por:

A = √ p · (p – a) · (p – b) · (p – c)

B
a
Figura 72. Triângulo ABC

Observação: o Semiperímetro é dado por p = a + b + c

CONGRUÊNCIA DE FIGURAS PLANAS

Ao considerarmos a congruência entre figuras planas, dois elementos devem ser observados: os lados e os
ângulos correspondentes.
Casos estes dois elementos apresentem mesma medida, constataremos que as respectivas figuras planas são
congruentes. Vejamos algumas figuras planas relacionadas abaixo (observe a igualdade existente entre lados e
ângulos):

A
e=1
E
α = 121.86°
Ϛ = 118.08°

d = 3,16 a = 6.66
MATEMÁTICA

D ɛ = 136.09°

Υ = 69,17° B

c = 4.17
δ = 94.8° b = 5.98

C 515
C' Q1
2.29
b' = 5.98 α1 = 121.86° 2.29
v1 = 120° P1
c' = 4.17 σ1 = 120°

R1
u1 = 120° 2.29
B' Υ1 = 69,17°
D'
ɛ1 = 136.09°

2.29 p1 = 120° O1
d' = 3,16
ξ1 = 120°
a' = 6.66 Ϛ1 = 118.08° M1 o1 = 120°
2.29
β1 = 94.8°
E' 2.29
e' = 2 N1
A'
Figura 75. Congruência entre duas figuras planas (Hexágonos)

Figura 73. Congruência entre duas figuras planas (Pentágonos) S


v = 1.67
ϕ = 114.29°
F V
η1 = 80.03°

g = 3.03 s = 3.11
Ɵ = 98.82°

h = 4.6
H K = 50.63° u = 1,95
ω = 119.21°
Ψ = 46.47°
l = 30.55° T
f = 5.88
U t = 2.77
G

S'
J l = 4.6°
η = 98.82 v' = 1.67
K θ1 = 114.29°
s' = 3.11
λ = 30.55°

μ1 = 80.03° V'
k = 3.03°
j = 5.88
T' K1 = 46.47°

λ1 = 119.21°
u' = 1,95
μ = 50.63°
L
t' = 2.77
U'

Figura 74. Congruência entre duas figuras planas (Triângulos) Figura 76. Congruência entre duas figuras planas (Quadriláteros)

RAZÃO ENTRE ÁREAS


Q
2.29 Razão entre áreas de dois Triângulos semelhantes

2.29 v = 120° P A razão entre as áreas de dois triângulos seme-


σ = 120° lhantes é igual ao quadrado da razão de semelhança.

R u = 120°
2.29

2.29 p = 120° O

ξ = 120°
M o = 120° 2.29

2.29 B
516 N
A’ A1
= k2
A2

POLÍGONOS INSCRITOS (INSCRIÇÃO) E


CIRCUNSCRITOS (CIRCUNSCRIÇÃO)
Abaixo seguem representados vários Polígonos
inscritos em uma circunferência.

C’ B’
Figura 77. Dois Triângulos Semelhantes

Observação 1: área do Triângulo ABC: A1


Observação 2: área do Triângulo A’ B’ C’: A2
Observação 3: razão de Semelhança: k
Observação 4: razão entre as áreas dos Triângulos
ABC e A’ B’ C’:
B
A1 2 Figura 79. Triângulo Equilátero inscrito em uma Circunferência
A2
=k

Razão entre Áreas de dois Polígonos Semelhantes


G
A Razão entre as Áreas de dois Polígonos seme-
lhantes é igual ao quadrado da razão de semelhança.
F

D E
B
Figura 80. Quadrado inscrito em uma Circunferência

K
L

C’

J
H

B’ I
C’
Figura 81. Pentágono inscrito em uma Circunferência

C’
R
MATEMÁTICA

A’
Figura 78. Dois Polígonos Semelhantes
O
Observação 1: Área do Polígono ABCDE: A1
Observação 2: Área do Polígono A’ B’ C’ D’ E’: A2
Observação 3: Razão de Semelhança: k M
Observação 4: Razão entre as áreas dos Polígonos
ABCDE e A’ B’ C’ D’ E’: N

Figura 82. Hexágono inscrito em uma Circunferência


517
Figura 86. Hexágono circunscrito em uma Circunferência
A seguir representamos vários Polígonos circuns-
critos em uma Circunferência.
C

POLINÔMIOS
A DEFINIÇÃO DE FUNÇÃO POLINOMIAL

Denominamos Polinômio (ou Função Polinomial)


em uma variável x e indicamos por P(x) toda expres-
são do tipo:

anxn + an-1xn-1 + an-2xn-2 + ⋯ + a1x + a0

B
Onde:

Figura 83. Triângulo Equilátero circunscrito em uma Circunferência an, an – 1, an – 2, ... ,a1, a0 : são números complexos
e coeficientes do polinômio
G
anxn, an – 1xn – 1, an – 2xn – 2, ... ,a1x, a0 : são os termos
F do polinômio
a0 é o termo independente

n∈N
x∈C

Ex.:
D

E
p(x) = – 7x4 + 2x3 – x2 + 11x + 2, onde: a0 = 2,
a1 = 11, a2 = –1, a3 = 2, a4 = –7
Figura 84. Quadrado circunscrito em uma Circunferência
f(x) = 9x3 + 1, onde: a0 = 1, a1 = 0, a2 = 0, a3 = 9

GRAU DE UM POLINÔMIO
K
L Identificamos o Grau de um Polinômio P(x) ana-
lisando o maior expoente da variável x que possui
coeficiente não-nulo, ou seja, diferente de zero. Repre-
sentamos o grau do polinômio por gr (P).

Ex.:

J
p(x) = 2x5 – 4x3 – x2 – 3 é um polinômio de grau 5:
H
gr(p) = 5

f(x) = – 2x4 + x é um polinômio de grau 4:


gr(f) = 4
I
g(x) = x3 + x2 + x + 1 é um polinômio de grau 3:
Figura 85. Pentágono circunscrito em uma Circunferência gr(g) = 3

Q h(x) = – x2 é um polinômio de grau 2: gr(h) = 2

P t(x) = x – 3 é um polinômio de grau 1: gr(t) = 1

q(x) = 7 é um polinômio constante, pois possui


R
apenas o termo independente. Logo seu grau é
zero: gr(q) = 0

O
Valor Numérico de um Polinômio (Raiz)

Para obter o Valor Numérico de um Polinômio


M
P(x) basta substituir a variável x por um número k
N qualquer e efetuar as operações indicadas. Simbolica-
518 mente esse valor numérico é representado por P(k), se
P(k) for igual a zero, ou seja, P(k) = 0, dizemos que k é OPERAÇÕES COM POLINÔMIOS
uma Raiz do polinômio.
Adição de Polinômios
Ex.:
Para a Adição de Polinômios temos que realizar a
Dado o polinômio 3x3 + 5x2 – x + 2, temos: soma dos coeficientes dos termos que apresentam o
mesmo grau.
P(-2) = 3(-2)3 + 5(-2)2 – (-2) + 2
P(-2) = 3( -8) + 5(4) + 2 + 2 Ex.:
P (-2)= -24 + 20 + 4
P(-2) = -24 = 24 P(x) = 9x5 – 3x4 + x3 – 2x2 + 4x – 1 e Q (x) = x5 + 2x3
P(-2) = 0 – 7x2 – 12
Logo: -2 é raiz de P(x)

Fazendo por exemplo P(1), temos: P(x) + Q(x) = (9x5 – 3x4 + x3 – 2x2 + 4x – 1) +
(x5 + 2x3 – 7x2 – 12 )
P(1) = 3(1)3 + 5(1)2 – (1) + 2
P(1) = 3(1) + 5(1) – 1 + 2 P(x) + Q(x) = 9x5 – 3x4 + x3 – 2x2 + 4x – 1 + x5 +2x3
P(1) = 3 + 5 1 – 7x2 – 12
P(1) = 9
Logo: 1 não é raiz de P (x) P(x) + Q(x) = (9x5 + x5) – 3x4 + (x3 + 2x3) + (-2x2 – 7x2)
+ 4x + (-1 – 12)
POLINÔMIOS IDÊNTICOS
P(x) + Q(x) = 10x5 – 3x4 + 3x3 – 9x2 + 4x – 13
Considere dois polinômios P(x) e Q(x), dizemos
que esses dois Polinômios são Idênticos, se e somente Também podemos efetuar a soma da seguinte
se, os coeficientes dos termos correspondentes forem maneira:
iguais, ou seja:

P(x): 9x5 -3x4 +1x3 -2x2 +4x -1


P(x) = a0 + a1x + a2x2 + ⋯ + anxn
, temos: Q(x): 1x5 +0x4 +2x3 +7x3 +0x -12
Q(x) = b0 + b1x + b2x2 + ⋯ +bnxn -----------------------------------------------------------------------------------
P(x) + Q(x): 10x5 -3x4 +3x3 -9x2 +4x -13
P(x) = Q(x)

⇕ Subtração de Polinômios
a0 = b0, a1 = b1, a2 = b2, ⋯ , an = bn
Para a Subtração de Polinômios temos que reali-
Sendo dois Polinômios idênticos, para qualquer zar a diferença dos coeficientes dos termos que apre-
valor de x eles assumem o mesmo valor numérico. sentam o mesmo grau.
Ex.:
Ex.:
Dados os polinômios:
Dados: P(x) = 9x5 – 3x4 + x3 – 2x2 + 4x – 1 e Q(x) = x5
 P ( x ) = ax 3
− 4x + 2 e Q3( x ) = 7 x 3 − 4 x + b + x + 2x3 – 7x2 - 12
5

 P(x) = ax – 4x + 2 e Q(x) = 7x – 4x + b
3


 os mesmos serão iguais se, e somente se:
 os mesmos serão iguais se, e somente se: P(x) – Q(x) = (9x5 – 3x4 + x3 – 2x2 + 4x – 1) –
 (x5 + 2x3 – 7x2 – 12 )
a
 a = 77=
= eeb b= 2 2
P(x) – Q(x) = 9x5 – 3x4 + x3 – 2x2 + 4x – 1 – x5 – 2x3
POLINÔMIO INULO + 7x2 + 12

Um polinômio P(x) será Nulo, se e somente se, P(x) – Q(x) = (9x5 – x5) – 3x4 + (x3 – 2x3) + (-2x2 + 7x2)
todos os seus coeficientes forem nulos. Representa- + 4x + (-1 + 12)
mos um polinômio nulo da seguinte maneira: P(x) =
0. É importante ressaltar que para um polinômio nulo P(x) – Q(x) = 8x5 – 3x4 + x3 + 5x2 + 4x + 11
não se define grau.
Ex.: Também podemos efetuar a subtração da seguinte
maneira:
MATEMÁTICA

Dado o polinômio P (x) = (a – 3) x3 + (b + 5)x2 + c,


determine os valores de a, b e c, para que P (x) seja nulo.
P(x): 9x5 -3x4 +1x3 -2x2 +4x -1

a–3=0⇒a=3 Q(x): -1x5 +0x4 -2x3 +7x3 -0x +12


-----------------------------------------------------------------------------------
P(x) = 0, se e somente se: b + 5 = 0 ⇒ b = -5
P(x) + Q(x): 8x5 -3x4 -x3 +5x2 +4x +11

c=0
519
Multiplicação de Polinômios seguir multiplicamos o termo obtido pelo divisor,
e subtraímos esse produto do dividendo:
Para a Multiplicação entre Polinômios basta mul-
tiplicar todos os termos de um polinômio por todos x4 + 4x3 + 4x2 + 0x + 9 x2 + x – 1
os termos do outro polinômio e fazer a soma destes
termos no final. – x4 – x3 + x2 x2
3x3 + 5x2
Ex.:
z Passo 3: Caso a diferença obtida tenha grau maior
Dados: P(x) = 5x3 – x2 e Q(x) = 2x7 = -4x5 -2x +9 ou igual ao do divisor, ela passa a ser um novo
dividendo. Repetimos então o processo a partir do
(5x3 – x2) . (2x7 – 4x5 – 2x +9) = segundo passo:
5x3 . (2x7) + 5x3 . (-4x5) + 5x3 . (-2x) + 5x3 . (9) -x2 . (2x7) –
x4 + 4x3 + 4x2 + 0x + 9 x2 + x – 1
x2 . (-4x5) -x2 . (-2x) – x2 . (9) =
– x4 – x3 + x2 x2 + 3x + 2
(5 . 2 . x7 . x3) + [ 5 . (-4) x5 . x3] + [5 . (-2) x3 . x]
+ (5 . 9 . X3) + (-2 . x2 . x7) + [ -1 . (-4) . x2 . x5] 3x3 + 5x2 + 0x
+ [ -1 . (-2) . x2 . x ] + (9x2) = – 3x3 – 3x2 + 3x
10x10 – 20x8 – 10x4 + 45x3 – 2x9 + 4x7 + 2x3 – 9x2 = 2x2 + 3x + 9
10x10 – 2x9 – 20x8 = 4x7 – 10x4 + 45x3 + 2x3 – 9x2 = – 2x2 – 2x + 2
10x10 – 2x9 – 20x8 + 4x7 – 10x4 + 47x3 – 9x2 x + 11

Divisão de Polinômios Logo obtemos: quociente Q(x) = x2 + 3x + 2 e resto


R(x) = x + 11
Sejam A(x) e B(x) dois polinômios, sendo B(x) um TEOREMA DO RESTO
polinômio não nulo. Ao fazermos a Divisão de A(x)
por B(x) encontraremos os polinômios Q(x) e R(x), tal O Teorema do Resto nos garante o seguinte:
que:
O resto da divisão de um polinômio P (x) por um
binômio (x – a) é o próprio valor numérico do polinô-
quociente resto mio para x = a, que indicamos por P(a).
↑ ↑
A(x) = Q(x) ‧ B(x) + R(x) De acordo com a definição da divisão, temos:
↓ ↓
dividendo divisor P(x) = (x – a) . Q (x) + R (x),
onde R (x) = k (constante), pois gr (x – a) = 1
Indicando no Método da Chave, temos:
P(a) = (a – a) . Q (a) + k → P(a) = k
A(x) B(X)
Logo R(x) = P(a)
R(x) Q(x)
Ex.:
Observações:
O resto da divisão do polinômio P(x) = 2x3 + 2x2,
z O grau de Q(x) é igual a diferença dos graus de A(x)
pelo binômio (x – 2) é dado pelo valor numérico do
e B(x).
polinômio P(x) para x=2, ou seja, para x igual a raiz
z O grau de R(x) pra R(x) não nulo será sempre
do binômio.
menor que o grau do divisor B(x).
z Se a divisão é exata, o resto R(x) é nulo, ou seja, o
Logo teremos:
polinômio A(x) é divisível pelo polinômio B(x).

Divisão pelo Método da Chave P(2) = (2) ‧ P(2) = 2 ‧ (2)3 + 2 ‧ (2)2 = 2 ‧ 8 + 2 ‧ 4 = 16 + 8 = 24

Vamos dividir o polinômio A(x) = x4 + 4x3 + 4x2 + 9 Logo, o resto R(x) = 24.
pelo polinômio B(x) = x2 + x - 1
Para tanto façamos uso do Método da Chave: TEOREMA DE D’ALEMBERT
z Passo 1: Escrevemos os polinômios na ordem O Teorema de D’Alembert diz que a divisão de
decrescente de seus expoentes (nesse caso já um polinômio P(x) por um binômio (x – a) será exata
estão), e completemos o polinômio com termos de se, e somente se, P(a) = 0.
coeficiente zero:
Ex.:
A(x)= x4 + 4x3 + 4x2 + 0x + 9 e B(x) = x2 + x -1
A divisão do polinômio P(x) = x3 + x2 – 11x, pelo
z Passo 2: Dividimos o termo de maior grau do divi- binômio (x – 2) é exata, pois:
dendo pelo termo de maior grau do divisor. Assim
nós obtemos o primeiro termo do quociente, a P(2) = (2)3 + (2)2 – 11 ‧ 2 + 10 = 8 + 4 – 22 + 10 = 22 – 22 = 0
520
DISPOSITIVO PRÁTICO DE BRIOT-RUFFINI Fazendo o processo para o último coeficiente a
divisão está encerrada. Os três primeiro números
Pelo dispositivo prático de Briot-Ruffini podemos obtidos são os coeficientes do quociente e o último
encontrar o quociente e o resto da divisão de um poli- número é o resto da divisão, para uma melhor visuali-
nômio P(x) de grau n (n ≥ 1) por um binômio (x – a), zação podemos separar da seguinte forma:
sendo (n – 1) o grau do quociente.

Ex.: 2 3 –85 6
3 –21 8
Vamos efetuar a seguinte divisão:
Logo, teremos:
(3x – 8x + 5x +6) : (x – 2)
3 2
Q(x) = 3x2 – 2x + 1 e R(x) = 8
z Passo 1: Determinamos a raiz do binômio (x – 2),
que é o número 2. Colocamos a raiz do lado esquer- É importante entender que o grau do quociente sem-
do do dispositivo e, do lado direito, os coeficien- pre será uma unidade inferior ao grau do dividendo.
tes de todos os termos do dividendo, em ordem
decrescente de expoente:

raiz do binômio coenficientes do dividendo EQUAÇÕES POLINOMIAIS

2 3 –8 5 6 Denominamos Equação Polinomial toda equação


reduzida a forma:

z Passo 2: Abaixamos o primeiro coeficiente do divi-


anxn + an – 1xn – 1 + ... + a1x + a0 = 0
dendo e em seguida multiplicamos esse coeficiente
pela raiz e somamos o produto ao segundo coefi-
ciente do dividendo, escrevendo o resultado obti- Com an ≠ 0, sendo an, an – 1, ... , a1, a0 e x números
do abaixo desse: complexos, n ∈ N* e sendo n o grau da equação.

2 3 –856 Raiz ou Zero de uma Equação Polinomial (Raízes


↓ Reais) – Raízes Racionais
3
A Raiz ou o Zero de uma equação polinomial é o
Fazendo o produto do coeficiente e a raiz e soman- valor de x que a verifica, ou seja, que torna a igualda-
do com o segundo coeficiente, teremos: de válida.

3 ‧ 2 + (– 8) = 6 – 8 = – 2 Ex.:

O resultado obtido é colocado em baixo do segun-


do coeficiente, no caso o -8. Na equação x2 – 5x + 6 = 0, 2 é uma raiz da equação,
pois:
2 3 –856
3 –2 (2)2 – 5 ‧ (2) + 6 = 4 – 10 + 6 = 10 – 10 = 0

z Passo 3: Pegamos o resultado obtido, no caso o -2, Entratanto, 1 não é raiz da equação, pois:
multiplicamos pela raiz e somamos com o coefi-
ciente da terceira coluna, logo teremos: (1)2 – 5 ‧ (1) + 6 = 1 – 5 + 6 = 7 – 5 = 2

(– 2) ‧ 2 + 5 = – 4 + 5 = 1 Resolver uma equação polinomial é determinar


todas as suas raízes, formando assim o conjunto solu-
O resultado obtido é colocado em baixo do terceiro ção ou conjunto verdade dessa equação.
coeficiente, no caso o 5.
TFA: TEOREMA FUNDAMENTAL DA ÁLGEBRA (OU
TEOREMA DA DECOMPOSIÇÃO) – FATORAÇÃO DE
2 3 –856
UM POLINÔMIO
3 –21
O Teorema Fundamental da Álgebra diz que
z Passo 4: Pegamos o resultado obtido, no caso o 1,
toda equação polinomial P(x) = 0 de grau n ≥ 1 admite,
multiplicamos pela raiz e somamos com o coefi-
pelo menos, uma raiz complexa.
MATEMÁTICA

ciente da quarta coluna, logo teremos:


Utilizando o Teorema Fundamental da Álgebra,
podemos demonstrar que um polinômio de grau n ≥
1‧2+6=2+6=8
1 pode ser decomposto em um produto de fatores do
1º grau.
O resultado obtido é colocado em baixo do quarto
coeficiente, no caso o 6. Ex.:

2 3 –856 Seja a equação polinomial de grau n ≥ 1:


3 –218 521
P(x) = anxn + xn – 1xn – 1 + ... + a2x2 + a1x + a0 = 0 z Quadrado da Soma

Pelo TFA, existe um número x1 tal que P(x1) = 0. a2 + 2ab + b2 = (a + b)2 = (a + b) ‧ (a + b)


Assim, temos:
Ex.:
P(x) = (x – x1) ‧ Q1(x) = 0 (I)
4a2 + 20a + 25 = (2a)2 + 2 ‧ (2a) ‧ (5) + (5)2 = (2a + 5)2
Podemos concluir que x – x1 = 0 ou Q1(x) = 0, sendo = (2a + 5) ‧ (2a + 5)
n > 1; Q1(x) não é um polinômio constante.
z Quadrado da Diferença
Logo, ele admite uma raiz x2, tal que:

Q1(x) = (x – x2) ‧ Q2(x) (II) a2 – 2ab + b2 = (a – b)2 = (a – b) ‧ (a – b)

Substituindo (I) em (II), temos: Ex.:

P(x) = (x – x1) ‧ (x – x2) ‧ Q2(x) = 0 9x4 – 24x2 + 16 = (3x2)2 – 2 ‧ (3x2) ‧ (4) + (4)2 = (3x2 – 4)2
Procedendo do mesmo modo, podemos escrever: = (3x2 – 4) ‧ (3x2 – 4)

P(x) = (x – x1) ‧ (x – x2) ‧ (x – x3) ‧ ... ‧ Qn(x) z Cubo da Soma

Sendo Qn uma constante e an o coeficiente de xn, (a + b)3 = a3 – 3a2b + 3ab2 + b3


pela identidade de polinômios temos: Qn = an .
Portanto: Ex.:

P(x) = an ‧ (x – x1) ‧ (x – x2) ‧ (x – x3) ‧ ... ‧ (x – xn) 27x3 + 54x2y + 36xy2 + 8y3 = (3x)3 + 3 ‧ (3x)2 ‧ (2y) + 3

Ex.: ‧ (3x) ‧ (2y)2 + (2y)3 = (3x + 2y)3 = (3x + 2y) ‧ (3x + 2y) ‧
(3x + 2y)
Considere o polinômio P(x) = 2x3 – 8x2 – 2x + 8, cujas
z Cubo da Diferença
raízes são:

x1 = – 1, x2 = 1 e x3 = 4 (a – b)3 = a3 – 3a2b + 3ab2 – b3


Ex.:
Colocando P(x) na forma fatorada, temos:
27x3 – 54x2y + 36xy2 – 8y3 = (3x)3 – 3 ‧ (3x)2 ‧ (2y) + 3
P(x) = 2 ‧ [x – (– 1)] ‧ (x – 1) ‧ (x – 4)
‧ (3x) ‧ (2y)2 – (2y)3 = (3x – 2y)3 = (3x – 2y) ‧ (3x – 2y) ‧
(3x – 2y)
P(x) = 2 ‧ (x + 1) ‧ (x – 1) ‧ (x – 4)
z Soma de Cubos
Produtos Notáveis – Fatoração de um Polinômio

z Fatoração a3 + b3 = (a + b) ‧ (a2 – ab + b2)


Consiste na transformação de uma soma (ou sub- Ex.:
tração) de dois termos em um produto.
8x3 + 27 = (2x)3 + 33 = (2x + 3) ‧ [(2x)2 – (2x) ‧ 3 + 32] =
z Fator Comum
(2x + 3) ‧ (4x2 – 6x + 9)
ax + ay = a ‧ (x + y)
z Diferença de Cubos
Exemplo: 5x + 5y = 5 ‧ (x + y)

z Agrupamento a3 – b3 = (a – b) ‧ (a2 + ab + b2)

ax + ay + bx + by = a ‧ (x + y) + b ‧ (x + y) = (x + y) ‧ (a + b) Ex.:
Ex.:
8x3 – 27 = (2x)3 – 33 = (2x – 3) ‧ [(2x)2 + (2x) ‧ 3 + 32] =
3x + 3y + 7x + 7y = 3 ‧ (x + y) + 7 ‧ (x +y) = (x + y) ‧ (3 + 7)
(2x – 3) ‧ (4x2 + 6x + 9)
z Diferença de Quadrados
RELAÇÕES DE GIRARD (RELAÇÃO ENTRE
2 2
a – b = (a + b) ‧ (a – b) COEFICIENTES E RAÍZES)

As Relações de Girard estabelecem relações entre


Ex. 1: 4x2 – 25y2 = (2x)2 – (5y)2 = (2x – 5y) ‧ (2x + 5y) os coeficientes e as raízes de uma equação. As relações
Ex. 2: 23152 – 23142 = (2315 + 2314) ‧ (2315 – 2314) de Girard são importantíssimas no estudo das equa-
522 = 4629 ‧ 1 = 4629 ções polinomiais, vejamos quais são essas relações:
1º caso:

Seja a equação do segundo grau: ax2 + bx + c = 0, onde a ≠ 0, x1 e x2 são as raízes. Decompondo em fatores do
primeiro grau temos:

ax2 + bx + c = a ‧ (x – x1) ‧ (x – x2)

ax2 + bx + c = a ‧ (x2 – x ‧ x2 – x ‧ x1 + x1 ‧ x2)

ax2 + bx + c = a ‧ [x2 – (x1 + x2) ‧ x + x1 ‧ x2]

Dividindo ambos os membros por a, temos:

ax2 + bx + c a ‧ [x2 – (x1 + x2) ‧ x + x1 ‧ x2]


=
a a
b c
x2 + x+ = x2 – (x1 + x2) ‧ x + x1 ‧ x2
a a

Pela identidade de polinômios, temos:

b b
= – (x1 + x2) ⇒ (x1 + x2) = – , a soma das
a a
b
raízes é –
a

c c
= x1 ‧ x2 ⇒ x1 ‧ x2 = , o produto das raízes
a a
c
é
a

2º caso:

Seja a equação do terceiro grau: ax3 + bx2 + cx + d = 0, onde a ≠ 0, x1, x2 e x3 são as raízes. Decompondo em
fatores do primeiro grau temos:

ax3 + bx2 + cx + d = a ‧ (x – x1) ‧ (x – x2) ‧ (x – x3)

ax3 + bx2 + cx + d = a ‧ [(x3 – (x1 + x2 + x3)x2 +


(x1x2 + x1x3 + x2 ‧ x3) x – x1 ‧ x2 ‧ x3)]

Dividindo ambos os membros por a, temos:

ax3 + bx2 + cx + d a ‧ [(x3 – (x1 + x2 + x3)x2 + (x1x2 + x1x3 + x2x3)x – x1 ‧ x2 ‧ x3)]


=
a a
b c d
x3 + x2 + x+ = x3 – (x1 + x2 + x3)x2 + (x1x2 + x1x3 + x2 ‧ x3)x – x1 ‧ x2 ‧ x3
a a a

Pela identidade de polinômios, temos:


MATEMÁTICA

b b
= – (x1 + x2 + x3) ⇒ (x1 + x2 + x3) = – ,
a a
c c
= x1x2 + x1x3 + x2x3 ⇒ x1x2 + x1x3 + x2x3 = ,
a a
d d
= – (x1 ‧ x2 ‧ x3) ⇒ x1 ‧ x2 ‧ x3 = –
a a
523
Ex.: Portanto:

Vamos utilizar as relações de Girard para as P(a + bi) = 0 + p(a + bi) + q = 0


seguintes equações:
pa + q + pbi = 0
a) x2 – 5x + 6 = 0
pa + q = 0 (I)
As raízes são x1 e x2, os coeficientes são a = 1, b = – 5
e c = 6. Pelas relações de Girard, temos: pbi = 0 (II)

b (– 5) Em (II) p = 0, substituindo em (I), temos q = 0.


x1 + x2 = – ⇒ x1 + x2 = – = – (– 5) = 5
a 1 Logo R(x) = 0, portanto P(x) é divisível por (x – a –
c 6 bi) e por (x – a + bi), de onde concluimos que: a – bi é
x1 ‧ x2 = ⇒ x1 ‧ x2 = =6 raiz da equação P(x) = 0.
a 1
Ex.:
b) 2x3 – 7x2 + x – 2 = 0
As raízes da equação x2 – 4x + 5 = 0, são dois núme-
As raízes são x1, x2 e x3, os coeficientes são a = 2, ros complexos conjugados:
b = –7, c = 1 e d = –2. Pelas relações de Girard, temos:
– (– 4) ± √(– 4)2 – 4 ‧ 1 ‧ 5 4 ± √16 – 20
b (– 7) – (– 7) 7 x= = =
x1 + x2 + x3 = – ⇒ x1 + x2 + x3 = – = = 2‧1 2
a 2 2 2
4 ± √– 4 4 ± √4 ‧ (– 1) 4 ± √4 ‧ √– 1 4 ± 2i
c 1 = = =
2 2 2 2
x1x2 + x1x3 + x2x3 ⇒ x1x2 + x1x3 + x2x3 =
a 2
4 + 2i 2(2 + i)
d (– 2) – (– 2) 2 x1 = = =2+i
2 2
x1 ‧ x2 ‧ x3 = – ⇒ x1 ‧ x2 ‧ x3 = – = = =1
a 2 2 2
4 – 2i 2(2 – i)
x2 = = =2–i
2 2
MULTIPLICIDADE DE UMA RAIZ (OU DE RAÍZES)

Um polinômio P(x), na forma fatorada, pode apre- Portanto x1 = 2 + i e x2 = 2 – i


sentar fatores repetidos. A quantidade de fatores que
se encontrarão repetidos na forma fatorada, define a
Consequências:
Multiplicidade de uma Raiz.

Ex.: z Sendo o complexo z = a + bi (b ≠ 0), com multíplici-


dade m raiz de uma equação polinomial de coefi-
a) Seja P(x) = x2 – 10x + 25 cientes reais, então o conjugado z = a – bi, também
é raiz dessa equação com a mesma multiplicidade.
P(x) na forma fatorada é (x – 5) ‧ (x – 5), dizemos z Uma equação polinomial de coeficientes reais pos-
então que 5 é raiz dupla, ou seja, de multiplicidade 2. sui um número par de raízes complexas.
z Uma equação polinomial de grau ímpar admite
b) Seja P(x) = x3 – 5x2 + 3x + 9 pelo menos uma raiz real.

P(x) na forma fatorada é (x – 3) ‧ (x – 3) ‧ (x + 1), obser- TEOREMA DE BOLZANO


ve que existem dois fatores iguais a (x – 3) e um fator (x +
1). Dizemos então que 3 é raiz dupla, ou de multiplicida- Seja P(x) = 0 uma equação polinomial com os seus
de 2 e – 1 é raiz simples, ou de multiplicidade 1. coeficientes reais em um intervalo (a,b) real e aberto.

RAÍZES COMPLEXAS (OU RAÍZES IMAGINÁRIAS) z Se P(a) e P(b) tiverem o mesmo sinal, existirá um
número par de raízes reais ou não existem raízes
Seja z = a + bi (a, b ∈ R e b ≠ 0) raiz da equação P(x)
da equação nesse intervalo.
= 0 de coefícientes reais, temos que z = a – bi, também
z Se P(a) e P(b) tiverem sinais contrários, existirá
é raiz dessa equação.
um número ímpar de raízes reais nesse intervalo.
Desta forma, podemos dizer que as Raízes Comple-
xas “aparecem sempre em dupla”: se um complexo (z Ex.:
= a + bi) é raiz de um Polinômio, seu conjugado (z =
a – bi) também será. a) Quantas raízes reais a equação 3x3 – 13x2 + 19x – 5
= 0 pode apresentar no intervalo ]0,1[. Aplicando o
Vejamos: Teorema de Bolzano, temos:

P(x) = (x – a – bi) ‧ (x – a + bi) ‧ Q(x) + px + q

524 P(x) = (x2 – 2ax + a2 + b2) ‧ Q(x) + px + q


d) k = -1 ou k = 3.
p(0) = 3 ‧ (0)3 – 13 ‧ (0)2 + 19 ‧ (0) – 5 = – 5
e) k < -1 ou k > 3.
p(1) = 3 ‧ (1)3 – 13 ‧ (1)2 + 19 ‧ (1) – 5 = 3 – 13 + 19 – 5
= 22 – 18 = 4 5. (ExPCEx – 2019) Considere a função quadrática ƒ : R
→ R definida por ƒ (x) =x2 +3x+c, com c ∈ R, cujo grá-
fico no plano cartesiano é uma parábola. Variando-se
Como p(0) e p(1) possuem sinais contrários, a equa-
os valores de c, os vértices das parábolas obtidas per-
ção pode ter uma ou três raízes reais no intervalo dado
tencem à reta de equação
b) Quantas raízes reais a equação x2 – 4x + 5 = 0 pode 9
apresentar no intervalo ]–1,3[. Aplicando o Teore- a) y = 2x –
2
ma de Bolzano, temos: 3
b) x = –
2
p(– 1) = (– 1)2 – 4 ‧ (– 1) + 5 = 1 + 4 + 5 = 10 9
c) x = –
2
p(3) = (3)2 – 4 ‧ (3) + 5 = 9 – 12 + 5 = 14 – 12 = 2 9
d) y = –
2
Como p(– 1) e p(3) possuem sinais iguais, a equação 3
e) x =
pode ter duas ou nenhuma raiz real no intervalo dado. 2

6. (ExPCEx – 2020) A figura abaixo mostra um reserva-


tório com 6 metros de altura. Inicialmente esse reser-
HORA DE PRATICAR! vatório está vazio e ficará cheio ao fim de 7 horas.
Sabe-se também que, após 1 hora do começo do seu
1. (ExPCEx – 2020) Oito alunos, entre eles Gomes e Oli- preenchimento, a altura da água é igual a 2 metros.
veira, são dispostos na primeira fileira do auditório da Percebeu-se que a altura, em metros, da água, “t”
EsPCEx, visando assistirem a uma palestra. Sabendo- horas após começar o seu preenchimento, é dada por
-se que a fileira tem 8 poltronas, de quantas formas h(t) = log2(at2 + bt + c), com t ∈ |0,7|, onde a, b e c são
distintas é possível distribuir os 8 alunos, de maneira constantes reais. Após quantas horas a altura da água
que Gomes e Oliveira não fiquem juntos? no reservatório estará com 4 metros?

a) 8!
b) 7·7!
c) 7!
d) 2·7!
e) 6·7!

2. (ExPCEx – 2019) O Sargento encarregado de organi- h(t) = log2 (at2 + bt + c )


zar as escalas de missão de certa organização militar
deve escalar uma comitiva composta por um capi-
tão, dois tenentes e dois sargentos. Estão aptos para
serem escalados três capitães, cinco tenentes e sete
sargentos. O número de comitivas distintas que se Desenho Ilustrativo-Fora de Escala
pode obter com esses militares é igual a
a) 3 horas e 30 minutos
a) 630. b) 3 horas
b) 570. c) 2 horas e 30 minutos
c) 315. d) 2 horas e) 1 hora e 30 minutos
d) 285.
e) 210. 7. (ExPCEx – 2019) Seja f a função quadrática definida
1
por ƒ(x) = 2x2 + (log k) x + 2, com k ∈ R e k > 0. O
3. (ExPCEx – 2020) No ano de 2010, uma cidade tinha 3
100.000 habitantes. Nessa cidade, a população cresce produto dos valores reais de k para os quais a função
a uma taxa de 20% ao ano. De posse dessas informa- ƒ(x) tem uma raiz dupla é igual a
ções, a população dessa cidade em 2014 será de
a) 1.
a) 207.360 habitantes. b) 2.
b) 100.160 habitantes. c) 3.
c) 180.000 habitantes. d) 4.
MATEMÁTICA

d) 172.800 habitantes. e) 5.
e) 156.630 habitantes.
8. (ExPCEx – 2019) A área da região compreendida entre
4. (ExPCEx – 2020) A função real definida por f(x) = (k2 - o gráfico da função f(x)=||x-4|-2|, o eixo das abscissas
2k - 3) x + k é crescente se, e somente se e as retas x=0 e x=6 é igual a (em unidades de área)

a) k > 0. a) 2.
b) -1 < k < 3. b) 4.
c) k ≠ -1 ou k ≠ 3. c) 6. 525
d) 10. números complexos. Sabe-se que esses afixos divi-
e) 12. dem a circunferência em 12 partes iguais e que Z0 =1.
Sobre o número complexo dado por (z2) ‧ z5 é correto
2

9. (ExPCEx – 2020) Sejam f(x)=4x2 - 12x + 5 e g(x) = x + 2 afirmar que é um número z3


funções reais. O menor inteiro para o qual f (g(x)) < 0 é
lm
a) -2.
b) -1.
c) 0.
Z3
d) 1. Z4 Z2
e) 2.
Z5 Z1
que
10. (ExPCEx – 2020) Se θ é um arco do 40 quadrante tal Z6 Z0
4 Re
cos θ = , então é igual a √2 sec θ + 3 tan θ é igual a.
5
Z7 Z11
√2
a) Z8
2 Z10
Z9
1
b)
2 Desenho Ilustrativo Fora de Escala
5√2
c)
2 a) real e negativo.
3 b) real e positivo.
d)
2 c) Imaginário com parte real negativa e parte imaginária
√19 positiva.
e) d) Imaginário com parte real positiva e parte imaginária
2
negativa.
11. (ExPCEx – 2019) Na figura abaixo está representado e) Imaginário puro com parte imaginária negativa.
um trecho do gráfico de uma função real da forma
y=m·sen (nx)+k, com n > 0. 13. (ExPCEx – 2020) Qual o valor de n, no binômio (x + 3)
n para que o coeficiente do 5º termo nas potências
decrescentes de x seja igual a 5670?
y
a) 5
4 b) 6
c) 7
d) 8
e) 9
2
14. (ExPCEx – 2020) Se o polinômio p(x) = x3 + ax2 − 13x
+ 12 tem x = 1 como uma de suas raízes, então é cor-
reto afirmar que
0 x
a) x=1 é raiz de multiplicidade 2.
0 2 4 6 b) as outras raízes são complexas não reais.
c) as outras raízes são negativas.
d) a soma das raízes é igual a zero.
-2 e) apenas uma raiz não é quadrado perfeito.

Desenho Ilustrativo – Fora de Escala 15. (ExPCEx – 2019) Se a equação polinomial x2 +2x+8=0
tem raízes a e b e a equação x2 + mx + n=0 tem raízes
Os valores de m, n e k, são, respectivamente (a+1) e (b+1), então m+n é igual a

a) 3, π e –1. a) -2.
3 b) -1.
π c) 4.
b) 6, e 1.
6 d) 7.
e) 8.
c) –3, π e 1.
6
16. (ExPCEx – 2019) Dividindo-se o polinômio P(x)=
π
d) –3, e 1. 2x4-5x3 +k x-1 por (x-3) e (x+2), os restos são iguais.
3 Neste caso, o valor de k é igual a
π
e) 3, e –1.
6 a) 10.
b) 9.
12. (ExPCEx – 2020) Na figura a seguir está represen- c) 8.
tado o plano de Argang-Gauss com os afixos de 12 d) 7.
526 e) 6.
17. (ExPCEx – 2019) Sabe-se que as raízes da equação
x3-3x2-6x+k=0 estão em progressão aritmética. Então 5 B
k
podemos afirmar que o valor de é igual a 6 B
2
7 A
5
a) . 8 C
2
b) 4. 9 B
7
c) . 10 B
2
d) 3. 11 D
9
e) . 12 A
2
13 D
18. (ExPCEx – 2020) Na figura a seguir, ABCD é um quadra-
do, E é o ponto médio de BC e F é o ponto médio de DE 14 D

15 D
D C
16 B

17 B
F
18 D
E
19 E

20 B

A B

A razão entre as áreas do quadrado ABCD e do triângu-


lo AEF, nessa ordem, é ANOTAÇÕES
a) 1.
b) 2.
c) 3.
d) 4.
e) 5.

19. (ExPCEx – 2020) Os lados AB, AC e BC de um triângulo


ABC medem, respectivamente, 4cm, 4cm e 6cm. Então
a medida, em cm, da mediana relativa ao lado AB é
igual a

a) √14
b) √17
c) √18
d) √21
e) √22

20. (ExPCEx – 2019) Um trapézio ABCD, retângulo m A e


D, possui suas diagonais perpendiculares. Sabendo-se
que os lados AB e CD medem, respectivamente, 2 cm
e 18 cm, então a área, em cm2, desse trapézio mede

a) 120.
b) 60.
c) 180.
d) 30.
e) 240.
MATEMÁTICA

9 GABARITO

1 E

2 A

3 A

4 E
527
ANOTAÇÕES

528
desenvolvem e concluem um texto dissertativo. E só
depois de exercitar esses primeiros procedimentos é
que se passa à produção de um trabalho completo,
buscando a eficiência do todo por intermédio do agru-

REDAÇÃO
pamento de cada uma das partes estudadas até a for-
mação de um bloco contínuo e completo.

Importante!
QUESTÕES INICIAIS O truncamento desse trabalho ocorrerá certa-
mente se o aprendiz não se dispuser a praticar
A fim de trabalharmos com a redação dissertativa,
esses conceitos. É aí que começa a frustração
neste tópico, você irá estudar algumas características
inovadoras no conceito de produção de textos para dos potenciais autores, pois muitas vezes só vão
quem quer atingir um melhor resultado em provas tentar praticar a escritura da sua redação após
que exijam do candidato a habilidade de produzir um terem terminado o estudo do livro didático e
texto. sentem muita dificuldade no momento do agru-
Ao longo do material, serão apresentados os aspec- pamento, isto é, de fazer virar o todo, aquilo que
tos gerais da redação dissertativa, bem como todos os aprendeu a fazer por partes. Se o resultado não
passos para a sua produção com eficiência. Além dis- for satisfatório, eles simplesmente assumirão a
so, discutiremos sobre as principais dúvidas relatadas dificuldade como uma inabilidade pessoal.
pelos alunos, a fim de apresentar respostas e mostrar
que é possível atingir um bom resultado nessa etapa
da prova. Como proposta de solução para essa dificulda-
de, vamos partir de um princípio inverso em que se
Por que é tão difícil produzir um texto eficiente? começa da materialização do texto eficiente, satisfa-
zendo os anseios dos nossos alunos: começamos pelo
Sempre se ouvem os temores de alunos quanto todo para depois estudarmos as partes. Esse trabalho
às provas que cobram dos candidatos habilidades na consiste na elaboração de máscaras de redação, o que
produção de questões discursivas. Alguns dizem se
proporciona a você um ponto de partida concreto na
sentirem tão despreparados que terminam por desis-
produção de redações eficientes a partir de modelos
tir dos concursos que trazem a redação como critério
prontos e que poderão ser reproduzidos e adaptados
de classificação.
para qualquer tema proposto pela banca organizado-
Tem de se reconhecer que o hábito de escrever não
está na prática do cotidiano da maioria das pessoas e ra do concurso, respeitando ainda o caráter da origi-
que, hoje em dia, quando se dispõem a fazê-lo, exerci- nalidade e da criatividade de cada autor.
tam essa habilidade normalmente em ambientes vir- As máscaras de redação garantem a eficácia sobre
tuais como sites de comunicação e na elaboração de os principais quesitos exigidos pelas bancas organiza-
e-mail. Nesses expedientes, ocorre o que chamam de doras dos critérios de correção dos textos, tais como
“pacto da mediocridade”, sem intenção ofensiva, que progressão textual e sequencialização, coesão e conse-
caracteriza a postura displicente de como se escre- quentemente coerência, além de atender naturalmen-
ve e a aceitação mútua de erros e desvios da norma te à estrutura própria dos textos dissertativos. Outro
culta escrita: “ele escreve tudo errado, mas eu aceito ponto importante é o de permitir ao candidato uma
para não ser cobrado por ele da mesma forma quando projeção bem aproximada da extensão do seu texto
errar”. Usam-se imagens, símbolos gráficos, abrevia- em número de linhas.
ções que mais se assemelham a códigos criptografa- Outra finalidade dessa proposta é também a de
dos do que à própria língua portuguesa. desenvolver uma maior agilidade na projeção e na
O maior problema é que isso gera um reforço nega- construção da redação, otimizando o tempo de sua
tivo: treina-se uma escrita que não promove a prática elaboração durante a prova. Então, vamos lá!
ideal da comunicação verbal normatizada. O resul-
tado é que, quando ocorre a exigência da produção Dúvidas frequentes quanto à redação para concursos
escrita, a prática que se tem não promove a eficiência
públicos
nessa categoria de comunicação.
Selecionamos dúvidas que frequentemente apare-
Como, em pouco tempo, poderá desenvolver a
cem sobre as redações para concursos públicos e que
habilidade da escrita quem tem dificuldade de
certamente pode ser a sua dúvida. Vejamos:
passar suas ideias para o papel?

Inicialmente, em um procedimento tradicional de “Qual o peso ou a importância da redação em um


concurso público?“
REDAÇÃO

produção de textos, começa-se pela apresentação de


exemplos de textos bem escritos, mostra-se sua estru-
tura, apresentam-se as partes que o compõem. Depois O peso da redação é muito grande, por isso, ela
disso, inicia-se a identificação dessas partes e de como faz a diferença na aprovação. Nos concursos atuais,
elaborá-las separadamente: como se constrói um a redação se tornou o passaporte para o ingresso em
parágrafo; quais são as fases de sua elaboração; quais grande parte das carreiras públicas, pois de nada vale
são os diferentes tipos de parágrafos. Também é mos- um resultado positivo na prova objetiva se não obti-
trado como podem ser os parágrafos que introduzem, ver sucesso em sua redação. 529
Os candidatos costumam dedicar seu tempo de “É preciso usar letra cursiva ou pode ser de forma?”
estudos à prova objetiva e deixar a redação por últi-
mo. Na maioria das vezes, passam naquela e repro- Como já dissemos, a letra cursiva (letra de mão)
vam nesta. Não dá para subestimar a redação, é só será necessária se for uma exigência do edital. De
preciso exercitar sempre. uma maneira geral, o que se pede é a legibilidade.
Nesse caso você pode até misturar tudo:
“O que conta mais para um resultado satisfatório: ter Caligrafia / Caligrafia / CALIGRAFIA / CaliGrAfia
bons conhecimentos sobre o assunto apresentado É importante sempre se lembrar de respeitar as
na proposta ou ter bons conhecimentos em língua regras de caixa alta e caixa baixa, ou seja, maiúscula e
portuguesa?” minúscula devem ser diferenciadas:
Caixa alta <CALIGRAFIA>, caixa baixa <caligrafia>.
Em verdade, os dois aspectos são equivalentes em
importância. No que diz respeito aos conhecimentos “O que é texto em prosa?”
de língua portuguesa, estamos nos referindo à estru-
tura e à linguagem do texto dissertativo. Subentende- Como já dissemos, mas vale a pena repetir, texto
-se que quem domina estes dois aspectos não tenha em prosa é aquele que naturalmente usamos para
escrever um bilhete, uma carta, nos comunicarmos
dificuldades com a ortografia e outros aspectos gra-
em “e-mail” etc. Ele se constrói em estrutura linear
maticais que, em prova, inclusive, pouco peso tem.
(linha cheia) por meio de parágrafos. É a forma
comum de escrever. É contrária ao verso, que exige
“Qual é a diferença entre tema e título?”
uma elaboração estrutural e demonstra preocupação
com rimas e arranjos vocabulares alheios à sintaxe.
Tema é o assunto proposto pela instituição. Tem
Veja um exemplo de texto em verso:
caráter geral e abrangente, e propõe questões que
devem ser abordadas obrigatoriamente com objeti- A rosa de Hiroxima
vidade pelo candidato. Essa objetividade é um fator
determinante para que sua composição fique delimita- Pensem nas crianças
da àquilo que é possível desenvolver em sua redação. Mudas telepáticas
E o que é a delimitação do tema? É simples. É a Pensem nas meninas
elaboração de sua tese que, por sua vez, é seu posi- Cegas inexatas
cionamento sobre esse tema. Na maioria das vezes, o Pensem nas mulheres
número de linhas que é proposto para se desenvolver Rotas alteradas
o tema é limitado. Geralmente não passa de 30 linhas, Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
por isso é preciso ser claro e direto no desenvolvimen-
Mas oh não se esqueçam
to da argumentação. Da rosa da rosa
Título é o nome que você dá à sua redação. Ele tem Da rosa de Hiroxima
a função de apresentar e chamar a atenção sobre o A rosa hereditária
assunto desenvolvido. Porém, é importante lembrar A rosa radioativa
que são poucas as instituições que solicitam que o Estúpida e inválida
candidato dê um título ao texto. Se ele não for pedido, A rosa com cirrose
não é para colocá-lo. A anti-rosa atômica
Sem cor sem perfume
“Se tiver de pôr título, qual palavra dele deve-se pôr Sem rosa sem nada.
em maiúscula?”
(http://www.revista.agulha.nom.br/vm.html/rosa)

Há duas possibilidades:
Agora um exemplo de texto em prosa:
z A primeira forma convencionada diz que só a pri- “Hiroshima ou Hiroxima (em japonês: 広島市) é
meira palavra do título deve ser iniciada por letra uma cidade japonesa localizada na província de
maiúscula, como em: Hiroshima. Fica no rio Ota (Otagawa), cujos seis
canais dividem a cidade em ilhas. Cresceu em tor-
É bom fazer redação com o Nélson! no de um castelo feudal do século XVI. Recebeu o
estatuto de cidade em 1589. Serviu de quartel-gene-
z A segunda forma permite que você coloque todas ral durante a guerra sino-japonesa (1894-95). Em 6
as palavras com iniciais maiúsculas, com exceção de agosto de 1945 foi a primeira cidade do mundo
dos vocábulos monossilábicos e átonos (sem senti- arrasada por uma bomba atômica: 250 mil pessoas
foram mortas ou feridas.”
do próprio), como preposições e artigos:
(http://pt.ikipedia.org/wiki/Hiroshima/28cidade/29
É bom fazer Redação com o Nélson!

„ Nomes próprios são sempre com iniciais


maiúsculas;
Importante!
„ Use pontuação significativa se for necessário,
como interrogação e exclamação. O ponto final Não se esqueça! Redação para concurso é em
530 é dispensável. prosa.
“O que eu faço se errar uma palavra quando estiver sustentada por dois argumentos positivos na defesa
passando a limpo minha redação?” dessa tese: o respeito à vida e a vida como essência
de nossa natureza.
Erro é erro, não dá para voltar no tempo. Porém, Observem que, nesse texto, não há progressão tem-
muitas instituições orientam os candidatos a passar um poral, pois não há mudança alguma, já que não exis-
traço simples sobre a palavra e continuar escrevendo te uma sequência de fatos; não há também a criação
como se nada houvesse acontecido. Geralmente, nesses de uma imagem de alguém ou de algo; mas há uma
casos, o erro não é considerado. Sendo assim, não perca evolução, um desenvolvimento da ideia apresentada
tempo sofrendo e faça como no exemplo a seguir: no início do texto em relação à vida humana, ao que
Vamos começar nossa dedação redação agora. chamamos de progressão dissertativa, afinal, a ideia
Entendeu? “progrediu”, a ideia inicial foi ficando sólida à medida
que o texto se desenrolou.
DISSERTAÇÃO O que caracteriza definitivamente o texto disserta-
tivo, então, é a existência de uma ideia base apresen-
tada, a tese e o seu desenvolvimento, culminando
A dissertação é o tipo de texto mais comum de ser
em seu fortalecimento por meio dos argumentos.
cobrado em provas de concurso, tanto na argumenta-
ção geral sobre temas diversos, quanto na exposição Esse fortalecimento chama-se fundamentação. E, no
de seus conhecimentos em questões discursivas. texto bem elaborado, a tese é tida como verdade pela
Na dissertação propõe-se uma tese sobre uma fundamentação, portanto podemos reconhecer nele a
suposta verdade. Tal verdade deve ter existência progressão discursiva.
substancial, por isso é representada por uma pala- Por ora, vamos retomar o esquema anterior e
vra substantiva. A sustentação dessa verdade, por sua aprofundá-lo para que vocês não se esqueçam de
vez, pode ser ilustrada por outras palavras substanti- como diferenciar os três tipos de texto:
vas. Veja o texto abaixo: Descrição  imagem – não há progressão temporal;
Narração  fato – há progressão temporal;
Dissertação é um trabalho baseado em estudo
Dissertação  ideia – progressão discursiva.
teórico de natureza reflexiva, que consiste na Vamos pôr isso tudo em prática? Apresentamos a
ordenação de ideias sobre um determinado tema. seguir um exercício comentado de reconhecimento da
A característica básica da dissertação é o cunho tipologia textual.
reflexivo-teórico. Dissertar é debater, discutir, ques-
tionar, expressar ponto de vista, qualquer que seja. ESTRUTURA DISSERTATIVA
É desenvolver um raciocínio, desenvolver argu-
mentos que fundamentem posições. É polemizar, Neste tópico, trabalharemos alguns elementos
inclusive, com opiniões e com argumentos contrá- importantes para iniciarmos nossa produção de textos.
rios aos nossos. É estabelecer relações de causa e
Começaremos com a estrutura do texto dissertativo.
consequência, é dar exemplos, é tirar conclusões,
é apresentar um texto com organização lógica das Como todos sabem, a dissertação é um tipo de tex-
ideias. Basicamente um texto em que o autor mos- to que se caracteriza pela exposição e defesa de uma
tra as suas ideias. ideia que será analisada e discutida a partir de um
ponto de vista. Para tal defesa o autor do texto dis-
Assim, podemos entender a dissertação, diferen- sertativo trabalha com argumentos, com fatos, com
ciando-a dos dois tipos anteriores, como um texto que dados, os quais utiliza para reforçar ou justificar o
apresenta a análise do autor sobre algo, revelando um desenvolvimento de suas ideias.
entendimento lógico sobre o assunto que ele analisou. Para atender a esse propósito, a dissertação deve
Por isso dissemos inicialmente que é um texto que apresentar uma organização estrutural que conduza
apresenta uma ideia, ao que chamamos de tese, isto é, as informações ao leitor de forma a seduzi-lo quanto
esse tipo de texto revela a ideia que o autor desenvol- ao reconhecimento da verdade proposta como tese.
veu sobre um determinado assunto. Compreende-se como estrutura básica de uma disser-
Além disso, todas as informações que forem apre- tação a divisão da exposição da argumentação em três
sentadas sobre o assunto analisado serão os argu- partes distintas: a introdução, o desenvolvimento e a
mentos que representarão a análise feita pelo autor. conclusão:
Notem que os argumentos são os motivos que levaram A estrutura do texto dissertativo constitui-se de:
o autor a ter um posicionamento, uma ideia, uma tese
sobre o assunto.
Introdução
Ex.: Não se pode mais tratar a vida humana como
um simples exemplo de existência biológica. Já está na
A introdução do texto dissertativo é a apresenta-
hora de se entender que é preciso ter respeito à vida
como uma atitude existencial que deve ser encarada ção de seu projeto. Ela deve conter a tese de sua dis-
como essência de nossa natureza, o que vai além das sertação, ou seja, deve apresentar seu posicionamento
próprias leis de um país. sobre o tema proposto pela banca. Esse momento
Atente para o que se pode destacar agora: é muito importante para o leitor, pois é aí que será
mostrada a identificação de suas ideias com o tema. É
z A verdade geral defendida, o nome do assunto = um bom momento para apresentá-lo aos argumentos
REDAÇÃO

vida, especificamente a humana; sequencialmente ordenados de acordo com a progres-


z Argumentos que sustentam essa verdade: respei- são que você dará a sua redação (progressão textual).
to e essência; A introdução deve ser clara e chamar a atenção
para dois itens básicos: os objetivos do texto e o pla-
O substantivo vida representa a palavra-chave no do desenvolvimento. Sem ter medo de apresentar
quanto à verdade defendida na tese do autor de que alguma previsibilidade de seu projeto, você, autor,
“Não se pode mais tratar a vida humana como um sim- deve expor os caminhos por que percorrerá em sua
ples exemplo de existência biológica”. Essa verdade é explanação. Lembre-se de que o leitor, corretor de seu 531
trabalho, é um professor experiente e é a organização E isso não para por aí. Ainda convém lembrar que
que mais o impressionará nesse momento. Por isso, de muitas outras formas a tecnologia interfere
não tenha medo de ser objetivo e previamente ilustra- positivamente em nossas vidas. As relações sócias
tivo quanto aos seus propósitos de trabalho. se intensificaram depois do surgimento das várias
Ex.: Parágrafo de introdução redes de relacionamento tendo início com o Orkut e o
Todos sabem o quanto a tecnologia vem imple- Facebook, permitindo que as pessoas se reencontrem
mentando novos valores à vida do homem moder- em ambientes virtuais, o que antigamente exigiria mui-
no principalmente no que diz respeito a sua vida to esforço coletivo para tais eventos. Programas como
em sociedade (1). É notório o desenvolvimento da o Zoom e o Google Meet possibilitam que as pessoas
tecnologia em campos como o da educação (2) e o conversem e interajam em diferentes partes do mundo
dos serviços sociais (3). Essas inovações vão ainda sem nenhum custo além dos já dispensados com seus
muito além disso, atingindo vários outros espaços provedores residenciais. Uma mãe que mora longe dos
do cotidiano (4) da maioria das pessoas. filhos já pode vê-los ou aos netos, pela tela de um note-
(1) A tese: a tecnologia vem implementando novos book ou celular, sempre que sentir saudade.
valores à vida do homem moderno principalmente no
que diz respeito a sua vida em sociedade; Conclusão
(2), (3), (4) Os argumentos são levantados a fim
de sustentar a tese: o desenvolvimento da tecnologia A conclusão é a retomada da ideia principal, que
em campos como o da educação (2) / o dos serviços agora deve aparecer de forma muito mais convin-
sociais (3) / inovações atingindo vários outros espaços cente, uma vez que já foi fundamentada durante o
do cotidiano (4). desenvolvimento da dissertação. Deve, pois, conter
de forma sintética, o objetivo proposto na instrução, a
Desenvolvimento confirmação da hipótese ou da tese, acrescida da argu-
mentação básica empregada no desenvolvimento.
O desenvolvimento é a parte em que você deve Ex.: considerações finais
expor os elementos que vão fundamentar sua tese que Tendo em vista esses aspectos observados sobre
pode vir especificada por intermédio de argumentos, esse admirável mundo de facilidades técnicas, só nos
de pormenores, de exemplos, de citações, de dados resta comentar que não foi só o computador que
estatísticos, de explicações, de definições, de confron- tornou a vida do cidadão mais simples e confor-
tos de ideias e contra argumentações. Você poderá tável, mas outros campos da tecnologia também
usar tantos parágrafos quanto achar necessário para contribuíram para isso. Os aparelhos de GPS, que
nos orientam a qualquer direção, ou ainda diver-
desenvolver suas teorias, porém em redações de cur-
sos dispositivos médicos portáteis, garantem a
ta extensão o ideal é que cada parágrafo apresente
melhora da qualidade de vida de todos os homens
objetivamente apenas um dos argumentos a serem
do nosso tempo.
desenvolvidos, ou ainda, que esses argumentos sejam
agrupados caso vários deles devam ser apresentados
ESTRATÉGIAS ARGUMENTATIVAS
para sustentar sua tese.
Ex.: apresentação do primeiro argumento sobre “o
Coesão
desenvolvimento da tecnologia em campos como o
da educação”
Coesão pode ser considerada a “costura” textual,
Alguns argumentam que é importante reconhecer
a “amarração” na estrutura das frases, dos períodos
o papel das redes mundiais de informação para
e dos parágrafos que fazemos com palavras. Para
o favorecimento da construção do conhecimento.
garantir uma boa coesão no seu texto, você deve pres-
Hoje é possível visitar um museu, consultar uma biblio-
tar atenção a alguns mecanismos. Abaixo, em negrito,
teca e até mesmo estudar sem sair de casa. Por meio da
há exemplos de períodos que podem ser melhorados
internet, muito da sabedoria mundial pode ser alcança-
utilizando os mecanismos de coesão:
da por qualquer pessoa que a deseje. Basta estar diante
de um computador, ou de posse de um desses modernos z Elementos Anafóricos: Esse, essa, isso, aquilo,
aparelhos celulares para se ligar a qualquer momento isso, ele...
ao universo virtual. Hoje é possível ler qualquer livro a
qualquer momento em um desses dispositivos. São palavras referentes a outras que apareceram
Ex.: apresentação do segundo argumento sobre “o no texto, a fim de retomá-las.
desenvolvimento da tecnologia em campos como o
dos serviços sociais”
Outro aspecto que merece destaque especial é quan- Ela = Dolores seu = Ela
to ao atendimento oferecido ao cidadão pelos
órgãos do serviço público. Já é possível registrar Ex.: Dolores e ra beleza única. Ela sabia do seu
um boletim de ocorrências via computador ou ainda poder de seduzir e o usava
agendar a emissão de passaportes junto às agencias da
Policia Federal em qualquer lugar do Brasil. Consultas
médicas podem ser marcadas em hospitais públicos ou
o = poder
privados e os exames realizados podem ser consultados
diretamente do banco de dados dessas entidades.
Ex.: apresentação do terceiro argumento sobre “as z Elementos Catafóricos: Este, esta, isto, tal como,
532 inovações em vários outros espaços do cotidiano” a saber...
São palavras referentes a outras que irão aparecer Ex.: Paulo e Maria queria chegar ao centro da
no texto: questão. - Não caberia aqui pensar em centro como
bairro de uma cidade.
É nesse caso que entra o estudo da coesão por meio
do vocabulário.
Ex.: Este novo produto a deixará maravilhosa, é o
xampu Ela. Use-o e você não vai se arrepender! z Coerência sintática: refere-se aos meios sintáti-
cos que o autor utiliza para expressar a coerência
O pronome demonstrativo este apresenta um ele- semântica: “A felicidade, para cuja obtenção não
mento do qual ainda não se falou = o xampu. existem técnicas científicas, faz-se de pequenos
fragmentos...” - como leitor do texto, você deve
z Coesão lexical: são palavras ou expressões entender que o pronome cuja foi empregado para
equivalentes. estabelecer posse entre obtenção e felicidade.

A repetição de palavras compromete a qualidade É nesse caso que entra o estudo da coesão com o
do texto, mostrando falta de vocabulário do redator. emprego dos conectivos.
Assim, é aconselhável a utilização de sinônimos:
Ex.: Primeiro busquei o amor, que traz o êxtase - z Coerência estilística: refere-se ao estilo do autor,
êxtase tão grande que sacrificaria o resto de minha à linguagem que ele emprega para redigir. O lei-
vida por umas poucas horas dessa alegria. tor atento a isso consegue facilmente entender a
Nesse caso a palavra alegria aparece como sinôni- estrutura do texto e relacionar bem as informa-
mo semântico da palavra amor, representando-a. ções textuais. Além disso, percebendo se a lin-
guagem do texto é figurada ou não, seu raciocínio
z Coesão por elipse ou zeugma (omissão): é a interpretativo deverá funcionar de uma determi-
omissão de um termo facilmente identificável. nada maneira, como podemos ver neste texto de
Fernando Pessoa:
Podemos ocultar o sujeito da frase e fazer o leitor
procurar no contexto quem é o agente, fazendo corre- Já sobre a fronte vã se me acinzenta
lações entre as partes: O cabelo do jovem que perdi.
Ex.: O marechal marchava rumo ao leste. Não Meus olhos brilham menos.
tinha medo, (?) sabia que ao seu lado a sorte também Já não tem jus a beijos minha boca.
galopava. Se me ainda amas por amor, não ames:
A interrogação representa a omissão do sujeito Trairias-me comigo.
marechal que fica subentendido na oração.
(Ricardo Reis/Fernando Pessoa)

z Conectivos principais:
„ Elementos importantes de coesão e coerência:
para continuarmos o estudo de coesão e coe-
„ Preposições e suas locuções: em, para, de, por,
rência, devemos relembrar alguns elementos
sem, com...
gramaticais importantes:
„ Conjunções e suas locuções: e, que, quando,
„ Pronome demonstrativo: indicam posição dos
para que, mas...
seres em relação às pessoas do discurso, situan-
„ Pronomes relativos, demonstrativos, possessi-
do-o no tempo e/ou no espaço (função dêitica
vos, pessoais: onde, que, cujo, seu, este, esse,
destes pronomes). Podem também ser empre-
ele... gados fazendo referência aos elementos do tex-
to (função anafórica ou catafórica). São eles:
Ex.: Os programas de TV, em que nós podemos ver
muitas mulheres nuas, são imorais. Desde seu iní-
ESTE (A/S), ESSE (A/S), Têm função de pronome
cio, a televisão foi usada para facilitar o domínio da
AQUELE (A/S) adjetivo.
sociedade. Como exemplo, podemos citar a chegada
do homem à Lua, onde os EUA conseguiram com sua ISSO, ISTO, AQUILO, O Têm função de pronome
propaganda capitalista frente a uma Guerra Fria, a (A/S) substantivo.
simpatia de grande parte da população do planeta.
MESMO, PRÓPRIO, Quando são demons-
Coerência SEMELHANTE, TAL (E trativos, são pronomes
FLEXÕES). adjetivos.
Coerência textual é uma relação harmônica que se
estabelece entre as partes de um texto, em um contex- Empregos do pronome demonstrativo
to específico, e que é responsável pela percepção de
REDAÇÃO

uma unidade de sentido. Sendo assim, os principais z Indicando localização no espaço:


aspectos envolvidos nessa questão são:
Este (aqui): pronome de 1ª pessoa: o falante o
z Coerência semântica emprega para referir-se ao ser que está junto dele.
Ex.: Este é meu casaco! – a moça avisou, enquanto o
Refere-se à relação entre significados dos elemen- segurava.
tos da frase (local) ou entre os elementos do texto Esse (aí): pronome de 2ª pessoa: o falante o empre-
como um todo: ga para referir-se ao ser que está junto do seu ouvinte. 533
Ex.: Passe-me essa jarra de suco, por favor. – pediu ela brasileiro, o presidente visitou Havana, a Repúbli-
ao rapaz que sentara à sua frente. ca Dominicana, Washington e o Presidente Barack
Aquele (lá): pronome de 3ª pessoa: a referência Obama.
será ao ser que está distante do falante e do ouvin-
te: As duas no portão não aguentavam de curiosidade, Observem que nesse caso o verbo “visitou” está
quem seria aquele moço na esquina? sendo empregado de maneira a sugerir que se pode
visitar uma cidade da mesma forma como se visita
z Indicando localização temporal: uma pessoa, ou seja, está empregado de forma errada,
já que ocorre um duplo sentido a esse verbo com essa
Este (presente): Neste ano haverá Copa do Mundo. construção.
Esse (passado próximo: Nesse ano que passou, não Uma forma correta de representar a ideia preten-
tivemos Copa do Mundo. dida pelo texto é: Em sua última viagem pela Améri-
Esse (passado futuro): A próxima copa será em ca Latina como representante do governo brasileiro,
2014. Nesse ano poderemos ver todos os jogos aconte- o presidente visitou Havana, a República Dominicana,
cerem aqui em nosso país. Washington e nesta última cidade foi ver o Presidente
Aquele (passado distante ou bastante vago): Barack Obama.
Naquela época, não havia iluminação elétrica.
z Paralelismo sintático: Nosso time se esforçou bas-
tante em todos os jogos, mas conseguiram se tornar
z Fazendo referências contextuais (funções anafó-
os campeões este ano.
rica e catafórica):
Veja como a conjunção adversativa “mas” foi inde-
Este: refere-se a um elemento sobre o qual ainda
vidamente empregada dando uma ideia de que ser
se vai falar no texto (referência catafórica). Ex.: Este
campeão é oposto ao fato de se esforçar para vencer.
é o problema: estou dura. Pode também fazer uma
O correto nesse caso seria empregar uma conjunção
referência de especificação a um elemento já expres-
que conduzisse logicamente a primeira oração à ideia
so (ref. anafórica). Ex.: Ana e Bia saíram, esta foi ao da vitória apresentada na segunda oração, como em:
cinema. Nosso time se esforçou bastante em todos os jogos, por
Esse: refere-se a um elemento já mencionado no isso (e, dessa forma, logo, consequentemente...) conse-
texto (referência anafórica). Ex.: Comprei aspirina. guiu se tornar o campeão este ano.
Esse remédio é ótimo.
Este: refere-se à última informação antecedente a Progressão textual
ele no texto;
Aquele: refere-se à informação mais distante dele A progressão textual é o processo pelo qual o texto
no texto. Ex.: Ana, João e Cris são irmãos; esta é quie- se constrói a partir de elementos semânticos e grama-
ta, esse fala pouco e aquela fala muito. ticais. Novas informações devem ser somadas e liga-
das às informações anteriores e não apenas repetidas.
Paralelismo Deve haver a continuidade e a evolução dos concei-
tos já apresentados que podem ser conquistadas por
Paralelismo pode ser entendido como equilíbrio intermédio dos elementos de coesão.
da organização textual, promovendo no texto coe- Veja uma simulação do projeto de máscaras de
rência em sua elaboração e, portanto, em seu sentido. redação e observe na prática como a progressão tex-
Esse mesmo equilíbrio deve assim ser entendido nos tual ocorre:
períodos, pois sua redação também deve apresentar Muito se tem discutido ultimamente sobre (blá, blá,
uma sequência lógica para que ele tenha sentido cla- blá) por causa de (blá, blá, blá). Sabe-se que alguns
ro e realmente dê a informação pretendida pelo seu fatores como (blá, blá, blá), (blá, blá, blá) e (blá, blá,
autor. blá) são a base do desenvolvimento desse problema. As
Veja, como exemplo, o que diz o Professor Othon consequências imediatas de (blá, blá, bla´) só pode-
Marques Garcia em seu livro Comunicação em Prosa rão ser avaliadas quando (blá, blá, blá).
Moderna: O primeiro passo a se tomar é o de (blá, blá, blá).
Além de (blá, blá, blá), também se pode especular
“Se coordenação é, como vimos, um processo de que (blá, blá, blá).
encadeamento de valores sintáticos idênticos, é Ainda convém chamar a atenção para mais um
justo presumir que quaisquer elementos da frase ponto determinante sobre (blá, blá, blá) que é (blá,
– sejam orações, sejam termos dela–, coordenados blá, blá).
entre si, devam – em princípio, pelo menos – apre- O resultado de todo esse esforço é (blá, blá, blá) e
sentar estrutura gramatical idêntica, pois –como, é em busca de (blá, blá, blá) que se deve (blá, blá, blá).
aliás, ensina a gramática de Chomsky – não se Sendo assim (blá, blá, blá).
podem coordenar frases que não comportem cons- Você pode perceber que, mesmo não abordando
tituintes do mesmo tipo. Em outras palavras: as assunto algum, há um encadeamento lógico da estru-
ideias similares devem corresponder forma verbal tura do texto que conduz a uma eficiência argumen-
similar. Isso é o que se costuma chamar paralelis- tativa que admite a idealização uma vasta margem de
mo ou simetria de construção”. desenvolvimentos sobre variados temas.

Vejamos agora alguns exemplos de construções TEORIA DAS MÁSCARAS


que apresentam erros de paralelismo:
Depois de observar as dificuldades que as pessoas
z Paralelismo semântico: Em sua última viagem têm de se expressarem por meio da escrita, colocamos
534 pela América Latina como representante do governo aqui soluções para esses problemas, sem a pretensão
de criar fórmulas mágicas, mas sim de criar um refe- objetividade uma tese, dentro desse tema, sobre a qual
rencial mais concreto e imediato. fôssemos capazes de argumentar, como essa:
O método aqui utilizado refere-se ao método Teo- “A comida dos brasileiros é muito saudável e tem
ria das Máscaras tudo de que ele necessita para seu longo dia de trabalho”.
Leia inicialmente o texto piloto desse projeto: O próximo passo seria o de levantar alguns argumen-
Projeto de dissertação: Exemplos arroz com feijão. tos que sustentassem a tese proposta com valor de ver-
Tema: A alimentação do brasileiro. dade. Veja como fizemos. Já que estávamos falando da
Tese: A comida dos brasileiros é muito saudável e tem alimentação dos brasileiros, nada melhor do que falar-
tudo de que ele necessita para seu longo dia de trabalho. mos sobre seus pontos positivos, pontos estes reconhe-
Argumentos: carboidratos no arroz com feijão; cidos até por especialistas em alimentação mundial. O
proteínas no bife com salada; glicose e cafeína do valor nutricional que compõe o nosso prato mais popu-
cafezinho preto com açúcar. lar. Isso mesmo, o “pf”, o “prato feito” que encontramos
em bares, pequenos restaurantes e, principalmente, na
1° Parágrafo maioria das mesas do povo brasileiro: o arroz com fei-
jão, bife e salada, finalizado com um cafezinho preto.
Todos sabem o quanto, em nosso país, a comida Decompomos esse prato e identificamos seus prin-
é saudável e tem tudo de que os brasileiros necessi- cipais ingredientes, aqueles merecedores de destaque
tam para seu longo dia de trabalho. Verifica-se que como boa argumentação a favor de nossa tese. Marcamos
os carboidratos no arroz com feijão, as proteínas no o “carboidrato”, presente no arroz e no feijão, como nosso
bife com salada além da glicose no cafezinho preto primeiro ponto positivo. Depois foi a vez das “proteínas”
com açúcar fornecem um completo abastecimento de presentes no bife com salada e chegamos, finalmente, à
energia somada ao prazer. “cafeína” e ao “açúcar” presentes no cafezinho. Pronto, já
temos a primeira parte de nosso projeto organizado.
2° Parágrafo O próximo passo é juntar tudo no primeiro parágra-
fo, de maneira organizada, de forma que as ideias sejam
É de fundamental importância o consumo de apresentadas em uma sequência que deixe claro ao leitor
alimentos ricos no fornecimento de energia para a sobre o que será falado e também qual será a sequência
movimentação do nosso corpo. Podemos mencionar, de argumentos que será apresentado para dar credibili-
por exemplo, o arroz com feijão que diariamente dade a nossa tese. Veja o modelo do primeiro parágrafo:
abastece a nossa mesa, por causa de sua riqueza em
carboidratos. Esse complexo alimentar nos recompõe
da energia própria consumida durante o dia. Todos sabem o quanto, em nosso país, _____________
____________________. Verifica-se que____________________(,)
3° Parágrafo ___________________ além de _____________________ forne-
cem (ou - resultam, culminam, têm como consequência...)
_________________________________________________________.
Além disso, as proteínas da carne no bife que
comemos servem para repor a massa muscular per-
dida durante o trabalho. E somando-se a isso, há as Compare agora com o parágrafo preenchido com
fibras das verduras e folhas que ajudam no proces- a tese e com os argumentos e veja a amarração que
samento dos alimentos pelos órgãos digestivos. Daí a conseguimos:
possibilidade de reafirmarmos o valor nutricional do Todos sabem o quanto, em nosso país, a comida é
conjunto de alimentos de nosso prato mais tradicional saudável e tem tudo de que os brasileiros necessitam para
e de justificarmos os hábitos desenvolvidos em nossa o seu longo dia de trabalho. Verifica-se que os carboidra-
cultura culinária. tos no arroz com feijão, as proteínas no bife com salada
além da glicose no cafezinho preto com açúcar fornecem
4° Parágrafo um completo abastecimento de energia somada ao prazer.
A partir daí, fizemos o mesmo para os parágrafos
Ainda convém lembrarmos outro hábito que seguintes, impondo a eles estruturas programadas
contribui para o sucesso do nosso bem elaborado com relação lógica de coerência e coesão. Você perce-
cardápio (que é): o de tomarmos um cafezinho após berá que a continuidade e a progressão textual foram
as refeições. Esse conjunto da cafeína mais o açúcar sendo procuradas e construídas para dar evolução ao
reabastece nosso cérebro de energia desviada para os texto e aos argumentos.
órgãos processadores da digestão no momento em que No segundo parágrafo, iniciamos com uma frase de
comemos. Essas substâncias reprimem a sonolência apresentação que valoriza o primeiro argumento, depois
típica da hora do almoço nos mantendo despertos. fomos completando os espaços em branco que ligavam
os argumentos entre si com relações preestabelecidas
5° Parágrafo de: finalidade ― com a conjunção “para” ―; explicação
― com o “que” ― causa ― com a locução “por causa de”.
Levando-se em consideração esses aspectos Veja que, para manter a continuidade textual recupe-
práticos do prato do brasileiro somos levados a acre- rando sempre a ideia central do parágrafo, nos preocu-
ditar que não é apenas por prazer que somos sedu- pamos em acrescentar o pronome demonstrativo “Esse”
zidos pela nossa culinária, mas também por tudo o fechando com uma conclusão sobre esse argumento.
REDAÇÃO

que ela nos oferece para a manutenção de nossa saúde.


Sendo assim a falta de qualquer um desses ingredien-
tes nos causará debilidade além de insatisfação. É de fundamental importância o_________________
Observe o texto e a estrutura. Imaginemos que o _______________ para_____________________________________.
tema proposto a nós fosse “A alimentação do brasileiro” Podemos mencionar, por exemplo, ______________que_____
e que a partir desse tema tivéssemos que produzir uma _____________________________, por causa de _____________
___________________________. Esse ________________________
dissertação sobre ele. A primeira coisa a fazer seria a
delimitação do tema, ou seja, deveríamos buscar com 535
Observe como ficou a sequência completa do z Ao se examinarem alguns; verifica-se que;
segundo parágrafo: z Pode-se mencionar, por exemplo,
É de fundamental importância o consumo de ali- z Em consequência disso; vê-se; a todo instante;
mentos ricos no fornecimento de energia para a movi- z Alguns argumentam que;
mentação do nosso corpo. Podemos mencionar, por z Além disso;
exemplo, o arroz com feijão que diariamente abastece z Outro fator existente;
a nossa mesa, por causa de sua riqueza em carboidra- z Outra preocupação constante;
tos. Esse complexo alimentar nos recompõe da energia z Ainda convém lembrar;
própria consumida durante o dia. z Por outro lado;
Veja agora uma coletânea de frases que podem z Porém; mas; contudo; todavia; no entanto; entretanto.
auxiliá-lo na introdução de seus parágrafos iniciais:
Lembramos que esses exemplos são apenas suges-
É de conhecimento geral que ... Todos sabem que,
tões e que você poderá desenvolver construções que
em nosso país, há tempos, observa- se...
atendam sua necessidade a partir de quando você
Cogita-se, com muita frequência, que...
Muito se tem discutido, recentemente, acerca de... for adquirindo experiência com a produção de textos.
É de fundamental importância o (a).... Tanto quanto podemos criar padrões para a introdu-
Ao fazer uma análise da sociedade, busca-se desco- ção e para o desenvolvimento de nossas redações, também
brir as causas de.... podemos criá-los para a conclusão de nossa dissertação.
Talvez seja difícil dizer o motivo pelo qual... Acompanhe a organização de nosso último parágrafo.

Assim como no segundo parágrafo, o terceiro e o


quarto também seguiram o mesmo princípio quanto Levando-se em consideração esses aspectos __________
às relações de coesão. As conjunções foram posicio- ________________________ somos levados a acreditar que___
nadas para dar coerência a quase qualquer tipo de _________________________________________________________
_______________________, mas também____________________.
argumentação. Veja os parágrafos seguindo suas res-
Sendo assim ____________________________________________
pectivas estruturas vazias: _________________________________________________________.

3o Parágrafo:
Teremos, após preencher o modelo:
Levando-se em consideração esses aspectos
Além disso, ______________________________. E soman-
práticos do prato do brasileiro somos levados a acre-
do-se a isso,_________________________ que _____________.
Daí__________________________________________________e ditar que não é apenas por prazer que somos sedu-
de______________________________________________________. zidos pela nossa culinária, mas também por tudo o
que ela nos oferece para a manutenção de nossa saúde.
Sendo assim a falta de qualquer um desses ingredien-
Teremos, após preencher o modelo: tes nos causará debilidade além de insatisfação.
Além disso, as proteínas da carne no bife que come- Os aspectos conclusivos presentes nesse último
mos servem para repor a massa muscular perdida parágrafo garantem ao leitor a clareza de que se che-
durante o trabalho. E somando-se a isso, há as fibras
gou ao final do desenvolvimento da tese inicial. As
das verduras e folhas que ajudam no processamento dos
frases em destaque dão força conclusiva ao parágrafo,
alimentos pelos órgãos digestivos. Daí a possibilidade de
conduzindo a sequência textual a uma possível solu-
reafirmarmos o valor nutricional do conjunto de alimen-
ção para os problemas propostos, ou ainda, podem
tos de nosso prato mais tradicional e de justificarmos os
gerar simples constatações das verdades idealizadas.
hábitos desenvolvidos em nossa cultura culinária.
Você também pode contar com uma pequena lista de
frases que podem auxiliá-lo nessa tarefa.
4o Parágrafo:
z Em virtude dos fatos mencionados;
Ainda convém lembrarmos_________________________ z Por isso tudo;
(que é): ________________________________________________ z Levando-se em consideração esses aspectos;
___________. Esse _________________________________ para z Dessa forma;
______________________________. Essa (s) _________________ z Em vista dos argumentos apresentados;
_________________________________________________________. z Dado o exposto;
z Por todos esses aspectos;
z Pela observação dos aspectos analisados; Portanto;
Teremos, após preencher o modelo: logo; então.
Ainda convém lembrarmos outro hábito que con-
tribui para o sucesso do nosso bem elaborado cardápio Após a frase inicial, pode-se continuar a conclusão
que é o de tomarmos um cafezinho após as refeições. com as seguintes frases:
Esse conjunto da cafeína mais o açúcar reabastece
nosso cérebro de energia desviada para os órgãos pro- z somos levados a acreditar que;
cessadores da digestão no momento em que comemos. z é-se levado a acreditar que;
Essas substâncias reprimem a sonolência típica da z entendemos que;
hora do almoço nos mantendo despertos. z entende-se que;
Para os parágrafos de desenvolvimento, também z concluímos que;
podemos relacionar frases que você poderá escolher z conclui-se que;
para dar originalidade ao seu texto: z é necessário que;
536 z faz-se necessário que.
Observe como fica, então, a soma dos parágrafos e
como se deu a criação da primeira máscara: 3o Parágrafo

Outra preocupação constante é _______________


MÁSCARA 01
___________________________________, pois____________
________________________. Como se isso não bastasse,
1o Parágrafo
________________________ que _______________________
____________ Daí _______________________________ que
Todos sabem o quanto, em nosso país,_______________
____________e que__________________________________.
______________Verifica-se que____________________________(,)
__________________________ além de_____________________
_________ fornecem (ou - resultam, culminam, têm como 4o Parágrafo
consequência)_________________________________________.
Também merece destaque ______________________
2o Parágrafo o (a) qual __________________________________________
. Diante disso ________________________para que ____
É de fundamental importância o_________________ ____________________________________________________.
_____________________ para ______________________________.
Podemos mencionar, por exemplo,_______________________ 5o Parágrafo
que_________________________, por causa de________________
_______________. Esse______________________________________.
Tendo em vista os aspectos observados __________
______________________ só nos resta esperar que ___
3 Parágrafo
o
______________________________, ou quem saiba ______
____________________________________________________.
Além disso,________________________________________. E
somando-se a isso,________________________________que_____ Consequentemente_________________________________.
_____________________________. Daí_________________________
____e de__________________________________________________.

4o Parágrafo Sugerimos a você que faça suas primeiras redações


baseadas em uma das máscaras prontas, e conforme
Ainda convém lembrarmos__________________ (que é):______ forem avançando as aulas, você poderá construir a
_______________________. Esse______________________________ suas próprias máscaras personalizadas.
_______________________para_______________________. Essa(s) Por fim, preparamos uma máscara de organização
__________________________________________________________. sequencial para seu projeto de redação. Use-a para se
organizar.
5o Parágrafo

Levando-se em consideração esses aspectos____________ PROJETO DE TEXTO (monte sua dissertação)


somos levados a acreditar que___________________________,
mas também_______________________________________ Sendo 1° Tema: _______________________________________
assim_____________________________________________________. ____________________________________________________

Agora que vimos o processo de criação das más- 2° Tese: ________________________________________


caras, você poderá começar também seu trabalho de
produção. Antes, porém, vamos apresentar mais dois a) ___________________________
outros modelos de máscaras de redação que você 3°Argumentos
poderá usar como base para suas próprias criações.
Vá observando como as máscaras garantem o b)____________________________
encadeamento das ideias, a coesão entre as orações c) ____________________________
e a coerência com as várias possibilidades argumen-
tativas. A seguir temos mais um exemplo de máscara 4° (1º parágrafo) tese + argumentos
_________________________________________________
____________________________________________________
MÁSCARA 02 ____________________________________________________
____________________________________________________
1o Parágrafo ____________________________________________________.
Entre os aspectos referentes a _______________. 5° (2º parágrafo) justificativas (por que isso
______________________ três pontos merecem desta- ocorre?): argumento “a)” + provas e exemplos
que especial. O primeiro é __________________________;
(mostre casos conhecidos ou dê exemplos seme-
o segundo ________________ e por fim________________
lhantes ao seu argumento).
2o Parágrafo
REDAÇÃO

6° Construa o parágrafo unindo as informa-


ções anteriores ao argumento “a)”
Alguns argumentam que_______________________
_________________________________________________
_______________________ para________________________.
____________________________________________________
Isso porque _______________________________. Dessa
____________________________________________________
forma______________________________________________.
__________________________________.

537
Preenchendo o modelo, teremos:
7° Faça o mesmo esquema no 3º e 4º parágra-
fos para os argumentos “b)” e “c)” É fato notório que a alimentação do brasileiro é boa
e tem tudo de que necessitamos para suprir os desgastes
_________________________________________________ de um dia de trabalho. Sabe-se que os carboidratos do
____________________________________________________ arroz e do feijão, as proteínas do bife e da salada, além
____________________________________________________ da glicose do cafezinho preto com açúcar fornecem um
____________________________________________________ completo abastecimento de energia somada ao prazer.
____________________________________________________.
„ Definição: o parágrafo por definição é enten-
8° Elabore sua conclusão: (confirme sua tese dido como um método preferencialmente
dizendo que, se algum dos argumentos não for didático, pois busca, por intermédio de uma
considerado, a ideia inicial não poderá ser sus- explicação clara e breve, a exposição do signifi-
tentada, ou que os resultados propostos não serão cado de uma ideia, palavra ou de uma expres-
atingidos). são. É a forma de exposição dos diversos lados
pelos quais se pode encarar um assunto. Pode
_________________________________________________ apresentar tanto o significado que o termo car-
____________________________________________________ rega no uso geral quanto aquele que o falante
____________________________________________________ pretende determinar para o propósito do seu
____________________________________________________ discurso.
______________________________________________
Uma definição é um enunciado que descreve um
conceito, permitindo diferenciá-lo de outros conceitos
APROFUNDAMENTO DA ELABORAÇÃO DO associados.
PARÁGRAFO DISSERTATIVO Vejam como em nosso parágrafo de exemplo explo-
ramos o conceito global e generalizado sobre o assunto.
Vamos, agora, aprofundar o nosso trabalho com Vocês perceberão como o modelo vazio que segue
a estrutura dos textos dissertativos. Para isso, traba- este exemplo traz a indução do assunto a ser defini-
lharemos as várias modalidades de parágrafos que do. Vale lembrar que, como se trata de uma definição,
podem ser utilizados para a elaboração de uma boa a base dessa informação deve sustentar-se em uma
dissertação. Mostraremos aqui a continuidade de nos- verdade consagrada, diferentemente do que vimos
so projeto de máscaras e os vários arranjos que são no exemplo anterior, já que a declaração inicial pode
possíveis ao construí-las. basear-se em uma posição pessoal a ser defendida.

z Parágrafo de introdução Modelo nº 2


______________________________ é a denominação
O parágrafo de introdução tem como uma de suas dada a ________________________. Essa ____________
funções mais importantes, a de apresentar a tese que ___________________, mas a hipótese mais aceita é
será defendida no decorrer da redação. É também a de que __________________________________________
possível e bastante didático que vocês façam uma pré- ______. Outra versão afirma que esse ____________
via dos argumentos que serão trabalhados na susten- ____________, que tem origem ____________. O que se
tação dessa tese. Assim, o leitor poderá ser orientado, sabe é que _______________________________________.
logo de saída, a acompanhar o ritmo do pensamento
de vocês e a sequência das suas argumentações.
Preenchendo o modelo, teremos:
z Tipos diferentes de parágrafos de introdução:
Arroz com feijão é a denominação dada a um pra-
to típico da América Latina. Essa receita não tem uma
„ Declaração inicial: na declaração afirma-se ou
origem certa, mas a hipótese mais aceita é a de que
nega-se algo de início para em seguida justifi-
seria fruto de uma combinação do arroz (de origem
car-se e comprovar-se a assertiva com exem- oriental) trazido pelos portugueses ao Brasil com o fei-
plos, comparações, testemunhos de autores etc. jão, que já seria consumido no Brasil pelos índios. Outra
Vejamos um exemplo desse tipo de parágrafo versão afirma que esse prato foi a união do arroz com
aplicado à nossa proposta básica que é o proje- a feijoada, que tem origem africana ou portuguesa. O
to arroz-com-feijão. Mais uma vez colocamos a que se sabe é que, ao longo dos séculos, esse prato foi se
estrutura já construída e em seguida a disposi- popularizando por todo o país, passando a ser uma par-
ção vazia do parágrafo que poderá ser utilizada te quase que indispensável da refeição dos brasileiros.
por vocês sempre que desejarem.
„ Divisão: o parágrafo de divisão, processo também
quase que exclusivamente didático, por causa das
Modelo nº 1 suas características de objetividade e clareza, que
consiste em apresentar o tópico frasal (frase que
É fato notório que _____________________________ introduz o parágrafo) sob a forma de divisão ou
___________________________________________________ discriminação das ideias a serem desenvolvidas
______________. Sabe-se que _______________________ (normalmente a divisão vem precedida por uma
________________________, além da _________________ definição, ambas no mesmo parágrafo ou em pará-
__________________________________________________. grafos distintos). Usamos aqui como representação
desse modelo o conceito de silogismo (Um silogis-
mo é um termo filosófico com o qual Aristóteles
538
designou a argumentação lógica perfeita, cons- energia somada ao prazer, justificando os hábitos do
tituída de três proposições declarativas que se passado como responsáveis pelo tradição alimentar que
conectam de tal modo que a partir das primeiras preservamos.
duas, chamadas premissas, é possível deduzir uma
conclusão. A teoria do silogismo foi exposta por „ Interrogação: A ideia núcleo do parágrafo por
Aristóteles em sua obra Analíticos Anteriores. interrogação é colocada por intermédio de uma
pergunta a qual serve mais como recurso retó-
rico, uma vez que a questão levantada deve ser
Modelo nº 3 respondida pelo próprio autor. Seu desenvolvi-
_____________ pode ser representado de duas mento é feito por intermédio da confecção de
maneiras diferentes: ___________ que é ___________ uma resposta à pergunta.
____________ e ___________, que é __________________
_______________. Enquanto a primeira ___________se
apresenta __________________. Esta, por sua vez, rea- Modelo nº 5
liza-se por intermédio de _________________________ Será possível determinar qual é ______________
____________________________________________________. para_____________________________? (Resposta) ______
____________________________________________________.

Preenchendo o modelo, teremos:


Preenchendo o modelo, teremos:
O silogismo pode ser representado de duas manei-
ras diferentes: silogismo simples que é formado por um Será possível determinar qual é a melhor combi-
único núcleo argumentativo e silogismo composto que é nação de alimentos para atender às necessidades diá-
formado por diversos núcleos argumentativos de elabo- rias de nossa população? Qualquer nutricionista dirá
ração complexa. Enquanto a primeira teoria se apre- que sim, pois alimentos ricos em carboidratos e pro-
senta pela estrutura filosófica básica consagrada pela teínas devem compor essa alimentação e não há quase
antiguidade. Esta, por sua vez, realiza-se por inter- nada mais apropriado do que nosso tradicional prato
médio de vários silogismos desenvolvidos para atender de todos os dias. O arroz com feijão tem as proporções
às novas perspectivas de sedução e convencimento. perfeitas para satisfazer essa necessidade que todos
têm de recomposição de força e de energia.
„ Alusão histórica: a elaboração de um parágra-
fo por alusão histórica é um recurso que desperta z Parágrafos de desenvolvimento
sempre a curiosidade do leitor por meio de fatos
históricos, lendas, tradições, crendices, anedotas ou Após o primeiro parágrafo que, como já vimos,
a acontecimentos de que o autor tenha sido parti- pode apresentar a tese e também os argumentos prin-
cipante ou testemunha (desenvolve-se geralmente cipais que serão desenvolvidos, chega a hora de abor-
por meio da comparação com o presente ou retor- dar os elementos que sustentarão essas afirmações
no a ele). A vantagem desse método é o de poder- iniciais. Os parágrafos seguintes deverão conter os
mos mostrar o desenvolvimento cronológico de recursos argumentativos que articularão o convenci-
um assunto, expondo sua evolução no tempo. Lem- mento do leitor quanto à tese apresentada.
brem-se de que, ao se servirem de um fato histórico
para sustentar uma tese, a História é a ciência que „ Tipos diferentes de parágrafos de desenvol-
estuda o homem e sua ação no tempo e no espaço, vimento: as possibilidades de ordenação do
concomitante à análise de processos e eventos ocor- parágrafo são várias: exploração de aspectos
ridos no passado - e como ela é uma ciência, tem, por espaciais e temporais, enumeração de porme-
conseguinte, um grande valor argumentativo. nores, apresentação de analogia, ou contraste,
citação de exemplos, apresentação de causas e
Observem como isso é simples: consequências.

„ Desenvolvimento por exploração espacial: ao


Modelo nº 4 argumentar, vocês podem se servir da exposição
Desde a época da ________________ sabe-se que
de informações relativas ao lugar em que os fatos
___________________________________________________
ocorreram.
para ____________________________________. Principal-
mente hoje em dia, reconhece-se que ____________
_____________________________________________, além Modelo nº 1
de________________________________________________ A cidade (ou região) em destaque é _____________,
____________________________________________________. que fica localizada em ____________, região nobre de
________ É aí onde se localiza ______________________
_____________ dessa região. Cercada por uma densa
Preenchendo o modelo, teremos: floresta ___________________, foi bem no centro desse
REDAÇÃO

____________________________________________________.
Desde a época da escravidão no Brasil sabia-
-se que a alimentação dada a esses novos brasileiros
era boa e tinha tudo de que eles necessitavam para Preenchendo o modelo, teremos:
suprir os desgastes de um longo dia de trabalho. Hoje
em dia principalmente, já se reconhece que os car- A cidade (ou região) em destaque é Pindaíba da
boidratos do arroz e do feijão, as proteínas da carne e Serra, que fica localizada em Monte Mole, região
das verduras fornecem um completo abastecimento de nobre de Pindorama. É aí onde se localiza uma das 539
mais belas reservas naturais de paioca-rija, um cipó „ Desenvolvimento por exploração de contras-
medicinal e afrodisíaco muito cobiçado pelos morado- te de ideias: na ordenação do parágrafo por
res dessa região. Cercada por uma densa floresta exposição de contrastes entre si, vocês pode se
de mambutis gigantes, foi bem no centro desse san- servir de comparações, ideias paralelas, ideias
tuário tropical que a próspera cidadezinha se tornou diferentes e ideias opostas.
uma espécie de centro cultural da região por preservar
até hoje um dos mais tradicionais rituais de nossa his- Modelo nº 4
tória: a sagração da taioba-plus, entidade sagrada e Muitos acreditam que __________________________
reverenciada pelos devotos naobilicos. ________________________________________________, por
causa da _____________________________. Por outro
„ Desenvolvimento por exploração temporal: lado, sabe-se também que _________________________
nesse modelo o leitor é informado do momen- ____________________________________________________
to em que os fatos ocorreram com a indicação ________________, quando muitas vezes _____________
de datas e outros aspectos temporais. Pode-se ____________________________________________________.
recorrer nesse momento aos artifícios empre-
gados no próprio parágrafo de alusão histórica,
já que este também se serve de referências cro- Ao preenchermos o modelo, teremos:
nológicas como em:
Muitos acreditam que o cafezinho preto com açú-
car pode causar excitação e ansiedade quando consu-
Modelo nº 1 mido em excesso, por causa da cafeína e da glicose
A cidade (ou região) em destaque é ____________, presentes nele. Por outro lado, sabe-se também que
que fica localizada em ____________, região nobre de essas substâncias fornecem uma carga suplementar
_________. É aí onde se localiza ____________________ de energia nos deixando despertos logo após o almo-
__________________ dessa região. Cercada por uma ço, quando muitas vezes somos acometidos por uma
densa floresta ____________________, foi bem no cen- sonolência indesejada.
tro desse ___________________________________________ Desenvolvimento por exploração de ideias ana-
____________________________________________________. lógicas e comparação: para organização das ideias,
nossos redatores valem-se de expressões que indicam
confronto valendo-se do artifício de contrapor ideias,
Preenchendo o modelo, teremos: seres, coisas, fatos ou fenômenos. Tal confronto tanto
pode ser de contrastes como de semelhanças. Analo-
No passado, quando pensávamos em alimenta- gia e comparação são também espécies de confronto:
ção, notávamos que sua relação com a sobrevivência “A analogia é uma semelhança parcial que sugere
era muito maior comparada à que vemos nos nos- uma semelhança oculta, mais completa. Na compara-
sos atuais. Hoje, por outro lado, a qualidade desses ção, as semelhanças são reais, sensíveis numa forma
alimentos e a qualidade da saúde que eles proporcio- verbal própria, em que entram normalmente os cha-
nam tornaram-se o foco desse pensamento. O resul- mados conectivos de comparação (quanto, como, do
tado disso é que comer, na atualidade, tornou-se que, tal qual)”. – Comunicação em prosa Moderna –
um ritual de bem viver. Othon M. Garcia. Por exemplo:

„ Desenvolvimento por exploração de porme-


Modelo nº 5
nores ou de enumerações: nesse modelo de
parágrafo, vocês têm por objetivo enumerar No caso das _______________________, porque cada
características, relacionar aspectos importan- qual tem seus próprios valores __________________.
tes sobre algum assunto. A apresentação das Enquanto a __________________________________, as
ideias pode ser ou não ordenada segundo uma ________, por sua vez, _____________________________.
ordem de importância. A ordem depende do
que vocês pretendem enfatizar. Ao preenchermos o modelo, teremos:

Modelo nº 3 No caso das proteínas do bife e da salada que


Entre os aspectos referentes a__________________ comemos, seria melhor não generalizar, porque cada
_______________________ três pontos merecem desta- qual tem seus próprios valores para a alimentação.
que especial. O primeiro é _________________________ Enquanto a carne é rica em proteínas que repõem as
__________; o segundo________________ e por fim ____ perdas musculares pelo desgaste do dia-a-dia, as verdu-
____________________________________________________. ras, por sua vez, oferecem as fibras que nos auxiliam
no processamento dos alimentos pelo nosso organismo
ajudando na absorção dos nutrientes.
Ao preenchermos o modelo, teremos:
„ Desenvolvimento por exploração de causa
Entre os aspectos referentes à alimentação dos e consequência: Dentro de uma perspectiva
brasileiros, três pontos merecem destaque especial. O lógica e simples devemos compreender causa
primeiro é quanto aos carboidratos presentes no arroz como um fator como gerador de problemas e
com feijão; o segundo diz respeito às proteínas pre- consequência como os problemas gerados pela
sentes no bife com salada e por fim a glicose somada à causa. Trabalhar com causas e consequências é
cafeína no cafezinho preto com açúcar que fornecem um apresentar os aspectos que levaram ao proble-
540 completo abastecimento de energia somada ao prazer. ma discutido e as suas decorrências.
que ela nos oferece para a manutenção de nossa saúde.
Modelo nº 6 Sendo assim, a falta de qualquer um desses ingredien-
É de fundamental importância o ___________ tes nos causará debilidade além de insatisfação.
___________________________________________________
__________ para___________________. Podemos men- „ Conclusão por questionamento: nesse mode-
cionar, por exemplo, ____________________________ lo vocês partem de um questionamento para
que____________________, por causa ________________. encerrar seu raciocínio. Mas não se esqueçam
de que vocês não devem colocar em dúvida os
argumentos desenvolvidos em sua redação.
Ao preenchermos o modelo, teremos:

É de fundamental importância o consumo de ali- Modelo Nº 2


mentos ricos no fornecimento de energia para a movi- O que mais há para ser tomado como _________
mentação do nosso corpo. Podemos mencionar, por _________________________(?) _______________________
exemplo, o arroz com feijão que diariamente abastece acreditar que ____________________________________
a nossa mesa, por causa de sua riqueza em carboidra- _______________, mas também ____________________
tos. Esse complexo alimentar nos recompõe da energia _______________________________(?) Certamente que
própria consumida durante o dia. sim, pois _________________________________________.

z Parágrafo de conclusão
Preenchendo o modelo, teremos:
A conclusão de uma dissertação é o momento de
se mostrar que o objetivo proposto na introdução foi O que mais há para ser tomado como positivo
atingido. É de fundamental importância que não ocor- e prático no prato dos brasileiros? O que sabemos nos
ra contradição com a tese proposta no início de sua leva a acreditar que não é apenas por prazer que
redação, o que descaracterizaria toda a argumenta- somos seduzidos pela nossa culinária, mas tam-
ção. Vocês, nesse momento, devem fazer uma síntese bém por tudo o que ela nos oferece para a manutenção
geral; ou retomar a ideia inicial, reforçando os pon- de nossa saúde. E a falta desses ingredientes mudará a
tos de partida do raciocínio. Podem também demons- saúde de nossa população? Certamente que sim, pois
trar que uma solução a um problema foi encontrada a carência de tais ingredientes nos causará debilidade
ou que uma proposta de solução pode ser alcança- além de insatisfação.
da, ou ainda que uma resposta a uma pergunta foi
encontrada. „ Conclusão por resposta, solução ou propos-
Esse momento pode também gerar um questio- ta: vocês levantam uma (ou mais) hipóteses ou
namento final, desde que não concorra com suas sugestões do que se deve fazer para transfor-
exposições anteriores. A satisfação do leitor deve ser mar a história mostrada durante o desenrolar
contemplada na conclusão para que ele não se sinta do texto.
frustrado pela expectativa criada quanto ao tema.
Essa volta ao início do texto que a conclusão faz é algo
que chamamos de circularidade. Esse caráter finaliza- Modelo nº 3
dor da conclusão também colabora para a progressão Tendo em vista os aspectos observados sobre
e continuidade textual. _________________, só nos resta esperar que
____________________________. Ou quem saiba ainda
„ Tipos diferentes de parágrafos de conclusão: que ____________________________________ para que
podemos enumerar alguns exemplos de con- ______________________ Consequentemente ________
clusões satisfatórias que todos poderão usar __________________________________________________.
em seus textos dissertativos.
„ Conclusão por síntese ou resumo: o primei-
ro recurso com que trabalharemos será o do Preenchendo o modelo, teremos:
resumo ou síntese geral. Nesse caso vocês reto-
mam, resumidamente, aquilo que exploraram Tendo em vista os aspectos observados sobre
durante o texto: nossa alimentação, só nos resta esperar que se
garanta a todo brasileiro o acesso a esse rico cardápio.
Ou quem saiba ainda que se divulgue o sucesso de
Modelo nº 1 nossa combinação alimentar para que o mundo saiba
Levando-se em consideração esses aspectos que no Brasil se come bem. Consequentemente será
__________________ somos levados a acreditar que possível a qualquer um balancear com eficiência e bai-
não é apenas por ____________________________, mas xo custo do que se põe na mesa de sua casa.
também _________________________________. Sendo Agora, basta começar a criar os próprios arranjos
assim_____________________________________________. e utilizar essas técnicas para compor redações eficien-
tes que garantam seu sucesso em qualquer tipo de
REDAÇÃO

concurso que peça a vocês um posicionamento espe-


Ao preenchermos o modelo, teremos: cífico sobre qualquer tema.

Levando-se em consideração esses aspectos Construindo as Máscaras de Redação


práticos do prato do brasileiro, somos levados a acre-
ditar que não é apenas por prazer que somos sedu- Vamos agora montar nosso quebra-cabeças? Veja
zidos pela nossa culinária, mas também por tudo o como arranjamos os modelos de maneiras diferentes.
541
z Modelo n° 1: Introdução (declaração inicial) Observe que fizemos a opção por abrir nossa reda-
ção com uma declaração inicial. Como abordamos um
tema geral, sem uma relevância científica notória e
que representa na verdade um conhecimento cultural
É fato notório que ____________________________ somado às observações de médicos e nutricionistas,
__________________________________________. Sabe-se a declaração foi a melhor alternativa, já que não se
que _____________________, além da ________________. compromete com a obrigatoriedade de recorrência a
uma fonte de conhecimento referencial.
Em seguida, arranjamos os parágrafos de desen-
z Modelo n° 2: desenvolvimento (pormenores ou volvimento mesclando os vários modelos apresen-
de enumerações) tados anteriormente. Ao mesmo tempo em que eles
nos ofereciam diversas alternativas para a estrutura-
ção de nosso projeto, também nos orientavam dando
caminhos a seguir na argumentação. É como se mon-
Entre os aspectos referentes a ___________________ tássemos realmente um quebra-cabeça.
três pontos merecem destaque especial. O primei- Escolhemos três modelos diferentes de parágrafos
ro é ___________________________________; o segundo de desenvolvimento para esse projeto. Por enume-
_________________ e por fim ________________________. rações, o temporal e o por contraste. Forçamos um
pouco a barra, primeiro criando a máscara para, só
Modelo nº 2: desenvolvimento (temporal) depois, completar nossa redação. Afinal de contas,
No passado, quando pensávamos em _______, essa é a vantagem do projeto de máscaras.
notávamos que ___________________. era ____________ Veja como ficou:
comparada à que vemos recentemente . Hoje, por
outro lado, _______________________________ torna-
É fato notório que a comida dos brasileiros é mui-
ram-se _____________. O resultado disso é que ______,
to boa e tem tudo de que eles necessitam para o seu
na atualidade, tornou-se _________________________.
longo dia de trabalho. Sabe-se que o arroz-com-feijão
nos fornece um completo abastecimento de energia
z Modelo n° 3: desenvolvimento (contraste de ideias) somado ao prazer.
Entre os aspectos referentes a esse par con-
siderado completo que é o arroz com feijão, três
pontos merecem destaque especial. O primeiro
Muitos acreditam que ________________________
está na riqueza de carboidratos presentes nele e que
_________________________________________, por cau-
nos reabastece repondo a energia consumida duran-
sa da ____________________________. Por outro lado,
te o dia; o segundo nos reporta ao sabor exótico e
sabe-se também que______________________________
marcante que o alimento oferece, tornando-o sem-
_______________, quando muitas vezes _____________. pre uma escolha positiva quanto ao prazer e por fim
deve-se levar em conta a vantagem do baixo custo
dessa combinação se comparado a outros alimen-
z Modelo n° 4: conclusão (síntese ou resumo) tos também computados como importantes para a
composição de uma alimentação rica.
No passado, quando pensávamos em alimen-
Levando-se em consideração esses aspectos tação, notávamos que sua relação com sobrevi-
______________ somos levados a acreditar que não é vência era muito maior comparada à que vemos
apenas por _________________________________, mas recentemente. Hoje, por outro lado, a qualidade
também____________. Sendo assim________________. desses alimentos e a qualidade da saúde que eles pro-
porcionam tornaram-se o foco desse pensamento.
O resultado disso é que comer, na atualidade,
tornou-se um ritual de bem viver.
Nova máscara Muitos acreditam que a comida presente em
É fato notório que __________________. Sabe- nossas mesas é uma das mais saudáveis do mun-
-se que ___________________________, além da do, por causa da sua variedade e equilíbrio. Por
____________________. Entre os aspectos referentes outro lado, sabe-se também que poderá engor-
a __________ três pontos merecem destaque espe- dar, quando muitas vezes for consumida sem
cial. O primeiro é ___________________; o segun- medida, com inspiração apenas no sabor e no pra-
do_____________________ e por fim _______________. zer que oferece.
No passado, quando pensávamos em __________, Levando-se em consideração esses aspectos
notávamos que ___________________________ era práticos do prato do brasileiro somos levados a
____________ comparada à que vemos recentemen- acreditar que não é apenas por prazer que somos
te. Hoje, por outro lado, _________________________ seduzidos pela nossa culinária, mas também por
tornaram-se _________________. O resultado disso é tudo o que ela nos oferece para a manutenção de
que ______, na atualidade, tornou-se ____________. nossa saúde. Sendo assim, concluímos que a falta
Muitos acreditam que _____________________, por desse ingrediente em nossa mesa nos causará debili-
causa da __________________________. Por outro dade além de insatisfação.
lado, sabe-se também que _________________, quan-
do muitas vezes _______________. Levando-se em
Com esses modelos apresentados, desejamos mos-
consideração esses aspectos _________________
trar que é possível se programar e treinar as habili-
somos levados a acreditar que não é apenas por
dades de produção textual. Porém, é de fundamental
_______________________________, mas também
importância que você busque ou crie um modelo de
_____________________. Sendo assim ______.
máscara com o qual mais se identifique. Isso para que,
542
no momento da produção de sua redação, principal- O último item desse quesito trata da paragrafação,
mente durante uma prova de concurso, você esteja ou seja, disposição dos parágrafos dentro da redação.
preparado e, com isso, não perca tempo, buscando O candidato deverá deixar bem clara a distância em
inspiração. que se iniciará a escritura do parágrafo para que se
faça a diferença com a escrita iniciada junto à mar-
gem. Um afastamento de aproximadamente 2 cm já
20 DICAS COM SÍNTESE DE ALGUNS ASPECTOS DE
é suficiente, ou ainda recorra à velha dica da escola,
GRANDE RELEVÂNCIA
pulando dois dedos.

Reunimos aqui algumas informações importantes


z 2° O erro: apenas uma linha sobre as palavras
para a organização e revisão de seu trabalho. Algumas erradas;
até já foram trabalhadas anteriormente, mas as retoma- Já falamos sobre isso, mas vou trazer esse item de
remos para criar um procedimento de observação geral. volta:
Você deve apenas passar um traço sobre a palavra,
z 1° Estética: grafia / alinhamento / paragrafação / a frase, o trecho ou o sinal gráfico e escrever em segui-
respeito às margens; da o respectivo substituto.
Essa serve para qualquer prova de concurso. Já Margens
Exemplo:
falamos a respeito disso, mas é importante reforçar. Depois de hoje, iremos para nossas cag casas muito
A maioria das bancas exige que os candidatos apre- felizes.
sentem uma escrita que permita a leitura clara do tex-
to sem a preocupação com o tipo de letra, respeitando z 3° Faça períodos curtos: + ou - 3 períodos por
apenas questões de caixa alta (letra grande marcan- parágrafo.
do o início de frases e nomes próprios) e caixa baixa Com os modelos que lhes apresentamos, vocês
(letra pequena compondo o restante da palavra). puderam observar que, para cada parágrafo de apro-
A segunda parte desse item aborda o respeito às ximadamente 5 linhas, usamos pelo menos 3 perío-
margens. É de fundamental importância a disposição dos. Com isso conseguimos algumas vantagens como
do texto na folha definitiva. O texto deverá respeitar a de ser mais objetivos e diretos ao abordar uma ideia
os limites impostos pelas margens direita e esquerda, e também a de isolar um possível erro dentro de um
nunca ultrapassando seus limites nem se distancian- período sem projetá-lo para o resto do parágrafo.
do demasiadamente delas:
(1)É de fundamental importância o ........................
........................ ........................ ........................ ........................
para........................ ........................./(2) Podemos mencio-
nar, por exemplo, ................................................................
Margens que........................ ........................, por causa ....................
.........................../ (3) Esse ........................ ........................do
que........................ .........................

Na margem esquerda da folha definitiva de reda-


z 4° A ordem direta facilita na correta pontuação;
ção, deve-se iniciar a escrita imediatamente ao lado
da linha, sem deixar folga alguma entre a primeira
Uma das importantes regras de pontuação que
letra e a demarcação da margem;
determina o correto emprego da vírgula orienta que,
se a oração estiver em ordem direta (sujeito + verbo +
complementos), não se deve usar vírgula para sepa-
rar termos que se complementam sintaticamente. Ou
seja, se estiver com alguma dúvida quanto ao uso de
vírgula, reorganize a oração para ver se fica mais fácil
a compreensão da estrutura.
Exemplo:

Na margem direita, a preocupação do candidato Ordem com termo deslocado:


aumenta, pois além de se preocupar com as questões
de divisão silábica e o correto emprego do hífen para
essa função, ele também deverá se preocupar em não Termo deslocado Sujeito Verbo
ultrapassar a linha demarcatória da margem;
Hoje pela manhã, eu comprei um belo carro novo.
REDAÇÃO

2 cm
Parágrafo Ordem direta:
Eu comprei um belo carro novo hoje pela manhã.
Margens
z 5° Colocação pronominal: qualquer palavra atrai
o pronome oblíquo, por isso não inicie orações e
períodos com verbo. 543
Caso você esteja com qualquer dúvida em relação z 15° Atente para as expressões vagas ou de signifi-
à colocação pronominal, coloque uma palavra antes cado amplo e sua adequada contextualização. Ex.:
do verbo e o pronome será atraído para trás do verbo. conceitos como “certo”, “errado”, “democracia”,
Assim a colocação pronominal sempre ficará correta. “justiça”, “liberdade”, “felicidade” etc.
z 16° Evite expressões como “belo”, “bom’, “mau”,
Falaria-se muito sobre este assunto naquele dia.
“incrível”, “péssimo”, “triste”, “pobre”, “rico” etc;
(errado)
são juízos de valor sem carga informativa, impre-
cisos e subjetivos.
Falar-se-ia muito sobre este assunto naquele dia.
(certo) z 17° Fuja do lugar-comum, frases feitas e expres-
Ou sões cristalizadas: “a pureza das crianças”, “a sabe-
Muito se falaria sobre este assunto naquele dia. doria dos velhos”. A palavra “coisa”, gírias e vícios
(sempre certo) da linguagem oral devem ser evitados, bem como
o uso de “etc” e as abreviações.
z 6° Impessoalidade: as verdades gerais sempre
z 18° Não se usam entre aspas palavras estrangei-
têm maior valor.
ras sem correspondência na língua portuguesa:
As opiniões pessoais pouco contribuem para a
hippie, status, dark, punk, chips etc.
sustentação de uma ideia. Por isso as afirmações
apresentadas terão melhor aceitação se trouxerem z 19° Observe se não há repetição de ideias, falta de
representações gerais de valor coletivo: clareza, construções sem nexo (conjunções mal
Acredita-se em vez de Acredito empregadas), falta de concatenação (coesão) de
Sabe-se em vez de Sei ideias nas frases e nos parágrafos entre si, divaga-
Ou outras expressões generalizantes como: ção ou fuga ao tema proposto.
É de conhecimento geral... / Muitos entendem
que... / Muito se tem discutido sobre... z 20° Caso você tenha feito uma pergunta na tese
ou no corpo do texto, verifique se a argumenta-
z 7° A tese: é aí que você apresenta o seu ponto de ção responde à pergunta. Se você eventualmente
vista, o seu posicionamento diante do tema; encerrar o texto com uma interrogação, esta pode
estar corretamente empregada desde que a argu-
z 8° Os argumentos: é comum a cobrança de temas mentação responda à questão. Se o texto for vago,
próprios às funções dos cargos disputados, por isso a interrogação será retórica e vazia.
preste sempre atenção nos assuntos recorrentes
dos textos da prova;
z 9° Não se põe título nas redações para concursos: a
menos que isso seja uma exigência do edital. ANOTAÇÕES
z 10° Evite a repetição das palavras: use sinôni-
mos e outros termos de recuperação.

que = o qual / a qual;


onde = em que , no qual / na qual;

z 11° Vocabulário: procure sempre a clareza na


apropriação vocabular. A linguagem simples torna
o texto mais fluente: pense em explicar seus argu-
mentos como se falasse a uma criança de 10 anos.
Não use erudições do tipo “hodiernamente”; diga:
atualmente ou hoje em dia
z 12° Interferência positiva: se possível apresen-
te propostas que deem solução aos problemas
levantados na redação. Não fique apenas fazendo
constatações óbvias. “Se é para falar bobagem, o
melhor é ficar quieto.”

z 13° Não faça críticas ao governo: essa postura é


pobre e pouco criativa – é o que se chama de lugar
comum. É como se vocês fossem pedir emprego
em uma empresa e criticassem o patrão durante a
entrevista. Isso é ser muito ingênuo.
z 14° O rascunho é importante: é a sua garantia de
poder fazer uma revisão eliminando erros, além
disso, o acabamento bem feito garante a você até
10 % da nota da redação se a estética for um dos
critérios de pontuação. Vale sempre a pena capri-
char. Lembre-se de que é função de quem escreve
seduzir o leitor e o estímulo visual contribui para
544 que haja uma boa impressão;

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