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Estudo da Matéria. Classificações da matéria. Estados da Matéria. Propriedades da matéria.

Mudanças de fase, Diagramas de fases.


1 - Introdução:
Química é a ciência que estuda a matéria e sua composição, propriedades, estrutura e reações.
Matéria é o material do qual o universo é constituído. Em outras palavras é tudo aquilo que ocupa
lugar no espaço. Em qualquer de seus três estados físicos estáveis sólido, líquido ou gasoso, a
matéria pode ser homogênea ou heterogênea.
O estudo da composição da matéria envolve os aspectos relacionados à homogeneidade, as-
sim como a identificação e quantificação de seus constituintes.
A observação das propriedades da matéria tem como objetivo a caracterização de seus com-
portamentos físicos e químicos perante diferentes condições às quais pode ser submetida. Para a
Engenharia este estudo é fundamental para escolha dos materiais adequados às diferentes condi-
ções de aplicação.
A estrutura da matéria pode, em um plano mais simples, estar associada ao estado físico
desta. Uma análise mais complexa pode, por exemplo, identificar diferentes graus de organização
no estado sólido. Como resultado temse o conhecimento da existência de estruturas bastante or-
ganizadas (cristalinas) e de estruturas amorfas e da importância das mesmas no comportamento e
aplicação dos materiais. Finalmente, podemos caracterizar a estrutura da matéria a níveis mole-
culares e atômicos, que permitem prever diretamente a maioria de suas propriedades físicas e
químicas.
O estudo da reatividade dos materiais permite conhecer a capacidade de transformação em
novos materiais, assim como sua vulnerabilidade em termos de degradabilidade química.
Na natureza, os materiais são constituídos de misturas de compostos e, em menor proporção,
de elementos. A seguir, conceituaremos misturas, compostos ou substâncias compostas e elemen-
tos ou substâncias simples.

2 - Estados da matéria
A matéria pode ser um gás, um líquido ou um sólido.

Organização molecular segundo os três estados da matéria.

2.1 - O estado gasoso

Em termos de propriedades físicas das substâncias entendidas em termos de teoria cinética


molecular os gases são altamente compressíveis, assumem a forma e o volume do recipiente. As
moléculas de gás estão separadas e não interagem muito entre si. Isto resulta em baixas densidades
e no fato de um gás ocupar completamente o recipiente que o contém.

2.2 - O estado líquido


As moléculas de líquidos são mantidas mais próximas do que as moléculas de gases, mas não de
maneira tão rígida de tal forma que as moléculas não possam deslizar umas sobre as outras. Como
estas podem se mover, os líquidos adquirem o formato do recipiente. As forças que mantêm uni-
das as partículas do líquido resultam em diversas propriedades:

2.2.1 – Viscosidade:
Viscosidade é a resistência de um líquido em fluir. Um líquido flui através do deslizamento
das moléculas sobre outras. Quanto mais fortes são as forças intermoleculares, maior é a viscosi-
dade.
Tabela1. Viscosidades de uma série de hidrocarbonetos a 20 °C

2.2.2 - Tensão superficial:


A tensão superficial é a energia necessária para aumentar a área superficial de um líquido.
As moléculas volumosas (aquelas no líquido) são igualmente atraídas pelas suas vizinhas. As
moléculas da superfície são atraídas apenas para dentro no sentido das moléculas volumosas.
Consequentemente, as moléculas da superfície estão mais densamente empacotadas do que as
moléculas volumosas.

Representação da ação da tensão superficial sobre as moléculas.


• As forças de coesão ligam as moléculas entre si.
• As forças de adesão ligam as moléculas a uma superfície.
• Menisco é a forma da superfície do líquido.
Se as forças de adesão são maiores do que as forças de coesão, a superfície do líquido é atraída
para o seu recipiente mais do que as moléculas volumosas. Portanto, o menisco tem formato de
U (por exemplo, água em um copo). Se as forças de coesão são maiores do que as forças de
adesão, o menisco é curvo para baixo.

2.3 - O estado sólido


Temos um sólido quando as moléculas estão unidas e geralmente ordenadas de maneira si-
métrica. À temperatura ambiente, os sólidos não são compressíveis e geralmente possuem unida-
des repetidas regulares com ou sem conectividade entre as unidades.
2.3.1 - Sólidos cristalinos possuem pontos de fusão definidos.

2.3.1.1 - Iônicos.

Os íons estão arranjados em unidades repetidas.


Exemplo NaCl.
Num cristal iônico, como no cloreto de sódio, os íons de cargas opostas
ocupam determinadas posições do retículo cristalino. As forças de atração
entre esses íons são do tipo eletrostático. Um íon positivo (cátion), por
exemplo, mantém se atraído aos íons negativos (ânions) que o cercam. Da
mesma forma, cada ânion é cercado por cátions, em uma rede tridimensi-
onal infinita.

2.3.1.2 - Covalentes.

Unidades repetidas de átomos ligados por covalência.


Exemplo: grafita
Num cristal covalente, como no diamante, C∞, ou na sílica, (SiO2)∞,
os átomos que o constituem estão unidos pelas ligações covalentes.
Tratam se de estruturas covalentes tridimensionais infinitas, em lu-
gar de íons ou moléculas discretas.

2.3.1.3 - Moleculares.

Unidades repetidas formadas por moléculas.


Exemplo: gelo.
Num cristal molecular, como no gelo (H2O), no gelo seco (CO2), etc.,
existem moléculas bem definidas, que se atraem através de ligações inter-
moleculares. Estas ligações podem ser bastante intensas, como as ligações
de hidrogênio, ou fracas, como as forças de London.

2.3.1.4 - Metálicos.

Unidades repetidas formadas por átomos metálicos. Os elétrons de


valência estão livres para saltarem de um átomo para outro. Num
cristal metálico, como no cobre, no ferro, nas ligas metálicas, etc.,
os íons positivos do metal estão fortemente empilhados e unidos por
uma "nuvem eletrônica" móvel. Observe que, diferentemente do
cristal iônico, não existem íons de cargas opostas que se atraem ele-
trostaticamente.

2.3.2 - Sólidos amorfos


Não possuem pontos de fusão definidos ou unidades repetidas regulares. Num sólido amorfo,
como no vidro e na maioria dos plásticos, existem moléculas gigantes (macromoléculas), que se
atraem através de ligações intermoleculares, mas que não se empacotam de forma organizada
como num cristal.
3 - Mudança de estados físicos
Sublimação: sólido → gás.
Vaporização: líquido → gás.
Derretimento ou fusão: sólido → líquido.
Deposição: gás → sólido.
Condensação: gás → líquido.
Congelamento: líquido → sólido.

Diagrama de mudanças de estado, com os nomes particulares que cada uma delas recebe.

4 - Diagramas de mudança de estado físico


Ao aquecermos uma amostra de substância pura, como, por exemplo, a água no estado sólido
e anotarmos as temperaturas nas quais ocorrem as mudanças de estado, ao nível do mar, obtere-
mos o seguinte gráfico, onde: t1 = temperatura inicial ; t2 = temperatura do início da fusão; t3 =
temperatura do final da fusão; t4 = início da ebulição ; t5 = fim da ebulição; t6 = temperatura do
vapor

Pelo gráfico podemos observar que a temperatura de fusão (TF) da água é 0 °C e a sua tem-
peratura de ebulição (TE) é de 100 °C. O gráfico de aquecimento da água apresenta dois patama-
res, os quais indicam que, durante as mudanças de estado, a temperatura permanece constante.
Se aquecermos uma amostra de mistura, como, por exemplo, de água e açúcar e anotarmos
as temperaturas nas quais ocorrem as mudanças de estado, a 1 atm, obteremos o gráfico abaixo.

Observando notamos que nas mudanças de estado da mistura, as temperaturas de fusão e


ebulição não permanecem constantes.

5 - Mudança de Fase
Variações de energia acompanhando as mudanças de fase
Todas as mudanças de fase são possíveis sob condições adequadas, mas a grande maioria ocorre
pela mudança das condições térmicas.
A sequência aquecer sólido → derreter → aquecer líquido → ferver → aquecer gás, ocorre pela
absorção de energia (aumento da temperatura) e é dita endotérmica.
A sequência resfriar gás → condensar → resfriar líquido → congelar → resfriar sólido, acontece
pela liberação da energia (diminuição da temperatura) e é dita exotérmica.

5.1 - A Pressão de vapor:


Podemos entender a pressão de vapor como a capacidade das moléculas em escapar de um
determinado líquido. Em termos moleculares, algumas das moléculas na superfície de um líquido
têm energia suficiente para escaparem da atração do líquido volumoso. Essas moléculas se movi-
mentam na fase gasosa. À medida que aumenta o número de moléculas na fase gasosa, algumas
das moléculas atingem a superfície e retornam ao líquido. Após algum tempo, a pressão do gás
será constante à pressão de vapor.
Durante todo o processo moléculas são trocadas entre as fases, isto é, se duas moléculas do
líquido migram para a fase gasosa, duas migram da fase gás para a fase líquida. Este processo é
conhecido como equilíbrio termodinâmico. A pressão de vapor é a pressão exercida quando o
líquido e o vapor estão em equilíbrio dinâmico. Quando este sistema está deslocado na direção
do gasoso o líquido evapora. As substâncias voláteis evaporam rapidamente. Quanto mais alta for
à temperatura, mais alta a energia cinética média, mais rapidamente o líquido evaporará.
.

5.2 - Ponto de ebulição:


Temperatura em que a pressão de vapor do líquido é igual à pressão atmosférica. Os líquidos
entram em ebulição quando a pressão externa se iguala à pressão de vapor. A temperatura do
ponto de ebulição aumenta à medida que a pressão aumenta. Duas maneiras de levar um líquido
à ebulição: aumentar a temperatura ou diminuir a pressão. As panelas de pressão operam a alta
pressão. A alta pressão o ponto de ebulição da água é mais alto do que a 1 atm.
Consequentemente, há uma temperatura mais alta em que a comida é cozida, reduzindo o
tempo necessário de cozimento. O ponto de ebulição normal é o ponto de ebulição a 760 mmHg
(1 atm).

5.3 - Diagrama de fases


É o gráfico da pressão versus temperatura resumindo todos os equilíbrios entre as
fases. Dada uma temperatura e uma pressão, os diagramas de fases nos dizem qual fase
existirá. Qualquer combinação de temperatura e pressão que não esteja em uma curva
representa uma fase única.
Características de um diagrama de fases:
Ponto triplo: temperatura e pressão nas quais todas as três fases estão em equilíbrio.
Curva de vapor pressão: geralmente, à medida que a pressão aumenta, a temperatura
aumenta.
Ponto crítico: temperatura e pressão críticas para o gás.
Curva de ponto de fusão: à medida que a pressão aumenta, a fase sólida é favorecida, se
o sólido é mais denso do que o líquido.
Ponto de fusão normal: ponto de fusão a 1 atm.

6 - Classificação da matéria
Na natureza, os materiais são constituídos de misturas de compostos e, em menor
proporção, de elementos.

6.1- Substância

6.1.1 - Substância pura:


É a espécie da matéria que apresenta uma composição química fixa e suas constan-
tes físicas bem definidas. Pode ser simples ou composta.

6.1.1.1 - Substância pura simples:


Também denominada de elemento. É constituída por minúsculas partículas, átomos,
que são quimicamente iguais. Elementos puros não podem ser separados em componen-
tes mais simples, nem por técnicas físicas, nem por reações químicas.

6.1.1.2 - Substância pura composta:


Também denominada de composto. É constituída por átomos quimicamente dife-
rentes. Composto pode ser desdobrado em dois ou mais elementos por reações químicas.
6.1.2 - Substância impura:
É uma mistura, que pode ser homogênea (uma fase) ou heterogênea (uma ou mais fases); em
cada fase, a composição química é fixa e as constantes físicas são bem definidas.

6.1.2.1- Mistura
As misturas, tanto as homogêneas quanto as heterogêneas, podem ser separadas em componentes
mais simples por técnicas físicas, tais como filtração, destilação e centrifugação.

Quadro resumo:
7 – Separação de Misturas

7.1 – Técnicas Físicas de Separação – Destilação

7.1.1 - Introdução:
Inúmeros produtos químicos de importância comercial são conhecidos atualmente. Destes, muitos
são de origem natural, como o petróleo, os minerais, diversos corantes e produtos de aplicação
medicinal. Por outro lado, muitos produtos químicos são sintetizados industrialmente, por meio
de reações químicas. Raramente os produtos de origem natural estão disponíveis puros; normal-
mente os encontramos misturados a outros componentes de menor interesse comercial ou tecno-
lógico. Da mesma forma, os produtos químicos sintetizados pelo homem quase sempre são obti-
dos em misturas. Portanto, a aplicação industrial destes produtos, tanto de origem natural, quanto
de origem artificial, geralmente é precedida pela necessidade de sua separação ou purificação.
Para a obtenção de uma substância pura, é necessário separá-la da mistura que a contém. Tais
separações estão baseadas em diferenças de propriedades entre os componentes de uma mistura.
Em comparação às misturas homogêneas, uma mistura heterogênea pode ser separada por meio
de processos mais simples e baratos. Por exemplo, uma mistura de sólidos, com diferentes granu-
lometrias, pode ser submetida a um simples peneiramento, enquanto que uma mistura contendo
duas fases líquidas pode ser separada por uma simples decantação. Quando o engenheiro enfrenta
o problema de separar certos componentes contidos numa mistura homogênea, utiliza as diferen-
ças de propriedades dos constituintes da mistura para conseguir o seu objetivo. Examina as diver-
sas propriedades químicas e físicas dos constituintes da mistura para determinar qual delas oferece
a maior diferença entre os componentes, pois uma diferença maior possibilitará, em geral, uma
separação mais fácil e mais econômica. Como é natural, o engenheiro deve considerar diversos
outros fatores para chegar à escolha final do processo separativo, tais como às exigências de ener-
gia e o custo de cada processo.

7.2 - Técnicas de separação:


Em uma mistura as substâncias não perdem suas propriedades individuais, podendo facilmente
ser separadas por processos físicos. Para a obtenção de uma substância pura, é necessário separá--
la da mistura que a contém. Tais separações estão baseadas em diferenças de propriedades entre
os componentes de uma mistura.

7.2.1. Destilação:
Consiste em vaporizar o componente de menor Ponto de ebulição (P.E.), o qual é separado da
mistura, e é novamente liquefeito em um dispositivo chamado condensador, sendo recolhido em
um recipiente.

7.2.1.1 Destilação Simples:


Aplica-se a uma mistura onde apenas um dos componentes é volátil, sendo este separado da
mistura. Ex.: NaCl + H2O

Esquema demonstrativo do processo de destilação simples.

7.2.1.2 Destilação Fracionada


Separação entre componentes voláteis utilizando coluna de fracionamento. Aplica-se a uma mis-
tura onde mais de um componente é volátil.
Exemplo1: Separação por destilação da mistura de éter etílico (P.E. = 35ºC) e benzeno (P.E. =
80ºC).
Exemplo2: Destilação fracionada em escala industrial: Destilação fracionada do petróleo. Com-
postos obtidos: gás natural, gasolina, óleo diesel, etc..

7.2.1.3 Destilação fracionada do petróleo


O petróleo é uma mistura de muitas substâncias. Na refinaria de petróleo, as substâncias são se-
paradas por destilação. A separação dos compostos do petróleo é feita em colunas de fraciona-
mento. Na parte de cima da coluna sai a substância que ferve primeiro. Os vários componentes
do petróleo bruto têm tamanhos, pesos e temperaturas de ebulição diferentes. Por isso, o primeiro
passo é separar esses componentes. E devido à diferença de suas temperaturas de ebulição, eles
podem ser facilmente separados por um processo chamado de destilação fracionada.
Etapas da destilação fracionada do petróleo
1. Aquecer a mistura de duas ou mais substâncias (líquidos) de diferentes pontos de ebulição a
alta temperatura. O aquecimento costuma ser feito com vapor de alta pressão para temperaturas
de cerca de 600°C.
2. A mistura entra em ebulição formando vapor (gases). A maior parte das substâncias passa para
a fase de vapor.
3. O vapor entra no fundo de uma coluna longa (coluna de destilação fracionada) cheia de bande-
jas ou placas.
a) Ela possui muitos orifícios ou proteções para bolhas a fim de permitir a passagem do vapor.
b) As placas aumentam o tempo de contato entre o vapor e os líquidos na coluna.
c) Elas ajudam a coletar os líquidos que se formam nos diferentes pontos da coluna.
d) Há uma diferença de temperatura pela coluna (mais quente embaixo, mais frio em cima).
4. O vapor sobe pela coluna.
5. Conforme o vapor sobe pelas placas da coluna, ele esfria.
6. Quando uma substância na forma de vapor atinge uma altura em que a temperatura da coluna
é igual ao do ponto de ebulição da substância, ela condensa e forma um líquido. A substância com
o menor ponto de ebulição irá se condensar no ponto mais alto da coluna. Já as substâncias com
pontos de ebulição maiores condensarão em partes inferiores da coluna.
7. As placas recolhem as diferentes frações líquidas.
8. As frações líquidas recolhidas podem:
a) Passar por condensadores, onde serão resfriadas ainda mais, e depois ir para tanques de arma-
zenamento;
b) Ir para outras áreas para passar por outros processos químicos, térmicos ou catalíticos. A des-
tilação fracionada é útil para separar uma mistura de substâncias com diferenças pequenas em
seus pontos de ebulição sendo uma etapa muito importante no processo de refino.
Poucos compostos já saem da coluna de destilação prontos para serem comercializados. Muitos
deles devem ser processados quimicamente para criar outras frações. Por exemplo, apenas 40%
do petróleo bruto destilado é gasolina. No entanto, a gasolina é um dos principais produtos fabri-
cados pelas empresas de petróleo. Em vez de destilar continuamente grandes quantidades de pe-
tróleo bruto, essas empresas utilizam processos químicos para produzir gasolina a partir de outras
frações que saem da coluna de destilação. É este processo que garante uma porção maior de ga-
solina em cada barril de petróleo bruto.

7.2.2 – Filtros Moleculares (Peneira nanoscópica)


Imagine uma peneira com furos extremamente pequenos. Furos tão minúsculos que podem sepa-
rar até moléculas dos gases que compõem o ar atmosférico. O principal objetivo dessa peneira
molecular, uma membrana feita de carbono, é separar nitrogênio e oxigênio, gases presentes na
composição do ar e que têm grande valor comercial, gastando menos energia que os processos
tradicionais de destilação.

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