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Aula 1 – PRESSÃO NO FLUIDO

Relembrando: Massa específica ou Densidade de massa

A densidade de massa de um objeto é a sua massa, m, dividida pelo seu


volume, V. Usualmente, utiliza-se o símbolo grego rho):

densidade de massa: = m / V (no MKS, as unidades são


kg/m3) [1.1]

No nível microscópico, a densidade de um objeto depende da soma dos pesos


dos átomos e moléculas que constituem o objeto, e quanto espaço existe entre
eles. Numa escala maior, a densidade depende se o objeto é sólido, poroso, ou
alguma coisa intermediária.

Em geral, líquidos e sólidos possuem densidades similares, que são da ordem


de 1000 kg / m3. A água a 4° C possui uma densidade exatamente igual a esse
valor. Muitos materiais densos, como chumbo e ouro, possuem densidades que
são 10 a 20 vezes maiores que esse valor. Os gases, por outro lado, possuem
densidades em torno de 1 kg / m3, ou seja, cerca de 1/1000 àquela da água.

As densidades são frequentemente dadas em termos da densidade específica ou


densidade relativa. A densidade específica de um objeto ou material é a razão
de sua densidade com a densidade da água a 4° C (esta temperatura é usada
porque esta é a temperatura em que a água é mais densa). O ouro tem densidade
específica de 19.3, o alumínio 2.7, e o mercúrio 13.6. Note que estes valores
são referentes aos padrões de temperatura e pressão; objetos mudam de
tamanho, e portanto de densidade, em resposta a uma mudança de temperatura
ou pressão.

Pressão

A densidade depende da pressão. Mas, o que é a pressão? A pressão é a força


a que um objeto está sujeito dividida pela área da superfície sobre a qual a força
age. Define se a força como sendo uma força agindo perpendicularmente à
superfície.

Pressão - P:

P = F / A (A força é aplicada perpendicularmente à área A) [1.2]

A unidade de pressão, é o pascal, Pa. A pressão é frequentemente medida em


outras unidades (atmosferas, libras por polegada quadrada, milibars, etc.). Mas
o pascal é a unidade apropriada no sistema MKS (metro-quilograma-segundo).
Quando se refere a pressão atmosférica, relaciona se a pressão exercida pelo
peso de ar que paira sobre os corpos. O ar na atmosfera alcança uma altura
enorme. Logo, mesmo que a sua densidade seja baixa, ainda exerce uma grande
pressão:

Pressão atmosférica no nível do mar: 1,013 x 105 Pa [1.3]

Ou seja, a atmosfera exerce uma força de cerca de 1,0 x 10 5 N em cada metro


quadrado na superfície da Terra. Isto é um valor muito grande, mas não é notado
porque existe geralmente ar tanto dentro quanto fora dos objetos, de modo que
as forças exercidas pela atmosfera em cada lado do objeto são contrabalançadas.
Somente quando existem diferenças de pressão em ambos os lados é que a
pressão atmosférica se torna importante. Um bom exemplo é quando se bebe
utilizando um canudo: a pressão é reduzida no alto do canudo, e a atmosfera
empurra o líquido através do canudo até a boca.

Pressão versus profundidade em um fluido estático

Em um fluido estático, sob a ação da gravidade terrestre, as forças são


perpendicular à superfície terrestre. Caso exista uma força resultante em uma
porção do fluido, esta porção do fluido entrará em movimento. A razão é que
um fluido pode escoar, ao contrário de um objeto rígido. Se uma força for
aplicada a um ponto de um objeto rígido, o objeto como um todo sofrerá a ação
dessa força. Isto ocorre porque as moléculas (ou um conjunto delas) do corpo
rígido estão ligadas por forças que mantêm o corpo inalterado em sua forma.
Logo, a força aplicada em um ponto de um corpo rígido acaba sendo distribuída
a todas as partes do corpo. Já em um fluido isto não acontece, pois as forças
entre as moléculas (ou um conjunto delas) são muito menores. Um fluido não
pode suportar forças de cisalhamento, sem que isto leve a um movimento de
suas partes.

Logo, a pressão a uma mesma profundidade de um fluido deve ser constante ao


longo do plano paralelo à superfície. Supondo que a constante da gravidade
local, g, não varie apreciavelmente dentro do volume ocupado pelo fluido,
a pressão em qualquer ponto de um fluido estático depende apenas da pressão
atmosférica no topo do fluido e da profundidade do ponto no fluido. Se o ponto
2 estiver a uma distância vertical h abaixo do ponto 1, a pressão no ponto 2 será
maior.
Para calcular a diferença de pressão entre os dois pontos basta imaginar um
volume cilíndrico, cuja altura h seja ao longo da vertical à superfície com as
bases contendo os pontos 1 e 2, respectivamente. A área das bases, A, pode ser
qualquer: desde que elas estejam dentro do fluido. Como o volume cilíndrico é
estático, a força na base de baixo deve ser igual à força na base de cima somada
à forca peso devido ao volume de água dentro do cilindro. Ou seja, como a
massa do fluido é dada por Ah, obtém se que:
𝑉
𝑉 = 𝐴. ℎ → 𝐴 =

𝑚
𝜌=
𝑉
𝛾 = 𝜌. 𝑔

𝐹 𝑚. 𝑔 𝑚. 𝑔. ℎ
𝑃= = = → 𝑃 = 𝜌. 𝑔. ℎ → 𝑃 = 𝛾. ℎ (𝑃𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 𝐸𝑓𝑒𝑡𝑖𝑣𝑎)
𝐴 𝐴 𝑉
Se o fluido for a água
𝛾
𝑃= → 𝑚. 𝑐. 𝑎 (𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑙𝑢𝑛𝑎 𝑑𝑒 á𝑔𝑢𝑎) → (𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 𝑑𝑒 𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜)

Assim:
F2 - F1 = (Ah)g
Dividindo esta equação por A obtemos que a pressões nos pontos 1 e 2 estão
relacionadas por

P2 = P1 + gh ou P2 = P1 + 𝛾. ℎ [1.4]

Equação Fundamental da Estática dos Fluidos – Teorema de Stevin

A pressão no ponto inferior (maior) é igual a pressão no ponto superior


(menor) somando ao peso específico do fluido vezes a diferença de altura
entre os pontos superior e inferior.

Note que o ponto 2 não precisa estar diretamente abaixo do ponto 1; basta que
esteja a uma distância vertical h abaixo do ponto 1. Isto significa que qualquer
ponto a uma mesma profundidade em um fluido estático possui a mesma
pressão. A construção imaginária acima, com o volume cilíndrico, pode ser
repetida com vários outros cilindros, com diferentes bases e alturas, até
chegarmos ao resultado [1.4], já que essa relação é linear.

Princípio de Pascal

O princípio de Pascal pode ser usado para explicar como um sistema hidráulico
funciona. Um exemplo comum deste sistema é o elevador hidráulico usado para
levantar um carro do solo para reparos mecânicos.

Princípio de Pascal: A pressão aplicada a um fluido dentro de um recipiente


fechado é transmitida, sem variação, a todas as partes do fluido, bem como às
paredes do recipiente.

A explicação para o princípio de Pascal é simples. Caso houvesse uma diferença


de pressão, haveriam forças resultantes no fluido, e como já discutido acima, o
fluido não estaria em repouso.

Em um elevador hidráulico uma pequena força aplicada a uma pequena área de


um pistão é transformada em uma grande força aplicada em uma grande área
de outro pistão (veja figura abaixo). Se um carro está sobre um grande pistão,
ele pode ser levantado aplicando-se uma força F1 relativamente pequena, de
modo que a razão entre a força peso do carro (F2) e a força aplicada (F1) seja
igual à razão entre as áreas dos pistões.

P1 = P2 , logo F1/A1 = F2/A2 , e F1/F2 = A1/A2 [1.5]

Embora a força aplicada (F1) seja bem menor que a força peso (F2), o trabalho
realizado é o mesmo. Trabalho é força vezes distância. Logo, se a força no
pistão maior (peso) for 10 vezes maior do que a força no pistão menor
(aplicada), a distância que ela percorre será 10 vezes menor. Isto se deve à
conservação de volume:

V1 =V2, logo x1 .A1 = x2 .A2, ou seja x1/x2 = A2/A1 = F2/F1 . [1.6]

Medidores de pressão

A relação entre pressão e profundidade é muito utilizada em instrumentos que


medem pressão. Exemplos são o manômetro com tubo fechado e o de tubo
aberto. A medida é feita comparando-se a pressão em um lado do tubo com uma
pressão conhecida (calibrada) no outro lado (veja figura abaixo).

Um barômetro típico de mercúrio é um manômetro de tubo fechado. A parte


fechada é próxima a pressão zero, enquanto que o outro extremo é aberto à
atmosfera, ou é conectada aonde se quer medir uma pressão. Como existe uma
diferença de pressão entre os dois extremos do tubo, uma coluna de fluido pode
ser mantida no tubo. Da fórmula [1.4] tem se que a altura da coluna é
proporcional à diferença de pressão. Se a pressão no extremo fechado for zero,
então a altura da coluna é diretamente proporcional à pressão no outro extremo.

Manômetro de tubo fechado: P = g.h [1.7]


Em um manômetro de tubo fechado, um extremo do tubo é aberto para a
atmosfera, e está portanto à pressão atmosférica. O outro extremo está sob a
pressão que deve ser medida. Novamente, se existe uma diferença de pressão
entre os dois extremos do tubo, se formará uma coluna dentro do tubo cuja
altura (h) é proporcional à diferença de pressão.

Manômetro de tubo fechado: P = Patm + g.h [1.8]

A pressão P é conhecida como pressão absoluta; a diferença de pressão entre a


pressão absoluta P e a pressão atmosférica Patm é conhecida como pressão de
calibre. Muitos medidores de pressão só informam a pressão de calibre.

Princípio de Arquimedes : Um objeto que está parcialmente, ou


completamente, submerso em um fluido, sofrerá uma força de empuxo igual ao
peso do fluido que objeto desloca.

FE = Wfluido = fluido . Vdeslocado . g [1.9]

A força de empuxo, FE , aplicada pelo fluido sobre um objeto é dirigida para


cima. A força deve-se à diferença de pressão exercida na parte de baixo e na
parte de cima do objeto. Para um objeto flutuante, a parte que fica acima da
superfície está sob a pressão atmosférica, enquanto que a parte que está abaixo
da superfície está sob uma pressão maior porque está em contato com uma
certa profundidade do fluido, e a pressão aumenta com a profundidade. Para
um objeto completamente submerso, a parte de cima do objeto não está sob a
pressão atmosférica, mas a parte de baixo ainda está sob uma pressão maior
porque está mais fundo no fluido. Em ambos os casos a diferença na pressão
resulta em uma força resultante para cima (força de empuxo) sobre o objeto.
Esta força tem que ser igual ao peso da massa de água (fluido . Vdeslocado)
deslocada, já que se o objeto não ocupasse aquele espaço esta seria a força
aplicada ao fluido dentro daquele volume (Vdeslocado) a fim de que o fluido
estivesse em estado de equilíbrio.
Exemplo

Uma bola de futebol flutua em uma poça de água. A bola possui uma massa
de 0,5 kg e um diâmetro de 22 cm.
(a) Qual é a força de empuxo?
(b) Qual é o volume de água deslocado pela bola?
(c) Qual é a densidade média da bola de futebol?

Resposta:

(a) Para encontrar a força de empuxo, desenhe um diagrama de forças simples.


A bola flutua na água, logo não existe força resultante: o peso é contrabalançado
pela força de empuxo. Logo,

FE = mg = 0,5 kg x 9,81 m/s2 = 4,905 N

(b) Pelo pricípio de Arquimedes, a força de empuxo é igual ao peso do fluido


deslocado, Wfluido . O peso é massa vezes g, e a massa é a densidade vezes o
volume. Logo,

FE = Wfluido = fluido . Vdeslocado . g

e o volume descolado é simplesmente

Vdeslocado = FE / (fluido . g) = 4,905 / (1000 x 9,81) = 5,0 x 10-3 m3

(c) Para encontrar a densidade da bola precisa se determinar o seu volume. Este
é dado por

Vbola = 4.r3/3= 5,58 x 10-3 m3

A densidade é portanto a massa dividida pelo volume:

bola = 0,5/(5,58 x 10-3) =89,68 kg/m3

Uma outra maneira de se encontrar a densidade da bola é usar o volume do


fluido deslocado. Para um objeto flutuante, o peso do objeto é igual à força de
empuxo, que é por sua vez igual ao peso do fluido deslocado. Cancelando os
fatores de g, obtemos:

para um objeto flutuante: . V = fluido . Vdeslocado

Logo, a densidade é:

 = fluido . Vdeslocado / V = 1000 x 5,0 x 10-4 /(5,58 x 10-3) = 89,68 kg/m3


A bola de futebol é muito menos densa do que a água porque é cheia de ar. Um
objeto (ou um outro fluido) irá flutuar se sua densidade for menor do que a do
fluido; se sua densidade for maior do que a do fluido, afundará.

Exercícios propostos

1) Uma caixa d'água de 1,2m X 0.5 m e altura de 1 m pesa 540 Kgf que pressão
a caia exerce sobre o solo:

a) vazia

b) cheia

2) Um tubo vertical, longo, de 30 m de comprimento e 25 mm de diâmetro,


tem sua extremidade inferior aberta e nivelada com a superfície interna da
tampa de uma caixa de 0,20 m2 de seção e altura de 0,15 m, sendo o fundo
horizontal. Desprezando-se os pesos dos tubos da caixa, ambas cheias d’água,
calcular:

a) a pressão hidrostática total sobre o fundo da caixa

b) a pressão total sobre o chão em que repousa a caixa

3) Calcular a força P que deve ser aplicado no êmbolo menor da prensa


hidráulica da figura, para equilibrar a carga de 4.400 Kgf colocada no êmbolo
maior. Os cilindros estão cheios, de um óleo com densidade 0,75 e as seções
dos êmbolos são, respectivamente, 40 e 4000 cm2.
4) Qual a pressão, em Kgf/cm2, no Fundo de um reservatório que contém água,
com 3 m de profundidade? idem, se o reservatório contém gasolina (densidade
0,75) ?

RESPOSTAS
1) a) 900 Kgf/m2 b ) 1 900 Kgf/m2
2) a) 30 150 Kgf/m2 b) 223,5 Kgf/m2
3) 42,8 Kgf
4) a) 0,3 kgf/cm2 b) 0,225 Kgf/cm2

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