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FENÔMENOS DE
TRANSPORTE
AULA 2

 
 

Prof. Marcos Baroncini Proença

CONVERSA INICIAL

Nesta aula, estudaremos análise das equações fundamentais da


mecânica dos fluidos e suas

aplicações em situações com as quais você


certamente vai se deparar em sua vida profissional.
Assim, trataremos da
pressão hidrostática exercida por fluidos e da taxa de fluxo hidrodinâmica, da

equação de Bernoulli e suas simplificações, do cálculo da perda de carga,   da


altura manométrica
total, do NPSH e do uso desses dois últimos para a seleção
de bombas.

Dessa forma, acreditamos disponibilizar conceitos e aplicações


para que você desenvolva o

saber dessa área de estudos de extrema importância


para a vida profissional.

TEMA 1 – PRESSÃO HIDROSTÁTICA

Neste tema, abordaremos conceitos da hidrostática aplicada a


reservatórios como vasos,

lagoas de tratamento de efluentes e outros, visando


estabelecer a pressão que o fluido líquido
exerce nesses reservatórios.

Também serão abordados conceitos da hidrodinâmica aplicados ao


escoamento de líquidos em

dutos, comportas e outros, estabelecendo pressões de


escoamento, velocidades e vazões.
Com isso, forneceremos conceitos para que você possa desenvolver
seus saberes tanto

relacionados a fluidos líquidos estáticos quanto em


movimento.

1.1 PRESSÃO HIDROSTÁTICA EXERCIDA PELOS LÍQUIDOS

Arquimedes de Siracusa, formado em


matemática na Escola de Alexandria, mas também físico,

astrônomo, engenheiro e
inventor grego, que nasceu em 287 a.C. e foi assassinado na invasão
Romana a
Siracusa em 212 a.C., estabeleceu as primeiras noções corretas sobre o
equilíbrio dos

fluidos e seus dois postulados constituem a base da


hidrostática:

A natureza dos fluidos é tal que, quando suas partes são colocadas
uniformemente e de
maneira contínua, aquela que está menos pressionada é
deslocada pela que recebe maior

pressão e que cada parte recebe pressão


correspondente ao peso total da coluna que existe
perpendicularmente sobre a
mesma, a não ser que o fluido esteja contido em algum lugar ou

seja comprimido
por um agente externo.
Os corpos que são forçados para cima em um fluido recebem esta
força ao longo de uma

perpendicular que passa através de seu centro de


gravidade.

Figura 1 – A morte de Arquimedes


Crédito: Morphart Creation/Shutterstock.

Para se ter ideia da importância desses postulados de


Arquimedes, apenas no século XVII foi
que Blaise Pascal, matemático, físico,
inventor, filósofo, escritor e teólogo católico francês, por meio

de seus
estudos sobre o princípio da prensa hidráulica, estabeleceu o axioma definitivo
da

hidrostática, conhecido como o Princípio de Pascal: “Em um fluido em


repouso, a pressão se
transmite em todas as direções”.

Figura 2 – Blaise Pascal


Crédito: Millionstock/Shutterstock.

Tomando como base esse axioma de Pascal e o primeiro postulado


de Arquimedes, quando um

fluido de densidade constante se apresenta estático,


as partículas do fluido não se movimentam
com relação a qualquer referência,
estando assim em equilíbrio e na condição hidrostática. As

equações da
hidrostática também se aplicam a fluidos que se deslocam em conjunto, ou seja,
sem

haver deslocamentos relativos das partículas, sendo que neste caso o fluido
está em equilíbrio

relativo a um sistema de referência o qual será adotado para


a análise.

Para ambos os casos de equilíbrio do fluido, agirão sobre eles


duas forças: forças de pressão e

forças de massa.

As forças de pressão atuam sobre as superfícies de contorno de


qualquer volume de fluido e as

forças de massa atuam sobre todas as partículas


do fluido de forma diretamente proporcional a

massa do mesmo.

É sabido que a pressão é a força exercida por unidade de área,


com representação adimensional

P = F/L2. A unidade de pressão no SI


é Pa, sendo que:

1 Pa = 1 N/m2 = 1kg/m.s2 = 0.1kgf/m2


1 atm = 1,013.105 Pa

Para qualquer ponto de um volume de fluido, a pressão será a


variação da força que agirá no
elemento de área ao redor deste ponto:

Nos fluidos que estão em um dos dois casos de equilíbrio,


teremos:

No caso da hidrostática, a força atuará na direção normal à


superfície de contorno, pois, não
havendo movimento relativo entre as
partículas do fluido, não haverá componente tangencial

paralela a esta
superfície.

As forças de massa, como já vimos, atuam em cada partícula do


fluido, sendo que, na
hidrostática, a força atuante é a da gravidade. Em função
da gravidade temos o peso, que é

resultante da massa multiplicada pela resultante


normal da força da gravidade, o que

adimensionalmente é expresso como P = M.G.

Portanto, o peso de um fluido contido em um volume determinado


será dado por:

P = m. g

Em que:

P = peso, cuja unidade é kg.m/s2 que equivale a 1 N.

m = massa do líquido, cuja unidade é kg.

g = aceleração da gravidade, cuja unidade é m/s².

Para um volume unitário do fluido,


tanto o peso quanto a massa serão expressos por unidade de

volume e, então, a
expressão se converterá em:

Ϫ = ρ. g

Em que:
Ϫ = peso específico, que é o peso por volume unitário do fluido,
cuja unidade é (kg.m/s2)/m3

que equivale a N/m3.

ρ = massa
específica, que é a massa por volume unitário do fluido, cuja unidade é kg/m3.

g = aceleração da gravidade (m/s2).

1.2 EQUAÇÃO GERAL DA HIDROSTÁTICA

Considerando um fluido em equilíbrio, teremos, para um ponto com


localização dada por dx, dy

e dz, com relação ao ponto zero do sistema, sob uma


pressão P, os componentes da força de massa

dados por Fx, Fy e Fz.

Figura 3 – Partícula de um fluido na localização dx, dy e dz

Assim, a distribuição da pressão neste fluido em função das


forças de massa será dada por:

dp = ρ. (Fx.dx
+ Fy.dy + Fz.dz)

Essa equação é conhecida como a Equação Geral da Hidrostática,


que exprime os princípios de

Arquimedes e Pascal de uma forma matemática.

Havendo apenas a força da


ação da gravidade atuando no fluido, teremos que:

Fx = 0, Fy = 0 e Fz = g

Assim, a Equação Geral da Hidrostática passará a ser escrita


como:

dp = - ρ.g.dz

O sinal negativo é devido à direção da ação da gravidade no sentido


para baixo, no eixo z.
Podemos integrar esta expressão para dois pontos definidos de um
fluido, z0 e z1, tendo para

estes pontos,
respectivamente, as pressões p0 e p1, como segue:

A integração resultará em:

p1 – p0 = - ρ.
g. (z1 – z0)

O que resulta em:

p1 – p0 = ρ. g. (z0 – z1)   
   p1 = p0 +
ρ. g. (z0 – z1) 
  p1 = p0 + ϫ. h

Isso significa que, para qualquer ponto de um fluido, a pressão


neste ponto será a pressão no

ponto zero (p0), normalmente


considerada como a pressão na superfície do fluido, acrescida do

peso da coluna
de fluido acima deste ponto.

Para vasos abertos ou lagoas, onde a superfície do fluido está


em contato com as vizinhanças, a

pressão p0 será a pressão


atmosférica (patm).

p1 = patm + ϫ. h

Figura 4 – Vaso aberto

Para vasos fechados, esta pressão p0 é a pressão


absoluta (pabs), sendo obtida pela soma da

pressão manométrica (pman


medida por manômetros) e a pressão atmosférica (patm).

p1 = pabs + ϫ.
H
Figura 5 – Vaso fechado

Para melhor compreender estes conceitos, vamos analisar dois


exemplos típicos aplicados a

indústria.

No primeiro exemplo temos uma lagoa de tratamento anaeróbio de


efluentes contendo lodo a

20 oC com massa específica 1060 kg/m3


e se deseja determinar a pressão no fundo da lagoa,

sabendo que a profundidade


é de 4m e que esse lodo permanece em repouso.

Figura 6 – Exemplo 1

Neste caso, para a resolução a expressão usada será aquela para


vasos abertos:

p1 = patm + ϫ.
h

Lembrando que ϫ = ρ.
g

p1 = patm + ρ.
g. h

E uma vez que 1 atm = 1,013. 105 kg/m.s2

p1 = 1,013.105 + 1060. 9,81. 4

p1 = 1,013. 105 + 4,159. 104


p1 = 1,429. 105 kg/m.s2

p1 = 1,429 atm

No segundo exemplo é solicitado determinar a pressão exercido


por leite a 20 oC, armazenado

em um vaso de 6m de profundidade,
sabendo que a altura do leite vai até 1 m do topo do vaso e que

sua densidade é
de 1,03.103 kg/m3. Há como dado adicional que a pressão
manométrica do vaso é

de 0,95 atm.

Neste caso, para a resolução a expressão usada será aquela para


vasos fechados.

Figura 7 – Exemplo 2

p1 = pabs + ϫ.
h

Lembrando que ϫ = ρ.
g

p1 = pabs + ρ.
g. h = (pman + patm) + ρ. g. h

E uma vez que 1 atm = 1,013. 105 kg/m.s2

0,9 atm = 0,9. 1,013. 105 = 0,912. 105


kg/m.s2

p1 = (0,912. 105 + 1,013.105) + 1030. 9,81. 5

p1 = 1,925. 105 + 5,052. 104

p1 = 2,430. 105 kg/m.s2

p1 = 2,43 atm
Observe que a altura da coluna de leite é de 5m, pois a altura
total do vaso é de 6m e o leite fica

a 1m do topo do vaso. Assim, h = 6 – 1 =


5m.

TEMA 2 – HIDRODINÂMICA

2.1 PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE

Na hidrodinâmica, temos o estudo do movimento dos fluidos. Neste


estudo, temos em

particular a cinemática dos fluidos, que compreende este


movimento sem levar em conta os

sistemas de forças que o provoca.

Leonardo di ser Piero da Vinci, conhecido como Leonardo da Vinci, que viveu entre os
séculos

XV e XVI, tendo sido um dos maiores gênios da humanidade, pintor e


cientista renascentista,

conhecido mundialmente por pinturas como a Santa Ceia


e La Gioconda (conhecida como
Monalisa), mas também pelo seu caderno de
anotações sobre ciência e inovações, onde abordou

várias áreas do conhecimento


como anatomia, astronomia, botânica, cartografia, paleontologia,
engenharia,
arquitetura e também projetou máquinas voadoras, um veículo blindado de
combate,

energia solar concentrada, máquina de somar, paraquedas, ponte


levadiça e outras, ilustrou nesse
caderno suas observações sobre os fenômenos
de escoamento de fluidos, tendo sido o primeiro a
utilizar partículas em
suspensão na água para estes estudos.

Figura 8 – Leonardo di ser Piero da Vinci e anotações sobre escoamentos fluidos


Créditos: Jakub Krechowicz/Shutterstock; CC/PD.

Nos seus estudos, observou o princípio da continuidade, pelo


qual observou que quanto menor

era a área da seção transversal por onde passava


o fluido, proporcionalmente maior era a sua
velocidade, para manter a vazão.
Mas, como a maioria de seus estudos, não teve repercussão na

época. Somente no
século XVII, Benedetto Castelli, matemático e abade beneditino do Mosteiro de
Monte Cassino, dedicado orientado e posterior amigo e contribuidor nas
pesquisas de Galileo Galilei,

o qual substituiu na Universidade de Pisa, sendo


nomeado posteriormente para a cadeira de
matemático na Universidade de Roma La
Sapienza e nomeado matemático do Papa Urbano VIII,
publicou em sua obra De
la mistura dell'acqua correnti, novamente o enunciado do
princípio da

continuidade, sem acrescentar nada ao que já havia sido


apresentado por Leonardo da Vinci. Mas
desta vez a aceitação e a aprovação do
postulado entre os engenheiros garantiu a devida

repercussão.

Em seu postulado, que, reforçando, transcreveu o que Leonardo da


Vinci já havia apresentado,

Castelli afirmou que duas seções de um mesmo rio


escoam quantidades iguais de água no mesmo
tempo, mesmo as seções sendo diferentes.
No caso de suas seções diferentes, as velocidades

guardarão uma
proporcionalidade com as seções, sendo esta relação de proporcionalidade dada
pela
razão entre suas velocidades e pela razão entre suas respectivas seções.

Uma
vez que a vazão (Q) é entendida como a velocidade (v) multiplicada pela área
(A) da seção
transversal ao vetor de deslocamento do fluido, temos então que:
Q1 = Q2

v1. A1 = v2. A2

Figura 9 – Benedetto Castelli e sua publicação

Créditos: CC/PD; Biblioteca Estadual da Baviera.

No primeiro exemplo, deseja-se determinar a velocidade de


escoamento de um fluido em um
duto que sofreu uma redução de 1” para ½”, sabendo que por ele escoa
um fluido com uma vazão de
2 L/s.

Figura 10 – Exemplo 1

Primeiro devemos deixar todas as variáveis no mesmo sistema de


unidades, sendo que o usual
é trabalhar no SI.
Assim:  1” = 25,4. 10-3m

½”
= 12,7. 10-3m

2 L/s = 2. 10-3 m3/s

Como Q = v. A, para determinar as velocidades torna-se


necessário antes obter as áreas das

seções transversais.

Assim:

Aplicando a definição de vazão para a primeira seção transversal


teremos:

Q1 = A1. v1

2. 10-3 = 5,07. 10-4. v1

v1 = 3,94 m/s

Aplicando princípio da continuidade teremos:

Repare, pelos
valores de v1 e v2, que, diminuindo a seção transversal do duto para a sua
metade,
ocorre um aumento da velocidade de escoamento de aproximadamente 4
vezes a velocidade inicial.

No outro exemplo, um duto de escoamento de seção transversal


retangular de 2m2 teve sua

seção ampliada para 4m2.


Sabendo que neste duto escoa um fluido com vazão de 5 m3/h,
deseja-se

determinar as velocidades de escoamento antes e depois da expansão.

Figura 11 – Exemplo 2
Aplicando a definição de vazão para a primeira seção transversal,
teremos:

Q1 = A1. v1

5 = 2. v1

v1 = 2,5 m/s

Aplicando o princípio da continuidade, teremos:

Repare, pelos valores de v1 e v2, que,


nesse caso, ter dobrado a área da seção transversal ao

escoamento levou a uma


diminuição da velocidade para metade do valor inicial.

TEMA 3 – EQUAÇÃO DE BERNOULLI

Neste tema, trataremos da equação de Bernoulli, que é a equação


utilizada para descrever o
comportamento do escoamento de fluidos em
tubulações.

Trataremos de seu desenvolvimento e de suas simplificações em


função das características das
instalações dos tubos na unidade onde ocorre o
escoamento do fluido.

3.1 DESENVOLVIMENTO DA EQUAÇÃO DE BERNOULLI

Daniel Bernoulli, matemático, físico e médico, PhD em anatomia e


botânica, da Universidade de
Basel na Suíça, em seu Hydrodynamica publicado
em 1738, apresenta a equação para descrever o
comportamento dos fluidos em movimento
no interior de um duto, que posteriormente ficou
conhecida pelo seu nome. Nesse
mesmo livro, apresentou explicações sobre a pressão

hidrodinâmica e descobriu o
papel da perda de carga no fluxo dos fluidos. Postulou que o aumento
na velocidade de um fluido ocorre simultaneamente com uma diminuição
na sua pressão estática ou

uma diminuição na sua energia potencial, que


mais tarde seria conhecido como o Princípio de
Bernoulli.

Figura 12 – Daniel Bernoulli e seu livro Hydrodynamica

Crédito: CC/PD.

Para compreender como a equação de Bernoulli foi obtida, observe


a Figura 13.

Figura 13 – Representação do escoamento de um fluido em uma tubulação


Considerando um fluido incompressível e ideal (com viscosidade
nula) em escoamento

permanente, sem absorção ou dissipação energia e sem troca


de calor, os fatores que irão interferir
no escoamento do fluido serão as pressões
de entrada e saída do tubo, a área de seção transversal

ao longo da tubulação e
a altura do escoamento, dada pela diferença nas cotas da entrada e da
saída da
tubulação ao longo do eixo z.

Como o líquido está em movimento apresentando uma vazão constante, como já visto no
princípio da continuidade, em um circuito no qual haverá uma altura do escoamento e variação da

área de seção transversal de entrada e de saída da tubulação, ele possuirá energia potencial
gravitacional e energia cinética. Dessa forma, para os pontos 1 e 2 quaisquer ao longo do

escoamento do fluido no tubo, as componentes de energia serão:

Sabendo que:

     
e    

E que:

m = ρ. V

Teremos:

Sabendo também que para um sistema isotérmico, em dois pontos


arbitrários do escoamento
do fluido no tubo, a variação da pressão em função do
volume de fluido é dada por:

P1.V1 = P2.V2

Com relação ao escoamento do fluido no tubo de ponto 1 até um


ponto 2 arbitrados,
respeitando o princípio da continuidade, teremos o
comportamento do escoamento do fluido em

função da variação pressão (P) com o


volume (V) de fluido e da energia (U) nestes pontos expresso
por: 

P1.V1 + U1 = P2. V2
+ U2
Portanto:

Tomando como condição de contorno que V1 = V2


= V:

Podemos então simplificar V da equação, resultando:

Essa é e equação de Bernoulli para escoamento de fluidos em


tubos.

Para uma melhor compreensão do uso dessa equação, podemos


analisar o seguinte caso

proposto: um fluido escoa com uma vazão de 0,3 m3/h


em uma tubulação, sendo que no ponto 1

esta apresenta diâmetro de 2” e no ponto


2 um diâmetro de 1”. Tendo em mente que o ponto 1
encontra-se a 20 cm do solo e
o ponto 2 a 2 m do solo e que o fluido entra no ponto 1 com uma

pressão de 20
bar, determinar a pressão de escoamento no ponto 2. Tem-se como dado do fluido

sua massa específica igual a 811 kg/m3 na temperatura de escoamento.

Para
a resolução primeiro é necessário trabalhar com um único sistema de unidades,
sendo
preferencialmente usado o SI.

Assim: 2” = 2. 2,54.10-3m = 5,08. 10-3m

1” = 2,54. 10-3m

20 bar = 122400 kgf/m2

Depois basta substituir as variáveis na equação de Bernoulli:


Repare que temos três incógnitas, P2, v1 e
v2 para uma expressão. Como temos a redução no

diâmetro do tubo,
temos, pelo princípio da continuidade, como determinar as velocidades nos
pontos

1 e 2.

Q1 = Q2

v1. A1 = v2. A2

Em que:

E, portanto:

Q1 = v1. A1 

0,3 = v1. 2,03.10-5

v1 = 14,78. 103 m/h ou 4,1 m/s

v1. A1 = v2. A2

4,1. 2,03. 10-5 = v2. 0,51. 10-5

v2 = 16,3 m/s

Assim, retornando para a equação de


Bernoulli, teremos:

P2 = 7158,5
kgf/m2 = 0,702 bar

3.2 SIMPLIFICAÇÕES DA EQUAÇÃO DE BERNOULLI


Para analisar as simplificações da Equação de Bernoulli vamos
discutir as consequências das
variáveis nas componentes relativas à pressão,
energia cinética e energia potencial do fluido no

escoamento em tubos.

Primeiro vamos analisar a simplificação para o caso de o


escoamento no tubo não ter desnível,

ou seja, escoamento onde z1 = z2. 


Neste caso não haverá no escoamento a influência da energia

potencial.
Portanto, a expressão ficará:

Vamos agora analisar a simplificação para o caso de o escoamento


ocorrer em um tubo sem
expansão ou redução, ou seja, escoamento com área da
seção transversal sem alterações. Pelo

princípio da continuidade não haverá variação


da velocidade.  Neste caso não haverá no escoamento
a influência da energia cinética.
Portanto, a expressão ficará:

Para casos em que não há interferência nem da energia potencial


nem da energia cinética,

também não haverá alteração da pressão de escoamento:

TEMA 4 – PERDA DE CARGA

Trataremos neste tema da perda de carga no escoamento dos


fluidos em dutos, iniciando pela

definição do que seja a perda de carga, depois


analisando a perda de carga distribuída e depois a
perda de carga localizada.

4.1 CONCEITO

A perda de carga nada mais é que a perda de pressão de


escoamento que um fluido sofre, em
uma tubulação, a uma determinada pressão de
entrada gerada pela bomba, em razão de vários
fatores como a força de atrito gerada
pela rugosidade da tubulação e da viscosidade do fluido, dos

acessórios na
linha de escoamento, como válvulas e curvas, e da turbulência devida às
mudanças de
direção do traçado.
Figura 14 – Tubulação com acidentes de linha

Crédito: Mirexon/Shutterstock.

A perda de carga pode ser de dois tipos: perda de carga distribuída


e perda de carga localizada.

4.2 PERDA DE CARGA DISTRIBUÍDA

A perda de carga distribuída ocorre em trechos de tubulação


retilíneos e de diâmetro constante.

Esta perda de carga resulta da força de atrito entre o fluido e a


parede da tubulação, resultante

da rugosidade da superfície, que é função do


material de construção do tubo, e da viscosidade do
fluido, que é resultante da
temperatura de escoamento. Além disso depende também do diâmetro e

do
comprimento da tubulação e da velocidade de escoamento.

A equação de Darcy-Weisbach é uma equação empírica que relaciona a perda de carga

distribuída, ao longo de um determinado comprimento de tubo, com a velocidade média do


escoamento de fluido, para um fluido incompressível. Essa equação recebeu este nome em
homenagem a Henry Darcy, engenheiro francês que em 1848 foi Diretor Geral de Águas e

Pavimentos de Paris, onde desenvolveu diversos trabalhos na área de hidráulica, dentre eles se
destacado a Lei de Darcy para escoamento de meios porosos e a Julius Ludwig Weisbach,

matemático e engenheiro alemão, professor de matemática aplicada, mecânica e teoria das


máquinas de montanha na Freiberg Bergakademie, que otimizou a equação de Darcy, gerando a

equação que hoje é conhecida por equação de Darcy-Weisbach.

Figura 15 – Henry Darcy e Julius Ludwig Weisbach


Crédito: CC/PD.

Pela equação de Darcy-Weisbach, a perda de carga (ou pressão)


devida aos efeitos da
viscosidade do fluido e da rugosidade da tubulação (Δp),
é proporcional ao comprimento (L) da

tubulação.

Esta equação relaciona a perda de carga (ou de pressão) proporcional


ao comprimento do tubo
(Δp/L), com a massa específica do fluido (ρ), o diâmetro hidráulico da
tubulação (D) e a velocidade
média de escoamento (v), através do fator de
atrito de Darcy (ƒD):

Em que a perda de pressão é dada no Si em Pa/m e a massa


específica em kg/m3.

O diâmetro hidráulico e dado em metros (m), para um tubo de


seção transversal circular, é igual
ao diâmetro interno do tubo. Para os demais
tipos de seção transversal é obtido por:

A velocidade média do fluxo, dada em m/s, é obtida pela vazão (Q) por unidade de área da
seção transversal molhada, ou seja, inundada pelo fluido.

O Fator de atrito de Darcy é adimensional e obtido por métodos


empíricos de cálculo ou por
gráficos. Para escoamento laminar este fator é
obtido em função do Número de Reynolds por:
Para escoamento turbulento podem ser usados métodos com equações
empíricas ou gráficos.

Lewis Ferry Moody, engenheiro americano, professor de mecânica


dos fluidos e design de

máquinas e primeiro professor de hidráulica na


Universidade de Princeton, em 1944 apresentou um
gráfico desenvolvido por ele,
pelo qual se obtém o fator de atrito de Darcy-Weisbach (ƒD) em função

do número
de Reynolds (Re), para vários valores da rugosidade relativa obtida pelo
quociente entre a
rugosidade e o diâmetro de tubulações (ε / D). Este
gráfico é hoje conhecido como Diagrama de

Moody e resultou da adaptação que fez


do trabalho de Hunter Rouse, engenheiro e na época
professor de hidráulica no
Instituto de Tecnologia de Massachusetts, em Cambridge.

Na sua adaptação optou por escolher as coordenadas obtidas pela


análise de mais de 10.000
sistemas de escoamento, no trabalho desenvolvido por
Reginald James Seymour Pigott, engenheiro

mecânico, inventor e consultor, na


época diretor da divisão de engenharia da Gulf Research &
Development Company.

Figura 16 – Diagrama de Moody

Fonte: Moody Diagram, [S.d.].


Para compreender melhor o uso da equação de Darcy-Weisbach junto
com o diagrama de

Moody, trataremos da situação de um fluido com massa


específica 989 kg/m3 escoando a uma

velocidade de 10 m/s em uma


tubulação de perfil circular de 2 m de comprimento e diâmetro interno
de 10 cm,
sendo a tubulação de aço inox, sabendo que o número de Reynolds do escoamento é
de 6.

104.

Analisando a equação de Darcy-Weisbach, temos todos os dados


para determinar a perda de

carga, exceto o fator de atrito de Darcy:

Assim, iniciamos obtendo este fator de atrito por meio do


diagrama de Moody.

Observe que temos o número de Reynolds, o diâmetro interno e o


material de construção do
tubo. Assim poderemos obter a rugosidade relativa
que, junto com Re, permitirá a obtenção de ƒD.

Portanto:

Como D = 10 mm e, do Diagrama de Moody, ε = 0,002 mm:

Entrando no diagrama de Moody com os dados de Re = 6, 104


e ε/D = 0,0002, obteremos o ƒD
=

0,026.

Figura 17 – Diagrama de Moody com os dados fornecidos


Agora é só substituir as variáveis na equação para obter a perda
de carga distribuída:

4.3 PERDA DE CARGA LOCALIZADA

A perda de carga localizada é devida a presença de acessórios


como válvulas, curvas,
derivações, registros ou conexões, bombas, turbinas e
outros, que levam à alteração do módulo ou

direção da velocidade média do


escoamento pelo aumento da turbulência e, consequentemente, de
pressão no local,
levando a perda de carga.

A expressão geral da perda de carga localizada (hS) é


obtida partindo da equação de Bernoulli e

tem uma boa semelhança com a expressão


da perda de carga distribuída:
K é o coeficiente de perda de carga localizada
e pode ser obtido por quadros ou gráficos, em

função do tipo de acessório na


linha de fluxo da tubulação de escoamento do fluido.

Para a entrada das tubulações é necessário conhecer o tipo de


entrada, sendo dos tipos
reentrante, borda viva e arredondado. Depois, é
possível obter o valor de K do quadro a seguir.

Figura 18 – Quadro para obtenção de K para entrada de tubulações

Fonte: Fox et al., 2018, p. 323.

Para contrações e expansões abruptas, o K pode ser obtido em


função da relação entre a área
de seção transversal anterior à contração ou
expansão (A1) e a área de seção transversal posterior à

contração ou
expansão (A2), do gráfico a seguir.

Figura 19 – Gráfico para obtenção de K para contração e expansão abruptos


Fonte: Fox et al., 2018, p. 323.

Para contrações graduais K pode ser obtido em função da relação


entre a área de seção
transversal anterior à contração ou expansão (A1)
e a área de seção transversal posterior à

contração ou expansão (A2),


também levando em conta o ângulo incluso (Ɵ),
por meio do quadro a

seguir.

Figura 20 – Gráfico para obtenção de K para contração e expansão abruptos

Fonte: Fox et al., 2018, p. 324.

Para expansão gradual, o melhor é obter a perda de carga


localizada em função da aplicação da
equação de Bernoulli, que gera a seguinte
relação:

Para demais acidentes de linha, K pode ser obtido por meio do


quadro a seguir.
Figura 21 – Gráfico para obtenção de K para contração e expansão abruptos

Fonte: Fox et al., 2018, p. 326.

Para determinar a perda de carga localizada ao longo de uma


linha de escoamento de fluido em
uma instalação industrial, em primeiro lugar,
é necessário identificar todos os acessórios ao longo da

linha, calcular a
perda de carga localizada para cada um e posteriormente somar todas.

TEMA 5 – SELEÇÃO DE BOMBAS

Neste tema, apresentaremos uma metodologia para a seleção de


bombas para o escoamento

de fluidos, tratando desde a metodologia da seleção,


definindo a altura de coluna de água
equivalente, o NPSH e procedendo a seleção
com curvas características de bombas do mercado.

5.1 METODOLOGIA
Para fazer uma adequada seleção de bombas para linhas de
escoamento de fluidos devemos
ter primeiro a exata compreensão do tipo de
instalação, dos acessórios presentes e das
características do fluido que está
escoando.

Assim, é possível determinar a altura manométrica total, que é a


altura manométrica acrescida

da altura referente as perdas de carga distribuída


e localizada, para a qual a bomba deverá
impulsionar o fluido.

Com a altura manométrica e a vazão, para o tipo de fluido que se


deseja selecionar a bomba, é
possível fazer a seleção nos catálogos de
fornecedores.

Após isso é importante fazer a análise do NPSH (Net Positive


Suction Head), que estabelece as
condições para que a pressão na bomba não
fique baixa o suficiente para gerar a cavitação, que
prejudica o escoamento e
danifica a bomba.

Para isso se analisa comparativamente o NPSHA (Net Positive


Suction Head Available) com o

NPSHR (Net Positive Suction Head Required).

O NPSHA é o NPSH disponível na instalação de sucção, calculado


em função das
características da instalação, levando em conta as pressões de
sucção (pS) e de vaporização do

líquido na temperatura de escoamento


(pV), o peso específico do líquido nesta temperatura (ϫ) e a

altura
de sucção (HS).

O NPSHR é o NPSH requerido, fornecido pelo catálogo do


fabricante para a bomba escolhida e
indica a pressão mínima de operação da
bomba para evitar a cavitação.

Para se evitar a cavitação, o NPSHA deve ser maior que o NPSHR.

NPSHA > NPSHR

Especificando a bomba em função da altura manométrica total e da


vazão, e confirmando que o
NPSHA é maior que o NPSHR, a seleção estará
concluída.

5.2 ALTURA MANOMÉTRICA E NPSH


A altura manométrica (HM) é a somatória da altura de
sucção (HS) do fluido pela bomba com a

altura de recalque da
instalação (HR). A unidade usual de HM é metros de coluna
de água (mca):

HM = HS + HR

Figura 22 – Altura manométrica

Para calcular a altura de sucção, primeiro, é preciso situar a


bomba como bomba de sucção
positiva ou de sucção negativa, comumente chamada de
bomba afogada.

A bomba se sucção positiva é caracterizada por ter seu eixo


central acima do nível do

reservatório de sucção.

Figura 23 – Bomba de sucção positiva

A bomba afogada é caracterizada por ter seu eixo central de


sucção abaixo do nível de captação

do fluido do reservatório.

Figura 24 – Bomba afogada


O cálculo da altura de sucção leva em conta a altura geométrica
mais a perda de carga na linha
de sucção. O papel da energia potencial na linha
de sucção é muito importante, pois, para bombas
afogadas, contribui para a
sucção e, para bombas de sucção positiva, esta deve ser compensada.
Basta ter
em mente que a altura H é obtida geometricamente pela diferença das cotas em z,
ou seja: 

h = Δz = (z2 – z1)

Em termos práticos, ficaria da seguinte forma:

Para bombas de sucção positiva:

HS = hS + hLS + hSS

Para bombas afogadas:

HS = - hS + hLS + hSS

Em que:

hS = altura geométrica da sucção (m).

hLS = perda de carga distribuída na sucção (m).

hSS = perda de carga


localizada na sucção (m).

O cálculo da altura de recalque leva em conta a altura


geométrica para a qual a bomba deverá
impulsionar o fluido e as perdas de carga
distribuída e localizada ao longo da linha de recalque:

HR = hR + hLR + hSR

Em que:

hR = altura geométrica de recalque (m).


hLR = perda de carga distribuída no recalque (m).

hSR = perda de carga


localizada no recalque (m).

Em posse da altura manométrica total (HM) e da vazão


de escoamento do fluido (Q), é possível

entrar em tabelas ou gráficos de bombas


de fabricantes para selecionar a bomba mais adequada
para a linha de escoamento
do fluido.

Uma vez selecionada a bomba, há a necessidade verificar se a


NPSHA é maior que a NPSHR.

A NPSHA é obtida da expressão:

Em que:

pS = pressão de sucção (kgf/m2).

pV = pressão de saturação do fluido na temperatura de


escoamento (kgf/m2).

ϫ = peso específico do fluido na temperatura


de escoamento (N/m3).

O NPSHR é fornecido nos catálogos das empresas, através


dos gráficos de curvas das bombas

que produzem. Também, nesses gráficos, se


obtém a altura manométrica total que atingem.

Figura 25 – Curva característica de bomba


Para entender melhor o processo de seleção, vamos partir de um
cenário no qual temos uma

altura manométrica total de 20 mca para uma vazão de


escoamento de 2,2 m3/h de um produto
químico e uma NPSHA de 0,5 mca.

No catálogo de uma empresa fabricante de bombas, você chegou a


bombas multiuso,
precisando agora selecionar o modelo que atenderá as
necessidades da linha de escoamento.

Primeiro, entrará no catálogo da empresa e, na tabela de


seleção, escolherá o modelo.

Figura 26 – Tabela bombas multiuso

Repare que já definiu o modelo, AP-3C, que é monofásico e


trabalha com tensão 127V ou 220V,
tem potência de 1/3 CV e que a bitola da
tubulação na entrada e saída da bomba deverá ser de ¾”.

Resta agora conferir se o NPSHA é maior que o NPSHR deste modelo


de bomba.

Para isso irá obter da curva de bombas multiuso do catálogo e


comparar com o NPSHA

calculado.

Figura 27 – Curvas de bombas multiuso


Na curva das bombas, entrando com os dados de vazão e altura
manométrica total, pela curva
do NPSH obtém-se o valor para NPSHR de
aproximadamente 0,41 mca. Como o valor de NPSHA
calculado foi de 0,5 mca, este
modelo de bomba selecionado pode ser usado na linha.

FINALIZANDO

Nesta aula, estudamos conhecimentos de mecânica dos fluidos,


abordando a pressão
hidrostática exercida por fluidos e da taxa de fluxo
hidrodinâmica, da equação de Bernoulli e suas
simplificações, do cálculo da
perda de cargas e, por fim, a altura manométrica total, o NPSH e o uso
de ambos
para a seleção de bombas.

Cabe agora a você desenvolver o saber desta área de estudos de


extrema importância para a
vida profissional.
REFERÊNCIAS

FOX, R. W. et al. Introdução à mecânica dos


fluidos. Rio de Janeiro: LTC, 2018.

MOODY DIAGRAM. Wikipedia. [s.d.].


Disponível em: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/
commons/d/d9/Moody_EN.svg>.
Acesso em: 1 set. 2021.

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