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MECÂNICA DOS FLUIDOS

Os fluidos desempenham papel vital em muitos aspectos de nossa vida cotidiana. Nós bebemos,
respiramos e nadamos em fluidos. Eles circulam em nosso corpo e são responsáveis pelo clima. A física
dos fluidos, portanto, é fundamental para nosso conhecimento da natureza e da tecnologia.

Gases, Líquidos E Densidade


Um fluido é qualquer substância que pode escoar e alterar a forma do volume que ele ocupa. (Ao
contrário, um sólido tende a manter sua forma.) Usamos o termo "fluido" para gases e líquidos. A principal 1

diferença entre eles é que um líquido tem coesão e um gás, não. As moléculas em um líquido estão
próximas umas das outras, de modo que podem exercer forças de atração umas sobre as outras e, assim,
tendem a permanecer juntas (ou seja, coesas).
Uma propriedade importante de qualquer material, fluido ou sólido, é sua densidade, definida como a
massa por unidade de volume. Em português, um sinônimo de densidade é massa específica. Um material
homogêneo, como o gelo ou o ferro, possui a mesma densidade em todas as suas partes. Usaremos a
letra grega 𝜌 (pronuncia-se "rô") para simbolizar a densidade. Para um material homogêneo,
𝑚 𝑘𝑔
𝜌= [ ]
𝑉 𝑚3
Pressão Em Um Fluido
Um fluido exerce uma força perpendicular sobre qualquer superfície que
esteja em contato com ele, como a parede do recipiente ou um corpo
imerso no fluido.
Se pensarmos em uma superfície imaginária no interior do fluido, este
exerce forças iguais e contrárias sobre os dois lados da superfície.
(Caso contrário, a superfície seria acelerada e o fluido não estaria em
repouso.) Considere uma pequena superfície de área dA centralizada
em um ponto do fluido; a força normal exercida pelo fluido sobre cada
lado da superfície é dF. Definimos a pressão P nesse ponto como a
força normal por unidade de área, ou seja, pela razão entre dF e dA:
𝑑𝐹
𝑃=
𝑑𝐴

Quando a pressão for a mesma em todos os pontos de uma superfície plana de área A, então
𝐹
𝑃=
𝐴
em que F é o módulo da força normal a que está sujeita a superfície de área A. A unidade de pressão do
SI é o newton por metro quadrado, chamado de pascal (Pa). Em muitos países, os medidores de pressão
de pneus estão calibrados em quilopascals. A relação entre o pascal e outras unidades de pressão muito
usadas na prática (mas que não pertencem ao SI) é a seguinte:

1 atm = 1,01 × 105 Pa = 760 torr = 14,7 lb/pol2.

Física II, LGM2M


Prof. Tiago Campos
Fluidos em Repouso
Quando você mergulha em águas profundas, seus ouvidos informam a
você que a pressão está crescendo com o aumento da profundidade.
Podemos deduzir uma expressão geral entre a pressão P em um dado
ponto no interior de um fluido em repouso e a altura y desse ponto. Vamos
supor que a densidade 𝜌 e a aceleração da gravidade g permaneçam
constantes em todos os pontos do fluido (ou seja, a densidade é uniforme).
2
Quando o fluido está em equilíbrio, qualquer elemento fino do fluido com
espessura 𝒅𝒚 também está em equilíbrio. As superfícies inferior e superior
possuem área A e estão em elevações y e 𝒚 + 𝒅𝒚 acima de algum nível de
referência, onde y = O. O volume do elemento de fluido é 𝒅𝑽 = 𝑨𝒅𝒚, sua
massa é 𝒅𝒎 = 𝝆𝒅𝑽 = 𝝆𝑨𝒅𝒚 e seu peso é 𝒅𝑷 = 𝒅𝒎𝐠 = 𝐠𝑨𝒅𝒚. Chame de P
a pressão na superfície inferior; o componente y da força resultante que
atua sobre essa superfície é PA. A pressão na superfície superior é 𝑷 +
𝒅𝑷, e o componente y da força resultante que atua (de cima para baixo)
sobre a superfície superior é: −(𝑷 + 𝒅𝑷)𝑨 O elemento de fluido está em
equilíbrio; logo, o componente y da força total resultante, incluindo o peso e
as outras forças mencionadas, deve ser igual a zero:

∑ 𝑭𝒚 = 𝟎, 𝒍𝒐𝒈𝒐: 𝑷𝑨 − (𝑷 + 𝒅𝑷)𝑨 − 𝝆𝐠𝑨𝒅𝒚 = 𝟎

Dividindo pela área A e reagrupando os termos, obtemos


𝒅𝑷
= −𝝆𝐠
𝒅𝒚
Esta equação mostra que, quando y aumenta, P diminui; ou seja, à medida que subimos através do fluido,
a pressão diminui, como era de se esperar. Se P1 e P1 forem, respetivamente, as pressões nas alturas y1 e
y2, e se 𝝆 e 𝐠 permanecerem constantes, então:
𝑷𝟐 − 𝑷𝟏 = 𝝆𝐠(𝒚𝟐 − 𝒚𝟏 )

A pressão em um ponto de um fluido em equilíbrio estático depende da profundidade do ponto, mas não
da dimensão horizontal do fluido ou do recipiente

O Princípio de Pascal

A pressão aplicada a um fluido no interior de um recipiente é


transmitida sem nenhuma diminuição a todos os pontos do
fluido e para as paredes do recipiente.

𝑭𝒆 𝑭𝒔
∆𝒑 = =
𝑨𝒆 𝑨𝒔

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O Princípio de Arquimedes
Quando um corpo está total ou parcialmente submerso em um fluido, uma força de empuxo 𝐹⃗𝐸 exercida
pelo fluido age sobre o corpo. A força é dirigida para cima e tem um módulo igual ao peso 𝑚𝑓 𝑔 do fluido
deslocado pelo corpo.
De acordo com o princípio de Arquimedes, o módulo da força de empuxo é dado por:
𝐸 = 𝑚𝑓 g
em que 𝑚𝑓 é a massa do fluido deslocado pelo corpo. 3

Peso Aparente de um Corpo Imerso em um Fluido


Quando colocamos uma pedra em uma balança calibrada para medir pesos, a leitura da balança é o peso
da pedra. Quando, porém, repetimos a experiência dentro d’água, a força de empuxo a que a pedra é
submetida diminui a leitura da balança. A leitura passa a ser, portanto, um peso aparente. O peso
aparente de um corpo está relacionado ao peso real e à força de empuxo por meio da equação

𝑷𝑨𝒑 = 𝑷 − 𝑬

Fluidos Ideais em Movimento


Um fluido ideal é um fluido incompressível (ou seja que sua densidade não varia), que não possui nenhum
atrito interno.
A Equação de Continuidade
Vamos agora deduzir uma expressão
que relaciona v e A no caso do
escoamento laminar de um fluido
ideal em um tubo de seção reta
variável, o escoamento é para a
direita, e o segmento de tubo
mostrado (que faz parte de um tubo
mais longo) tem comprimento L. A
velocidade do fluido é 𝑣1 na
extremidade esquerda e 𝑣2 na
extremidade direita. A área da seção reta do tubo é 𝐴1 na extremidade esquerda e 𝐴2 na extremidade
direita. Suponha que, em um intervalo de tempo Δt, um volume ΔV do
fluido (o volume violeta na figura) entra no segmento de tubo pela
extremidade esquerda. Como o fluido é incompressível, um volume igual
ΔV do fluido (o volume verde na figura) deve sair pela extremidade direita.
Podemos usar esse volume ΔV comum às duas extremidades para
relacionar as velocidades e áreas. Para isso, consideramos primeiramente
a figura ao lado, que mostra uma vista lateral de um tubo de seção reta

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uniforme de área A. Na Figura, um elemento e do fluido está prestes a passar pela reta tracejada
perpendicular ao eixo do tubo. Se a velocidade do elemento é v, durante um intervalo de tempo Δt o
elemento percorre uma distância ∆𝑥 = 𝑣∆𝑡, ao longo do tubo. O volume ΔV do fluido que passa pela reta
tracejada durante o intervalo de tempo Δt é:
∆𝑽 = 𝑨∆𝒙 → ∆𝑽 = 𝑨𝒗∆𝒕
Quando aplicamos a equação acima, às duas extremidades do segmento de tubo da figura, temos

∆𝑽 = 𝑨𝟏 𝒗𝟏 ∆𝒕 = 𝑨𝟐 𝒗𝟐 ∆𝒕 → 𝑨𝟏 𝒗𝟏 = 𝑨𝟐 𝒗𝟐 4

Essa relação entre velocidade e área da seção reta é chamada de equação de continuidade para o
escoamento de um fluido ideal.
A equação pode ser escrita na forma
𝑹𝑽 = 𝑨𝒗 = 𝒄𝒐𝒏𝒔𝒕𝒂𝒏𝒕𝒆
em que 𝑅𝑉 é a vazão do fluido (volume que passa por uma seção reta por unidade de tempo). A unidade
de vazão do SI é o metro cúbico por segundo (m3/s).
A Equação de Bernoulli

A figura mostra um tubo pelo qual um fluido ideal escoa com vazão
constante. Suponha que, em um intervalo de tempo Δt, um volume
ΔV do fluido, de cor violeta, entre pela extremidade esquerda
(entrada) do tubo, e um volume igual, de cor verde, saia pela
extremidade direita (saída) do tubo. Como o fluido é incompressível,
com massa específica constante 𝝆, o volume que sai é igual ao
volume que entra.
Sejam 𝑦1 , 𝑣1 𝑒 𝑝1 a altura, a velocidade e a pressão do fluido que entra do lado esquerdo, e 𝑦2 , 𝑣2 𝑒 𝑝2 os
valores correspondentes do fluido que sai do lado direito. Aplicando ao fluido a lei de conservação da
energia mecânica, vamos mostrar que esses valores estão relacionados por meio da equação.
𝟏 𝟏
𝒑𝟏 + 𝝆𝒈𝒚𝟏 + 𝝆𝒗𝟐𝟏 = 𝒑𝟐 + 𝝆𝒈𝒚𝟐 + 𝝆𝒗𝟐𝟐
𝟐 𝟐
1
em que o termo 𝜌𝑣 2 é chamado de energia cinética específica (energia cinética por unidade de volume)
2

do fluido. A equação também pode ser escrita na forma


𝟏
𝒑 + 𝝆𝒈𝒚 + 𝝆𝒗𝟐 = 𝒄𝒐𝒏𝒔𝒕𝒂𝒏𝒕𝒆
𝟐
A equação de Bernoulli é estritamente válida apenas para fluidos ideais; quando forças viscosas estão
presentes, a energia mecânica não é conservada, já que parte da energia é convertida em energia
térmica.

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EXERCÍCIOS PROPOSTOS
1. Um recipiente contem um liquido A de densidade 0,6 g/cm3 e volume V outro recipiente contem um
liquido B de densidade 0,70 g/cm3 e volume 4V os dois líquidos são miscíveis. Qual a densidade da
mistura?
2. Um sólido flutua em água com 1/8 de seu volume imerso. O mesmo corpo flutua em óleo com 1/6 de
seu volume imerso. Determine a relação entre a densidade do óleo e a densidade da água.
3. Um recipiente, contem três líquidos não miscíveis que se dispõe pela ordem seguinte das massas
5
volúmicas: 13,6 g/cm3, 1,0n g/cm3 e 0,6 g/cm3. As espessuras das camadas dos líquidos são
respectivamente 5 cm, 7 cm e 6 cm. Calcule a pressão exercida no fundo do
recipiente.
4. A figura representa uma prensa hidráulica em equilíbrio cujos êmbolos têm
respectivamente 20 cm e 60 cm de raio. Sobre o êmbolo menor aplica-se
uma força de 200 N. (a) Calcule o valor da força F2. (b) Se o embolo maior
for deslocado de 1,0 cm, qual o deslocamento do embolo menor?
5. Uma esfera está mergulhada num vaso que contem água e mercúrio. Determina a razão entre os
volumes imersos na água e no mercúrio, sabendo que as massas volúmicas do material que constitui a
esfera, da água e do mercúrio são respectivamente 4,0 g/cm3, 1,0 g/cm3 e 13,6 g/cm3.
6. Duas esferas A e B, de igual volume foram colocadas e em seguida imersas em água onde se mantêm
em equilíbrio. Quando se separam a esfera A sobe, passando a flutuar com metade do seu volume
imerso e a esfera B desce. Calcule o valor da massa volúmica de cada uma das esferas.
7. A densidade do gelo é 0,9 e a densidade da água no mar é 1,03. Determine a fração do volume total de
icebergue que fica fora da água.
8. Um corpo oco, de cobre pesa 40 N no ar e 30 N quando mergulhado em água. Calcule o volume da
g g
cavidade do corpo. (𝜌𝑙 = 1,0 𝜌𝑐𝑢 = 8,9 )
cm3 cm3

9. Um corpo totalmente imerso em água sobe com uma aceleração de 3,0 m/s2. Determine a massa
volúmica da substância de que é feito o corpo.
10. Misturam-se massas de dois líquidos iguais de densidades 0,4 g/cm3 e 0,6 g/cm3. Determine a
densidade da mistura.
11. Uma amostra de minério pesa 17,50 N no ar. Quando a amostra é suspensa por uma corda leve e
totalmente imersa em água a tensão da corda é igual a 11, 20 N. Calcule o volume total e a densidade
da amostra.
12. Uma peça de ferro contendo um certo número de cavidade pesa 6000 N no ar e 4000 N na água. Qual
é o volume total da cavidade. (𝜌𝐹𝑒 = 7,87 g⁄cm3 ).
13. A superfície S1 e S2 do tubo indicado na figura possuem
áreas 3,0 cm2 e 2,0 cm2 respectivamente. Um liquido de
densidade 0,80 g/cm3 escoa pelo tubo e apresenta no
ponto 1 velocidade 2,0 m/s e pressão 4.104 Pa. Determina
a velocidade e a pressão do líquido no ponto 2.

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