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Instituto de Química– IQ
Brasília 2023
PERGUNTAS
Dessa forma, sua relevância supera a esfera acadêmica e se encontra em situações tais
como: no uso de shampoos e condicionadores, em que sua constituição viscosa deve ser
produzida a fim de não deixá-los correr pela mão do consumidor; em tintas aplicadas a
produção artísticas nas quais a viscosidade não pode atrapalhar nem na fluidez do pincel,
nem deve permitir que a tinta escorra pelo quadro; no cimento que mesmo concentrado,
precisa fluir nos tijolos com a espátula e entre outras incontáveis aplicações (BARNES,
2000, p.2).
Porém, a deformação dessas forças fará, em uma abordagem química, que o arranjo de
forças intermolecular do material sofra mudanças e o faça ter maior atrito interno. Em
conclusão, podemos definir a viscosidade como a resistência desse fluido às tensões de
cisalhamento, sendo uma importante variável a ser conhecida na área da mecânica dos
fluidos, pois com ela é possível calcular a resistência de fluido ao escoamento e a perda
de carga que um fluido pode sofrer (LIVI, 2012, p.6).
∆𝐹𝑥
𝜏𝑦𝑥 = lim ( )
∆𝐴→0 ∆𝐴
𝑑𝜃
(𝑡𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑑𝑒𝑓𝑜𝑟𝑚𝑎çã𝑜 𝑖𝑛𝑓𝑖𝑛𝑖𝑡𝑒𝑠𝑖𝑚𝑎𝑙 𝑑𝑜 𝑓𝑙𝑢𝑖𝑑𝑜 ) =
𝑑𝑡
Equação 2 – taxa de deformação infinitesimal do fluido
𝑑𝜃
𝜏𝑦𝑥 = 𝜇
𝑑𝑡
Equação 3 – Lei de Newton para viscosidade com a taxa de deformação
𝜇
𝜗=
𝜌
Existe uma distinção evidente na natureza da viscosidade para líquidos e para gases, a
qual se baseia no aumento ou redução da temperatura. No caso dos líquidos, uma vez que
as forças intermoleculares são consideráveis e determinantes e que essas forças de coesão
reduzem com o aumento de temperatura, a viscosidade irá reduzir com esse acréscimo.
Alternativamente, a viscosidade em gases se eleva com o aumento da temperatura, posto
que as interações intermoleculares são desprezíveis e que o momento linear transferido
entre lâminas do fluido via colisões se torna o aspecto determinante. Como esse momento
linear aumenta ao elevar a temperatura, a viscosidade de gases também terá um acréscimo
(LIVI, 2012, p.8).
Como exemplos, elenco na Tabela 1 a água e a amônia saturadas na forma líquida e vapor
(ÇENGEL; CIMBALA, 2015, p.773-775):
iii) Qual é classificação dos fluidos segundo seu comportamento reológico? (1,0
pontos)
De início, a reologia define os fluidos newtonianos que seguem a Lei de Newton para a
viscosidade dado o gradiente de velocidade do fluxo em questão, como já mencionado.
Assim, para diversos fluidos conhecidos e comum no cotidiano em que essa lei não é
respeitada, foi estabelecida a classificação de fluidos não-newtonianos e a partir daí
diversas leis e modelos foram denotadas para estudar o comportamento de seus fluxos.
𝐹 = 𝑘 ∆𝑙 (Lei de Hooke)
Equação 5 – Lei de Hooke
Fluidos irreversíveis (viscosos): Estes fluidos seguem a lei de Newton, onde a viscosidade
de um fluido é dita como constante, a sua deformação é irreversível, mas possuem
escoamento (BIRD; STEWART; LIGHTFOOT, 2002, p.245).
𝑑𝑣
𝜏 = −𝜇 (Lei de Newton para a viscosidade)
𝑑𝑦
𝑑𝑣𝑥
𝜏𝑦𝑥 = −𝜇
𝑑𝑦
Porém, é possível entender essa definição para que possamos encontrar equações
apropriadas para diferentes situações comuns quando tratamos de fluidos newtonianos.
Em um primeiro caso, no perfil de velocidade de um fluido em fluxo laminar
completamente desenvolvido em um tubo capilar.
8𝑄𝜇𝐿
𝑃=
𝜋𝑎4
Equação 9 – Queda de pressão de fluido laminar completamente desenvolvido em tubo capilar
0.6𝑃𝑎
𝑃𝑒 =
𝐿
Equação 10 – Queda de pressão de fluxos de reservatório grande para tubo capilar
É possível também definir, com a viscosidade absoluta, o volume V de fluido que sai de
um reservatório de raio grande devido a ação de seu próprio peso em um tubo vertical de
raio a, pela Equação 11 (BARNES, 2000, p.29):
𝜋𝑎4 𝑡𝑔𝜌(ℎ1 − ℎ2 )
𝑉=
ℎ
8𝜇𝐿𝑙𝑛 ℎ1
2
2∆𝜌𝑔𝑎2
𝑣=
9𝜇
0.008𝜌𝐿𝑄2 𝑅𝑒 −1/4
𝑃=
𝑎
Equação 64 – Queda de Pressão de fluido em regime turbulento em tubo de raio a
𝜎𝑤 = 0.04𝜌𝑣 2 𝑅𝑒 −1/4
Finalmente, é válido destacar que existem geometrias para fluxos, tais como a de cilindros
concêntricos de fenda estreita, que são especificamente importantes para criação de
viscosímetros de fluidos newtonianos e não-newtonianos e as equações que regem alguns
dos mais comuns viscosímetros serão abordadas a posteriori.
Os fluidos não-newtonianos são, por lógica, aqueles em que a tensão de cisalhamento não
é proporcional à taxa de deformação como na Equação 7. Para esses fluidos, a viscosidade
passa a não ser mais uma constante e começa a mudar com variação das tensões nesses
aplicadas. Não obstante, essa complicação não impediu reólogos de definir modelos
matemáticos que tentam descrever o comportamento dos fluidos não-newtonianos, tal
como o modelo newtoniano generalizado (BIRD; STEWART; LIGHTFOOT, 2002,
p.240).
𝝉 = −𝜇𝜸̇
𝛾̇ = √1/2(𝜸̇: 𝜸̇ )
A partir dessa relação, para se ter a continuação, é necessário voltarmos para modelos
empíricos que utilizam de dados experimentais para definir coeficientes para os fluídos
newtonianos conhecidos. O mais simples modelo possível é a power law de dois
parâmetros, proposto na equação, em que m e n são constantes próprias do fluido em
análise (BIRD; STEWART; LIGHTFOOT, 2002, p.241):
𝜼 = 𝑚𝜸̇ 𝑛−1
Equação 109 – Power law de dois parâmetros
Nesse sentido, temos tabelas empíricas com valores dessas constantes obtidos
experimentalmente para diferentes tipos de fluidos. Finalmente, por se tratar de uma
relação de potência na equação acima, para o gráfico de fluidos não-newtonianos,
devemos plotá-lo como log-log da viscosidade em função da taxa de cisalhamento.
Para exemplificar os fluidos newtonianos, podemos citar a própria água, o leite e óleos
vegetais, enquanto para os fluidos não-newtonianos, as polpas de fruta, o petróleo e o
ketchup são alguns dos incontáveis exemplos desses fluidos no nosso dia-a-dia.
𝛿
𝝉 + 𝜆1 𝝉 = −𝜂0𝜸̇
𝛿𝑡
Equação 20 – Equação de Maxwell para fluidos viscoelásticos
𝑑𝑣𝑥
𝜏𝑦𝑥 = ±𝜏0 − 𝜇0 , 𝑝𝑎𝑟𝑎 |𝜏𝑦𝑥 | > |𝜏0 |
𝑑𝑦
𝑑𝑣𝑥
= 0, 𝑝𝑎𝑟𝑎 |𝜏𝑦𝑥 | < |𝜏0 |
𝑑𝑦
Por fim, para os fluidos não-newtonianos dependentes do tempo, esses têm suas
propriedades reológicas variando em função do tempo durante a constante aplicação da
tensão de cisalhamento. Assim, os tixotrópicos, tem sua viscosidade reduzida ao longo
do tempo, fazendo esses escoarem melhor e, já os reopéticos, tem sua resistência
aumentada à medida que o escoamento ocorre por uma tensão de cisalhamento, elevando
a sua viscosidade (USP, 2005, p.6).
Isso ocorre, pois para esses fluidos, existem estruturas que são criadas ou rompidas a
medida em que o escoamento se desenvolve até um limite em que essa viscosidade chega
ao equilíbrio e não variará mais dado um tempo suficientemente grande. Eles seguem o
modelo generalizado para fluidos não-newtonianos, porém única diferença é que sua
viscosidade também é dada em função do tempo, sendo essa função viscosidade-tempo
estimada por modelos empíricos. Como exemplos temos a argila bentonita e o petróleo
não processado.
O copo de Ford possui uma equação diferente para cada orifício que são obtidas a partir
do gráfico da viscosidade cinemática em função do tempo de escoamento, onde a equação
correspondente é dada pela equação da reta naquele ponto, são elas:
𝐹𝐷 = 6. 𝜋. 𝜇. 𝑣. 𝑟
Equação 23 – Força de arrasto sobre uma esfera que move através de um fluido
∑ 𝐹 = 𝐹𝐷 + 𝐹𝐸 − 𝐹𝑔 = 0
4 4
6. 𝜋. 𝜇. 𝑣. 𝑟 = 𝜋. 𝑟 3. 𝜌𝑒𝑠𝑓𝑒𝑟𝑎 . 𝑔 − 𝜌𝑓𝑙𝑢𝑖𝑑𝑜 . 𝜋. 𝑟 3 . 𝑔
3 3
𝑑
Simplificando tudo, considerando 𝑟 = e deixando (𝜇) do lado 1 da equação,
2
obtemos (FONTANA, 2008, p.6):
1 (𝜌𝑒𝑠𝑓𝑒𝑟𝑎 − 𝜌𝑓𝑙𝑢𝑖𝑑𝑜 ). 𝑔. 𝑑 2
𝜇=
18 𝑉𝑙
Equação 24 – Viscosidade medida em viscosímetro de esfera
Figura 4 - Viscosímetro de cilindros concêntricos
De tal sorte que w1 é a velocidade angular desse cilindro e 𝑅̅ é a média aritmética dos
raios do cilindro interno e externo. Com esses valores, é possível realizar a curva de tensão
de cisalhamento e taxa de cisalhamento para o fluido entre os cilindros e determinar sua
viscosidade.
O viscosímetro de tubo capilar, por sua vez, funciona ao colocarmos um fluido em seu
reservatório superior até um certo limite superior e esse passar por um tubo capilar pela
ação da gravidade. É contado o tempo de escoamento desse fluido até que o menisco do
limite inferior seja atingido. Utilizaremos a Equação 8 para tubos capilares de raio a e de
comprimento L em relação a velocidade u e para a queda de pressão ao longo do
escoamento P:
𝑃
𝑢 (𝑟 ) = (𝑎2 −𝑟 2 )
4𝜇𝐿
Desse, a partir dessa equação, temos Lei de Hagen-Poiseuille para viscosidades em tubos
capilares, que propõe a lei de velocidade média 𝑢̅ para esse mesmo escoamento e quando
isolamos a viscosidade, temos a Equação 28 (FONTANA, 2008, p.5):
𝑃𝑎2
𝜇=
8𝐿𝑢̅
Equação 28 – Lei de Hagen-Poiseuille
Se admitirmos que a queda de pressão P se deve a ação da gravidade para esse tipo de
viscosímetro, é possível defini-la pela relação seguinte em que h é a diferença da altura
do limite superior pelo limite inferior (FONTANA, 2008, p.5):
𝑃 = 𝜌𝑔ℎ
E como sabemos sobre o tempo do escoamento, a velocidade média 𝑢̅ pode ser reescrita
como (FONTANA, 2008, p.5):
𝐿
𝑢̅ =
𝑡
Equação 30 – Velocidade média de fluido
𝜇 𝑔ℎ𝑎2
𝜗= = 𝑡
𝜌 8𝐿2
REFERÊNCIAS