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FACULDADE DE ENGENHARIAS E TECNOLOGIAS

CURSO: ENGENHARIA DE CONSTRUÇÃO CIVIL

REVISÃO DOS CONCEITOS GERAIS


DE
HIDRAULICA

atumaneiacumba@gmail.com
09/08/2023
Conteúdos Programáticos:

– Propriedade dos fluidos (Líquidos e Gases);

– Hidrostática;

– Hidrocinematica;

– Hidrodinâmica;

– Escoamento Permanente Sob Pressão;

– Escoamento Variáveis sob Pressão;

– Bombas Hidráulicas
1. Introdução
A água é a única substância que tem a propriedade de passar pelos estados sólido,
líquido e gasoso nas condições de temperatura e pressão reinantes na superfície da
Terra.

Cerca de 97,6% da água do planeta é constituída pelos oceanos, mares e lagos de


água salgada. A água doce, representa apenas 2,4% do total e tem a sua maior parte
situada nas calotes polares (1,9%), inacessível aos homens pelos meios tecnológicos
actuais. Da parcela restante (0,5%), mais de 95% é constituída pelas águas
subterrâneas.

Para definir a qualidade da água natural, vários são os termos técnicos utilizados tais
como dura ou salobra, salgada ou salina, mineral, termal, radioactiva, doce,
poluída, contaminada, turva, ácida,alcalina, tratada, pura, potável, etc.
Com a crescente necessidade de utilização da água para os mais
variados fins, vai-se desenvolvendo a necessidade estudar melhor as
leis de estabilidade e movimento dos líquidos ao longo do tempo.

Ela dá-nos com base em experiências efectuadas ao longo dos anos e


através do desenvolvimento de teorias concretas, métodos para a
utilização dessas leis visando resolver diferentes problemas da prática
da engenharia.
2. Propriedades Fisicas dos Fluidos: Liquidos e Gases
Os fluidos são corpos sem forma própria que podem escoar-se,
sofrendo grandes variações de forma, sob a acção de forças tanto
mais fracas quanto mais lentas forem tais variações.

Os líquidos ocupam um volume determinado, não resistem a tracções


e são muito pouco compressíveis.

Os gases também não resistem a tracções mas, ao contrário dos


líquidos, ocupam sempre o máximo volume de que podem dispor e são
muito compressíveis.
2.1 Sistema Internacional de Unidades (SI)

Na Hidráulica, as grandezas mais importantes, para além do comprimento,


massa, tempo e temperatura, são:
área – metro quadrado (m2)
volume – metro cúbico (m3)
velocidade – m/s
aceleração – m/s2
força – newton (N) 1 N = 1 kg x 1 m/s2
pressão – pascal (Pa) 1 Pa = 1 N/m2
energia, trabalho – joule (J) 1 J = 1 N x 1 m
potência – watt (W) 1 W = 1 J / s
frequência – hertz (Hz) 1 Hz = 1 ciclo / s
massa volúmica, massa específica ou densidade – kg/m3
caudal – m3/s
Unidades Equivalentes:
quilograma força – 1 kgf = 9.8 N
bar – 1 bar = 105 Pa
atmosfera – 1 atm = 1.034 x 105 Pa
quilowatt hora – 1 kWh = 3.6 x 106 J
cavalo vapor – 1 CV = 0.736 kW
horsepower – 1 Hp = 0.75 kW
caloria – 1 cal = 4.18 J
NB: Para outras equivalências e factores de conversão, podem ser
consultadas as tabelas 1 a 5 de LENCASTRE 1983.
2.2 MASSA ESPECÍFICA, MASSA VOLÚMICA OU DENSIDADE
A massa específica, massa volúmica ou densidade (ρ) é a massa
contida na unidade de volume. A densidade da água varia
relativamente pouco com a temperatura: 1000 kg/m3 entre 0 e 10
ºC; 998 a 20 ºC; 996 a 30 ºC; 992 a 40 ºC; e 958 a 100 ºC.

Devido à muito baixa compressibilidade da água, como adiante se


verá, a densidade praticamente não varia com a pressão.
Por vezes é referida a densidade relativa, definida como a relação
entre a densidade dum líquido e a densidade da água a 4 ºC. A
densidade relativa da água é obviamente 1 (ou muito próximo).
2.3 FORÇAS EXTERIORES
Peso próprio – proporcional à massa. Se se considerar um volume
elementar dV, o peso próprio é igual a ρg dV.
Forças de contacto – agem sobre a superfície A (superfície de fronteira).
Se se considerar um elemento de área dA, a força de contacto será
uma força elementar d F = P dA , em que P é a força de contacto por
unidade de área.
A força de contacto dF pode ser decomposta numa componente normal
dFn e numa componente tangencial dFt à superfície dA. A componente
normal é dirigida para o interior do volume de líquido (já que os líquidos
não resistem a tracções).
Designa-se por pressão p a grandeza escalar que representa o módulo
da componente normal dFn por unidade de área.

A grandeza escalar que representa o módulo da componente tangencial


por unidade de área é a tensão tangencial г.

Nos líquidos em movimento, embora a isotropia não seja perfeita


continua a considerar-se que a pressão num ponto do líquido é
independente da orientação da área elementar dA. Surgem tensões
tangenciais desde que o líquido seja viscoso.
2.4 COMPRESSIBILIDADE
Os fluidos são compressíveis mas esta propriedade é muito mais
evidente nos gases do que nos líquidos.
Em termos gerais, define-se compressibilidade como a diminuição de
volume (e consequente aumento de densidade) provocada por um
aumento da pressão sobre o fluido.
Define-se coeficiente de compressibilidade (α) como a diminuição de
volume por unidade de volume e por unidade de aumento de pressão.
Exprime-se em m2/N.

O módulo de elasticidade volumétrica (ε) é o inverso do coeficiente


de compressibilidade e exprimese como uma pressão.
No caso da água, os valores de α e ε são de 0.5 x 10 –9
m2/N e 2 x 10 9 N/m2 respectivamente.

A compressibilidade da água é praticamente desprezável em


problemas práticos, excepto no caso de escoamento variável
em condutas sob pressão (estudo do golpe de aríete).
2.5 VISCOSIDADE
Podemos definir viscosidade como a resistência dos líquidos à
deformação.
Os líquidos que seguem a lei de Newton designam-se por líquidos
newtonianos. Quando a temperatura aumenta, a viscosidade diminui.2
Frequentemente utiliza-se em lugar do coeficiente de viscosidade
dinâmica a viscosidade cinemática ν, definida por

A viscosidade cinemática expressa-se em m2/s e varia


significativamente com a temperatura, conforme se indica na tabela
seguinte.
Quando um líquido se escoa sobre uma parede sólida, adere a ela. Há assim
uma película de líquido que fica imobilizada enquanto o resto do fluido
continua em movimento. À medida que a distância à parede aumenta,
aumenta a velocidade do líquido.

A força de arrastamento realiza trabalho o que implica que o líquido perde


energia quando se escoa.

A energia do líquido em movimento é energia mecânica (potencial e cinética) e


a perda (dissipação) de energia faz-se por transformação da energia mecânica
em energia térmica. A energia térmica provoca o aumento de temperatura do
líquido (normalmente desprezável devido ao elevado calor específico dos
líquidos) e é trocada com o meio envolvente (parede sólida, atmosfera).
2.6 CELERIDADE
Celeridade c é a velocidade de propagação duma perturbação no seio
dum líquido. A celeridade pode ser calculada pela expressão:

Para a água a temperaturas habituais (10 a 30 ºC), a celeridade tem um


valor de aproximadamente 1400 m/s.
2.7 SOLUBILIDADE DE GASES EM LÍQUIDOS
A solubilidade de gases em líquidos é expressa pela lei de Henry:

a temperatura constante e em condições de saturação, a relação entre


o volume de gás dissolvido e o volume de líquido é constante.

Se num dado ponto do escoamento dum líquido a pressão aumentar, o


volume do gás dissolvido diminui e uma quantidade adicional de gás
pode ser dissolvida;

Para temperaturas normais, a concentração do ar dissolvido na


água em condições de saturação é de cerca de 2%.
3. HIDROSTÁTICA
3.1. LEI HIDROSTÁTICA DE PRESSÕES
Hidrostática é o capítulo da Mecânica de Fluidos que estuda os
líquidos em repouso. Num líquido em repouso, não há variações de
velocidade e, por conseguinte, não surgem tensões tangenciais (г) .
Apenas existem pressões (compressões).
A equação fundamental da Dinâmica (2ª lei de Newton) expressa-se
por:

Sendo F a resultante das forças exteriores aplicadas a um corpo de


massa m e a a aceleração
resultante. Nos líquidos em repouso, a aceleração é nula e
consequentemente também F o é.
Como se viu anteriormente, as forças exteriores que actuam sobre um
volume de líquido são o peso próprio e as forças de contacto. Como as
tensões tangenciais são nulas nos líquidos em repouso, as forças de
contacto são as resultantes das pressões normais que actuam sobre a
superfície que contém o volume de líquido. Designando o peso próprio
por G e a resultante das pressões por P , tem-se então
Esta igualdade exprime a Lei Hidrostática de Pressões. É
fácil verificar que esta igualdade não se restringe a pontos do
líquido situados na mesma vertical. Para isso, basta mostrar
que a igualdade continua válida para pontos do líquido
situados ao mesmo nível.
Considerando agora a componente horizontal da equação vectorial,
verifica-se que nem o peso próprio nem as pressões actuando sobre a
superfície lateral têm componente horizontal. Por isso, as únicas forças
exteriores com componente horizontal são as resultantes das pressões
que actuam sobre as bases.
4. HIDROCINEMÁTICA :

Hidrocinemática é o capítulo da Mecânica de Fluidos que estuda a

caracterização do movimento dos líquidos. Nesta caracterização é

importante definir os conceitos de linha de corrente e de trajectória.

Define-se trajectória como o lugar geométrico dos pontos ocupados ao

longo do tempo por uma partícula em movimento.

Define-se linha de corrente como a linha que, num dado instante e em

qualquer dos seus pontos, é tangente aos vectores velocidade.


5. TIPOS DE ESCOAMENTO
A classificação dum escoamento como pertencendo a um determinado
tipo depende do critério utilizado para caracterizar os diversos tipos de
escoamento. No estudo do escoamento dos líquidos, interessa
fundamentalmente fazer a sua categorização de acordo com os
seguintes critérios:
 Condições físicas de fronteira;
 Variação com o tempo;
 Variação com o espaço;
 Propagação de perturbações.
Faz-se de seguida uma primeira introdução a estes vários tipos de
escoamento, embora uma melhor compreensão de alguns deles
necessite de conceitos e ferramentas a serem introduzidos em capítulos
posteriores.
Escoamentos sob pressão – acontece em condutas de secção fechada, sem
contacto com a atmosfera; a pressão em qualquer ponto do escoamento será
normalmente diferente da pressão atmosférica. O escoamento em condutas de
sistemas de abastecimento de água ou em circuitos hidráulicos de centrais
hidroeléctricas é exemplo de escoamentos sob pressão.

Escoamentos com superfície livre – são escoamentos que ocorrem com


alguma parte do escoamento (a superfície livre) em contacto com a atmosfera;
a pressão na superfície livre é igual à pressão atmosférica. Pode referir-se
como exemplos de escoamentos com superfície
livre o escoamento em rios ou em valas de drenagem.
Escoamentos em meio poroso – são escoamentos através dum solo
permeável, sem contacto com a atmosfera; o escoamento dá-se através
dos poros do solo mas a secção do escoamento é definida
estatisticamente pela porosidade. O escoamento subterrâneo que
alimenta poços e furos de água é um exemplo de escoamento em meio
poroso.
Classificação segundo a variação ao longo do tempo

Escoamento variável – as características do escoamento, como por


exemplo a velocidade num dado ponto, variam com o tempo. v =v (x, y,
z,t) .

Escoamento permanente – as características do escoamento, como a


velocidade num ponto, não variam com o tempo.

Escoamento transitório – trata-se do escoamento variável que ocorre


entre dois escoamentos permanentes.
Classificação segundo a variação ao longo do tempo e
espaço
SISTEMA DE ABASTECIMENTO E DISTRIBUIÇÃO
DE AGUA

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