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Introdução
Assim como no capítulo anterior, esse trabalho apresenta apenas uma abordagem
superficial do assunto. É recomendado um estudo futuro das principais referências usadas no
capítulo.
As referências são: Mecânica dos fluidos – White, Race car Aerodynamics – Katz,
Competition Car Aerodynamics – McBeath, Race Car Vehicle Dynamics – Milliken, Caderno do
Luiz Antônio de Mecflu 1
Definições básicas
https://pt.wikipedia.org/wiki/Fluido
https://pt.wikipedia.org/wiki/Regime_de_escoamento
Pressão (p) – É a distribuição de uma força em uma área. Diretamente relacionada com
𝐹
a energia das moléculas na região analisada. Definida por: 𝑝 = 𝐴 . Naturalmente, um fluido
escoa sempre da região de maior energia (maior pressão) para a região de menor energia
(menor pressão).
O conceito de pressão se aplica principalmente para gases e líquidos. Para corpos sólidos
usa-se o mesmo conceito, entretanto, com o nome de tensão.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Press%C3%A3o
https://pt.wikipedia.org/wiki/Viscosidade
https://pt.wikipedia.org/wiki/Densidade
Vazão – É a quantidade de matéria (massa ou volume )que escoa por uma seção por
unidade de tempo.
Pode ser vazão volumétrica (Q), com unidade m³/s ou vazão mássica (ṁ), com unidade
kg/s.
https://en.wikipedia.org/wiki/Mass_flow_rate
https://en.wikipedia.org/wiki/Volumetric_flow_rate
Linhas de corrente
https://pt.wikipedia.org/wiki/Fluxo_laminar
https://pt.wikipedia.org/wiki/Turbul%C3%AAncia
Camada limite
Após a introdução dos conceitos mais básicos, podemos apresentar um dos principais
conceitos no estudo da aerodinâmica, a camada limite (boundary layer).
Por conta dos efeitos da viscosidade (forças de cisalhamento entre moléculas do fluido),
os fluidos apresentam uma condição chamada não escorregamento (no slip condition). Essa
condição determina que as moléculas diretamente em contato com uma superfície em
movimento não deslizam com relação a superfície, ou seja sua velocidade relativa (u) é 0. Para
camadas de fluido longe da superfície, a velocidade relativa do fluido passa a aumentar
gradualmente até chegar no valor máximo da velocidade nas zonas livres de influência da
superfície em questão.
Representação da camada limite sobre uma placa plana
Na imagem acima, temos um escoamento em torno de uma placa plana num sistema de
coordenadas x,y. As setas representam vetores de velocidade (U), e seu tamanho está
relacionado com o valor da velocidade.
Nas zonas livres de influência da placa o valor de U é máximo (0). Na região de contato
do ar com a placa (y=0) a velocidade relativa do ar é 0. Com o aumento do valor de y, os efeitos
viscosos vão ficando menores e como consequência, a velocidade passa a aumentar até chegar
no valor U0 do fluxo livre.
Ao escoar pela placa (eixo x) o fluido ar vai perdendo energia pelo atrito viscoso e com
isso a espessura da camada limite começa a aumentar até que ela não consiga mais se manter
aderida a superfície. Nesse instante ocorre a separação da camada limite e o fluído passa a se
comportar de maneira turbulenta. Esse fenômeno é de extrema importância na aerodinâmica e
será analisado com mais detalhes no final do capítulo.
p = massa específica
U = Velocidade
L = Comprimento característico
µ = Viscosity
Uma das maiores importâncias do número de Reynolds é seu uso para garantir a
similaridade entre escoamentos em escala, como uma análise de um modelo menor de um carro
em túnel de vento.
Como nem sempre é possível utilizar o carro em tamanho real em túneis de vento,
muitas equipes optam por utilizar modelos em escala menor. Da equação do número de
Reynolds, podemos ver que ao reduzir o comprimento característico, é necessário aumentar a
velocidade do escoamento na mesma proporção para garantir o mesmo número de Reynolds.
A massa específica e a viscosidade do fluido são difíceis de variar, portanto não são muito
utilizados para controle do número de Reynolds, apesar de existirem túneis de água para simular
valores altos de Reynolds, como é o caso de aviões militares supersônicos.
https://en.wikipedia.org/wiki/Reynolds_number
Número de Mach
https://en.wikipedia.org/wiki/Mach_number
O teorema de Bernoulli
Pressão estática: É a pressão que o fluido exerce sob as paredes de sua fronteira. Está
relacionada ao bombardeamento de moléculas nas paredes em contato com fluido.
A soma dessas três parcelas resulta na pressão total de um fluido, que é constante em
todos os pontos do escoamento. Esse é o princípio do teorema de Bernoulli, que é descrito pela
seguinte equação:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Princ%C3%ADpio_de_Bernoulli
Conservação de massa – Equação da continuidade
Uma outra relação importante na mecânica dos fluidos é derivada da lei da conservação
de massa. A chamada equação da continuidade estabelece que a quantidade de um fluido em
escoamento incompressível dentro de um volume de controle é sempre a constante,
independentemente da variação das características do escoamento. A equação da continuidade
é dada por:
𝑄 = 𝑉𝐴 = 𝑐𝑡𝑒
Sendo:
Q = Vazão volumétrica
V = Velocidade
Na imagem acima, o fluido escoa com velocidade v1 na região com área A1, na região 2
a área da seção é reduzida e para que a mesma vazão possa escoar, a velocidade do fluido v2
precisa ser maior.
𝑄1 = 𝑄2 = 𝐴1𝑉1 = 𝐴2𝑉2
𝑉1 < 𝑉2
𝐴1 > 𝐴2
Efeito Venturi
https://pt.wikipedia.org/wiki/Coeficiente_de_press%C3%A3o
Uma analogia para esses fenômenos seria soltar uma bola no meio de uma rampa.
Naturalmente a bola iria rolar para baixo, mas se você fornecer energia suficiente, é possível
chutar a bola e fazê-la subir a rampa. Portanto para que o fluido vença o gradiente de pressão
adverso é preciso que se forneça energia externa a ele ou que ele vá perdendo grande
quantidade de energia durante o caminho. Ao perder energia, pode ocorrer o fenômeno da
separação da camada limite.
Forças aerodinâmicas
Nesse ponto chegamos em uma das partes mais importantes do capítulo, o estudo das
forças aerodinâmicas.
Downforce:
Difusor undertray em 2D
Na região central do carro a seção pela qual o ar escoa é muito pequena, por isso o ar
acelera e ao chegar no difusor a área de escoamento aumento e a pressão vai aumentando até
chegar no valor da pressão atmosférica no final do difusor. Em toda a região do undertray onde
a pressão é menor que a atmosférica existe uma força empurrando o carro para baixo.
Arrasto
A força de arrasto é uma força que resiste ao movimento do veículo, às vezes chamada
de “resistência do ar”. A força de arrasto total apresenta 3 principais componentes sendo eles:
Arrasto viscoso (Arrasto de atrito): Causado pelo atrito da superfície do corpo com as
moléculas do fluido. Quanto mais viscoso é o fluído e quanto mais rugosa a superfície do corpo,
maior será o arrasto viscoso.
Arrasto induzido: Causado pela mistura do fluxo entre zonas de alta e baixa pressão.
Como o fluido sempre tende a escoar para a zona de menor pressão, o ar às vezes resolve
“trapacear” e sair para a zona de menor pressão pelos lados da asa. Isso resulta em vórtices que
aumentam o arrasto
Vórtices causadores do arrasto induzido
É importante ressaltar que a interação do carro com o ar também produz forças laterais.
Essas forças são difíceis de medir e prever, portanto não são o foco dos estudos apresentados
aqui.
Para analisar e comparar as forças geradas entre corpos diferentes usamos coeficientes
adimensionais (Coef de arrasto, Coef de downforce). A vantagem desses coeficientes é que eles
são valores que não dependem da variação de velocidade, ao contrário das forças
simplesmente.
Para análises de automóveis a área de referência usada no cálculo costuma ser a área
da projeção frontal do carro.
Devido a pressão aerodinâmica estar distribuída por toda a superfície do corpo, isso
resulta em um distribuição de forças ao longo do corpo. Essas forças produzem momentos em
relação ao corpo, sendo isso um fator a ser considerado nos projetos. Principalmente no
balanceamento total do carro.
Para reduzir todas as forças distribuídas em um corpo a uma única força resultante, usa-
se o conceito de centro de pressão.
Forças e momentos
Centro de pressão
Descolamento da camada limite
Como visto anteriormente, a camada limite vai aumentando sua espessura ao longo da
superfície e também passa por uma transição de escoamento laminar para escoamento
turbulento.
Por conta desses fenômenos, a camada limite vai perdendo energia até que chega em
um ponto em que se separa da superfície, causando vórtices e zonas de recirculação do fluxo.
Na prática a separação ocorre quando o fluxo passa por uma grande variação de
geometria ou grandes gradientes de pressão.