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Diretrizes de projeto
Introdução
Esse capítulo apresenta uma abordagem mais direta com relação as decisões de
projeto. Para não ficar muito extenso, leituras prévias ou complementares são recomendadas
ao longo do capítulo.
Critérios de projeto
Por conta das características da competição, um projeto de Formula SAE deve atender
principalmente os seguintes requisitos:
Confiabilidade
Alta performance
Baixo custo
Esses requisitos costumam ser contraditórios entre si, portanto, é necessário fazer
sacrifícios e tentar buscar um equilíbrio entre eles para que o projeto possa ser feito dentro do
tempo e recursos estimados.
Provas Pontuação
Aceleração 100
Skidpad 75
Dinâmicas Autocross 125
Enduro 275
Eficiência 100
Design 150
Estáticas Custos e manufatura 100
Apresentação 75
Total 1000
Quando se fala em aerodinâmica em FSAE, o maior objetivo do projeto é melhorar a
performance do carro nas provas dinâmicas, que compõe a maior parcela da pontuação.
Entretanto, é preciso analisar as consequências do projeto como um todo, emtodas as provas
da competição.
Ao projetar o melhor pacote aerodinâmico possível, pode-se ganhar muitos pontos nas
provas de autocross, enduro, skidpad e até mesmo design ou apresentação. Entretanto, com
certeza essa modificação no carro resultará em perdas de pontos nas provas de custos,
eficiência, e aceleração, por conta do aumento do arrasto, que causa aumento no consumo de
combustível e por conta do alto custo que a construção do pacote aerodinâmico representa.
https://www.dropbox.com/s/u5k91ddmrqjtj9p/Simula%C3%A7%C3%A3o-de-Tempo-
de-Volta-de-Ve%C3%ADculo-F%C3%B3rmula-SAE-com-Modelo-Quasi-Steady-State-Rodrigo-P.-
Costa.pdf?dl=0
https://www.dropbox.com/s/fnnd1unb2jaqhyx/aero%20sta%20maria.pdf?dl=0
https://www.dropbox.com/s/s2jvxzsohxm9qjo/MONASH%20FSAE-Aero-Initial-
Performance-Predictions.pdf?dl=0
Projeto de asas
Considerações iniciais
Com uma noção de qual deve ser o tamanho máximo, pode-se iniciar o projeto
propriamente dito das asas.
A imensa maioria das asas projetadas na FSAE são do tipo multi-elemento, que permite
grandes valores de downforce, com ângulos de ataque agressivos com valores aceitáveis de
arrasto.
Para projetar uma asa multi-elemento o primeiro passo é escolha dos perfis
aerodinâmicos que serão usados. Boas recomendações podem ser obtidas com pdfs de
trabalhos de outras equipes de FSAE. Além disso, é recomendável pesquisar em bancos de
dados de aerofólios por perfis com altos valores de lift/downforce para baixos números de
Reynolds (Reynolds típicos para FSAE são considerados baixos para projetos de aerofólios, pois
a maioria das aplicações de aerofólios são nas áreas aeronáutica ou corridas com velocidades
mais altas).
http://airfoiltools.com/
Após uma seleção inicial dos perfis de interesse, deve-se decidir quantos elementos a
asa terá, qual o melhor ângulo de ataque para cada elemento, qual a melhor distância entre os
elementos, etc.
No projeto do pacote aerodinâmico de 2017, essas decisões foram feitas com base em
simulações CFD em 3D do carro completo. Essa prática não é recomendada nessa etapa do
projeto, pois consume um tempo muito grande para cada variação de design.
www.xflr5.com/
Simulação 3D
As simulações de CFD serão abordadas com mais detalhes no capítulo 5, mas por hora,
pode-se comentar que elas demandam muito tempo considerando geração de malha, solução
do caso, e análise dos resultados. Assim, seu uso costuma ficar limitado por conta do
cronograma de projeto.
A principal aplicação das simulações 3D é que ela permite avaliar com certa precisão o
efeito de grandes mudanças no projeto como fixações, geometrias variações de geometria e
setup das asas, interações entre diferentes partes do carro (pneus, asas, undertray, piloto,
motor), arrefecimento do motor, balanceamento das cargas aerodinâmicas, etc.
Uma parte importante do projeto que muitas vezes é deixada de lado é a montagem e
fixação das asas no carro. Existem várias formas de fazer isso, cada uma com suas vantagens e
desvantagens. Algumas dessas formas serão descritas aqui.
Fixações na parte de cima da asa (swan neck): Começaram a ficar populares nos
últimos anos. São relativamente mais simples de fazer e perturbam o fluxo no lado superior da
asa, onde é menos importante.
Fixação nos endplates: Popularizada também nos últimos anos, apresenta poucas
perturbações no fluxo de ar em ambos os lados da asa, porém adiciona complexidade no
projeto dos endplates para suportar e transmitir as cargas aerodinâmicas aos pneus.
Unsprung vs Sprung
Além disso, montar as asas no chassi diminui a eficiência da transmissão das cargas
aerodinâmicas até os pneus, por conta de folgas e deformações no carro do ponto onde as
asas estão fixadas até o ponto de contato dos pneus com o solo.
Uma solução para esse problema é monta as asas numa configuração “unsprung” ou
não suspensa. Dessa forma, os dispositivos aerodinâmicos ficam isolados dos efeitos da
suspensão e de qualquer inclinação do carro e também com uma transmissão de cargas mais
eficiente, com menos perdas até os pneus. Geralmente isso é feito fixando os componentes
diretamente nos arms ou amortecedores do carro. Tem a desvantagem de ser um sistema bem
mais complexo e como os dispositivos ficam ligados diretamente as rodas, sua rigidez
influencia no comportamento do carro (as asas podem se comportar como anti-roll bars).
https://www.reddit.com/r/FSAE/comments/7kw9uk/what_seems_to_be_the_general
_consensus_about_an/
https://www.reddit.com/r/FSAE/comments/5u8q6s/unsprung_front_wing/
Fixação Unsprung da DUT em 2016
Alguns exemplos são, footplates, rasgos e detalhes nos endplates, gurney flaps,
asas/sidepods/undertray nas laterais, etc.
Como os projetos de aerodinâmica da equipe sempre foram muito simples até hoje, é
recomendável investigar os benefícios desses detalhes na construção dos componentes.
Exemplos de detalhes nos componentes que
Para que isso não aconteça e o carro apresente um comportamento neutro, é preciso
balancear as cargas aerodinâmicas do carro em relação aos dois eixos dos pneus. Em outras
palavras, posicionar o centro de pressão próximo ao centro de gravidade do carro.
Isso é feito através de um diagrama de corpo livre como o da figura abaixo, que
representa as principais cargas atuando no veículo e suas distâncias em relação ao centro de
gravidade:
Uma constatação que pode ser feita é que como a asa traseira costuma estar mais
próxima do cg do carro do que a asa dianteira, é preciso que a traseira produza uma força
muito maior para que ambas tenham o mesmo momento em relação ao cg.
Condições de operação do protótipo
Como foi dito anteriormente, caso as asas sejam montadas no chassi, elas sofrerão
perturbações devido aos movimentos do carro, prejudicando sua performance. É
extremamente recomendável realizar simulações com o carro inclinado, ou fazendo curvas
para que esses efeitos possam ser quantificados.
Outra vantagem dessas simulações é que sabendo quanto de força o carro perde ao
inclinar-se podemos projetar as asas com um ângulo de ataque mais conservador, para evitar o
efeito de stall (perda de downforce a partir de um alto ângulo de ataque).
Observando a imagem acima podemos ver que caso o ângulo de ataque padrão das
asas seja no ponto de máxima downforce, em uma situação de frenagem o carro aumentaria o
ângulo de ataque e asa entraria na região de stall, onde ocorre queda na força produzida, isso
resulta em um desequilíbrio repentino nas forças atuando no carro, o que prejudica a
pilotagem numa situação muito crítica.
Para que isso não ocorra, deve-se projetar a posição padrão das asas um pouco abaixo
do ponto de máxima downforce.
Considerações gerais de projeto