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Universidade Federal de Santa Catarina

Campus Joinville
Engenharia Automotiva

JOÃO PEDRO ANUTO SILVA

ANÁLISE AERODINÂMICA DE UM VEÍCULO POPULAR DA DÉCADA DE 1980


NO BRASIL

Joinville
2023
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JOÃO PEDRO ANUTO SILVA

RELATÓRIO FINAL

ANÁLISE AERODINÂMICA DE UM VEÍCULO POPULAR DA DÉCADA DE 1980


NO BRASIL

Relatório final para o Trabalho 2 da


disciplina de Aerodinâmica veicular

Professor: Leonel R. Cancino

Joinville
2023
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RESUMO

Na entrega final faz-se uma análise de um veículo produzido no Brasil na


década de 1980 utilizando CFD, nesta análise calcula-se os principais coeficientes
aerodinâmicos do veículo e uma investigação dos fenômenos que ocorrem no
escoamento sobre o veículo.

Palavras-chave: CFD. malha. ANSYS. arrasto.


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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO…………………………………………………………………… 4
2. OBJETIVO…………………..…………………………………………...………. 5
3. MALHA………………………………….…….………………………………….. 5
4. CONFIGURAÇÕES DA SIMULAÇÃO………………………………………… 8
5. RESULTADOS………………………….…….………………………………….. 9
6. CONCLUSÃO…………………………..…….………………………………….. 15
REFERÊNCIAS………………………………………………………………….. 16
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1. INTRODUÇÃO

A evolução na concepção e projeto de automóveis é vista como uma das


mais altas na indústria durante o século XX, desta forma é possível verificar uma
grande diferença entre veículos fora de linha porém ainda muito utilizados e veículos
modernos. Na década de 1980 no Brasil o desenvolvimento de carrocerias focadas
no estudo da aerodinâmica era inviável, entre os motivos estava a baixa capacidade
de estamparia de produzir formas complexas em grande escala, a introdução
recente de polímeros na carroceria, que facilitaria a escultura da forma e mesmo
opções de design que agradaram o público da época.
Para este trabalho foi utilizado o veículo GOL GT produzido em 1986 pela
Volkswagen do Brasil, este era o carro nacional desenvolvido utilizando como base
o projeto do GOLF para substituir o Fusca no Brasil, seu design é bem característico
da década de 1980 utilizando geometrias planas e cantos com quinas com pouco ou
nenhum arredondamento.

Figura 1 - GOL GT

Fonte: Terra (2020)

A geometria do modelo está na zona entre fastback e notchback,


dependendo da região de separação do escoamento do fluxo de ar sobre o teto. É
possível notar também que a altura de vão livre é grande para um veículo destas
características, necessidade da época para lidar com terrenos pouco ou nada
pavimentados mesmo para veículos não “off-road”, porém isto interfere
negativamente na aerodinâmica além da dinâmica veicular de alta velocidade.
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2. OBJETIVO

O objetivo do trabalho está na análise aerodinâmica deste veículo utilizando


CFD, esta se compõe de calcular os coeficientes de arrasto e de sustentação, do
veículo como um todo e somente das rodas para avaliar o impactos destas sobre o
desempenho do veículo, detectar os pontos de separação de escoamento, onde
possa ser gerado regiões de baixa pressão e, consequentemente, geração de
arrasto, geração de vórtices que podem induzir arrasto entre outras características.
O teste em túnel de vento virtual será feito com o software ANSYS fluent na
versão student, que limita o número de elementos a 512 mil.

3. MALHA

A geometria do modelo foi modelada utilizando o software SolidWorks com


referências de fotografias e desenhos técnicos disponíveis em:
https://www.victorbravodesign.com/

Figura 2 - CAD Dianteiro

Fonte: Autor (2023)


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Figura 3 - CAD Traseiro

Fonte: Autor (2023)

A modelagem foi feita simplificando algumas geometrias não significativas como


maçanetas e limpadores de vidros pois o limite de elementos não garantiria
resolução suficiente para resolver o escoamento sobre estes elementos. A malha no
ANSYS foi feita utilizando o gerador tetraédrico com refino em áreas específicas
como na região traseira onde as regiões de baixa pressão e vórtices se formam,
além de adicionar camadas de insuflamento por toda a superfície do modelo para
que a camada limite seja representada de forma satisfatória

Figura 4 - Vista Lateral da malha

Fonte: Autor (2023)


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Figura 5 - Vista frontal da malha

Fonte: Autor (2023)

Figura 6 - Detalhe da região de refino na traseira

Fonte: Autor (2023)


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4. CONFIGURAÇÃO DA SIMULAÇÃO

Para a geração do volume de controle foi utilizado a referência do trabalho


um (ZHANG), usando o comprimento longitudinal do veículo como dimensão
característica, para então calcular as medidas do V.C. de acordo com a tabela a
seguir.

Figura 7 - Dimensões do túnel de vento virtual


Direção Vezes o comprimento Dimensão [m]

Frente 3 11.4

Atrás 5 19

Direita 2 7.6

Cima 3 11.4
Fonte: Autor (2023)

A área superficial do veículo foi calculada em 3.19 m2, já a área do túnel é de


94.24 m2, fornecendo o blockage ratio de 3,38%

O modelo proposto possui ângulo beta igual a 0 portanto há simetria ao longo


do plano longitudinal e, desta forma, é possível resolver apenas uma lateral, assim
otimizando o recurso de malha limitado. Para as condições de contorno utiliza-se a
referência do trabalho um. Com velocidade na entrada fixa e pressão atmosférica na
saída.
As rodas do veículo foram configuradas para girarem com velocidade
calculada para obter nenhum escorregamento na interface pneu-pista. O solo se
movimenta com a mesma velocidade do fluxo de ar em escoamento livre para tornar
o modelo mais realista com o uso em estrada.
Com as condições descritas calcula-se o número de Reynolds igual a 7.5e6,
portanto, o escoamento é completamente turbulento já nos primeiros centímetros da
carroceria. Neste caso, a escolha de um modelo de turbulência adequado é crucial.
Neste trabalho optou-se pelo uso do modelo SST (Shear Stress Transport). Este
modelo é uma mescla do modelo K-Epsilon e K-Omega, resolvendo as equações de
K-Omega próximo às superfícies e de K-Epsilon próximo do escoamento livre. Esta
estratégia garante resultados mais realistas e diminui a sensibilidade do resultado à
turbulência no escoamento livre. O modelo SST é o mais utilizado nos dias atuais
para escoamentos externos incompressíveis e extremamente validado por dados
experimentais. O ponto negativo é a adição de mais equações ao modelo,
aumentando o custo computacional e podendo impactar negativamente na
convergência e resíduos da simulação
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5. RESULTADOS

Pelo acréscimo de complexidade da geometria e no novo modelo de


turbulência os resíduos não atingiram os valores do trabalho anterior, com a
continuidade e a energia de turbulência (K) variando de forma periódica próximo de
3.954e-2 e 3.336e-3, respectivamente. Estes valores podem ser considerados
satisfatórios para o propósito do trabalho e considerando a grande limitação de
malha. Os valores de cd e cl para o veículo todo foram calculados em 0.515 e 0.338,
respectivamente, e os valores apenas para as rodas foram de 2,98 e 0.916
Utilizando o visualizador de vetores de velocidade é possível analisar que há
um grande descolamento do escoamento no capô e nas laterais do veículo em
função da geometria pouco otimizada e com pouco ou nenhum arredondamento. Já
na região traseira o escoamento segue a janela traseira até o fim do veículo,
portanto caracterizando-o como fastback.

Figura 8 - Vetores de velocidade na dianteira

Fonte: Autor (2023)


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Figura 9 - Linhas de corrente na dianteira

Fonte: Autor (2023)

Figura 10 - Vetores de velocidade na traseira

Fonte: Autor (2023)


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Figura 11 - Linhas de corrente na traseira

Fonte: Autor (2023)

O coeficiente de momento de guinada foi calculado em 0.502 no sentido de


mergulho da região frontal, característica comum em veículos fastback porém não
ideal do ponto de vista da dinâmica veicular, podendo deixar o veículo instável em
altas velocidades.
Utilizando o plot de coeficiente de pressão (cp) nota-se que a grande área na
região frontal com pressão próxima à de estagnação (cp=1) atua de forma negativa
gerando arrasto de pressão, já na região traseira a geometria fastback não gera
grande zona de recirculação porém o grande vórtice formado na coluna C induz
baixa pressão na região favorecendo ainda mais o arrasto.

Figura 12 - Cp na Região Frontal

Fonte: Autor (2023)


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Figura 13 - Cp na Região Posterior

Fonte: Autor (2023)

Analisando o escoamento próximo às rodas nota-se o cp alto na superfície


frontal e grande turbulência gerada na região da interface pneu-pista, se
prolongando por todo o veículo. Observa-se também o fluxo interno entre os raios
da roda, importante para o arrefecimento do sistema de freios.

Figura 14 - corrente roda frente

Fonte: Autor (2023)


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Figura 15 - corrente roda traseira

Fonte: Autor (2023)

Para observar todos estes fenômenos no modelo foi gerado uma superfície
que representa de forma isométrica a energia de turbulência (K), esta superfície
deixa clara as regiões onde o escoamento é mais turbulento e, sendo assim,
gerador de arrasto no veículo

Figura 16 - Turbulência Frontal

Fonte: Autor (2023)


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Figura 17 - Turbulência Traseira

Fonte: Autor (2023)

Por fim, compara-se o gráfico de cp ao longo do veículo, de forma


longitudinal com o mesmo parâmetro do modelo MIRA fastback utilizado no trabalho
anterior.

Figura 18 - Gráfico cp

Fonte: Autor (2023)


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Figura 19 - Gráfico cp MIRA

Fonte: Autor (2023)

6. CONCLUSÃO

Concluindo, é fácil notar a gigantesca evolução no estudo da aerodinâmica


para carros de passeio nos últimos 30 anos visto que atualmente os veículos
possuem cd próximos a 0,28 e grande estabilidade dinâmica . Esta evolução
tecnológica é vital para a maior economia de combustível e maior segurança e
sustentabilidade na indústria automotiva.
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REFERÊNCIAS

TERRA. Gol faz 40 anos e ainda é o Volkswagen mais vendido do país.


Disponível em:
https://www.terra.com.br/parceiros/guia-do-carro/gol-faz-40-anos-e-ainda-e-o-volksw
agen-mais-vendido-do-pais,23ba016fe08e69bc48169e453834e8aaablrftic.html
Acesso em: 8 jun. 2023.

ZHANG, J.; GUO, H.; ZHANG, Y.; WANG, F.; MA, Q.; HUANG, Z. Aerodynamic
Characteristics of MIRA Fastback Model in Experiment and CFD. Journal of
Physics: Conference Series, [S.l.], v. 1598, p. 012091, dez. 2020. ISSN 1742-6588

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