UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO TECNOLÓGICO DE JOINVILLE - CTJ

EMB 5304 – MOTORES DE COMBUSTÃO INTERNA I.

TRABALHO AVALIATIVO 4: ANALISE DE UM MOTOR QUATRO

CILINDROS, QUATRO TEMPOS E85

Tiago Cieslinsky

Profº Drº Leonel Rincon Cancino

Joinville
2022
 Tiago Cieslinsky

TRABALHO AVALIATIVO 4: ANALISE DE UM MOTOR QUATRO

CILINDROS, QUATRO TEMPOS E85

Relatório técnico apresentado como

requisito para obtenção de nota parcial
para a disciplina de motores a
combustão interna, 5304, do Centro
Tecnológico de Joinville da
Universidade Federal de Santa Catarina.

Professor: Leonel Rincon Cancino

Joinville

2022
 RESUMO

O presente estudo se iniciará com uma revisão bibliográfica do modelo de combustão da função
Wiebe. Além, de uma analise de um motor quatro cilindros, quatro tempos e ignição por faísca.
Com a fomação da mistura ar/combustível (PFI), o combustível operando com E85. O estudo
será realizado com a utilização do software de simulação AVL Boster, onde será realizado
dezesseis simulações na rotação de 4500 rpm, apenas modificando os parâmetros (m,a), para
então poder plotar as curvas características do motor.
 LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1- FRAÇÕES DE QUEIMA E TAXA DE QUEIMA NA FUNÇÃO WIEBE. ............................... 10

FIGURA 2 - MOTOR AVL BOSTER. ........................................................................................ 11
FIGURA 3 - (M,A) VRS. POTÊNCIA .......................................................................................... 15
FIGURA 4 - (M,A) VRS. TORQUE............................................................................................. 15
FIGURA 5 - (M,A) VRS. BSFC ................................................................................................ 16
 LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - PARÂMETROS GEOMÉTRICOS .............................................................................. 11

TABELA 2- PARÂMETROS TRANSFERÊNCIA DE CALOR ............................................................ 12
TABELA 3 - PARÂMETROS M E A, ESCOLHIDOS. ...................................................................... 13
TABELA 4 - RESULTADOS SIMULAÇÃO .................................................................................. 14
 SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 7

2. OBJETIVOS ................................................................................................................. 7

2.1 OBJETIVOS GERAIS ................................................................................................... 8

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ......................................................................................... 8

3. FUNÇÃO DE WIEBE. ................................................................................................. 9

3.1 CARACTERISTICAS GEOMÉTRICOS E DE TRANFERÊNCIA DE CALOR DO

MOTOR. ............................................................................................................................. 10

4. SIMULAÇÃO ............................................................................................................. 13

4.1 RESULTADOS............................................................................................................ 14

5. ANALISE DOS RESULTADOS.................................................................................. 17

6. REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 19
 7

1. INTRODUÇÃO

A indústria automotiva passou por grandes evoluções tecnológicas nos últimos anos.
Isto porque a alta competitividade do mercado global e a demanda de motores mais eficientes.
O efeito das mudanças de paradigmas fizera com que diversas pesquisas fossem realizadas ao
longo de décadas. Neste sentido, o consumo de combustível e o desempenho de motores
automotivos foram fatores chaves nos avanços tecnológicos.
A crescente demanda pelo desenvolvimento de softwares, que simulem com a maior
precisão o funcionamento de um motor real, sem a necessidade da criação de um protótipo com
um custo mais elevado e maiores dificuldades da medição de parâmetros internos. Aqueceu o
mercado de simulações numéricas no setor automotivo.
A partir dessa premissa vamos desenvolver todo o trabalho da disciplina com a
utilização do AVL Boster. Um modelo pronto de um motor quatro cilindros, quatro tempos
utilizando uma mistura de combustível operando com E85 (85% etanol, 15% gasolina). O
estudo consistirá em uma análise dos parâmetros para a taxa de queima e o desempenho, com
a utilização de métodos matemáticos como a função de Wiebe.
Será apresentado tabelas com as principais características geométricas, e de operação
do motor. Gráficos com relações de torque, potencia, SFC vrs. (m) e SFC vrs. (a). Além, de
um estudo sobre os modelos de taxa de liberação de calor da função Wiebe.
Desenvolvida pelo russo Ivan Ivanovith Wiebe na década de 1950 em pesquisas
realizadas para a União Soviética, na tentativa de criar modelos preditivos de combustão que
permitiram uma síntese mais realista do ciclo de motores. O método desenvolvido por Wiebe
seguia com características diferentes aos modelos clássicos do método de Grenevetski-Mazing
1907. Wiebe se baseou na teoria da cinética química e em reações em cadeia das moléculas da
combustão.

2. OBJETIVOS

Utilizar os conhecimentos teóricos apresentados em sala de aula, para realizar a

analise do motor selecionado, aplicado na simulação do AVL Boster, distinguindo os
resultados para as taxas de liberação de calor, após as alterações dos parâmetros.
 8

2.1 OBJETIVOS GERAIS

Simular o funcionamento de um motor quatro cilindros, quatro tempos e relacionar os

dados obtidos construindo gráficos e tabelas, para visualizar e dissertar os parâmetros de
funcionamento conforme apresentados em sala de aula.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Simular o motor proposto pelo trabalho quatro, apenas alterando os

parâmetros (m,a).
• Listar as principais características do motor.
• Plotas as curvas características padrão do motor.
• Dissertar sobre os resultados e suas coerências com base em parâmetros
apresentados pela análise de Wiebe.
• Escrever uma revisão bibliográfica sobre o modelo de combustão da
função Wiebe.
 9

3. FUNÇÃO DE WIEBE.

O método de Wiebe, é baseado na mudança incremental do número de moléculas dos

reagentes (dN) que participam da reação em cadeia eficaz do evento da combustão no intervalo
de tempo (t) até (t + dt), sendo diretamente proporcional a mudança na quantidade de centros
eficazes (dNe-dN = ndNe), sendo (n) uma constante de proporcionalidade. Centros eficazes
são definidos por Wiebe como os centros de ativação, onde são iniciados eventos de reações
eficazes, essas espécies químicas capazes de iniciar reações em cadeia após terem sidos
formados por reações químicas como um hidróxido dos produtos de combustão. Podemos
definir a função de Wiebe como:

𝑑𝑁 𝑑𝑁𝑒
−( ) = 𝑛( )
𝑑𝑡 𝑑𝑡

Ajustando os parâmetros e substituindo valores de densidade relativa dos centros

eficazes e numero de mols da reação principal da combustão, a equação se torna:

𝑑𝑋 𝐾 𝑚+1
= 𝑘𝑡 𝑚 𝑒 −[𝑚+1]𝑡
𝑑𝑡

Onde definimos X como a relação de (𝑁0 − 𝑁) sobre 𝑁0 , em que 𝑁0 é a quantidade

de mols da reação principal no inicio da combustão e N a quantidade instantânea de mols.
Sendo dX/dt a taxa dessa relação no tempo. O parâmetro (m) é definido como um expoente de
característica de combustão. K é definido como constante K = k*n, sendo k e n provenientes
da relação de densidade dos centros eficazes (ρ = k*𝑡 𝑛 ).
Para o caso de uma reação de fração de queima (x) não dimensional e sua derivada
(w) em função do tempo, podemos descrever como:

A função pode ser melhorada para ser descrita em função do ângulo do virabrequim
(φ), assim a equação um e dois fica:
 10

Podemos analisar a Figura 1, como o gráfico das frações e taxas de queimas conforme
a equação três e quatro, para um ângulo de giro determinado variando a constante (m).

Figura 1- Frações de queima e taxa de queima na função Wiebe.

Fonte: GHOJEL (2010).

3.1 CARACTERISTICAS GEOMÉTRICOS E DE TRANFERÊNCIA DE CALOR DO

MOTOR.

O motor avaliado será composto de quatro cilindros, quatro tempos com ignição por
faísca, apresentado conforme a Figura 2, esquema desenvolvido no AVL Boster.
 11

Figura 2 - Motor AVL Boster.

Fonte: Autores (2022)

As principais características geométricas serão apresentadas na Tabela 1, conforme

foi proposto pela disciplina, os valores a seguir foram obtidos através do AVL Boster, são
paramentos já estipulado pelo arquivo disponibilizado pelo professor.

Tabela 1 - Parâmetros geométricos

Diâmetro do pistão 86 mm
Curso pistão 86 mm
Razão de compressão 10.5
Com-rod Lenght 143,5 mm
Piston Pin offset 0 mm
Effetive Blow by Gap 0 mm
Mean Crankcase Pressure 1 bar
User Defined Piston Motion não
Chamber Attachment não
Scavenge Model Perfect mixing
Fonte: Autores (2022)
 12

Para a Tabela 2, vamos apresentar os parâmetros de operação do motor, detalhando os

principais parâmetros de transferência de calor do motor conforme solicitado pela disciplina.

Tabela 2- Parâmetros transferência de calor

Parâmetro Cilindro Pistão Linear

Modelo de transferência de calor para cilindros Woschni 1978
Modelo de transferência de calor para portos Zapf
Área da superfície do pistão 5809 mm^2
Área da superfície do cabeçote 7550 mm^2
Temperatura da parede 256,85 degC 226.85 degC
Fator de calibração 1 1 1
Injeção de combustível PFI PFI
Área da superfície (Ponto morto Superior) 270 mm^2
Temperatura da parede (Ponto morto Superior) 161,85 degC
Temperatura da parede (Ponto morto Inferior) 151,85 degc
Relação de redemoinho do cilindro nD/nM 0
Fonte: Autores (2022)

Todos os dados apresentados nas tabelas foram retirados do AVL Boster, nenhum dos
parâmetros de entrada do motor, que estão tabelados foram modificados. Apenas os parâmetros
referentes aos ângulos do virabrequim sofreram alterações, conforme os estudos no capítulo a
seguir.
 13

4. SIMULAÇÃO

Para a simulação vamos primeiramente alterar a torração do motor para 4500 rpm,
este valor de rotação será usado para todas as variações nos parâmetros relacionados ao cilindro
e características do virabrequim. A quantidade de simulações serão dezesseis, o parâmetro (m)
deve variar de 0.1 < m < 2 e o parâmetro (a), irá varias de 2 < a < 6.9. Os valores foram
tabelados conforme a Tabela 3, contanto já com os valores obtidos depois da simulação.

Tabela 3 - Parâmetros m e a, escolhidos.

Shape Parameter m Parameter a

0,15 2,5
0,55 4,5
1,65 5,5
1,95 6,5
Fonte: Autores (2022)
 14

Tabela 4 - Resultados simulação

Shape Potência Torque

Nº de Start of Combustion Parameter Parameter efetiva Efetivo BSFC
Simulações Combustion Duration m a (kW) (Nm) (g/kWh)
1 -5 47 0,15 2,5 86,17 182,86 386,8192
2 -5 47 0,15 4,5 95,74 203,16 347,5806
3 -5 47 0,15 5,5 97,09 206,02 343,6925
4 -5 47 0,15 6,5 97,04 205,92 341,8965
5 -5 47 0,55 2,5 84,29 178,88 394,5412
6 -5 47 0,55 4,5 94,33 200,17 351,5172
7 -5 47 0,55 5,5 96,05 203,82 346,2505
8 -5 47 0,55 6,5 96,64 205,08 343,7765
9 -5 47 1,65 2,5 79,57 168,86 418,1314
10 -5 47 1,65 4,5 90,19 191,38 369,4265
11 -5 47 1,65 5,5 91,81 194,82 361,7786
12 -5 47 1,65 6,5 92,99 197,34 357,6577
13 -5 47 1,95 2,5 78,61 166,81 424,4451
14 -5 47 1,95 4,5 88,67 188,16 374,2548
15 -5 47 1,95 5,5 90,56 192,18 366,637
16 -5 47 1,95 6,5 91,76 194,72 362,1231
Fonte: Autores (2022)

Todos os resultados da simulação foram tabelas, os dados coletados foram

selecionados conforme as orientações da disciplina, onde serão melhor apresentados em
gráficos para uma análise no capitulo seguinte.

4.1 RESULTADOS

Após a coleta de dados, podemos iniciar a construção dos gráficos conforme solicitados
pela disciplina, relacionando os parâmetros desejados em cada gráfico, além disso, vamos
poder analisar as características padrões do motor e da função de Wiebe.
 15

Figura 3 - (m,a) vrs. Potência

Fonte: Autores (2022)

Figura 4 - (m,a) vrs. Torque

Fonte: Autores (2022)

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Figura 5 - (m,a) vrs. BSFC

Fonte: Autores (2022)

Os três gráficos seguem o mesmo modelo, onde o eixo x, sempre será o parâmetro (a),
e suas linhas diferenciadas por cores demonstram o comportamento do motor em função do
parâmetro (m). Apenas o eixo y irá se alterar entre os três gráficos, entre potencia efetiva,
torque e desempenho. Assim iremos compreender o modo que os parâmetros estabelecidos por
Wiebe influenciam numericamente na simulação do motor.
 17

5. ANALISE DOS RESULTADOS

Analisando os resultados obtidos da simulação e como a função de Wiebe se

comporta podemos ver uma característica comum e apresentado por Wiebe em seu estudo,
onde ele relaciona o coeficiente (a), funcionando como um fator de eficiência de queima, e o
fator (m), que está ligado ao ângulo do virabrequim.
Realizando as 16 simulações e plotadas em gráficos para uma melhor visualização
dos resultados podemos notar como primeiro ponto de interesse, é o formato da curva
característica do motor se mantem praticamente a mesma.
Mas quando olhamos a questão dos parâmetros notaremos que aumentando o
parâmetro de queima vamos aumentar a potência do motor até valores próximos a 90 kW,
após esse valor de potencia podemos notar uma possível convergência da potência, quando
analisamos os dois parâmetros variados juntos (m) e (a), vamos notar a dependência que cada
um tem do outro, pois se quisermos uma potência elevada será necessário vamos ter que optar
por valores como ( m = 0,15 e a = 6,5 ), como uma combinação ideal para alcançar maiores
potências, mas vamos não é um parâmetro ideal, pois já podemos notar a convergência da
curva, assim estamos queimando mais combustível que o necessário.
Quando olhamos para o torque, poderemos fazer a mesma análise que a potência,
como podemos visualizar nos gráficos o comportamento é muito similar. Mas devemos notar
que a combinação de parâmetros resulta em diferentes valores de torque, não existe um
crescimento padrão como a potência, em que aumentando (m) perdemos em potência. O
torque se comporta de maneira em que cada combinação dos parâmetros o torque irá crescer
exponencialmente, a cada novo valor de (m) o torque cairá.
Agora olhando para o consumo, conseguimos entender por completo a função de
Wiebe, como o consumo do combustível vai caindo conforme aumentamos os parâmetros de
queima (a), mas se aumentarmos o (m) vamos ter um aumento no consumo. Vamos poder
chegar em momentos de convergência também, que se devem as limitações de construção do
motor.
Podemos concluir que 16 simulações não são o suficiente para encontrar um ponto
ideal de operação, podemos estudar mais a fundo a função de Wiebe para uma melhor
análise, ou realizar mais simulações para correlacionar os dados via um software de
programação e encontrar um ponto ideal extraindo ao máximo a potência e torque,
 18

consumindo o mínimo de combustível possível. Atendendo os parâmetros de Wiebe

realizando uma combustão completa, extraindo ao máximo a força de explosão da mistura de
combustível dentro da câmera.
 19

6. REFERÊNCIAS

J. I. Ghojel. Review of the development and applications of the Wiebe function: A tribute to
the contribution of Ivan Wiebe to engine research. International Journal of Engine Research.
v.10 pg. 297-312. 2010.

HEYWOOD, J. B. Internal Combustion Engine Fundamentals. McGraw Hill Education, 1988.

MARTINS, J. Motores de Combustão Interna. 3ª Edição. Editora Publindústria. ISBN:

9789728953850. 2011.

Franzke, B., Pischinger, S., Adom eit, P., Schernus, C. et al., “A Sectoral Approach to
Modelling Wall Heat Transfer in Exhaust Ports and Manifolds for Turbocharged Gasoline
Engines,” SAR Int. J. Mater. Manf. 9(2): 2016, doi: 10.4271/2016-01-0202.