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COMISSÃO EXAMINADORA
______________________________________
Prof. Dr. Márcio Eduardo Silveira
Universidade Federal de São João Del Rei
______________________________________
Prof. Dr. Nome do Membro da Banca 1
Universidade Federal de São João Del Rei
______________________________________
Prof. Dr. Nome do Membro da Banca 2
Universidade Federal de São João Del Rei
AGRADECIMENTOS
ii
RESUMO
volante que era uma queixa recorrente por parte dos pilotos deixou de ser um
problema, melhorando também a dirigibilidade do veículo.
ABSTRACT
The Formula SAE is a student competition where the students must design build and
test an open cockpit formula style vehicle and then submit their prototype to the
judgment of experts on the automotive area. This sort of competition foments the
technological development and improves the student’s training during their
graduation. The team must seek the development of systems with as much
technology involved as possible and therefore must go deep through the automotive
bibliography, which does not happen in the majority of the Mechanical Engineering
compulsory classes. However, the knowledge acquired by the members is often lost
due to the high turnover level due to external factors, emphasizing the need of a
formal documentation of all steps taken during the development of a system. In this
respect this work aims to report the steps taken during the design of the 2016’s
FSAE-UFSJ prototype steering system, seeking the maintenance of the knowhow in
the team. Using the vehicle’s dynamic literature as basis, it was developed a
walkthrough approaching the main topics related to the steering system, evaluating
the flaws of the last prototypes, in order to expose their causes and advice the future
members ways to avoid them. Afterwards it was carried out a thorough analysis of
the tire data in order to take some basic design decisions which should be carried on
during the whole design process. It was also detailed how the front upright geometry
and its characteristic angles such as king pin and caster were defined. The decision
of the Ackermann percentage was taken aiming the best compromise between yaw
i
gain and tire grip without sacrificing the steering ratio and steering torque. Finally it
was described the structural calculations of the system’s main components and its
final layout. The prototype was built to compete in the 13st Brazilian Formula SAE
competition showing a great performance regarding the steering system and showing
itself very agile. Besides, the high steering torque which have always been a problem
in the previous prototypes were no longer an issue.
LISTA DE QUADROS
Quadro 1. Histórico das notas de projeto da equipe FSAE-UFSJ nas últimas três
competições nacionais. ............................................................................................... 2
Quadro 2. Dimensões características do protótipo do ano 2014. .............................. 32
Quadro 3. Comparação entre os valores de entre eixos e bitolas dos protótipos 2015
e 2016. ...................................................................................................................... 37
Quadro 4. Ângulos e forças no sistema de direção ................................................... 54
Quadro 5. Torque no volante exercido por pilotos FSAE. ......................................... 66
Quadro 6. Esforços corantes e momento fletor atuantes no eixo. ............................. 68
Quadro 7. Resultados de tensão para carregamento de sobrecarga. ....................... 73
Quadro 8. Resultados de tensão para carregamento de fadiga. ............................... 73
Quadro 9. Resultados de tensão para carregamento máximo real. .......................... 74
Quadro 10. Resumo dos fatores de segurança para os carregamentos considerados.
.................................................................................................................................. 74
Quadro 11. Dados de entrada para o dimensionamento da coluna tubular. ............. 76
Quadro 12. Resultados do dimensionamento da coluna tubular. .............................. 76
Quadro 13. Dados de entrada para o dimensionamento do conjunto pinhão –
cremalheira................................................................................................................ 77
Quadro 14. Resultado do dimensionamento do conjunto pinhão – cremaheira. ....... 78
v
LISTA DE FIGURAS
Figura 29. Diferença percentual entre o esterçamento da roda externa para o projeto
2016 e uma geometria com 100% Ackermann.......................................................... 44
Figura 30. Vista superior geometria de esterçamento projeto 2016. ......................... 44
Figura 31. Vistas frontal e superior de seção da roda dianteira. ............................... 46
Figura 32. Ganho de camber por esterçamento. ....................................................... 47
Figura 33. Esquemático das forças e momentos atuantes no pneu e tie rod. ........... 49
Figura 34. Esquemático das forças atuantes no tie rod e cremalheira. ..................... 49
Figura 35. Layout da coluna de direção do protótipo 2016. ...................................... 51
Figura 36. Curvas para as forças atuantes na cremalheira devido à roda interna,
roda externa e a resultante entre elas. ...................................................................... 53
Figura 37. Curvas de torque no sistema em função do esterçamento. ..................... 54
Figura 38. Steering Ratio vs Raio de curvatura. ........................................................ 54
Figura 39. Esquema de montagem do volante utilizado. .......................................... 55
Figura 40. Esquema de montagem engate rápido/Junta universal. Fonte: Autor. ..... 56
Figura 41. Eixo utilizado na ligação Engate/Junta universal. .................................... 56
Figura 42. Vista lateral da coluna de direção. ........................................................... 57
Figura 43. Mancais de fixação da coluna de direção. ............................................... 58
Figura 44. Conexão coluna de direção – pinhão. ...................................................... 58
Figura 45. Montagem caixa de direção. .................................................................... 59
Figura 46. Vista de seção da caixa de direção. ......................................................... 60
Figura 47. Conexão tie rods – cremalheira. .............................................................. 61
Figura 48. Montagem da conexão entre tie rods e cremalheira. ............................... 61
Figura 50. Conexão tie rods – mangas de eixo. ........................................................ 62
Figura 51. Primeiro eixo da coluna de direção. ......................................................... 64
Figura 52. Dimensões do primeiro eixo da coluna e seus concentradores de tensão.
.................................................................................................................................. 65
Figura 53. Fator de concentração de tensão para torção. ......................................... 67
Figura 54. Fator de concentração de tensão para flexão. ......................................... 67
Figura 55. Índice de sensibilidade ao entalhe ........................................................... 68
Figura 56. Fator de superfície, Cs. ............................................................................ 69
v
LISTA DE EQUAÇÕES
Equação 1 - δi = tan-¹[L/(R-(T/2)] 15
Equação 2 - δe = tan ¹[L/(R+(T/2)]
-
15
Equação 3 - Tf = (2*µ*W 1,5) / (2*raiz(π*p)) 23
Equação 4 - Tkp = Fz [rs + rdyn*tan(σ)]*cos(σ)*sen(σ)*cos(τ)*sen(δ) 24
Equação 5 - SR = ρ/δ 24
Equação 6 - x = θ * rp 26
Equação 7 - Fc = Tp / rp 27
Equação 8 - Tp = (Fcl +Fcr)*rp 49
Equação 9 - Tv = Tp / [cos (φ1) * cos (φ2)] 50
SUMÁRIO
................................................................................................................................. 1
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 4
1.1 Apresentação ................................................................................................. 4
1.2. Problema ........................................................................................................... 5
1.3 Justificativa ......................................................................................................... 5
1.4 Objetivos ............................................................................................................ 5
1.4.1 Objetivos Gerais ........................................................................................... 5
1.4.2 Objetivos Específicos ................................................................................... 6
2 Revisão da literatura ............................................................................................. 7
2.1 Sistema de direção ............................................................................................. 7
2.1.1 Tipos de sistemas de direção ....................................................................... 8
2.1.1.1 Direção manual por sistema pinhão cremalheira.................................... 8
2.1.1.2 Direção hidráulica ................................................................................... 9
2.1.1.3 Direção eletro-hidráulica ....................................................................... 10
2.1.1.4 Direção elétrica..................................................................................... 11
2.2 Características geométricas do sistema de direção ......................................... 11
2.2.1 Ângulos característicos das mangas de eixo ............................................. 12
2.2.1.1 Scrub Radius ........................................................................................ 12
2.2.1.2 Inclinação do pino mestre ou king pin inclination.................................. 13
2.2.1.3 Caster trail ou mechanical trail ............................................................. 14
2.2.1.4 Ângulo de caster................................................................................... 15
2.2.2. Geometria de esterçamento ...................................................................... 15
2.2.2.1 Variações na geometria de Ackermann ................................................ 17
2.2.1.1.2 Anti-Ackermann ....................................................................................... 18
2.2.1.1.2 Pro-Ackermann........................................................................................ 19
2.3 Características dos pneus ................................................................................ 20
2.3.1 Ângulo de deriva ........................................................................................ 20
2.3.2 Sensibilidade ao camber ............................................................................ 21
2.3.3 Torque auto-alinhante ................................................................................ 21
2.3.4 Forças e momentos atuantes nos pneus ....................................................... 22
2.3.4.1 Força normal ........................................................................................ 23
2.3.4.2 Força lateral.......................................................................................... 23
2.3.4.3 Força de tração e frenagem ................................................................. 24
2.3.4.4 Momento alinhante ............................................................................... 24
2.3.4.5 Momento de resistência à rolagem....................................................... 24
2.3.4.6 Momentos de resistência ao esterçamento .......................................... 25
2.4 Relações entre torque e deslocamento no volante .......................................... 26
2.4.1 Pinhão/cremalheira..................................................................................... 27
2.4.1.1 Engrenagens de dentes retos .............................................................. 27
2
1.1 Apresentação
Quadro 1. Histórico das notas de projeto da equipe FSAE-UFSJ nas últimas três
competições nacionais.
Competição 2014 2015 2016
Nota de projeto 74,7 78,35 102,75
FONTE: Autor.
5
1.2. Problema
1.3 Justificativa
1.4 Objetivos
2 REVISÃO DA LITERATURA
da bomba pelo motor o veículo, porém este tipo de sistema ainda requer os mesmos
cuidados com manutenção que o sistema hidráulico.
Este é o sistema mais moderno entre os citados neste trabalho. Neste tipo de
direção assistida, há um motor elétrico independente conectado à coluna de direção,
que é comandado por uma central eletrônica. Esse motor elétrico é responsável por
gerar o torque necessário para que aconteça o esterçamento, sendo capaz também,
de variar o torque produzido de acordo com a velocidade do veículo, tornando o
sistema mais confortável em baixas velocidades e mais firme e seguro em
velocidades maiores. Seu funcionamento não depende do motor do veículo e
também dispensa a bomba hidráulica e os fluidos utilizados por ela, tornando-o mais
simples, leve e diminuindo os custos com manutenção. Um layout básico de um
sistema de direção elétrica pode ser observado na figura 3.
Milliken (1995) define scrub radius como a distância entre o centro de contato
do pneu com o solo e a interseção do prolongamento do eixo de esterçamento das
rodas com o solo, na vista frontal, como pode ser observado na figura 4. O scrub
radius pode ser benéfico, aumentando a sensibilidade do piloto para esforços
longitudinais provenientes da pista, porém, também pode ser prejudicial, quando
excessivamente alto, causando choques de retorno no volante ou até mesmo a
mudança de direção do veículo em situação de frenagem em pistas desniveladas ou
em curvas, devido ao momento causado pela força de frenagem em torno do eixo de
esterçamento das rodas.
13
Diminuir o scrub radius: como visto no subitem anterior, o scrub radius pode ser
usado a fim de melhorar a sensibilidade do condutor em relação aos esforços
provenientes da pista, porém, quando em excesso pode ser muito prejudicial à
dirigibilidade do veículo. Devido ao grande número de componentes internos das
rodas (mangas de eixos, pinça de freio, cubo de roda, etc.) que devem ser
montados em um pequeno espaço, muitas vezes as fixações da suspensão à
manga de eixo são obrigadas a ficar muito afastadas do centro de contato do
pneu, gerando um grande scrub radius. Uma forma de se diminuir este efeito
14
O ângulo de caster é definido como o ângulo entre a linha que liga os pontos
de fixação da suspensão à manga e uma linha vertical, na vista lateral do veículo,
como pode ser visto na figura 5. Ele define o eixo de esterçamento das rodas em
conjunto com a inclinação do pino mestre, além de caracterizar o mechanical trail.
a levar este fator em consideração e prevê o esterçamento perfeito das rodas interna
e externa à curva, mudando seu toe out dinâmico de acordo com o raio de curvatura
imposto.
Uma forma relativamente simples e quase universalmente utilizada para
conseguir o esterçamento de acordo com a geometria de Ackermann é a utilização
da geometria trapezoidal bipivotada, onde cada roda tem seu próprio pivô (eixo de
king pin) e mais dois pivôs são adicionados aos tie rods, formando um trapézio,
figura 6. Como a geometria forma um trapézio, à medida que a roda interna é
esterçada, a roda externa também o é, porém à uma taxa diferente.
Fonte: datagenetics.com
Fonte: datagenetics.com
− 𝐿
𝑖 = 𝑎 𝑇 (1)
𝑅−
− 𝐿
= 𝑎 𝑇 (2)
𝑅+
2.2.1.1.2 Anti-Ackermann
2.2.1.1.2 Pro-Ackermann
Fonte: Autor.
20
Quando o veículo faz uma curva, os pneus devem desenvolver uma força
lateral a fim de balancear a força centrífuga. Para que ocorra o desenvolvimento
desta força, os pneus se deformam lateralmente, de acordo com sua rigidez lateral,
gerando desta forma o chamado ângulo de deriva (slip angle), que pode ser visto na
figura 10.
Fonte: en.wikipedia.org
da roda, e sim, aquela apontada pelo ângulo de deriva. Isto deve ser levado em
consideração durante o projeto do sistema de direção, pois, o ângulo de
esterçamento deve ser corrigido pelo ângulo de deriva, a fim de atingir o raio de
curvatura desejado.
A força lateral gerada nos pneus tem a função de criar acelerações laterais a
fim de realizar manobras de curva e/ou balancear forças laterais provenientes de
outros fenômenos. Duas características muito importantes da geração de força
lateral para o projeto do sistema de direção são o ângulo de deriva e a distribuição
da força ao longo do contato pneu/solo, que foram descritas nos tópicos anteriores.
Estas características serão discutidas ostensivamente durante a elaboração do
projeto, nos próximos tópicos.
Fonte: Autor
𝜇∗𝑊 ,5
𝑓 = (3)
√
Onde o peso suportado pelo pneu deve ser fornecido em N e a pressão interna dos
pneus em Pa. É importante ressaltar que a equação 3 só é válida para baixas
acelerações laterais e velocidades, onde não há ângulo de deriva. Somado ao
momento de resistência ao esterçamento devido ao atrito, há o momento de
resistência causado pelo steering lift. Devido aos ângulos característicos da manga
26
=𝛿 (5)
27
2.4.1 Pinhão/cremalheira
𝑥=𝜃∗ (6)
Fonte: Desconhecida.
30
T.6.5.7: Em qualquer posição angular, a parte mais alta do volante não deve
ultrapassar o topo do front hoop (figura 17).
Fonte: fsaeonline.com
Retas: Até 60m de comprimento, quando com hairpins no início e final, ou até
45m de comprimento quando finalizadas ou precedidas por curvas abertas;
Curvas de raio constante: Entre 23m e 45m de diâmetro;
Hairpins: Mínimo de 9m de diâmetro externo;
Slaloms: Cones em linha reta com espaçamento entre 7,62m e 12,19m;
Trechos mistos: Múltiplas chicanes, curvas de raio decrescente, etc. A
largura mínima da pista deverá ser de 3,5 m.
Combinando o diâmetro mínimo das curvas hairpins (9m, externo) com a largura
mínima da pista (3,5 m), é possível determinar o raio mínimo de curvatura exigido,
como pode ser visto na figura 18.
32
3. DESENVOLVIMENTO DO PROJETO
Fonte: Autor.
3.1.2 Projeto 2015
Figura 19. Toe out dinâmico 100% Ackermann vs toe out dinâmico projeto 2014
35
12
0
0 6 12 18 24 30 36
Esterçamento da roda interna [graus]
Fonte: Autor.
3.1.2.2 Falhas na coluna de direção
Quadro 3. Comparação entre os valores de entre eixos e bitolas dos protótipos 2015
e 2016.
FONTE: Autor.
30
25
20
15
10
5
10 9 8 7 6 5 4 3
Raio de curvatura [m]
Fonte: Autor
Fonte: Autor.
Fonte: Autor.
41
Fonte: Autor.
Fonte: Autor.
42
Cte deformacion lateral corregida en funcion del deslizamiento del neumatico trasero
NA
1200.0 Con 20 psi - 16ºC y Comba 2,5º
1100.0
1000.0
900.0
Cte de deformacion (Lb/in)
800.0
700.0
600.0
500.0
400.0
300.0 Carga vertical 150kg
Com estes dados é possível fazer uma previsão, ainda que aproximada, do
comportamento dos pneus, quais são seus ângulos ótimos de camber, e como o
padrão de rigidez muda de acordo com as cargas laterais e verticais.
A Figura 26 mostra o gráfico de sensibilidade ao camber, onde são plotadas as
curvas de coeficiente de atrito por carga vertical. As curvas mostram que o ângulo
ideal de camber é o de 1 grau negativo, que apresenta um coeficiente de atrito
43
2.2
2
Coeficiene de Atrito
0 Camber
1.8
-1 Camber
1.6
-2.5 Camber
1.4
1.2
1
20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180 190 200
Carga Vertical - kg
Fonte: Autor.
rigidezes menores para maiores cargas verticais, como pode ser visto na Figura 27,
que descreve o comportamento da rigidez e deformação lateral de acordo com a
carga vertical nos picos de força lateral. Isso indica que em condições normais, os
pneus externos à curva, apresentarão um maior ângulo de deriva do que os pneus
internos, necessitando desta forma, de uma correção na geometria de Ackermann.
1400 0.3
1200
0.25
0.2
800
0.15
600
0.1
400
0.05
200
0 0
10 60 110 160 210
Carga vertical (kg)
Deformação Lateral Pot.(Rigidez )
Fonte: Autor
forma, ainda que sem experiência prática com a geometria de pró-Ackermann, foi
possível garantir que o sistema funcionasse satisfatoriamente sem correr grandes
riscos com valores muito altos de anti ou pró- Ackermann. A figura 28 faz o
comparativo entre o toe out dinâmico utilizado no projeto 2016 e o necessário para
se atingir 100% Ackermann. Já a figura 29 mostra a diferença percentual entre o
esterçamento na roda externa à curva para o projeto 2016 e o esterçamento de uma
geometria 100% Ackermann, onde percentuais positivos indicam anti-Ackermann e
valores negativos representam pró-Ackermann.
0
18.53 13.37 10.50 8.67 7.40 6.46 5.75 5.18 4.71 4.33 4.00 3.71 3.47 3.26 3.07 2.90
Raio de Curvatura [mm]
Fonte: Autor.
Tal padrão de esterçamento foi obtido utilizando ângulos relativos entre tie-
rods e cremalheira além dos ângulos entre tie rods e steering arms (responsáveis
por gerar o ângulo de Ackermann), a figura 30 mostra os ângulos característicos da
geometria de esterçamento, a cremalheira foi posicionada longitudinalmente
alinhada com o centro das rodas dianteiras, limite definido no estudo de ergonomia,
a fim de diminuir os ângulos das juntas universais. O ângulo entre steering arm e tie
rods foi definido como 54,6 graus, principal parâmetro responsável na proximidade à
geometria de Ackermann, já o ângulo entre tie rods e cremalheira foi definido como
17,4 graus, responsável pela variação da porcentagem de Ackerman de acordo com
o curso da cremalheira. Nesta etapa também foi definido o comprimento do steering
arm (100 mm), que influencia na geometria de esterçamento, mas que também é um
46
0%
Diferença Percentual
-1%
-2%
-3%
-4%
18.53 13.37 10.50 8.67 7.40 6.46 5.75 5.18 4.71 4.33 4.00 3.71 3.47 3.26 3.07 2.90
Raio de Curvatura [m]
Fonte: Autor.
Fonte: Autor.
Os valores mínimos possíveis de king pin e Scrub Radius foram ditados pelo espaço
interno da roda e alocação de seus componentes, tais como cubo de roda, disco e
pinça de freio. A figura 31 mostra as vistas frontal e superior em seção da roda
dianteira. A vista lateral mostra o valor de kingpin necessário para se atingir 0 scrub
radius (14 graus) e o valor de scrub radius a fim de se atingir o valor de zero kingpin
(89 mm). A vista superior evidencia o pequeno espaçamento interno através da folga
entre a pinça de freio e a superfície interna da roda (2,5 mm).
Fonte: Autor.
necessário para atingir esta condição (89 mm), geraria carregamentos muito
elevados no sistema durante a aplicação de forças longitudinais, exigindo
componentes mais robustos e por consequência mais pesados. Devido à estas
restrições foram definidas combinações de valores de caster e king pin a fim de
atingir valores ótimos de variação de camber durante o esterçamento, uma variação
linear entre 0,5 e 1,5 graus negativos (seção 3.4), e dentre essas combinações, foi
escolhida a que fornecia o menor valor para o torque de resistência ao
esterçamento. Na figura 32 são mostradas as curvas de variações de camber e de
steering lift para os casos citados acima, zero scrub radius, zero kingpin e
combinação escolhida. É importante ressaltar que a origem das curvas de camber
se encontra em 0,5 graus negativos devido ao camber estático do veículo.
Fonte: Autor.
,5
, ∗
𝑓 = = ,
√𝜋 ∗
O torque máximo atuante por roda é a soma destes dois termos, portanto:
= , + , = ,
Este torque é transferido para o volante através dos tie rods, cremalheira, pinhão e
coluna.
Figura 33. Esquemático das forças e momentos atuantes no pneu e tie rod.
Fonte: Autor.
𝛴 = → − 𝐹 ∗ cos 𝜅 ∗ 𝑎 ∗ = →𝐹 =
𝑎 ∗ cos 𝜅 ∗
Fonte: Autor.
𝛴𝐹 = → 𝐹 ∗ cos 𝜅 − 𝐹 = → 𝐹 = 𝐹 ∗ cos 𝜅 =
∗ cos 𝜅 =
𝑎 ∗ cos 𝜅 ∗ 𝑎 ∗ cos
52
𝛴𝐹 = → −𝐹 ∗ sen 𝜅 + 𝐹𝑎 = → 𝐹𝑎 = 𝐹 ∗ sen 𝜅 =
∗ sen 𝜅
𝑎 ∗ cos 𝜅 ∗
𝑇𝑝
𝐹 = (7)
𝑝
Reescrevendo, temos:
=𝐹 ∗
Onde Fcrl representa a força do lado esquerdo e Fcrr representa a força vinda do lado
direito.
Fonte: Autor.
𝑇𝑝 𝐹 +𝐹𝑐𝑟𝑟 ∗ 𝑝
𝑣 = cos 𝜑 ∗cos 𝜑
= cos𝑐𝑟𝑙
𝜑 ∗cos 𝜑
(9)
𝐹 +𝐹 ∗ 𝑣 ∗ cos 𝜑 ∗ cos 𝜑
𝑣 = → =
cos 𝜑 ∗ cos 𝜑 𝐹 +𝐹
∗ cos ∗ cos
= = , = ,
,
𝐹 +𝐹 ∗ , + , ∗ ,
𝑣 = = = , ∗
cos 𝜑 ∗ cos 𝜑 cos 𝜑 ∗ cos 𝜑
54
Fonte: Autor.
Atendendo desta forma ambos targets, de deslocamento no volante igual ou inferior
a 125 graus e o de torque máximo no volante inferior a 15 N*m.
As figuras 36 e 37 mostram as curvas de força na cremalheira e torque no
sistema em função do esterçamento, sendo possível observar que o torque no
volante parte de um valor de 9,7 N*m para zero esterçamento e cresce quase
linearmente até seu valor máximo de 13,8 N*m, estando completamente dentro da
faixa desejável durante toda sua faixa de trabalho.
Figura 36. Curvas para as forças atuantes na cremalheira devido à roda interna,
roda externa e a resultante entre elas.
Fonte: Autor.
FONTE: Autor.
Fonte: Autor.
Fonte: Autor.
3.8.2 Ligação Engate rápido – junta universal
Fonte: Autor.
Fonte: Autor.
Fonte: Autor.
Fonte: Autor.
Fonte: Autor.
Fonte: Autor
Fonte: Autor.
A ligação entre os tie rods e manga de eixo é feita de forma similar a conexão
entre os tie rods e brackets da cremalheira. Existem duas buchas que fazem o
espaçamento entre o steering arm e terminais rotulares, que são conectados aos tie
rods através de buchas rosqueadas e contraporca, figuras 47, 48 e 49.
65
Fonte: Autor.
Figura 48. Montagem da conexão entre tie rods e cremalheira.
Fonte: Autor.
66
Fonte: Autor.
3.9.1 Volante
dimensionamento para o presente projeto, por isso nenhum estudo mais detalhado
se mostrou necessário em relação a este componente.
Este eixo é soldado ao engate rápido em uma extremidade e unido por uma
ligação chavetada à junta universal na outra extremidade, como mostra a Figura 50.
Como a junta universal é responsável por transmitir somente torque, não
restringindo nenhum outro grau de liberdade, este eixo deve suportar toda força
radial vinda do volante, sendo desta forma submetido a grandes esforços fletores e
cortantes, além de torcionais. Além disso, devido a necessidade de um rolamento
entre o eixo e o mancal, se faz necessário a criação de um batente e de um rasgo
para anel elástico, que são concentradores de tensão, figuras 50 e 51. O material
selecionado foi o aço AISI 1045, devido a ser um aço barato e com boas
propriedades mecânicas.
Fonte: Autor.
69
Fonte: Autor.
O próximo passo para a definição das tensões atuantes foi a definição dos fatores
de concentradores de tensão, que são diferentes em torsão e flexão e são
dependentes da diferença de diâmetro das seções e do raio de concordância
utilizado. As figuras 52 e 53 mostram as curvas para concentração de tensão. Para o
rasgo do anel elástico e de chaveta foram utilizados valores mais conservadores,
retirados do catálogo do fabricante.
Para os cálculos de fadiga, também foi necessário a definição dos fatores para a
equação de Marin (Cl, Cg, Cs, Ct, Cr), além de corrigir os fatores de concentração de
tensão utilizando o índice de sensibilidade ao entalhe, Figura 54.
Fonte: Autor.
Fadiga
Momento torsor 12.18 Nm
Tensão 21.55 Mpa
FS 4.80 -
Fonte: Autor.
Fonte: Autor.
79
4. CONCLUSÃO
5. REFERENCIAS
Biao, Ma. Analysis of vehicle static steering torque based on tire–road contact patch
sliding model and variable transmission ratio. Advances in mechanical
engineering, 2016.
DOI 10.1177/1687814016668765
NIKLASS, K. Tyre Analysis (an insight to how important good tyre models are to the
simulation of racing cars). Disponível em:
<http://whitesmoke.wetpaint.com/page/Tyre+Analysis>. Acesso em: dezembro 2017.