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Ricardo Marques Barreiros(rmbarreiros@itapeva.unesp.br), Camilo Araújo Belezia
(camilo.belezia@hotmail.com)
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Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" - Câmpus de Itapeva
Rua Geraldo Alckmin, 519, Bairro: Vila N. Srª. de Fátima. 18409-010 - Itapeva, SP
RESUMO: O uso de materiais renováveis e tecnologias novas e limpas estão cada vez mais
ganhando mercado e a consciência da população, pois esses fatores colaboram com a manutenção
do meio ambiente. Dentre essas tecnologias, vislumbram-se a possibilidade de tratar materiais
lignocelulósicos com o uso do calor. Tem aumentado cada vez mais o mercado da madeira
termorretificada, que no caso dessa espécie em estudo, pode concorrer com madeiras protegidas por
lei, em áreas antes dominadas por elas. Neste trabalho foram estudadas as características do Pinus
elliottii termorretificado, sendo analisadas, após a tratamento, as características físicas da madeira
como as massas específicas, as retratilidades lineares, os inchamentos lineares e o volumétrico,
possíveis defeitos e a perda de massa. As temperaturas de termorretificação foram de 140 °C, 160
°C, 180 °C e 200 °C. Esse projeto foi realizado com a oportunidade de, com um tratamento sem o uso
de materiais que agridam o meio ambiente, obter uma madeira mais estável dimensionalmente,
menos higroscópica e com maior resistência natural quando em contato com diferentes temperaturas
e umidade do ambiente de sua aplicação. Assim foi possível concluir que as madeiras tiveram uma
melhor estabilidade dimensional após o tratamento, alterações nas propriedades organolépticas e
que foram encontrados os melhores resultados na temperatura de tratamento térmico de 180 °C.
ABSTRACT: The use of renewable materials and new clean technologies are increasingly gaining
market share and the consciousness of population, because these products are involved in the
maintenance of the environment. Among these technologies, it glimpses the possibility of treating
lignocellulosic materials with the use of heat. It has grown each more time the market of thermally
rectified wood, which in the case of the species under study, it can compete with woods protected by
law in areas previously dominated by them. In this study, it was studied the thermally rectified Pinus
elliottii's characteristics, and after the treatment, it was being analyzed the wood physical
characteristics such as specific gravities, linear retractilities, the linear and volumetric swells, possible
defects and the weight loss of boards. The final thermal rectification temperatures were 140 °C, 160
°C, 180 °C and 200 °C. This project was undertaken with the opportunity to, with a treatment without
the use of materials that harm the environment, a more stable wood dimensionally, less hygroscopic
and more natural resistance when in contact with different temperatures and humidity of your
application environment . Thus it was concluded that the timber had a better dimensional stability after
the treatment, changes in the organoleptic properties and the best results were found in the heat
treatment temperature of 180 °C.
Apenas no Brasil, estima-se que haja mais de 10.000 espécies de madeira, portanto, a
matéria-prima da indústria madeireira pode ser bastante distinta uma da outra. O estudo da
anatomia de madeiras destina-se ao conhecimento dos diversos tipos celulares que
constituem o xilema secundário, o que conhecemos como madeira propriamente dita, bem
como suas funções, organização e peculiaridades estruturais.
O gênero Pinus, da família Pinaceae, é originário das regiões mais frias do planeta e
engloba centenas de espécies espalhadas por quase todo o hemisfério norte, do Japão ao
Caribe. No Brasil, após meados do século XX, foram introduzidas mudas de diferentes
espécies desse gênero, sendo o P. elliottii, o P. taeda e o P. hondurensis as que melhor se
aclimataram. A tecnologia tem sabido tirar proveito dessa madeira “fraca”, fruto do
desenvolvimento precoce de uma árvore que encontrou um clima com condições favoráveis
de insolação e umidade, cuja taxa de crescimento anual multiplicou-se por dez, ou mais
vezes (GONZAGA, 2006).
A utilização de materiais renováveis e tecnologias ecologicamente adequadas ganham
progressivamente mercado e o interesse dos consumidores, pois auxiliam na preservação
da natureza. Dentre as tecnologias adequadas, distinguem-se a alternativa de tratar a
madeira com a aplicação de calor. A ação de calor, de forma relativamente intensa, leva a
madeira a sofrer transformações estruturais, cujo processo denomina-se tratamento térmico
(BRITO et al., 2006) ou termorretificação.
Madeiras termorretificadas passam a ter melhor estabilidade dimensional, resistência
natural, assim, tem aumentado cada vez mais seu mercado, que no caso dessa espécie em
estudo, pode concorrer com madeiras protegidas por lei, em áreas antes dominadas por
elas.
A análise das propriedades físicas da madeira podem representar suas variações
dimensionais, dentre essas propriedades, as que melhor caracterizam a madeira são:
densidade ou massa específica (relação entre a massa e o volume do material), com
unidade de g/cm³ ou kg/m³; teor de umidade (quantidade de água presente na madeira em
relação ao seu peso seco), expresso em % e retratibilidade (quantificação da instabilidade
dimensional, associada ao fenômeno de sorção de água na madeira), em % (SKAAR, 1988;
FORESTPRODUCTS LABORATORY, 1999; SCANAVACA JR.; GARCIA, 2004).
Este trabalho teve como objetivo avaliar o efeito da retificação térmica na madeira Pinus
elliottii, quanto às suas propriedades físicas e possíveis defeitos, visto que se trata de um
gênero com elevado potencial de uso em serrarias.
2. REVISÃO BILBIOGRÁFICA
O espaço conquistado pelo Pinus no Brasil, como matéria-prima para os mais variados
produtos, já demonstra a importância dessa cultura. Esta traz contribuição ímpar para um
maior conhecimento sobre a espécie P. elliottii e sua importância econômica, social e
ambiental.
O seu processo de silvicultura e manejo são estudados em diversas pesquisas com o
objetivo de consolidar procedimentos e técnicas que garantem essa importância sustentável
na indústria madeireira (VASQUES et al., 2007).
O Pinus elliottii possui duas variedades: var ellliottii e var densa, sendo que a primeira
possui um crescimento mais rápido e formato mais regular favorecendo sua utilização na
indústria em larga escala (SHIMIZU; MEDRADO, 2005).
Como o Pinus elliottii é oriundo de regiões frias do planeta, ela tem um melhor
desenvolvimento no Brasil nos estados de Rio Grande do Sul, Santa Catarina, sul do Paraná
e regiões serranas de São Paulo. (KRONKA et al., 2005).
2.2 Madeira termorretificada
2.3.1Massa específica
3. MATERIAIS E MÉTODOS
As tábuas de 2,5 m foram serradas numa serra circular de modo a se obter 20 tábuas
menores, com 400 mm de comprimento, em relação ao melhor posicionamento da medula
no centro, como mostrado na Figura 2.
Após esse corte, com exceção das peças de controle (testemunha), as tábuas tiveram
seus topos selados com pasta de silicone própria para resistir altas temperaturas com o
intuito de evitar a perda de água diretamente pelas extremidades.
As tábuas de 40 cm foram pesadas separadamente e empilhadas de modo gradeado
através do uso de tabiques em uma estufa elétrica de secagem com circulação e renovação
de ar Marconi modelo MA035, assim como mostra a Fig. 3.
As amostras foram então submetidas à temperatura inicial de 100 °C por 14 horas, com
intuito de diminuir o seu teor de umidade para evitar possíveis problemas de expansão de
vapor de água e rompimento das paredes celulares. Após esse período, as tábuas de 40 cm
de madeira foram submetidas a uma taxa de elevação de temperatura de 1,34 °C/min., em
função das recomendações de Rousset et al. (2004), até as temperaturas finais de 140 °C,
160 °C, 180 °C e 200 °C como mostra o gráfico da Fig. 4.
A madeira permaneceu em sua temperatura final de termorretificação de cada tratamento
durante 2,5 horas, levando em consideração a afirmação dada por Bhuiyan et al. (2001),
que após a primeira hora de tratamento térmico é que ocorre a cristalização da celulose no
caso de tratamento de calor contínuo.
3.3 Preparação dos corpos de prova para a determinação das propriedades físicas
Os corpos de prova foram colocados submersos em água até que ocorresse a saturação
total das fibras. Depois foram medidos com auxílio de um paquímetro e pesados em uma
balança analítica de precisão 0,01 grama. Em seguida, os corpos de prova foram colocados
em estufa elétrica, mostrada na Fig. 3, pré-regulada com temperatura inicial de 35 °C,
depois aumentou-se a temperatura gradativamente para evitar a ocorrência de defeitos
físicos na madeira, devido à rápida expansão de seus constituintes, até atingir 103 ± 2 °C.
Os corpos de prova foram mantidos nessa condição até a obtenção da massa constante.
Depois foram medidos novamente com o paquímetro e as seções de pesagem ocorreram na
mesma balança analítica, com os corpos de prova já secos.
Com esses dados obtidos, foi possível determinar a massa específica, os inchamentos
lineares e o volumétrico, bem como os respectivos coeficientes de retratibilidade da madeira
controle e termorretificadas entre 140 °C e 200 °C.
O inchamento linear (longitudinal, radial e tangencial) foi determinado pela Eq. (1):
αL = (1)
Onde:
αL = inchamento linear longitudinal, radial e tangencial , %;
Du = dimensão linear (longitudinal, radial e tangencial) com massa úmida, cm;
Do = dimensão linear (longitudinal, radial e tangencial) com massa seca, cm.
αV = (2)
Onde:
αV = inchamento volum trico, %;
Vu = volume com massa úmida, cm;
Vo = volume com massa seca, cm.
As peças foram medidas de acordo com a ABNT NBR 7190 (1997), medindo-se 3 vezes
cada aresta e obtendo uma média.
3.4.2 Coeficiente de retratibilidade
Q= (3)
Onde:
Q = coeficiente de retratibilidade, adimensional;
Du = dimensão linear (longitudinal, radial e tangencial) com massa úmida, cm;
Do = dimensão linear (longitudinal, radial e tangencial) com massa seca, cm;
Mu = massa úmida, g;
Mo = massa seca, g.
Em seguida, os corpos de prova foram pesados em balança analítica para os demais
cálculos.
(4)
(5)
(6)
Onde:
ρb = massa específica básica, g/cm³;
ρo = massa espec fica aparente seca %), g/cm³;
ρu = massa espec fica aparente úmida cerca de %), g/cm³;
Mo = massa seca, g;
Vv= volume saturado do corpo de prova, cm³;
Vo = volume com massa seca, cm³;
Mu = massa úmida, g;
Vu = volume com massa úmida, cm³.
U% = (7)
Onde:
U% = teor de umidade, %;
Mu = massa úmida, g;
Mo = massa seca, g.
3.4.5 Molhabilidade
4. RESULTADOS
4.1.1 Coloração
Essa diferença visual nas tábuas pode ter ocorrido devido às alterações das substâncias
presentes na madeira, como os extrativos.
Os valores médios das densidades básicas, aparentes úmida e seca estão mostrados na
Tab. 5, com unidade em g/cm³.
Os resultados obtidos mostram que não houve grandes alterações nas densidades da
madeira com exceção do tratamento a 180 ºC, muito embora seja possível verificar valores
mais baixos em 160 °C e 200 °C, a qual houve liberação de fumaça. Isso era esperado de
acordo com a literatura, que diz que ocorre a redução no teor de holocelulose e o aumento
no teor de lignina Klason em função do tempo e da temperatura de exposição, bem como
pelo aumento da perda de massa nas maiores temperaturas. Porém, em 180 °C, houve um
aumento, pois a madeira pode ter diferentes características numa mesma espécie e também
em uma mesma árvore.
4.2.6 Molhabilidade
De acordo com o ângulo da gota de água com a superfície da madeira como mostra a
Fig. 7, foram determinados, para cada tratamento e foi possível identificar uma menor
molhabilidade nas madeiras tratadas com alta temperaturas, assim como descreve a Tab. 7.
Figura 7. Goniometria
É possível observar maiores ângulos para o tratamento de 180 °C, ou seja, é nessa
temperatura que houve melhores resultados para a molhabilidade da madeira, se tornando
mais hidrofóbica.
5. CONCLUSÃO
Os autores agradecem ao Sr. Waldecir de Araújo por todo o suporte acadêmico prestado
durante a execução deste trabalho.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
8. NOTA DE RESPONSABILIDADE
Os autores são os únicos responsáveis pelo que está contido neste trabalho.