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XV EBRAMEM - Encontro Brasileiro em Madeiras e em Estruturas de Madeira

09-11/Mar, 2016, Curitiba, PR, Brasil

CARACTERIZAÇÃO TECNOLÓGICA DA MADEIRA DE Pinus elliottii Engelm.

1
Gallio E. (egeng.florestal@gmail.com), 2Ribes D. D. (deboraribes@hotmail.com), 2Zanatta P.
(zanatta_paula@hotmail.com), ³Beltrame R. (beltrame.rafael@yahoo.com.br), ³Gatto D.A.
(darcigatto@yahoo.com)
1,2,3
Universidade Federal de Pelotas
Pós-Graduação em Ciência e Engenharia de Materiais

RESUMO: Este estudo objetivou realizar a caracterização tecnológica da madeira de Pinus elliottii,
visando potenciais utilizações. Para isso, foram confeccionadas amostras de indivíduos arbóreos de
um plantio florestal homogêneo com 19 anos de idade, implantado na cidade de Pelotas, Rio Grande
do Sul. As propriedades físicas determinadas foram: massa específica aparente, retratibilidade e teor
de umidade de equilíbrio. Dureza janka, compressão paralela e flexão estática foram as propriedades
mecânicas avaliadas. O ensaio de apodrecimento acelerado objetivou verificar a durabilidade natural
da espécie florestal, após a exposição ao fungo Ganoderma applanatumm, avaliando a massa
específica básica e perda de massa. Acerca dos resultados, a massa específica aparente foi de
0,675g/cm³, enquanto que os parâmetros de retratibilidade apresentaram-se parecidos aos demais
gêneros de Pinus, com um coeficiente de anisotropia médio de 1,6, indicando ser uma espécie um
pouco instável. Os ensaios mecânicos indicaram que a madeira de Pinus elliottii apresenta uma baixa
resistência a esforços mecânicos, e a durabilidade natural determinou uma diminuição da massa e
massa especifica básica. Portanto, à aplicação dessa espécie para finalidades que solicitem esforços
mecânicos é limitada, sendo necessária à aplicação de tratamentos preservatives para aumentar sua
durabilidade natural.

Palavras-chave: Caracterização tecnológica, propriedades físicas, propriedades mecânicas.

TECHNOLOGICAL CHARACTERIZATION OF Pinus elliottii Engelm. WOOD

ABSTRACT: This study aimend to accomplish the techonological characterization of Pinus elliottii
wood, aiming potential uses. For this, it were confectioned samples of individual trees of a
homogeneous forestry plantation with 19 years old of age, deployed in Pelotas city, Rio Grande do
Sul. The physical properties determined were: apparent specific mass, retratibility and equilibrium
moisture content. Janka hardness, parallell compression and static bending were the mechanical
properties evaluated. The accelerated addlement test aimed to verify the natural durability of forestry
specie, after the Ganoderma applanatumm fungus exposure, evaluating the basic specific mass and
mass loss. It about the results, apparent specific mass was of 0,675g/cm³, while the retratibility
parameters showed up like the other Pinus genres, with an average anisotropy coefficient of 1,6,
indicating to be a little unstable specie. The mechanical tests indicated who Pinus elliottii wood
presented a low resistence to mechanical stressing, and the natural durability determined a decreased
of the mass and basic specific mass. Therefore, the application of this species for purposes who
require mechanical stressing is limited, requiring the application of preservatives treatments to
increase your natural durability.

Keywords: Technological characterization, physical properties, mechanical properties.


1. INTRODUÇÃO

A madeira é considerada um material orgânico, disponível na natureza desde os


primórdios, utilizada para múltiplas finalidades devido a suas características tecnológicas, o
que a torna apreciada perante o mercado consumidor. No decorrer dos anos, devido à maior
preocupação ambiental, a exploração de exemplares arbóreos nativos passou por
determinadas restrições. Desde então, torna-se relevante a elaboração de estudos para o
emprego de espécies florestais que possuam potencial e características tecnológicas
capazes de suprir a demanda existente no setor madeireiro.
Um dos gêneros implantados no Brasil de forma satisfatória foi o Pinus, que se destaca
pela capacidade de adaptação em sítios de baixa fertilidade e rapidez de crescimento
(REISSMANN e WISNEWSKI, 2005). Este atenuou a extração de nativas e representa
atualmente cerca de 1,55 milhões de hectares florestados no país, desempenhando um
papel de grande relevância no setor florestal (ABRAF, 2013). Sua madeira está destinada a
uma gama de utilizações, como: lâminas de madeira, painéis (aglomerados, compensados,
MDF e OSB) e produção de madeira serrada, embora tenha sido implantado com a
finalidade de produção de papel e celulose (PALERMO et al., 2013).
O conhecimento obtido junto a caracterização tecnológica da madeira permite tomar
decisões baseadas em critérios científicos, que contribuem para determinação do produto
final a se obter, bem como o direcionamento do seu uso. A composição química e as
propriedades físicas conforme CHIES (2005), em conjunto com as propriedades mecânicas,
são importantes parâmetros a serem determinados para um melhor conhecimento acerca da
qualidade da madeira.
A massa específica, o teor de umidade de equilíbrio e a retratibilidade são variáveis
fundamentais a serem analisadas no que diz respeito as propriedades físicas, pois
influenciam as demais características desse material. Conforme TREVISAN et al. (2008), a
resistência e a rigidez estão associadas a massa especifica da madeira, fornecendo
informações úteis sobre as características inerentes a esse material. Em síntese, a massa
especifica representa a relação entre a quantidade de material lenhoso pelo seu volume,
afetando assim diretamente as propriedades mecânicas.
Por ser um material anisotrópico e higroscópico, a madeira é capaz de absorver água do
ambiente, sofrendo variações dimensionais que acarretam a incidência de defeitos,
dependendo do ambiente o qual a mesma se encontra. MORESCHI (2014) destaca que os
problemas resultantes da contração ou inchamento da madeira pelo processo de perda ou
ganho de água compromete o destino final, pois acaba limitando sua utilização. Conforme o
autor supracitado, em síntese, as propriedades físicas acabam por influenciar as demais
propriedades da madeira, inclusive, as propriedades mecânicas, fundamentais no que se
refere a utilização para a construção civil, por exemplo.
Para o uso estrutural da madeira, além do conhecimento de características físicas, como
densidade e retração, há a necessidade, também, do conhecimento de algumas
características mecânicas como resistência aos esforços mecânicos e rigidez (BOTELHO,
2011). As propriedades mecânicas fornecem informações sobre o comportamento da
madeira quando exposta a diferentes cargas atuantes e em diferentes posições. É uma
propriedade fundamental a ser conhecida, pois auxilia diretamente na escolha do material
adequado a ser utilizado e de forma segura.
Os parâmetros tecnológicos mais importantes a serem considerados nos ensaios
mecânicos dizem respeito ao módulo de elasticidade e o modulo de ruptura, obtidos por
meio de ensaios de compressão e flexão. Por meio desses módulos, é possível se ter
conhecimento acerca de quanta carga as peças estruturais de madeira podem suportar até
que se rompam, comprometendo assim toda a estrutura e a segurança da obra.
Devido ao exposto anteriormente, justifica-se a realização de estudos para se obter um
melhor conhecimento sobre as propriedades tecnológicas da madeira, para poder destinar,
de forma correta, uma madeira para determinado fim específico. Dessa forma, este trabalho
visa descrever as características físicas, mecânicas e biológicas da madeira de Pinus
elliottii, contribuindo para otimização do uso desta.
2. MATERIAIS E MÉTODOS

2.1 Obtenção e Preparo do Material

Para realização deste estudo, utilizaram-se árvores de Pinus elliottii, aos 19 anos de
idade, provenientes de um povoamento homogêneo plantado na cidade de Pelotas, Rio
Grande do Sul. Os corpos de prova foram confeccionados a partir dos pranchões centrais
gerados por cada tora, com dimensões descritas ao respectivo ensaio. Estes foram
dispostos em câmara climatizada com temperatura 20°C e 65% de umidade relativa do ar,
até atingirem a estabilização da massa.

2.2 Caracterização das propriedades físicas

Os corpos de prova foram inicialmente imersos em água para saturação até atingirem
peso constante. Após a determinação do volume, os mesmos foram acondicionados em
estufa a temperatura de 103 ± 2° para secagem, também até peso constante. Com isso,
calculou-se a massa específica aparente, relativa ao teor de umidade de 12%.
Para determinação da umidade de equilíbrio da espécie, as amostras foram mantidas em
câmara climatizada (20°C e 65% UR) até a estabilização da massa. Em seguida foram
secas em estufa a 103°C ± 2° até permanecerem constantes. Ambas caracterizadas por
meio da adaptação da normatização D 143, descrita pela American Society for Testing and
Materials (ASTM, 2000).
A retratibilidade da madeira foi avaliada por meio da mensuração das variáveis e
determinação dos parâmetros de contração radial, tangencial e volumétrica, e do coeficiente
de anisotropia para contração. Os mesmos foram analisados a partir dos procedimentos
adotados para o cálculo da massa específica. Essas propriedades físicas foram
determinadas a partir das equações presentes na Tab. 1.

Tabela 1. Equações para caracterização física da madeira de Pinus elliottii.

Parâmetro Equação

(1) Massa específica aparente (12%)

(2) Teor de Umidade de Equilíbrio (Ueq)

(3) Tangencial (βt)

(4) Contração Radial (βr)

(5) Volumétrica (βv)

(6) Coeficiente de anisotropia para contração (CAβ)

Em que = µa: massa específica aparente correspondente ao teor de umidade de 12% (g/cm³); Ueq:
teor de umidade de equilíbrio (%); βt: inchamento no sentido tangencial (%); βr :inchamento no
sentido radial (%); βv: inchamento volumétrico (%); CAβ: coeficiente de anisotropia; Ms: massa
constante seca em estufa à 0% de umidade (g); Vc: volume à 12% de umidade (cm³); Mc: massa
constante à 12% de umidade (g); tgu: dimensão tangencial em estado saturado (cm); tgs: dimensão
tangencial seca em estufa à 0% de umidade (cm); rdu: dimensão radial em estado saturado (cm); rds:
dimensão radial seca em estufa à 0% de umidade (cm); Vu: volume em estado saturado (cm³); Vs:
volume seco em estufa à 0% de umidade (cm³);
2.3 Caracterização das propriedades mecânicas

Para a caracterização mecânica da espécie, foram seguidos os procedimentos da norma


adaptada ASTM D 143 (2000), para os ensaios de compressão paralela às fibras, flexão
estática e dureza janka. Os ensaios destrutivos foram realizados em uma máquina de
ensaio universal da marca EMIC com capacidade de carga de 300kN. Os corpos de prova
foram ensaiados em condições de equilíbrio higroscópico (12% de umidade), decorrentes da
câmara climatizada.

2.4 Ensaio de apodrecimento acelerado

A determinação da durabilidade natural da espécie foi verificada através do ensaio


acelerado de laboratório da resistência natural ao apodrecimento, pelo fungo causador da
podridão-branca Ganoderma applanatumm, crescido em meio extrato de malte ágar por
cerca de 21 dias, sob incubação com temperatura a 25±3°C e fotoperíodo de 12 horas.
Seguindo a norma D 2017 da ASTM (2005), as amostras de madeira apresentaram as
dimensões de 2,5 x 2,5 x 0,9 cm, sendo a última dimensão no sentido longitudinal da árvore.
Após uma exposição por um período de 16 semanas, avaliou-se massa específica básica e
a perda de massa das amostras de madeira da espécie estudada, antes e após o ataque do
fungo. A Tabela 2 apresenta a classificação da perda de massa em função da degradação
biológica, segundo a normatização D 2017 da American Society for Testing and Materials
(ASTM, 2005). A massa específica básica foi calculada conforme a Eq. (7) abaixo.

Equação 7

Em que = : massa específica básica (g/cm³); Ms: massa seca à 0 em estufa (g); Vu:
volume do corpo de prova em estado saturado (cm³);

Tabela 2. Classes de resistência ao apodrecimento segundo a norma ASTM D 2017, 2005.

Classe de resistência Perda de massa (%) Massa Residual (%)

Alta Resistência (AR) 0 – 10 90 – 100

Resistente (R) 11 – 24 76 – 89

Resistência Moderada (RM) 25 – 44 56 – 75

Não Resistente (NR) > 45 > 55

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

3.1 Propriedades físicas

A Tab. 3 apresenta a caracterização de algumas propriedades físicas da madeira de


Pinus elliottii. O teor de umidade de equilíbrio, corrigido para o teor de umidade de 12%,
determinado no momento da realização da caracterização tecnológica foi de 15,89%. A
massa específica aparente encontrada (considerando um teor de umidade de 12%) é de
0,675 g/cm³, sendo portanto superior ao publicado por NASCIMENTO et al. (2001), os quais
em seus resultados encontraram para o pinus uma massa especifica aparente de
aproximadamente 0,530 g/cm³. Essa discrepância entre os valores encontrados pode estar
relacionada ás características intrínsecas desse material, tais como, a porosidade, o tipo de
lenho (inicial ou tardio) e posição no fuste de onde foram confeccionados os corpos de
prova, e a idade da árvore.
Os parâmetros de retratibilidade representados pelos percentuais da contração
tangencial, radial e longitudinal, foram semelhantes aos determinados pelo IPT (1989b) e
por SANTINI et al. (2000), considerando que a retratibilidade no sentido tangencial
geralmente é quase duas vezes superior ao sentido radial, como o demonstrado no pelo
presente estudo. Características como disposição, orientação, ângulo e dimensões dos
elementos anatômicos, e a espessura da parede celular podem fornecer informações
importantes que justifiquem essa diferença entre os sentidos tangencial e radial. Conforme
DURLO e MARCHIORI (1992), essa diferença é atribuída principalmente aos raios no
sentido radial, pois devido sua disposição perpendicular ao sentido das fibras, a contração

Tabela 3. Caracterização de algumas propriedades físicas do Pinus elliottii.

Propriedades Físicas

Massa específica Aparente (12%) 0,675g/cm³

Teor de Umidade de Equilíbrio 15,89%

Tangencial 6,38%

Radial 3,97%
Contração
Volumétrica 10,09%

Coeficiente de anisotropia 1,6

Ainda referenciando a Tab. 3, o coeficiente de anisotropia da espécie Pinus elliottii é


semelhante ao determinado por SANTINI et al. (2000), os quais determinaram uma relação
entre a variação tangencial e radial de aproximadamente 1,5. A qualidade da madeira,
baseando-se na classificação proposta por DURLO e MARCHIORI (1992), é normal, ou
seja, quanto menor for esse coeficiente, menor será a incidência de defeitos como
empenamentos durante o processo de secagem por exemplo. Isso corrobora o exposto por
OLIVEIRA et al. (2010), os quais enfatizam que quanto maior for o valor do coeficiente de
anisotropia, a susceptibilidade da madeira sofrer variações dimensionais é elevada.

3.2 Propriedades mecânicas

A Tab. 4 apresenta alguns parâmetros tecnológicos relacionados as propriedades


mecânicas. Segundo GONÇALVES et al. (2009), quanto mais elevados os valores dos
módulos de elasticidade e ruptura, melhor é a qualidade e resistência mecânica oferecida
pelo material em questão.
Quanto aos parâmetros relacionados à compressão paralela às fibras, a resistência à
compressão (Fc) é praticamente a mesma encontrada pelo IPT (1989b) em seus estudos,
com um valor aproximado de 31,5MPa, para um teor de umidade de 15%, porém inferior ao
determinado por NASCIMENTO et al. (2001) (45,2MPa), indicando que pode existir uma
grande variabilidade dentro de uma mesma espécie, considerando a posição onde foi
retirado as amostras, bem como, a idade de cada uma das árvores, e o percentual de lenho
inicial e tardio.
Já o módulo de elasticidade (Ec) encontrado por JUNIOR (2008), o qual apresentou um
valor de 11,18MPa, é parecido ao determinado no presente estudo. Quanto mais elevado
esse módulo, maior será a capacidade da madeira retornar ao estado original, após a
remoção da carga aplicada sobre a peça.
Tabela 4. Caracterização de algumas propriedades mecânicas do Pinus elliottii.

Ensaio Parâmetro tecnológico

Resistência à Compressão (Fc) 30,08MPa


Compressão Paralela
Módulo de Elasticidade (Ec) 10,68MPa

Módulo de Ruptura (MOR) 68,01MPa


Flexão Estática
Módulo de Elasticidade (MOE) 7.672,91MPa

Dureza Janka Tensão Máxima (Topo) 27,08MPa

Considerando novamente a Tab. 4, e acerca dos parâmetros obtidos junto ao ensaio de


flexão estática, é possível observar que o resultado obtido para o módulo de ruptura (MOR)
do Pinus elliottii no presente estudo assemelha-se com o determinado pelo IPT (1989b), o
qual obteve um valor de aproximadamente 69MPa, para o parâmetro avaliado. Porém,
SANTINI et al. (2000) encontraram um valor inferior (aproximadamente 7.184,94MPa) para a
variável de módulo de elasticidade (MOE). Esses parâmetros são importantes uma vez que
definem a carga que uma viga de madeira pode suportar, considerando que a mesma
encontra-se apoiada em duas extremidades e com um vão no centro.
Em referência a dureza janka, com a aplicação da carga no sentido axial (topo), o
SANTINI et al. (2000) relatou que a tensão máxima foi de 32,95MPa, sendo um pouco mais
elevado em relação ao do presente estudo. Os valores mais elevados no topo, em relação à
dureza paralela e perpendicular ás fibras, pode ser explicado pela orientação dos elementos
de que conferem a sustentação à madeira.
Os mesmos autores supracitados, estudando três espécies de coníferas (Pinus elliottii,
Pinus taeda e Araucaria angustifolia), observaram que as duas espécies de pinus não
diferiram em suas propriedades mecânicas entre si, porém, possuem características de
qualidade inferior comparado nas propriedades mecânicas em comparação com a araucária.

3.3 Durabilidade natural

Os corpos de prova utilizados para o ensaio de apodrecimento acelerado com o fungo


apodrecedor Ganoderma aplanattum, apresentaram uma massa específica básica de 0,626
g/cm³. Passadas 16 semanas, esse parâmetro tecnológico diminuiu para 0,460 g/cm³,
indicando a degradação dos constituintes químicos da madeira. Conforme HILL (2006),
parâmetros tecnológicos como a massa especifica, resistência mecânica e higroscopicidade
da madeira são afetados pela perda de massa. Isso acaba comprometendo a qualidade do
material, limitando sua utilização.
SILVA (2011) e BELLON (2013) destacam que os fungos de podridão branca removem a
lignina, celulose e hemiceluloses da madeira. Isso confere a mesma uma coloração mais
esbranquiçada, devido a maior concentração desses últimos constituintes químicos na
composição.
A perda de massa do Pinus elliottii após a exposição ao fungo apodrecedor pelo período
de 16 semanas foi de aproximadamente 26,5%, enquadrando essa espécie florestal na
classe de resistência moderada, conforme proposto pela norma ASTM D 2017 (2005), para
esse agente xilófago em específico. Segundo o IPT (1989b), a madeira de Pinus elliottii é
muito susceptível a degradação pelo ataque de organismos xilófagos, fazendo com que
essa espécie apresente uma resistência natural baixa a determinados fungos
apodrecedores.
Para comprovar isso, OLIVEIRA et al. (2005) observaram em seus resultados que a
perda de massa provocada pela exposição da madeira de Pinus elliottii ao fungo de
podridão parda Gloeophyllum trabeum aproximou-se de 38%, indicando a preferência
alimentar desse tipo de fungo.

4. CONCLUSÃO

É possível concluir acerca da madeira de Pinus elliotti:


a) Em relação as suas propriedades físicas, apresenta-se como uma madeira
moderadamente leve, com pouca instabilidade dimensional, considerando seu
fator anisotrópico;
b) Os valores determinados para as propriedades mecânicas acabam por se tornar
um fator limitante, uma vez que, após analisar parâmetros, seu emprego na
construção civil, para fins que exijam esforços mecânicos ficam comprometidos,
necessitando assim a busca por outras alternativas de emprego;
c) Quanto a durabilidade natural, é uma espécie com resistência moderadamente
baixa, necessitando de tratamentos preservativos, dependendo das condições á
qual será submetida em sua utilização.
d) Conforme citado anteriormente, é uma espécie que pode ser empregada na
fabricação de móveis, fôrmas para construção civil, indústria de papel e celulose,
e a madeira pode ser beneficiada para interiores (paredes, forros, portas), desde
que não fique em contato com ambiente externo, sujeito a intempéries e ação de
organismos xilófagos.
e) Recomenda-se também a secagem adequada da madeira, a fim de diminuir a
susceptibilidade da mesma ao ataque de organismos xilófagos.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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6. NOTA DE RESPONSABILIDADE

Os autores são os únicos responsáveis pelo que está contido neste trabalho.

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