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Estruturas de Madeira

Disciplina: Conservação e Reabilitação da


Construção
Prof. Resp. Paulo J.B.B. Lourenço
Departamento de Engenharia Civil
Universidade do Minho - Portugal

Eng. Civil Ângela do Valle, Dr.


Universidade Federal de Santa Catarina - Brasil

Grupo Interdisciplinar de Estudo da Madeira – GIEM


Universidade Federal de Santa Catarina - Brasil

Guimarães, Abril de 2005

1
Uso da Madeira

• Formação do material na natureza


• Características do material
• Factores de degradação
• Medidas de conservação
• Formas de reabilitação estrutural

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Processo fisiológico de nutrição da árvore

Seiva bruta: água e sais minerais

Fotossíntese:
gás carbônico com água do solo
e absorção de energia calorífica
CO2 + 2 H2O + 112,3 Cal ⇒ CH2O + H2O + O2

Seiva elaborada:
desce pela parte interna da casca
até às raízes.

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Partes do tronco

Casca
Lenho: parte resistente do
tronco, dividido em
borne e cerne.
Borne: madeira mais jovem,
mais sujeita ao ataque e
com menor resistência
mecânica.
Cerne: modificação do
alburno, mais densa e
com maior resistência
mecânica.

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Partes do tronco

Medula: parte central, onde


ocorre madeira de menor
resistência.
Raios medulares: sistema
circulatório que transporta
a seiva até o centro do
tronco.
Câmbio responsável pela
adição de novas camadas.
É chamada a parte “viva”
da árvore.

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Anéis de Crescimento

2 1 Camada de
crescimento na
1 primavera/verão
2 Camada de
crescimento no
outono/inverno
3 Medula
4 Anéis do cerne
5 Anéis do borne
3 4 5

6 Fonte: (ago/2003)
www.laborlegno,it/path/ita/catalogo/prodoti_legno.html
Estrutura Microscópica da Árvore

Madeira de
Madeira de Madeira de Canal resinífero outono
Raios medulares
primavera primavera
Fibras
Madeira
Vasos (poros) de outono
com
pontuações

Células
radiais
Células
radiais

Traqueídes de paredes Traqueídes de


finas com pontuações paredes grossas

Folhosas Resinosas
Ex: Carvalho Ex: Pinheiro
Fonte:LA MADERA (1980) apud MARAGNO (2004)
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Direções principais na madeira

Fonte:BIBLIOTECA PROFESIONAL EPS (1977) apud


MARAGNO (2004)

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Características Mecânicas

Anisotropia da madeira: características


paralelas, normais ou inclinadas em relação
às fibras

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Características Mecânicas

• Compressão paralela ao fio

• Compressão normal ou
perpendicular

• Compressão inclinada

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Características Mecânicas

• Tração paralela

• Tração normal
ou perpendicular

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Características Mecânicas

• Cisalhamento vertical

• Cisalhamento horizontal
ou longitudinal

• Cisalhamento
perpendicular
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Características Mecânicas
• Flexão simples
Tensões normais (tração e compressão
paralelas)
Cisalhamento vertical e horizontal

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Características Físicas

• Teor de humidade
• Estabilidade dimensional: retratilidade e
inchamento
• Densidade
• Resistência ao fogo
• Resistência química

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Características Físicas:
Teor de humidade

• É a razão entre a massa de água removida e a


massa seca da madeira.
mi − ms
H (%) = x100
ms

A água está na madeira sob duas formas:


• água livre contida nas cavidades das células
(lumens);
• água de impregnação nas paredes das células.

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Características Físicas:
Teor de humidade

Processo de secagem:
• Madeira Verde ou húmida: máximo de água
livre
• Ponto de saturação das fibras (PSF): varia
entre 20 e 35%
• Humidade de equilíbrio: seca ao ar

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Características Físicas:
Teor de humidade

Defeitos de secagem:

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Características Físicas:
Estabilidade dimensional: retratilidade e inchamento

Mudanças de dimensões são mais significativas na ordem decrescente:


direção tangencial, direção radial e direção longitudinal.

Retração

Tangencial (3)

Radial (2)
10 Axial (1)

PE= Humidade de equilíbrio ao ar


6
PS= Ponto de saturação das fibras
0,5

PE(ar) PS Humidade

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Características Físicas:
Densidade

• densidade aparente da madeira:


para a humidade padrão de referência de 12% e
pode ser utilizada para classificação da madeira e
nos cálculos de peso próprio das estruturas.

m12%
ρap =
V12%

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Características Físicas:
Resistência ao Fogo

• possui alta resistência ao fogo, apesar de ser


inflamável: o carbono é o material predominante na
madeira com aproximadamente 46%;

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Características Físicas:
Resistência Química

• apresenta estabilidade química,


não reagindo a agentes
oxidantes ou redutores;

21
Qual a razão para investirmos no
uso, na produção e nas
investigações da Madeira ?

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Vantagens da madeira

• enorme potencial de renovação na natureza;


• baixo consumo de energia no processo de
usinagem;
Energia Combustível Fóssil Consumida
na Produção de Materiais de
Construção

Material Energia
Consumida(MJ/m3)
Madeira serrada 750
Aço 266.000
Concreto 4.800
Alumínio 1.100.000
Fonte: Ferguson, I. La Fontaine, B., Vinden, P., Bren, L. Hateley,
R. E Hermesec, B., Environmental properties of Timber, 1996.

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Vantagens da madeira

Índices de desempenho Energético


Energia necessária na fabricação e
construção de um depósito de 2.200 m2
Material Índice
Todo em Madeira 1,0
Blocos de concreto, telhado em madeira 1,7
Totalmente Pré-fabricado em aço 2,1
Paredes pré-fabricadas em concreto, telhado 2,7
em madeira
Pré-fabricado em aço, vedações em alumínio 3,3
Fonte: TRADA (UK) e EUA

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Vantagens da madeira

• bom comportamento mecânico, tanto


para tração quanto para compressão;
• alta resistência a cargas de impacto
e boa resistência a cargas de curta
duração;
• pouca alteração das propriedades
mecânicas na variação de
temperatura, com efeitos reduzidos
de dilatação e contração;

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Vantagens da madeira

• apresenta estabilidade dimensional


sob variação do teor de humidade,
principalmente na direção
longitudinal da peça;

• relação entre resistência e


densidade é vantajosa quando
comparada a de outros materiais,
tais como o betão;

• material de fácil trabalhabilidade,


com características adequadas para
estruturas industrializadas /
pré-fabricadas.
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Aplicação do Material

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Aplicação do Material

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Aplicação do Material

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Madeira Lamelada Colada
Técnica de Reconstituição desenvolvida
para uso com madeiras de reflorestamento.

Condições de uso:

•Produção de elementos retos ou curvos

•Elementos de seção constante ou variável

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Madeira Lamelada Colada
Processo de Fabricação

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Madeira Lamelada Colada

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Madeira Lamelada Colada

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Madeira Lamelada Colada

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Madeira Lamelada Colada

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Madeira Lamelada Colada

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Madeira Lamelada Colada

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Madeira Lamelada Colada

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Madeira Lamelada Colada

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Madeira Lamelada Colada

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Factores de Degradação da Madeira

• Mecânicos
• Físicos
• Químicos
• Biológicos

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Degradação Mecânica da Madeira

• Atrito

• Choque

Ponte sobre o Rio Arinos


42 Fonte: Rodrigues Jr (2000)
Degradação Física da Madeira

• Fogo
• Intemperismo:
– Temperatura
– Humidade

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Intemperismo

Chuva (humidade) incha a madeira

Trincas

Sol (temperatura)
causa retração

Alteração do aspecto (U.V.)


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Degradação Química da Madeira

• Ácidos fortes A madeira apresenta


boa resistência ao
• Bases fortes
ataque químico,
• Óxido de ferro indicada para
• Óxido de Enxofre ambientes agressivos

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Degradação Biológica da Madeira

• Microrganismos:
– Fungos Manchadores
– Fungos Apodrecedores
– Bactérias
• Insectos:
– Xilófagos: térmitas e carunchos
– Não xilófagos: formigas carpinteiras, vespas e
abelhas
• Organismos Xilófagos Marinhos
– moluscos e crustáceos
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Campo para proliferação de Fungos

Esporos Alimento
(madeira)

O2 Controle
65ºC
32ºC
25ºC

Difícil controle
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Insetos Xilófagos: Térmitas

• Térmitas
subterrâneas:
vivem no solo
• Térmitas de
madeira seca:
instalam-se na
madeira

Vivem em colônias
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Insetos Xilófagos: Térmitas

Térmitas de madeira seca


49
Insetos Xilófagos: Térmitas

50
Insetos Xilófagos: Carunchos

51
É possível evitar?

52
53
Construído em 607:
1398 anos de idade

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Medidas de conservação da Madeira

• Detalhes construtivos
• Manutenção preventiva
• Acção de reabilitação imediata

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Detalhes construtivos

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Detalhes construtivos

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Detalhes construtivos

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Causas de falhas estruturais

A deterioração de uma estrutura pode ter


origem relacionada à estabilidade ou à
resistência:
• Secção insuficiente para as cargas actuantes;
• Deformações elevadas, perceptíveis à olho nu;
• Falhas nas ligações devidas ao dimensionamento
insuficiente ou a um desenho incorrecto (arranjo
inadequado);
• Ruptura em peça com defeitos localizados;
• Fendas de secagem e grã inclinada;
• Contraventamento insuficiente da estrutura.

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Causas de falhas estruturais

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Formas de reabilitação estrutural

• Substituição parcial / total


• Reforço com peças metálicas
• Reforço com resinas epoxídicas

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Formas de reabilitação estrutural

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Formas de reabilitação estrutural

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Formas de reabilitação estrutural

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Formas de reabilitação estrutural

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Formas de reabilitação estrutural

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Formas de reabilitação estrutural

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Formas de reabilitação estrutural

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Formas de reabilitação estrutural

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Formas de reabilitação estrutural

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Formas de reabilitação estrutural

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Contraventamento Ineficiente

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Contraventamento Ineficiente

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Contraventamento Ineficiente

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Contraventamento Ineficiente

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Contraventamento Ineficiente

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Contraventamento Ineficiente

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Agradeço a atenção

Contactos:
Eng. Ângela do Valle
angeladovalle@civil.uminho.pt
angeladovalle@ecv.ufsc.br

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