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CET – Curso de Especialização

Tecnológica
CONDUÇÃO DE OBRA

PROJECTOS DE DEMOLIÇÕES
CET-CONDUÇÃO DE OBRA – PROJECTOS DE DEMOLIÇÕES

1. Introdução

No âmbito do Curso de Especialização Tecnológica – Condução de Obra, foi proposto


a apresentação de um tema relativo aos Projectos de Demolições e suas Técnicas, para
demonstrar algumas técnicas construtivas para a demolição de um edifício.
Ao longo dos séculos e no que respeita à indústria da construção, os tipos de materiais
empregues, bem como os processos construtivos utilizados, foram-se modificando
gradualmente, em face do objectivo que se pretendia alcançar, das contingências
económicas do momento e também das disponibilidades tecnológicas existentes no
mercado.
Em meados deste século não existiam ainda processos de demolição específicos, visto
que as necessidades e exigências de então eram consideradas nulas ou de somenos
importância, recorrendo-se para o efeito e muito raramente, aos métodos simples
existentes.
A necessidade de se encontrarem novos métodos de demolição mais rápidos e
eficientes, começou a delinear-se entretanto, como complemento indispensável à
indústria da construção. Esses métodos tiveram na sua origem três necessidades que
podemos considerar básicas:
• a substituição parcial de peças componentes das estruturas dos edifícios, tais
como lajes, vigas e pilares, para um novo arranjo dos volumes;
• o desmantelamento puro e simples de um conjunto determinado de peças
estruturais, para a criação de espaços livres, de maiores dimensões, ou
diferente disposição;
• a necessidade da demolição completa dos edifícios, com a finalidade de criar
um maior desafogo no tecido urbano, ou ainda para permitir a realização
de novas obras com características mais actualizadas, ou com outra função
especifica de carácter mais permanente.

A arte de demolir, conforme se vai avançando no tempo, vai adquirindo um peso


cada vez maior, por força de várias circunstâncias, dando origem a um tipo especifico
de serviços altamente especializados, que hoje em dia e como foi já referido, dá pelo
nome de Indústria da Demolição.

2. Situação Actual

As demolições de edifícios têm sofrido um forte incremento de um tempo a esta parte.


Isto deve-se a vários motivos, entre os quais se destacam:
• A necessidade de um melhor aproveitamento do solo, sobretudo em
zonas de alta densidade populacional, o que obriga a um saneamento
do centro das cidades;
• A rápida mudança tecnológica na indústria em espaços de tempo mais
curtos, exigindo que os edifícios de fábricas sejam mais eficazes, e

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implicando por vezes derrubes parciais para adaptá-los a fim de manter


um alto grau de competitividade;
• Demolições devidas à simples deteoração dos edifícios com o passar do
tempo, tornando necessária a sua demolição para evitar o perigo que
pressupõe a rotura da estrutura quando não está no seu estado óptimo.
Requerem-se agora modificações e modernizações que implicam obras de
reparação, reforma e inclusive de demolição integral em certos casos;
• Elevada demanda de demolições em zonas costeiras, resultados da
reabilitação das zonas turísticas e da necessidade de renovação das
instalações hoteleiras.

A Associação Europeia de Demolições (AED), da qual Portugal faz parte, realizou um


estudo sobre o futuro da demolição de betão dentro da Comunidade Europeia, e
elaborou um prognóstico sobre quantidades de escombros produzidas em demolições.
Os resultados do dito estudo são apresentados, resumidamente, no gráfico seguinte:

Figura 1 – Estimativa das quantidades de escombro produzidas (Mt)

3. Fases de uma Demolição

3.1 – Acções Prévias


Antes de se proceder a uma demolição devem ser levadas a cabo uma série de
actividades que se indicam a seguir:
• Fazer uma visita prévia de reconhecimento.
• Recolher a documentação existente, caso possível (Câmaras Municipais,
Institutos Públicos, Concessionários, Donos de Obra, etc.).

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• Investigar e localizar a existência de tubagem de águas, esgotos, gás,


electricidades, etc.
• Verificar a idade do edifício e qualidade dos elementos estruturais e
decorativos para uma possível recuperação.
• Analisar as fundações do edifício e dos edifícios confinantes.

3.2 – Projecto de demolição


Se em todas as obras é exigido um Projecto de Execução (ou licenciamento), mais
necessário será no caso de uma demolição, infelizmente esta situação não se verifica
em todos os casos, somente quando é exigido pelas Câmaras Municipais.
A execução de um Projecto de Demolição é de extrema importância, não só para
definir a actuação dos trabalhadores, mas para estudar a forma de a fazer e evitar
possíveis acidentes pessoais, e perdas em edificações vizinhas.
Um Projecto de Demolição deve conter pelo menos:
• Memoria descritiva e justificativa
Onde se encontram descritas todas as informações referentes a acções e a
trabalhos a executar. Procedimentos e métodos a seguir, se a demolição é
manual, com maquinaria, utilizando explosivos, ou recorrendo a sistemas
mistos.
• Desenhos
Plantas e alçados do edifício existente, onde está indicada a
compartimentação do edifício a demolir e/ou condicionantes a respeitar.
Plantas com detalhe dos elementos estruturais singulares em que pela sua
perigo seja preciso intervir.
• Elementos a utilizar
Andaimes previstos para a demolição, juntando planos de detalhe dos
mesmos, fixações, ancoragens, apoios, consolas e rodapés de protecção,
etc.
Vedação da edificação a demolir.
Protecções auxiliares, redes, cortinas de lona, bandeja perimetral em
zonas de acesso à obra e passagem de pessoas fora da obra.
Realizar aberturas en los forjados para evacuar escombros.
Instalação de condutas e tolvas para evacuação e carga de escombros.
Número de operários em função do volume de obra a demolir.
Material de protecção individual adequado.
Maquinaria a utilizar.
Impor Normas de Segurança adequadas no edifício que se vai demolir.

3.2 – Medidas prévias à demolição


Visita de inspecção em sótãos, espaços fechados, depósitos, etc., para determinar a
existência de gases, vapores tóxicos, inflamáveis, etc. Para realizar esta visita deve-se

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verificar a necessidade de utilizar equipamentos de respiração autónoma, fazê-la com


mais do que uma pessoa e utilizar equipamentos de detecção de gases, abrindo portas
e janelas para uma total ventilação.
Desinfestar e desinfectar todas as zonas do edifício, nas situações que se verifiquem
necessárias. Para realizar este trabalho deve ter-se em conta qual a utilização anterior
desses espaços, sendo o tratamento distinto em função destas actividades. O
tratamento será diferente no caso do edifício ter sido um hospital, um quartel, uma
fábrica, etc.
Anular as instalações existentes, água, electricidade, gás, telefone, etc.., já que o risco
de não realizar estas tarefas poderá causar graves riscos de:
• Electrocussões.
• Inundações por rotura de tubagens.
• Explosões.
• Intoxicações por gases.
Reforçar estrutura e apoios em vãos e fachadas, sempre que seja necessário,
seguindo-se como processo de trabalho o sentido de baixo até cima, o que é dizer de
forma inversa a como se realizara a demolição. Reforçando também as cornijas,
caleiras, balcões, abóbadas, arcos, muros e paredes.

Figura 2 – Aspecto de um edifício em processo de demolição

Instalação de andaimes, plataformas de trabalho, tolvas, canaletes e todos os meios


auxiliares previstos para a demolição, tais como, plataformas que cubram os acessos
ao edifício. Com isto, favorece-se a circulação na obra e conforto nos postos de
trabalho, facilitando a evacuação dos materiais.
Colocação de lombas e sinais de trânsito nas imediações da obra. Com o objectivo de
favorecer o acesso e manobra das máquinas.
Retirada de materiais úteis, portas, vidros, etc.

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Se o edifício a demolir estiver situado em zona urbana, devem ser tomadas as


medidas necessárias para evitar a queda ou projecção de materiais sobre a via
pública. Estas medidas podem compreender, desde a execução de uma vedação
resistente, até à colocação de redes ou lonas em fachadas, etc.

3.3 – Demolição
No campo das demolições, também existem variados sistemas e métodos de trabalho,
que estão em constante evolução com a introdução de máquinas e equipas e materiais
modernos.
Há dois métodos fundamentais de demolição:
• Por meios mecânicos
Entre os meios mecânicos utilizados para demolições podemos citar:
• Demolição por impulso ou tracção.
• Demolição por colapso intencional.
• Demolição com explosivos.
• Demolição por tenaz hidráulica.
• Demolição por bola.
• Demolição por reacção térmica.

Figura 3 – Demolição com explosivos

• Demolição manual
O método de demolição à mão é o método mais antigo e tradicional de
todos os processos conhecidos e realiza-se principalmente em zonas
urbanas.

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Para a realização deste método é necessário dispor dos seguintes


utensílios e ferramentas: cunhas, picareta, pás, guilhotinas, martelos, etc.
Com estes utensílios podem-se demolir pequenos blocos, com o qual os
escombros nunca atingem tamanhos excessivos. Deve ter-se em atenção
que podem criar-se situações de instabilidade de grandes elementos que
podem cair com pequenas forças ou de forma imprevista.

Os processos de demolição referidos seguidamente, podem classificar-se


atendendo aos princípios que os regem e ao tipo de máquinas que são utilizadas
para o efeito.

3.3.1 – Demolição por processos simples


• Alavanca manual;
• Martelo e cinzel;
• Marreta.
Como processos mais rudimentares cuja simplicidade se conhece, mencionam-se a
alavanca manual, o martelo e cinzel, e a marreta, que, como se sabe, são utilizados
desde tempos remotos, exigindo certo esforço muscular, por parte do trabalhador. A
primeira funciona por meio da aplicação de força na extremidade de uma barra de
aço, que, apoiada entre os pontos de aplicação das forças, consegue erguer e
deslocar cargas com um peso superior ao esforço despendido.
Hoje em dia, a sua utilização só se justifica quando se trata de pequenas demolições,
visto que, se trata de um trabalho muito moroso e consequente baixo rendimento
obtido, assim como também devido à impossibilidade na obtenção de mão-de-obra
em quantidade.

3.3.2 – Demolição por acção do peso próprio da máquina


• Pá carregadora;
• Escarificadora de dentes de elefante.
A pá-carregadora (Fig.4) e a escarificadora do tipo dentes de elefante são utilizadas,
fazendo uso do seu peso próprio e da sua potência motriz, com o fim de provocar a
desestabilização das construções de alvenaria de tijolo ou de pedra e assim obter o
seu desmoronamento.

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Figura 4 – Pá Carregadora – Demolição por acção do peso próprio

Este tipo de trabalho é limitado pela altura e alcance da máquina, devendo


previamente realizar-se o derrube da parte do edifício que não esteja dentro desse
raio de acção.
Com o fim de não ocorrerem riscos, é indispensável que as condições do terreno
permitam ao manobrador actuar com a máquina sempre em perfeita estabilidade
durante a evolução dos trabalhos, para o que contribuirá também o meio de
locomoção utilizado por esta, ou seja, os rastos.

• Desvantagens do método:
o Execução dos trabalhos a uma acentuada distância de segurança;
o Impossibilidade de controlar com exactidão a direcção da queda
dos materiais provenientes dos desmontes.

3.3.3 – Demolição por impacto


• Bola de aço ariete (Fig.5).
Este sistema é o mais antigo em termos de utilização de maquinaria pesada e é
composto por uma bola de aço que actua pendurada por uma corrente, com
movimentos pendulares ou em queda livre e cujo peso varia entre os 500kg e os
5.000kg. Não pode ser utilizado em desmontes parciais, em face da imprecisão do
seu controlo, sendo pois aplicado apenas no desmantelamento total das construções.
Como é obvio, a capacidade e o tamanho da máquina são proporcionais ao peso da
massa suspensa, podendo a sua altura atingir, por vezes, os 30 metros. O aríete,
como é também chamado, pode ser movimentado segundo três direcções distintas,
como sejam:

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o Sentido vertical, em queda, de cima para baixo;


o Sentido horizontal, segundo a direcção do braço da máquina;
o Sentido rotacional, em torno do seu ponto de suspensão.

Figura 5 – Bola de aço aríete - Demolição por impacto

A máquina só pode funcionar a partir da zona exterior aos edifícios e necessita de um


raio de acção de cerca de 6 metros livres.
• Desvantagens do método:
o Alta produção de ruído;
o Alta produção de poeiras;
o Alta e continuada produção de vibrações incómodas e
perturbadoras ao meio ambiente circundante, durante todo o
espaço de tempo em que se verificam os trabalhos, tempo esse
demasiado longo, em face do baixo rendimento do método;
o Processo de desmonte não controlado;
o Produção de fragmentação dos materiais de tamanhos médios a
grandes, necessitando, por isso, de trabalhos complementares
posteriores;
o Somente utilizável em trabalhos de grande extensão, pois toma-se
oneroso o transporte da maquinaria pesada.

3.3.4 – Demolição por meio de máquinas hidráulicas


• Máquinas hidráulicas ligeiras:
o Fendilhador de barras;
• Máquinas hidráulicas pesadas:
o Macaco hidráulico;
o Martelo hidráulico;
o Hidráulicos de maxilas;
o Pulverizador de maxilas;
o Tesoura de maxilas;

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Fazendo uso da incompressibilidade, que é uma propriedade característica dos


fluidos, foram introduzidos no mercado, a partir dos anos 50, instrumentos de variado
tipo, que executam inúmeras funções de corte, esmagamento e desmantelamento.
Estão neste caso as máquinas hidráulicas, sendo umas ligeiras, outras pesadas, estas
últimas conjugadas com máquinas locomotoras de lagartas ou de rodados de grande
e indispensável estabilidade, portantes das lanças com que actuam.
No primeiro caso, encontra-se o fendilhador de barras, que é composto por um
cilindro com um determinado número de pistões radiais. Para a utilização deste
sistema hidráulico é necessário o trabalho prévio de perfuração das peças que se
pretendem destruir, segundo planos de fractura estudados antecipadamente.

3.3.5 – Demolição mecânica por impulso ou tracção


• Derrube por impulso:
Na demolição de edifício ou partes deste, quando a sua altura for inferior a 2/3 da
alcançável pela máquina e esta possa manobrar livremente sobre o solo com suficiente
capacidade persistente. Não se usará contra estruturas metálicas nem de betão
armado.
Efectua-se fazendo um impulso lateral, no sentido horizontal, com o balde de uma
escavadora. O edifício deve, primeiramente, derrubar-se até à altura apropriada ao
alcance da máquina. É imprescindível que a escavadora tenha uma grande
estabilidade.
É um método rápido e de baixo risco e, além do mais, não requer a aquisição de
acessórios específicos de demolição.

• Desvantagens do método:
o Os inconvenientes deste método são o de exigir uma grande
distância de segurança onde o controle sobre a direcção de
projecção dos escombros é menor.

Figura 6 – Derrube por impulso lateral

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• Demolição por tracção


Pode-se fazer quando a máquina está equipada com um braço telescópico, munido de
uma ferramenta de demolição dom dentes. Pode-se alcançar até 25 m. Em obras de
alvenarias principalmente e no derrube de estruturas de betão de pequena espessura
ou debilmente armadas. É um método muito rápido uma vez que não requer a
montagem de andaimes. Mesmo assim, o espaço necessário é muito grande e exige
uma grande distância de segurança, além do facto de que podem produzir-se
derrubamentos incontrolados e desfavoráveis.
O impacto ambiental é muito elevado e os escombros devem fragmentar-se antes de se
proceder ao seu carregamento.
A capacidade dependa da máquina, do tamanho do edifício e dos métodos
construtivos.

3.3.6 – Demolição mecânica por colapso intencional


Este método só pode ser usado quando o empreiteiro tiver o recinto completamente
livre. O colapso deve ser efectuado através da remoção mecânica dos pontos fulcrais
da estrutura, que tornam o edifício instável.
Este método deve ser somente utilizado por pessoal experiente. De outro modo, um
erro de cálculo pode colocar a estrutura em situação precária e constituir um risco
para a vida.

3.3.7 – Demolição mecânica por queda de massa metálica suspensa


Um dos mais populares métodos de demolição é o guindaste com a bola oscilante
suspensa na ponta da grua. É um método económico e o mais rápido que pode ser
empregue.
As desvantagens deste método estão relacionadas com o facto de a zona envolvente
precisar estar livre e ser necessário o serviço de um operador especializado no
guindaste.
A bola deve, sempre que possível, ser lançada na linha paralela ao braço do
guindaste e deve ser segura por um cabo móvel que permita a oscilação e o controlo
constante da bola.

Figura 7 – Demolição com massa metálica suspensa

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3.3.8 – Demolição por esticão com cabo metálico


O tamanho do cabo a empregar deverá ser o adequado ao fim proposto, tendo em
atenção o facto de o seu diâmetro não poder ser inferior a 38mm.
O cabo deverá ser inspeccionado, pelo menos duas vezes ao dia, de maneira a
assegurar que a sua capacidade não tenha sido alterada.

3.3.9 – Demolição com explosivos


Actualmente as técnicas de explosivos produzem uma resposta económica onde outros
métodos falham devido ao ruído, equipamento dispendioso, inacessibilidade de
material pesado e custos elevados no material usado. Mesmo assim, surgem destroços
demasiado grandes que é necessário transformar em tamanhos manuseáveis, por
outro processo.
O controlo de explosivos requer um técnico especializado no local, para
prédimensionar e adaptar a carga de explosivos convenientemente na peça.
A aplicação de explosivos tem como vantagens o ruído de amplitudes aceitáveis, e o
modo de transporte dos destroços mais acessível e económico.
Com esta técnica, 80% dos trabalhos de demolição são efectuados com misturas de
nitroglicerina e nitrato de amónio, comercializado com diferentes nomes.
Estes explosivos exercem uma pressão instantânea nominal de 360 Mt por kgf, à
velocidade de 250/300 m/s, apesar da percentagem de fogo ser controlada pelo
diâmetro do cartucho.
Para fragmentar a estrutura são perfuradas cavidades no centro e colocadas cargas
apropriadas ao tipo de trabalho que se quer realizar e ao grau de fragmentação
requerido.
• Explosivos usados no trabalho de engenharia civil:
o Gelatinas: trabalhos submersos, separação de argamassa e
metais.
o Dinamite: alguns trabalhos submersos, metais e rochas.
o Gelignite e misturas de nitrato de amónio: demolições de rochas
entre outros.

3.3.10 – Demolição por explosão controlada


As demolições por explosão controlada constituem um tipo de obra muito especial
dentro do campo de aplicação dos explosivos, quer pela sua dificuldade técnica, quer
pela sua singularidade e a espectaculariedade dos resultados. Mediante a explosão
controlada consegue-se compatibilizar factores tão díspares como rapidez, segurança
e economia.

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Figura 8 – Demolição por explosão controlada

Figura 9 – Demolição por explosão controlada

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Figura 10 – Demolição por explosão controlada

O sistema de demolição controlada consiste na perfuração e explosão de bases de


sustentação do edifício, de tal modo que ao produzir-se a detonação das cargas
explosivas, a edificação entra em colapso e se auto-destrua na sua caída, segundo
uma direcção de queda predefinida de antemão, mediante o adequado
posicionamento e sequência das cargas.
Para definir o sentido de queda do edifício actua-se sobre o posicionamento das
cargas explosivas, que definirão a cunha de rotura; actuando sobre a sequência das
cargas, através do uso de detonadores eléctricos, determina-se a sequência de saída
das mesmas. A união de ambos os planos estabelece de forma inequívoca a direcção
e o sentido de queda do edifício.
Como para qualquer outro trabalho em que se use explosivos, é necessária uma
permissão das entidades responsáveis. Para isso, um engenheiro de minas deve
apresentar uma memória descritiva e que deverá ser entregue e aprovada pelas
autoridades.

3.3.11 – Demolição com explosivos hidráulicos


Este método está presente quando a quantidade de betão é consideravelmente grande.
Indiscutivelmente é o método mais barato de partir o betão.
O conjunto de orifícios do aparelho, com cerca de 75 mm de diâmetro, que perfuram
até uma distância predeterminada da extremidade do betão e termina num ponto
seleccionado por outro grupo de orifícios nos ângulos desejados.
As desvantagens deste método consistem no facto de ser um trabalho manual e, por
consequência, lento, e também pelo facto do betão ser quebrado em peças largas e
depois ter de ser transportado para outros locais. Normalmente, tem de se proceder a
uma segunda operação. Tem a vantagem de o único barulho se dever à realização
dos orifícios.
A sua utilização não tem grandes resultados no betão armado, a menos que o ferro
que contém seja fraco.

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3.3.12 – Demolição por gases expansivos


Consiste num cilindro de aço que contém um gás liquidificado, o qual expande com
uma grande força quando excitado por uma carga eléctrica.
O seu efeito é obtido pela sua introdução numa cavidade preparada na massa a ser
demolida.
Quando se aplica a carga eléctrica a expansão causa a fragmentação da massa.

3.3.13 – Demolição com tenazes hidráulicas


Para o uso de tenazes que têm uma grande força de tracção e rotura, requer-se que as
máquinas sobre as quais vão apoiadas tenham uma grande estabilidade. Os
fabricantes oferecem distintas formas de mandíbulas, cada uma delas adaptada ao
material a derrubar e à função requerida. Este método é, fundamentalmente, limitado
pela capacidade.

Figura 11 – Equipamento para demolição com tenazes hidráulicas

3.3.14 – Demolição com martelos pneumáticos


Estes martelos cuja massa oscila entre 50kg e 3.500kg montam-se sobre equipas de
maquinaria pesada ou sobre minimáquinas.
Têm a vantagem de possuir uma grande potência de percussão e impulso, reportando
um rendimento considerável.
Este método tem certas limitações, como que de que a base sobre a qual se apoie a
máquina suporte a carga e o alcance do braço seja suficiente. Também é necessário
ter precaução quando se aplica à demolição de muros verticais ou pilares de certa
altura para evitar a sua queda sobre a máquina ou operário.

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Figura 12 – Demolição com martelo hidráulico

3.3.15 – Demolição por reacção térmica


A dilatação térmica consiste num tubo de aço, bastante comprido, com tirantes de
ferro no seu interior e no final aquecido com tochas de acetileno. O oxigénio passa
pelo tubo sob pressão e inflama. O betão é aquecido até à fusão e, a seguir, mantém-
se nesse estado devido à passagem constante de oxigénio para progressivamente ir
arrefecendo.
Este método tem a grande vantagem de ser o mais silencioso, onde não é necessário a
utilização de compressores ou de perfuradores.
O betão pode ser derretido qualquer que seja a quantidade e o resto, colunas e vigas,
bem como aço, são cortados com oxiacetileno.
Este processo é conveniente em locais inacessíveis, onde a maquinaria grande não
pode ser usada e as vigas podem ser deitadas abaixo por uma grua ou método
similar.
As desvantagens estão primeiramente relacionadas com os custos excessivos, em
segundo, por só ser realmente bem sucedido se o betão contiver quantidades de aço
que ajudam a fusão, e em terceiro, porque produz grandes quantidades de fumo.

3.3.16 – Demolição por corte e perfuração


O “asserrado” produz uns cortes lisos de dimensões exactas, pelo que este método se
utiliza para sacar partes inteiras ou como medida de segurança para crias uma zona
em vias de demolição, complementando outros métodos de demolição. Este método
requer menos trabalho de preparação do que os que usam ferramentas de percussão.
Usam-se serras circulares para fazer cortes horizontais ou verticais no betão até uma
profundidade de 40 cm.

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Figura 13 – Demolição com serra de corte

É necessário uma abundância de água para limitar as poeiras bem como para o
esfriamento das serras. Este método tem inconvenientes bem definidos como a
produção de alto nível de ruídos devido à alta velocidade de rotação da serra. Além
do mais existem graves problemas ao serrar ângulos entre o solo e os muros pelo que
deve combinar-se com frequência com outros métodos.
Tanto o método fracturação, como o de corte ou perfuração podem ser considerados
mais como pertencentes ao campo cirurgia do betão, do que como métodos de
demolição de um edifício.

Existe agora, também um método de demolição, dentro da categoria dos métodos de


fragmentação, conseguido através da inserção na massa a ser demolida de um
cimento expansivo. É um método indicado quando não haja a possibilidade de utilizar
explosivos para fragmentar grandes massas.
Este método não produz vibrações, o nível de ruídos é muito pequeno, não levanta pó
e não se projectam fragmentos, pelo que o seu impacto ambiental é muito pequeno.
Pode-se usar este método como complemento de outros, como a demolição manual.

4. Resíduos da Demolição
Como se pode observar com o gráfico apresentado na Fig.1, o sector de demolição é
um grande gerador de resíduos. Calcula-se que a quantidade anual total de restos de
demolições supere as 180 Mt na C.E e as 100 Mt nos EUA. Nos países do sul da
Europa o nível de resíduos gerados é menor, não seguindo a tendência dos países do
norte da Europa. Esta situação variará, previsivelmente, a médio prazo, devido à
grande quantidade de edifícios a demolir nos próximos anos.

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CET-CONDUÇÃO DE OBRA – PROJECTOS DE DEMOLIÇÕES

4.1 – Reciclagem dos resíduos de demolição


No actual mercado de consumo é cada dia maior a pressão de certos colectivos
ecologistas, unidos a uma crescente consciencialização cidadã a respeito do tema da
reciclagem. A reciclagem tem a grande vantagem de solucionar ao mesmo tempo a
eliminação de materiais usados e aproveitar estes resíduos para obter uma nova
matéria-prima, reduzindo assim as quantidades de recursos naturais primários a
extrair. Tem também a vantagem de reduzir o espaço destinado a depósitos de
resíduos.
Um aspecto fundamental a ter em conta na recuperação e reciclagem de resíduos de
demolição é o facto de que convergem, ao mesmo tempo, interesses económicos e
ambientais. O repto para o futuro é, portanto, conseguir compatibilizar o
desenvolvimento económico com a preservação do meio ambiente que o sustenta; isto
é o que se conhece por crescimento sustentável. Neste sentido são prioritárias todas as
actividades recuperadores e recicladoras.
Os resíduos de demolição têm um potencial de reutilização reconhecido. Esta
reutilização tem certas limitações devido às próprias características destes resíduos. No
processo de reciclagem é essencial a qualidade do material que vai ser reciclado.
Os materiais de construção que podem ser reaproveitados produzem-se sobretudo
durante a demolição, derrube, transformação ou ampliação de edifícios, infra-
estruturas, aeroportos, vias e demais superfícies para o tráfego.
Devido à sua heterogeneidade, os que apresentam uma maior dificuldade são os
provindos de edifícios, uma vez que os materiais de construção compostos, como o
gesso não resistente à água, têxteis, etc. dificultam especialmente a recuperação.
As aplicações a que se podem destinar os reciclados são: ruas, pavimentos (bases e
sub-bases), edificações e outros.
Em geral as recicladoras existentes na Europa dedicam o seu material de saída a usos
que exijam requerimentos de qualidade baixa. A razão é, principalmente, a falha
generalizada de dispositivos controladores do assegurar da qualidade. Nos países em
que estes dispositivos se encontram mais difundidos, como é o caso dos Países Baixos,
o material reciclado dedica-se a usos que supõem um maior valor específico, como por
exemplo o seu aproveitamento para betões e cimentos.
É previsível que, seguindo os passos de outros países, se produzam no futuro as
condições apropriadas para a reutilização de resíduos de demolições passe a ser um
tema importante dentro do sistema socio-económico português.

5. Principais Riscos e Medidas Preventivas


Os acidentes que podem ocorrer com maior frequência são: fractura de pernas,
perfurações nas extremidades superiores e inferiores, golpes por objectos ou
ferramentas em diferentes partes do corpo, quedas ao mesmo nível e a níveis
diferentes, projecção de partículas para os olhos, etc.

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CET-CONDUÇÃO DE OBRA – PROJECTOS DE DEMOLIÇÕES

A fim de evitar os riscos que podem produzir os acidentes indicados, devem-se tomar
as precauções necessárias. A seguir indicam-se algumas dessas precauções:
• No fim de cada dia de trabalho ou no início dos trabalhos, todas as
zonas com risco iminente devem ser demolidas.
• Colocação de testemunhos em locais apropriados, vigiando a sua
evolução durante os trabalhos de demolição.
• A demolição deve ser executada de forma inversa à da construção, piso
a piso, começando na cobertura e depois em sentido descendente. Deve
procurar-se a horizontalidade dos trabalhos evitando que os operários
trabalhem a níveis diferentes.
• Deve evitar-se acumulação de escombros nas lajes do edifício, pois estão
a sobrecarregá-lo.
• Para demolir, chaminés, cornijas, ou outros elementos susceptíveis de
queda, deve ser colocado um andaime de forma sólida.
• Ao retirar as telhas da cobertura, deve ser executado de forma simétrica
começando no cume em direcção aos beirados.
• Ao longo do cume deve-se dispor de um sistema de fixação fixo a
elementos resistentes para amarrar os cintos de segurança (arnezes) dos
operários e que permita a mobilidade dos mesmos.
• Quando se verifique a necessidade de trabalhar sobre um muro exterior
que tenha piso somente de um lado e altura superior a 10 m, deve ser
colocado um andaime.
• Quando se tratar de um muro isolado com altura superior a 6 m, deve
ser colocado um andaime em ambos os lados do muro.
• Sobre um muro que tenha menos de 35 cms de espessura, nunca se deve
colocar um trabalhador.
• As paredes interiores a demolir, devem ser efectuados cortes verticais
efectuando a demolição com impulso acima do centro de gravidade.
• As vigas, armaduras e elementos pesados, devem ser desmontado por
intermédio de escoras.
• Devem ser evitadas distâncias exagerada entre as uniões horizontais das
estruturas verticais.
• Já foi indicado que os escombros devem ser evacuados por intermédio de
tolvas ou canaletes, o que implica uma proibição de arremesso desses
escombros do cimo do edifício para o nível térreo.
• Os escombros produzidos devem ser regados regularmente de forma a
evitas poeiras
• Em obras de demolições cobertas de neve ou em dias de chuva deve
evitar-se trabalhar.

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CET-CONDUÇÃO DE OBRA – PROJECTOS DE DEMOLIÇÕES

6. Protecções

6.1 – Protecções colectivas


Como método de trabalho e no campo da protecção, prioritariamente devem ser
utilizadas protecções colectivas e mais eficazes.
As protecções colectivas mais utilizadas são: fixações e apoios, que garantem a
estabilidade dos elementos que se podem desprender durante a demolição, as
guardas de seguranças correctamente instaladas em buracos e as lonas, redes, etc.

6.2 – Protecções individuais


Os operários que trabalhem em obras de demolições, devem dispor e utilizar
permanentemente os EPI (Equipamentos de Protecção Individual) necessários que sejam
homologados E de qualidade reconhecida:
• Capacetes.
• Botas de sola e biqueira de aço.
• Roupa de trabalho em perfeito estado de conservação.
• Óculos de protecção antipartículas e anti-poeiras.
• Cintos de segurança, arnezes, etc.
• Máscaras individuais contra poeiras e/ou equipamento de respiração
autónomo.

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