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CET – Curso de Especialização Tecnológica

CONDUÇÃO DE OBRA

 Contenções Periféricas
CET – Condução de Obra
Contenções Periféricas

Estruturas de Suporte
O material considera-se suportado se é mantido com uma inclinação maior do que
aquela que eventualmente tomaria se não existisse estrutura. As estruturas de suporte
incluem todos os tipos de muros e sistemas de contenção nos quais os elementos
estruturais estão combinados com solos e rochas.

Existem três tipos principais de estruturas de suporte:


•Os muros de gravidades de pedra ou betão simples ou armado.
•As cortinas são muros ou paredes de espessura relativamente reduzida em aço,
betão armado, madeira, suportados por ancoragens, escoras e/ou por pressões de
terras do tipo passivo.
•As estruturas de suporte compósitas, incluem uma larga variedade de estruturas
compostas por elementos dos dois tipos atrás indicados. Ex: ensecadeiras de estacas
prancha, maciços reforçados por tirantes, geossintéticos ou injeccções, etc.
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Estados limites
Os estados limites a ter em consideração no estudo de estruturas de suporte são os seguintes:
•perda de estabilidade global
•rotura de um elemento estrutural (muro, ancoragem, escora, etc.) ou da ligação entre elementos
estruturais
•rotura conjunta do terreno e de um elemento estrutural
•movimentos da estrutura de suporte que possam causar o colapso ou afectar a aparência ou a
eficiência da própria estrutura, ou de estruturas e infraestruturas vizinhas
•repasses de água inaceitáveis sob ou através da parede
•transporte em quantidade excessiva de partículas do terreno sob ou através do muro
•alteração inaceitável das condições de percolação da água no terreno

Para as estruturas de suporte de gravidade ou compósitas devem ainda considerar-se os seguintes


estados limite:
•rotura por falta de capacidade resistente do solo de fundação
•rotura por deslizamento pela base do muro
•rotura por derrubamento do muro

E para as cortinas, ainda os seguintes:


•rotura por rotação ou translação da parede ou de partes desta
•rotura por perda de equilíbrio vertical da cortina

Devem ser consideradas as combinações dos estados limites


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Quais as acções a considerar para o dimensionamento/verificação de segurança deste tipo
de estruturas

•Peso do material de aterro


Deve ser estimado com base no conhecimento do material disponível e/ou através de
ensaios

•Sobrecargas
Deve ter em conta a presença na superfície do terreno ou perto dela de edifícios vizinhos,
veículos, gruas estacionadas e em movimento, materiais granulares armazenados,
mercadorias, contentores, etc.

•Peso da água
Para o cálculo do peso volúmico deve ter-se em conta se a água é doce, salgada ou
contaminada por matérias químicas ou outras

•Força das ondas


Os valores do cálculo da força das ondas e das repetidas forças de impacto devem ser
estabelecidos com base nos dados disponíveis para as condições climáticas e hidráulicas
do local da obra
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•Forças de suportes
Podem ser componentes das forças associadas às operações de pré-esforço. Devem
considerar-se efeitos de sobretensão e de relaxamento das ancoragens.

•Forças de colisão
Para a determinação dos valores de cálculo das forças de impulso deve ter em conta a
energia absorvida pelo sistema de suporte durante o impacto

•Efeitos da temperatura
O projecto de estruturas de suporte deve ter em conta o efeito das variações anormais de
temperatura no espaço e no tempo.
Devem ser tomadas especiais precauções, tais como a selecção de material de aterro
apropriado, a drenagem ou o isolamento, para evitar a formação de bolsadas de gelo no
terreno atrás das estruturas de suporte.

•Dados geométricos
Os valores de cálculo para os dados geométricos incluem o nível e a inclinação da
superfície do terreno, os níveis da água, os níveis de interface entre estratos, os níveis de
escavação, a forma da fundação, etc.
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O projecto de estruturas de suporte deve ter em conta os seguintes aspecto, quando tal for
apropriado:
•Efeitos da construção do muro ou da cortina, incluindo:
•A colocação de apoios temporários nas faces de escavação
•As alterações do estado de tensão “in situ” e os consequentes movimentos causados
pela instalação da cortina e pela construção
•A perturbação do terreno devida às operações de cravação ou furação
•A necessidade de acessos para a construção
•O grau de impermeabilização requerido para o muro construído
•A exequibilidade da construção do muro até um estrato de baixa permeabilidade e a
avaliação dos seus efeitos no regime da água no terreno
•A exequibilidade da construção de ancoragens no terreno adjacente
•A capacidade do muro para suportar as cargas verticais
•Para as estacas-prancha, a necessidade de uma secção suficientemente rígida para
serem cravadas até à profundidade projectada sem perda das ligações
•A estabilidade dos furos ou das valas preenchidos por lamas bentoníticas antes das
betonagens
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Com o passar do tempo, o Homem foi adquirindo vários conhecimentos acerca da


construção.
O aumento da população fez com que, a necessidade de construção não só se
realizasse ao nível térreo, mas também a níveis abaixo do solo.

Uma das grandes dificuldades verificadas na construção de edifícios com caves,


consiste na realização da sua escavação, sobretudo se a nova construção for
contígua a arruamentos ou a edifícios com fundações a níveis menos profundos.

Situações deste tipo que se tentam resolver de forma simplista, são origem frequente
de graves acidentes, quer por descalço das fundações das construções existentes,
com consequente ruína, quer por aluimento de terras.

Quando tal acontece à que recorrer aos métodos de Construção Periférica, métodos
estes que estão em constante aperfeiçoamento, servindo de base para uma maior
segurança, atingindo-se assim maiores profundidades.
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Tipos de Contenções Periféricas
Escavação total seguida da
construção do muro

Muros de Suporte
Escavação e construção faseada e
alternada

Paredes moldadas
Contenções Muros de Berlim
Periféricas

Contenções Pré-fabricadas
Estacas-prancha
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Escavação total seguida de construção do muro de suporte

É este o processo mais utilizado pois também é aquele mais apetecível economicamente.

Em solos menos coesos só deverá ser utilizado este o método, quando for realizada a
escavação em talude, não podendo ser contígua a armaduras e construções existentes
excepto quando a camada de fundação das construções adjacentes for pelo menos à
mesma cota, e apresentar estrutura resistente em boas condições (evitando-se assim a
contenção de terras e o escoramento lateral).

Se for num terreno rochoso podem-se fazer escavações de maior profundidade, ou


mesmo com armaduras e edifícios adjacentes. Sendo indispensável o cuidado de verificar
se as fundações estão bem assentes no maciço rochoso, e se apesar da escavação, esse
maciço é suficiente para suportar as cargas transmitidas pela estrutura, sem danos para a
mesma. Não se deve proceder à escavação com o auxílio de explosivos (pelo facto das
vibrações transmitidas pelos mesmos, poderem causar danos nas estruturas vizinhas),
devendo-se sim, executar a escavação através de métodos que não provoquem
problemas às edificações vizinhas, por exemplo: jacto de água, escarificador ou riper,
produtos químicos expansivos em contacto com a água e agulhas expansivas (para
grandes blocos rochosos ), martelo hidráulico, etc.
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Procedimento geral:
1- Limpeza do terreno e início da escavação;
2- Escavação e construção alternada;
2.1- Escavação central deixando taludes de apoio;
2.2- Escavação de painéis impares e construção do respectivo muro de suporte
2.3- Escavação de painéis pares e construção do respectivo muro de suporte.
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Construção de muro e escavação faseada e alternada

Este método também bastante utilizado assemelha-se muito ao anterior, com a


diferença de que a escavação é realizada em pequenos troços de 2 a 5m até á
profundidade total.
Estes troços devem ser betonados, e após garantirem suporte eficaz ao terreno,
podem então ser escavados os troços vizinhos e de seguida completar o muro.

A estabilidade deste muro pode ser garantida simplesmente pelo mesmo ou pela
realização de ancoragens ou pregagens.

Ancoragens são sistemas de suporte de muros que funcionam por furação dos
mesmos até uma profundidade onde se encontre um solo capaz de suportar as
tensões instaladas nos cabos. Cabos ( de pré–esforço ) estes que são colocados
em bainhas no interior dos furos e que posteriormente são tensionados por exemplo
com a ajuda de um macaco hidráulico, e desta forma garante-se a estabilidade do
muro.

Pregagens são sistemas idênticos que diferem pelo facto dos varões serem
nervurados e de extremidade roscada.
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Contenções Periféricas
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1-Furaçãodo muro (ou estaca -prancha), até uma profundidade onde o solo garanta a
fixação da ancoragem;

2-Colocação das bainhas e dos cabos de pré–esforço;

3-Criação de um "bolbo" no final do furo através da injecção de calda de cimento a


pressão adequada ( para a criação deste "bolbo" podem existir outros métodos em
casos de rocha sã, tais como injecção de produtos químicos expansivos na presença
de água, explosivos, ou outros );

4-Após a secagem da calda de cimento, os cabos são traccionados com um macaco


hidráulico e é aplicada uma cabeça de ancoragem com cunhas para fixação.
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Nesta técnica de escavação e construção de muro faseada e alternada, deve haver


cuidado no cálculo da dimensão dos troços a escavar, bem como do n.º dos mesmos,
para que seja garantida a segurança das construções adjacentes, nomeadamente
deve-se atender-se a:
• profundidade de escavação;
• nível freático;
• natureza do terreno;
• dimensão das construções adjacentes,
• etc.

Embora esta técnica seja mais rápida e necessite de equipamento menos


especializados, a mesma não deve ser utilizada quando:
• os solos forem demasiado incoerentes;
• a profundidade for elevada e a existência de construções adjacentes com
fundações superficiais ou de cota superior à realizada possam correr riscos
de descalçamentos das fundações.
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Paredes moldadas

Quando a escavação a realizar é de grande profundidade, excepto no caso de ser um


solo rochoso ou de as fundações das construções contíguas estarem pelo menos á
mesma cota, é este um dos métodos aconselháveis.
Em solos menos coesos e em que temos necessidade executar escavações de grande
profundidade, em talude não é viável devido à necessidade da existência de muito
espaço em obra para arrumar o solo, e consequentemente o risco de soterramento
aumentar durante a realização de pequenos troços de muro com grande profundidade.

O uso de estacas prancha numa situação destas é também desaconselhável, porque os


custos e a dificuldade de cravação das mesmas aumentam grandemente. Esta é uma
técnica que é normalmente utilizada em escavações de grande profundidade mas
também de média profundidade. Pode ser realizada em espaços de obra muito
limitados, oferece mais garantias de segurança aos operários em trabalhos de grande
profundidade, mas em contrapartida exige equipamento e pessoal especializado, e
possui custos e prazos muito elevados.
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Procedimento geral:
1. Construção do muro guia;
2. Escavação de um painel;
3. Colocação de bentonite (bentonite = água + argila + cimento );
4. Colocação das armaduras;
5. Betonagem do muro;
6. Escavação do interior;
7. Construção da estrutura;
8. Corte das ancoragens (eventualmente)
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MATERIAIS CONSTITUINTES

Consoante os fins a que se destinam, as paredes moldadas podem ser constituídas


por diversos materiais. E quando se diz isto, quer-se dizer que esses materiais são os
que afinal podem ser utilizados no enchimento de valas escavadas normalmente com
o auxílio de fluidos tixotrópicos.

Neste aspecto, o primeiro critério de classificação que, de uma maneira singela, se


pode admitir é o de considerar que as paredes moldadas no solo poderão dividir-se em
dois grandes grupos:
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Neste aspecto, o primeiro critério de classificação que, de uma maneira singela, se
pode admitir é o de considerar que as paredes moldadas no solo poderão dividir-se em
dois grandes grupos:

•Resistentes, normalmente de betão armado, embora naturalmente desta qualidade


resultem outros atributos importantes, tais como maior ou menor estanquidade; estão
neste grupo as paredes normais de contenção periférica para tomar possível a
execução de escavações salvaguardando a estabilidade e segurança de terrenos e
construções vizinhas (casos de obras urbanas) ou para absorver impulsos provenientes
de diferenças de cota (casos de obras marítimas) ou ainda para servirem simplesmente
como fundações (contínuas, por painéis isolados ou por elementos simples -barretas);

•Impermeabilizantes, com a intenção de formar cortinas mais ou menos estanques que


constituam obstáculos (écrans) à percolação ou funcionem mesmo como cortinas de
contenção de terrenos ou lodos altamente saturados de água; as paredes ou cortinas
impermeabilizantes são normalmente utilizadas em trabalhos fluviais ou hidráulicos,
desde obras de regularização ou defesa marginal de cursos de água até obras de
impermeabilização de barragens em leitos aluvionares.
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As paredes moldadas resistentes utilizam correntemente o betão de cimento Portland


normal com inertes de granulometria de reduzidas dimensões (diâmetro máximo de 2
a 2,5 cm). Estes betões são normalmente colocados segundo a técnica dos betões
submersos, utilizando tubo e seguindo todos os preceitos correntes, postos
normalmente em prática na betonagem de elementos de obras subaquáticas, fluviais
ou marítimas. Refira-se que este ponto deve ser considerado importante e que devem
ser exigidos estudos de betão cuidados, hoje normalmente feitos em centrais de betão
pronto, a partir de materiais de boa qualidade.
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VANTAGENS DO MÉTODO

Dentro de diversas vantagens que podem ser apontadas ao método de construção


das paredes moldadas podem indicar-se:

1- Ele permite a realização de elementos de suporte e de fundação com um mínimo


de descompressão e de deformação do terreno situado na sua vizinhança. Isto torna-
o particularmente aconselhável para a realização de obras em áreas urbanas
permitindo, a execução de escavações ao abrigo de paredes resistentes previamente
construídas por este método sem que as edificações vizinhas sejam sensivelmente
afectadas por deformações do terreno em que estão fundadas;
2- Os níveis de vibração e de ruídos resultantes da sua construção são bastante
mais modestos do que os atingidos quando se recorre a alguns dos métodos
alternativos possíveis como é o caso da cravação de estacas pranchas metálicas.
Esta é também uma forte razão de preferência em casos de obras a realizar em
zonas urbanas;
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3- O método tem-se revelado de uma grande versatilidade face à natureza do solo em
questão. Considera-se que actualmente só em casos muito raros de solos muito
peculiares é que se levantarão problemas que não possam ser resolvidos mediante o
recurso a esta técnica. Como regra pode dizer-se que a sua realização é possível em
qualquer tipo de solo desde que se tomem as precauções adequadas, o que implica para
cada caso concreto um cuidadoso estudo da composição da lama estabilizadora, do tipo
de equipamento de escavação a utilizar e da geometria do painel;

4- O método permite, sem problemas de maior, atingir elevadas profundidades;

5- Permite uma grande maleabilidade na programação das obras uma vez que a sua
execução é feita por painéis isolados;

6- Desde que sejam adoptados certos cuidados de execução, o acabamento final obtido
pode ser tal que, para certas situações seja dispensável qualquer tratamento posterior. É
esse o caso, por exemplo, de garagens;

7- Tem-se verificado um bom comportamento das paredes moldadas para condições de


solicitação das mais diversas. Em particular eles têm-se revelado bastante aptas para
fazer face a solicitações sísmicas.
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Os elementos de parede moldada com secção variável, de acordo com as exigências do
projecto, destinam-se quase que exclusivamente ao apoio de estruturas, estabelecendo-
se por meio de elementos moldados uma solução de fundações por estacas. A
escavação dos painéis elementares processa-se por meios mecânicos, abrindo, no
terreno, valas com a profundidade necessária e recorrendo ao auxilio de lamas de
bentonite, para manutenção das paredes do solo escavado. Após a introdução da
armadura (se a parede for armada), executa-se a betonagem com betão submerso,
suficientemente fluido, empregando tubo e funil. Sendo a parede continua formada por
painéis, não existe realmente uma continuidade, especialmente no caso de paredes
armadas, já que em paredes de betão plástico ou de materiais impermeabilizantes, se
pode admitir não haver, uma vez a obra feita, soluções de continuidade.

No caso das paredes moldadas, a existência de juntas entre painéis verticais, não afecta
a impermeabilização da obra, desde que se adoptem dispositivos que são função da
carga hidráulica, da função da parede e do tipo de acabamento interior que se vai
pretender no caso de, após a escavação, ficar com face à vista.
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Consoante os casos, poder-se-á recorrer à injecção vertical das juntas com materiais
plásticos, ao tratamento do paramento interior com a introdução de um tubo dreno
revestido depois com argamassa hidrófuga, ao revestimento completo com caldas
betuminosas (ou outros produtos correntes no mercado) ou ainda à construção de uma
parede de acabamento, deixando um espaço vazio entre esta e a parede continua, o
que permitirá a recolha das água infiltradas, por intermédio de caleira que as leva ao
poço da estação automática de bombagem.

Em casos de obras de edifícios importantes, com caves profundas, e exigindo


acabamentos especiais, a injecção das juntas tem-se revelado absolutamente eficaz.
Para tanto, quando da construção dos painéis, são introduzidos, no sitio das juntas,
tubos molde que, uma vez retirados, deixam um furo que, depois de limpo será
injectado ou preenchido com material plástico aderente e impermeável. A possibilidade
de execução de paredes a escavar no terreno e enchendo o espaço escavado com o
material desejado (betão, argamassa, etc. ) deve-se especialmente ao domínio da
técnica das suspensões aquosas de bentonite com que se enche a vala. A bentonite é
uma argila muito fina (montemorilonite) desprovida praticamente de impurezas. De uma
maneira geral a parede continua é útil em terrenos soltos (areias e saibros ), argilosos
ou lodosos, em que, naturalmente, qualquer escavação por processos diferentes
resultaria ou imprópria ou passiva de criar largos embaraços.
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Muros ou Entivação de Berlim
Este método tal como as paredes moldadas destina-se à contenção de terras em
escavações de grande profundidade, diferindo pelo facto de a construção do muro ser
efectuada de cima para baixo à medida que avança a escavação. Estes muros irão ser
suportados por perfis metálicos, que na base possuirão uma pequena sapata, para
evitar o enterramento dos mesmos, bem como por ancoragens ou pregagens. Tem
como principais vantagens ser de fácil aplicação, poder ser aplicado em terrenos de
qualquer natureza, não necessita de equipamento tão especializado, sendo
consequentemente mais económico, permite a execução de uma sapata inferior logo os
muros não necessitam de ter espessura tão elevada como nas paredes moldadas, a
betonagem dos muros, com cofragem num dos lados, permite melhores acabamentos o
que traz vantagens no caso destes muros serem os definitivos. Como principais
inconvenientes tem maior prazo de execução devido a uma construção faseada, maior
possibilidade de conflito e acidentes de trabalho na movimentação de operários e
equipamentos, devido à simultaneidade de construção de paredes e escavações, pode
envolver alguns riscos para as construções vizinhas devido pelo facto de
temporariamente existirem zonas descomprimidas.
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Procedimento geral

1- Abertura dos furos;


2- Betonagem do fundo dos furos;
3- Viga de coroamento sobre caixa de areia;
4- Primeira fase da escavação, deixando taludes de apoio lateral;
5- Construção de muros de suporte por fases alternadas (painéis pares e ímpares);
6- Construção da caixa de areia;
7- Colocação das armaduras;
8- Betonagem do muro;
9- Ancoragem dos painéis;
10- Repete-se então todo o procedimento para os painéis seguintes;
11- Escavação da zona central, com a queda da caixa de areia deixando as armaduras à
vista com união para o painel seguinte;
12- No final, constroem-se as fundações da parede.
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Entivação com estacas –prancha

Processo muito utilizado em solos incoerentes e de fácil cravação das estacas -


prancha, a pequenas e médias profundidades, podendo também ser utilizadas a
grandes profundidades dependendo da proximidade de construções que impliquem
transmissão de cargas nas entivações. As estacas -prancha poderão ser perdidas ou
recuperáveis e ancoradas, pregadas ou não. Normalmente este método é utilizado em
abertura de valas para galerias ou condutas, dado que a continuidade dos trabalhos
permite a reutilização dos perfis, em contrapartida, é pouco utilizado em escavações de
caves de edifícios por via do seu elevado custo, a não ser que já se disponha de
equipamento especializado. É também de vantajosa aplicação, em ensecadeiras onde a
execução de trabalhos similares de betão seria mais difícil.
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Procedimento geral

1- cravação das estacas -prancha com o auxílio de um bate estacas, por exemplo;
2- início da escavação e furação da primeira linha de ancoragens;
3- continuação da escavação e repetição de ancoragens se necessário;
4- início da construção da estrutura;
5- após a construção da laje ao nível do solo, corte das ancoragens e recuperação das
estacas -prancha se for o caso.
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EXEMPLO:
Centro Comercial de Santarém
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A obra apresentada é um complexo comercial e habitacional. É uma obra situada no


centro da cidade de Santarém e por este motivo apresenta grandes problemas a todos
os níveis, desde a preocupação em termos de segurança, da higiene e de todas as
fases que envolvem esta grande estrutura.
É constituída por quatro pisos subterrâneos e três pisos acima do solo, e para tal é
necessário uma grande prospecção geológica.
As fundações são indirectas e constituídas por estacas de betão moldadas em grupos
de seis, que irão suster os pilares do edifício.
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VANTAGENS E DESVANTAGENS DAS ESTACAS MOLDADAS NO LOCAL DA OBRA
Vantagens:

1- A compressão do betão no tubo cria uma sapata no pé da estaca, disso resulta


uma compressão do solo e um esforço de atrito lateral maior que com uma estaca
lisa e, por consequência, um aumento da força de sustentação da capacidade de
absorção dos esforços de tracção;

2- As estacas betonadas no solo podem ser utilizadas em terrenos aquíferos cuja


espessura atinja de 16 a 20m e nas quais a utilização de outros sistemas de
fundação (ar comprimido, lavagem, escoramento) seja muito onerosa; em particular
para a execução de obras simples e de pequenas áreas de fundação (edifícios );

3- Quando devem ser atravessados terrenos heterogéneos (aterros, desaguadouros)


pouco consistentes, sua utilização mais económica que a das estacas cravadas ou
moldadas no local;

4- Utilização vantajosa na execução de fundações nos locais de pequena superfície ou


quando a altura livre é pequena;

5) Betonagem possível a baixa temperatura, que impede o fabrico das estacas de betão.
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Desvantagens:

1- Não se vê aquilo que se executa, em particular, a maneira como se distribui o betão,


cuja a superfície externa pode vir a ser lavada, nos terrenos aquíferos, ou cortada por
desmoronamentos locais do solo no momento de retirada do tubo;
2- Leva-se em conta esse risco admitindo-se, para a secção útil da estaca, um diâmetro
de 5 a 10cm inferior ao tubo, e betão armado da coluna;
3- Riscos inerentes à cura do betão sob a água nos terrenos aquíferos;
4- Betão fresco muito mais vulnerável ao ataque de águas agressivas, o que obriga,
nesse caso, a se abandonar o tubo envolvente no solo. Disso resulta uma despesa
bastante elevada;
5- Perigo de derrubamento do tubo envolvente e falta de estabilidade transversal
da estaca.
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NP ENV 206: Nova Documentação Normativa

Elementos necessários para o pedido de betão

Por força da publicação em Diário da República, a 14 de Dezembro de 1995 da "NP


ENV 206 Betão -Comportamento, produção, colocação e critérios de conformidade" foi
alterada a regulamentação normativa nacional, aplicável ao material de construção -
betão, tendo sido revogado o até então vigente Regulamento de Betões de Ligantes
Hidráulicos (RBLH).

Um Novo Regulamento para os Betões

A Norma Portuguesa NP ENV 206 decorre da aplicação das directrizes


produzidas pela Comissão Europeia no sentido da aproximação a nível europeu
da legislação referente aos materiais de construção.
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A NP ENV 206 é uma norma mista, ou seja, introduz por um lado regras quanto às
qualidades e quantidades das matérias primas para o betão, e por outro impõe normas
de execução, no sentido de garantir a qualidade final do produto colocado em obra.
Deste modo compromete não só o produtor de betão pronto mas também quem o
aplica, esta é constituída pela tradução da pré-norma europeia ENV206, pelo seu
anexo nacional (incluindo o acervo normativo aí referenciado:

Especificações do LNEC, normas NP e ISO, etc.), pela NP EN 450 (Cinzas volantes) e


pela NP 4326 (Cimentos brancos).Faz-se de seguida um levantamento sucinto dos
pontos da norma que se consideram mais relevantes.
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Tecnologia do Betão

São introduzidos novos conceitos no que confere ao controlo de qualidade das matérias
primas (tendo-se reunido um conjunto de normas aplicáveis).São estipulados vários
requisitos em termos das propriedades do betão, no estado fresco e endurecido.
Especial atenção é colocada na durabilidade dos Betões através do estabelecimento de
limites para as relações A/C e quantidades de cimento ou ligante entre outros.
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Elementos necessários para o pedido de betão

Classe de Resistência

Passa a ser abandonado o prefixo "B", adoptando-se a letra "C" (do inglês concrete=
betão), seguida de um par de valores de resistência característica (unidades em
MPa), referida respectivamente a provetes cilíndricos 150x300mm e a proveres
cúbicos de 150mm de aresta.
exemplo: um B30 passaria a um C25/30.

É ainda introduzida uma nova classe de resistência, o C30/37 que se situará entre o
B35 e o B40 do RBLH.
Nota: É este o tipo de betão usado na obra apresentada.
A resistência à compressão passa a nível nacional a ser reportada a cubos de 150
mm de aresta, em detrimento dos cubos de 200mm.
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No quadro abaixo pode-se observar a correspondência entre as classes de resistência do
RBLH e da NP ENV 206.

Para os Betões caracterizados pela sua resistência à tracção, a NPENV 206 não estabelece
classes, sendo desta forma em parte recuperadas as determinações do RBLH. Assim será
adoptada para os Betões caracterizados resistência à flexão -tracção uma designação do
tipo FC3,5 (B3,5F do RBLH).
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Dimensão máxima do inerte (Dmáx.)

A máxima dimensão do inerte tem de ser escolhida por forma a que o betão aplicado na
peça não segregue quando colocado e compactado, proporcionando uma distribuição
homogénea. O Dmax. não deve ultrapassar: 1/4 da menor dimensão do elemento
estrutural;
A distância livre entre os varões diminuída de 5 mm; 1,3 x o recobrimento das armaduras.

Classe de Exposição Ambiental

O RBLH apenas contemplava Betões resistentes a meios agressivos em alguns casos


(Betões tipo BD). Segundo a NP ENV206, todos os Betões (à excepção dos Betões de
composição prescrita pelo cliente) deverão sempre ser especificados considerando uma
classe de exposição ambiental aplicável, para satisfazerem os requisitos de resistência
às acções do ambiente. A cada classe de exposição correspondem algumas implicações
nas dosagens e nas propriedades, sendo que as mais relevantes são as mínimas
dosagens de cimento ou ligante e as máximas relações A/C ou A/L.
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Classes de exposição relacionadas com as condições ambientais (ENV206)

Classes de exposição relacionadas comas acções de deterioração do betão (LNEC E378)


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Classe de consistência
A norma indica vários métodos para medir a consistência do betão fresco: o ensaio
vêbê, o ensaio de compactação, o ensaio de espalhamento e o ensaio do abaixamento.
A nível nacional o método mais usual para avaliar a consistência dos Betões é o ensaio
de abaixamento pelo cone de Abrams, pela ENV206 estabelecem-se 4 classes: S1, S2,
S3 e S4.

Classes de consistência segundo a NP ENV206

A classe de consistência do betão usado na obra apresentada, foi o S4 (fluido).


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Especificação do betão / Novas designações

A norma introduz os Betões de dosagem prescrita e os Betões de comportamento


especificado.
Betões de dosagem prescrita: Betões em que o cliente especifica as matérias primas e
suas dosagens, e o produtor de betão é responsável pela sua fabricação mas não pelas
suas propriedades. exemplo: Betões de dosagem (D200/25 do RBLH)

No caso dos Betões de comportamento especificado, o cliente deverá obrigatoriamente


definir as características que pretende para o betão, sendo o produtor, responsável pela
satisfação dessas mesmas características.

No mínimo deverão ser fornecidas as seguintes indicações:


1- Classe de resistência
2- Dmáx. do inerte
3- Classe de exposição ambiental
4- Classe de consistência

exemplo: Designação segundo o RBLH Designação segundo a NP ENV206


B25/25 P C20/25 025 2a 52
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Em condições especiais poderão ser requeridos outros elementos adicionais, como
sejam, requisitos de impermeabilidade, relacionados com a massa volúmica (Betões
leves ou pesados), propriedades de retardamento de presa, resistências mecânicas a
idades jovens, especiais requisitos de abrasão, etc.
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Colocação, Cura e Protecção do Betão

Como já indicado avançado atrás, as propriedades do betão e funcionamento dos elementos


estruturais onde é colocado, são função, não só da composição, dos procedimentos de
produção e transporte, mas também dos cuidados na aplicação, compactação, protecção,
cura e descofragem em obra.
Dever-se-á evitar a segregação do betão na colocação. A compactação deve assegurar o
completo envolvimento das armaduras e total preenchimento dos moldes, forçando a saída
do ar, por forma a que o betão colocado na peça seja uma massa compacta e homogénea
envolvendo todas as armaduras.

A cura (protecção das superfícies do betão de uma secagem prematura), deverá ser iniciada
tão cedo quanto possível. Os métodos de cura passam pela utilização de filmes plásticos,
colocação de coberturas húmidas, aspersão com água das superfícies, manutenção das
cofragens contra o elemento betonado, etc.. A duração da cura é basicamente função do
grau de hidratação do cimento (entenda-se indirectamente: resistência) e das condições
ambientais (temperatura, humidade e vento).
A deficiência ou ausência destes cuidados podem potenciar comportamentos indesejáveis
como fissurações excessivas, fragilidade superficial do betão, diminuição da capacidade
resistente das peças, etc. pelo que os recomendamos vivamente em obra.
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Controlo de Qualidade do betão

O controlo de qualidade compreende duas componentes: o controlo da


produção, que compreende todas as acções necessárias para satisfazer e
manter os requisitos especificados (a cargo do produtor de betão); e o controlo
da conformidade que inclui a generalidade das medidas necessárias para
verificar a conformidade de um lote.
A norma introduz o controlo de qualidade através de lotes e por famílias de
betão, segundo as indicações sucintas do quadro a seguir.

Plano de amostragem para controlo de conformidade


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Tipos de Muros de Contenção:


• Muros de Gravidade
• Muros Cantilever
• Muros de Contraforte
• Muros Ancorados
• Muros Reforçados
• “Slurry Walls”
• Contenção com Estaca Prancha
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Projecto de Muros de Contenção

• Função do muro (tipos diferentes para propósitos diferentes)


• Propriedades do solo
• Peso específico
• Ângulo de atrito
• Coesão
• Determinação da estabilidade do muro
• Deslizamento
• Derrube
• Capacidade suporte
• Estabilidade global
• Projecto das secções do muro
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Impulso Activo: É a pressão limite


entre o solo e o muro, que se verifica
quando existe uma tendência de
movimentação no sentido de
expandir o solo horizontalmente

Impulso Passivo: É a pressão limite


entre o solo e o muro, que se verifica
quando existe uma tendência de
movimentação no sentido de
comprimir o solo horizontalmente
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Distribuição do Impulso Activo

Distribuição do Impulso Passivo


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Justificação Geotécnica:

A justificação geotécnica compreende normalmente as seguintes fases:

•Reconhecimento e Prospecções

•Interpretação Geotécnica
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Reconhecimento e Prospecções

O reconhecimento das fundações é usual fazer-se por catamentos ou por


poços ao nível de apoio das mesmas ou até encontrar uma porção
suficientemente significativa de contorno. De qualquer modo é difícil
escavar um poço a mais de 3-4m da base de um edifício.

Neste tipo de escavações devem adoptar-se todo tipo de precauções


para não debilitar ou “descalçar” os elementos estruturais importantes
ou permitir movimentos de zonas fissuradas ou soltas, pelo que
devem ser instalados todos os necessários apoios e escoras
interiores.
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Em geral convém reconhecer as fundações de ambos os lados já que as fundações


antigas costumam ser assimétricas e com construção relativamente heterogénea. Às
vezes é praticamente impossível determinar a geometria real das fundações sem
haver escavações quase completas em torno das mesmas.

As escavações devem complementar-se com sondas e amostras nos elementos da


fundação para conhecer a sua constituição real e simultaneamente levar amostras
para ensaios de grau de alteração, resistência, etc..

Sondagens no terreno
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Interpretação Geotécnica

Partindo da natureza e propriedades do terreno assim como das características das


fundações e das cargas aplicadas devem poder justificar-se, ao menos de forma
qualitativa, os fenómenos de deformação observados, utilizando para isso métodos de
Mecânica dos Solos.

Em geral é possível aproximar por métodos teóricos os assentamentos correspondentes


a uma situação dada, assim. Como estimar a tensão de derrubamento de uma fundação
e avaliar o coeficiente de segurança em condições concretas.

Dada a evolução relativamente recente da Mecânica dos Solos torna-se evidente que as
fundações de edifícios antigos nem sempre foram construídas de forma adequada assim
como a sua segurança face ao derrubamento chegue a ser muito precária em alguns
casos, fazendo o terreno trabalhar a pressões de 500 a 1000 KPa em casos onde na
prática actual se ousa ultrapassar dos 200 KPa. Por isto, muitos edifícios não chegaram
aos nossos tempos por sucumbirem às suas próprias deficiências ou às acções em seu
redor, por vezes muito ligeiras porém suficientes para alterar um equilíbrio tão instável.
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Independentemente dos valores numéricos, mesmo na patologia mais frequente surgem
uma série de problemas que estão relativamente tipificados e que devem ter-se
presentes na hora de atribuir determinado comportamento:
•Elevadas pressões de trabalho por insuficiente área de carregamento
Deve recordar-se que o conceito de tensão admissível é relativamente recente e até ao
início deste século dominavam critérios quase exclusivamente geométricos, em função
das dimensões dos pilares ou muros a fundar segundo regras de Virtubio, Alberti, etc.. A
utilização de códigos (regras) locais de fundação levou a situações limite em finais de
XIX com o desenvolvimento em altura de edifícios.
•Apoio em camadas de capacidade de suporte insuficiente
Por estarem reduzidos os conhecimentos do terreno, em épocas anteriores, os simples
catamentos de observação ou as provas elementares como a fixação de barras ou
estacas, não nos é estranho que o apoio da fundação se fazia muitas vezes sobre
camadas pouco fiáveis ou debaixo das quais existam níveis brandos ou compressíveis.
Uma variante frequente deste caso é quando se sucedem no mesmo lugar diversas
culturas, edificando-se uma delas sobre os resto da anterior. Em alguns casos o
aproveitamento das fundações preexistentes é total como é o caso de reconstruções de
“reprodução exacta”, porém o mais frequente é uma sobreposição parcial e a
coexistência de fundações de várias idades.
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•Condições diferenciais de apoio
São frequentes nos edifícios antigos as grandes diferenças de assentamentos, muito
pequenas, produzindo em muros e divisórias ou, no caso de arcos ou abóbadas, a
ruína estrutural.

As causas fundamentais são:


•Variações de espessura de um estrato compressível próximo do nível de
fundação;
•Importantes diferenças de carga entre zonas do mesmo edifício;
•Acções locais (escavação, saturação, etc.).
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•Outros factores
•Incluem:
Degradação Estrutural:
Os agentes ambientais, com o passar dos tempos, produzem efeitos
nocivos nas fundações, que se manifestam dos mais variados modos,
como sejam: a meteriorização e alteração dos elementos de pedra; a
desagregação de argamassas ou outros elementos de madeira; a corrosão de apoios
metálicos, armaduras.

Descalço:
Em edifícios próximos de ribeiras não é raro que se produza um arraste progressivo do
terreno, ás vezes mascarado por muros ou pavimentações, que podem deixar sem
suporte parte das fundações. Às vezes também pode ter lugar um processo de erosão
interna por efeito de águas subterrâneas, fugas de tubos, etc.., que provocam um
arraste de partículas no rumo da rede de saneamento, cavidades, etc. . Este tipo de
erosão vai criando ocos que ao chegarem a determinado tamanho, função do tipo de
solo, colapsam bruscamente com graves efeitos para os elementos suportados.
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Vibrações:
Produzem assentamentos em solos granulares frouxos e solos com vazios em geral
e podem chegar a desmontar muros de alvenaria, arcos de abóbadas e construções
de blocos pouco cimentadas. A sua origem pode dever-se à circulação de tráfego
pesado, explosões em escavações ou pedreiras próximas, bombardeamentos,
maquinaria pesada, etc..

Terramotos:
Nos edifícios de alvenaria que conseguiram sobreviver aos terramotos, os efeitos
mais acusados são a desorganização dos arcos das abóbadas, o despreendimento
das cornijas, as fendas verticais em uniões ortogonais de muros, esquinas de
janelas, etc., abaulamento de paramentos, abertura de fendas no contacto entre
construções diferentes, efeito de aríete das vigas de madeira, etc..

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