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Trabalho Prático nº1

Fundações e estruturas de contenção

Álvaro Cláudio Gomes Ferraz


Nº 2018722
João Martim Fernandes Gonçalves
Nº 2058720
Luís Filipe Costa Pequeneza
Nº 2071022
UNIDADE CURRICULAR:
Tecnologia da Construção

CORPO DOCENTE:
Curso Técnico Superior Construção
Fátima Maria Pereira Gouveia
Civil Micaela Sofia Camacho Andrade

DATA:
17 de Abril de 2023

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Índice
1 Considerando a localização, dimensão e solução adotada, quais seriam os aspetos que exigiriam
maior atenção, em fase de construção? Quais seriam as principais dificuldades? ................................ 3

2 Caracterize a solução de contenção adotada (muro tipo Munique). Faça um esquema


identificando os componentes que a constituem e materiais utilizados. ................................................ 5

3 Como construiria essa estrutura de contenção (Muro tipo Munique)? Descreva detalhadamente o
faseamento construtivo. ......................................................................................................................... 6

3.1 Trabalhos preparatórios ........................................................................................................... 6

3.2 Introdução dos perfis metálicos............................................................................................... 7

3.3 Execução da viga de coroamento ............................................................................................ 7

3.4 Painéis primários ..................................................................................................................... 7

3.5 Escavação ................................................................................................................................ 8

3.6 Colocação da armadura ........................................................................................................... 8

3.7 Cofragem e betonagem............................................................................................................ 8

3.8 Execução do furo ..................................................................................................................... 8

3.9 Colocação dos cabos de pré-esforço no furo ........................................................................... 9

3.10 Selagem da ancoragem e criação do bolbo de selagem .......................................................... 9

3.11 Execução do pré-esforço ......................................................................................................... 9

3.12 Execução dos painéis secundários......................................................................................... 10

3.13 Execução dos painéis dos restantes níveis ............................................................................ 10

4 Imagine que o edifício em questão não tem pisos enterrados e que a fundação do edifício seria
efetuada através de estacas moldadas, neste mesmo local. De entre as várias técnicas de construção
de estacas moldadas existentes, qual escolheria para executar as estacas moldadas neste caso?
Justifique a sua resposta. ...................................................................................................................... 10

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1 Considerando a localização, dimensão e solução adotada, quais seriam
os aspetos que exigiriam maior atenção, em fase de construção? Quais
seriam as principais dificuldades?
Dadas as diversas circunstâncias de uma envolvente extremamente complexa, relativamente
às dimensões, soluções e à natureza do empreendimento em causa, as projeções iniciais e os ensaios
dos solos, é verificado com alguma prudência através de um estudo minucioso de geotécnica no
fundo da escavação, no qual permitiu um reconhecimento das características do solo e suas camadas,
a presença de água sob pressão ao nível das brechas vulcânicas e uma baixa permeabilidade dos
tufos.

Devido a estes estudos uma das dificuldades foi o modo de preservar a estabilidade do fundo
da escavação, devido à subpressão da água que circulava nas brechas vulcânicas. A escavação abaixo
da cota, só foi possível após o tratamento do terreno de fundação através de colunas de jet grouting,
armadas com tubos metálicos do tipo TM80. Estas colunas possuem uma dupla função, sendo para
acomodar as cargas de compressão na fase de exploração da obra, como às trações devidas à
existência de subpressões por ação da pressão da água em fase de construção. Tendo em conta a
elevada pressão de água à face da brecha vulcânica, o processo de perfuração para as colunas jet
grouting exigiria uma atenção minuciosas nessas operações e requer uma ampla campanha de testes.

As ações construtivas relativamente ao muro tipo Munique é uma das soluções mais usadas
em meio urbano, relacionando esta metodologia de contenção e os edifícios na sua preferia, este
exige uma avaliação cuidadosa dos terrenos verificando a existência de águas acumuladas, a
resistência do terreno e uma análise precisa dos edifícios vizinhos. Isto é, no processo de cravação ou
furação para introdução dos perfis metálicos, poderá originar vibrações indesejáveis nas construções
vizinhas, originando danos estruturais ou o aparecimento de fissuras na vizinhança.

No decorrer da construção do muro, este pode ser suscetível a causar uma descompressão do
solo debaixo das fundações vizinhas, comprometendo essas mesmas estruturas. Assim, é considerado
de igual forma, que as estruturas de contenção adotadas foram cuidadosamente projetadas, tendo em
conta a quantidade de edifícios em seu redor e as diversas operações de forma atenuar os riscos
devido às vibrações, visto que na parte mais profunda da estrutura, as perfurações para as ancoragens
eram sobre o basalto o que potencializa o aumento de vibrações. A construção do muro de Munique
implicou uma profundidade variável entre os 22 metros e os 30 metros de escavação, que poderia
ocasionar uma indefinição nos sistemas de escoramento e ancoragens.

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De um modo genérico, as fundações deste empreendimento foram baseadas em fundações
diretas, tendo estas como principais adversidades as ações hidrogeológicas, em que foram
minimizados e tratados com especial atenção na construção das fundações de jet grouting. As
pressões elevadas hidroestáticas, ou seja, a pressão que uma coluna de fluído em repouso pode
exerce sobre outo corpo, obteve uma grande atenção em que foi determinado a construção de uma
laje de fundo localizada 3m abaixo do nível do mar, de modo a transcender as pressões
hidroestáticas.

As ações hidrogeológicas são fundamentais na construção civil para garantir a segurança e


estabilidade das edificações, evitando problemas como infiltrações, desmoronamentos e instabilidade
do solo.

A drenagem é importante para evitar a acumulação de água no solo e a infiltração em


fundações e estruturas. As técnicas de drenagem podem incluir a construção de valas, canais,
sistemas de bombeamento, entre outros.

A impermeabilização é fundamental para evitar a infiltração de água em paredes, lajes, pisos


e outras estruturas. As técnicas de impermeabilização podem incluir o uso de mantas asfálticas,
membranas líquidas, resinas e outros materiais.

O monitoramento do lençol freático e das estruturas é importante para identificar problemas e


tomar medidas preventivas ou corretivas. Isso pode incluir a instalação de poços de monitoramento,
sensores de umidade, entre outros equipamentos de medição.

A pressão hidrostática é a pressão exercida pela água em repouso em um determinado ponto.

Pressão hidrostática positiva: É a pressão que a água exerce sobre as paredes de uma estrutura
subterrânea, empurrando-a para fora. Isso pode causar danos na estrutura, como rachaduras,
infiltrações e até mesmo o colapso.

Pressão hidrostática negativa: É a pressão que a água exerce na parte interna de uma estrutura
subterrânea, puxando-a para dentro. Isso pode causar deformações na estrutura, como trincas,
fissuras e até mesmo o colapso.

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2 Caracterize a solução de contenção adotada (muro tipo Munique). Faça
um esquema identificando os componentes que a constituem e
materiais utilizados.
As contenções periféricas têm como funcionalidade conter o terreno para a execução de
escavações, com aumento por sua vez, da resistência do terreno, o controlo das deformações, e da
estanqueidade do terreno (se for o caso). Existem vários tipos de estruturas de contenção, que por sua
vez são, as estruturas de suporte rígida (Muros de Gravidade), as estruturas de suporte flexíveis
(Cortinas) e as estruturas de suporte compósitas. Cada tipo de contenção aqui referida têm as suas
características individuais o que torna o seu uso muito específico de acordo com as necessidades
apresentadas em obra.

O muro de Munique ou muro de Berlim definitivo está muito ligado às vantagens e


desvantagens relativas da técnica aliada ao fator custo que beneficia claramente este tipo de solução,
em comparação com outras soluções, paredes moldadas e cortinas de estacas moldadas. A solução é,
por norma, utilizada em terrenos com alguma coerência, com o nível freático baixo e sem edifícios
suscetíveis a assentamentos na periferia da contenção, e é uma ótima solução se o terreno tiver uma
área de implantação pequena ou com fortes limitações de acesso à obra.

Tem como vantagens associadas, ser uma solução consideravelmente económica, ser possível
realizar a escavação em simultâneo com a execução da contenção, não exigir equipamentos
específicos/ especiais e nem estaleiros de grandes dimensões, não exigir mão-de-obra especializada,
a cofragem permitir um acabamento aceitável, e existir um grande aproveitamento da área de
implantação do edifício devido à sua reduzida espessura.

Tem como desvantagens associadas, o facto de só puder ser aplicado em terrenos com boas
condições geotécnicas para que permita a execução de taludes verticais, causa a descompressão do
solo e por consequência pode causar o assentamento de fundações vizinhas, a cravação/ furação para
a introdução dos perfis metálicos pode transmitir/causar vibrações indesejáveis nas construções
vizinhas, e por fim tem um fraco rendimento diário pela sua execução ser muito morosa.

A construção em meio urbano conduz, na maioria dos casos, à execução de pisos enterrados
para melhor aproveitamento de terreno. As condicionantes da envolvente, conduzem a que esses
tipos de escavações sejam executados verticalmente, utilizando uma contenção periférica. Desta
forma, as paredes tipo Berlim definitivas surgem como umas das técnicas mais frequentes para a
execução de contenções periféricas. Esta tecnologia caracteriza-se pela execução alternada de painéis

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ancorados de betão armado, de cima para baixo, à medida que a escavação avança. A adoção de
perfis metálicos verticais do tipo H com os banzos paralelos à parede. Essa colocação indicia
possíveis momentos fletores nessa direção, resultantes das forças com origem no pré-esforço das
ancoragens e nas pressões do terreno.

O muro de Munique ou muro de Berlim definitivo é composto:

• Vigas de coroamento com uma altura mínima de 0,60m, largura igual à da espessura
do muro e tem como objetivo/ função solidarizar os perfis (funcionamento conjunto);
• Ancoragens;
• Escoramento;
• Painéis em betão armado com uma espessura, normalmente entre 0,25 a 0,30m, com
dimensões dos painéis normalmente inferiores a 9m2, na zona das juntas é necessário
deixar um afastamento suficiente para realizar os empalmes, e tem por norma ligação
às lajes horizontais;
• Painéis metálicos verticais interiores à parede e caso não sejam possíveis, são
aplicados no exterior (excentricidade da carga), o espaçamento dos perfis metálicos
varia consoante a largura dos painéis e o diâmetro da furação varia consoante a função
do tipo e da secção do perfil;
• Sapatas;

3 Como construiria essa estrutura de contenção (Muro tipo Munique)?


Descreva detalhadamente o faseamento construtivo.

3.1 Trabalhos preparatórios


Os trabalhos devem iniciar-se pela realização de uma escavação até à cota inferior da viga de
coroamento (0,6m a 1,0m de altura). No sentido de ganhar algum avanço durante a fase de
escavação, pode ser iniciada uma escavação em talude no centro da área de implantação, desde que

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isso não impeça ou cria algum tipo de congestionamento para todo o restante processo contenção. É
importante garantir fáceis acessos ao nível mais baixo da escavação e também garantir que a cota da
viga de coroamento seja o mais baixa possível.

3.2 Introdução dos perfis metálicos


Os trabalhos prosseguem com a inserção no terreno dos perfis metálicos verticais. Estes perfis
estão geralmente afastados de 1,5 a 3,0m. Este afastamento depende de alguns fatores, tais como, as
condições meteorológicas, do tipo de terreno, e da geometria da contenção.

No aparecimento de solos empobrecidos e do nível freático estar acima do previsto, ao longo


da escavação, por segurança e comodidade, é executado a construção de painéis de pequenas
dimensões. Em caso contrário, na presença de boas condições de terreno, são construídos painéis de
maiores dimensões.

Os perfis são utilizados para suportar a totalidade das cargas verticais que resultam da parede
durante a fase construtiva, de modo a que não instabilizem durante a execução da contenção
periférica. Na colocação dos perfis no terreno, deve-se garantir que a sua maior inércia fique
orientada perpendicularmente ao terreno, tirando assim o máximo partido da sua rigidez e resistência
à flexão. Os perfis metálicos ficam, normalmente, embebidos nos painéis de betão.

A colocação dos perfis deve respeitar a localização descrita no projeto, e caso necessário,
recorre-se a apoio topográfico. Os perfis metálicos devem ser colocados de modo a que fiquem com
0,5 m fora do furo para que sejam unidos no seu topo pela viga de coroamento. Os perfis são, na
maioria dos casos, do tipo I ou H.

3.3 Execução da viga de coroamento


A execução da viga de coroamento, garante que todos os perfis trabalhem em conjunto.
Primeiro é colocado uma camada de areia com a altura necessária para evitar o contacto direto do
betão com o terreno. Segundo, posicionamento da armadura centrando-se os perfis no interior da
mesma. Terceiro, procede-se à cofragem da viga de coroamento para a mesma ser betonada. É
necessário garantir a armadura de espera para os painéis que irão ser executados abaixo da viga,
como ainda para os elementos da superestrutura. A escavação é iniciada.

3.4 Painéis primários


Tal como o nome indica, começa-se pelos painéis primários seguindo depois para os painéis
secundários realizados intercalado com os anteriores. Este processo repete-se nível após nível até ser

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atingida a cota pretendida. Num mesmo alçado pode haver mais do que uma frente de trabalho, desde
que não se desrespeite a ordem de execução dos painéis.

3.5 Escavação
Inicia-se a escavação pelos painéis primários. Em geral, a largura destes painéis estende-se
entre dois perfis metálicos consecutivos. Deste modo, a largura a escavar será a da distância entre os
perfis verticais mais cerca de 0,5m para cada lado para assegurar espaço para a armadura de espera.
Em teoria, as dimensões de um painel devem corresponder a cerca de 3m de largura e 3m de altura.

3.6 Colocação da armadura


A armadura é geralmente montada em estaleiro sendo depois transportada e colocada já
“como um todo” no painel, através do auxílio de meios elevatórios. Primeiro, procede-se à colocação
da armadura posterior, que irá encostar (salvaguardando o recobrimento previsto) no tardoz da
parede e irá ser suspensa nas armaduras de espera da viga de coroamento, ou painel superior,
consoante a fase do processo. Na zona das ancoragens, em consequência da aplicação de uma carga
localizada sobre uma peça fina, deve ser colocado reforço ao punçoamento e à flexão. Este reforço é
colocado, quer recorrendo a cruzetas, quer pela sobreposição simples de armadura na face anterior da
parede.

3.7 Cofragem e betonagem


O tipo de cofragem pode ser metálico, contraplacado marítimo ou em madeira. As cofragens
devem ser sustentadas por escoramentos que se apoiam no terreno através de calços. A cofragem
lateral consiste em tábuas de madeira colocadas entre a armadura que funcionam como tampões. A
betonagem é o passo seguinte. Este processo é feito a partir do topo do painel, com recurso a
mangueira\tremie. Os impulsos dinâmicos na base da cofragem são elevados em situações em que a
betonagem é feita do topo do painel. Esta situação deve ser evitada aproximando a mangueira do
fundo do painel. Após 48 horas é possível iniciar o processo de descofragem.

3.8 Execução do furo


Por vezes, no sentido de acelerar o processo e rentabilizar a máquina de furação, depois de
furado o painel já descofrado (através do negativo) é furado seguidamente o painel secundário
adjacente. Neste caso, furar-se-á diretamente a banqueta, sendo posteriormente inserido um negativo
aquando da colocação da armadura no painel. A furação pode ser feita recorrendo a uma das
seguintes técnicas:

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• Rotação com recurso a trado contínuo;
• Roto-percussão com varas e bit e com injeção de água;
• Roto-percussão com martelo de fundo de furo e com recurso a ar-comprimido.

O solo deve ter propriedades que permitam que as paredes se mantenham estáveis durante
este processo. Após a furação, o furo permanece vazio até à selagem da armadura.

3.9 Colocação dos cabos de pré-esforço no furo


Procede-se à introdução dos cabos de ancoragem no furo. Os cabos de pré-esforço são
introduzidos pelos operários no furo. Os cabos de pré-esforço encontram-se protegidos por bainhas
de PVC ao longo do comprimento correspondente ao seu comprimento livre que servem para evitar o
contacto entre a calda de injeção primária e o varão de modo a que se garanta que os cordões
deformam livremente. Na zona correspondente ao bolbo de selagem, os cabos não possuem qualquer
proteção de modo a que possa haver ligação dos varões à calda. Na extremidade dos cabos encontra-
se uma ponteira cónica que facilita a sua progressão no furo, minimizando a desagregação das
paredes do mesmo.

3.10 Selagem da ancoragem e criação do bolbo de selagem


Após a introdução da armadura no furo, procede-se à selagem do mesmo – injeção primária.
Começa-se por transportar e encaixar no tubo de injeção primária a mangueira que introduzirá a
calda no furo. Esta mangueira tem origem na central misturadora. A central misturadora é o
dispositivo onde é feita a mistura da calda que é introduzida no furo por gravidade, de forma
contínua e sem interrupções, através de um tubo de PVC. A reinjeção da calde de cimento é feita 24h
após a fase interior, pelo tubo de maior diâmetro, até ao nível das diferentes válvulas.

3.11 Execução do pré-esforço


O pré-esforço pode apenas ser aplicado 3 a 7 dias depois da criação do bolbo de selagem. É
fundamental que a calda de selagem ganhe resistência antes da aplicação do pré-esforço. O
tensionamento é feito recorrendo a macacos hidráulicos. O pré-esforço é controlado através de um
manómetro e do aumento do comprimento dos cabos que sobressai da cabeça, sendo esse
comprimento registado para que se perceba se o ensaio está a ser bem-sucedido ou não. Antes de se
atingir a tensão de projeto, são introduzidas cunhas metálicas que travam os cabos de pré-esforço
para que fique instalada a tensão necessária.

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3.12 Execução dos painéis secundários
Seguindo o princípio básico que regula todo este processo, os painéis secundários localizam-
se entre os denominados primários, sendo agora estes a desempenhar o papel de suporte. A execução
dos painéis secundários é semelhante à execução dos painéis primários. Sendo assim, serão apenas
relatadas as diferenças existentes. Normalmente, a largura dos painéis secundários superam a dos
painéis primários ou, alternativamente, pode-se prescindir das ancoragens na totalidade ou em alguns
dos painéis secundários. As armaduras dos painéis secundários são, como previsto, amarradas às
armaduras de espera deixadas aquando da execução dos painéis primários. A betonagem do painel
secundário abrange, logicamente, as zonas das armaduras de espera. Devem ser deixadas armaduras
de espera verticais para o nível inferior. Executados os painéis procede-se à execução das
ancoragens, tal como foi descrito para os painéis primários.

3.13 Execução dos painéis dos restantes níveis


Concluído o primeiro nível da contenção, a escavação prossegue e o processo desenvolve-se
para o segundo nível. A execução passa pela repetição de todos os processos atrás descritos nível
após nível até chegar à cota da implantação da sapata de fundação da contenção.

4 Imagine que o edifício em questão não tem pisos enterrados e que a


fundação do edifício seria efetuada através de estacas moldadas, neste
mesmo local. De entre as várias técnicas de construção de estacas
moldadas existentes, qual escolheria para executar as estacas moldadas
neste caso? Justifique a sua resposta.
O recurso a estacas moldadas é recorrente, servindo na mesma obra como solução de contenção
periférica e fundação. Sendo as estacas moldadas elementos de fundação profunda ou indireta,
recorre-se a este tipo de fundações quando os terrenos não apresentam à superfície as características
de resistência adequadas para suportar as cargas impostas pela superestrutura e, quando os
assentamentos previsíveis com outras soluções de fundação a menor profundidade são excessivos.

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No caso concreto trata-se de um edifício que não tem pisos enterrados, sendo que a fundação do
mesmo seria efetuada através do recurso a estacas moldadas. Ora, as estacas moldadas podem ser
construídas através de trado contínuo, trado curto sem tubo moldador, trado curto com tubo
moldador recuperável, trado curto com tubo moldador perdido e trado curto com fluido estabilizador.

Cada uma destas técnicas de construção tem o seu processo construtivo:

O trado contínuo inicia o seu processo através da perfuração do solo – furação com trado
contínuo (comprimento máximo 20m – a profundidade de furação é controlada pelo comprimento da
haste do trado); betonagem da estaca em simultâneo com a subida do trado; compactação do betão
nos 3m superiores; remoção da terra e inserção da armadura; saneamento da cabeça da estaca com
martelos pneumáticos e execução do maciço de fundação.

O trado curto sem tubo moldador inicia-se, igualmente, com a seleção do equipamento de
furação à rotação (diâmetro do trado e necessidade de utilização de trépano; a limpadeira só é
utilizada para limpeza do fundo do furo); passa-se à colocação da armadura, pré́ -fabricada em
estaleiro já com espaçadores colocados; a betonagem é efetuada do camião - betoneira para o funil da
trémie; a extremidade inferior da trémie é mantida sempre 2m abaixo do nível do betão; os últimos
3m da estaca devem ser compactados; saneamento da cabeça da estaca com martelos pneumáticos
(pode ser substituído pela remoção dos 50cm superiores de betão com este ainda fluido) e execução
do maciço de fundação.

O trado curto com tubo moldador recuperável inicia-se com a seleção do equipamento de
introdução do tubo moldador e furação; furação prévia para posicionar e verticalizar o 1º troço do
tubo moldador; introdução do tubo moldador e furação simultânea trado curto, remoção da terra;
limpeza do fundo do furo com limpadeira e colocação da armadura; betonagem com trémie com
subida simultânea do tubo moldador, até a estaca ficar concluída; fase mais crítica da execução; se a
subida for demasiado lenta, o betão já seco agarra-se às paredes do tubo diminuindo a secção da
estaca e, se for rápida demais, o betão não tem auto-sustentação e dá-se o corte da estaca;
compactação do betão nos 3 m superiores; saneamento da cabeça das estacas e execução do maciço
de fundação.

Por sua vez, o trado curto com tubo moldador perdido apresenta o seguinte processo
construtivo: seleção do equipamento de furação; posicionamento do 1.º troço de tubo moldador,
verificação da verticalidade; cravação do tubo moldador por vibração; a furação é feita com
limpadeira (baixa consistência do subsolo); o fundo do furo é limpo de detritos, com a limpadeira;

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coloca-se a armadura; a betonagem é feita através de uma trémie; betonagem feita por bombagem de
um camião - betoneira com betão pronto com uma mangueira; a água, menos densa que o betão, é
empurrada para fora do tubo moldador; a extremidade inferior da trémie mantém-se no interior do
betão cerca de 2 m; compactação do betão nos 3m superiores e saneamento da cabeça da estaca
acima do tubo moldador (martelos pneumáticos) e execução do maciço da fundação.

E, por último, o trado curto com fluido estabilizador que se inicia pela montagem da central
de fabrico e reciclagem das lamas bentoníticas; seleção do equipamento de furação; furação prévia
com trado curto para melhor posicionar e verticalizar a furação e permitir o posicionamento do tubo-
guia, que permite guiar o equipamento de furação; continuação da furação, geralmente com
limpadeira, numa primeira fase sem lamas e, quando o solo o exige, recorrendo a essas mesmas
lamas; limpeza do fundo do furo; introdução das armaduras; betonagem da estaca diretamente do
camião - betoneira para o funil da trémie; à medida que o sobe, as lamas são recolhidas para
reciclagem e a trémie, inserida por troços, é desmontada também por troços; saneamento da cabeça
das estacas e execução do maciço de fundação.

Analisados os processos construtivos, conclui-se que a execução de estacas pelo método de


trado contínuo é a mais adequada. É uma solução técnico-económica mais competitiva, garantindo
que em condições normais de execução, um grau de qualidade e fiabilidade; produz reduzidos níveis
de ruídos e vibrações durante a execução, sendo adequadas para locais urbanos como é o caso;
possibilita a execução com comprimentos variados, diâmetro de furação variáveis e, ainda,
possibilita a análise do comportamento do terreno durante a execução.

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