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Patologia

do
Concreto Armado/Protendido

Prof. Luiz Antônio M. N. Branco


luizmelg@gmail.com
Parte I
Generalidades

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INTRODUÇÃO

O avanço obtido na técnica do concreto armado, nos últimos


tempos, tem sido considerável. A melhoria na qualidade dos
materiais, os métodos racionais de execução e o melhor
conhecimento sobre o comportamento e cálculo das estruturas
contribuíram para a obtenção de soluções estruturais com peças
muito mais esbeltas.

Essas estruturas mais leves são, logicamente, mais sensíveis face


a qualquer defeito dos materiais, da execução ou do cálculo e, em
alguns casos, mais vulneráveis a certo tipo de agentes agressivos.
Por isso, as normas atuais, muito mais exigentes que as de alguns
anos atrás, foram adaptadas à nova tecnologia.

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A patologia não é uma ciência moderna: as falhas, defeitos e
doenças que sofrem as obras de concreto armado são tão velhos
como o próprio material com o qual foram executadas; entretanto,
nos últimos tempos, avançou-se muito no cálculo de estruturas e
na tecnologia do concreto e, por conseguinte, tratou-se de despojá-
las de tudo o que não seja estritamente necessário para que
cumpram sua missão resistente.

Segundo Fuller, "para determinar o grau de desenvolvimento de


um edifício, basta pesá-lo"; efetivamente, isso é verdade pois se
compararmos os edifícios de hoje com aqueles de tempos não
muito distantes, podemos ver que o grau de desenvolvimento
atingido foi notável e não apenas como consequência do progresso
alcançado nos materiais de acabamento (cerâmica leve, isolantes
térmicos, esquadrias de alumínio, plásticos etc.), mas também a
contribuição que o cálculo estrutural, parte fundamental de
nossas construções trouxe para a eliminação dos quilos em
excesso. 4
O desenvolvimento tem indiscutíveis vantagens, mas também
pode ter sérios inconvenientes. No caso de estruturas de concreto
armado, nas quais se buscam dimensões mínimas seguras, os
efeitos agressivos, mecânicos ou químicos, podem gerar graves
consequências pelo fato das estruturas não disporem de
suficientes reservas para enfrentá-los, o que possibilita que o
concreto adoeça e, o que é pior, não possa suportar a enfermidade.

As estruturas de hoje exigem muito mais cuidados que as de


tempos atrás. Antes, as seções estavam superdimensionadas e
podiam suportar durante anos agressões importantes sem colocar
em risco sua integridade.

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O concreto, material fundamental de nossas estruturas, foi, até
pouco tempo, considerado com desinteresse e até com certo
desprezo; era um material que, em geral, seria revestido e
protegido por materiais aparentes, aos quais havia que prestar a
máxima atenção,

Não é estranho, portanto, que o concreto, elemento básico das


estruturas que suportam todo o peso que sobre elas se apoia,
passasse despercebido e ignorado, e que, como consequência desse
abandono, seja o material que mais tenha sofrido e, por
conseguinte, o que mais efeitos patológicos tenha apresentado.

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DURABILIDADE E DESEMPENHO

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TECNOLOGIA DE RECUPERAÇÃO DAS ESTRUTURAS DE
CONCRETO ARMADO

Encaminhamento dos serviços:

1. Descobrir danos
2. Executar ensaios
3. Determinar a(s) causa(s)
4. Avaliar a obra como um todo
5. Recuperação – Especificação e Execução
6. Proteção

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Parte II
Danos

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1 – Danos Mais Comuns nas Estruturas de Concreto Armado

 Fissuras

 Desagregação

 Segregação

 Perda de Aderência

 Calcinação

 Movimentos Estruturais
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1.1 – Fissuras:
A fissuração excessiva de uma estrutura é um dos danos mais
comuns.

Basicamente, dois tipos podem ser distinguidos: as fissuras


estáveis, ou inativas, e as fissuras em movimentação, ou ativas.
Cada uma pode, por si, apresentar-se em fissuras isoladas ou
num conjunto de fissuras. A simples aplicação de um selo sobre a
superfície da fissura nos pode indicar, ao se romper ou não, se
estamos diante de uma fissura ativa ou inativa.
Normalmente, emprega-se como selo: gesso, vidro fino preso por
argamassa nas suas extremidades, papel, pinturas, etc. Pode ser
medida também a sua espessura, por comparação direta,
justapondo-se sobre ela uma régua própria, de plástico,
transparente, com linhas de diversas espessuras (graduadas),
permitindo que se leia, por coincidência de espessura, o valor em
mm, da largura da fissura. Medidas toma- das em épocas
diferentes podem revelar a existência de movimentação. 15
1.1 – Fissuras:

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Mapeamento de fissuras em blocos de fundação
devido a reação álcali-agregado

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1.2 – Desagregação:

A deterioração, por separação de partes de concreto, provocada,


em geral, pela expansão, devido a oxidação ou dilatação das
ferragens e também pelo aumento de volume do concreto quando
este absorve água, ou ainda quando, no período posterior ao seu
lançamento, ocorre temperatura abaixo de zero.

Pode ocorrer, também, em locais sujeitos a movimentações


estruturais e choques.

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1.3 – Despassivação por carbonatação

O dióxido de carbono (CO2) penetra por difusão e reage com os


hidróxidos alcalinos da solução dos poros do concreto, reduzindo o
pH da fase aquosa do concreto.

Ocorre em ambientes com umidade relativa acima de 65% ou


sujeitos a ciclos de molhagem e secagem.

O fenômeno não é perceptível a olho nu, nem reduz a resistência


do concreto e, até aumenta sua resistência superficial.

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1.4 – Perda de Aderência:

Pode ocorrer entre a armação e o concreto, ou entre dois


concretos. A perda de aderência entre o aço e o concreto ocorre, em
geral, nos casos de oxidação.

As perdas de aderência entre dois concretos podem ocorrer


quando a superfície entre duas concretagens consecutivas estiver
suja, quando são feitas 2 concretagens com idades muito
diferentes e também nas superfícies de seccionamento de uma
fissura ou trinca.

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1.5 – Calcinação:
Ressecamento das camadas superficiais do concreto, ocorrido
durante os incêndios.

1.6 – Movimentos Estruturais

Provocam recalques, desníveis, mudanças de caimento etc.

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2 – Determinação das Causas que Provocam os Danos

Este ponto é muitas vezes subestimado, relegado a segundo


plano, diante da importância que se atribui à recuperação
propriamente dita. Entretanto, sem estar efetivamente seguro
quanto às causas que provocaram os danos na estrutura, não se
pode protegê-la da continuação do fenômeno, após a recuperação.

Somente a perfeita compreensão, tanto do elemento agressivo


quanto da mecânica de ataque, e que poderá propiciar a execução
de uma correta proteção à estrutura recuperada.

A seguir, sucintamente, as principais causas da deterioração das


estruturas de concreto armado.

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O que diz a NBR 6118?

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6.3 Mecanismos de envelhecimento e deterioração
6.3.1 Generalidades
Dentro desse enfoque devem ser considerados, ao menos, os mecanismos
de envelhecimento e deterioração da estrutura de concreto, relacionados
em 6.3.2 a 6.3.4.

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6.3.2 Mecanismos preponderantes de deterioração relativos ao concreto
a) lixiviação: por ação de águas puras, carbônicas agressivas ou ácidas que dissolvem e carreiam os
compostos hidratados da pasta de cimento;
b) expansão por ação de águas e solos que contenham ou estejam contaminados com sulfatos, dando
origem a reações expansivas e deletérias com a pasta de cimento hidratado;
c) expansão por ação das reações entre os álcalis do cimento e certos agregados reativos;
d) reações deletérias superficiais de certos agregados decorrentes de transformações de produtos
ferruginosos presentes na sua constituição mineralógica.

6.3.3 Mecanismos preponderantes de deterioração relativos à armadura


a) despassivação por carbonatação, ou seja, por ação do gás carbônico da atmosfera;
b) despassivação por elevado teor de íon cloro (cloreto).

6.3.4 Mecanismos de deterioração da estrutura propriamente dita


São todos aqueles relacionados às ações mecânicas, movimentações de origem térmica, impactos,
ações cíclicas, retração, fluência e relaxação.

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Dos defeitos de construção encontrados, a maioria tem origem no
lançamento defeituoso do concreto, o que geralmente provoca a
segregação entre o agregado graúdo e a argamassa do concreto.

Frequentemente, a disposição da armação produz um efeito de


peneiramento, que provoca, também , fenômeno semelhante.

O mau posicionamento dos ferros de armação, principalmente dos


negativos das lajes, é causa constante de trincas. A falta de
limpeza das formas antes da concretagem, a deformação de formas
e escoramentos, as deficiências de vibração e o excesso de água no
concreto são outros tipos de deficiência a assinalar.

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2.1 – Defeitos de construção

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2.2 – Incêndio e diferenciais de temperatura

O aumento da temperatura, nos casos de incêndio, provoca:

 Calcinação do concreto

 Dilatações

 Esfoliação e fissuramento

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2.3 – Corrosão das armaduras

A armação é protegida contra a corrosão pelo concreto que a


envolve, devendo-se esta proteção, principalmente, ao pH alcalino
do concreto. Entretanto, através da poros idade de um mau
concreto ou de uma deficiência de cobertura da armação, ou ainda
através de trincas, a armação pode ser atingida pelo elemento
agressivo, que acarreta a sua oxidação.

Tendo a parte oxidada o seu volume aumentado em cerca de 8


vezes, a força desta expansão expele o concreto do revestimento,
expondo totalmente a armadura à ação agressiva do meio. A
continuidade deste fenômeno acarreta a total destruição da
armação.

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2.4 – Corrosão do concreto

O concreto de boa qualidade e um material bastante resistente,


embora também sujeito a sofrer danos em presença de alguns
tipos de agressividade.

Em geral, é atacado o concreto de má qualidade, isto é,


permeável, segregado, etc., ou aquele resultante do emprego, em
sua confecção, de materiais de baixa qualidade.

Os principais fatores destrutivos do concreto são os agentes


ácidos, que atacam e destroem a argamassa (alcalina) do concreto;
íon sulfato, presente nos processos de decomposição biológica, nos
despejos industriais e nas águas superficiais do subsolo; nitratos e
nitritos; íon magnésio; cloro e seus compostos.

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2.5 – Efeito abrasivo sobre o concreto

O concreto é atingido, também, por ação abrasiva de natureza


diversa , além de ser, evidentemente, afetado por processos que
produzem trincas e perdas de sua substância. Como exemplo de
abrasão podemos citar o das pistas de rolamento, zonas sujeitas
aos embates das ondas, fundo de canais, etc.

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Desgaste superficial em pavimento de concreto

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Causas químicas
Ataque da água do mar
A água do mar contém sulfatos e ataca o concreto. Além da ação
química, a cristalização dos sais nos poros do concreto pode
provocar a degradação devido à pressão exercida pelos cristais
salinos, nos locais onde há evaporação, acima da linha de água. O
ataque só ocorre quando a água pode penetrar no concreto,
portanto, o nível de impermeabilização é muito importante neste
processo.

Os concretos localizados entre os limites da maré, sujeitos à


molhagem e secagem alternadas, são severamente atacados,
enquanto os concretos submersos permanentemente, são menos
atacados.
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Cloretos

Corrosão ocorre também devido a cloretos incorporados


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Biodeterioração do concreto

Ambiente dentro de tubulação de esgoto


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A erosão é importante para as estruturas sujeitas ao desgaste
pelo escoamento das águas, sendo necessário separar o desgaste
provocado pelo carreamento de partículas finas pela água
(abrasão) dos estragos causados pela cavitação. Enquanto a
erosão por abrasão é o desgaste causado pela passagem abrasiva
dos fluidos contendo partículas finas suspensas, a cavitação é a
degradação da superfície do concreto causada pela implosão de
bolhas de vapor de água quando a velocidade ou direção do
escoamento sofre uma mudança brusca.

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2.6 – Erros de projeto

Os erros de projeto mais comuns são os de cálculo, de desenho, de


concepção de projeto ou de detalhes construtivos. Muitas vezes,
incorreções de detalhes construtivos provocam fissuramentos,
acúmulos de água, etc. Servem como exemplos:

Juntas de dilatação de má concepção; falta de juntas de dilatação


ou seu mau posicionamento; deficiência de esgotamento de água
ou lançamento desta água em pontos inadequados; reação de
atritos não computados; falta de pingadeira, etc

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Vistoria

Muitas vezes, quando os danos são de pequena monta, uma


vistoria detalhada é capaz de, por si só, demonstrar a não
existência de riscos quanto à estabilidade da estrutura, mesmo
levando-se em consideração que, durante a etapa de recuperação,
em que se faz o corte de concreto deteriorado, diminuem um pouco
as condições de resistência da estrutura.

Outras vezes, quando os danos são mais intensos, faz-se


necessária a execução de um recálculo estrutural, considerando-
se, neste estudo, o levantamento de todos os danos constatados.

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Ao iniciar a fase de recuperação, admite-se conhecidos os
elementos proporcionais pelo recalque estrutural, isto é, nos
níveis de segurança existentes, a determinação das zonas em que
será necessário executar escoramentos, assim como, em presença
também dos dados de levantamento dos danos, quais os pontos
em que sofrerão reforços e quais os pontos em que será necessária
a recuperação da estrutura recompondo-a com as mesmas
características originais.
Os métodos mais empregados são:

 Concreto projetado

 Colagem com epóxi

 Encamisamentos

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É importante que a última etapa da recuperação seja a execução
de uma proteção, capaz de evitar o prosseguimento do fenômeno
de agressividade. Logicamente, a escolha do tipo de proteção
deverá ser em função do agente agressivo, considerando-se,
também, as características e os custos de cada solução.

Num estudo de viabilidade econômica, é fator importante o tempo


de vida da estrutura e, também, o tempo de vida do instrumento
protetor (possibilidade de execução de nova proteção ao fim de
determinado prazo).

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Tipos de proteção mais empregados:

 Pinturas tipo: betuminosas, base de silicones, base de P.V.A.,


base acrílica, base de borracha clorada, base epóxi, à base
poliuretano, etc.

 Revestimentos de argamassa, capeamentos com concreto


projetado, revestimentos especiais, cerâmicas, etc.

 Especiais, para casos mais particulares.

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Parte III
Estudos de Caso

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Queda de marquise
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Falha de concretagem descoberta por acaso após a entrega do edifício
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Viaduto do Joá - RJ
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CONSTRUÇÃO

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QUINTA, 16/06/1988

SÁBADO 25/06/1988

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Esborcinamento das juntas
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PRINCIPAIS SERVIÇOS:

 ELABORAÇÃO DO PROJETO DE REFORÇO;

 TRANSFERÊNCIA DO APOIO DAS VIGAS COM A CONSTRUÇÃO DE


CONSOLES E INSTALAÇÃO DE 168 VIGAS METÁLICAS;

 REFORÇO DE 12 PILARES;

 RECUPERAÇÃO DOS PÓRTICOS E FUNDO DE VIGAS;

 RECUPERAÇÃO DOS TÚNEIS;

 RECUPERAÇÃO DE GUARDA-RODAS.

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Vista de pilar antes da recuperação
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Pilar com a 1° fase da recuperação concluída

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Recomposição de armaduras
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Vista do pilar sendo recuperado 69
Concreto permeável (poroso)
Falha de concretagem- preparação da
junta 70
Broqueamento para fixação dos Injeção de resina 71
bicos
Junta de dilatação sem estanqueidade

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Aplicação de manta de fibra de carbono em viga
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Reforço de viga ao cisalhamento e flexão 74
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INDÚSTRIA QUÍMICA
ALTAMENTE AGRESSIVA

VAPORES DE ÁCIDO SULFÚRICO

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Deficiência de cobrimento

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Argamassa polimérica destacada, e misturada com areia
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Tratamento inadequado de armadura em serviços de
recuperação
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Parte IV
Estudos Adicionais

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Durabilidade das estruturas de concreto

O concreto é um material complexo, constituído de três fases:


pasta, agregado e a zona de transição pasta-agregado.

Por sua própria constituição, o concreto é necessariamente poroso,


pois normalmente utiliza-se uma quantidade de água superior à
que se precisa para hidratar o cimento, e essa água ao evaporar
deixa vazios, além do ar que inevitavelmente incorpora-se à
massa durante a mistura.

O concreto não é um sólido perfeito, mas sim um sólido poroso,


pois externamente tem aparência de sólido, mas possui
internamente uma fina rede de poros contendo água e ar.

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Estrutura de formação da Zona de Transição

No concreto recém-lançado e compactado forma-se um filme de


água ao redor das partículas grandes de agregado. Isto pode levar
à uma relação água/cimento mais elevada na proximidade do
agregado graúdo do que na matriz da argamassa. Em seguida, os
íons de cálcio, sulfato, hidroxila e aluminato combinam-se para
formar etringita e hidróxido de cálcio.

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Representação do mecanismo de formação da Zona de Transição

No concreto recém-lançado forma-se um filme de água ao redor


das partículas grandes de agregado.

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Representação esquemática de formação da Zona de Transição

Cristais de portlandita e etringita formam a zona de transição.


O C-S-H predomina em regiões mais afastadas.
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Estrutura de formação da zona de transição

Representação diagramática da zona de transição e da matriz de


pasta de cimento no concreto
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Zona de Transição em concreto usual

AGREGADO

PASTA

Zona de transição em concreto usual, aos 28 dias, com aumento de


1500 vezes

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A influência da Zona de Transição nas propriedades do concreto

A Zona de Transição, geralmente o elo mais fraco da corrente, é


considerada a fase de resistência limite no concreto.

É devido à Zona de Transição que o concreto rompe em um nível


de tensão consideravelmente mais baixo do que a resistência dos
dois constituintes principais.

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Melhorando a resistência da Zona de Transição

No concreto usual (relação água/aglomerantes de 0,5 a 0,7), a


zona de transição tem tipicamente de 0,05 a 0,1mm de espessura,
e contém poros relativamente grandes, assim como cristais dos
produtos de hidratação.

Naturalmente a situação mudaria se o elo mais fraco no concreto


usual, ou seja, a Zona de Transição, fosse de alguma forma
reforçada de tal forma que, sob crescente tensão, ela não fosse o
primeiro componente a falhar.

A redução da relação água/cimento e o uso de adições, por


exemplo a Sílica Ativa ou Metacaulim, tendem a refinar a
estrutura da Zona de Transição.

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Melhorando a resistência da zona de transição

C-S-H denso em concreto com Sílica Ativa em torno do agregado.


Nota-se ausência de Zona de Transição entre o agregado e a pasta

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PRÁTICAS QUE INFLUENCIAM A
DURABILIDADE DAS ESTRUTURAS
DE CONCRETO

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Muitas estruturas de concreto apresentam deterioração precoce,
devido a muitos erros cometidos na fase de projeto e na execução
obra.

A falta de detalhes construtivos importantes, erro na


especificação dos materiais, uso de dosagens inadequadas,
deficiência de conhecimentos da mão-de-obra, incluindo os
encarregados e engenheiros, cura insuficiente, etc, determinam a
redução da vida útil do concreto, onde os maiores problemas
referentes à durabilidade são a alta permeabilidade, baixa
compactação (traço inadequado) e deficiência da camada de
cobrimento das armaduras.

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Deterioração Precoce

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Diretrizes normativas no Brasil

A NBR 6118:2014 da Associação Brasileira de Normas Técnicas,


pela primeira vez no Brasil, introduziu diretrizes para a
durabilidade das estruturas de concreto.

A referida norma apresenta um quadro com a classificação das


agressividades ambientais, onde as estruturas deverão estar
enquadradas. A partir deste quadro são feitas exigências quanto à
classe do concreto, relação água/cimento e ao cobrimento nominal
das armaduras.

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Agressividade do ambiente

A agressividade do meio ambiente está relacionada com as ações


físicas e químicas que atuam sobre a estrutura de concreto,
independente das ações mecânicas, das variações volumétricas de
origem térmica e da retração hidráulica.

As obras devem ser classificadas de acordo com a exposição


ambiental da estrutura ou suas partes.

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Classe de
Classificação geral do tipo de ambiente Risco de deterioração da
agressividade Agressividade
para efeito de projeto estrutura
ambiental

Rural
I Fraca Insignificante
Submersa

II Moderada Urbana 1), 2) Pequeno

Marinha 1)
III Forte Grande
Industrial 1), 2)

Industrial 1), 3)
IV Muito Forte Elevado
Respingos de maré

1) Pode-se admitir um microclima com uma classe de agressividade mais branda (um nível acima) para
ambientes internos secos (salas, dormitórios, banheiros, cozinhas e áreas de serviço de apartamentos
residenciais e conjuntos comerciais ou ambientes com concreto revestido com argamassa e pintura).
2) Pode-se admitir uma classe de agressividade mais branda (um nível acima) em: obras em regiões de clima
seco, com umidade relativa do ar menor ou igual a 65%, partes da estrutura protegidas de chuva em
ambientes predominantemente secos, ou regiões onde chove raramente.
3) Ambientes quimicamente agressivos, tanques industriais, galvanoplastia, branqueamento em indústrias
de celulose e papel, armazéns de fertilizantes, indústrias químicas.

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Classe de agressividade

Concreto Tipo

I II III IV

CA ≤ 0,65 ≤ 0,60 ≤ 0,55 ≤ 0,45

Relação água/cimento em massa

CP ≤ 0,60 ≤ 0,55 ≤ 0,50 ≤ 0,45

CA ≥ C20 ≥ C25 ≥ C30 ≥ C40

Classe de concreto (NBR 8953)

CP ≥ C25 ≥ C30 ≥ C35 ≥ C40

NOTAS
1) O concreto empregado na execução das estruturas deve cumprir com os requisitos estabelecidos na
NBR 12655.
2) CA corresponde a componentes e elementos estruturais de concreto armado.
3) CP corresponde a componentes e elementos estruturais de concreto protendido.

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Cobrimentos nominais

O cobrimento mínimo da armadura deve ser considerado como o


menor valor obtido ao longo de todo o elemento estrutural. Para
garantir o cobrimento mínimo (Cmin) o projeto e a execução
devem considerar o cobrimento nominal (Cnom), que é o
cobrimento mínimo acrescido da tolerância de execução (Δc), que
deve ser maior ou igual a 10mm para as obras correntes e 5mm
para as obras com controle de qualidade rígido.

100
Correspondência entre classes de agressividade ambiental e
cobrimento nominal para ∆c = 10mm
Classe de agressividade ambiental

Componente ou I II III IV 3)
Tipo da estrutura
elemento
Cobrimento nominal
mm

Laje 2) 20 25 35 45
Concreto armado
Viga / Pilar 25 30 40 50

Concreto protendido 1) Todos 30 35 45 55

1) Cobrimento nominal da armadura passiva que envolve a bainha ou os fios, cabos e cordoalhas,
sempre superior ao especificado para o elemento de concreto armado, devido aos riscos de corrosão
fragilizante sob tensão.

2) Para a face superior de lajes e vigas que serão revestidas com argamassa de contrapiso, com
revestimentos finais secos tipo carpete e madeira, com argamassa de revestimento e acabamento
tais como pisos de elevado desempenho, pisos cerâmicos, pisos asfálticos e outros tantos, as
exigências desta tabela podem ser substituídas pelo item 7.4.7.5 desta norma, respeitando um
cobrimento nominal ≥ 15 mm.

3) Nas faces inferiores de lajes e vigas de reservatórios, estações de tratamento de água e esgoto,
condutos de esgoto, canaletas de efluentes e outras obras em ambientes química e intensamente
agressivos, a armadura deve ter cobrimento nominal ≥ 45 mm.

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NBR 6118 – Controle de abertura de fissuras

Tipo de concreto Classe de agressividade ambiental Exigências relativas à


estrutural (CAA) fissuração

Concreto simples CAA I a CAA IV Não há

CAA I WK ≤ 0,4 mm

Concreto armado CAA II a CAA III WK ≤ 0,3 mm

CAA IV WK ≤ 0,2 mm

Pré-tração com CAA I


Concreto protendido ou WK ≤ 0,2 mm
Pós-tração com CAA I e II

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BIBLIOGRAFIA

 RIPPER, Thomaz. Patologia, recuperação e reforço


de estruturas de concreto. São Paulo: Pini, 2001
 THOMAZ, Ercio. Trincas em edifícios: causas,
prevenção e recuperação. São Paulo : Pini, 2002
 SOUZA, Vicente Custódio Moreira de e RIPPER,
Thomaz. Patologia, recuperação e reforço de
estruturas de concreto. São Paulo: PINI, 2009

Prof. Luiz Antônio M. N. Branco


luizmelg@gmail.com
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