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Materiais de Construção I
Betão Endurecido e o Controle de Qualidade
1. Betão Endurecido
Lembrar que a resistência mecânica aos esforços e a impermeabilidade são dois aspectos
fundamentais que condicionam a desejada durabilidade deste material de construção.
É importante reconhecer, que o betão, se bem que melhore o seu comportamento à medida que a
idade evolui, está sujeito a fenómenos que podem provocar insucessos ou deficiências inesperados,
comprometendo assim a boa qualidade dos elementos betonados e a respectivas estruturas em que
se integram.
Alguns dos mais importantes referidos fenómenos que condicionam o comportamento do betão
endurecido são a seguir abordados:
— Retracção
O betão como muitos outros materiais sofre variações dimensionais, pois encolhe quando seca ou
perde água, e aumenta de aumenta de volume quando conservado em água.
O responsável por este tipo de situação é o cimento, cuja natureza e quantidade influem
decisivamente no fenómeno.
O fenómeno da retracção inicia a partir do momento da colocação do betão nos moldes e, é originado
pela saída de água e pela aproximação das partículas, sendo a diminuição do volume praticamente
igual a água perdida.
A retracção do betão fresco é mais acentuada quanto mais seco esteja o ar e mais seja a velocidade da
sua circulação (vento).
No betão, o papel dos inertes é fundamental, já que opondo-se à diminuição de volume, são
responsáveis por a retracção ser menor do que numa pasta de cimento ou argamassa, nas quais
também a dosagem relativa do ligante é mais elevada.
Água da amassadura – a retracção aumenta com o valor de A/C, e portanto com a quantidade
de água.
Grau de Humidade – a retracção aumenta com o ar mais seco.
Temperatura – a retracção aumenta com a elevação da temperatura.
Cimento – a retracção aumenta em função da finura num mesmo tipo de cimento, e do
aumento da dosagem.
Inertes – a retracção aumenta com a natureza dos inertes desde o menos permeável.
Quantidade de finos – a retracção aumenta com o aumento de areia fina.
Após a presa, continua a verificar-se uma retracção, desde que o processo de evaporação de água
prossiga, se bem que o esqueleto do cimento hidratado entretanto formado se oponha à aproximação
dos grãos e a amplitude do fenómeno diminua.
Depois de um betão ter endurecido e sofrido os efeitos da contracção por secagem, se for submetido
a ambiente húmido, pode absorver água e expandir, e assim sucessivamente cada vez que seca e é
molhado, podendo dizer-se que está sempre em movimento sob a influência das variações
higrotérmicas.
A avaliação da sensibilidade do cimento à retracção é avaliada por meio do ensaio de anel, no qual
uma coroa de pasta de comento se coloca ao redor de um disco de aço e se conserva ao ar com 50% de
humidade relativa.
Concluindo, para reduzir a retracção total é necessário escolher o cimento e não exagerar a sua
dosagem, limitar a quantidade de água de amassadura, seleccionar inertes duros, evitar produtos de
adição desconhecidos e proteger as superfícies betonadas contra a evaporação da água.
— Deformação e Fluência
O betão, como qualquer outro sólido, deforma-se quando suporta uma carga. Esta deformação
aumenta com o tempo de actuação da solicitação e o fenómeno é designado por Fluência.
Há no entanto a considerar que as deformações podem ser instantâneas, por conseguinte elásticas e
reversíveis, que se assemelham às produzidas numa mola, ou plásticas e irreversíveis que se
sobrepõem às primeiras.
A relação entre a deformação transversal e longitudinal é dada pelo coeficiente de “Poisson”, que é
sempre inferior a 0,5 e correntemente igual a 0,2.
F l
e , entao: E [MPa]
A L
Quanto maior é o módulo de elasticidade, então menos deformável será o betão. Nos betões
correntemente utilizados, o E varia entre 2,7x105 a 4,0x105 MPa.
— Fissuração do betão
As fissuras consistem em micro roturas que aparecem como consequência de tensões superiores
à capacidade resistente.
Fissuração do betão pelos esforços: compressão, tracção, flexão, corte e torção, respectivamente.
— Rotura
A rotura do betão surge quando este material se torna incapaz de suportar e resistir às cargas
aplicadas. Então pode romper, fissurar e desagregar-se.
O betão é um material pouco deformável, portanto “frágil”, e a sua rotura será considerada
doravante, sob aspecto de fissuração e separação devidas a perda de coesão.
De acordo com o escalonamento do próprio processo construtivo e do ciclo de vida do betão, desde
que é dimensionado e produzido, até à sua colocação e conservação em obra, podem-se distinguir
várias fases de controle de qualidade.
Estudo dos materiais constituintes do betão e sua composição, com a definição e realização de ensaios
prévios inerentes à caracterização das suas propriedades, tendo em conta a escolha criteriosa de tais
constituintes.
A partir do momento em que se inicia o fabrico do betão, surge a necessidade de controlar algumas
das propriedades do material enquanto fresco, isto é, desde que sai da misturadora, betoneira ou
central de produção, passando do transporte, até a sua chegada ao local de colocação.
Um primeiro exame de controle deverá ser visual e ter em conta: o aspecto; a cor; a uniformidade da
mistura; a granulometria; a dosagem de água.
Para além destes aspectos há que mencionar o interesse de se inspeccionarem, antes da betonagem,
os aspectos de:
Cofragem e armaduras;
Eficácia dos meios de transporte, compactação e cura, compatíveis com a consistência
especificada para o betão;
Disponibilidade de pessoal competente.
Tem-se verificado que é geralmente assumido que o controle do betão endurecido, suficiente para
alívio de consciência dos intervenientes, é a determinação da resistência mecânica aos 28 dias de idade
(ou outras idades prévias e regulamentares), por ensaios de rotura à compressão.
Importará referir que o controle de resistência mecânica dos betões deve obedecer alguns princípios
regulamentares dos quais, os portugueses: RBLH e a NP ENV 206.
De acordo com o Regulamento de Betões de Ligantes Hidráulicos (RBLH), os betões estruturais são
classificados em função do seu tipo, classe e qualidade.
b) A classe de um betão do tipo B é definida pelo valor característico da sua tensão de rotura por
compressão (ou flexão) aos 28 dias, entendendo-se por valor característico aquele valor que é
atingido com a probabilidade de 95%.
c) A classe do betão é definida pelo número que exprime o valor característico da sua tensão de
rotura em MPa (megapascais). No caso de ser por flexão opõe-se a letra F àquele número. Ex.:
B25; B30; B40 ou B2,0F; B4,5F.
( f ci f cm ) 2
(2) O desvio padrão ∆ é dado pela expressão:
n 1
(4) O coeficiente de variação é um parâmetro dado por:
f cm
f) O número mínimo de amostras a ensaiar, para definir uma distribuição estatística de que
resultem os valores pretendidos, é 20, devendo ser retiradas de tal modo que a uma dada
amassadura ou a um veículo transportador não corresponda mais do que uma amostra
No início da produção do betão K1=5 MPa e K2=1 MPa e quando se estabilizam as condições de
produção, K1=K2=3 MPa.
Classe 1– betão que é caracterizado pela durabilidade quando em contacto com águas de
elevada agressividade química;
Classe 2 – betão que é caracterizado pela durabilidade quando em contacto com águas de
moderada agressividade química;
Classe 3 – betão que é caracterizado pela durabilidade quando exposto em ambientes em
que a temperatura pode atingir, com frequência, valores inferiores a 5 oC.
h) Face a caracterização anterior dos betões (tipo, classe e qualidade) é usual designar os betões
por siglas formadas pela sucessão dedos indicativos do tipo, da classe e da qualidade.
— Exemplo de aplicação:
1. Numa obra, cujo o projecto recomendava a utilização dum betão B25 em elementos estruturais,
para cada betonagem feita com betão amassado no estaleiro da obra eram colhidas amostras em
cubos (de 20 cm de aresta) para posterior ensaio de compressão no LEM. A título de exemplo, no
ensaio aos 28 dias, dos cubos duma das colheitas efectuadas, obtiveram-se os seguintes
resultados, em MPa: 21, 25, 27, 24, 30, 28, 24, 26, 29, 28, 20, 23, 27, 26, 24, 29, 22, 25, 23, 30, 27, 24.
Será o betão fabricado no estaleiro satisfazia o prescrito?
Correcção:
* 100
fcm
fck fcm 1.64
2.82
fck 25.55 1.64 * 2.82 7% * 100
25.55
fck 20.92Mpa
11.03% 7%
O betão não satisfaz porque fck < Tensão caracteristica do B25 ( 25 Mpa );