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Materiais de Construção I
1.1 Introdução
Este objectivo consegue-se a partir de escolhas minuciosas das matérias-primas e das suas proporções.
Como por razões económicas e técnicas não se pode aumentar a dosagem de cimento além de certos
limites estabelecidos pela experiência, a questão da escolha de um, betão reside num compromisso
entre a resistência e a permeabilidade por um lado, e a trabalhabilidade por outro.
Inicialmente é preciso conhecer alguns elementos relacionados com a natureza e tipo da obra, meios
de colocação e compactação do betão, armaduras e moldes, e exigências do caderno de encargos
relativas à classe e tipo de betão desejado, bem como as condições ambientais previstas.
A quantidade de cada classe de inerte deve ser indicada pelo seu peso saturado, em Kg/m 3 de betão,
suposto devidamente compactado. O cimento é expresso também pelo peso, em Kg/m 3 de betão e a
quantidade de água em litros/m3.
As quantidades de adjuvante são estabelecidas em percentagem do peso de cimento, e a relação
Água/Cimento é expressa em litros de água por Kg de cimento.
Salientar que a granulometria é determinante no binómio Qualidade-Custo, devendo ser estudada por
técnicos competentes, de maneira a obter-se um betão compacto, resistente e fácil de trabalhar, com
o menor número de espaços vazios possível.
Há no entanto que não olvidar que se o fim dos estudos granulométricos é procurar a maior
compacidade compatível com a dosagem, há também que atender aos casos do Betão Armado, em que
a influência das armaduras e dos moldes é condicionante – Efeito de Parede.
Como se sabe, o betão é composto por inertes, cimento, água e um certo volume de ar introduzido pelo
próprio cimento e pelas partículas do inerte, em geral intercalado entre as partículas mais finas e que é
difícil ou impossível de retirar por melhor que seja a compactação.
1 i e c v
Os volumes do inerte e do cimento são dados pelos quocientes das usas massas I e C na unidade de
volume do betão, pelas massas volúmicas respectivas δI e δC.
Tomando para unidade de volume o m 3 e para unidade de massa o Kg, a expressão anterior transforma-
se em:
Ii C
1 A Vv
i C
→ Equação Fundamental para o cálculo da quantidade dos componentes por m3 do betão.
O volume de vazios é uma quantidade difícil de conhecer, sendo seus valores médios, função apenas da
máxima dimensão do inerte (Dmáx).
D d1 d1 d 2
x
y
Sendo:
d0 – abertura do primeiro peneiro, da série usada na análise granulométrica, que ainda deixa passar
todo o material;
d1 – maior abertura do peneiro no qual já se recolhem as maiores partículas;
d2 – abertura do peneiro seguinte a d1;
x – percentagem do peso das partículas retidas no peneiro d1;
y - percentagem do peso das partículas que passaram através de d 1 e ficaram retidas em d2.
— Efeito de Parede
A noção do efeito de parede resulta do facto de junto a uma superfície limite qualquer do betão, seja a
armadura ou a face do molde, se verificar uma camada de partículas finas (argamassa) que só é possível
à custa do empobrecimento da massa do interior betão em tais partículas.
A parede ou superfície limite influi na compacidade, pois a quantidade de argamassa necessária para
encher os espaços entre as partículas maiores do inerte e a parede é maior do que no interior da massa.
Portanto, é preciso prever excesso de argamassa no betão sujeito a estas condições sendo tanto mais
acusado quanto maior for a relação entre a superfície da peça e o seu volume.
Temos pois três parâmetros que caracterizam o efeito de parede: D (máxima dimensão do inerte), R
(raio médio do molde) e ρ (raio médio das armaduras), sendo:
e,
Area abertada malhaonde penetrao betao S
Perimetroda respectiva abertura P
A escolha de D é pois condicionada por R e ρ, para que o inerte grosso possa passar sem segregação
entre as armaduras e a parede do molde, evitando a criação de “Chochos”.
Portando, se R/D aumenta, a quantidade de inerte grosso aumentará e; se há moldes com muitas
armaduras, é preciso pôr inerte mais fino. A experiência mostra que D deve ser inferior a R no limite
4 R D D
D R ou 0,75 e 1,4 e 1,2 , para inerte rolado e britado, respectivamente.
3 D ρ ρ
Normalmente, e quando não há conhecimento directo de R, considera-se por segurança, para cálculo
R
de composições de betões, o valor 1,00 .
D
É um método expedito baseado na mistura de dois ou mais inertes num processo que termina quando
se obtém a máxima compacidade entre os inertes baseado no ponto de máximo peso da mistura
compactada.
Neste método parte-se do princípio que a curva granulométrica óptima é dada por uma certa curva,
que já foi estabelecida experimentalmente por investigadores.
Por outras palavras, a aproximação da curva real da mistura ao andamento de tal curva é o objectivo
desejado, já que conduz à dosificação de um betão com a maior homogeneidade e compacidade
possível, para o menor índice de vazios compatível com a trabalhabilidade pretendida para a aplicação
em causa.
As curvas mais conhecidas e mais importantes são as de Fuller, Bolomey, Joisel e Faury, sendo este
último, sem dúvida, o investigador que estabeleceu um critério mais aperfeiçoado e ajustado às
necessidades práticas e correntes da indústria do betão.
A curva de referência é constituída por dois segmentos de recta num diagrama em que as ordenadas e
as abcissas têm o significado habitual nas curvas granulométricas. As ordenadas têm uma escala linear;
as abcissas, que vão de 0.0065mm até D, têm uma escala proporcional à raiz quinta das dimensões das
partículas.
100
MATERIAL QUE PASSA, %
80
60
P
40
20
0
d= 0 .0 0 6 5 D/2 D
ABERTURA DA MALHA DOS PENEIROS, mm
Conhecida a ordenada p do ponto da abcissa D/2, ponto de encontro dos dois segmentos de recta, é
fácil traçar a curva. A ordenada do ponto de abcissa D/2 é:
B
pD / 2 A 17 5 D
R
0 .75
D
O índice de vazios do betão, segundo Faury, pode-se determinar a partir da fórmula seguinte:
28 e 30 e 32 e 2 e 0,003
Mole Apliloamento
0,34 a 0,36 0,36 a 0,38 0,38 a 0,40
Espalhamento e
32 e 34 e 38 e
Fluida Compactação pelo 2 e 0,004
≥ 0,36 ≥ 0,38 ≥ 0,40
peso próprio
VALORES DA TRABALHABILIDADE
Exemplo de Aplicação
c) Trabalhabilidade pretendida para o betão: suponhamos que se pretende que ele tenha um
abaixamento do cone de Abrams de 8 a 10 cm (betão mole).
Dosagem de cimento, 300 kg/m3.