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UNIVERSIDADE LÚRIO

FACULDADE DE ENGENGARIA
DEPARATAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
CURSO DE LICENCIATURA EM ENGENHARIA CIVIL

PATOLOGIA, CONSERVAÇÃO E REABILITAÇÃO

Discentes: 4º Ano, 1º Semestre, 3º Grupo

Assane Damião Jamal MÉTODOS DE INSPECÇÃO E SISTEMA PERICIAIS

Franque Moisés Macufa

Pídeler Graciano
Docente: Eng.º Dionísio Bulo
Victorino Rachide Omar
Pemba, Julho de 2022
Introdução
Na indústria de Construção Civil, um profissional que poderá trabalhar especificamente lidando com
patologias nas construções, alguns contextos possivelmente demandarão o conhecimento acerca da
interpretação de trincas, rachaduras e fissuras nas estruturas e métodos de inspeção para manter as
condições de habitabilidade ou funcional e de segurança das construções durante a vida útil.

A manutenção e reabilitação de edifícios são, portanto, imprescindíveis para assegurar o desempenho

e durabilidade pretendidos para os edifícios residenciais no decurso da sua fase de utilização. Cada
vez mais, tem vindo a caminhar-se da construção nova para a manutenção e reabilitação das
construções existentes, o que traz grandes vantagens em termos económicos, sociais, ambientais e
culturais. Neste contexto, torna-se necessário procurar que as intervenções sejam bem definidas e
planeadas para se obterem os melhores resultados, ou seja, para que sejam eficazes.
Definições gerais
A palavra “patologia”, esta palavra tem origem em duas palavras gregas pathos (doença) e logos
(ciência) que é a ciência que estuda as doenças, ou neste contexto, as anomalias e suas respetivas
causas presentes numa construção após a sua execução.

Ao passo que “anomalia” é uma indicação de um possível defeito ou problema, que é diretamente
visível ou mensurável, podendo significar que as exigências funcionais estabelecidas para
determinado elemento, não foram satisfeitas, devido uma determinada causa.

Inspecção significa examinar ou observar com atenção aos detalhes. Ou ainda uma analise criteriosa
feita com o objetivo de encontrar problemas ou a um estudo técnica detalhado.

Método é uma palavra que provem do grego methodos (“caminho” ou “via” ) e que se refere ao
meio utilizado para chegar a um fim.
Métodos de inspecção
A inspecção do edifício é a fonte principal de informação, pois permite definir concretamente a situação
real do edifício, sendo tratada em pormenor mais à frente.

. A inspecção por si só é crucial para se conseguir fazer o diagnóstico, mas este será bastante mais fiável se
a inspecção for precedida e/ou acompanhada por uma investigação documental e pela realização de
inquéritos aos utilizadores, as quais permitem reunir informações adicionais relevantes para o diagnóstico.

A inspeção é o primeiro passo para avaliar as condições de um edifício, face às anomalias e deficiências
que podem pôr em causa a sua segurança estrutural e habitacional. Ou ainda, a inspeção é um sub-
procedimento do plano da manutenção e consiste numa procura pormenorizada e detalhada da ocorrência
de anomalias ou fenómenos de pré-patologia (Salvaterra, 2009).

Assim, durante uma inspecção deve fazer-se o levantamento da informação que permita caracterizar as
anomalias principais, a sua extensão e as suas causas mais prováveis. Assim, a inspeção revela-se como
sendo um elo de ligação entre a fase de utilização e a de manutenção (Lopes, 2005).
Objectivo das inspecções
As inspecções têm por objectivo principal manter as condições de habitabilidade ou
funcionalidade e de segurança das construções durante a sua vida útil.
A finalidade da inspecção também determina a escala da mesma, ou seja, se a
inspecção será localizada ou global.
A realização das inspecções deve obedecer a critérios técnicos, com procedimentos
normalizados e adequados ao tipo de construção.
As razões para a realização de inspecções, são nomeadamente:
❖identificar potenciais problemas;
❖monitorizar para evitar eventuais danos;
❖identificar zonas com necessidade de manutenção preventiva;
❖avaliar o desempenho dos elementos e da construção.
Tipos de inspecção
As inspecções podem classificar-se quanto ao:

❖ tipo de elemento ou construção a inspeccionar;

❖ nível de rigor da inspecção: visual, tipo de equipamento utilizado, tipos de ensaios in-situ ou em
laboratório;

❖ graus de urgência: crítico (risco iminente contra a saúde e segurança, sem condições de uso),
regular (em risco de funcionalidade, sujeito a reparações) ou mínimo (risco de desvalorização
precoce);

❖ periodicidade: periódicas (correntes e detalhadas) e não-periódicas (avaliação estrutural e


caracterização inicial da construção).
Quanto a tipologia, as inspecções podem ser:

a) Inspecções correntes;

b) Inspecções detalhadas;

c) Inspecções para avaliação estrutural;

d) Caracterização inicial da construção;


e) Representação gráfica das construções.
a) Inspecções correntes
As inspecções correntes são baseadas apenas na observação visual, sem recurso a ensaios, e
permitem detectar anomalias superficiais ou ainda permitem avaliar a evolução de anomalias
superficiais e acompanhar o processo das detectadas anteriormente, sendo por isso indicadas para
inspecções de rotina para manutenção dos edifícios, assim como para avaliação imobiliária.

• Características das inspecções correntes:

✓ observação visual directa;

✓ periodicidade: 15 meses;

✓ visitas impromptu ou parciais;

✓ planeamento e meios simples de acesso;

✓ equipa com pelo menos um técnico experiente;

✓ equipamento portátil de simples utilização.


b) Inspecções detalhadas
As inspecções pormenorizada ou detalhadas são apropriadas para finalidades que exijam um estudo
com maior rigor, tal como acontece com as inspecções para peritagem e para avaliação estrutural,
servindo também para aprofundar as inspecções correntes quando se detecta a necessidade de
intervenção.
Características das inspecções detalhadas:

✓observação visual (check-up da construção);


✓periodicidade: 5 anos;
✓visita preliminar e aumento da frequência;
✓ensaios in-situ não destrutivos;
✓ensaios laboratoriais (se indispensáveis);
✓meios de acesso (simples e especiais);

✓equipa com engenheiro especialista


c) Inspecções para avaliação estrutural
Inspecções especiais, não periódicas, resultam da detecção de uma anomalia estrutural ou funcional
grave; têm um carácter especializado, circunscrevendo-se com frequência a uma parte restrita da
estrutura da construção e, nesta, a um fenómeno específico; normalmente precedem um reforço ou
alargamento do tipo de utilização. Implicam em geral ensaios para caracterização da construção.
Características das inspecções para avaliação estrutural:

✓ muito detalhadas, mas circunscritas;

✓ por definição, não periódicas;

✓ com visitas preliminares;

✓ ensaios in-situ e laboratoriais;

✓ apoio da monitorização;

✓ meios de acesso especiais;

✓ equipamento especializado;
d) Caracterização inicial da construção
Estado de referência que engloba o conjunto de características estruturais e
funcionais da construção.
Características:
✓ inspecção não periódica;
✓ logo após a construção (recepção definitiva);
✓ na implementação do sistema de inspecção;
✓ após grandes intervenções;
✓ ensaios in-situ não-destrutivos;
✓ meios de acesso especiais;
✓ equipa especializada;
✓ associada em geral à recepção da obra.
e) Representação gráfica das construções
Deverão ser previstos esquemas simplificados da construção (quando não existem peças de projecto)
que permitam apoiar a inspecção, localizando com clareza qualquer anomalia detectada. Estes
elementos gráficos são levados para a obra e aí preenchidos.
Estratégia de inspecção
Metodologia de inspecção
A metodologia a seguir deve ser simultaneamente exequível, expedita, eficaz e susceptível de
produzir informação útil nas fases subsequentes da manutenção e reparação.

Procedimento da inspecção:

✓ recolha e análise da documentação;

✓ preparação das inspecções;

✓ listagem de verificação;

✓ meios de apoio à inspecção;

✓ metodologia de diagnóstico;

✓ relatório de inspecção.
Recolha e análise da documentação
Levantamento do maior número possível de “indícios” para entendimento do problema, visita ao
local e consulta de documentação administrativa e técnica (dossier dos projectos, termo de garantia,
relatórios de inspecções e reparações anteriores, pareceres técnicos, registos de intervenções, etc.)

Preparação das inspecções


As inspecções devem obedecer a um calendário pré-determinado para viabilizar uma manutenção
pró-activa da construção, optimizar recursos e custos;

❖ deverão ser avaliadas, previamente, as condições interiores e exteriores da construção (condições


de acesso, questões de segurança, condicionalismos locais, etc.);

❖ sempre que possível, deverão ser incluídas no planeamento acções simples de manutenção
corrente a realizar em conjunto com as inspecções.
Listagem de verificação
O diagnóstico patológico deve ser objectivo e abranger todos os componentes e equipamentos
passíveis de inspecção visual. A listagem deve incluir o tipo de verificação a efectuar, as formas de
manifestação esperada de degradação, a gravidade das anomalias detectadas, etc.

Deve-se identificar os elementos a inspeccionar através de uma observação directa do exterior da


construção.

Os elementos a inspeccionar
Meios de apoio à inspecção
Os meios de apoio à inspecção podem ser classificados em:

✓ Equipamento portátil: lápis, canetas, giz, réguas, fita métrica, régua de fendas, martelo, lanterna,
máquina fotográfica, etc.;
✓ Meios de acesso auxiliares (escadote, veículo para transporte de inspectores, bailéu (figura da
direita), etc.;
✓ Elementos de projecto, manual de inspecção, ficha tipo de inspecção, bloco de notas, etc..
Metodologia de diagnóstico
Entendimento completo dos fenómenos ocorridos - análise de relações causa-efeito, que
normalmente caracterizam um problema patológico - entender os “porquê” e os “como” dos dados
conhecidos;

Procedimento da metodologia de diagnóstico:

✓ observação / verificação;

✓ descrição e caracterização da anomalia;

✓ classificação da anomalia;

✓ ensaios (in-situ ou laboratoriais);

✓ monitorização de eventuais danos;

✓ identificação da(s) causa(s);

✓ identificação da solução e controlo do resultado;

✓ prognóstico da situação.
Relatório de inspecção (lista não exaustiva de tópicos)
• Dados de enquadramento (aspectos históricos / sociais, características da construção, soluções construtivas,
estado de conservação dos componentes e sistemas, etc.);

• Descrição da inspecção efectuada (metodologia seguida, meios utilizados, condições atmosféricas,


elementos inspeccionados, anomalias observadas, condicionalismos locais, acções de manutenção realizadas,
etc.);

• Análise e diagnóstico das anomalias (natureza das anomalias, extensão, gravidade, causas mais prováveis,
consequências previsíveis para a sua evolução, etc.);

• Recomendações e prioridades (trabalhos de reparação, reforço estrutural, ensaios complementares,


monitorização, inspecção detalhada, etc.), caracterizando meios necessários e objectivos a serem atingidos
em termos de desempenho final;

• Anexos (projectos, fotografias, esquemas, etc.).


Sistema de Inspecção e Diagnóstico
Os sistemas de inspecção e diagnóstico facilitam:

✓ o armazenamento da informação recolhida através do dossier da obra e de uma base de dados;


✓ normalização de procedimentos e relatórios na inspecção e na manutenção ou reparação ou
reforço ou ainda substituição;
✓ as tomadas de decisão a nível de manutenção, estratégia de inspecção e selecção do trabalho de
reabilitação ou substituição.
Sistema classificativo
No sentido de normalizar as inspecções e respectivos relatórios, é necessário começar por criar um sistema
classificativo que englobe todas as anomalias (funcionais e estruturais) e causas prováveis, técnicas de reparação
e métodos de diagnóstico.
Sistema Periciais
A perícia de engenharia é realizada para aferir as condições técnicas de imoveis, pontes, estradas,
equipamentos, máquinas, edificações ou de qualquer produto de engenharia.

A finalidade dessa perícia é constatar quais as reais condições que se encontra o objeto avaliado do
ponto de vista da engenharia, como por exemplo, se a edificação esta com as estruturas seguras, se
ocorrem infiltrações, se existem falhas estruturais, anomalias ou qualquer patologia que possa
comprometer a estrutura.

Existem muitas situações que exigem uma perícia de engenharia como:

✓ Perícia para apuração de insalubridade;

✓ Perícia para apuração de periculosidade;


✓ Assistência técnica em perícia ergonómica;

✓ Perícia de patologia e anomalias;

✓ Relatório técnica com recomendações técnicas e tratamento de anomalias;

✓ Inspecção predial com metodologias próprias que avalia os sistemas construtivos da edificação e
grau de risco de cada elemento apontando recomendações com propriedades técnicas para
correções.
Execução de sistema de perícia
Os peritos em engenharia para casos judiciais ou extrajudiciais precisam ser registrados na ordem dos
engenheiros e pode atuar em colaboração com juízes, advogados e as partes. A função desse
profissional é esclarecer aspectos técnicos (voltados à engenharia) e legais (voltados ao direito) no
que tange a imoveis em demanda.

A perícia é necessário para a elaboração de Laudo pericial: laudo este que, tendo sido feito pelo
perito do Juízo, elaborado pelo assistente técnico, deve obedecer às normas regulamentadoras.

Laudo pericial é um estudo feito por profissional especializado, capacitado e designado para a
verificação de uma situação que já tenha sido motivo de atenção, isto é, para avaliar determinada
situação de dano. O laudo então funciona como um tradutor das constatações que o técnico sobre
esses factos.
Uma perícia de engenharia válida legalmente e confiável, é preciso que se emita um laudo pericial
que atenda às normas e requisitos mínimos das normas.

Dentre os requisitos mínimos exigidos, podemos destacar:

✓ A indicação da pessoa física ou jurídica que contratou sua produção;

✓ A indicação do proprietário do bem objeto do laudo;

✓ Fotografias de cada bem periciado;

✓ Croquis de situação;

✓ Descrição de cada bem objeto da perícia (destacando aspectos físicos, dimensões, áreas,
utilidades, materiais construtivos etc.);

✓ Em caso de danos, descrição dos mesmos.


Em casos de garantir maior abrangência ao trabalho pericial, serão atendidos também alguns
requisitos complementares, tais como:

✓ Apresentação de plantas individuas dos bens (obtidos em forma de croqui);

✓ Indicação e caracterização de danos, com plantas de articulações de todas as fotografias


numeradas;

✓ Analise de danos, apontando suas causas;

✓ Aproximado orçamento, detalhado e comprovando com ensaios laboratoriais (se necessário).

Além disso, é preciso constar um relato e data da vistoria, com as informações caracterizadas do
imóvel e seus elementos. Aqui deve ser incluso localização, acessos e números de cadastro legais,
fiscais e ainda informações sobre o perímetro, relevo, forma geográfica do terreno.
Perícias relacionados às infiltrações e vazamentos nos edifícios

Entre as patologias normalmente observadas com maior incidência nas edificações


estão aquelas ligadas às infiltrações e /ou os vazamentos que, em inúmeros casos,
resultam em perícias judiciais ou outras, perícias extrajudiciais. Ambos os casos
envolvendo vizinhos de unidades autónomas (apartamentos ou salas) ou entre o
próprio condomínio do edifício.
As infiltrações de águas nos edifícios ocorrem devido a inexistência das aplicações
dos sistemas de impermeabilização por falhas nos mesmos, quando aplicados. Já os
vazamentos estão relacionados as falhas nas vedações ou ruptura das tubulações de
distribuição de água ou nas tubulações de esgoto ou de água pluviais. As duas
patologias, infiltrações e vazamento, podem ocorrer de forma separada ou atuar em
conjunto. E, de facto em diversas perícias de engenharia realizadas em edifícios
verificou-se haver a ocorrência das infiltrações e vazamento, de forma combinado.
Muito obrigado!
Pela atenção dispensada

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