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EM
REABILITAÇÃO DO PATRIMÓNIO EDIFICADO
Aníbal Costa
Outubro 2008
CAPÍTULO II - METODOLOGIAS DE INTERVENÇÃO
2.1. INTRODUÇÃO
(a) Igreja da Ilha do Pico (b) Moradia na Ilha do Faial (c) Igreja de St. António
Figura 2.3 – Danos Observados
Tramo 1 Tramo 2 Tramo 3 Tramo 4 Tramo 5 Tramo 6 Tramo 7 Tramo 8 Tramo 9 Tramo 10 Tramo 11 Tramo 12 Tramo 13
GAIA PORTO
Pilar 1
Pilar 2 Pilar 3
Os restantes tramos do tabuleiro superior, quer do lado de Gaia quer do lado do Porto,
apresentam comprimentos diferentes. Verificou-se ainda que as vigas do 1º tramo do
lado de Gaia se encontram divididas em 8 aspas, em vez das 9 de projecto, e as vigas do
2º tramo constituídas por 10 aspas em vez das 11 de projecto. Aspa é a porção de viga
entre dois montantes consecutivos [6].
(a) extracção de carotes (b) amostra de material (c) interior dos orifícios
Figura 2.6 – Extracção de carotes na Igreja do Mosteiro da Serra do Pilar
A partir das carotes extraídas no local é possível realizar uma série de ensaios, de que se
apresentam alguns na figura 2.7, que permitem obter a resistência à compressão, à
tracção, ao corte e o módulo de elasticidade.
(a) provete de junta (b) fase inicial do ensaio (c) provete após ensaio de
corte
Figura 2.8 - Ensaios de caracterização das junta
A partir dos ensaios de carga normal e de deslizamento [5] pode-se estimar a rigidez
normal e tangencial das juntas, o que permite definir a lei de comportamento das juntas.
Além de ensaios a provetes extraídos nas construções é possível avaliar as
características de elementos estruturais, recorrendo a outro tipo de ensaios.
No estudo já referido [5] determinou-se o módulo de elasticidade das paredes da Igreja
(referido à zona ensaiada) com recurso à utilização de um dilatómetro, que através da
aplicação de uma pressão do tipo hidrostática exercida pelo dilatómetro (nomeadamente
na zona da membrana do aparelho) sobre as paredes de furos realizados na estrutura,
figura 2.9, e com recurso à medição dos deslocamentos resultantes da pressão aplicada
permite determinar o módulo de elasticidade da zona em análise [5].
6.79 Hz
3,0
1.E+01
2,0
Acceleration (mg)
Explosion
1.E+00
1,0
S ((cm/s2)2/Hz)
0,0
1.E-01
-1,0
9.96 Hz
9.52 Hz
8.64 Hz
3.08 Hz
-2,0
3.52 Hz
-3,0 1.E-03
-4,0
4 4,5 5 5,5 6 1.E-04
0.0 1.0 2.0 3.0 4.0 5.0 6.0 7.0 8.0 9.0 10.0 11.0 12.0
T im e (seg.)
frequência (Hz)
A tensão σrd, usada para tensão de referência, foi obtida por majoração da tensão que,
de acordo com a literatura especializada, é considerada como tensão admissível para
aços de obras com idade idêntica à Ponte Luiz I, ou seja, a tensão de 105 MPa. Os
ensaios experimentais efectuados com os provetes retirados da ponte confirmaram este
valor.
σrd = 1.5×105 = 157.5 MPa
A apresentação dos resultados revelou-se muito sugestiva e a sua interpretação resulta
bastante simplificada, tornando evidentes as barras cujas tensões estão próximas ou
excedem o máximo admissível. A figura 2.17 exibe para uma dada combinação das
acções, conforme notação utilizada, a coloração da ponte conforme a tensão instalada
nas barras, de acordo com os intervalos anteriormente apresentados e donde é possível
concluir quais as barras a reforçar.
Nas construções antigas a actuação ao nível global deverá consistir em: assegurar a
continuidade entre os diversos elementos estruturais (nestes casos paredes, pisos e
coberturas); assegurar as conexões (ligações) entre esses elementos e introduzir apoios
(ligações) entre os mesmos. Uma técnica de reforço bastante antiga (implementada na
Ilha do Faial, na sequência do sismo de 1927) e que se tem revelado bastante eficiente,
consiste na introdução de tirantes ao nível dos pisos, figura 2.18,que permitem ligar os
panos de parede opostos de alvenaria e que no caso das empenas soltas (paredes
orientadas na direcção dos barrotes que realizam o soalho) são fundamentais.
Figura 2.21 – Reforço dos arcos e atirantamento dos contrafortes (Igreja do Bonfim –
Projecto do Prof. J. Sarmento)
Outras técnicas, com os mesmos objectivos, têm vindo a ser aplicadas em obras de
reforço, nas figuras 2.22 e 2.23, apresentam-se alguns exemplos de reforços de
construções de alvenaria de pedra, com vista a melhorar o seu comportamento global.
Estas técnicas têm como finalidade assegurar as ligações entre paredes opostas,
obrigando-as a trabalhar em conjunto e conferindo-lhes apoios ao longo da sua altura.
Figura 2.22 – Estrutura metálica para assegurar a ligação entre todas as paredes da
construção
Figura 2.29 – Reforço de paredes de alvenaria com malhas de aço inox [15]
Figura 2.30 – Reforço de paredes de alvenaria com malha de aço inox [15]
2.3- Conclusões
Os principais procedimentos a adoptar numa avaliação de segurança e reforço de uma
construção existente, foram apresentados e discutidos, procurando-se para cada um
deles apresentar casos práticos, essencialmente aplicados a monumentos e a construções
em alvenaria, mas que podem e devem ser usados para outras construções e para outros
materiais. Na aplicação destes procedimentos procurou-se seguir os princípios
estabelecidos nas “Recomendações para a Análise, Conservação e Restauro Estrutural
do Património Arquitectónico” [1].
Uma outra finalidade deste capítulo é procurar contribuir para a discussão dos
procedimentos usados de modo a ser possível, no futuro, o estabelecimento de
metodologias comuns, nas diversas instituições, devidamente aferidas e calibradas, para
o estabelecimento de normas e princípios que possam servir de base regulamentar e que
possam ser usadas nas instituições do estado que tutelam o património português,
nomeadamente a DGEMN e o IPPAR, bem como nas Câmaras Municipais e outras
instituições que têm a seu cargo preservar e conservar o património.