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PATOLOGIAS EM EDIFICAÇÕES – ESTUDO DE CASO DE

MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS DO CENTRO UNIVERSITÁRIO


SÃO CAMILO

PATHOLOGIES IN BUILDINGS -
CASE STUDY OF PATHOLOGICAL MANIFESTATIONS OF THE SÃO
CAMILO UNIVERSITY CENTER
Daiana de Azevedo Caetano1
Eduarda Manoel Contarini2
Eliezer Pedrosa de Almeida3

RESUMO

O presente trabalho pretende de uma forma sistemática enumerar as principais


manifestações patológicas encontradas no Centro Universitário São Camilo, bem
como suas classificações e causas. Numa primeira análise foram enumerados
diferentes tipos de patologias existentes, qual a sua constituição e exigências
funcionais que lhes estão associadas, para posteriormente serem analisadas as
possíveis intervenções a fim de solucionar o problema.

Palavras-chave: manifestações patológicas; patologias; problema.

ABSTRACT

1
Graduanda do Curso de Engenharia Civil do Centro Universitário são Camilo – ES,
dayanak_etano@hotmail.com.
2
Graduanda do Curso de Engenharia Civil do Centro Universitário são Camilo – ES,
eduardacontarini@hotmail.com
3
Professor orientador: titulação, Centro Universitário São Camilo-ES, email@email.com. Cachoeiro
de Itapemirim – ES, de 2017.
2

INTRODUÇÃO

As patologias são problemas rotineiros na construção civil e desafiam aos


engenheiros a buscar diariamente novas soluções que possam garantir um tempo
de vida útil às estruturas dos mais diversos sistemas construtivos.
De acordo com Ripper e Moreira, falar de patologias na construção seria o
mesmo que estudar as anomalias que se encontram em edifícios visando descobrir
suas origens, causas e efeitos que essas manifestações acarretariam na vida útil da
edificação.
Designa-se genericamente por patologia das estruturas esse novo
campo da engenharia das construções que se ocupa das origens,
formas de manifestação, consequências e mecanismos de
ocorrência das falhas e dos sistemas de degradação das estruturas
(SOUZA E RIPPER 1998, p.14).
É notável que as construções recentes possuem uma durabilidade menor
comparado com as executadas há tempos, devido as práticas construtivas
adequadas não acompanharem o crescimento da atividade da construção civil,
devida a mão de obra desqualificada e a falta da mesma em determinado setor. As
conjunturas socioeconômicas de países em desenvolvimento, como o Brasil, fizeram
com que as obras fossem sendo conduzidas com velocidade cada vez maiores, com
poucos rigores nos controles dos materiais e dos serviços (THOMAZ, 1989).
Diante disso, as edificações demonstram um desempenho inferior ao
esperado devido a essas manifestações patológicas e por isso, é importante realizar
periodicamente uma avaliação das construções de modo que, diante do resultado,
sejam cumpridas efetivamente as ações de manutenção sempre que for necessário.
Verçoza (1991) explica que as causas que geram danos a uma estrutura são
muitas e distintas, por isso é de extrema importância que todos que trabalham na
construção, desde o operário até o engenheiro ou arquitetos, tenham conhecimento
da patologia das edificações. É imperativo que o profissional conheça previamente
as causas dos possíveis riscos que uma obra possa vir a apresentar para que ele
possa elimina-las evitando assim erros trágicos e, caso ocorram, esse conhecimento
auxiliará o profissional na solução, recuperação e prevenção contra futuros
problemas.
Carmo (2003) assevera a necessidade de identificar as irregularidades o que
possibilita a identificação do agente gerador como também da natureza da
manifestação patológica ocorrida. Percebe-se que alguns desses problemas podem
3

ocorrer no projeto e ou na execução, mas que não devem ser são desprezados,
visto que quanto antes identificá-los maiores seriam as perspectivas de serem
solucionados com eficácia tanto estruturalmente quanto esteticamente.
Pode-se afirmar que a melhor maneira de verificar a qualidade das
edificações seria realizando vários estudos sobre as obras usando de metodologias
apropriadas e sistemáticas baseadas nas normas técnicas, mas também no
levantamento de dados e nos registros das visualizações. Portanto, este estudo de
caso ao levantar informações pertinentes ao tema patologias tem como objetivo
como objetivo geral identificar e de forma sucinta apresentar soluções para as
manifestações patológicas encontradas, ao percorrer os blocos acadêmicos do
centro universitário são Camilo. Como objetivos específicos, o estudo buscou
assinalar as patologias, suas origens e incidência; levantar e catalogar as
ocorrências de patologias nas edificações da instituição do ensino acima citada;
apontar formas de prevenir e solucionar essas patologias.

METODOLOGIA
Para o desenvolvimento desse estudo de caso sobre as manifestações
patológicas detectadas na edificação da instituição de ensino – Centro Universitário
São Camilo, realizou-se inicialmente uma pesquisa bibliografia sobre patologias das
construções usando de descritores como: mofo, rachaduras, corrosões e
edificações, usando como mecanismo de busco bases de dados como Scielo e
publicações de dissertações, artigos científicos e outros trabalhos acadêmicos
inerentes ao tema.
Em um segundo momento, com o intuito de identificar e analisar os problemas
patológicos detectados, realizou-se uma vistoria in loco, e adotando como
metodologia a inspeção visual e registros fotográficos procurou-se detectar também
as causas dessas patologias.
Em seguida, estes dados foram analisados, diagnosticados e prognosticados
no momento em que as causas prováveis para a ocorrência das patologias foram
identificadas. E para concluir, buscou-se propostas para a solucionar e prevenir, e
métodos certos que se seguidos, poderão evitar a repetição desses problemas
futuramente o que representa um acréscimo considerável na qualidade dos serviços
prestados e na vida útil da edificação.
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REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

ORIGEM DAS PATOLOGIAS


Geralmente as patologias exibem sinais externos que podem denunciar suas
proveniências, tipos, causas e formas de surgimento. Alguns problemas já se
principiam no projeto, outros nas outras etapas da obra, mas pode-se dizer que os
mais relevantes são as corrosões que ocorrem nas armaduras de concreto, o
excesso de flechas e as fissuras nas estruturas. É, portanto, muito importante que se
realize uma análise certeira dos problemas o que permite definir de forma clara
origem, causa e consequência, como também apontar o método mais adequado a
ser usado na intervenção (HELENE, 1997).
De acordo com Pedro et al. Apud Miotto (2010), a origem das patologias pode
ser classificada em: 1) Congênitas: Surgem ainda na fase de projeto, e ocorrem por
falta de observação das Normas Técnicas e por descuido dos profissionais,
provocando falhas no detalhamento e uma execução inadequada das construções;
2) Construtivas: são relacionadas à etapa de execução da obra, ocorrem no contrato
de mão-de-obra não qualificada, em materiais não certificados e na ausência de
metodologia para execução dos serviços; 3) Adquiridas: aparecem no decorrer da
vida útil da edificação e são causadas por agentes do meio em que se encontram e;
4) Acidentais: São causadas por algum episódio ou fenômeno anormal, resultado de
uma solicitação incomum.
Sabe-se que o concreto é o material de construção mais consumido no
mundo, sendo matéria que predomina as estruturas das construções brasileiras,
usado pela sua grande resistência. Porém, com o passar dos anos, ocorreram
grandes mudanças nos materiais de construção, ambiente de exposição e
procedimentos de cálculos. Assim o concreto armado passou a apresentar
limitações e o fator resistência mostrou-se insuficiente para atender às exigências de
projeto. Então procurou-se averiguar a durabilidade das estruturas e seus
componentes aliada ao conceito do desempenho das mesmas estudando a sua vida
útil. Atualmente, fatores como competitividade, custos e preservação do meio
ambiente exigem mudanças e adaptações na maneira de se conceber estruturas
(POSSAN e DEMOLIER, 2013).
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Em se tratar da vida útil das estruturas de concreto essas devem ser


projetadas e construídas de modo que, sob as condições ambientais previstas na
época do projeto e quando utilizadas conforme preconizado em projeto, conservem
sua segurança, estabilidade e aptidão em serviço durante o prazo correspondente à
sua vida útil (NBR.6118, 2014)
Um dos fatores que afeta a vida útil das estruturas, trata-se da agressividade
ambiental que está relacionada às ações físicas e químicas que agem sobre as
estruturas de concreto conforme apresentado e classificado no quadro 1 . Essa
classificação auxilia no dimensionamento correto das estruturas, especificando o
cobrimento mais adequado das armaduras e elaborar de forma adequada o traço do
concreto e a relação água/cimento, e outras características necessárias ao ambiente
em que a obra será inserida.

Quadro 1: Classes de agressividade ambiental (CAA)

Fonte: Associação Brasileira das Normas Técnicas NBR 6118. Projeto de estruturas de concreto -
Procedimento. Rio de Janeiro, 2014

Falhas na fase de projeto

A fase do planejamento envolve identificar e selecionar as melhores


estratégias do projeto detalhando tudo que será realizado, citando a tipologia da
edificação, materiais a serem utilizados, levantamento dos recursos locais
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existentes, cronograma de desenvolvimento da obra e definindo diretrizes de


manutenção estratégica. É na fase de projeto que são tomadas as decisões de
maior repercussão nos custos, velocidade e qualidade dos empreendimentos e com
a ausência dessas informações juntamente com a falta de ferramentas para obter
esse controle, sua influência sobre o resultado final do projeto será negativa.
Para Souza e Ripper (1998), as falhas que ocorrem nas primeiras etapas
geram os maiores prejuízos pois demandam mais tempo e deixam a obra mais
dispendiosa, portanto, quanto mais precoce detectada a falha, maior será a
facilidade para a solução e com menores custos.
Nas primeiras etapas da concepção de uma edificação é possível que ocorra
muitas falhas. Muitas delas ocorrem devido à:
Elementos de projeto inadequados (má definição das ações atuantes ou da
combinação mais desfavorável das mesmas, escolha infeliz do modelo
analítico, deficiência no cálculo da estrutura ou avaliação da resistência do
solo, etc.); Falta de compatibilização entre a estrutura e a arquitetura, bem
como com os demais projetos civis; Especificação inadequada de
materiais; Detalhamento insuficiente ou errado; Detalhes construtivos
inexequíveis; Falta de padronização das representações (convenções);
Erros de dimensionamento (SOUZA e RIPPER, 1998, p. 24)

Falhas na fase de execução


Para Melhado e Agopyan (1995), projetar é uma “atividade ou serviço
integrante do processo de construção, responsável pelo desenvolvimento,
organização, registro e transmissão das características físicas e tecnológicas
especificadas para uma obra, a serem consideradas na fase de execução”.
A atividade de projetar é interativa e evolutiva, tem por objetivo a definição de
um produto que atenda as necessidades ou expectativas do empreendedor, do
construtor e do usuário do edifício (MANSO e MITIDIERI FILHO, 2011).
O processo de projeto deve ser eficiente e para isto, Ohashi (2001) afirma que
é necessário um planejamento global desta etapa com definição de etapas,
cronograma e reuniões, liderada por um coordenador experiente que disponibilize o
mais rápido possível as informações internas (entre projetistas) e externas
(construtor, empreendedor, órgãos públicos)

Falhas de Manutenção
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Mesmo que as etapas anteriores sejam realizadas com sucesso, a obra pode
apresentar patologias originadas pelo uso, pois a má utilização da edificação ou a
falta de manutenção adequada pode implicar na qualidade e na segurança. Toda
obra possui um período de vida útil estimado. Porém, muitas vezes, antes do
término deste prazo, o nível de desempenho encontra-se abaixo dos limites mínimos
estimados, um desses motivos é a falta de manutenção periódica.
A falta de manutenção faz com que pequenas manifestações patológicas,
evoluam para situações de baixo desempenho das suas finalidades, com ambientes
insalubres, de deficiente aspecto estético, de possível insegurança estrutural e de
alto custo de recuperação (SOUZA e RIPPER, 1998).
As falhas e os problemas patológicos ocorridos nesta etapa podem ter sua
origem no desconhecimento técnico, ignorância ou desleixo. Ocorrem pelo uso
inadequado das instalações, pela falta de manutenção e até mesmo, a ausência
total da mesma. Podem ser interditados, com as possibilidades de manutenção e as
limitações da obra.

RESULTADO E DISCUSSÃO

O centro universitário São Camilo, possui vários blocos, no entanto o estudo de caso
realizou-se somente nos blocos I, II e V. a escolha desses blocos em especial
ocorreu pelo motivo deles serem os mais usados pelos alunos e onde se encontram
as salas de aulas.
PATOLOGIAS ENCONTRADAS
FERRUGEM EM ESTRUTURA METALICA

Fig1: Ferrugem e corrosão na estrutura metálica que liga o Bloco I ao Bloco II. Presença de umidade.
8

Fonte: Autoral, 2017.


Fig2: Ferrugem e corrosão na escada metálica de acesso do Bloco V.
.

Fonte: Autoral, 2017.

Nas figuras 1 e 2 pode-se observar a corrosão ocorrida pela açao da umidade


o que causa a ferrugem. A umidade se deu devido a presença de aberturas na
estrutura, que em tempos de chuva, permite a entrada de água. Se estiver no
começo, a limpeza e o tratamento podem ajudar a reverter o quadro. Se a corrosão
em estruturas metálicas já atingiu níveis avançados, o ideal é trocar as peças
danificadas para não comprometer a estrutura.
Para Perez (1988), a umidade nas construções representa um dos problemas
mais difíceis de serem solucionados e isso se deve à complexidade dos fenômenos
envolvidos e à carência nos estudos e pesquisas ligadas à umidade. Essa carência
ainda é percebida hoje, mais de 20 anos após elaboração do trabalho do autor
citado.
A ferrugem é o mais difundido exemplo de um fenômeno de degradação dos
materiais denominado corrosão. Segundo Gentil (1996) corrosão é um processo de
deterioração dos materiais produzindo alterações prejudiciais indesejáveis nestes.
Este fenômeno, ao entrar em ação, faz com que os materiais percam suas
qualidades essenciais, tais como resistência mecânica, elasticidade, ductilidade,
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estética, etc., já que o produto da corrosão é um elemento que não possui as


características do material original.
Para Polito (2006), a corrosão ocorre pela interação destrutiva de um material
com o ambiente, podendo ser reação química, ou eletroquímica. A corrosão é a
alteração não propositada de um metal, a partir de suas superfícies expostas, em
compostos não aderentes, solúveis ou dispersáveis no ambiente em que o metal se
encontra. (Bauer, 2010).
Contudo, para que as estruturas de aço dentro do concreto sofram corrosão,
é necessário que haja infiltração de umidade e oxigênio, pois, o meio em que elas
estão mergulhadas é alcalino (FUSCO, 2008).

PATOLOGIA NO CONCRETO

Como dito antes as estruturas de concreto podem aprestar vários tipos de


patologias. Assim, entre as patologias que normalmente atingem o concreto esse
estudo apresenta as que foram identificadas no local da pesquisa:

Fig.3- descolamento na parede do Bloco I segundo andar.

Fonte: Autoral, 2017.


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A figura acima apresenta uma descolaçao devida à infiltraçao de umidade,


aparentemente ocorrida nos períodos de chuva, pelas aberturas encontradas em
uma estrutura metálica usada para ligar o Bloco I ao Bloco II.

Fissuras

As fissuras ocorrem ou por deformação excessiva da estrutura ou por diferentes


deformações entre a estrutura e a alvenaria.

Fig.4. fissuras encontradas no piso de concreto nas salas de aula do Bloco V

Fonte: Autoral, 2017.

A figura quatro apresnta duas visualizaçoes de fissuras. Na primeira, a fissura


se deu paralela a junta de dilatação, demonstrando que o seu trabalho não foi
executado corretamente, visto que sua função e permitir a movimentação do
concreto sem que haja fissuras. Nesse caso, quando estiverem muito próximas às
juntas (de 5 cm a 10 cm) basta selá-las empregando os mesmos materiais definidos
no projeto do piso. Na segunda imagem, a solução terá de ser mais complexa,
normalmente executando-se juntas complementares, que nesse caso deverão ser
tratadas para garantir a transferência de carga.
11

Fig.5. fissura horizontal isolada, que se estende por toda a base da parede.

Fonte: Autoral, 2017.


Na figura 5 vê-se uma fissuração da alvenaria provocada por flexão lateral,
onde é observado uma fissura horizontal isolada, que se estende por toda a base da
parede. Na opinião de Bauer (2010) as fissuras horizontais ocorrem por falhas ou
deficiências na impermeabilização de lajes, em rodapés de alvenaria e platibandas.
A alteração da umidade dos materiais porosos, acarretam variações
dimensionais nos elementos e componentes de uma construção. O
aumento da umidade provoca expansão; inversamente, a diminuição da
umidade provoca a contração do material. Havendo vínculos que
restringem a movimentação, aliado a intensidade da movimentação e do
módulo de deformação, o material desenvolve tensões que podem
provocar trincas ou
fissuras, de forma semelhante às provocadas pela variação térmica.
(SCHÖNARDIE 2009, p28).

As fissuras se formam por vários fatores, entre esses fatores se encontram a


movimentação térmica, a sobrecarga, a retração de produtos à base de cimento e as
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alterações químicas dos materiais (THOMAZ, 1989). No entanto Bauer (2010)


aponta outros fatores como responsáveis pelo surgimento das fissuras, como a
ausência de vergas e contravergas, cobrimento deficiente do concreto e
movimentações higroscópicas.

Fig.6. Fissuras no revestimento provocadas por movimentação higroscópica do material ou por


retração térmica.

Fonte: Autoral, 2017.

Nessa figura 6, é possível encontra fissuras devido a dilatação térmica.


Através dessas fissuras é permitido a passagem da umidade para o revestimento
que ocasiona como demonstrado na foto o descolamento do mesmo.

Fig.7. fissuras por umidade


13

Fonte: Autoral, 2017.


As fissuras são ocorrências muito comuns em qualquer edificação e por esse
motivo elas chamam mais a atenção dos usuários. Sabemos que as causas podem
variar, assim é importante que antes de tampar uma fissura, se descubra sua causa
para que seja solucionada e adequadamente eliminada.

Fig.8 Fissuração no revestimento da rampa de acesso que liga o Bloco V ao Bloco II.

Fonte: Autoral, 2017.

A figura 8 apresenta uma fissura provocada pela água que escorre do peitoril.
A respeito das fissuras de umidade em alvenaria, Bauer (2010) destaca que:
O comportamento das alvenarias será influenciado pelas
movimentações higroscópicas desses materiais. A expansão das
alvenarias por higroscopicidade ocorrerá com maior intensidade nas
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regiões da obra mais sujeitas à ação da umidade, como por


exemplo, cantos desabrigados, platibandas, base das paredes, etc.
(BAUER, 2010, p. 433)

Fig. 9. Fissuração e inchamento do revestimento devido a umidade.

Fonte: Autoral, 2017.

As fissuras e inchamento que a figura 9 apresenta são resultado da infiltração da


umidade e causam descolamento do revestimento e desprendimento do concreto
próximo as esquadrias.
Por fim, quando se fala de fissuras, é preciso entender que todo concreto
apresenta fissuras, umas verticais outras horizontais, que representam ligação direta
de eletrólitos com as armaduras e os cabos de protensão, que são feitos de aço
reativo ou altamente corrosivo. O certo é que quanto mais resistência o concreto
apresentar, mais trincas e fissuras irão aparecer, exatamente porque haverá mais
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pasta de cimento, ou propriamente matriz cimentícia, responsável pelo fenômeno da


retração (BARBOSA, 2010).

Mofo

Fig. 9. Bolor e mofo

Fonte: Autoral, 2017.


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A figura acima apresenta a existência de várias ocorrência de problemas com


mofo e bolor e vários pontos nos blocos pesquisados.
Verçosa (1991) informa que a origem do mofo se dá através do vazamento de
redes de agua e de esgoto e, deste modo, é muito difícil de localizar o local certo da
causa o que torna mais complicada a sua correção. Visto que na maioria das vezes
os vazamentos são internos e cobertos pela construção, fato que os torna bastante
danosos para o bom desempenho esperado da edificação.
Para Salma et colaboradores (2006), essa patologia engloba a participação
de fungos, bactérias, cupins e roedores, colaborando para a degradação dos
materiais. Como também pode ocorrer pela combinação de compostos do próprio
material, durante a sua reprodução. Esses mecanismos produzem substâncias
agressivas como ácido sulfúrico e ácidos acético cítrico ou oxálico.
Paulino (2001) explica que sob certas condições, os fungos se transformam
em bolor ou mofo que é constituído por colônias de fungos formadas a partir de
esporos existentes no ar e que encontraram um meio adequado para seu
desenvolvimento.

FORMAS DE PREVENÇÃO
Terminada a análise das patologias é necessário determinar o tipo de
manutenção para assegurar a correção de todas as falhas apontadas. A seguir
pode-se definir os conceitos de manutenção preditiva, preventiva e corretiva, para
que seja escolhido o mais adequado.

Manutenção Preventiva
De acordo com o Portal Latino Americano de Manutenção, a manutenção
preventiva é um conjunto de tarefas realizadas antes que perceba a falha, em
períodos predeterminados com o objetivo de reduzir a probabilidade de falha ou
degradação total do sistema. As tarefas que envolvem a manutenção preventiva são
divididas em três tarefas: Tarefa baseada no tempo, Manutenção baseada na
condição e teste para descobrir a falha.

Manutenção Preditiva
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A manutenção preditiva em edifícios é a mesma coisa que a manutenção


preventiva baseado num planejamento de inspeções periódicas dos elementos que
compõe a edificação.
manutenção preditiva: Esta estratégia consiste em executar as atividades
de manutenção preventivas, de acordo com a análise dos diversos
elementos do edifício, com base em um planejamento de inspeções. O
ideal é que a programação de inspeções seja prevista ainda na fase de
projeto, onde deverão ser identificados os elementos a inspecionar e a
periodicidade recomendada, em função da durabilidade média dos
materiais e equipamentos especificados”. (BARBOSA, 2011, p.28)

Manutenção Corretiva

A manutenção corretiva repara, restaura ou substitui os componentes das


estruturas para restaurar o sistema ao seu estado original antes da quebra, após a
ocorrência, e tem função de devolver ao sistema o desempenho projetado
inicialmente. A manutenção corretiva se destaca pelos serviços que demandam
ação ou intervenção imediata no intuito de prologar a vida útil e permitir o uso dos
sistemas, elementos ou componentes das edificações, como também busca evitar
maiores riscos ou danos pessoais e patrimoniais dos usuários e proprietários
(MATTOS, 2013).

Definição do tipo manutenção


A escolha do tipo de manutenção a ser usado é estabelecida por meio de um
sistema de seleção dos efeitos das falhas. Trata-se de uma sequência de perguntas
e respostas que direciona e influência para os modos de falha: segurança,
operacional, econômico ou oculto. A falha de segurança é aquela que coloca em
risco a vida humana. A falha operacional prejudica a capacidade operacional da
estrutura abrangendo qualidade de serviço, quantidade de atendimento e o custo. A
falha econômica atinge de forma direta o custo do reparo. Por fim, a falha oculta é
como o próprio nome diz, está camuflada não sendo evidente para a equipe de
manutenção ou ao operador, não sendo possível detectá-la a olho nu (LAFRAIA,
2014).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho apresentou um estudo sobre patologia do concreto
armado, ou seja, realizou um levantamento das principais manifestações patológicas
que agem prejudicando estruturas, bem como apontou os sintomas, origens, causas
e danos que as mesmas irão sofrer no futuro. Como foi visto, são inúmeras as
causas e origens que levam uma estrutura a problemas patológicos. Podendo estas
se originar nas fases de projeto, execução e utilização de um elemento qualquer. No
decorrer da pesquisa ficou claro que as causas são inúmeras, podendo englobar
problemas na constituição química dos materiais, fenômenos da natureza erros
humanos tanto no projeto como execução devido à negligência ou falta de
qualidade, até ataques biológicos e de agentes agressivos às armaduras e ao
concreto. Foram apresentadas diversas manifestações patológicas com
configurações próprias de
cada uma, atentando para a importância do conhecimento técnico, para um correto
diagnóstico.
O presente estudo de caso mostrou as manifestações patológicas de uma
instituição de ensino – Centro universitário São Camilo localizado na cidade de
Cachoeiro de Itapemirim - ES. Para tanto, foi realizada uma vistoria do local, com
levantamento de dados visuais dos blocos, a fim de identificar a natureza e origem
das patologias.
Conforme a vistoria do local, foram identificadas algumas patologias, que
consistem basicamente em: corrosões por ferrugem na estrutura metálica das
escadas que ligam os blocos, várias fissuras, mofos e bolores na estrutura de
alvenaria e concreto. A maior parte desses problemas manifestou-se devido à
presença de umidade.
Verificou-se que a umidade ocorreu através da infiltração de água das
chuvas. Observou-se também, que em alguns ambientes o bolor causou alteração
estética formando manchas escuras indesejáveis. Já a evolução no processo de
umidade levou a oxidação das armaduras e em alguns casos originou trincas.
Com o desenvolvimento deste estudo de caso, fica evidente, que houve
causas Intrínsecas e Extrínsecas para a manifestação das patologias apresentadas.
Pode-se citar como causas e consequências: falhas de projetos; falhas do processo
de execução, tais como utilização de materiais de má qualidade ou mão de obra
desqualificada; negligência no plano de manutenção, derivando numa degradação
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acelerada da estrutura e falhas de construção, sendo necessário intervenções para


eliminar tais manifestações.
Algumas considerações importantes se destacam sobre as necessidades de
intervenções para eliminar as causas das manifestações patológicas, uma vez que
identificando a origem e fazendo um diagnóstico das patologias encontradas é
possível evitar que o mesmo problema se repita nos outros blocos.
Assim, a pesquisa mostrou-se bastante satisfatória podendo presumir que o
estudo atingiu seu objetivo, deixando clara a importância em se continuar às
pesquisas a fim de levantar dados para elaborar um projeto de manutenção corretiva
para restaurar a qualidade nas edificações, uma vez que a patologias das
construções está intimamente ligada à qualidade e embora esta última tenha
avançado muito, os casos patológicos não diminuíram na mesma proporção.

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VERÇOZA, Enio José. Patologia das edificações. 1° Edição - Porto Alegre: Sagra,
1991.

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