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EM UM RESIDENCIAL EM CAMBORIÚ/SC
MILNITZ,Dr.Diego1
Docente em Engenharia Civil, Campus Itajaí / dminiltz@gmail.com
Resumo:
O presente artigo, apresenta o estudo das patologias causadoras de fissuras em alvenaria de vedação
convencional, pois estão cada vez mais presentes nas edificações, mesmo com o constante avanço dos
estudos e tecnologias. Os vários vícios construtivos, alguns populares outros não, panoramicamente
se devem a falta de experiência e má execução. Observamos neste artigo, algumas principais
patologias prediais a partir de um estudo de caso na cidade de Camboriú/SC. Através de visita técnica
in loco, foram constatados alguns tipos de fissuras e analisadas no corpo deste trabalho, destacando
que as fissuras se resumem em falhas construtivas. Após concentrar o estudo de caso em fissuras,
foram promovidas algumas propostas e medidas corretivas, visando o melhor desempenho de
alvenarias de vedação, otimizando assim o tempo, recursos e mão de obra.
Abstract:
This article presents the study of the pathologies that cause fissures in conventional sealing masonry,
as they are increasingly present in buildings, even with the constant advancement of studies and
technologies. The various constructive vices, some popular, others not, panoramicly, are lack of
experience and poor execution. In this article, we observe some main building pathologies from a
case study in the city of Camboriú / SC. Through a technical visit in loco, some types of fissures were
found and analyzed in the body of this work, highlighting that the cracks are summarized in
constructive failures. After concentrating the case study on fissures, some proposals and corrective
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measures were promoted for the best performance of sealing masonry, optimizing time, resources and
labor.
1. INTRODUÇÃO
2. REVISÃO DE LITERATURA
Neste tópico serão abordados assuntos que auxiliarão no desenvolvimento do artigo e servirão
como embasamento para o estudo de caso a ser realizado.
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normatização. Para desempenho é necessário adotar o uso de normas técnicas na aquisição e aplicação
dos materiais, desde a contratação de serviços e construção em geral, já previstos no artigo 39, item
VII, do Código de Defesa do Consumidor, onde os produtos ofertados para consumo devem estar de
acordo com as normas técnicas da ABNT ou qualquer entidade credenciada ao CONMETRO
Conselho Nacional de Metrologia, normalização e qualidade industrial (BAUER, 2000).
Segundo Mamede (2016), isso é decorrente de má execução, erros de projetos, mal uso de
proprietários e problemas de materiais, ocorrendo até mesmo mais de um motivo, destacando a
importância do conhecimento técnico e do correto método executivo, atuando em toda a concepção
do empreendimento desde a elaboração do projeto até seu acabamento.
Thomaz (1989) relata que, dentro de um grupo de variados problemas patológicos que atacam
as construções, residenciais ou não, as fissuras merecem atenção especial, pois se tratam de anomalias
de importância singular. A razão disso se dá em três aspectos essenciais: a alerta de um possível estado
de risco para a estrutura (no caso de fissuras em alvenaria estrutural ou no concreto), o
comprometimento do funcionamento da obra em serviço (isolação térmica, isolação acústica,
estanqueidade à água, entre outros) e o incômodo constrangedor que uma fissura gera nos usuários da
edificação.
Fissuras são consideradas aberturas pequenas, causadas por tensões de tração maiores que a
resistência à tração do material solicitado, sendo as ativas aquelas que possuem movimentação e
passivas aquelas que já estão estabilizadas, não apresentando variações de abertura de tamanho
(ASSIS E RABELO, 2013).
Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT, 2013), as fissuras ou trincas
são classificadas quanto a sua espessura pela NBR 9575:2003 e NBR 15575:2013, logo todas as
anomalias encontradas na pesquisa serão denominadas como fissuras ou trincas por ter o tamanho
máximo de 0,6 mm segundo quadro de aberturas.
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Fenda de 5,0 mm a 10,0mm
Segundo Valle (2008), a variação de temperatura pode afetar grande parte da propriedade de
matérias usadas habitualmente em construções civis, resultado da movimentação térmica dessa
variação. Ou seja, a elevação da temperatura resulta em dilatação e a redução em contração,
ocasionando tensões que podem provocar fissuras.
Proporcionalmente, quanto maior a exposição do material, maior impacto na movimentação
térmica. A fonte de temperatura considerada como principal seria a radiação da energia solar, sendo
assim, coberturas e paredes externas, por exemplo, tem maior probabilidade de serem modificadas
dependendo do nível de condução do calor em seu material. Para Thomaz (1989), as variações de
temperaturas dependem separadamente da sua massa específica de cada material, calor específico e
do coeficiente de condutibilidade térmica.
Para Valle (2008), devido às tensões geradas, as fissuras horizontais podem se manifestar com
maior frequência em elementos horizontais, como por exemplo a cobertura, quando comparados aos
elementos verticais das edificações. O concreto, por sua vez, é o material mais afetado, visto que seu
coeficiente de dilatação é quase o dobro maior do que o alvenaria.
Fissuras térmicas diagonais ou transversais, segundo Sampaio (2019), podem ser evidenciadas
em superfícies de alvenaria no sentido contrário ao da movimentação ocorridas na laje por conta da
tensão gerada pela modificação de temperatura.
Segundo Thomaz (1989, p 63), “[...] podem surgir em trechos contínuos de alvenarias
solicitadas por sobrecargas linearmente distribuídas duas configurações de fissuras, as verticais e as
horizontais [...]’’. Ainda, segundo o autor, mesmo que haja previsão ou não no projeto, a sobrecarga
externa pode causar fissura em peça com ou sem função estrutural, por conseguinte, considerando
somente carga vertical.
Na fissura vertical causada pela sobrecarga, existe excesso de carregamento de compressão,
ou seja, a alvenaria quando submetida ao carregamento axial de compressão. Isso ocorre na inteiração
entre o seu componente e a junta de argamassa causando o tracionamento transversal. A argamassa,
nesse caso, possui deformação superior a tais componentes.
Fissuras horizontais decorrem com o rompimento dos elementos da alvenaria ou na argamassa
de assentamento devido a compressão, podendo também surgir devido às cargas geradas com a flexão
da parede (THOMAZ, 1989).
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Figura 3 - Fissura horizontal na alvenaria devido à sobrecarga.
Para Duarte (1998), a perda d’água no concreto de uma edificação pode ser chamada de
retração, denominada pela diminuição de volume da seção que ocorre no concreto devido à variação
de temperaturas e tensões mecânicas.
A classificação referente aos tipos de retração pode ser dividida em: carbonatação
(carbonatação da cal nas argamassas); química (reação química de hidratação do cimento); térmica
(resfriamento brusco do concreto) e hidráulica, (evaporação de água).
A principal ação que causa a deformação estrutural de concreto armado sobre a alvenaria é o
flexionamento de elementos como vigas e lajes, pois são mais facilmente atingidos pela carga. Já com
relação à deformação resultante da carga de compressão, torção e cisalhamento, estas são minoridade.
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A deformação é limitada pela NBR 6118 que normatiza os projetos de estrutura de concreto,
demarcando limite para flechas estruturais. Segundo Souza e Ripper (1998), as flechas dimensionadas
podem ser incompatíveis com a alvenaria de vedação e acaba gerando fissuras, existem métodos para
cálculo de flechas, o método de Roussself e o método Jager.
Em alvenarias com aberturas, como portas e janelas, várias configurações de fissuras podem
ser vistas, sendo que dependem da extensão da parede, da intensidade da flexão posição e tamanho
dessas aberturas (THOMAZ, 1989).
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(2011), deverão ser previstas juntas de dilatação de no máximo a cada 30 metros, com o objetivo de
absorver movimentos que possam surgir nas estruturas, provenientes de variação de temperaturas e
retração, as juntas de controle tem como objetivo prevenir as fissuras provocadas por variação de
temperaturas e retração, variação brusca de carregamento e variação de altura ou espessura das
paredes.
Para Mamede (2016), os fatores de prevenção de juntas de controles são o cuidado com
retenção dos blocos, posicionando as juntas nas áreas úmidas e ao posicionar as juntas ao lado das
janelas cuidar para que não entre em contato com a verga.
O projeto deve contemplar beirais, pingadeiras e juntas frisadas, que evitam contato direto
entre água/alvenaria, e assim, evite-se a penetração da umidade.
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Fonte: Usuda (2004) Adaptado.
Esse tipo de fissura pode surgir somente no revestimento. Ocorre pela falta de cuidado por
parte da aplicação do revestimento, não seguindo os critérios técnicos para a cura, fazendo que ocorra
a retração e o revestimento não alcance a resistência desejada, a fissura pode ocorrer devido o
desempenho excessivo do revestimento, esse tipo de fissura é conhecido como pé de galinha
(DUARTE, 1998).
Para Zanzarini (2016), fissuras causadas por reações químicas têm como característica o
sentido horizontal, isso ocorre devido a expansão de argamassa, decorrido pela alteração química dos
materiais da própria argamassa com agentes externos.
Os materiais da construção civil devem ser estáveis quimicamente. Por outro lado, há vários
materiais com sais em excesso nas juntas de argamassas, devido a reação do cimento com sulfatos, a
hidratação retardada das cales e agregados são alterações químicas que se manifestam com muita
frequência (THOMAZ, 1989).
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Figura 9 – Fissura por retração química.
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3. METODOLOGIA
Neste item foi apresentado o ambiente da pesquisa, os materiais utilizados e a descrição dos
procedimentos executados para a realização da pesquisa.
Para a pesquisa, foi realizada uma visita técnica em um imóvel na cidade de Camboriú-SC,
com sete pavimentos e para obtenção dos registros, ocorreu o mapeamento das fissuras existentes
através de fotografias.
Durante a inspeção foi observado a repetição de algumas patologias. Assim serão destacadas
as fissuras com formato horizontal, vertical, e diagonal, visualizadas no local de estudo. Serão
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apresentadas as possíveis causas das fissuras encontradas no local avaliado, aliando as análises e as
observações realizadas no local do estudo ao embasamento obtido através da literatura utilizada no
presente trabalho. Na conclusão foram propostas algumas sugestões para solucionar ou amenizar as
patologias delimitadas.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Na figura 11 e no (Anexo 1) anexo esse disponível no final do estudo, consta o registro de uma
fissura diagonal, acima do vão da porta situada no hall de entrada, no primeiro andar dos
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apartamentos. A suposição é de que pode ter sido causada por lapso no dimensionamento do projeto,
ou a má execução, também a ausência de verga o que pode gerar a ineficiência dos componentes de
vedação “bloco cerâmico e reboco”. O que mostra no desenho da fissura estar em diagonal e logo
acima da porta, originando a suposição dessa anomalia.
Na figura 12 e no (Anexo 2) anexo que consta no final do estudo, foi localizada uma fissura
vertical na escadaria do terceiro pavimento, devido a identificação de bolor nos andares de cima e
possíveis infiltrações externas, houve a dilatação do elemento estrutural e provavelmente não ocorreu
a realização adequada da ancoragem entre a o pilar e a alvenaria ocasionando a movimentos distintos
entre os elementos.
Figura 12 – Fissura vertical.
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Na figura 13 e no (Anexo 3) anexo também disponível no final do estudo, foram descobertas
fissuras no pavimento das garagens, segundo a pesquisa feita pela equipe e a análise visual pode ter
sido causada por insuficiência ou ausência de encunhamento entre fundo do pilar e a parede,
produzido por sobrecargas ou movimentações térmicas, tendo em vista que nos dois andares teve
identificação de anomalias semelhantes, coincidentemente nos locais onde há mais carga.
Na figura 14 e no (Anexo 4) anexo que está disponível no final do estudo, na cobertura houve
a identificação de variadas fissuras, que poderiam ser evitadas se previstas juntas de dilatações em
projeto. Essas fissuras presumem-se que foram ocasionadas por movimentações térmicas, nesse local,
ocorreu exposição direta à ação do meio ambiente. As altas temperaturas em locais como platibandas,
ocasionam fissuras, não só no revestimento, como nas juntas dos blocos cerâmicos, resultando no
desplacamento da argamassa.
Figura 14 – Fissuras por movimentações térmicas.
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Na figura 15 e no (Anexo 5) que consta anexo no final do estudo, identificou-se fissuras
horizontais na lixeira externa, localizada em cima de um talude e ao lado da entrada da garagem,
sendo uma estrutura isolada do edifício. Devido análise teórica e visual acredita-se que as fissuras
surgiram por recalque diferencial, e provocadas por excesso de carga da edificação no solo (bulbo de
tensões) por motivo da lixeira estar ao lado externo da edificação. E diante da constatação dessas
fissurações somente em um lado da lixeira, houve suposição de que diferentes características de solos
podem compor o apoio da estrutura, fazendo que somente uma parte dela se mova.
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Na figura 18 e no (Anexo 1) anexo esse disponível no final do estudo, no quarto pavimento, a
fissura diagonal foi localizada no shaft da área comum. Pressupõe-se que a fissura diagonal ocorreu
pela intensidade da flexão e por falta de elementos estruturais como verga e contra-verga.
REFERÊNCIAS
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em: out./21.
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ANEXO 1- Fissuras horizontais
ANEXO 3- Fissuras causadas por insuficiência ou ausência de encunhamento entre fundo de viga e
a parede.
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ANEXO 4 – Fissuras por movimentações térmicas.
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