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ANÁLISE DE MANIFESTAÇÃO PATOLÓGICA - FISSURAS: UM ESTUDO DE CASO

EM UM RESIDENCIAL EM CAMBORIÚ/SC

ANALYSIS OF PATHOLOGICAL MANIFESTATION - FISSURES: A CASE STUDY IN A


RESIDENTIAL IN CAMBORIÚ/SC

MILNITZ,Dr.Diego1
Docente em Engenharia Civil, Campus Itajaí / dminiltz@gmail.com

ORTEGA, André Luís Souza2


Discente em Engenharia Civil, Campus Itajaí / andrelsortega@gmail.com

ROSA, Jackson Alves da3


Discente em Engenharia Civil, Campus Itajaí / jaalvesdarosa@gmail.com

RETKVA, Stefany Louise4


Discente em Engenharia Civil, Campus Itajaí / stefany.retkva@gmail.com

Resumo:
O presente artigo, apresenta o estudo das patologias causadoras de fissuras em alvenaria de vedação
convencional, pois estão cada vez mais presentes nas edificações, mesmo com o constante avanço dos
estudos e tecnologias. Os vários vícios construtivos, alguns populares outros não, panoramicamente
se devem a falta de experiência e má execução. Observamos neste artigo, algumas principais
patologias prediais a partir de um estudo de caso na cidade de Camboriú/SC. Através de visita técnica
in loco, foram constatados alguns tipos de fissuras e analisadas no corpo deste trabalho, destacando
que as fissuras se resumem em falhas construtivas. Após concentrar o estudo de caso em fissuras,
foram promovidas algumas propostas e medidas corretivas, visando o melhor desempenho de
alvenarias de vedação, otimizando assim o tempo, recursos e mão de obra.

Palavra - Chave: Patologia – Alvenaria Convencional – Fissuras-Engenharia Civil.

Abstract:
This article presents the study of the pathologies that cause fissures in conventional sealing masonry,
as they are increasingly present in buildings, even with the constant advancement of studies and
technologies. The various constructive vices, some popular, others not, panoramicly, are lack of
experience and poor execution. In this article, we observe some main building pathologies from a
case study in the city of Camboriú / SC. Through a technical visit in loco, some types of fissures were
found and analyzed in the body of this work, highlighting that the cracks are summarized in
constructive failures. After concentrating the case study on fissures, some proposals and corrective

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measures were promoted for the best performance of sealing masonry, optimizing time, resources and
labor.

Keywords: Pathology – Conventional Masonry – Fissures –Civil Engineering

1. INTRODUÇÃO

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2021) mensurou que a indústria da construção


civil no Brasil, ao longo dos últimos anos, vem cumprindo significativo papel econômico e social, no
que tange à geração de empregos e renda, sendo que está última representa cerca de 7% do PIB
nacional. Ainda, de acordo com o Instituto, no ano de 2019, em contrapartida, foi observada uma
queda nas obras de infraestrutura, porém, um crescimento na quantidade de obras relativas às
pequenas edificações residenciais e prediais (IBGE, 2021).
Esse crescimento afetou diretamente a execução de obras de qualidade, especialmente no que
se refere às estruturas, alvenarias e instalações prediais. A falta de fiscalização, somada à escassa mão
de obra qualificada e de profissionais e técnicos, resultou em múltiplos problemas destacando-se a
baixa qualidade das obras e o surgimento de patologias diversificadas. Com relação às fiscalizações,
dificilmente são realizadas devido à grande demanda de projetos aprovados e em processo de
execução diariamente nas prefeituras municipais país afora (GNIPPER, 2010).
Com isso, há necessidade de estudos e pesquisas voltadas ao ramo da construção civil, como
por exemplo, em matéria de engenharia diagnóstica, onde são estudadas patologias. Segundo Santos
e Guerra (2021), as patologias mais comuns presentes nas construções são: trincas, fissuras,
rachaduras e umidade, podendo ser fruto de projetos deficientes, execuções mal feitas ou por serem
adquiridas ao longo da vida útil da estrutura e não terem sido feitas as manutenções adequadas.
No desenvolvimento do presente artigo serão apresentadas as origens dos principais
mecanismos patológicos causadores das fissuras. O diagnóstico será apresentado através de um estudo
de caso, em um residencial na cidade de Camboriú-SC, com a finalidade de identificar patologias,
possíveis causas e propor sugestões de correções para alguns tipos de fissuras encontradas.
Na revisão de literatura serão abordados os principais elementos relacionados a alguns tipos
de fissuras existentes. Haverá, ainda, a abordagem dos resultados e discussões, dando sequência às
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sessões. A metodologia será estudo de caso, com pesquisa de campo, visita técnica, levantamento
através de fotografias para a identificação e classificação dos tipos de patologias, verificando
possíveis causas de fissuras, trincas nas paredes e áreas comuns que serão abordadas em detalhes
posteriormente. Após segue com as conclusões do estudo e abordagem de algumas sugestões e
soluções pesquisadas, visando contribuir para futuras pesquisas e estudos da comunidade acadêmica,
profissionais da Engenharia Civil e equipes profissionais da construção civil.

2. REVISÃO DE LITERATURA

Neste tópico serão abordados assuntos que auxiliarão no desenvolvimento do artigo e servirão
como embasamento para o estudo de caso a ser realizado.

2.1 ALVENARIA CONVENCIONAL E SUAS PATOLOGIAS

A vasta utilização desta solução construtiva é atribuída principalmente ao baixo custo e à


facilidade de execução quando comparada com outros sistemas. A alvenaria de vedação é o conjunto
composto de unidades menores, podendo ou não ser unidas por material ligante, justapostas em
camadas horizontais que se sobrepõem umas às outras (CAPORRINO, 2018).
Segundo Júnior e Oliveira (2020), a alvenaria pode representar cerca de 2% a 5% do custo da
obra, aparentemente baixo em relação a outros custos, com isso na maioria das vezes não se dá a
atenção devida a essa etapa da obra.
Para Souza (2019), com origem grega, o termo patologia que é definido como “estudo das
doenças” foi vastamente divulgado no campo da engenharia, devido à fácil compreensão dos termos
e absorção. Baseado principalmente na relação humana/edificação, os sistemas de sustentação,
morfologia e proteção são bem similares para utilização em analogias práticas.
Segundo Santos (2010), o processo de deterioração das estruturas são os efeitos associados a
ações mecânicas, movimentações térmicas, impactos, ações periódicas, fluências e relaxação.
As patologias no sistema ocorrem quando apresentam falhas ou problemas, ou quando não
atende os requisitos mínimos de desempenho exigidos por regulamentação específica, legislação ou

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normatização. Para desempenho é necessário adotar o uso de normas técnicas na aquisição e aplicação
dos materiais, desde a contratação de serviços e construção em geral, já previstos no artigo 39, item
VII, do Código de Defesa do Consumidor, onde os produtos ofertados para consumo devem estar de
acordo com as normas técnicas da ABNT ou qualquer entidade credenciada ao CONMETRO
Conselho Nacional de Metrologia, normalização e qualidade industrial (BAUER, 2000).
Segundo Mamede (2016), isso é decorrente de má execução, erros de projetos, mal uso de
proprietários e problemas de materiais, ocorrendo até mesmo mais de um motivo, destacando a
importância do conhecimento técnico e do correto método executivo, atuando em toda a concepção
do empreendimento desde a elaboração do projeto até seu acabamento.
Thomaz (1989) relata que, dentro de um grupo de variados problemas patológicos que atacam
as construções, residenciais ou não, as fissuras merecem atenção especial, pois se tratam de anomalias
de importância singular. A razão disso se dá em três aspectos essenciais: a alerta de um possível estado
de risco para a estrutura (no caso de fissuras em alvenaria estrutural ou no concreto), o
comprometimento do funcionamento da obra em serviço (isolação térmica, isolação acústica,
estanqueidade à água, entre outros) e o incômodo constrangedor que uma fissura gera nos usuários da
edificação.
Fissuras são consideradas aberturas pequenas, causadas por tensões de tração maiores que a
resistência à tração do material solicitado, sendo as ativas aquelas que possuem movimentação e
passivas aquelas que já estão estabilizadas, não apresentando variações de abertura de tamanho
(ASSIS E RABELO, 2013).
Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT, 2013), as fissuras ou trincas
são classificadas quanto a sua espessura pela NBR 9575:2003 e NBR 15575:2013, logo todas as
anomalias encontradas na pesquisa serão denominadas como fissuras ou trincas por ter o tamanho
máximo de 0,6 mm segundo quadro de aberturas.

Quadro 1 – Classificação quanto as aberturas


Anomalias Aberturas

Fissura até 0,5mm

Trinca de0,5 mm a 1,5mm

Rachadura de 1,5 mm a 5,0mm

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Fenda de 5,0 mm a 10,0mm

Brecha Acima de 10,0mm


Fonte: Oliveira (2012)
2.2.1 Fissuras Causadas por Movimentações Térmicas

Segundo Valle (2008), a variação de temperatura pode afetar grande parte da propriedade de
matérias usadas habitualmente em construções civis, resultado da movimentação térmica dessa
variação. Ou seja, a elevação da temperatura resulta em dilatação e a redução em contração,
ocasionando tensões que podem provocar fissuras.
Proporcionalmente, quanto maior a exposição do material, maior impacto na movimentação
térmica. A fonte de temperatura considerada como principal seria a radiação da energia solar, sendo
assim, coberturas e paredes externas, por exemplo, tem maior probabilidade de serem modificadas
dependendo do nível de condução do calor em seu material. Para Thomaz (1989), as variações de
temperaturas dependem separadamente da sua massa específica de cada material, calor específico e
do coeficiente de condutibilidade térmica.

2.2.2 Fissuras Horizontais Térmicas

Para Valle (2008), devido às tensões geradas, as fissuras horizontais podem se manifestar com
maior frequência em elementos horizontais, como por exemplo a cobertura, quando comparados aos
elementos verticais das edificações. O concreto, por sua vez, é o material mais afetado, visto que seu
coeficiente de dilatação é quase o dobro maior do que o alvenaria.

Figura 1 – Fissura causada pela dilatação da laje.

Fonte: Thomaz (1989).


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2.2.3 Fissuras Térmicas Diagonais

Fissuras térmicas diagonais ou transversais, segundo Sampaio (2019), podem ser evidenciadas
em superfícies de alvenaria no sentido contrário ao da movimentação ocorridas na laje por conta da
tensão gerada pela modificação de temperatura.

Figura 2 :Fissura longitudinal diagonal térmica.

Fonte: Sampaio (2019).

2.2.4 Fissuras Causadas por Atuação de Sobrecargas

Segundo Thomaz (1989, p 63), “[...] podem surgir em trechos contínuos de alvenarias
solicitadas por sobrecargas linearmente distribuídas duas configurações de fissuras, as verticais e as
horizontais [...]’’. Ainda, segundo o autor, mesmo que haja previsão ou não no projeto, a sobrecarga
externa pode causar fissura em peça com ou sem função estrutural, por conseguinte, considerando
somente carga vertical.
Na fissura vertical causada pela sobrecarga, existe excesso de carregamento de compressão,
ou seja, a alvenaria quando submetida ao carregamento axial de compressão. Isso ocorre na inteiração
entre o seu componente e a junta de argamassa causando o tracionamento transversal. A argamassa,
nesse caso, possui deformação superior a tais componentes.
Fissuras horizontais decorrem com o rompimento dos elementos da alvenaria ou na argamassa
de assentamento devido a compressão, podendo também surgir devido às cargas geradas com a flexão
da parede (THOMAZ, 1989).

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Figura 3 - Fissura horizontal na alvenaria devido à sobrecarga.

Fonte: Thomaz (1989) Adaptado pelo autor.

2.2.5 Fissuras Causada por Retração

Para Duarte (1998), a perda d’água no concreto de uma edificação pode ser chamada de
retração, denominada pela diminuição de volume da seção que ocorre no concreto devido à variação
de temperaturas e tensões mecânicas.
A classificação referente aos tipos de retração pode ser dividida em: carbonatação
(carbonatação da cal nas argamassas); química (reação química de hidratação do cimento); térmica
(resfriamento brusco do concreto) e hidráulica, (evaporação de água).

Figura 4 – Fissura ocorrida por retração térmica

Fonte: Sousa, Silva e Castro (2014).

2.2.6 Fissura por Deformação Excessiva de Estrutura de Concreto Armado

A principal ação que causa a deformação estrutural de concreto armado sobre a alvenaria é o
flexionamento de elementos como vigas e lajes, pois são mais facilmente atingidos pela carga. Já com
relação à deformação resultante da carga de compressão, torção e cisalhamento, estas são minoridade.

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A deformação é limitada pela NBR 6118 que normatiza os projetos de estrutura de concreto,
demarcando limite para flechas estruturais. Segundo Souza e Ripper (1998), as flechas dimensionadas
podem ser incompatíveis com a alvenaria de vedação e acaba gerando fissuras, existem métodos para
cálculo de flechas, o método de Roussself e o método Jager.

Figura 5 – Fissura ocorrida pela deformidade do elemento de apoio menor que a do


inferior.

Fonte: Thomaz (1989).

Em alvenarias com aberturas, como portas e janelas, várias configurações de fissuras podem
ser vistas, sendo que dependem da extensão da parede, da intensidade da flexão posição e tamanho
dessas aberturas (THOMAZ, 1989).

Figura 6 - Diversidade na fissura em alvenaria com elemento de abertura.

Fonte: Silva (2013). Adaptado.

No projeto arquitetônico são levados em consideração a geometria e modulação da alvenaria,


tanto horizontalmente quanto verticalmente. A geometria e volumetria, informa as paredes portantes
de contraventamento e vedação, informa as juntas de dilatação e controle, conforme NBR 15961-1

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(2011), deverão ser previstas juntas de dilatação de no máximo a cada 30 metros, com o objetivo de
absorver movimentos que possam surgir nas estruturas, provenientes de variação de temperaturas e
retração, as juntas de controle tem como objetivo prevenir as fissuras provocadas por variação de
temperaturas e retração, variação brusca de carregamento e variação de altura ou espessura das
paredes.
Para Mamede (2016), os fatores de prevenção de juntas de controles são o cuidado com
retenção dos blocos, posicionando as juntas nas áreas úmidas e ao posicionar as juntas ao lado das
janelas cuidar para que não entre em contato com a verga.
O projeto deve contemplar beirais, pingadeiras e juntas frisadas, que evitam contato direto
entre água/alvenaria, e assim, evite-se a penetração da umidade.

2.2.7 Fissuras Causada por Expansão.

A expansão é o aumento de volume em peças que ficam submersas, antes do processo de


expansão, deparamos com a retração química que ocorre após ações do fluxo de água, e as tensões
atuantes no corpo ficam nulas, ocasionando a expansão do corpo. As alterações hidroscópicas causam
expansão (SILVA, 2013).
Na edificação e sua estrutura podem surgir alteração causada por mudanças hidroscópicas,
sendo o que gera a expansão do material, se possui mais umidade, caso diminua a umidade, e a
contração, ao contrário, ocasiona a retração. A modificação do nível de umidade causa movimentos
irreversíveis e reversíveis.
A irreversibilidade do movimento ocorre na fabricação do material até que a unidade
higroscópica do material alcance o equilíbrio. O movimento reversível é atuante sobre o material e a
variação volta em que ocorram perdas (VALLE, 2008).
Figura 7 - Fissura causada pela expansão dos blocos e da argamassa.

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Fonte: Usuda (2004) Adaptado.

2.2.8 Fissuras Causadas por Retração em Revestimentos.

Esse tipo de fissura pode surgir somente no revestimento. Ocorre pela falta de cuidado por
parte da aplicação do revestimento, não seguindo os critérios técnicos para a cura, fazendo que ocorra
a retração e o revestimento não alcance a resistência desejada, a fissura pode ocorrer devido o
desempenho excessivo do revestimento, esse tipo de fissura é conhecido como pé de galinha
(DUARTE, 1998).

Figura 8 - Fissura pé de galinha causada pela retração do revestimento.

Fonte: Duarte (2018), adaptado.

2.2.9 Fissuras Causadas por Reações Químicas

Para Zanzarini (2016), fissuras causadas por reações químicas têm como característica o
sentido horizontal, isso ocorre devido a expansão de argamassa, decorrido pela alteração química dos
materiais da própria argamassa com agentes externos.
Os materiais da construção civil devem ser estáveis quimicamente. Por outro lado, há vários
materiais com sais em excesso nas juntas de argamassas, devido a reação do cimento com sulfatos, a
hidratação retardada das cales e agregados são alterações químicas que se manifestam com muita
frequência (THOMAZ, 1989).

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Figura 9 – Fissura por retração química.

Fonte: Thomaz (1989) Adaptado.

2.2.10 Fissuras Causadas por Recalque de Fundação.


Segundo Souza e Rípper (1998, p. 49), “Toda edificação, durante a obra ou mesmo após a sua
conclusão, por um determinado período de tempo está sujeito a deslocamentos verticais, lentos, até
que o equilíbrio entre o carregamento aplicado e o solo seja atingido.”
Devido a movimentações diferenciais nas fundações acontecem cargas diferenciadas nos
elementos de alvenaria, gerando fissuras. Toda a estrutura necessita de um período de tempo para
estabilização no solo, o mesmo não sendo adequado para construção, se estudo prévio de suas
especificações, ocorrem as fissuras por recalques. Esse tipo de fissura pode comprometer o uso da
edificação devido aos riscos e segurança, dependendo de sua espessura, causa e comprimento
(THOMAZ, 1989).
Segundo Thomaz (1989), as fissuras de recalque podem ser por carregamentos
desbalanceados, cargas de trabalho superior a carga admissível do solo, apoio do solo não adequado
para o tipo de fundação, falta de homogeneidade do solo, rebaixamento de lençol freático e a
influência de edificação vizinha.
Figura 10 - Fissuras resultante de movimentações do rebaixamento do lençol freático.

Fonte: Thomaz (1989) Adaptado.

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3. METODOLOGIA

Neste item foi apresentado o ambiente da pesquisa, os materiais utilizados e a descrição dos
procedimentos executados para a realização da pesquisa.

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA

Inicialmente, na pesquisa ocorreu o levantamento bibliográfico em artigos e trabalhos


acadêmicos semelhantes, para orientar o estudo de caso foram buscadas informações teóricas sobre:
alvenaria convencional, patologias em alvenaria convencional e os tipos de fissuras apresentadas no
resultado de discussões. Esta fase visou à compreensão do tema, os erros do processo construtivo e o
efeito pós ocupacional. O resultado contribui para o surgimento de falhas, especificamente a formação
de fissuras e as possíveis formas e configurações que as mesmas se manifestam.
Foi abordada uma pesquisa que se caracteriza como exploratória e qualitativa, por se basear
em fundamentação teórica e por conter dados qualitativos coletados a partir de eventos reais, com o
objetivo de explicar, explorar e descrever fenômenos atuais inseridos em seu próprio contexto.

3.2 AMBIENTE DE PESQUISA

Para a pesquisa, foi realizada uma visita técnica em um imóvel na cidade de Camboriú-SC,
com sete pavimentos e para obtenção dos registros, ocorreu o mapeamento das fissuras existentes
através de fotografias.

Quadro 2 - Etapas da pesquisa.


1ª ETAPA ANÁLISE DAS PATOLOGIAS – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2º ETAPA LEVANTAMENTO DAS PATOLOGIAS DO EDIFÍCIO
3ª ETAPA ESTUDO DE CASO ANÁLISE DIAGNOSTICA
4ª ETAPA RESULTADOS E DISCUSSÕES
Fonte: Autores (2021).

Durante a inspeção foi observado a repetição de algumas patologias. Assim serão destacadas
as fissuras com formato horizontal, vertical, e diagonal, visualizadas no local de estudo. Serão

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apresentadas as possíveis causas das fissuras encontradas no local avaliado, aliando as análises e as
observações realizadas no local do estudo ao embasamento obtido através da literatura utilizada no
presente trabalho. Na conclusão foram propostas algumas sugestões para solucionar ou amenizar as
patologias delimitadas.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

A análise do estudo de caso ocorreu em um residencial multifamiliar em Camboriú-SC, com


cinco andares de apartamentos, duas garagens, subsolo e duas salas comerciais. Com
aproximadamente 10 anos de conclusão de obra, o prédio está em utilização. Sua estrutura construída
em concreto armado e a vedação em alvenaria convencional, com bloco cerâmico. Na visita ocorreram
os registros dos locais onde se encontram manifestações patológicas.
Em seguida, identificadas várias manifestações patológicas como bolor, trincas, infiltrações
entre outras, todas tem sua devida importância para estudos e laudos na construção civil, porém as
mesmas não geraram importância significativa para este artigo, cujo o tema está delimitado a
fissurações, já outras manifestações patológicas tiveram relevância significativa para contribuição
desse conteúdo, com análises das fissuras provocadas por ausência de enchimento no encontro de
alvenaria e viga; fissuras causadas por dilatação térmica ou variação de temperaturas; fissuras
originadas por inexistência de amarração entre paredes e pilar. Na comparação entre as informações
coletadas e a pesquisa teórica, presumiu-se que os princípios das manifestações patológicas podem
ter sido causados por inúmeros motivos, desde falhas no dimensionamento, qualidade de materiais,
na execução e por não ter um acompanhamento de equipe técnica capacitada para a gestão do
empreendimento. Foram apresentadas algumas sugestões que visaram contribuir para a eliminação,
estabilização e também, e algumas técnicas corretivas adequadas para a recuperação das
manifestações.

4.1. APRESENTAÇÃO DAS PATOLOGIAS ENCONTRADAS

Na figura 11 e no (Anexo 1) anexo esse disponível no final do estudo, consta o registro de uma
fissura diagonal, acima do vão da porta situada no hall de entrada, no primeiro andar dos
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apartamentos. A suposição é de que pode ter sido causada por lapso no dimensionamento do projeto,
ou a má execução, também a ausência de verga o que pode gerar a ineficiência dos componentes de
vedação “bloco cerâmico e reboco”. O que mostra no desenho da fissura estar em diagonal e logo
acima da porta, originando a suposição dessa anomalia.

Figura 11– Fissuras por movimentações e concentração de tensão.

Fonte: Autores (2021).

Na figura 12 e no (Anexo 2) anexo que consta no final do estudo, foi localizada uma fissura
vertical na escadaria do terceiro pavimento, devido a identificação de bolor nos andares de cima e
possíveis infiltrações externas, houve a dilatação do elemento estrutural e provavelmente não ocorreu
a realização adequada da ancoragem entre a o pilar e a alvenaria ocasionando a movimentos distintos
entre os elementos.
Figura 12 – Fissura vertical.

Fonte: Autores (2021).

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Na figura 13 e no (Anexo 3) anexo também disponível no final do estudo, foram descobertas
fissuras no pavimento das garagens, segundo a pesquisa feita pela equipe e a análise visual pode ter
sido causada por insuficiência ou ausência de encunhamento entre fundo do pilar e a parede,
produzido por sobrecargas ou movimentações térmicas, tendo em vista que nos dois andares teve
identificação de anomalias semelhantes, coincidentemente nos locais onde há mais carga.

Figura 13 – Fissura causadas por falta de encunhamento entre fundo e vigas.

Fonte: Autores (2021).

Na figura 14 e no (Anexo 4) anexo que está disponível no final do estudo, na cobertura houve
a identificação de variadas fissuras, que poderiam ser evitadas se previstas juntas de dilatações em
projeto. Essas fissuras presumem-se que foram ocasionadas por movimentações térmicas, nesse local,
ocorreu exposição direta à ação do meio ambiente. As altas temperaturas em locais como platibandas,
ocasionam fissuras, não só no revestimento, como nas juntas dos blocos cerâmicos, resultando no
desplacamento da argamassa.
Figura 14 – Fissuras por movimentações térmicas.

Fonte: Autores (2021).

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Na figura 15 e no (Anexo 5) que consta anexo no final do estudo, identificou-se fissuras
horizontais na lixeira externa, localizada em cima de um talude e ao lado da entrada da garagem,
sendo uma estrutura isolada do edifício. Devido análise teórica e visual acredita-se que as fissuras
surgiram por recalque diferencial, e provocadas por excesso de carga da edificação no solo (bulbo de
tensões) por motivo da lixeira estar ao lado externo da edificação. E diante da constatação dessas
fissurações somente em um lado da lixeira, houve suposição de que diferentes características de solos
podem compor o apoio da estrutura, fazendo que somente uma parte dela se mova.

Figura 15 – Fissuras horizontais por recalque diferencial.

Fonte: Autores (2021).

Na figura 17 e no (Anexo 6) anexo com registro disponível no final do estudo, a suposição é


de que a fissura localizada, provavelmente ocasionada por retração dos componentes da alvenaria e
juntas de argamassas, o movimento ocorreu ao lado direito da parede de alvenaria. Tais fissuras
verticais podem ter sido originadas por sobrecargas excessivas localizadas na periferia das garagens.
Figura 16 - Fissura causada por ruptura por compressão.

Fonte: Autores (2021).

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Na figura 18 e no (Anexo 1) anexo esse disponível no final do estudo, no quarto pavimento, a
fissura diagonal foi localizada no shaft da área comum. Pressupõe-se que a fissura diagonal ocorreu
pela intensidade da flexão e por falta de elementos estruturais como verga e contra-verga.

Figura 18 - Fissura diagonal

Fonte: Autores (2021).

4..2 MEDIDAS PREVENTIVAS E CORRETIVAS

Para uma construção duradoura recomenda-se adotar um conjunto de decisões e


procedimentos que garantam à estrutura, um desempenho longo a construção (JÚNIOR, 2015).
As melhores garantias de alcance da qualidade estão no investimento de prevenção,
certificação e controle de todas as etapas do trabalho. Para Santos e Klimbel (2010), os investimentos
se resumem à contratação de serviços de qualidade, treinamento pessoal, utilização de normas e
procedimentos técnicos, adoção de técnicas racionalizadas, estudo de medida de segurança, seleção
de fornecedores, preparação de planos e controles, planificação e manutenção do material.
No encontro entre paredes, a união entre paredes estruturais a sugestão é de que seja realizada
com encaixe e quando não houver esta possibilidade admite-se a união por esforço metálico, desde
que seja eficiente para evitar fissuras e permita a distribuição de esforços entre as paredes, causadas
pelas paredes ou pela sobrecarga.
Há necessidade de previsão em projeto a execução de vergas e contra-vergas para absorver a
concentração de tensão gerada nas aberturas. Conforme NBR 15961-1/2011, o projeto deve indicar
as resistências de compressão dos elementos, blocos, argamassas e graute, assim como o aço a ser
especificado.
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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa realizada, possibilitou analisar algumas patologias em um residencial multifamiliar


em Camboriú-SC, com cinco andares de apartamentos, duas garagens, subsolo e duas salas
comerciais.
Foram identificadas algumas patologias para contribuição de conteúdos ao nosso artigo,
destacando-se as fissuras provocadas por ausência de enchimento no encontro de alvenaria e viga;
fissuras causadas por dilatação térmica ou variação de temperaturas; fissuras originadas por
inexistência de amarração entre paredes e pilar as quais mais se repetiram nessa obra.
As informações coletadas foram relacionadas com a pesquisa teórica. Percebe-se os princípios
das anomalias, além de apresentar algumas sugestões possíveis para a eliminação, estabilização, e
também algumas técnicas corretivas adequadas para a recuperação.
Identificados os problemas, teve apresentação de algumas soluções como a união por reforço
metálico, desde que seja eficiente para evitar fissuras e permita a distribuição de esforços entre as
paredes ou pela sobrecarga. Também indicado a execução de vergas e contra-vergas, como uma
possibilidade buscada para absorver a concentração de tensão gerada nas aberturas, como visto no
estudo de caso no anexo 1 e figura 21.
Através do presente estudo, observou-se a necessidade da realização de vistorias pelas
Prefeituras das cidades, para avaliação dos estados das obras em uso e exigência de correções das
patologias que podem comprometer a segurança das construções e de seus usuários.
Por fim, o que se constata é a importância do(a) Engenheiro(a) Civil desde o projeto
arquitetônico, estrutural, a fundação, com estudo do solo, contribuindo para evitar as patologias em
obras da construção civil, bem como seguir as Normas Técnicas Brasileiras que orientam os
procedimentos para obras com segurança, responsabilidade profissional e qualidade.

REFERÊNCIAS

ASSIS, Fernando Fernandes de; RABELO, Guilherme Quintino. Fissuras por Movimentação
Térmica em Estruturas de Concreto Armado. 2013. 80 p. Universidade Federal de Goiás, Goiânia,
2013. Disponível em:

18
https://files.cercomp.ufg.br/weby/up/140/o/FISSURAS_POR_MOVIMENTA%C3%87%C3%83O_
T%C3%89RMICA_EM_ESTRUTURAS_DE_CONCRETO_ARMADO.pdf. Acesso em: Nov./21.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15575: Desempenho de


edificações habitacionais. Rio de Janeiro, 2013. Disponível em:
https://www.caubr.gov.br/wpcontent/uploads/2015/09/2_guia_normas_final.pdf. Acesso em:
Nov./21.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15575: Desempenho de


edificações habitacionais. Parte 2: Requisitos para os sistemas estruturais Rio de Janeiro, 2013.
Disponível em: https://www.caubr.gov.br/wp-content/uploads/2015/09/2_guia_normas_final.pdf.
Acesso em: Nov./21.

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file:///C:/Users/Cliente/AppData/Local/Temp/Materiais%20de%20Constru%C3%A7%C3%A3o%2
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Acesso em: Nov./21.

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21
ANEXO 1- Fissuras horizontais

ANEXO 2- Fissura verticais

ANEXO 3- Fissuras causadas por insuficiência ou ausência de encunhamento entre fundo de viga e
a parede.

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ANEXO 4 – Fissuras por movimentações térmicas.

ANEXO 5 - Fissuras horizontais.

ANEXO 6 - Fissura diagonal.

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