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UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO

PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTRUTURAS DE CONCRETO E


FUNDAÇÕES

TATIANE MIRANDA RABELO

IDENTIFICAÇÃO VISUAL DE PATOLOGIAS E PROCEDIMENTOS


PARA REPARO, RECUPERAÇÃO OU REFORÇO EM LAJES
MACIÇAS

BELÉM
2016
TATIANE MIRANDA RABELO

IDENTIFICAÇÃO VISUAL DE PATOLOGIAS E PROCEDIMENTOS


PARA REPARO, RECUPERAÇÃO OU REFORÇO EM LAJES
MACIÇAS

Monografia apresentada ao Curso de


Especialização em Estruturas de Concreto e
Fundações, Universidade Cidade de São
Paulo, como requisito parcial para obtenção do
título de Especialista.

BELÉM
2016
TATIANE MIRANDA RABELO

IDENTIFICAÇÃO VISUAL DE PATOLOGIAS E PROCEDIMENTOS


PARA REPARO, RECUPERAÇÃO OU REFORÇO EM LAJES
MACIÇAS

Monografia apresentada ao Curso de


Especialização em Estruturas de Concreto e
Fundações, Universidade da Cidade de São
Paulo, como requisito parcial para obtenção do
título de Especialista.

Área de concentração:
Data da apresentação:

Resultado: ______________________

BANCA EXAMINADORA:

Prof.
Universidade Cidade de São Paulo ______________________________________

Prof.
Universidade Cidade de São Paulo ______________________________________
Aos meus amados pais e a Deus que é digno
de toda honra.
AGRADECIMENTOS

Agradeço sobre tudo a Deus por ter me guardado, iluminado, me permitido viver todas
essas experiências e por todas as pessoas que colocou em meu caminho para me ajudarem
nessa jornada.
Aos meus pais por todo o amor, carinho, incentivo, apoio e compreensão sem os quais
seria muito difícil persistir.
Aos meus colegas de classe pela cooperação e amizade
Aos professores pela orientação, dedicação e ensinamentos compartilhados.
Aos administradores do curso pela seriedade e vontade em anteder da melhor maneira
possível.
E a todos que contribuíram de alguma forma com meu desenvolvimento profissional
.
6

“A mente que se abre a uma nova ideia jamais


voltará ao seu tamanho original. ”
Albert Einstein
7

RESUMO

Pesquisa bibliográfica exploratória explicativa para identificação visual de patologias em lajes


maciças, apresentando opções de técnicas de reparo e reforço para cada tipo de patologia,
tendo como objetivo subsidiar o construtor no acompanhamento na execução de reparo e
reforço. A urgência em se liberar uma edificação para uso em curto prazo, a necessidade de se
manter uma edificação em operação, ou até mesmo a viabilidade econômica são situações
muito comuns que levam os construtores a optar pela recuperação ou reforço de uma estrutura
ao invés da reconstrução. Porém, antes de qualquer opção ou intervenção é necessário que o
construtor possa identificar o tipo de patologia que se depara e conhecer as opções de reparo
ou reforço disponíveis facilitando sua comunicação com o calculista, análises econômicas e
de prazo. Conclui-se que a maioria das patologias em lajes maciças são facilmente
identificadas visualmente, através de fissuras, manchas, desagregação do concreto, etc.
Através dessas manifestações identifica-se os processos adequados de recuperação e reforço a
serem utilizados

Palavras-chave: Lajes. Reforço. Recuperação. Patologia.


8

ABSTRACT

Explanatory bibliographical research for visual identification of pathologies in solid slabs,


with repair of technical options and reinforcement for each type of pathology, with the
objective of supporting the builder in monitoring the implementation of repair and
reinforcement. The urgency to release a building for short-term use, the need to maintain a
building in operation, or even economic viability are very common situations that lead
builders to opt for recovery or strengthening of a structure instead of reconstruction .
However, before any option or intervention is necessary for the manufacturer to identify the
type of condition that is faced and know the repair options or enhancement available
facilitating their communication with the calculating, economic analysis and run. It follows
that the majority of pathologies in solid slabs are easily identified visually through cracks,
stains, disaggregation of concrete, etc. Through these manifestations identifies the appropriate
processes of recovery and reinforcement to be used
.

Keywords: Slab. Reinforcement. Recovery. Pathology.


9

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 :Tipos de fissuras .................................................................................................................... 17

Figura 2 :Fissura por retração plástica .................................................................................................. 17

Figura 3 : Retração Hidráulica .............................................................................................................. 18

Figura 5 : Fissura Estrutural .................................................................................................................. 19

Figura 6: Corrosão de armadura ............................................................................................................ 20

Figura 7: Eflorescência.......................................................................................................................... 21

Figura 8 : Reação Alcalis Agregado ..................................................................................................... 24

Figura 9 : Corrosão por ataque de cloretos, com manchas superficiais marrom-avermelhadas e


corrosão localizada ................................................................................................................................ 25

Figura 10 : Ataque por sulfato, material separável a mão, .................................................................... 25

Figura 11 : Corrosão por carbonatação ................................................................................................. 27

Figura 12 : Delimitação da área a ser recuperada ................................................................................. 29

Figura 13: Delimitação de áreas com manifestações muito próximas de corrosão, .............................. 30

Figura 14 : Remoção do concreto contaminado .................................................................................... 31

Figura 15 : Área Removida de concreto contaminado .......................................................................... 31

Figura 16 : Limpeza das Armaduras ..................................................................................................... 32

Figura 17 : Complementação de Seção de armadura ............................................................................ 32

Figura 18 : Passivação das Armaduras .................................................................................................. 33

Figura 19 : Limpeza para construção da ponte de aderência................................................................. 34

Figura 20 : Umidecimento da área para construção da ponte de aderência .......................................... 34

Figura 21 : Construção da ponte de aderência ...................................................................................... 35

Figura 22 : Umidecimento para recuperação da área ............................................................................ 35

Figura 23 : Recomposição da Seção ..................................................................................................... 36

Figura 24 : Umidecimento da área reparada. ........................................................................................ 36

Figura 25 : Condições de saturamento .................................................................................................. 37

Figura 26 : Bicos injetores de aderência, .............................................................................................. 38


10

Figura 27 : Bicos injetores de perfuração.............................................................................................. 38

Figura 28: Fissuras causadas por retração em lajes. .............................................................................. 40

Figura 29 : Fissuramento típico de lajes simplesmente apoiadas .......................................................... 41

Figura 30 : Reforço pela Face Inferior da Laje. .................................................................................... 42

Figura 31 : Execução dos Furos para fixação dos grampos .................................................................. 42

Figura 32 : Grampos de conexão........................................................................................................... 43

Figura 33 : Arranque soldado a perfil metálico fixado na viga ............................................................. 43

Figura 34 : Armadura de reforço montada ............................................................................................ 44

Figura 35 : Camada de concreto projetado............................................................................................ 44

Figura 36 : Aspecto final ....................................................................................................................... 46

Figura 37 :Reforço pela Face Superior da Laje ..................................................................................... 46

Figura 38 : Reforço de Ari Machado .................................................................................................... 47

Figura 39 :Reforço de Ari Machado ..................................................................................................... 48

Figura 40 :Limpeza da face inferior de uma laje com utilização de politriz elétrica com aspirador de pó
acoplado ................................................................................................................................................ 49

Figura 41 : Arredondamento de cantos vivos. ....................................................................................... 49

Figura 42 : Imprimador primário .......................................................................................................... 50

Figura 43 : Corte da fita de carbono ...................................................................................................... 51

Figura 44 : Rolagem de bolhas de ar ..................................................................................................... 52

Figura 45 : Trincas na face superior da laje devida à ausência de armadura negativa .......................... 53

Figura 46 : Reforço por Embutimento da Armadura ............................................................................ 54

Figura 47 :Trincas inclinadas devidas à torção da laje .......................................................................... 55

Figura 48 : Reforço para Momento Volvente ....................................................................................... 55

Figura 49 : Processo de formação de fissuras de punção ...................................................................... 56

Figura 50 : Ruptura por Punção ............................................................................................................ 56

Figura 52 : Reforço ao cisalhamento por punção com PRFC ............................................................... 57

Figura 53 : Fabricação dos Pinos .......................................................................................................... 57

Figura 54 : Fibras cortadas .................................................................................................................... 58


11

Figura 55 :Pino Enrolado em Tubo de PVC.......................................................................................... 58

Figura 56 : Perfuração ........................................................................................................................... 59

Figura 57 : Ponta montada e furo arredondado ..................................................................................... 59

Figura 58 : Superfície lixada e perfurada .............................................................................................. 59

Figura 59 : Aplicação de prime e putty. ................................................................................................ 60

Figura 60 : Processo de Instalação ........................................................................................................ 60

Figura 61 : Aplicação do Saturante ....................................................................................................... 61

Figura 62 : Acabamento das pontas ...................................................................................................... 61

Figura 63 : Ancoragem e colagem da extremidade do pino .................................................................. 61

Figura 64 :Laje Reforçada ..................................................................................................................... 62

Figura 65 Aplicação do Saturante ........................................................................................................ 63

Figura 66 :Fitas presas com garras ........................................................................................................ 63

Figura 67 : Fixação das fibras no saturant e transpasse das fibras ........................................................ 64

Figura 68 : Sequencia reforço Stitch ..................................................................................................... 64

Figura 69 : Segunda aplicação do saturante .......................................................................................... 64

Figura 70 : Laje reforçada ..................................................................................................................... 65

Figura 71 : Esquema geral da laje reforçada ......................................................................................... 65


12

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 15

1.1 Objetivo ............................................................................................................................. 15

1.2 Delimitações ...................................................................................................................... 15

1.3 Questionamentos ............................................................................................................... 15

2 CONCEITOS BÁSICOS..................................................................................................... 15

2.1 Lajes em Estrutura de Concreto Armado ...................................................................... 15


2.1.1 Concreto ......................................................................................................................... 15
2.1.2 Aço .................................................................................................................................. 15

2.2 Manifestações Patológicas em Lajes de Concreto ......................................................... 16


2.2.1 Fissuras ........................................................................................................................... 16
2.2.1.1 Tipologia Característica das Fissuras: ........................................................................ 16
2.2.1.1.1 Fissuras de retração .................................................................................................. 17
2.2.1.1.2 Fissuras estruturais ................................................................................................... 19
2.2.2 Corrosão .......................................................................................................................... 20
2.2.2.1 Sequência dos Efeitos da Corrosão .............................................................................. 20
2.2.3 Degradação do concreto ................................................................................................. 20
2.2.4 Eflorescência .................................................................................................................. 21
2.3 Fatores causadores de Manifestações Patológicas em Estruturas de Concreto
Armado ............................................................................................................................. 21
2.3.1 Falhas de Projeto ............................................................................................................ 22
2.3.2 Falhas de Execução........................................................................................................ 22
2.3.2.1Formas ........................................................................................................................... 22
2.3.2.2 Armadura ...................................................................................................................... 22
2.3.2.3 Concreto ....................................................................................................................... 23

2.3.3 Ações Mecânicas. ............................................................................................................ 23

2.3.4 Ações Físicas................................................................................................................... 23


2.3.5 Ações Químicas............................................................................................................... 23
2.3.5.1 Reação Alcalis-agregado ............................................................................................. 24
13

2.3.5.2 Ataque por cloretos ...................................................................................................... 24


2.3.5.3 Ataque por sulfatos ....................................................................................................... 25
2.3.5.4 Carbonatação ............................................................................................................... 27
2.3.6 Ações Biológicas ............................................................................................................. 27

2.4 Reparo e Recuperação Estrutural................................................................................... 28

2.5 Reforço Estrutural ............................................................................................................ 28

3 REPARO E RECUPERAÇÃO DA ESTRUTURA .......................................................... 29

3.1 Recuperação de Lajes Devido a Corrosão de Armadura ............................................. 29

3.2 Reparo de Fissuras ........................................................................................................... 37

3.3 Injeção de Fissuras ........................................................................................................... 37

3.4 Recuperação de Lajes Devido à Retração ...................................................................... 39


3.4.1 Identificação Visual da Patologia ................................................................................. 39
3.4.2 Procedimentos para Recuperação ................................................................................ 40

4 reforço estrutura .................................................................................................................. 41

4.1 Reforço de Lajes Devidos à Flexão por Momentos Positivos ....................................... 41


4.1.1 Identificação Visual da Patologia ................................................................................. 41
4.1.2 Procedimentos para Reforço ........................................................................................ 41
4.1.2.1 Reforço com Concreto Armado pela Face Inferior ...................................................... 41
4.1.2.2 Reforço em concreto armado pela face superior ......................................................... 46
4.1.2.3 Reforço com Fitas de Carbono..................................................................................... 47

4.2 Reforço em Lajes Devido à Flexão Momento negativos ............................................... 53


4.2.1 Identificação Visual da patologia ................................................................................. 53
4.2.3 Procedimentos para Reforço................................................................................... 53
4.2.3.1Reforço com Concreto Armado ..................................................................................... 53

4.3 Reforço em Lajes Devido á Torção ................................................................................. 54


4.3.1 Identificação Visual da Patologia ................................................................................. 54
4.3.2 Procedimentos para Reforço ........................................................................................ 55
4.3.2.1Reforço com Concreto Armado ..................................................................................... 55

4.4 Reforço de Lajes devido á Punção .................................................................................. 56


4.4.1 Identificação da Patologia ............................................................................................. 56
14

4.4.2 Procedimentos para Reforço................................................................................... 57


4.4.2.1 Reforço com Polímeros Reforçados com Fibra De Carbono (PRFC) ......................... 57

5 Considerações finais ............................................................................................................ 66

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 67
15

1 INTRODUÇÃO

1.1 Objetivo

Auxiliar o construtor na identificação visual de patologias em lajes maciças, apresentar


opções de técnicas de reparo e reforço para cada tipo de patologia, subsidiar o construtor no
acompanhamento na execução de reparo e reforço.

1.2 Delimitações

Serão apresentadas patologias em lajes maciças com identificação visual das


patologias e descrição das técnicas e cuidados na execução.

1.3 Questionamentos
Qual a diferença entre reparo e reforço?
Pode-se identificar visualmente o tipo de patologia em lajes maciças e os
procedimentos adequados para cada tipo de patologia através de avaliação visual?
Fissuras de retração necessitam de reparo ou reforço?

2 CONCEITOS BÁSICOS

2.1 Lajes em Estrutura de Concreto Armado

2.1.1 Concreto

Para Chust e Figueredo (2004) O concreto é um material composto por água, cimento
e agregado.

2.1.2 Aço
16

Para Walter Pfeil 1984, Aço é uma liga de ferro e carbono com outros elementos
adicionais como silício, manganês, fósforo, enxofre, etc. O teor de carbono varia de 0% a
1,7%.

2.2 Manifestações Patológicas em Lajes de Concreto

As manifestações patológicas mais comuns no concreto são: alterações de tonalidade


da superfície, deformações, fissuração, descamação, desplacamento, ruína.

2.2.1 Fissuras

Origem: concreto fresco ou endurecido.


Causas: projeto, execução, materiais, elementos externos.
Motivos: endógenos, exógenos.
Fatores: físicos, químicos.
Fatores físicos: térmicos, estruturais.
Fatores térmicos: variações térmicas, secagem precoce.
Fatores estruturais: sobrecarga, sub-dimensionamento, fluência, abrasão, deformação.
Fatores químicos: reações internas, contaminação (penetração de elementos agressivos
ou nocivos).
Reações internas: hidratação, reação álcali-agregado.
Contaminação: carbonatação, desagregação, corrosão de armaduras

2.2.1.1 Tipologia Característica das Fissuras:


17

Figura 1 :Tipos de fissuras,

Fonte: Granato e Polidoro

2.2.1.1.1 Fissuras de retração

Retração plástica: fissuras superficiais, paralelas, direções aleatórias.

Figura 2 : Fissura por retração plástica

Fonte: Resende, 2012.


18

Retração hidráulica ou retração por secagem: fissuras superficiais, pé de galinha, pele


de jacaré, mapeamento.

Figura 3 : Retração Hidráulica

Fonte: Resende, 2012.

Retração térmica: fissuras superficiais, seccionais, regulares.

Figura 4: Fissura por retração térmica por secagem,

Fonte: Barbosa, 2006.


19

2.2.1.1.2 Fissuras estruturais

As fissuras estruturais devem-se, normalmente a problemas de dimensionamento,


execução ou sobrecargas.
Cobrimento insuficiente ou corrosão das armaduras: fissura ao longo da extensão da
armadura.
Flexão simples: fissuras radiais em relação à carga.
Flexão composta: fissuras semi-parabólicas entre as cargas.
Punção: fissuras perimetrais.
Cisalhamento: fissura entre carga e apoio.
Recalques diferenciais: geralmente inclinadas a aproximadamente 45º (no sentido do
recalque).
Cantos de vãos (pontos de concentração de cargas): geralmente inclinadas (a partir do
canto).

Figura 4 : Fissura Estrutural

Fonte: Resende, 2012.


20

2.2.2 Corrosão

Cascudo (1995) citado em klivia (2011), define corrosão de elementos metálicos como
sendo a alteração de um metal em íon metálico pela sua alteração química ou eletroquímica
com o meio ambiente.

2.2.2.1 Sequência dos Efeitos da Corrosão

 Despassivação da armadura
 Expansão da armadura
 Fissuração do concreto
 Desplacamento do concreto
 Tratamento: recuperação ou reparo estrutural.

Figura 5 :Corrosão de armadura

Fonte: Klivia, 2011.

2.2.3 Degradação do concreto

A desagregação é a perda de massa de concreto devido a um ataque químico


expansivo de produtos inerentes ao concreto e/ou devido à baixa resistência do mesmo,
caracterizando-se por agregados soltos ou de fácil remoção, (KLIVIA 2011)
21

2.2.4 Eflorescência

É a formação de depósitos salinos na superfície do concreto, resultante da água de


infiltrações ou intempéries. Esses sais constituintes podem ser agressivos e causar
desagregação profunda, além da modificação do aspecto visual na estrutura, pois há um
contraste de cor entre os sais e o substrato sobre os quais se depositam, (KLIVIA 2011).

Figura 6 : Eflorescência

Fonte: Klivia, 2011.

2.3 Fatores causadores de Manifestações Patológicas em Estruturas de Concreto Armado

As manifestações patológicas no concreto podem ocorrer por:


 Falhas de projeto;
 Falhas de execução: concreto, formas, armadura;
 Ações Mecânicas;
 Ações Físicas;
 Ações Biológicas.
22

2.3.1 Falhas de Projeto

Para Custódio e Ripper (1998) as falhas de projeto ocorrem geralmente por:


 Elementos de projeto inadequados (má definição das ações atuantes ou da
combinação mais desfavorável das mesmas, escolha infeliz do modelo
analítico, deficiência no cálculo da estrutura ou na avaliação da resistência do
solo etc.)
 Falta de compatibilização entre estrutura e a arquitetura, bem como demais
projetos civis;
 Especificação inadequada de materiais;
 Detalhamento insuficiente ou errado;
 Detalhes construtivos inexequíveis;
 Falta de padronização das representações (convenções);
 Erros de dimensionamento.

2.3.2 Falhas de Execução


2.3.2.1Formas

As falhas de execução em relação ao concreto podem ser em decorrência da falta de


cuidados com relação às dimensões especificadas em projeto, modulação, umedecimento,
estanqueidade ou remoção. São observadas pela ocorrência de porosidade e alterações na
geometria.
As falhas em relação à forma resultam em redução da capacidade estrutural e
durabilidade da estrutura.

2.3.2.2 Armadura

As falhas de execução em relação ao concreto podem ser em decorrência da falta de


cuidados com relação ao espaçamento entre as armaduras, posicionamento das armaduras,
insuficiência de armadura, recobrimento insuficiente, deficiência nos sistemas de ancoragem e
emenda, má utilização dos anticorrosivos, etc.
Nesses casos ocorre a corrosão da armadura.
As falhas em relação à armadura resultam em fissuras, descamação, desplacamento e
até ruína da estrutura de concreto.
23

2.3.2.3 Concreto

As falhas de execução em relação ao concreto podem ser em decorrência da falta de


cuidados com a compacidade do concreto (falhas na dosagem ou aplicação) ou com a cura
inadequada.
Nas manifestações patológicas associadas à má compacidade observa-se a exsudação,
segregação, porosidade e descamação.
Com relação à cura observam-se fissuras, porosidade, retração.
As falhas em relação ao concreto resultam em redução da capacidade estrutural e
durabilidade da estrutura.

2.3.3 Ações Mecânicas.

Para Silvia 2011, podemos destacar como ações mecânicas: a ação de cargas
excessivas não previstas em projeto que podem ocasionar a formação de fissuras e a erosão do
concreto causada por processos de atritamento, arranhamento ou por ação de agua em alta
velocidade.

2.3.4 Ações Físicas

Segundo Souza e Ripper (1998) citado em Kilvia 2011, destacam-se como principais
ações físicas consideradas agressoras às estruturas de concreto: as variações de temperatura;
os movimentos que ocorrem na interface entre materiais submetidos à mesma variação de
temperatura, mas com coeficientes de dilatação diferentes, gerando diferentes deformações.

2.3.5 Ações Químicas

Para Brandão (1998) citado em Kilvia 2011, determinadas substâncias encontradas no


meio ambiente penetram na massa de concreto endurecido e, sob condições especiais de
temperatura e umidade, provocam reações químicas com efeitos nocivos. Sendo o concreto,
normalmente, um material com baixa resistência a esse tipo de ataque, as ações químicas
acabam se tornando uma das principais causas de deterioração das estruturas.
24

Klivia (2011) destaca ainda como principais ações químicas a Reação álcalis-
agregados, ataque por cloretos, ataque por sulfatos e carbonatação.

2.3.5.1 Reação Alcalis-agregado

Para Custódio e Ripper (1998) a reação álcalis-agregado resulta da interação entre a


sílica reativa de alguns tipos de minerais utilizados como agregados e os íons álcalis (Na+ e
k+) presentes nos cimentos, liberados durante a hidratação dos mesmos, ou ainda pela
penetração de cloretos, contendo estes mesmos íons, no meio concreto. Esta reação é
expansiva, pela formação adicional de sólidos em meio confinado, provocando, de início a
fissuração da superfície do concreto, conferindo à mesma o aspecto de um mosaico, para
posteriormente vir a desagregar a estrutura, criando crateras profundas de aspecto cônico,
pelas quais escorre, às vezes um gel de sílica. (Figura 8)

Figura 7:Reação Alcalis Agregado

Fonte: Barbosa 2006

2.3.5.2 Ataque por cloretos

Os cloretos podem ser adicionados involuntariamente ao concreto a partir do uso de


aditivos aceleradores de pega, de águas e agregados contaminados, a partir de tratamentos de
25

limpeza realizados com ácido muriático e podem também penetrar no concreto ao


aproveitarem-se de sua estrutura porosa, Souza e Ripper (1998).

Figura 8 : Corrosão por ataque de cloretos, com manchas superficiais marrom-avermelhadas e


corrosão localizada

Fonte: Nakamura, 2004.

2.3.5.3 Ataque por sulfatos

A NBR 7211 (ABNT, 2009) estabelece limites para os teores de cloretos e sulfatos,
conforme Quadro 01 a seguir, para agregados provenientes de regiões litorâneas, ou extraídas
de águas salobras ou então quando houver suspeita de contaminação natural (região onde
ocorrem sulfatos naturais como a gipsita) ou industrial (água do lençol freático contaminada
por efluentes industriais).

Figura 9 : Ataque por sulfato, material separável a mão,

Fonte: Coutinho, 2001.


26

Quadro 01: Limites dos teores de cloretos e sulfatos,

Fonte: NBR7211

Para Brandão (1998) apud Klivia (2011), os sulfatos podem ser considerados
elementos muito agressivos, entretanto quando sólidos esses sais não atacam o concreto. Mas,
quando em solução, os sulfatos de cálcio, sódio, potássio, magnésio e amônia podem reagir
com a pasta de cimento endurecida e levar à total desagregação do concreto. O ataque é
devido às reações dos sulfatos com o hidróxido de cálcio livre e com os aluminatos de cálcio
hidratados, resultantes da hidratação do cimento. Os produtos dessas reações,
respectivamente, gesso e o sulfa-aluminato de cálcio, cristalizam-se com a água num processo
acompanhado por aumento de volume. Essa expansão é seguida de fissuração progressiva de
configuração irregular o que facilita o acesso de novas soluções de sulfato. O concreto adquire
uma aparência esbranquiçada característica, podendo ocorrer também o desprendimento de
lascas.
27

2.3.5.4 Carbonatação

A penetração de dióxido de carbono no concreto conduz a uma reação com o


hidróxido de cálcio existente na pasta, alterando a alcalinidade do meio, que pode levar à
despassivação da armadura.
A verificação da alteração do pH do meio pode ser feita de maneira bastante simples,
mediante aplicação de solução alcoólica de fenolftaleína a 1%, que conferirá coloração
vermelha ao meio com pH acima de 10 (concreto são) e manterá incolor no meio carbonatado.

Figura 10 : Corrosão por carbonatação

Fonte: Barbosa, 2006

2.3.6 Ações Biológicas

Klivia (2011), cita o crescimento de vegetação nas estruturas, em que as raízes


penetram principalmente através de pequenas falhas de concretagem, ou pelas fissuras e
juntas de dilatação, e o desenvolvimento de organismos e microrganismos em certas partes da
estrutura, como exemplo de agentes biológicos causadores da deterioração e da desagregação
do concreto.
28

2.4 Reparo e Recuperação Estrutural

Consiste em realizar intervenções que visam desenvolver o desempenho perdido. Um


reparo ou uma recuperação estrutural exige os seguintes cuidados básicos:

 Limpeza da superfície.

 Identificação e delimitação da área deteriorada.

 Escarificação e remoção do concreto danificado

 Limpeza da superfície escarificada.

 Limpeza da armadura (escova, jato abrasivo, produto químico)

 Verificação da perda de seção da armadura.

 Caso seja significativa, reforçar ou substituir a armadura.

 Reconstituir o concreto

2.5 Reforço Estrutural

Consiste em realizar intervenções que visem aumentar o desempenho da estrutura, sem


a necessidade de demolição e reconstrução da estrutura.
Exige preparo da superfície: normalmente limpeza e apicoamento ou escarificação.
As principais técnicas a serem apresentadas são:
 Aumento da seção da peça: armadura adicional, concreto moldado ou concreto
projetado.
 Adição de compósitos como fibra de carbono aderida à superfície ou chapas de
aço coladas.
 Reforço com elementos metálicos
29

3 REPARO E RECUPERAÇÃO DA ESTRUTURA

3.1 Recuperação de Lajes Devido a Corrosão de Armadura

Os procedimentos a seguir baseiam-se em publicação sobre recuperação estrutural da


Viatech engenharia.
1º Passo - Delimitação da área para promover a retirar todo o concreto deteriorado até
que se obtenha a exposição completa de uma superfície do concreto sã e íntegra, obedecendo
a um contorno geométrico linear bem definido da área a ser recuperada.
Essa delimitação geralmente é feita com a utilização de um equipamento de serra com
disco diamantado que estabelece um bordo reto com pelo menos 5 mm de profundidade.

Figura 11 :Delimitação da área a ser recuperada

Fonte: Viatech

Caso ocorram manifestações de corrosão muito próximas umas das outras é


conveniente que as áreas de reparos sejam agrupadas em uma única área de geometria bem
definida como pode ser vista na figura 13.
30

Figura 12: Delimitação de áreas com manifestações muito próximas de corrosão,

Fonte: Viatech

2º Passo - Remoção do concreto contaminado, uma vez delimitada a área a ser tratada
passa-se à remoção do concreto contaminado.
Especial cuidado deve ser tomado para que o processo de remoção não seja muito
agressivo a ponto de introduzir microfissuras na massa de concreto decorrentes da energia
empregada. Caso isso aconteça, todas as partículas sólidas aderidas, assim como pós e poeiras
devem ser completamente retiradas.
Viatech Engenharia ressalta que deve ser exposta toda a armadura eventualmente
corroída, devendo ainda ser removido de 1,5 a 2 cm do concreto situado abaixo (por detrás)
das barras expostas. Esta providência tem por objetivo garantir um bom acesso que permita a
correta limpeza das barras da armadura assim como permitir o completo envolvimento e
passivação da mesma quando colocado o material de reparo.
Não deve ser permitida, sob qualquer pretexto, a retirada do material apenas nas
laterais das barras da armadura corroída, deixando a sua parte posterior ainda imersa no
concreto contaminado.
Caso isso aconteça será inevitável a formação de uma pilha de corrosão eletroquímica,
gerada pela diferença dos materiais, uma vez que parte inferior do concreto funcionará como
ânodo e a parte nova, recuperada, funcionará como cátodo, originando um processo de
corrosão muito mais acelerado e agressivo que o anteriormente detectado.
31

Figura 13 : Remoção do concreto contaminado

Fonte: Viatech

Figura 14 :Área Removida de concreto contaminado

Fonte: Viatech

3º Passo - Limpeza das armaduras – Deverá ser promovida uma limpeza vigorosa da
armadura que poderá ser realizada com lixas, escova de aço, limalhas ou jato de areia.
Se a contaminação for decorrente de cloretos ou se o material a ser utilizado no reparo
for epoxídico ou polimérico Viatech, recomenda a limpeza com a utilização de jato de areia é
altamente recomendável.
32

Figura 15: Limpeza das Armaduras

Fonte: Viatech

4º Passo - Complementação de seção de armadura.


Se constatada uma redução (perda) de seção transversal da armadura após a operação
de limpeza das mesmas da ordem de 15% a 25% da seção original da barra é recomendável a
colocação de armadura suplementar para que seja recomposta a seção de aço originalmente
recomendada. Essa nova armadura deverá estar convenientemente ancorada, seguindo
rigorosamente as recomendações das normas estruturais. Caso a nova armadura esteja
previamente imprimada o comprimento de ancoragem a ser adotado deve ser aumentado.
Apesar de permitida pelas normas técnicas estruturais a utilização de solda para
diminuir o comprimento de ancoragem. Viatech recomenda que seja feita com cuidados
especiais para que as altas temperaturas envolvidas no processo não alterem tanto as
características do aço como a qualidade do concreto. Antes desse procedimento é
recomendável a constatação de que o aço existente admite os procedimentos de solda.

Figura 16 : Complementação de Seção de armadura

Fonte: Viatech
33

5º Passo - Passivação das armaduras


Após a limpeza das armaduras é feita a “passivação” das mesmas com a utilização de
produtos específicos.
Os produtos anticorrosivos mais utilizados para a passivação das armaduras são:
 Primer anticorrosivo com base cimentícia;
 Primer anticorrosivo com base epóxi.
É fundamental que a parte inferior das barras da armadura estejam totalmente
imprimadas para que a passivação tenha êxito.

Figura 17 : Passivação das Armaduras

Fonte: Viatech

6º Passo - Nova limpeza para construção da ponte de aderência


Viatech explica que a ponte de aderência, além de permitir uma completa aderência
entre o reparo e o substrato de concreto funciona também como uma barreira de proteção para
a região do reparo.
A primeira etapa dessa construção é a limpeza cuidadosa da superfície que vai receber
a ponte de aderência.
34

Figura 18 : Limpeza para construção da ponte de aderência

Fonte: Viatech

7º Passo - Umedecimento da área para aplicação da ponte de aderência


Após a limpeza, e imediatamente antes de se aplicar a ponte de aderência, as
superfícies interessadas deverão ser umedecidas. Deve ocorrer saturação da superfície sem
que, entretanto, ocorram encharcamentos.
Em faces inferiores muitas vezes usa-se a aplicação de estopas ou sacos de aniagem
molhados para conseguir o objetivo de saturar a superfície do concreto onde se aplicará à
ponte de aderência.

Figura 19 : Umedecimento da área para construção da ponte de aderência

Fonte: Viatech
35

8º Passo - Execução da Ponte de aderência


Viatech recomenda a utilização de uma ponte de aderência cimentícia (de preferência)
ou epoxídico (neste último caso é muito importante que a aplicação da camada seguinte seja
feita dentro do período de atividade da resina epóxi).

Figura 20 : Construção da ponte de aderência

Fonte: Viatech

9º Passo - Umedecimento da área para recuperação da área


Após aplicação da ponte de aderência as áreas interessadas deverão ser umedecidas
novamente. Deve ocorrer saturação da superfície sem que, entretanto, ocorram
encharcamentos.

Figura 21 :Umedecimento para recuperação da área

Fonte: Viatech

10º Passo - Recomposição da seção


Para a recomposição da seção os produtos utilizados devem atender aos seguintes
requisitos básicos:
 Capacidade de aderência;

 Retração compensada;
36

 Ter módulo de elasticidade compatível com o sistema de reparo;

 Possuir baixa permeabilidade;

 Ter resistência mecânica compatível com a do elemento no qual irá atuar;

 Ter suficiente resistência à agressividade do meio ambiente;

 Ter suficiente resistência a ataques químicos.

Figura 22 :Recomposição da Seção

Fonte: Viatech

11° Passo - Umedecimento da área reparada

Quando não for possível a cura pelos processos mais convencionais como lançamento de água
pulverizada continuamente e (ou) o contato com esponja saturada. Neste caso, Viatech
recomenda a adoção da cura química.

Figura 23 : Umedecimento da área reparada.

Fonte: Viatech
37

Figura 24 : Condições de saturamento

Fonte: Viatech.

3.2 Reparo de Fissuras

As recomendações e procedimentos descritos a seguir para reparo de fissuras foram


extraídos do livro Patologia, Recuperação e Reforço de Estruturas de Concreto de Souza e
Ripper, 1998.

3.3 Injeção de Fissuras

Para Souza e Ripper, 1998 as fissuras superiores a 0,1 mm devem ser injetadas sob
baixa pressão (≤0,1 Mpa), com exceção dos casos em que as aberturas já são superiores a 3,0
mm e não muito profundas, quando é admissível o enchimento por gravidade.
1º Passo - identificar se a fissura é ativa ou passiva, no caso de ser ativa antes de
realizar o reparo deve-se corrigir os agentes causadores para que a mesma tornasse passiva.
2º Passo - abrir furos ao longo do desenvolvimento das fissuras, com diâmetro da
ordem de 10 mm e profundidade em torno dos 30 mm, os furos devem ser executados
obedecendo a um espaçamento que se deve variar entre 50 mm e 300 mm, em função da
abertura da fissura (tanto maior quanto mais aberta for), mas sempre respeitando um máximo
de 1,5 vezes a profundidade da fissura.
3º Passo - Limpeza da fenda ou fissura e furos com ar comprimido, por aplicação de
jatos e em seguida aspiração para remoção das partículas soltas;
4º Passo - Fixação dos bicos injetores e selagem.
38

A selagem é feita pela aplicação cuidadosa de uma cola epoxídico bi componente


apertando com firmeza, através de espátula ou colher de pedreiro.
Para Takagi e Almeida Junior (2002) citados em Mourão (2013) existem, basicamente,
dois tipos de injetores: os injetores de adesão (Figura 26) e os injetores de perfuração (Figura
27), fabricados em peças metálicas ou plásticas.
Ao redor dos bicos injetores deve ser aplicada uma concentração de cola maior de
forma a garantir a fixação dos mesmos.

Figura 25 :Bicos injetores de aderência,

Fonte: Pinto Takagi, (2005) adaptação de Mourão (2013).

Figura 26 : Bicos injetores de perfuração

Fonte: Pinto Takagi, (2005) adaptação de Mourão (2013).

5º Passo - Teste de eficiência do sistema, que deve ser realizado através da aplicação
de ar comprimido pelos tubinhos, testando assim a intercomunicação entre os furos e
39

efetividade da selagem. No caso de haver obstrução de um ou mais tubos indica a necessidade


de reduzir o espaçamento entre ele e deve-se inserir outros a meio caminho;
6º Passo - Injeção tubo a tubo
Para a recuperação das estruturas de concreto Takagi e Almeida Junior (2002) citados
em Mourão (2013) apresentam as seguintes resinas de poliuretano, epóxi, gel de acrílico e o
micro cimento como comprovadamente eficientes e as que apresentam alta durabilidade.
Sempre com pressão crescente, Souza e Ripper, 1998 recomendam escolher para
início da injeção os pontos de cotas mais baixas, porém como neste trabalho limitamos ao
estudo de lajes e entende-se que estas deveriam estar devidamente planas. Desta maneira
pode-se iniciar a injeção por uma das extremidades da fissura, sendo que ao injetar em um
determinado tubo (ou injetor), o tubo imediatamente a seguir deverá estar aberto, devendo-se
prosseguir a injeção até evidenciar a saída do material por ele;
Sempre que se verifique haver dificuldades na entrada da resina, a pressão de injeção
terá que ser mantida por períodos mais dilatados (15 minutos), devendo ser suspensa caso a
pressão se eleve em demasia ou quando não seja observada nem uma pressão, o que
caracterizaria fuga de resina;
Havendo sucesso na primeira injeção, ou seja, com saída da resina pelo tubinho
imediatamente a seguir, veda-se o primeiro tubo, passando a injetar pelo segundo, com o
terceiro aberto, e assim sucessivamente;
7º Passo - Remoção dos injetores
Os injetores devem ser conservados de meio dia a um dia após o termino da injeção,
quando então poderão ser retirados promovendo-se a regularização dos locais onde estavam
fixados com a própria injeção.

3.4 Recuperação de Lajes Devido à Retração

3.4.1 Identificação Visual da Patologia


As fissuras causadas por retração formam uma figura de aspecto mosaico, podendo
ocorrer em ambas as faces da peça (Souza e Ripper, 1998).
40

Figura 27: Fissuras causadas por retração em lajes.

Fonte: Pinto Takagi, (2005) adaptação de Mourão (2013).

3.4.2 Procedimentos para Recuperação

A retração em por si só não resulta no comprometimento da capacidade resistente da


peça, porém, é necessário realizar o selamento das fissuras de modo a impedir a contaminação
do concreto e da armadura por meio da percolação nociva de líquidos e gases para dentro das
fissuras reduzindo assim a durabilidade da estrutura.
41

4 REFORÇO ESTRUTURA

4.1 Reforço de Lajes Devidos à Flexão por Momentos Positivos

4.1.1 Identificação Visual da Patologia

Para Ercio Thomaz (1949), em lajes maciças com grandes vãos, os momentos
volventes que se desenvolvem nas proximidades dos cantos da laje podem produzir fissuras
inclinadas, constituindo com esses cantos triângulos aproximadamente isósceles (Figura 29).

Figura 28 : Fissuramento típico de lajes simplesmente apoiadas

Face superior Face inferior

Fonte: Thomaz, 1949

4.1.2 Procedimentos para Reforço

Para Piancastelli, o reforço à flexão pode ser obtido pelo acréscimo de armadura na
zona de tração ou acréscimo de concreto na zona de compressão. A combinação desses dois
acréscimos pode ser utilizada, apesar do maior grau de intervenção.

4.1.2.1 Reforço com Concreto Armado pela Face Inferior


42

Figura 29 : Reforço pela Face Inferior da Laje.

Fonte: Plancastelli

1º Passo - Apicoamento, limpeza, remoção de resíduos da face inferior da laje (Rita de


Cassia), pode ser utilizado também decapagem da face inferior com jato de areia (Vila Pouca
et al, 2007);
2º Passo - Colocação de novas armaduras, preferencialmente telas soldadas, fixadas
por grampos e arames (Rita de Cassia);

Figura 30 – Execução dos Furos para fixação dos grampos

Fonte: Vila Pouca et al,2007


43

Figura 31 : Grampos de conexão

Fonte: Vila Pouca et al,2007

Figura 32 : Arranque soldado a perfil metálico fixado na viga

Fonte: Vila Pouca et al,2007


44

Figura 33 :Armadura de reforço montada

Fonte: Vila Pouca et al,2007

3º passo - Recobrimento da armadura com uso de concreto projetado ou com uso de


argamassas poliméricas “apertadas” contra o substrato, sendo, nesse caso, conveniente o uso
de ponte de aderência compatível com o polímero da argamassa (Piancastelli).

Figura 34 : Camada de concreto projetado

Fonte: Vila Pouca et al,2007


45

Concreto projetado
Segundo Ferreira (1984) citado em Custódio e Ripper (1998), as maquinas e
equipamentos necessários para aplicação do concreto projetado são:
 Compressor de ar (capacidade de 325 a 600 pcm);
 Máquina de projetar, de preferência com câmara dupla para permitir a
operação continua;
 Bomba de água de alta pressão (90 lbs/pol²), com dispositivo de
controle de vasão;
 Mangote (mangueira) para transporte do concreto, com bocal;
 Mangueira para transporte de ar comprimido;
 Mangueira para alta pressão para transporte de água.

Souza e Ripper (1998) ressaltam ainda, que as camadas de concreto projetado não
devem ter espessura superior a 50 mm e quando a espessura desejada for superior a 50 mm,
devem-se sobrepor camadas. E citam os cuidados especificados pelo ACI Comitte 506 que
devem ser tomados pelo operador do canhão durante a aplicação do concreto projetado, que
são:
 Assegurar-se de que todas as superfícies que vão receber o concreto projetado estejam
limpas e livres de impurezas;
 Certifica-se de que a pressão do ar durante a operação seja uniforme e produza
velocidades adequadas a saída do bocal;
 Regular a adição da água à mistura, de maneira a obter-se plasticidade adequada a uma
boa compactação e baixa perda percentual do material por efeito de ricochete;
 Manter o canhão a uma distância apropriada do ponto a ser jateado e tentar dirigir o
jato normalmente à superfície, a fim de se obter as melhores condições de
adensamento e baixas perdas por ricochote; o canhão deve ser movido continuamente
em círculos, distribuindo uniformemente o material;
 Iniciar o jateamento com o preenchimento dos cantos e revestindo as armaduras,
usando as camadas mais espessas possíveis; quando no envolvimento das armaduras
deve-se inclinar levemente o bocal;
 Adotar procedimentos apropriados para o preenchimento de espaços confinados:
manter distâncias maiores entre o canhão e o ponto de aplicação e ajustar a velocidade
e a plasticidade do concreto adequadamente.

Por fim, Souza e Ripper (1998) complementam com as seguintes recomendações:


 Na aplicação em tetos o bocal deve ser mantido ligeiramente inclinado em relação
à vertical, de forma que o ricochete não atinja o operador;
46

 Não se deve alisar diretamente o concreto projetado, principalmente quando em


pequenas espessuras, pois isso pode diminuir a sua aderência ao material de base.
Quando se desejar um acabamento liso deve-se aplicar argamassa sobre o concreto
perfeitamente curado;
 Não se deve em hipótese alguma reaproveitar o material ricocheteado em outro
jateamento.

Figura 35 : Aspecto final

Fonte: Vila Pouca et al,2007

4.1.2.2 Reforço em concreto armado pela face superior

Figura 36 :Reforço pela Face Superior da Laje


47

Ressaltamos neste procedimento como em todos os casos apresentados neste trabalho


a importância do dimensionamento, neste caso especificamente o acréscimo indiscriminado
na capa de concreto pode acarretar em aumento do peso próprio da laje sem ganhos
consideráveis para o equilíbrio da estrutura.
1º Passo - Semelhante ao processo de reforço pela face inferior deve-se promover o
apicoamento, limpeza, remoção de resíduos da face superior da laje (Rita de Cassia), pode ser
utilizado também decapagem da face superior com jato de areia (Vila Pouca et al, 2007);
2º Passo - Recomendamos neste trabalho a utilização de grampos com a finalidade de
garantir a ligação entre o concreto novo e a laje existente;
3º Passo - Colocação da armadura de distribuição e em locais de momento negativo a
armadura de reforço;
4º Passo - Concretagem da laje

4.1.2.3 Reforço com Fitas de Carbono

As fibras de carbono podem ser utilizadas para absorver os esforços de tração


decorrentes dos momentos fletores positivos, com o uso das lâminas de fibras de carbono
dispostas segundo as duas direções.

Figura 37 : Reforço de Ari Machado


48

Figura 38 :Reforço de Ari Machado

Para descrever os procedimentos para aplicação das fitas de carbono dividiremos em


12 passos descritos no Manual de Reforço das Estruturas de Concreto Armado com Fibras de
Carbono de Ari Machado.
1º Passo - Recuperação do Substrato de Concreto.
Cita que é importante garantir que o substrato onde as fitas de carbono serão aderidas
esteja integro e são. Assim, todas as patologias significativas existentes no substrato deverão
ser corrigidas.
2º Passo - Recuperação de fissuras e trincas estruturais
3º Passo - Preparação da Superfície Para o Recebimento do Sistema Composto.
Na preparação devem-se utilizar abrasivos, jatos de areia ou limalhas metálicas para a
limpeza da superfície onde deverá ser aderido o sistema composto. Para superfícies pequenas
ou limitadas costumam ser utilizadas politrizes, geralmente acopladas com aspiradores de pó,
que permitem a limpeza sem a contaminação do ambiente. Esta limpeza deve contemplar a
remoção de poeira, pó, substâncias oleosas e graxas, partículas sólidas não totalmente
aderidas, recobrimentos diversos como pinturas, argamassas, etc. Também deverão ficar
totalmente expostas quaisquer brocas ou imperfeições superficiais significativas.
49

Figura 39 :Limpeza da face inferior de uma laje com utilização de politriz elétrica com
aspirador de pó acoplado

Fonte: Ari Machado

4º Passo - Arredondar eventuais quinas e suavizar cantos rugosos


As quinas envolvidas nessa aplicação devem ser arredondadas visando com isso evitar
concentração de tensões na fibra de carbono e eliminar eventuais “vazios” entre o concreto e o
sistema por deficiência na colagem.

Figura 40 :Arredondamento de cantos vivos.

Fonte: ARI MACHADO

Os cantos rugosos devem ser suavizados com aplicação de massa regularizadora


apropriada com acabamento lixado.
5º Passo - Checagem final da superfície
Para que as demais etapas possam ser implantadas, todas as superfícies sobre as quais
será implantado o sistema composto deverão estar secas, sem umidade intersticial, uma vez
que a presença de água pode inibir a penetração das resinas e reduzir drasticamente a
eficiência da ponte de aderência necessária.
50

6º Passo - Aplicação do Imprimador primário


Os imprimadores primários têm como objetivo penetrar nos poros do concreto,
colmatando-os para que, juntamente com a película aderida à superfície do concreto, seja
estabelecida uma ponte de aderência eficiente, sobre a qual será instalado o sistema.

Figura 41 : Imprimador primário

Fonte: ARI MACHADO

7º Passo - Aplicação do regularizador de superfície


As massas regularizadoras de superfície são utilizadas para a calafetação e/ou
regularização das superfícies de concreto onde serão aplicados os sistemas, garantindo o
estabelecimento de uma superfície desempenada contínua. Quanto maior a irregularidade
superficial maior será o consumo desse material.
Devido à grande flexibilidade dos sistemas compostos essas superfícies não
necessitam obrigatoriamente estarem niveladas com a horizontal, admitindo-se alguma
ondulação residual sem que ocorra risco de diminuição da eficiência do sistema.
A aplicação da pasta regularizadora é feita apenas para as regularidades contidas
dentro da área imprimada.
8º Passo - Corte das fibras de carbono
As lâminas de fibra de carbono serão previamente cortadas em bancadas
especialmente montadas para o corte. São utilizados para o corte uma régua metálica, tesoura
de aço (para o corte transversal) e faca de corte ou estilete (para o corte longitudinal).
51

Figura 42 : Corte da fita de carbono

Fonte: Ari Machado

9º Passo - Imprimação das fibras de carbono


Após o corte as lâminas de fibras de carbono deverão ser aderidas às peças a serem
reforçadas. Existem duas maneiras distintas para se executar esse procedimento:
 Saturação via úmida
Nessa alternativa a lâmina de fibra de carbono é saturada em bancada própria, sendo
depois transportada para a sua aplicação na peça a ser reforçada.
 Saturação via seca
Nessa alternativa a saturação é feita diretamente sobre o concreto da peça a ser
reforçada para em seguida ser colada a lâmina de fibra de carbono.
10º Passo - Aplicação da lâmina de fibra de carbono
A colocação da lâmina de fibra de carbono, independentemente do tipo de
imprimação utilizado, deve ser imediata, uma vez que o tempo de aplicação da resina
saturante (pot-life) é muito curto, no máximo 25 a 30 minutos. Dentro desse intervalo de
tempo ainda é possível se fazer ajustes de alinhamento e prumo das lâminas de fibra de
carbono para o seu correto posicionamento.
Com relação ao alinhamento das fibras de carbono o ACI Committee 440 estabelece
quando da aplicação das lâminas que se observe visualmente a orientação das fibras de
carbono de modo a que não se permita a ocorrência de ondulações ou desvios de direção
maior que um desvio máximo de 5o (87mm/m) da direção especificada no projeto de reforço.
Qualquer desvio maior que esse observado na obra deve ser comunicado ao
engenheiro projetista.
Para que a lâmina de fibra de carbono fique perfeitamente aderida ao substrato de
concreto é executado imediatamente à colocação da mesma um procedimento para a
52

eliminação das bolhas de ar que tenham ficado aprisionadas na interface desses dois
elementos. Esse procedimento é denominado de “rolagem das bolhas de ar” e é feito com a
utilização de pequenos roletes de aço denteados que “empurram” as bolhas de ar até a
extremidade das lâminas, onde finalmente são eliminadas.

Figura 43 : Rolagem de bolhas de ar

Fonte: Ari Machado

11º Passo - Segunda camada de saturação


Terminado o posicionamento da lâmina de fibra de carbono é feita a segunda
saturação, por sobre a lâmina instalada, de modo a garantir que a fibra de carbono esteja
totalmente imersa (encapsulada). Normalmente se espera cerca de 30 minutos para essa
segunda operação de saturação. Variações de tempo podem ocorrer conforme o sistema
composto adotado.
Estruturalmente, está encerrada a aplicação do sistema composto estruturado com
fibras de carbono. Como podem ser necessárias várias camadas de lâminas de fibra de
carbono para o reforço estrutural da peça essas operações são repetidas sucessivamente para
cada camada adicional.
Convêm ressaltar que cada lâmina exige duas imprimações independentes, não
podendo a última camada de imprimação da lâmina anterior ser utilizada para a colocação da
próxima lâmina.
12º Passo - Revestimento Estético e/ou Protetor
Muitas vezes por razões estéticas se quer esconder o sistema composto aplicado. Para
esse tipo de acabamento alguns sistemas compostos disponibilizam revestimentos especiais
53

com diversas cores e texturas. Frequentemente, entretanto, o revestimento deve ser projetado
para atender condições específicas de agressões físicas, mecânicas e ambientais. Nesse caso o
revestimento deixa de ser meramente estético para passar a ter uma finalidade de proteção
mecânica e química do sistema composto.

4.2 Reforço em Lajes Devido à Flexão Momento negativos

4.2.1 Identificação Visual da patologia

Ercio Thomaz (1949), cita que outro tipo de trinca pode surgir quando não existe
ferragem negativa entre painéis de lajes construtivamente contínuas, porém projetadas como
simplesmente apoiadas, as trincas surgem na face superior da laje, acompanhando
aproximadamente o seu contorno (figura 45).

Figura 44 – Trincas na face superior da laje devida à ausência de armadura negativa

Fonte: Thomaz, 1949

4.2.3 Procedimentos para Reforço


4.2.3.1Reforço com Concreto Armado

Os procedimentos de reforço indicados aqui para regiões de momentos negativos têm


como base sugestões contidas nos trabalhos de Piancastelli e Rita de Cassia.
Iremos listas os procedimentos em 4 (quatro) passos, são eles:
54

1º Passo - Abertura de sulcos no sentido em que será inserida a armadura;


2º Passo - Limpeza da superfície;
3º Passo - Fixação da armadura com argamassa polimérica ou de resina epóxi;
4º Passo - Recobrimento com argamassa polimérica ou de resina epóxi.

Figura 45 : Reforço por Embutimento da Armadura

4.3 Reforço em Lajes Devido á Torção

4.3.1 Identificação Visual da Patologia

Nos casos em que as tricas se apresentam inclinadas em relação aos bordos da laje
(figura 47), indicam que a laje pode estar sendo submetida a solicitações de torção, seja por
recalques diferenciados das fundações ou por deformabilidade da estrutura,
(THOMAZ,1949).
55

Figura 46 :Trincas inclinadas devidas à torção da laje

Fonte: Thomaz, 1949

4.3.2 Procedimentos para Reforço


4.3.2.1Reforço com Concreto Armado

Semelhante ao reforço em lajes devido a flexão por momentos negativos os


procedimentos para reforço em lajes devido a torção se darão em 4 (quatro) passos, são eles:
1º Passo - Abertura de sulcos no sentido em que será inserida a armadura
(perpendicular aos cantos das lajes);
2º Passo - Limpeza da superfície;
3º Passo - Fixação da armadura com argamassa polimérica ou de resina epóxi;
4º Passo - Recobrimento com argamassa polimérica ou de resina epóxi.

Figura 47 : Reforço para Momento Volvente


56

4.4 Reforço de Lajes devido á Punção

4.4.1 Identificação da Patologia

No artigo desenvolvido por Maurício Ferreira e Dênio de Oliveira (2007), são


demostrados o processo de formação de fissuras de punção através da figura abaixo:

Figura 48 : Processo de formação de fissuras de punção

Para Nicácio (2013) o cisalhamento por punção pode ser identificado por fissuras
partindo do contorno da área carregada e se estendendo até a outra face da laje. Geralmente
está inclinação varia entre 26° e 45° em relação ao plano da laje.

Figura 49 : Ruptura por Punção


57

4.4.2 Procedimentos para Reforço


4.4.2.1 Reforço com Polímeros Reforçados com Fibra De Carbono (PRFC)

O método consiste em se aplicar o PRFC como elemento resistente ao cisalhamento,


por meio da colagem da manta através de furos perpendiculares ao plano da laje
(NICÁCIO,2013).

Figura 50 :Reforço ao cisalhamento por punção com PRFC

Em sua Dissertação de Mestrado Wanderley Nicácio (2013), descreve duas técnicas de


aplicação do PRFC, são elas a técnica Dowel (ERDOGAN, 2010) e a técnica Stitch
(BINICI,2003).
Reforço com Técnica Dowel (Erdogan,2010)
Na técnica Dowel podemos dividir em 4 procedimentos principais: fabricação dos
pinos, perfuração da laje, preparação da superfície e processo de instalação.
Fabricação dos pinos

Figura 51 – Fabricação dos Pinos


58

1º Passo - Cortar as mantas de PRFC em faixas retangulares e cortar as extremidades


livres da manta no sentido longitudinal das fibras para poderem ser abertas e coladas na face
superior e face inferior da laje;

Figura 52 : Fibras cortadas

2º Passo - Enrolar as mantas de PRFC formando uma espécie de tubo de 12mm de diâmetro,
utilizando-se de um tubo de PVC para orientar o processo;

Figura 53 – Pino Enrolado em Tubo de PVC

Preparação da superfície

Para aplicação do reforço de PRFC o concreto deve estar totalmente curado, isento de
partículas soltas, sem contaminação de óleos, agentes desmoldantes ou cura química e
totalmente seca. Tal limpeza pode ser realizada com o uso de lixas.
3º Passo - Com o auxílio de uma furadeira realizar furos atravessando a laje de uma
face a outra com localização pré-determinada no cálculo estrutural.
59

Figura 54 : Perfuração

4º Passo - Realizar o arredondamento das quinas vivas nas bordas com o objetivo de
evitar a concentração de tensões no reforço para esta região. O raio de arredondamento deve
ser aproximadamente igual a 12,5 mm e poderá ser realizado com o uso de uma furadeira
acoplada com uma ponta montada;

Figura 55 : Ponta montada e furo arredondado

Figura 56 : Superfície lixada e perfurada


60

5º Passo - Aplicar o primer com o objetivo de ancorar física e quimicamente o adesivo


aos poros da superfície de concreto e melhorar dessa forma a capacidade adesiva do substrato.
Ele deve ser distribuído uniformemente sobre toda superfície com ajuda de uma trincha ou de
um rolo, garantindo uma impregnação completa da porosidade e dos vazios do concreto.
Quando necessário, foi utilizado um regularizador de superfície, também conhecido
como putty que são especialmente formulados para correção de pequenas imperfeições
existentes no substrato, evitando a formação de bolhas de ar e garantindo uma superfície plana
e adequada para colagem do reforço.

Figura 57 :Aplicação de prime e putty.

Processo de instalação

Figura 58 : Processo de Instalação

6º Passo - Realizar a 1ª aplicação da resina de colagem (saturante) na superfície com


auxílio de um rolo de espuma e dentro dos furos através de uma haste metálica com esponja
fixada na ponta;
61

Figura 59 : Aplicação do Saturante

7º Passo - Inserir os pinos de manta PRFC no orifício, realizar o acabamento das


pontas;

Figura 60 : Acabamento das pontas

8º Passo - Abrir as pontas colando-as na face superior e face inferior e retirar o tubo
PVC que serviu de suporte rígido para inserção dos pinos;
Figura 61 : Ancoragem e colagem da extremidade do pino
62

9º Passo - Preencher com argamassa de alta resistência com intuito de evitar uma zona
de fragilidade nesta região.

Figura 62 :Laje Reforçada

Reforço com Técnica Stitch (BINICI,2003)


Na técnica Stitch podemos dividir em 4 procedimentos principais: corte das fitas,
preparo da superfície, Instalação das fitas.
Corte das fitas
1º Passo - As fitas deverão ser cortadas em comprimento tal que permita formar
estribos com número de camadas envolvidas conforme especificado pelo dimensionamento do
reforço.
Preparo da superfície
2º Passo - O preparo da superfície é similar ao do processo de Reforço com técnica
Dowel.
Instalação das fitas
3º Passo - Realizar a 1ª aplicação da resina de colagem (saturante) na superfície com
auxílio de um rolo de espuma e dentro dos furos através de uma haste metálica com esponja
fixada na ponta;
63

Figura 63 :Aplicação do Saturante

4º Passo - As fitas deverão ser impregnadas com resina.


5º Passo - fixar as tiras sobre o saturante ainda fresco, utilizando-se um dispositivo
com garras para passá-las entre furos, as fitas deverão ser passadas através de furos formando
laços fechados como estribos, parte das tiras é sobreposta formando um comprimento mínimo
de ancoragem indicado pelo fabricante. A quantidade de PRFC utilizado para cada estribo é
controlada pelo número de camadas envolvidas que deverá ser definida no dimensionamento.

Figura 64 :Fitas presas com garras


64

Figura 65 : Fixação das fibras no saturant e transpasse das fibras

Figura 66 : Sequencia reforço Stitch

6º Passo - Segunda aplicação do saturant

Figura 67 – Segunda aplicação do saturante


65

Preenchimento final
7º Passo - Após a conclusão da colocação das tiras de PRFC, os furos devem ser
preenchidos com epóxi ou argamassa de alto desempenho.

Figura 68 : Laje reforçada

Figura 69 : Esquema geral da laje reforçada


66

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Buscou-se aqui, a distinção entre reparo e reforço, onde o reparo busca desenvolver o
desempenho perdido e o reforço visa aumentar o desempenho da estrutura. Percebe-se que
ambas as técnicas iniciam com uma boa limpeza e delimitação da área que sofrera a
intervenção, em seguida, em termos gerais podemos dizer que no reparo há a reconstituição
do material perdido e no reforço há sempre um acréscimo de material, seja de armadura, de
área de concreto ou outros elementos que não faziam parte da constituição original do
elemento estrutural, como por exemplo a adição de fibras de carbono.
Conclui-se que a maioria das patologias em lajes maciças são facilmente identificadas
visualmente, através de fissuras, manchas, desagregação do concreto, etc. Através dessas
manifestações identifica-se os processos adequados de recuperação e reforço a serem
utilizados.
No entanto, ainda que as manifestações patológicas possam indicar os processos
adequados de recuperação e reforço em lajes, estes exigem a elaboração de um projeto por
profissional especializado com especificação de materiais, equipamentos etc., pois em geral
são técnicas muito minuciosas, que exigem dimensionamento e experiência, cuja eficácia
depende muito dos cuidados na execução que deverá ser acompanhada pelo construtor.
Observa-se também, que patologias como, por exemplo, as fissuras por retração que
por si só não resultam no comprometimento da capacidade resistente da estrutura, também
necessitam de reparo, pois quando não tratadas facilitam a percolação nociva de líquidos e
gases para dentro das fissuras reduzindo assim a durabilidade da estrutura. As técnicas de
reparo nesses casos também exigem projeto e execução por profissional especializado.
Como pode-se constatar a opção por reparo ou reforço de uma estrutura exige técnica
e acompanhamento, logo o procedimento adequado a ser adotado pelo construtor deve ser:
observação e identificação da patologia, contratação de profissional especializado, analise
econômica e de prazo que atenda as expectativas do usuário ou contratante, acompanhamento
das técnicas de execução observando as minucias de cada técnica apresentada.
67

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carbono.pdf

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http://www.deecc.ufc.br/Download/Projeto_de_Graduacao/2011/Luiza_Kilvia_Levantamento
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MOURÃO, Dalila Karla - Injeção de Resinas em Estruturas De Concreto Armado. 2013


Disponível em: http://manifestacoespatologicas.blogspot.com.br/2013/08/tipos-de-
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Concreto - http://www.demc.ufmg.br/elvio/5reforco.pdf

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