Você está na página 1de 33

RELATÓRIO TÉCNICO DE VISTORIA E INSPEÇÃO PREDIAL

ESTUDO DE CASO: INSPEÇÃO AVALIATIVA DE DANOS CAUSADOS NO MUSEU


DO VAQUEIRO LOCALIZADO EM MORADA NOVA/CE.

MORADA NOVA
2022

.
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
1.1 Identificação
Edificação: Museu do vaqueiro
Localização: Rua Luís Saturnino Matos, 41, Morada Nova/CE
Latitude: -5.1073846299358 – Longitude: -38.371840956678405
Foto 01: Vista de Satélite do Museu do Vaqueiro.

Fonte: Google Earth

Foto 02: Vista de Satélite da proximidade do museu do vaqueiro a lagoa do salina.

Fonte: Google Earth

.
Lagoa do Salina fica localizada a aproximadamente 242,30 metros, tomando como
referência a distância medida pelo google maps.

1.2 Realização do laudo


Responsáveis:
● Vicente Vitor Gualberto de Freitas, graduando 10º semestre engenharia civil
na UFC- Campus Russas;
● Victor Figueiredo graduando 8º semestre engenharia civil na UFC- Campus
Russas;
● Vinicius Nascimento, graduando 8º semestre de engenharia civil na UFC-
Campus Russas.

1.3 Data da vistoria

A vistoria foi realizada na edificação que abriga o museu no dia 26 de janeiro de 2022,
no período da manhã.

1.4 Objeto do estudo

Criado no ano de 1985, registra-se como o primeiro museu existente com a temática
vaqueira no Brasil, reconhecendo e valorizando a identidade cultural do município de Morada
Nova, que tem como base da sua construção histórica, social e antropológica o homem do
campo que lida com o gado para sua sobrevivência.
O Museu do Vaqueiro é um equipamento público gerenciado pela Secretaria de
Cultura e Turismo (SECULT) de Morada Nova.
Trata-se de um imóvel de cunho histórico para a cidade de Morada Nova/CE, com
idade aproximada de 37 anos, composto por dois pavimentos, com quatro salões, um depósito,
uma despensa, dois banheiros, uma secretaria, edificada em terreno próprio com as dimensões
de 17,45 m (dezessete metros e quarenta e cinco centímetros) de frente e fundo e por 16,85 m
(dezesseis metros e oitenta e cinco centímetros) de comprimento de ambos os lados, que
totalizam uma área de 294,03 m² (duzentos e noventa e quatro metros quadrados e 3 centímetros
quadrados).

.
Tabela 01: Área construída do museu segundo o levantamento arquitetônico fornecido pela Secretaria
de Cultura e Turismo de Morada Nova.
AMBIENTE ÁREA CONSTRUÍDA
Área construída pavimento térreo 194,57m²
Área construída pavimento superior 194,57m²
Área construída total 389,14m²

Fonte: SECULT Morada Nova

Foto 03: Fachada frontal Museu do Vaqueiro.

Fonte: O Autor

2. OBJETIVO

Visando a importância sociocultural que o Museu do Vaqueiro possui para a cidade de


Morada Nova, este relatório tem como objetivo evidenciar e mapear os danos causados ao longo
dos anos na edificação e com isso mostrar como pode ser feito a manutenção e o reparo dessa
edificação de maneira que a mesma consiga continuar a desempenhar seu papel como
patrimônio histórico da cidade.

.
3. INTRODUÇÃO

Com o avanço da tecnologia e implantação de novos materiais as edificações passam a


ficar cada vez mais resistentes às ações sofridas por agentes degradantes, porém mesmo as
edificações mais modernas apresentam problemas e patologias ao longo do tempo, seja devido
a infiltrações, condições climáticas, más técnicas de execução, combinação inadequada de
materiais, uso inadequado, etc.
Para edificações mais antigas o problema se torna ainda pior, pois muitas vezes essas
edificações foram construídas sem a implantação de normas adequadas e/ou nem existiam ainda
normas que auxiliassem a construção a ser realizada da forma mais adequada. Além disso, em
edificações mais antigas o sistema de impermeabilização normalmente já se encontra
deteriorado com falhas permitindo a infiltração da água na estrutura, isso quando foram
construídos, o que muitas das vezes não é uma realidade em obras antigas.
Com isso fica evidente a necessidade da realização de manutenção/inspeção frequentes
nas edificações evitando assim diversos problemas futuros, mantendo a segurança e conforto
da edificação. Durante a inspeção serão realizados o mapeamento dos danos e classificados
quanto ao seu nível de perigo e apontadas soluções.
Além da questão estética e de segurança uma boa manutenção e correção de patologias acarreta
em uma economia em longo prazo, a realização de manutenções preventivas geram custos bem
menores se forem comparadas com as manutenções corretivas, que são manutenções que
ocorrem após o aparecimento de patologias, com o passar do tempo o custo de reparação dos
problemas fica cada vez maior podendo levar até a perda total da edificação. A seguir temos
um gráfico fazendo a comparação entre custo de manutenção vs tempo.

Gráfico 1: Custo de Manutenção x Tempo

Fonte: (SITTER, 1984)

.
O que é mais comum infelizmente são as manutenções corretivas que além do maior
custo também acarreta em uma perda do desempenho total da estrutura e uma consequente
diminuição da vida útil de serviço levando a estrutura a ter que ser demolida.
Imagem 1: Desempenho da Estrutura x Tempo

O conhecimento dos diversos tipos de patologias bem como suas origens e correções é de
grande importância para a realização adequada do laudo corretivo, impactando na efetividade
das correções.

4. METODOLOGIA
4.1 Visão geral
Em acordo com o conteúdo ministrado em sala de aula pelo professor Esequiel
Mesquita, elaborou-se um fluxograma mostrando a representação esquemática das etapas do
processo do trabalho de Patologia da Construção Civil, de modo a organizar a apresentação do
trabalho e simplificar o entendimento do mesmo.
Inicialmente, foi realizada uma pesquisa com o intuito de buscar embasamento para
aplicação do método GUT. Posteriormente, foi realizada uma inspeção in loco, na qual o
pavimento superior estaria interditado por questões de segurança, diante disso foi realizado o
mapeamento de danos do pavimento térreo da edificação, no qual os danos foram evidenciados
por fotos e indicados na planta baixa da edificação.

.
Fonte: Autor.

4.2 Matriz GUT

O papel da inspeção predial é demasiadamente importante para se conhecer o estado


de degradação dessas edificações, viabilizando de maneira mais precisa a tomada de decisão
voltada para reparação e manutenção dessas edificações. Com isso, faz-se necessário um real
entendimento sobre as condições da estrutura e a gravidade das manifestações encontradas,
diante disso a utilização do método da Matriz GUT (Gravidade, Urgência, Tendência),
concebida por Kepner e Tregoe na década de 1980 é uma ferramenta que permite priorizar
determinados problemas encontrados e com isso focar nas patologias que apresentam maiores
riscos.
Para esta avaliação, o método dispõe do uso de pontuações associadas a cada dano
inspecionado, possibilitando mensurar uma ordem de resolução de problemas de acordo com a
pontuação dos danos.

.
De acordo com Martins et al. (2017) no método GUT, a Gravidade (G) representa a
importância do problema a ser examinado e seu potencial de dano. Geralmente seu estudo é
realizado visando efeitos a médio e longo prazos. A Urgência (U) exige a análise de quão
significativo é o problema, ou seja, o prazo para a realização do feito. Já a Tendência (T)
consiste na evolução do problema em função do tempo, isto é, a probabilidade do problema
evoluir negativamente com o passar do tempo.

Tabela 2 - Classificação GUT sobre a Gravidade


Grau Definição do grau Nota
Risco de morte, impacto irrecuperável com perda excessiva 10
TOTAL
de desempenho,Prejuízo financeiro muito alto.
Perigo de lesão aos usuários, danos recuperáveis ao meio 8
ALTA ambiente e à edificação.

Risco à saúde dos usuários ocasionado pela degradação de 6


MÉDIA sistemas, avarias ao meio ambiente reversíveis, perda
financeira média

Sem risco de saúde aos usuários, baixa degradação ao meio 3


BAIXA
ambiente, necessidade de substituição de alguns sistemas,
perda financeira baixa.
.
Sem risco de saúde aos usuários, baixa degradação ao meio 1
NENHUMA
ambiente, necessidade de substituição de alguns sistemas,
perda financeira baixa.
.
Fonte: Adaptada de Verzola, Marchiori e Aragon (2014)

Tabela 3 - Classificação GUT sobre a Urgência


Grau Definição do grau Nota
TOTAL Acontecimento imediato, necessidade de interdição do imóvel 10
sem prazos extras.
ALTA Acontecimento imediato, necessidade de interdição do imóvel 8
sem prazos extras.
MÉDIA Acontecimento imediato, necessidade de interdição do imóvel 6
sem prazos extras.
BAIXA Acontecimento imediato, necessidade de interdição do imóvel 3
sem prazos extras.
NENHUMA Adversidade imprevista, mas necessário acompanhamento 1
para futuras manutenções
Fonte: Adaptada de Verzola, Marchiori e Aragon (2014)

.
Tabela 4 - Classificação GUT sobre a Tendência
Grau Definição do grau Nota
TOTAL Progressão imediata. Vai piorar rapidamente, pode piorar 10
inesperadamente.
ALTA Progressão em curto prazo. Vai piorar em pouco tempo. 8

MÉDIA Progressão em médio prazo. Vai piorar em médio prazo. 6


BAIXA Provável progressão em longo prazo. Vai demorar a piorar. 3
NENHUMA Não vai progredir. Não vai piorar, estabilizado. 1
Fonte: Adaptada de Verzola, Marchiori e Aragon (2014)

5. RELATÓRIO
5.1 Análise do Material
As construções históricas na região do Ceará têm como característica a utilização de tijolos
maciços como um dos elementos construtivos predominantes. No Museu do Vaqueiro, vimos
nitidamente foi seguido o padrão construtivo da época, no qual foi adotada a utilização de tijolos
maciços como alvenaria autoportante, ou seja, substituindo a utilização do pilar em sua
estrutura.

Imagem 1: Tijolo Maciço

Fonte: Autor desconhecido.

Historicamente a produção desses tijolos não possuíam o padrão construtivo


homogêneo que se dava muito pela falta de tecnologia da época, tornando muito complexo a
caracterização do comportamento estrutural de alvenarias constituídas por esses tijolos
Diante disso, utilizando informações de estudos realizados em construções históricas,
temos que geralmente os valores encontrados nessas edificações possuem valores menores do

.
que o descrito na literatura, isso se dá justamente pelas diversas ações endógenas e exógenas
que acontecem ao longo dos anos com essas estruturas, logo podemos estimar que os tijolos
utilizados na construção do museu também seguiram tal performance, indicando que a essa
massa específica menor que do que o apresentado

Tabela 5: Caracterização física dos blocos

Fonte: Mesquita, Rubens de Oliveira(2019).

Logo podemos estimar que os tijolos utilizados na construção do museu também


seguiram tal performance, indicando que a essa massa específica menor do que a apresentada
na literatura indica alta porosidade dos mesmos, consequentemente facilitando os efeitos da
umidade ascensional.
Figura 1: Distribuição dos níveis de eflorescência.

.
Com o gráfico podemos notar claramente como a presença de sal no tijolo pode
influenciar o surgimento precoce de eflorescências na edificação, justamente por esse material
ter característica porosa e permitir que a água reaja com o sal presente em sua composição,
servindo de catalisador para essa manifestação patológica.

5.2 Análise Geométrica

Uma característica muito comum das construções do século XX são justamente a


utilização de paredes de tijolos maciços autoportantes, na qual a espessura da parede é
aumentada para que a distribuição dos esforços consiga ser feita de maneira a garantir a melhor
fluência possível.
Figura 2: Planta baixa do pavimento térreo do museu do vaqueiro.

Fonte: SECULT Morada Nova

.
Figura 3: Planta Baixa do pavimento superior do museu do vaqueiro

Fonte: SECULT Morada Nova

No caso em questão, temos que as paredes externas apresentam uma espessura de 80


centímetros e as paredes internas variam entre 60, 55, 50, 47, 40, 30, e 20 centímetros.
Diante das limitações impostas por ordem dividiremos a análise fazendo uma separação pelos
ambientes: salão 01, salão 02, salão 03, salão 04, circulação, copa e banheiro.

5.3 Modelagem em BIM


Modelagem em BIM – Museu do Vaqueiro

Fonte: O autor

.
5.4 Fachada Externa Frontal

Figura 4: Mapa de danos frontais do museu.

Fonte: O Autor

Quadro 1 - Patologias enumeradas.

# MANIFESTAÇÃO PATOLÓGICA AMBIENTE

PT1 Armadura Sob Efeito de Corrosão Salão 01, Salão 02, Salão 04

PT2 Surgimento de mofo Salão 02

PT3 Descolamento por umidade Salão 02, Salão 03, Salão 04,
(formação de ondas ou Perímetro externo.
pulverulência)

PT4 Presença de fissuras

.
Salão 01
MANIFESTAÇÃO PATOLÓGICA 01 - Armadura exposta sob efeito de corrosão.
Foto 4: Armadura exposta sob efeito de corrosão no salão 01

Fonte: O autor

Segue abaixo a avaliação a partir da Matriz GUT:

Corrosão Armadura

GRAVIDADE URGÊNCIA TENDÊNCIA PONTUAÇÃO

6 3 6
108
RISCO Médio

.
MANIFESTAÇÃO PATOLÓGICA 05 - Presença de fissuras
Foto 5: Fissuras aparentes causando desprendimento do reboco.

Fonte: O autor.

Segue abaixo a avaliação a partir da Matriz GUT:

Fissuração com implicação no desprendimento do reboco

GRAVIDADE URGÊNCIA TENDÊNCIA PONTUAÇÃO

6 3 3
54
RISCO Baixo

.
Salão 02

MANIFESTAÇÃO PATOLÓGICA 01 - Armadura exposta sob efeito de corrosão.


Fotos 6 e 7: Corrosão das armaduras da laje do salão 02.

Fonte: O autor

Segue abaixo a avaliação a partir da Matriz GUT:

Alteração da microestrutura a partir da expansão do aço da laje

GRAVIDADE URGÊNCIA TENDÊNCIA PONTUAÇÃO

6 6 6
216
RISCO Médio

.
MANIFESTAÇÃO PATOLÓGICA 02 - Surgimento de mofo
Foto 8: Presença de carbonatação

Fonte: O autor

Segue abaixo a avaliação a partir da Matriz GUT:

Alteração Superficial por meio de ataque biológico

GRAVIDADE URGÊNCIA TENDÊNCIA PONTUAÇÃO

3 1 3
9
RISCO Baixo

.
MANIFESTAÇÃO PATOLÓGICA 03 - Deterioração da pintura
Foto 9: Pintura deteriorada com enfoque na parte inferior.

Fonte: O autor

Segue abaixo a avaliação a partir da Matriz GUT:

Alteração Superficial com a formação de ondas

GRAVIDADE URGÊNCIA TENDÊNCIA PONTUAÇÃO

3 1 3
9
RISCO Baixo

.
Salão 03
MANIFESTAÇÃO PATOLÓGICA 03 - Descolamento por pulverulência.
Foto 10 e 11: Pulverulência

Fonte: O autor

Segue abaixo a avaliação a partir da Matriz GUT:

Alteração Superficial por pulverulência

GRAVIDADE URGÊNCIA TENDÊNCIA PONTUAÇÃO

3 1 3
9
RISCO Baixo

.
Salão 04

MANIFESTAÇÃO PATOLÓGICA 01 - Corrosão das armaduras da laje.


Foto 12, 13, 14: Corrosão das armaduras da laje.

Fonte: O autor

Segue abaixo a avaliação a partir da Matriz GUT:

Alteração da microestrutura a partir da expansão do aço da laje

GRAVIDADE URGÊNCIA TENDÊNCIA PONTUAÇÃO

8 6 8
384
RISCO Alto

.
MANIFESTAÇÃO PATOLÓGICA 03 - Destacamento de pintura
Foto 15: Pulverulência

Fonte: O autor

Segue abaixo a avaliação a partir da Matriz GUT:

Alterações superficiais e da microestrutura devido a pulverulência e fissuras

GRAVIDADE URGÊNCIA TENDÊNCIA PONTUAÇÃO

3 1 3
9
RISCO Baixo

.
MANIFESTAÇÃO PATOLÓGICA 03 - Destacamento de pintura
Foto 16, 17, 18, 19: Alteração de coloração

Fonte: O autor

Segue abaixo a avaliação a partir da Matriz GUT:

.
Infiltração com alterações de cor

GRAVIDADE URGÊNCIA TENDÊNCIA PONTUAÇÃO

3 1 3
9
RISCO Baixo

MANIFESTAÇÃO PATOLÓGICA 05 - Fissuras e trincas

Fotos 20 e 21: Fissuras

Fonte: O autor

Fotos 22 e 23: Fissuras

.
Fonte: O autor

Fotos 24 e 25: Fissuras

Fonte: O autor
Segue abaixo a avaliação a partir da Matriz GUT:

.
Alteração da microestrutura com o aparecimento de fissuras

GRAVIDADE URGÊNCIA TENDÊNCIA PONTUAÇÃO

8 3 3
72
RISCO Médio

MANIFESTAÇÃO PATOLÓGICA 03 - Destacamento da pintura.


Fotos 26 e 27: Desgaste Superficial

Fonte: O autor

Segue abaixo a avaliação a partir da Matriz GUT:

Alteração superficial por meio do desgaste e pulverulência

GRAVIDADE URGÊNCIA TENDÊNCIA PONTUAÇÃO

3 1 3
9
RISCO Baixo

.
Nível de prioridade Matriz GUT

NÍVEL DE PRIORIDADE MATRIZ GUT

AMBIENTE MANIFESTAÇÃO GUT RISCO PRIORIDADE


PATOLÓGICA

Salão 04 Corrosão da armadura da laje 384 Alto 1

Salão 02 Corrosão da armadura da laje 216 Médio 1

Salão 01 Corrosão da armadura da laje 108 Médio 2

Salão 04 Fissuras e trincas 72 Médio 2

Salão 01 Fissuras e trincas 54 Baixo 2

Salão 02 Mofo/Bolor 9 Baixo 3

Salão 02 Destacamento pintura 9 Baixo 3

Salão 03 Destacamento pintura 9 Baixo 3

Dessa forma, a partir do grau de prioridade e dos pontos mais críticos, as manifestações críticas
estão indicadas na tabela a fim da realização de prioridades de acordo com a Matriz GUT. Com
isso, foi indicado o grau de prioridade de 1 a 3, sendo o nível mais alto de prioridade e o nível
mais baixo de prioridade, respectivamente.

RECOMENDAÇÕES E MÉTODOS DE REPARO

Corrosão das armaduras da laje


Antes de iniciar o trabalho de recuperação estrutural devem ser sanadas todas as origens
da umidade em áreas adjacentes à manifestação da corrosão. Ressaltamos o fato de que o
eletrólito na reação de corrosão é a água e que a presença de umidade gera corrosão na
armadura, possibilitada pela fina camada de despassivação que provavelmente não atendeu os
requisitos mínimos estabelecidos pela NBR 6118/2017.

.
O surgimento de fissuras e o posterior desprendimento do cobrimento da laje
evidenciam estado de corrosão de sua armadura. Quando em estado de corrosão a armadura
aumenta de volume e expulsa o cobrimento, causando também as fissuras e deslocamento.
Sugestão de correção:

Fazer a delimitação da área afetada através de serra mármore tendo bastante cuidado
para não atingir a armadura, que nesse caso encontra-se rente ao cobrimento.
Imagem 2: Delimitação dos limites onde a armadura foi afetada.

Autor desconhecido

Após isso deve-se fazer um jateamento com areia, no qual esse processo é abrasivo e
com isso, ajuda a limpar a armadura, retirando as camadas que foram oxidadas.

Imagem 3: Jateamento com areia

.
Imagem 4: Limpeza de armadura com escova de aço

Outro ponto que pode ser mais viável economicamente seria a limpeza dessa armadura
por escovas de aço ou lixamento manual, tendo bastante cuidado para que a seção transversal
do aço não supere 10%. Caso não seja possível, o ideal é colocar uma nova barra de aço que
atenda o mesmo diâmetro das armaduras já em atuação, obedecendo o transpasse de 50
diâmetros do diâmetro dessa barra.
Após isso deverá ser feita a aplicação de pintura polimérica inibidora de corrosão,
tixotrópica (Sikatop 122 PLUS ou similar). Com isso, poderá ser feita a reconstituição da seção
original utilizando uma argamassa cimentícia tixotrópica de alta resistência (sikatop 122 plus
ou similar). O local de aplicação deverá ser limpo, isento de poeira ou partículas soltas e deve
ser bem lavado antes da aplicação, ficando úmido, mas não saturado.

DESLOCAMENTO POR UMIDADE

BARREIRA QUÍMICA

As Barreiras Químicas devem ser localizadas o mais próximo possível do nível do


terreno, a cerca de 15 cm acima deste.
Para que o produto possa ser aplicado, é preciso:
A execução de furos ao longo da parede, afastados entre eles de 10 a 20 cm e com uma
profundidade de 1/3 da espessura da parede.

.
Figura 7: Furos em somente um lado da parede

Figura 8: Furos em alternados em ambos os lados

.
Figura 9: Introdução do Produto por Difusão

Obs.: para o caso de se perfurar apenas um lado da parede, a profundidade do furo deve ser de
2/3 da espessura da parede.
Após a perfuração da parede, o produto pode ser introduzido seguindo uma das técnicas,
seja por difusão ou injeção, a fim de que haja o melhor recobrimento de toda a área afetada.
Para que a barreira química seja eficiente, é preciso assegurar que ocorreu uma boa penetração
dos produtos além da existência de continuidade do mesmo.

RECUPERAÇÃO DAS PAREDES DETERIORADAS PELA UMIDADE:

REBOCO DE RECUPERAÇÃO:
Após a aplicação da barreira química deverá ser aguardado alguns dias para que o
produto faça efeito. Após isso, para proporcionar uma melhoria na estética da parede deve ser
aplicado um reboco de recuperação. Os rebocos de recuperação são aqueles que têm
propriedades específicas para alterarem o teor de umidade dos substratos onde sejam aplicados,
ou seja, aumentar a evaporação de umidade e restringir a absorção de água.

.
Como medida preventiva é indicado que se aplique a argamassa de recuperação até no mínimo
50 cm e melhor ainda, até 100 cm acima do horizonte dos danos visíveis. Esta recomendação
deve ser atendida até porque acima do horizonte de umidade, devem se concentrar sais ainda
imperceptíveis.

EXECUÇÃO:

Retirado do reboco velho do local em que apresenta danos, excedendo-se a remoção em


pelo menos 50 cm ao seu redor (melhor ainda uma faixa adicional de 100 cm,
principalmente, em relação ao horizonte superior de umidade).
Como para aplicação de qualquer revestimento, o substrato deve ser limpo, livre de
partículas soltas e resíduo de produtos químicos e com capacidade de suporte adequada.
Limpar as juntas das alvenarias, em caso de haver remoção do reboco antigo. Em casos
extremos e com maiores dificuldades para garantir ancoragem, pode-se prender telas que
segurem o reboco (tela metálica adequada).
Como quase todos os rebocos de recuperação tem o cimento como aglomerante, eles
não são compatíveis com gesso, assim que devem ser retirados e raspados todos os pontos em
que possam estar presentes como, preenchimento de furos e vazios, acabamentos especiais, etc.
Sobre a parede úmida, pode ser aplicado o reboco, desde que não tenha sido feita
lavagem de água sob pressão. Se houver lavagem com jateamento de água deve haver um prazo
mínimo de 24 horas, antes da aplicação do reboco.
Deve ser aplicada uma primeira camada de salpique de argamassa e chapisco.

.
Chapisco e salpique: deve promover uma boa aderência ao reboco. Precisa ser
suficientemente resistente aos sais. Sua aplicação não deve cobrir integralmente a parede e no
máximo cobrir 50 % da área;
Emboço de regularização: serve para regularizar as alterações superficiais da parede e
atuar como camada armazenadora de sais, especialmente em áreas adjacentes a subsolos com
elevado grau de salinização;

Reboco de recuperação: pode ser aplicado em camada única ou em sistema de duas


camadas, para casos de paredes com maiores exigências. Para um baixo grau de salinização, é
suficiente uma camada de reboco de 20 mm de espessura.
A primeira camada de reboco deve ter espessura mínima de 10 mm. O prazo de espera
para aplicação de camada subseqüente é de 1 dia por mm de espessura de reboco. Em rebocos
de grande espessura é aconselhável a aplicação em camadas múltiplas.
Os rebocos de recuperação são aplicáveis a mão ou por processos mecânicos e podem,
dentro de certos limites, oferecerem acabamentos superficiais diferenciados. Se houver
necessidades específicas, podem receber quase que qualquer acabamento, inclusive de pinturas
a cal.

REVITALIZAÇÃO DA ESTÉTICA DA EDIFICAÇÃO:


PINTURA:

.
Pinturas ou revestimentos finais não devem afetar a permeabilidade ao vapor de água. Dê
preferência, utilizar tintas a base de silicone ou tintas a base de cal, se for aplicada uma pintura
final.

REFERÊNCIA:

FREITAS, V. P. DE TORRES, M. I.;GUIMARÃES. A. S. Humidade Ascensional. 1 .ed. Porto:


Faculdade de Engenharia da Unidade do Porto, 2008.

SEELE. J, GREVEN . H. Apropriação e Técnicas para Recuperação de Paredes afetadas por


Humidade e Sais

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118: 2014 –


Projeto de estruturas de concreto – procedimento. Rio de Janeiro, 2014;

NBR 6120: 1980 – Cargas para o cálculo de estruturas de


edificações;

NBR 6120: 1980 – Cargas para o cálculo de estruturas de


edificações;

NBR 6120: 1980 – Cargas para o cálculo de estruturas de edificações;


ALCONPAT- Boletim técnico 11 - Caracterização, avaliação e recuperação
estrutural de construções históricas;

ISAIA, G. C. Concreto: Ensaio, Pesquisas e Realizações. São Paulo: Ibracon,


2005;

Você também pode gostar