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OS REBOCOS ROMANOS

(OPUS TECTORIUM)
ORIGEM

Os romanos adquirem a prática do reboco


através dos gregos e sabemos da sua
existência na península itálica, pelo
menos na Campânia, desde o século III
a.C.

Estes rebocos de inspiração grega eram


feitos de uma mistura de cal e pó calcário
que seriam aplicadas sobre alvenaria ou
pedra desbastada.

Fig. 1 – Campânia.
INOVAÇÃO ROMANA
ATRAVÉS DA PEDRA
POZOLANA

Os romanos passam a colocar pozolana, uma


rocha vulcânica encontrada perto dos vulcões
Etna e Vesúvio, nas misturas utilizadas nos
rebocos.
Esta rocha fortalece o reboco tornando-o
mais resistente a infiltrações.

Fig. 2 - Rocha pozolana recolhida perto do vulcão Etna.


CONSTITUIÇÃO DO
REBOCO

A espessura do reboco é determinada pela


condição em que se encontra a estrutura
onde será inserido.
Se for desnivelada e possuir muitos
acidentes superficiais, mais espesso terá
de ser o reboco de modo a cobrir e
proteger a estrutura.
a quantidade de camadas ou demãos que
o reboco terá também vai influenciar a
sua espessura. Fig. 3 - Diferentes tipos de estrutura onde pode ser inserido o reboco.
A- muro de argila B- muro de taipa C- muro de alvenaria com revestimento
de pedras e tijolos.
O IDEAL DA CONSTITUIÇÃO DO
REBOCO SEGUNDO VITRÚVIO

Para Vitrúvio, um bom reboco deve ser constituído por 7 demãos de diferentes estilos
e feitios.
Uma primeira demão grossa, seguida de 3 demãos de argamassa de areia mais finas e
finalmente outras 3 demãos de argamassa de pó de mármore.
A primeira deve ser o mais áspera possível, provavelmente para melhorar a aderência
das seguintes camadas. A segunda demão deve ser posta enquanto a primeira ainda
está a secar, as próximas devem ser colocadas apenas quando a que foi colocada antes
tiver secado. As ultimas, ou seja, demãos 5, 6 e 7 variam em espessura e devem ser
colocadas por ordem decrescente: da mais grossa à mais fina.
É aconselhado também utilizar ferramentas como o cordel, o prumo, a régua e o
esquadro para nivelar e aperfeiçoar o seu aspeto.
O IDEAL DA
CONSTITUIÇÃO DO
REBOCO SEGUNDO
VITRÚVIO

Fig.4 – Groma e prumo


A REALIDADE DO REBOCO
ROMANO

No entanto, este modelo de reboco


perfecionista de Vitrúvio é
excecionalmente visto, provavelmente
devido ao seu custo elevado, à sua
complexidade e ao tempo necessário para
concluir a parede.
O modelo que vemos mais comummente
consiste em três demãos sucessivas de
diferentes propriedades.

Fig. 4 - Exemplo do tipo de reboco mais comum.


A REALIDADE DO REBOCO
ROMANO

A primeira demão é constituída por argamassa


de cal e areia não passada com o objetivo de
melhorar a aderência da próxima camada.
Por vezes esta demão ficava demasiado lisa,
problema que era resolvido pelos tectori
(pedreiros especializados em rebocos) que
utilizavam as suas talochas para criar relevo
para compensar a rugosidade em falta.
Vemos também por vezes cerâmica e mármore
a serem inseridos nesta camada numa Fig.5 - Demão com ranhuras marcadas por talochas de
tentativa de prevenir fissurações na argamassa. modo a dar mais relevo à camada.

A sua espessura estará entre os 3 e 5 cm.


A REALIDADE DO REBOCO ROMANO

Fig.6 - Demão com ranhuras marcadas por Fig.7 – Cerâmica embutida na demão para
talochas de modo a dar mais relevo à impedir a fissuração da argamassa e
camada. potencialmente melhorar a aderência da
seguinte camada.
A REALIDADE DO REBOCO
ROMANO

A segunda demão é feita com uma


argamassa mais fina, de areia peneirada com
uma espessura entre 2 a 4 cm.
Diferente da primeira demão, esta é alisada
para que seja possível aplicar uma terceira
demão extremamente fina .
A terceira demão de apenas 1 a 2 milímetros
de espessura é geralmente feita de cal pura
cuidadosamente alisada. Há casos onde em
vez de cal pura a demão é feita de argamassa
de areia peneirada muito fina ou calcário,
gesso e até mármore pulverizado. Fig.8 – Reboco de três demãos.
BIBLIOGRAFIA

ADAM, J-P, La Construction Romaine, Paris, 1984

VITRÚVIO, Tratado de Arquitectura, Lisboa, 2006 (Trad. MJ. Maciel)

ALVAREZ, JOSÉ; SEQUEIRA, CRISTINA; COSTA, MARTA, Ensinamentos


a retirar do Passado Histórico das Argamassas
FIGURAS:

Fig. 1: https://en.wikipedia.org/wiki/Campania

Fig. 2 : Figura do autor

Fig.3 : ADAM, J-P, La Construction Romaine, Paris, 1984

Fig.4 : ADAM, J-P, La Construction Romaine, Paris, 1984

Fig.5 : ADAM, J-P, La Construction Romaine, Paris, 1984

Fig.6 : ADAM, J-P, La Construction Romaine, Paris, 1984

Fig.7: ADAM, J-P, La Construction Romaine, Paris, 1984

Fig.8 : ADAM, J-P, La Construction Romaine, Paris, 1984

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