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Cabeçalho:
Pessoalmente, concordo com o autor, e acho a sua atitude um tanto nobre. Se por cada
sítio existir um “Fachidioten” como é dito no texto, o que acabará por acontecer é ser
formada uma rede ou teia de, digamos, investigadores focados na micro investigação que
juntos irão contribuir para a macro investigação alcançando uma melhor compreensão do
todo.
Falando mais concretamente sobre o caso de estudo específico, este tem como objetivo
aprofundar o conhecimento sobre o arranque e desenvolvimento do Calcolítico assim
como o arranque da idade do bronze na área de estudo (Fraga da pena, Fornos de
Algodres, Guarda) em questão através das sondagens, prospeções e escavações que nos
revelam o conjunto de contextos presentes na área.
Quanto ao motivo para que este estudo se enquadre na arqueologia, penso que estará no
simples facto de que é a partir do estudo arqueológico que conseguimos recolher
informação sobre a época. Visto que a escrita não surge no Calcolítico, aparecendo apenas
no começo da Idade do Bronze no crescente fértil, aquilo que melhor nos fornece
informações sobre os povos que habitavam estes locais são os referidos contextos que
vêm ao de cima com investigações tais como esta. A partir destes contextos, podemos
inferir e constatar como viviam estes povos: que recursos utilizavam e como, de que se
alimentavam, entre outros aspetos do seu quotidiano. É de atentar ainda que aqui foi
utilizada a expressão: “contextos” e não artefactos. Isto porque, o que verdadeiramente
nos dirá algo sobre a vida destes povos é o contexto dos artefactos encontrados, não os
artefactos em si.
A2- O autor começa por referir o registo prévio feito a partir de abril de 1990 através das
várias prospeções arqueológicas feitas através do Gabinete de Arqueologia de Fornos de
Algodres. Justificadas pelos grandes derrubes de estruturas pétreas que se podiam avistar
e que davam a entender a existência de dois recintos fortificados, porém não foram
detetados quaisquer materiais arqueológicos. O autor passa de seguida a referir os
primeiros trabalhos “on site” realizados em 1991 e que consistiram no levantamento da
planta e do perfil da superfície. Ambos passos necessários para uma melhor compreensão
e digamos, facilitação do trabalho. Dado que naturalmente a existência destes dados nos
permitem melhor visualizar o sítio em estudo, tornando a contextualização dos materiais
ou artefactos um processo mais fácil e compreensível. Foram encontrados durante estes
trabalhos iniciais alguns fragmentos de cerâmica manual. Em 1992 fez-se uma sondagem
com o objetivo de “estabelecer um primeiro diagnóstico relativo ao espectro cronológico
do sítio e ao grau de conservação de estruturas e estratigrafias.” Novamente uma medida
importante e até essencial para melhor compreender o sítio investigado, dado que a
estratigrafia contém imensa informação sobre a ocupação humana no local e a sua
influência. Seguindo a sondagem, foram feitas até 1998 seis escavações no local da Fraga
da Pena. Analisando o restante do texto, vemos que o autor utiliza tanto a fotografia, como
a topografia e até a orografia para fazer uma análise geográfica do local exaustiva
descrevendo com imenso pormenor a área. Nisto, o autor faz uma prospeção
maioritariamente no terreno e sistemática, abrangendo toda a área sob análise. Não
deixando de lado o registo ambiental que é feito no castro de Santiago que se localiza
perto da Fraga da pena detalhado na página 72 e que será abordado mais à frente.
Antes de resumir o tópico das sondagens falemos das intervenções arqueológicas feitas
entre 1991 e 1998 pois estas, numa decisão sábia, foram divididas em 3 setores: o setor 1
corresponde “ao recinto fortificado interior, encostado à fraga”; o setor 2 corresponde a
ao segundo recinto fortificado (anexo ao primeiro)”; à área de ocupação exterior às
fortificações.”.
Estas divisões viabilizam uma interpretação mais compreensível dos dados obtidos em
cada setor. Auxilia também a interpretação das várias fotografias, ilustrações e tipografia
presentes na obra inclusivo dos cortes estratigráficos situados nas páginas 271 e 272.
Voltando às escavações, e referindo a sua aplicabilidade, como podemos ver na análise
de cada setor, estas escavações, para além de desvendar artefactos arqueológicos,
permitem-nos analisar (neste caso concreto) os métodos utilizados para a construção dos
recintos. Também nos possibilita ver que partes do terreno foram alteradas pela natureza
ou pelo humano. Porém isso estará mais relacionado com a estratigrafia. Ademais,
faculta-nos estabelecer ou determinar o contexto por detrás do sítio. Devem ainda ser
referidos os diversos fragmentos de cerâmica descobertos em todos os setores que em si
nos podem dar informações referentes ao modo de vida dos habitantes (não excluindo
também a descoberta de instrumentos líticos no 2º setor), novamente contribuindo para a
idealização da história do local de estudo.
B1
1) No que toca aos processos de estratificação o autor refere-os pela primeira vez na
página 229, pertencente ao setor 1 uma sequência composta por quatro unidades
estratigráficas que poderão sugerir dois momentos distintos na sua formação. Ainda no
setor 1 página 230, fala-se de uma “primeira fase de derrube das estruturas (muralhas e
bastiões) onde se crê que, devido à inexistência de materiais no interior dos bastiões que
estes não tiveram uma ocupação interna nem foram acumulados sedimentos no interior
durante a fase de uso que virá anteriormente aos primeiros derrubes das estruturas de
fortificação.
É ainda referido, no setor 3 que em 1996 houve um incendio na área o que levou a que a
área fosse lavrada e reflorestada com pinheiros devido a isto e segundo o autor “de forma
inexplicável” parte dos sedimentos haviam sido “rapados”.
2) As estratigrafias estão divididas por setores tal como foi descrito anteriormente.
Geralmente, o autor faz um bom trabalho em descreve-las, proporcionando uma
explicação minuciosa dos detalhes da estratigrafia analisada que, juntamente com as
diversas fotografias e ilustrações pintam uma imagem relativamente clara do local de
estudo. Porem, parece faltar informação, ou melhor dizendo, ilustrações dos cortes
estratigráficos, na minha opinião, a obra apresenta poucas ilustrações que as demonstram
e que por isso mesmo danifica um pouco a compreensão do sítio. Ademais, por vezes, a
informação pode ser confusa e difícil de seguir. Apesar disso, vejamos alguns exemplos
da estratigrafia falada nos setores 1 e 2.
2)
Fig. 1 Fig.2
Fig.1= Matriz de Harris correspondente ao corte estratigráfico A da página 273.
1) A datação por C14 consiste em comparar os níveis de C14, a sua quantidade residual
com o seu valor inicial quanto menor a quantidade de C14 mais antigo. Com a datação
pelo C14 podemos medir coisas de origem vegetal ou animal.
D- Arqueobotânica e Paleoetnobotânica
Segundo o autor, os materiais paleobotânicos são escassos para conseguir “(…) uma
caracterização generalizada do coberto vegetal local durante o 3ºmilénio AC” e consistem
basicamente em carvões dispersos nos depósitos de ocupação dos sítios. Ora com um
número tão escasso e com tão pouca variedade é complicado retirar grandes conclusões
relevantes à área de estudo. Dado isto, o autor diz ser necessário um estudo mais amplo e
que abranja mais disciplinas tais como a palinologia. Conclusão da qual eu concordo,
quanta mais interdisciplinaridade houver mais abrangente será o estudo e
consequentemente as conclusões obtidas. Apesar de tudo, o autor considera os dados
atuais úteis na dedução sobre as opções nas estratégias de exploração de recursos. Após
isto, o autor alerta brevemente para se ter cuidado na manipulação de dados futuros vistos
que estes podem estar contaminados devido à proximidade de uma área residencial.
Seguidamente fala especificamente e aprofundadamente sobre as amostras recolhidas nos
Castro de Santiago e da Malhoa.
Destas amostras conclui-se que houveram queimadas nos locais e indícios de destruição
de áreas florestadas. Além disso foi possível a partir destes dados construir uma imagem
inicial da paisagem local durante os três primeiros quartéis do 3º milénio a.C.
Bibliografia
Cruz, D., Gomes, L., & Carvalho, P. (1998). O grupo de tumuli da casinha derribada (concelho de
Viseu). Resultados preliminares da escavação arqueológica dos monumentos 3, 4 e 5 .