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Construção Civil

7. Revestimento

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Prof. Jefferson Homrich
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Revestimento de paredes
Os revestimentos de paredes têm por finalidade regularizar a superfície,
proteger contra intempéries, aumentar a resistência da parede e
proporcionar estética e acabamento.
Os revestimentos de paredes são classificados de acordo com o material
utilizado em revestimentos argamassados e não-argamassados.
1 – Revestimentos argamassados
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Os revestimentos argamassados são os procedimentos tradicionais da
aplicação de argamassas sobre as alvenarias e estruturas com o objetivo
de regularizar e uniformizar as superfícies, corrigindo as irregularidades,
prumos, alinhamentos dos painéis e quando se trata de revestimentos
externos, atuam como camada de proteção contra a infiltração de águas
de chuvas. O procedimento tradicional e técnico é constituído da
execução de no mínimo de três camadas superpostas, contínuas e
uniformes: chapisco, emboço e reboco.
1.1 Chapisco
4 Chapisco é argamassa básica de cimento e areia grossa, na
proporção de 1:3 ou 1:4, bastante fluída, que aplicada sobre as
superfícies previamente umedecidas e tem a propriedade de produzir um
véu impermeabilizante, além de criar um substrato de aderência para a
fixação de outro elemento.
1.2 – Emboço
5 O emboço é a argamassa de regularização que deve determinar a
uniformização da superfície, corrigindo as irregularidades, prumos,
alinhamento dos painéis e cujo traço depende do que vier a ser executado
como acabamento.
É o elemento que proporciona uma capa de impermeabilização das
alvenarias de tijolos ou blocos e cuja espessura não deve ser maior que
1,5 cm.
O emboço é constituído de uma argamassa grossa de cal e areia no traço
1:3. Usualmente adiciona-se cimento na argamassa do emboço
constituindo uma argamassa mista, em geral nos traços 1/2:1:5; 1:1:6;
1:2:9 (cimento, cal e areia).
1.2 – Emboço
6 Para a execução do emboço é necessário ter decorrido um tempo
mínimo de carência da aplicação do chapisco de 3 dias e que
preferencialmente os elementos embutidos das paredes tenham sido
executados, as tubulações hidráulicas e elétricas, os rasgos devidamente
preenchidos, os batentes das portas colocados ou com os tacos dos
batentes assentados, contramarcos dos caixilhos e preferencialmente o
contrapiso executado (neste caso, cuidar de proteger o contrapiso contra
prováveis incrustações de argamassas).
Execução do emboço:
7 a) Colocação dos tacos ou taliscas – são pequenas peças de
madeira ou de ladrilhos cerâmicos colocados sobe a superfície a ser
revestida e que servirá de referencia para o acabamento. Usa-se fixar os
tacos com a mesma argamassa que vai ser utilizada no emboço. Os tacos
devem ser aprumados e nivelados nas distâncias indicadas na figura,
redobrando o cuidado em relação ao alinhamento em que se encontram
os registros, as tomadas d’água, caixas dos interruptores e tomadas
elétricas. Se necessário, fazer os ajustes nesses elementos para obedecer
o plano de acabamento (prumo) desejado.
Ta co
1 a 1,5 cm (ta lisca ) Má ximo
30 cm do teto

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Cha pa da de

1,0 a 1,5 m
Pa rede cha pisca da a rga ma ssa p/
fixa r ta cos

Má ximo 30 cm 1,0 a 2,0 m Má ximo


30 cm do piso

Eta pa 1 - Coloca çã o dos ta cos a pruma dos e nivela dos


Plano de acabamento
Plano de acabamento
Tubula çã o
hidrá ulica
Eletroduto

Ca ixa de
toma da Registro
de ga veta

Cuida dos na eta pa 1 - definiçã o do pla no de a ca ba mento (prumos)

b) Execução das mestras – depois que os tacos estiverem consolidados (2


dias, no mínimo), preenche-se o espaço entre as taliscas verticalmente com
a mesma argamassa do emboço e estando a massa firme com o uso de
uma régua de alumínio (desempenadeira), apruma-se as mestras que
servirão de guia para a execução do revestimento .
1 a 1,5 cm Mestra s

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Pa rede cha pisca da

Eta pa 2 - Execuçã o da s mestra s


c) Emassamento da parede – depois de consolidados as mestras

11 (mínimo 2 dias), executa-se o preenchimento dos vãos entre as


mestras com argamassa de revestimento em porções chapadas
cuidando para que fique um excesso em relação ao plano das
mestras. No caso da espessura do revestimento ficar maior que 2 a
3 cm, executar em camadas menores em intervalos de no mínimo
16 horas.
As chapadas deverão ser comprimidas com colher de pedreiro
num primeiro espalhamento, tomando o cuidado de recolher o
excesso de argamassa depositado sobre o piso antes que
endureçam.
12

Cha pa da s de
a rga ma ssa

Eta pa 3 - Ema ssa ma nto e espa lha mento


d) Sarrafeamento – iniciar o sarrafeamento tão logo a argamassa

13 tenha atingido o ponto de sarrafeamento usando uma régua


desempenadeira de baixo para cima, retirando o excesso de
material chapeado. Para verificar o ponto de desempeno, que
depende do tipo de argamassa usada, da capacidade de sucção da
base e das condições climáticas, deve-se pressionar com o dedo a
superfície chapeada. O ideal é quando o dedo não mais penetra na
argamassa (apenas uma leve deformação), permanecendo
praticamente limpo.
Arga ma ssa cha pea da
14 em ponto de desempeno

Superfície
Régua sa rra fea da
desempena deira

Eta pa 4 - Sa rra fea mento


e) Desempeno – dependendo do acabamento desejado pode-se

15 executar o desempeno da superfície com esempenadeira de mão


adequada para cada caso (madeira, aço ou feltro). Se a parede for
receber revestimento cerâmico, basta um leve desempeno com
desempenadeira de madeira, cuidando para não deixar
incrustações nos cantos e no piso próximo ao rodapé.
1.3 – Reboco
É a argamassa básica de cal e areia fina, onde a nata de cal (água
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e cal hidratada) adicionada em excesso no traço, constitui uma
argamassa gorda, que tem a característica de pequena espessura
(na ordem de 2 mm) e de preparar a superfície, com aspecto
agradável, acetinado, com pouca porosidade, para a aplicação de
pintura. A aplicação é feita sobre a superfície do emboço, após 7
dias (sem que tenha sido desempenado) com desempenadeira de
mão, comprimindo-se a massa contra a parede, arrastando de
baixo para cima, dando o acabamento (alisamento) com
movimentos circulares tão logo esteja no ponto, trocando-se de
desempenadeira (aço, espuma, feltro) dependendo do acabamento
desejado.
2 – Revestimentos não argamassados
São revestimentos de paredes, constituídos por outros elementos
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naturais ou artificiais, assentados sobre emboço de regularização,
com argamassa colante ou estruturas especiais de fixação. Esses
produtos têm procedimentos de assentamento ou fixação
específicos, segundo as características de seus elementos. Entre
os mais utilizados estão:
a) Revestimento cerâmico;
b) Revestimento de pastilhas de porcelana;
c) Revestimento de pedras naturais;
d) Revestimento de mármores e granitos polidos;
e) Revestimento de madeira;
f) Revestimento de plástico;
g) Revestimento de alumínio.
2.1 – Revestimentos Cerâmicos
São produtos industrializados com grande controle do processo de
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fabricação;
 Exigem atenção desde a composição da massa, que utiliza
argilas, filitos, talcos, feldspatos (grês) e areias (quartzo), até a
classificação final do material;
 Caracterizado por elementos cerâmicos, de grande variedade de
cores, brilhantes e acetinados, em diversos padrões, lisos e
decorados;
 alta vitrificação, ou seja, de grande coesão, resistência a
compressão e abrasão.
 A espessura média é de 5,4 mm. A face posterior (tardoz) não é
vidrada e apresenta saliências para aumentar a capacidade de
aderência da argamassa de assentamento.
Finalidade e vantagens do revestimento cerâmico:
a) proteção à alvenaria;
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b) é anti-alérgico;
c) facilidade de limpeza (é higiênico);
d) beleza (possui inúmeras opções decorativas);
e) é durável (quando de boa qualidade);
f) é anti-inflamável.

Obs: O revestimento cerâmico não pode ser considerado elemento


impermeabilizante a ponto de conter coluna de água sobre ele,
assim como a cerâmica e a argamassa de rejuntamento.
Elementos do revestimento cerâmico:
Considerado como um sistema, tecnicamente, o revestimento
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cerâmico é constituído por um conjunto de elementos distintos
funcionando como uma estrutura organizada. Esses elementos têm
composições diferentes que geram esforços diferentes, que devem
apresentar, no final, um equilíbrio de todas as tensões que atuam
no sistema, para que não ocorra o comprometimento do
revestimento cerâmico.
Os elementos do revestimento cerâmico são:
a) substrato ou base (emboço);
b) argamassa colante;
c) placa cerâmica;
d) diferentes tipos de juntas;
e) argamassa de rejuntamento.
2.2 – Normas gerais para a execução de assentamento Cerâmico:
21 a) utilizar as ferramentas adequadas ao serviço;
b) fazer o planejamento de assentamento dos painéis para cada superfície
ou áreas de revestimento contínuo, elaborando projeto se necessário;
c) verificar nivelamento de forro e prumada do revestimento de emboço,
que deve ter sido executado 14 dias antes do serviço, conforme a NBR
8214;
d) marcar pontos de referência e pontos auxiliares em nível, em cada
parede, a uma altura cômoda para o trabalho, para o alinhamento das
peças (fiada mestra);
e) efetuar a montagem em bancada das peças, determinando sobre uma
peça de madeira ou alumínio, a “galga”, incluindo os espaçadores que
definem a dimensão das juntas;
f) instalar uma régua de alumínio com o auxílio da galga, logo acima do
piso, para o assentamento da primeira linha das placas cerâmicas
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inferiores, aplicando-se duas peças nos cantos superiores para
verificação ou correção do prumo, com as peças já aplicadas nos cantos
inferiores;
g) assentamento deve ser feito com argamassa colante, adesivos à base
de cimento aditivados, que proporcionam maior produtividade;
h) no assentamento deve ser observada a execução de juntas entre as
peças, de acordo com a Norma NBR 8214/83, que estabelecem as
dimensões mínimas de acordo com as dimensões das peças cerâmicas
utilizadas.
Essas juntas se fazem necessárias para impedir a propagação de tensões
entre as peças e favorecem os ajustes no perfeito alinhamento que
compensem eventuais diferenças de dimensões entre as mesmas;
M a te ria l Dim e nsã o Dim e nsã o ind ic a d a
c e râ m ic o (c m) p a ra junta s ( m m )

15x15 1,5
Azule jos 15x20 2,0
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7,5x15 2,0
15x15 2,0
15x20 2,0
20x20 2,0
La d rilhos
20x30 3,0 a 5,0
30x30 3,0 a 5,0
30x40 5,0 a 10,0

i) os tipos mais comuns de juntas são: estrutural, de assentamento, de


movimentação e de dessolidarização. Para as juntas de assentamento,
usam-se espaçadores de plástico, pregos ou palitos;
j) molhar o material antes do assentamento, mergulhando as peças
cerâmicas em um reservatório com água. (este procedimento era
realizado antigamente)
Observação: antes de iniciar o assentamento de placas cerâmicas,
verificar nas etiquetas das caixas do material a ser aplicado, a
uniformidade na indicação do nome do produto, cor e tonalidade.
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Características técnicas importantes das peças cerâmicas

25 a) EPU – expansão por umidade: Recomenda-se usar em pisos e


paredes internas, cerâmicas com EPU de no máximo 0,60 mm / m. Em
fachadas recomenda-se usar cerâmicas com EPU de no máximo 0,40
mm / m.
b) PEI (Instituto de Esmaltes para Porcelana): é um índice usado como
norma internacional para indicar a resistência do esmalte da cerâmica ao
desgaste (abrasão) quando submetido à ação de sujeiras abrasivas em
função do uso.
c) Limpabilidade (ou resistência às manchas): são 5 classes:
26 Classe 1 – impossibilidade de remover manchas;
Classe 2, 3 e 4 – possibilidade de remover as manchas conforme o
agente aplicado e o produto de limpeza utilizado;
Classe 5 – corresponde à maior facilidade de limpeza.
d) Absorção de água (%):
Um dos parâmetros de classificação das placas cerâmicas é a absorção
de água, que tem influência direta sobre outras propriedades do produto.
A resistência mecânica do produto, por exemplo, é tanto maior, quanto
mais baixa for a absorção.
As placas cerâmicas para revestimentos são classificadas, em função da
absorção de água, da seguinte maneira:
 Porcelanatos: de baixa absorção e resistência mecânica alta (BIa
Þ de 0 a 0,5%);
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 Grês: de baixa absorção e resistência mecânica alta (BIb Þ de
0,5 a 3%);
 Semi-Grês: de média absorção e resistência mecânica média
(BIIa Þ de 3 a 6%);
 Semi-Porosos: de alta absorção e resistência mecânica baixa
(BIIb Þ de 6 a 10%);
 Porosos: de alta absorção e resistência mecânica baixa (BIII Þ
acima de 10%)
e) Classificação das placas esmaltadas (resistência ao ataque
químico contidos em produtos de limpeza e industrialização):
A – alta
B – média
C - baixa
Tipos de juntas para aliviar as tensões entre as peças cerâmicas
 Junta é definida como o espaço (fresta) regular entre duas peças de
28 materiais idênticos ou distintos. Os tipos mais comuns de juntas são:
estrutural, de assentamento, de movimentação e de dessolidarização.
 Quanto a forma de aplicação, as peças podem ser assentadas com:
a) juntas paralelas ou a prumo;
b) juntas amarradas;
c) juntas em diagonal desencontradas;
d) juntas em diagonal paralelas.

a p rum o a m a rra d a s

d ia g ona is d ia g ona is a m a rra d a s


Quanto a função, as juntas são classificadas em:
a) Junta Estrutural – é a fresta regular cuja função é aliviar tensões
29 provocadas pela movimentação da estrutura da obra. Devem ser
respeitadas em posição e largura, em toda espessura do revestimento;
b) Junta de Assentamento – é a fresta regular entre duas peças cerâmicas
adjacentes e tem a função de:
- absorver parte das tensões provocadas pela EPU da cerâmica, pela
movimentação do substrato e pela dilatação térmica;
- compensar a variação de bitola da placa cerâmica, facilitando o alinhamento;
- garantir um perfeito preenchimento e estanqueidade; facilitar eventuais trocas de
peças cerâmicas; estética;
c) Junta de Movimentação – executada com a função de aliviar tensões
provocadas pela movimentação do revestimento e do substrato, nas linhas de
ligação entre as paredes de alvenarias e as estruturas de concreto.
d) Junta de Dessolidarização – é o espaço regular cuja função é separar a
área com revestimento de outras áreas (paredes, tetos, pisos, lajes e
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pilares), para aliviar tensões provocadas pela movimentação do
revestimento e/ou substrato.

Junta
e strutura l
(c om e nc hime nto fle xíve l)

Pila re s
Se la nte

Ce râ mic a

Emboç o
Junta de
a sse nta me nto

Junta de
de ssolida riza ç ã o
Pla nta s/ e sc .

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