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REVESTIMENTOS DE PISOS

1. Utilizando placas cerâmicas

I- ORIENTAÇÕES GERAIS

-o contrapiso deve estar regularizado há pelo menos 14 dias ;

-os materiais verificados como: tipo de argamassa colante, lote do piso, junta de assentamento mínima
proposta pelo fabricante, tipo de rejunte, espessura dos dentes da desempenadeira e demais
orientações;

-providenciar a limpeza do contrapiso;

-providenciar projeto de paginação para o assentamento com definição dos pedaços, alinhamentos e
forma de assentamento o qual deverá prever as juntas de assentamento, juntas de trabalho bem como
as de dessolidarização no encontro com as paredes, e ao redor de elementos como pilares, bem como
posicionar as juntas de dilatação estruturais se porventura existirem. Incluir especificação de soleiras
como tipo de material, largura e rebaixos bem como também dos rodapés indicando altura e
embutimentos.

-a utilização do espaçador é fundamental para garantir perfeição no alinhamento;

-o piso não deve ser molhado;

-aplicar a argamassa sobre a base para panos de no máximo 2m² (dependendo dos pisos esta abertura
deve ser menor);

-com as linhas, esquadros e espaçadores, justapor as peças, sobre os cordões de argamassa feitos com o
lado dentado da desempenadeira, que a seguir deverão ser batidas uma a uma com martelo de
borracha. Para peças grandes a argamassa deverá ser aplicada no tardoz da peça livre de engobe ou pó.
Deixar as juntas completamente isentas de argamassa (limpar a argamassa que sobe pelas juntas o mais
cedo possível, deixando-as limpas para posterior rejuntamento).

-bloquear a passagem por 72 h sobre o piso recém assentado;

-rejuntar depois das 72 h, após retirar sujeiras e poeira das juntas, limpando o excesso após 15 a 30
minutos conforme o tempo de secagem se o rejunte for comum, ou imediatamente após a aplicação se
for rejunte epóxi . O rejunte comum deve ser levemente frisado para melhorar o acabamento.

-nas juntas de movimentação deverão ser aplicados selantes resilientes (7 dias após o rejunte das
peças), e as juntas de dilatação estruturais deverão receber tratamento específico (antes do
assentamento das peças) para não permitir passagem de água por entre elas. Os pisos serão
interrompidos sobre estas juntas estruturais, conservando o espaço das mesmas. Posteriormente sobre o
tratamento poderão receber acabamento em chapas finas de alumínio fixadas apenas em um dos lados

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das juntas (deixando um lado livre para a movimentação da estrutura) encobrindo e arrematando o
vão.

Obs. Para evitar eflorescências verificar se nas áreas úmidas drenos e impermeabilizações foram
executados.

II- JUNTAS NOS REVESTIMENTOS DE PISOS:

1º) JUNTAS DE ASSENTAMENTO:

São espaços regulares entre placas cerâmicas adjacentes, a fim de:

-compensar possíveis variações de bitola das placas cerâmicas, facilitando o alinhamento;

-cumprir o papel estético harmonizando o conjunto;

-amortecer as movimentações da base e das placas cerâmicas;

-possibilitar o perfeito preenchimento, garantindo a vedação da junta;

-facilitar a manutenção das placas.

Ércio Thomaz no seu livro Tecnologia, Gerenciamento e Qualidade na Construção, sugere as larguras
mínimas das juntas de assentamento em função das dimensões das placas:

PISO INTERNO EXTERNO

Peças 15 x 15cm 3mm 4mm

Peças 20 x 20 cm 4mm 6mm

Peças lado > 20cm 5mm 8mm

Fonte: THOMAZ (2001)

Os fabricantes atualmente disponibilizam a espessura mínima das juntas de assentamento dos


pisos dentro das características técnicas, normalmente impressas nas caixas dos produtos.

Preenchimento: rejuntes cimentícios, acrílicos e epóxi.

2º) JUNTAS DE MOVIMENTAÇÃO:

Projetadas de modo a criar panos nos revestimentos cerâmicos, proporcionando liberdade de


movimentação ao sistema. Sua função é aliviar e absorver as tensões causadas pelas movimentações
das bases e do próprio revestimento. Sua largura deve ter de 8mm a 15mm, e profundidade de pelo
menos até 2/3 da base ou do contrapiso. Recomendações da norma:

Juntas de movimentação para pisos externos conforme a norma NB 13753:

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• A área do piso for maior ou igual a 20 m²;
• Uma das dimensões do revestimento for maior do que 4 m;
• Mudanças de direção do plano de revestimento;
• Encontros da área revestida com paredes, pilares, vigas e outros tipos de revestimento;
• Mudança de materiais que compõem o piso, por exemplo, interfaces entre estrutura de concreto e
alvenaria;
• Regiões onde ocorrem momentos fletores máximos.

Ainda segundo a norma NBr 13753:


Dimensão do revestimento
(cm) Em interiores, sempre que a área do piso for igual ou major que 32 m² ou sempre que uma das
dimensões do revestimento for maior que 8 m, devem ser executadas juntas de movimentação. Em
exteriores e em pisos interiores expostos diretamente a insolação e/ou umidade as juntas de
movimentação devem ser executadas sempre que a área for igual ou maior que 20 m², ou sempre que
uma das dimensões do revestimento for maior que 4m.
Onde há mudança de materiais que compõem a base, nas bases de grandes dimensões e sujeitas a
flexão e nas regiões onde ocorrem momentos fletores máximos positivos ou negativos, devem ser
executadas juntas de movimentação.

Preenchimento:
1º) enchimento das juntas ou limitador de fundo: para enchimento o material deve ser altamente
deformável como borracha alveolar e espuma de poliuretano, etc. Para o limitador de fundo o tarugo
de polietileno ( tarucel) sem aderência ao fundo nem ao selante.
2º)acabamento resiliente com selante, podendo ser silicone, poliuretano ou mastiques elásticos. Estes
materiais devem aderir somente as laterais das juntas deixando o fundo livre para absorver os efeitos
das movimentações, devem calafetar o espaço impedindo entrada de umidade e agentes agressivos.

DICA: EVITAR QUE A RELAÇÃO DOS PANOS L/C SEJA < QUE 2/3, ou seja quanto mais L
e C se aproximarem, menor a possibilidade de trincas. Panos quadrados ou com dimensões
mais próximas de comprimento e largura tem menor chance de trincar.

3º) JUNTAS DE DESSOLIDARIZAÇÃO:

Junta de dessolidarização tem como função separar a área de assentamento de outras áreas como
paredes, teto, pisos, lajes, pilares. Segundo Thomaz (2001) deve-se prever junta de dessolidarização
nos encontros do piso com elementos verticais sejam eles paredes, pilares ou platibandas. Devem ter
um mínimo de 5mm e deverão ser preenchidas com materiais resilientes (PU, silicone, .. ) assentados
sobre uma base de material flexível .

4º) JUNTAS ESTRUTURAIS:

Junta estrutural tem como função aliviar as tensões provocadas pela movimentação da estrutura,
devendo ser prevista pelo calculista no projeto estrutural. O espaço da junta estrutural, normalmente
entre 25mm a 30mm, deve ser resguardado e respeitado durante a execução de todas as camadas de um
piso. Normalmente devem ser tratadas por empresa especializada já que não podem deixar passar água
por entre o vão da estrutura: limitador de fundo + manta elastomérica + selante. Após o término do

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piso por uma questão estética pode-se fixar uma chapa bem plana e fina em alumínio de um dos lados
da junta, deixando o outro lado livre para trabalhar.

III-PATOLOGIAS NOS REVESTIMENTOS DOS PISOS:

São inúmeras as manifestações patológicas em revestimentos de pisos com placas cerâmicas. As de


maior recorrência:

1º) descolamento ou destacamento das placas também chamado desplacamento : precedido de


som cavo ou oco, denunciando perda da aderência com a base. Podem ser provocados por movimentos
excessivos da laje, assentamento inadequado sem previsão de juntas de assentamento, ou das demais
juntas, por exemplo. Falha de mão de obra durante o assentamento com utilização de argamassa com
tempo de abertura vencido, a não retirada do engobe do tardoz da placa ou a ausência de dupla
colagem quando indicado são outros possíveis motivos.
A falta de projeto e planejamento também são determinantes pois a falha quanto aos prazos que devem
ser aguardados entre as camadas, ou mesmo durante a estrutura com retirada precoce de fôrmas e
escoramentos podem causar deformações lentas não previstas nas lajes.

2º) trincas e fissuras: podem surgir devido a altas tensões na base que podem provocar a ruptura das
placas bem como tensões das próprias placas que ocorrem por variações térmicas e de umidade. Peças
submetidas a cargas elevadas também podem sofrer ruptura, bem como o tráfego sobre peças soltas.

3°) gretagem: caracterizado por microfissuras na superfície de esmalte de placas cerâmicas


esmaltadas, resultam normalmente quando o esmalte não acompanha o movimento do biscoito quando
sujeito a tensões, pode-se dizer que é defeito de fabricação.

4°) eflorescência: manchas esbranquiçadas na face superior das placas provocadas por uma
combinação de umidade ( infiltração ou vazamentos) que em presença de sais solúveis existentes nos
componentes das alvenarias, argamassas, e nas próprias placas, reagem formando uma solução que
migra para a superfície endurecendo com a secagem do ar. Eliminar a umidade é o principal fator para
cessar o fenômeno.

5º) EPU: expansão por umidade. A expansão por umidade pode ser descrita como o aumento das
dimensões de materiais cerâmicos causada pela adsorção – processo no qual substâncias são retidas na
superfície de sólidos por meio de interações físico-químicas – de água. Pode ocorrer o descolamento das
placas e até mesmo gretagem na peça ao inchar com a água. Ao aumentar de volume as placas sem
espaço suficiente entre elas tendem a levantar provocando o descolamento em cadeia. Normalmente
pode-se controlar EPU na fabricação das peças.

6º) deterioração das juntas: são causadas por inadequação dos produtos, limpeza inapropriada, ou por
falhas na hora do rejuntamento, bem como intempéries como chuvas ácidas, envelhecimento natural dos
rejuntes e selantes e falta de manutenção. Ao definir o material correto, a forma correta de se rejuntar, a
limpeza correta e as manutenções respeitando os prazos de vida útil, elimina-se este problema. Deve-se
salientar que rejuntes e selantes são determinantes para obter estanqueidade do piso.

7°) Outras patologias que podem ocorrer devido ao uso do piso inadequado ao local ( falhas de
especificação no projeto):
-desgaste excessivo do esmalte (PEI inferior ao necessário);
-manchas na superfície (limpeza inadequada, não tolerância a produtos químicos);
-riscos na superfície esmaltada ou vítrea ( baixa resistência a riscos na escala de MOHS).

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