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Resumo
O presente artigo busca identificar características e conceitos dos métodos construtivos do
Granilite, revestimento que pode ser de peças pré-fabricadas ou moldadas in loco,
composto por cerca de 80% de cimento, fragmento de pedras naturais e juntas plásticas
que utiliza insertos diamantados quando polido. Comparado com outros pisos, o granilite é
considerado barato devido sua durabilidade e facilidade de manutenção, e devido sua alta
versatilidade e resistência é muito utilizado em ambientes de alto tráfego. O artigo também
identifica as características e conceitos existentes nas etapas construtivas do Pavimento
Rígido de Concreto, que atualmente está sendo utilizado com mais frequência no Brasil em
relação a antigamente. É notável a rapidez construtiva, a economia a longo prazo e sua alta
resistência. Nas últimas décadas percebe-se o crescimento do desenvolvimento tecnológico
do pavimento rígido.
Palavras-chave: Concreto, granilite, pavimento.
1. Introdução
Os revestimentos têm como principal função a proteção das estruturas e alvenarias das
construções em geral, normalmente em camadas sobrepostas, os revestimentos cobrem
estas estruturas e seus componentes, protegendo-os de fatores externos e internos,
causados tanto pelo ambiente, quanto pelo seu uso e atividades do homem.
Sendo assim, as principais funções dos revestimentos são: aumentar a resistência a
intempéries dos elementos estruturais e de vedação, auxiliar no isolamento termo-acústico,
na estanqueidade à água e aos gases, regularizar a superfície da alvenaria de vedação,
servir de base regular e adequada ao recebimento de outros revestimentos, servir como
acabamento final, contribuir na melhoria das qualidades de impermeabilidade e higiene,
além de conferir beleza arquitetônica.
Assim, o acabamento passa a exercer a função de adornar, combinar com o ambiente e a
personalidade do proprietário. Com isso, várias cores e tipos de revestimentos foram
desenvolvidos para se adequar às diferentes preferências e necessidades.
O granilite (também conhecido como marmorite) e o pavimento rígido possuem
revestimentos de concreto. São frequentemente utilizados em locais de grande fluxo por
apresentarem alta resistência se projetados e executados corretamente. Sendo o granilite
indicado em escolas, hospitais, shoppings, postos de saúde, aeroportos, indústrias e etc, e
o pavimento rígido indicado em pátios industriais, de pedágios ou de portos, terminais de
ônibus, pistas de aeroportos, rodovias e etc.
Os agregados mais utilizados na composição do granilite são os granitos e mármores, que
além de contribuírem para a resistência mecânica, também deixam a superfície do material
com a estética proposta. Este cobrimento não é regulamentado pela Associação Brasileira
de Normas Técnicas, ou seja, não existe padronização para produção e execução deste
revestimento, podendo assim ser utilizado qualquer tipo de cimento em sua composição,
apesar do cimento branco ser o mais usado.
Portanto, a qualidade dos materiais empregados nas obras, a correta aplicação das
técnicas, bem como os reparos necessários, fornecem à estrutura: boa qualidade,
durabilidade e resistência, garantindo que esta resista ao uso e intempéries. Qualquer falha
nesses itens acarretará em anomalias.
As patologias mais frequentes nos revestimentos em geral são: aparecimento de bolhas,
manchas, descolamentos, micro fissuras, rachaduras, bolor e etc.
Pode-se afirmar que os revestimentos são de suma importância, conhecer as características
dos materiais e suas aplicações evitam danos ou prejuízos nas construções, deve-se evitar
a falta de qualidade, aplicação errada ou mal uso dos materiais, bem como gastos
desnecessário com reparos futuros.
Com isso, o presente trabalho visa apresentar os materiais constituintes do granilite e do
pavimento rígido, demonstrando os seus processos de produção e execução, expondo suas
utilizações, suas vantagens e desvantagens.
2. Método
Os informes tiveram como base pesquisas em teses de mestrado, livros de técnicas e
práticas construtivas, sites de materiais de construção, revistas online de obra e decoração,
apostilas de faculdade, normas do DNIT e normas da ABNT, projetos da ABCP e Trabalhos
de Conclusão de Curso.
3. Resultados e discussão
3.1 Pavimento Rígido de Concreto
O Pavimento rígido foi desenvolvido com o objetivo de suportar grandes cargas sem ter a
necessidade de manutenção constante, ele pode ser construído em estradas de tráfego
pesado e intenso, praças/pátios industriais, terminais de ônibus, pátios de pedágios e
portos, pistas de aeroportos, rodovias, BRT’s (bus rapid transit) e etc.
O pavimento rígido surgiu em 1865, a invenção do automóvel com motor a gasolina foi em
1885, em 1909 tem-se o desenvolvimento do asfalto derivado do petróleo (antes o asfalto
era feito com piche pantanoso).
Segundo Balbo (2009), a primeira estrada brasileira com pavimento de concreto foi a
Rodovia Caminho do Mar, foi construída no estado de São Paulo em 1926.
Os pavimentos rígidos são formados por placas de concreto de cimento Portland (com
armadura ou não), que são apoiadas sobre uma camada transitória denominada sub-base,
que se localiza em cima do subleito (fundação do pavimento).
Conceitos introdutórios necessários para o entendimento do artigo:
Subleito: fundação natural dos pavimentos em geral, o subleito é a camada que receberá o
pavimento por cima. No caso do pavimento rígido de concreto, logo acima desta fundação
denominada subleito é aplicada uma camada chamada de sub-base;
Sub-base: é uma camada transitória localizada acima do subleito e abaixo do revestimento;
Revestimento: é a camada superior/superficial, esta recebe diretamente os esforços do
tráfego e os transfere para a sub-base que por sua vez transfere os esforços ao subleito;
Lona plástica: material empregado para evitar a interação entre a placa de concreto
(revestimento) e as demais estruturas do pavimento (sub-base e subleito). Esta lona pode
ser substituída pela aplicação de um material betuminoso;
Juntas: são cortes feitos na superfície do pavimento, podendo estes cortes serem
transversais ou longitudinais em relação ao eixo (sentido, direção) da estrada;
Selante: é um material resistente a umidade, aplicado em juntas de dilatação, retração e
outras. O material selante poderá ser moldado a quente ou a frio, podendo também ser pré
moldado, e deve ser de produção industrial, atendendo a norma DNIT 046/2004-EM;
Placa de concreto: é a mesma coisa que o revestimento, porém, diz respeito a apenas
uma seção do revestimento, esta seção, na maioria dos casos, é delimitada por juntas. No
caso de revestimentos que não possuem juntas, esta placa de concreto é o próprio
revestimento por inteiro;
Régua vibratória: equipamento utilizado para nivelar o concreto;
Retração hidráulica do concreto: a retração (contração), também chamada de retração
hidráulica do concreto ou contração do concreto, ocorre por conta da diminuição (contração)
do volume do concreto, que acontece quando o concreto passa pelo processo de secagem
(perda de água do concreto para o ambiente), a secagem causa deformações de retração
no concreto e resulta no surgimento de fissuras;
Tela: também chamada de armadura de tração ou armadura distribuída, é empregada
acima (ou acima e abaixo ao mesmo tempo) da metade da altura da espessura do
revestimento, a função desta tela é resistir aos esforços de retração hidráulica do concreto,
compressão e tração causada pela flexão. Esta tela é geralmente soldada e feita com aço
CA-60. Estas telas soldadas devem atender aos requisitos dispostos na norma NBR 7481;
Barra de transferência: também chamada de “passadores”, é utilizada para a transferência
de cargas entre placas de concreto;
Barra de ligação: também chamada de “ligadores”, é utilizada nas juntas longitudinais do
pavimento de concreto, para diminuir o engastamento entre placas de concreto;
Texturizador: é uma espécie de vassoura com fios rígidos, é usado para dar textura áspera
na superfície do concreto com o objetivo de fazer com que o contato pneu/placa de concreto
seja mais firme evitando o deslizamento dos veículos;
Por fim: Vibroacabadora de fôrmas deslizantes, de bitola regulável, de tração própria, é
uma máquina construída fundamentalmente de:
-Estrutura montada sobre rodas ou esteiras;
-Dispositivo de distribuição frontal de concreto (para espalhar o concreto, no sentido da
largura, ao longo de todo o comprimento longitudinal do revestimento de concreto), este
dispositivo deve abranger toda a largura de trabalho, provido de pá-distribuidora ou
parafuso de rosca sem fim (esta pá e este parafuso tem a função simples de distribuir o
concreto transversalmente, ou seja, distribuir paralelamente ao sentido da largura do
pavimento);
-Sistema vibrador: pode auxiliar no assentamento do concreto;
-Régua regularizadora oscilante, pré-acabadora (auxilia no acabamento);
-Desempenadeira mecânica ou mesa acabadora (dá o acabamento);
-Fôrmas deslizantes (para dar o formato do pavimento, é chamada forma deslizante pois é
possível deslizar a mesma, para regular a largura do pavimento de acordo com o
especificado no projeto);
-Sistema de controle eletrônico para o alinhamento e o nivelamento da pavimentadora por
meio de linha guia (Este sistema permite à vibroacabadora a capacidade de não sair do
alinhamento topográfico, e seguir o caminho da pavimentação perfeitamente evitando assim
que o pavimento saia das angulações previstas no projeto).
É ilustrado a seguir, de forma básica, as camadas do pavimento rígido de concreto (Figura
1).
Fonte: mapadaobra.com.br/inovacao/pavimento-rigido-para-corredores-de-onibus
Fonte: adaptado de Viana, H. M. F. (2018) “Notas de aulas de Pavimentação (parte 12)”, Faculdade
de Tecnologia e Ciência (FTC)
Fonte: adaptado de Viana, H. M. F. (2018) “Notas de aulas de Pavimentação (parte 12)”, Faculdade
de Tecnologia e Ciência (FTC)
Fonte: adaptado de Viana, H. M. F. (2018) “Notas de aulas de Pavimentação (parte 12)”, Faculdade
de Tecnologia e Ciência (FTC)
Fonte: adaptado de
facilitandoaengenharia.com.br/2018/10/10/pavimento-rigido-de-concreto-protendido
Fonte: www.nucleodoconhecimento.com.br/engenharia-civil/metodos-de-pavimentacao
A tensão horizontal aplicada na superfície (Figura 8) exige que esta tenha uma coesão
mínima. Segundo Senço (2001) a fundação do pavimento é denominada subleito, com o
aprofundamento no maciço, as pressões exercidas pelo tráfego são reduzidas a ponto de
serem consideradas desprezíveis. A pressão de contato é decrescentes com o aumento da
profundidade (Figura 8). Segundo Senço (2001) pavimentos rígidos são estruturas pouco
deformáveis, constituídas principalmente de concreto de cimento Portland. Tendem a
romper por tração na flexão, quando sujeitos a deformações.
Figura 9 - barra de transferência instalada abaixo da junta de retração, no meio de duas placas
de concreto vizinhas.
Fonte: adaptado de Viana, H. M. F. (2018) “Notas de aulas de Pavimentação (parte 12)”, Faculdade
de Tecnologia e Ciência (FTC)
Figura 11: barra de transferência instalada abaixo da junta de retração, no meio de duas
placas de concreto vizinhas.
Fonte: adaptado de Viana, H. M. F. (2018) “Notas de aulas de Pavimentação (parte 12)”, Faculdade
de Tecnologia e Ciência (FTC)
Fonte: adaptado de Viana, H. M. F. (2018) “Notas de aulas de Pavimentação (parte 12)”, Faculdade
de Tecnologia e Ciência (FTC)
3.1.6 Defeitos
Os defeitos nos pavimentos rígidos são originados em falhas de execução, falhas no estudo
do solo ou imprudências de projeto e podem resultar em aparições patológicas, destruição
ou necessidade de reabilitação de placas de concreto. Os principais defeitos notados no
pavimento rígido são: alçamento de placas, fissuras de canto, fissuras lineares, fissuras
superficiais (escamação), fissuras de retração, placa dividida, escalonamento, falha na
selagem das juntas, desníveis, desgaste superficial, bombeamento, quebras localizadas,
esborcinamento (quebra de canto), esborcinamento de juntas, placa “bailarina”, buracos,
também estando inclusos outros defeitos descendentes do recalque.
3.2 Granilite
3.2.1 Conceito
Seu acabamento pode ser feito com cores e texturas variadas. Elementos como a politriz,
esmeril e resina são usados para um acabamento liso, geralmente espelhado, ideal para os
interiores, mas esse revestimento pode possuir também um acabamento lavado, também
conhecido como fulget, onde as irregularidades dos grânulos são mantidas, garantindo uma
superfície áspera e antiderrapante, ideal para revestir rampas, escadas, fachadas,
arredores de piscinas, caminhos externos, espelhos d’água e outras áreas externas. Há
ainda a opção do granilite drenante, caracterizado por ser permeável, também aplicável em
áreas externas. A Figura 21 mostra diferentes aplicações de granilite polido em hall, salões
e escadas.
Esse tipo de revestimento têm voltado como tendência de uns anos para cá, chamado por
muito arquitetos brasileiros de terrazzo, os marmorites, como também são conhecidos, são
feitos geralmente de concreto branco ou comum, areia, água e fragmentos de pedras
naturais como granito, mármore, quartzo e outros minerais, como até vidro.
Salgado (2011) define como granilite, o piso composto de argamassa de cimento e areia no
traço 1:3 ou 1:4 à qual é adicionado pequenos pedaços de granito (pedrisco) à mistura, que
dão um aspecto pigmentado ao piso. Geralmente é utilizado o cimento branco ou corantes
na composição deste piso para ressaltar os pedriscos.
Este revestimento é escolhido pelo charme retrô, mas também por sua resistência.
Enquanto o mármore se mostra mais poroso e, portanto, requer maiores cuidados, as
misturas com granito e quartzo em maior quantidade são extremamente duras. E como
podem ser feitos a partir de cacos ou sobras de pisos, o granilite e o marmorite tendem a
ser mais baratos que seus precursores, mas a mão de obra especializada e o aluguel ou
compra dos equipamentos como a politriz para sua aplicação pode diminuir
consideravelmente sua economia. Assim, é aconselhável que o marmorite seja executado
por empresa especializada, que ofereça mão de obra, máquinas, além das granitinas e
juntas que serão utilizadas.
Apesar de ser considerado um piso feito de sobras, quando polido, tanto o granilite como o
marmorite recebem uma generosa camada de resina impermeabilizante. Isso o deixa
visualmente mais atraente e restringe sua manutenção, alguns chegam a mencionar que
sua manutenção pode ser a cada 10 ou 12 anos. O designer de interiores Roberto Negrete
em entrevista para a revista Casa e Jardim online cita que além do piso, eles podem ganhar
as paredes ou mesmo as bancadas de cozinhas, banheiros e lavabos como é mostrado na
Figura 22.
Fonte:https://www.archdaily.com.br/br/917785/granilite-entenda-melhor-a-fabricacao-e-o-uso-deste-re
vestimento-moderno-e-ao-mesmo-tempo-contemporaneo (2020)
O designer ainda afirma que qualquer tipo de situação monolítica é muito bem vinda,
principalmente em espaços menores. Se o mesmo material é usado no piso e na parede,
seja cimento ou granilite, dá a sensação de que o ambiente se expande, especificando que
banheiros todos revestidos são um bom exemplo de uso de marmorites para aumentar os
ambientes, “só é preciso cuidado para não escorregar”, destaca.
3.2.2 Compostos
Cimento portland é um ligante hidráulico composto basicamente por clínquer que pode ter
adição de minerais na sua composição, como o sulfato de cálcio que além de controlar a
pega do cimento, favorece o ganho de resistência inicial.
Segundo Neville (1997), o clínquer é o resultado da mistura de matérias-primas como
calcários e argilas moídas e queimadas em forno rotativo a temperaturas de cerca de 1450
ºC. Como dificilmente é encontrado um tipo de rocha com as quantidades necessárias de
óxidos de clínquer, na maioria das vezes o clínquer é obtido através da mistura de
diferentes rochas.
De uma forma geral, cada material acrescenta uma característica específica a massa do
aglomerante, o gesso, por exemplo, aumenta o tempo de pega, a escória, aumenta a
durabilidade na presença de sulfato, mas em grandes quantidades pode diminuir a
resistência, já a argila pozolânica confere maior impermeabilidade ao concreto, enquanto
que o calcário é utilizado para reduzir o custo do cimento. Dentre os vários tipos estão o
cimento comum, o com adição, o composto com escória, o composto com pozolana, o
branco entre outros.
O cimento portland branco é classificado como estrutural, com classes 25, 32 e 40 MPa e
não estrutural. Para garantir as brancura deve-se ter controle dos teores de ferro e
manganês. Os teores de óxido de ferro, em massa, devem ser inferiores a 0,4%
(BENSTED, 2004 apud FRANCELINO, 2012).
3.2.2.2 Agregado
Granito 181
Calcário 159
Arenito 131
Mármore 117
Quartzito 252
3.2.2.3 Aditivos
Aditivos são definidos pela EB 1763 (ABNT, 1992) como sendo produtos, geralmente
químicos que, adicionados em pequenas quantidades aos concretos de cimento Portland,
modificam algumas de suas propriedades, no sentido de melhor adequá-las a determinadas
condições. A Norma ainda classificava os aditivos em: plastificante, retardador, acelerador,
plastificante retardador, plastificante acelerador, incorporador de ar, superplastificantes,
superplastificante retardador e superplastificante acelerador.
Os aditivos em forma pulverulenta ou líquida devem ser armazenados, até o instante do seu
uso, nas embalagens originais ou em local que atenda as especificações do fabricante. Os
aditivos líquidos devem ser homogeneizados energicamente, de modo a impedir a
decantação dos sólidos contidos no aditivo. E o recipiente para armazenamento de aditivos
deve estar munido de uma identificação contendo: marca, lote, tipo do produto, data de
fabricação e prazo de validade.
3.2.2.4 Pigmentos
Já Salvador Filho e Liborio (2007, apud FRANCELINO, 2012) afirmam que os corantes
naturais, no geral, possuem baixo poder de pigmentação por seus baixos teores de óxido de
ferro, enquanto que os sintéticos foram desenvolvidos para terem maiores possibilidades de
tons e intensidades, dentre os óxidos de ferro naturais estão as hematitas que geram
tonalidades avermelhadas, as limonitas que geram tonalidades amareladas e as magnetitas
para tonalidades de preto, já os óxidos de ferro sintéticos amarelos produzem cores que
variam do creme ao amarelo, os pretos produzem tonalidades do cinza claro a tons de
carvão e os vermelhos, tons do amarelado até azulado. A Figura 24 apresenta algumas
amostras de granilites pigmentados.
Camargo (2010) ressalta que a dosagem inadequada pode causar perda de resistência à
abrasão por excesso de pó na argamassa e que elevadas quantidades de corante podem
resultar no aumento da relação a/c para manter a trabalhabilidade da argamassa, o que
pode aumentar a porosidade e assim diminuir a resistência mecânica, acrescenta ainda que
geralmente a proporção usada varia até 10% do peso do cimento, sendo de 3 a 5% para
tons médios e de 6 a 8% para tons escuros, acima de 10% a tonalidade não muda. Afirma
ainda que cores de verde escuro e azul escuro não são indicadas por ocasionarem
desagregação da argamassa e alteração da cor.
3.2.3 Cura
Deve ser feita a análise da obra para escolher o melhor tipo de cura a ser utilizada,
considerando diferentes custos e métodos de execução como de imersão, molhagem de
superfície e cura térmica. Uma vez que, uma cura adequada pode evitar retrações no
concreto que ocorrem pela perda de água para o meio externo, o que possibilita que se
mantenha as reações de hidratação e assim, evita deficiências como o baixo ganho de
resistência mecânica (AITCIN, 2000).
Afonso e Liborio (1995) explicam que as superfícies do concreto perdem água mais
facilmente que o interior, assim, quando o processo de cura é feita de forma inadequada
pode gerar retração na superfície, o que ocasiona tensões de tração que desencadeiam
fissuras. Afirmam ainda que fatores como temperatura, umidade relativa do ar, ação dos
ventos, relação a/c entre outros determinam a duração e intensidade da cura,
recomendando uma cura de 7 dias, o que garante a hidratação de boa parte dos compostos
do cimento e ainda porque após esse período o alto nível de compacidade dificulta a
movimentação da água de cura.
Uma vez que altas temperaturas são prejudiciais ao concreto por acelerarem a evaporação
da água, deve ser feito o controle através de medidas como o uso de água fria com
escamas de gelo, refrigeração do agregado e aspersão de água na betoneira, porém
concretos frescos sofrem danos em temperaturas abaixo de 0ºC pelo rompimento das
ligações das partículas sólidas causadas pelo aumento do volume da água. Sendo ideal
para o concreto temperaturas em torno dos 25ºC, podendo a água de amassamento ser
aquecida ou resfriada para se adequar se houver necessidade (FRANCELINO, 2012).
Além de muito utilizada, a cura com água é de fácil operação e baixo custo, devendo iniciar
no começo da pega e de preferência cobrir a superfície após a molhagem. Já quando há a
necessidade de desformar rapidamente após a concretagem, como na produção de peças
pré-moldadas de granilite por exemplo, é utilizado a cura térmica que possibilita ganho
acelerado de resistência mecânica. Francelino (2012) acrescenta que há o rápido ganho de
resistência quando elevada a temperatura durante o processo inicial de hidratação e que
em cura térmica a vapor em pressão atmosférica ambiente, em aproximadamente três horas
é atingido a resistência mecânica inicial.
3.2.4 Execução
Sendo assim, como na maioria dos revestimentos existentes, o granilite exige cuidado com
a declividade nas áreas molhadas e planicidade nas área secas, desníveis entre os
ambientes, rugosidade superficial para aderência à base e resistência inicial a impactos,
porém há algumas diferenças na aplicação desse revestimento para pisos e paredes.
Para a aplicação nas paredes, o chapisco deve estar limpo e bem molhado, deve ser
aplicado uma camada de emboço ou regularização, também constituída de uma argamassa
de cimento e areia grossa lavada no traço 1:5, bem úmida e de espessura entre 3 a 5 cm,
devendo ser bem batida e sarrafeada para uma superfície rústica, plana, aprumada e sem
saliências.
A argamassa de granilite é então despejada em camada que pode variar entre 5 a 20 mm,
regularizada com régua metálica e após o início da pega deve ser espalhada a granilha
adicional, quando necessário, em seguida o revestimento deve ser alisado com
desempenadeira de aço (Figura 26). É feito então, a cura úmida por um período mínimo de
7 dias para o acabamento polido e mais dias de cura no caso do fulget.
Camargo (2010) acrescenta que o marmorite não deve ser aplicado sobre uma base de
gesso, cal ou fibrocimento e que após a cura de 7 dias pode ser polido primeiro com
esmeris de carborundum de nº 30 até o nº80 ou 120, seguido de uma lavagem para tornar
visível as falhas que devem ser estucadas (Figura 27), e que depois do segundo dia de cura
do estucamento, o revestimento deve seguir para o último polimento realizado com esmeris
de carborundum cada vez mais finos de até nº 220 e finalizado com uma camada de cera
virgem ou de carnaúba branca.
As juntas, quando de isopor, não devem ter espessura inferior a 5 mm e devem ser
preenchidas com material de enchimento flexível e vedada com selante. O piso não deve
apresentar fissuras, nem som cavo e uma proporção de granilha nunca inferior a 70%.
Com o revestimento de granilite acabado, este deve ser protegido por filmes de polietileno
ou sacos de aniagem até a entrega da obra objetivando evitar contato com quaisquer
elementos que causem danos ao piso como pedaços de madeira, folhas de jornal, pontas
de cigarro e outros.
3.2.4.1 Acabamento polido
Após 5 a 7 dias de cura deverão ser feitos os primeiros polimentos mecânicos, também
conhecido como polimento grosso, depois de completamente limpo, é feito o estucamento
do cimento, para corrigir eventuais falhas. O estucamento é uma técnica que consiste na
aplicação de uma pasta formada por cimento Portland comum e branco na proporção 2:1
objetivando preencher os poros aparentes do concreto, criando assim, uma superfície lisa,
em seguida, é necessário aguardar uma cura de 2 dias. É então aplicado o polimento fino,
sendo mecânico ou manual. Como a politriz pode deixar marcas de ranhura, alguns
profissionais finalizam com um polimento mais minucioso com esmeril, depois é feito a
lavagem. A Figura 28 mostra o processo.
A aplicação de uma resina acrílica é feita após uma semana de cura enquanto que para
resina poliuretano é necessário um prazo de 20 a 22 dias, sendo necessário que o piso
esteja completamente limpo e seco para a camada de resina. A figura 29 mostra o aspecto
final desse acabamento no granilite.
Após o intervalo de cura, como o nome diz, o revestimento é lavado para retirar o excesso
de cimento. Essa limpeza deve ser feita com limpadores de alta pressão e utilizando o bico
da mangueira em leque, nunca pontual. Após o segundo dia, é recomendado que o
revestimento seja limpo com ácido para a limpeza das pedras da sua superfície. A figura 30
mostra o aspecto final do acabamento fulget no granilite.
3.2.4.3 Limpeza
Para ambos acabamentos é recomendado que a limpeza seja feita com detergentes ou
sabão neutro, sendo contraindicado o uso de ácidos ou cloro. O acabamento fulget deve ser
lavado com bicos regulados para jato de água em leque. Já os granilites de acabamento
polido devem ser encerados com a frequência determinada pelo uso e tráfego do local,
após a aplicação da cera, deve ser feito o polimento com enceradeira para uma melhor
cristalização.
3.2.5 Solidarização
Este fenômeno ocorre quando os revestimentos estão aderidos ao substrato. Nesse caso,
perturbações no substrato e no granilite, como retrações, podem gerar tensões na interface
que ocasionarão fissuras que podem se prolongar tanto do substrato para o granilite e vice
versa.
3.2.6 Dessolidarização
Segundo Guimarães (2002), a adição de cal às argamassas também contribui para tornar o
ambiente mais asséptico, melhorar a estanqueidade e retenção da água, além de aumentar
a plasticidade e isolamento térmico. Deve ser ressaltado que as argamassas produzidas
com cal devem ter uma cura diferente uma vez que a cal é um aglomerante aéreo e seu
endurecimento depende da carbonatação, o que aumenta em mais um dia o tempo de cura
das massas mistas com cal.
3.2.7 Patologias
As fissuras podem ocorrer nas peças de granilite por diversas causas, seja por erros na
dosagem, por cura inadequada, solidarização e outros fatores. Desta forma, somente limitar
as dimensões do revestimento não é suficiente para evitá-las, deve-se observar também os
procedimentos de cura e execução do revestimento, as condições do substrato, bem como
conhecer o comportamento do material.
Porém mesmo com a produção cautelosa do granilite, se este estiver solidarizado poderá
apresentar fissuras provenientes de fissuras do substrato. Na figura 33 pode ser observado
que a fissuração no granilite é uma continuação da fissura do substrato, sendo assim, a
fissura que se iniciou na regularização foi transmitida ao revestimento.
Para evitar que uma cura inadequada possa gerar fissuras, empenamentos e baixas
resistências à abrasão, pode ser usado mantas para cura úmida ou cura química.
Vaporizadores podem ser utilizados se a umidade relativa do ar estiver baixa, porém é
inviável em ambientes externos. Já para evitar anomalias geradas pela solidarização, o
granilite deve ser aplicado sobre uma camada intermediária entre o revestimento e a base
que ficará responsável por absorver as deformações do revestimento para a base.
Na execução dos reparos, deve-se observar cuidados como aberturas de cavidades
regulares para o encaixe do material de reparo, remoção total de material solto e
desagregado, rigorosa limpeza e saturação prévia da base, entre outras.
Sua aparência final se aproxima da estética de rochas ornamentais, mas com menos custo,
apesar da execução do granilite necessitar de mão de obra especializada, equipamentos e
materiais específicos, além de várias camadas e dias para ser finalizado, o que pode
torná-lo mais caro em comparação à outros pisos. Todavia ao longo do tempo esse valor é
compensado pela durabilidade. Outro ponto a ressaltar são as anomalias que geralmente
ocorrem em compostos cimentícios principalmente as fissuras.
4. Conclusão
O pavimento rígido faz o trânsito ficar mais seguro para os usuários, reduz os custos com
iluminação pública e na chuva ele tem maior resistência ao deslizamento dos veículos, este
exige um maior custo inicial de construção, porém, tem vida útil mais prolongada em relação
ao asfalto, não precisa de tantas manutenções resultantes em paralisação de ruas e
rodovias, diminui os prejuízos ao estado. O pavimento rígido permite a construção de
duráveis BRT's (bus rapid transit). Com o passar do tempo se torna mais economicamente
viável.
AÏTCIN, P. Concreto de Alto Desempenho. Trad. Geraldo G. Serra. São Paulo: Pini, 2000.
Revista Casa e Jardim. Entenda a diferença entre granilite, marmorite e terrazzo. 2019.
Disponível em:
https://revistacasaejardim.globo.com/Casa-e-Jardim/Arquitetura/noticia/2019/01/entenda-dif
erenca-entre-granilite-marmorite-e-terrazzo.html >. Acesso em 26/03/2020.