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Centro Universitário de Lins - UNILINS

Melhores Práticas Contrapiso Autonivelante

Lins/SP

2018
Sumário

INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 3
DESENVOLVIMENTO .................................................................................................................... 4
CARACTERÍSTICAS DO PROJETO ...................................................................................... 6
NORMAS TÉCNICAS................................................................................................................. 6
DA EXECUÇÃO .......................................................................................................................... 7
SISTEMA BOMBEÁVEL ....................................................................................................... 8
PASSO A PASSO ................................................................................................................... 9
CONCLUSÃO ................................................................................................................................ 14
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................................. 14

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INTRODUÇÃO

O contrapiso autonivelante é um sistema composto por uma argamassa à


base de cimento de alto desempenho, autoadensável, autonivelante, bombeável
monocomponente e bastante fluida, de fácil aplicação. Em pisos de áreas internas
e externas de tráfego moderado, cria uma superfície lisa, plana e de acabamento
fino. Pode ser usado com sucesso para reabilitar, regularizar e nivelar contrapisos
novos e antigos, desde que seja corretamente especificado e aplicado para essas
finalidades.

Particularmente, apresenta ótimos resultados em situações em que há


alta exigência de planimetria, como garagens, estacionamentos, pátios e pisos
industriais. Indicado para recuperação e nivelamento de bases de concreto, o
sistema de contrapiso autonivelante foi desenvolvido na Europa na década de
1980. No Brasil, as primeiras utilizações do produto datam de 1990.

Atualmente, empreendimentos comerciais, industriais e projetos de


equipamentos urbanos - como o estádio do Maracanã - estão utilizando a solução.
Mas apesar de seu uso em obras expressivas, o desconhecimento da tecnologia
ainda é o maior fator impeditivo para a análise criteriosa do seu custo-benefício, o
que tem freado a disseminação em larga escala.

Figura 1 – Aplicação de contrapiso autonivelante

A proposta da argamassa auto adensável, também conhecida como


autonivelante ou até mesmo auto escoante, é permitir uma moldagem adequada,

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isenta de defeitos oriundos da falha de aplicação ou de técnica inadequada de
moldagem, sem uma grande exigência na qualificação do operário.

DESENVOLVIMENTO

O Contrapiso Autonivelante (CPA) é um elemento do subsistema piso,


constituído de uma única camada de material, lançado sobre uma base (laje
estrutural) adequadamente preparada, devendo apresentar características como
fluidez, espessura, resistência mecânica e durabilidade adequadas ao atendimento
de suas funções principais, que são:

 possibilitar o recebimento do revestimento de piso;

 transmitir à laje suporte as cargas de utilização;

 proporcionar os níveis necessários aos ambientes contíguos, não


sendo possível executar desníveis e declividades para os ambientes.

O piso serve como nivelador e base para assentamento de inúmeros


revestimentos, como piso cerâmico, carpete, tábua corrida encaixada, mármore e
porcelanato, sem qualquer alteração no acabamento (EGLE, 2010).

Outra demanda que motivou o desenvolvimento do sistema bombeável


para o contrapiso foi a dificuldade do transporte vertical, que geralmente é feito por
elevador de cremalheira. A maior dificuldade de uma obra nessa etapa é subir todos
os materiais pelo equipamento de transporte vertical e o contrapiso autonivelante
traz vantagens nesse aspecto também. A argamassa é lançada em uma bomba
acoplada, que a projeta até o pavimento onde será utilizada, dentro do limite de
alcance da bomba.

Com relação às bombas para CPA, em geral se utilizam bombas de rosca


sem fim, mas, quando foi testada a aplicação do sistema com bombas de pistom,

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esta funcionou bem. No entanto, a bomba de rosca dá mais precisão na hora de
aplicar o produto, pois sua velocidade é mais contínua. Em resumo, podem-se
utilizar vários tipos de bomba, mas é preciso ser criterioso quanto ao volume de
material, área onde será aplicada e capacidade da equipe que realizará o trabalho.

Em locais onde existe a necessidade de isolamentos ou aquecedores


térmicos, antes da execução do CPA, deve ser colocada uma lona plástica sobre a
qual a argamassa autonivelante será lançada. Este produto pode ser liberado para
trânsito de pessoas, em média, 24 horas depois da aplicação.

Com relação ao assentamento, como em qualquer argamassa, deve ser


respeitado o tempo de secagem e eliminação da umidade, em torno de 14 dias,
dependendo das condições climáticas da região. É bom lembrar ainda da
importância que tem a cura neste processo, pois contribui para evitar o fenômeno
da fissuração oriunda da retração, que é responsável pelo aparecimento de fissuras
e trincas.

De acordo com a NBR 6118 Projeto e execução de obras de concreto


armado, deve-se fazer uma proteção nos primeiros 7 dias, contados a partir do
lançamento, molhando continuamente a superfície do concreto (irrigação), ou
mantendo uma lâmina d’água sobre a peça concretada (submersão), ou ainda
recobrindo com plásticos e similares (RIBEIRO, et al., 2006).

A cura é a fase de secagem do concreto. Ela é importantíssima: se não


for feita de modo correto, este não terá a resistência e a durabilidade desejadas. É
um processo mediante o qual se mantêm um teor de umidade satisfatório, evitando
a evaporação de água da mistura, garantindo ainda, uma temperatura favorável ao
concreto durante o processo de hidratação dos materiais aglomerantes, de modo
que se possam desenvolver as propriedades desejadas. Basicamente, os
elementos que provocam a evaporação são a temperatura ambiente, o vento e a
umidade relativa do ar. Consequentemente, a influência é maior quando existe uma
combinação crítica destes fatores. (COSTA, 2009)

As características superficiais como a permeabilidade, a carbonatação, a


presença de fissuração, etc. são as mais afetadas por uma cura inadequada, seja

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dos concretos ou argamassas, além, é claro, da durabilidade. Com relação ao
abastecimento de argamassa autonivelante, atualmente têm sido disponibilizados
dois tipos: argamassa ensacada para CPA, que é misturada no momento do
lançamento e a argamassa produzida em centrais e transportadas até a obra em
caminhão betoneira.

CARACTERÍSTICAS DO PROJETO

Antes de executar o serviço, é altamente recomendável conhecer todos


os detalhes do projeto e realizar uma vistoria prévia no local para uma análise
técnica da base, avaliando todos os detalhes que possam influenciar no
comportamento do piso, tais como:

 Área do piso;

 Espessura mínima e máxima da camada que será aplicada sobre o


piso;

 Disposição das juntas de dilatação;

 Disposição de pilares;

 Condições da base (no caso de pisos antigos, é fundamental avaliar se


a superfície está íntegra, sem fragmentação, resíduos, revestimentos,
manchas de óleo ou presença de elementos químicos);

 Uso destinado ao piso (identificar cargas pontuais, trânsito de veículos


pesados e exposição a agentes químicos);

 Tipo de fechamento e cobertura (exposição ao sol, vento e à chuva).

NORMAS TÉCNICAS

Ainda não há normas técnicas brasileiras que regulamentam o contrapiso


à base de cimento, portanto, as normas referenciais são as europeias:

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EN 13.892-2:2002 Methods of Test for Screed Materials. Determination of
Flexural and Compressive Strength (resistência à compressão e à flexão);

EN 13.454-2:2003 Binders, Composite Binders and Factory Made


Mixtures or Floor Screeds Based on Calcium Sulfate. Test Methods (nível de
retração);

EN 13.501-1:2007 Fire Classification of Construction Products and


Building Elements. Classification Using Test Data from Reaction to Fire Tests
(resistência ao fogo);

EN 13.892-4:2002 Methods of Test for Screed Materials. Determination of


Wear Resistance-BCA (resistência à abrasão).

DA EXECUÇÃO

Para aplicar o contrapiso autonivelante, deve-se começar pelo preparo da


superfície que receberá a argamassa. Ela precisa estar limpa, livre de resíduos e
sujeiras, como óleo, graxa ou tinta. Quando a base for muito antiga – ou quando
ela estiver mal executada –, é necessário utilizar uma fresadora para retirar a
camada superficial danificadaou sem aderência e obter outra mais resistente. Em
seguida, é preciso varrer para eliminar o excesso de pó (algumas obras utilizam um
aspirador industrial).

Com a superfície em bom estado, recomenda-se a utilização de


um primer selador para vedar os poros da base e garantir uma boa aderência à
argamassa. Essa etapa pode ser realizada com o auxílio de uma vassoura de pelo
para fazer o espalhamento do selante. Algumas fabricantes recomendam a
aplicação de uma nova camada de primer após quatro horas.

A espessura da camada que será aplicada precisa ser estabelecida de


acordo com o desnível existente. Para isso, uma dica é utilizar um nível a laser,
ferramenta que garante mais precisão na demarcação. Fitas de polietileno também
podem ser colocadas nos cantos das paredes e em peças estruturais, bem como

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na disposição das juntas de dilatação ou movimentação, de modo a identificar bem
o espaço de trabalho.

Em seguida, realiza-se a mistura do produto obedecendo às proporções


indicadas pelo fabricante. Ela pode ser feita com misturador manual ou mecânico,
até garantir que a argamassa esteja homogênea, sem grumos. Depois, vem o
espalhamento, que deve atingir o limite da marcação do nível. Feito isso, utiliza-se
um rolo quebra-bolhas com o objetivo de eliminar o ar aprisionado. Após 24 horas,
o piso já estará endurecido e, assim, será possível retirar as demarcações e aplicar
o revestimento (em casos de pintura, o ideal é fazer o lixamento da superfície).

O sistema é composto por:

Camada seladora - tem a função de vedar todos os poros da base,


potencializando a aderência do produto;

Camada regularizadora - contrapiso autonivelante à base de cimento


(com função de regularizar e nivelar) de espessura variável em função do desnível
da base.

Para o bom desempenho, no entanto, o sistema deverá atender


prioritariamente aos requisitos de resistência à compressão, à flexão e superficial
(abrasiva), aderência à base, nivelamento, planicidade e acabamento compatível
com os revestimentos finais previstos em projeto.

SISTEMA BOMBEÁVEL

Quando a obra optar pelo sistema bombeável, o mais indicado é que os


materiais estejam alocados no pavimento em que a argamassa seja
homogeneizada com misturador mecânico. Após a mistura, a argamassa é lançada
para uma bomba, que a projeta até o local de aplicação.

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PASSO A PASSO

Figura 2 -
Ferramentas e EPIs necessários: óculos, capacete,
protetor auricular, luvas, máscara, vassoura de pelo,
rastelo, fita de polietileno expandido, demarcador,
broxa e sapatilha de prego

O aplicador deverá utilizar as


ferramentas e os EPIs indicados na figura
2. O uso da fresadora (figura 3) é indicado
quando as condições do substrato para
aplicação do produto forem impróprias, situação comum em bases antigas ou até
mesmo novas (quando mal- executadas). Com o equipamento, é possível fazer a
retirada da camada superficial da base atingindo uma camada mais resistente e
proporcionar, desse modo, uma melhor ancoragem do contrapiso autonivelante.

Figura 4 - Aspirador de pó Figura 5 - Misturadora mecânica


Figura 3 - Fresadora
industrial e bomba

Depois da fresagem, é necessário varrer a base para retirar o excesso de


pó gerado no processo. A limpeza mais "fina" deverá ser feita com um aspirador
industrial (figura 4).

Utilizar um misturar mecânico e uma bomba acoplada (figura 5),


assegurando, respectivamente, maior homogeneidade da mistura e alta
produtividade na aplicação.

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Figura 6 - Preparo da base

Recomenda-se manter uma central única de mistura em um ponto


estratégico da obra, preferencialmente em um local com fácil acesso ao
recebimento de materiais e à estocagem deles e a uma distância adequada até o
ponto de aplicação.

É imprescindível fazer uma vistoria preliminar no local, observando


detalhadamente a área de aplicação e verificando pontos necessários para uma
recuperação prévia, como necessidade ou não de tratamento de fissuras, de
cavidades acentuadas e de fresamento, por exemplo. Antes de iniciar a execução
do serviço, é importante verificar se o local apresenta instalações adequadas para
a utilização dos equipamentos. Tanto os pontos de elétrica como os de hidráulica
devem ser exclusivos para o sistema (que requer alimentação constante devido à
alta produtividade) e dimensionados para atender às necessidades dos
equipamentos a serem usados.

Se necessário, realiza-se o tratamento prévio de fissuras da base e


regularizam- se cavidades acentuadas ( figura 6). Em obras industriais, a etapa de
preparo da base deve ser reforçada, assim como o produto que será aplicado,
justamente por conta das cargas que serão aplicadas sobre o piso. No uso
residencial, por exemplo, dispensa-se a etapa de fresagem do piso.

A base deve estar íntegra, seca, sem sujeira ou material solto e isenta de
material contaminante ou oleoso. Nessas condições, a base deve ser preparada

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com fresamento (figura 7) ou polimento com disco de vídea. A raspagem deve ser
feita em sentidos cruzados.

A superfície deve ser varrida com vassoura, a fim de retirar a sujeira


grossa da base (figura 8). Em seguida, o pó será aspirado. O não cumprimento
desses procedimentos prejudicará a aderência da argamassa na base,
prejudicando o desempenho do sistema.

Com a superfície corretamente preparada, raspada, limpa e seca, aplicar


a primeira camada de selante, utilizando uma vassoura de pelo limpa para fazer o
espalhamento do produto (figura 9). Reaplicar o selante após quatro horas ou se a
primeira camada estiver seca ao tato.

Aplicar uma fita de polietileno expandido nos cantos inferiores das


paredes e em peças estruturais existentes no local, a fim de absorver qualquer
movimentação. Demarcar a base em panos de acordo com a disposição das juntas
de dilatação do piso (figuras 10 e 11).

Misturar o produto obedecendo à quantidade de água indicada pelo


fabricante, utilizando um misturador mecânico. Para pequenas superfícies, a
mistura pode ser feita em balde com haste metálica acoplada a uma furadeira
profissional. Para grandes áreas, utilizar um misturador mecânico adequado que
garanta a homogeneidade da mistura, atendendo à maior demanda de aplicação.

Para verificar a fluidez da argamassa, deve-se realizar o flow test


despejando a massa sobre o gabarito nivelado (figura 12). A argamassa deve
atingir o limite da marcação azul.

Aplicar a mistura sobre a camada seladora seca, respeitando a espessura


final (figura 13). A aplicação é rápida e o consumo é de aproximadamente 1,7
kg/m²/mm.

Imediatamente após a aplicação, usar um rolo quebra-bolhas ou um


rastelo denteado para remover o ar aprisionado (figura 14). Esperar 24 horas, até
o endurecimento do piso, retirar as demarcações e recortar as rebarbas da fita de

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polietileno expandido. Em caso de aplicação de pintura, recomenda-se o lixamento
prévio da superfície.

Figura 8 - Limpeza Figura 9 - Selante

Figura 10 - Fita de polietileno expandido Figura 11 - Demarcação das juntas de dilatação

Figura 12 - Flow test Figura 13 - Aplicação

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Figura 14 - Acabamento

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CONCLUSÃO

A principal vantagem na utilização desta argamassa é a agilidade que ela


agrega à execução do contrapiso, além do aumento de produtividade. Outra
vantagem que merece ser repetida é o tempo de secagem. Enquanto o sistema
convencional impede o trânsito de pessoas e equipamentos por cerca de três dias,
o contrapiso feito com argamassa autonivelante libera a área em 24 horas. Além
disso, uma característica que tem chamado muito a atenção de engenheiros e
arquitetos mais conscientes é o fator ecológico. Portanto, foi de grande valia e
aprendizado este trabalho.

BIBLIOGRAFIA

Sites:

http://techne17.pini.com.br/engenharia-civil/192/artigo286998-1.aspx acesso em
20/05/2018

https://www.aecweb.com.br/cont/m/rev/contrapiso-autonivelante-proporciona-
ganho-em-produtividade_12186_10_0 acesso em 20/05/2018

http://www.mapadaobra.com.br/capacitacao/como-aplicar-contrapiso-
autonivelante/ acesso em 20/05/2018

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