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Ricardo Alberto Marcotti – Engenheiro Civil 1

LAUDO DE AVALIAÇÃO TÉCNICA

1. Considerações Gerais:

A elaboração deste laudo tem a finalidade de identificar as condições atuais da


edificação existente, das patologias, e apresentar as soluções técnicas à serem
desenvolvidas para solucionar o problema.

Imóvel situado na Quadra 03, casa 63, setor oeste, Gama, DF.

2. Contratante:

Aparecida Alves de Souza, celular (61)9-9575-0731.

3. Data e hora da vistoria:

A vistoria foi realizada no dia 22 de junho de 2022, início às 15h30.

O Engenheiro Lázaro Silva Pereira, profissional que representou o emitente do


presente laudo, foi acompanhado da Senhora Aparecida, proprietária,

4. Descrição da situação atual:

As patologias visualizadas e diante do relatório verbal da proprietária, estão


caracterizadas pelas imagens que complementam o presente trabalho.

Foto 1
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Sobre a porta e a janela verificamos fissuras verticais e horizontais, que


causaram o descolamento e a soltura de peças de revestimento cerâmico.

Recomendação técnica: realizar a inspeçao de todo o revestimento cerâmico


com o cabo de martelo de madeira batendo suavemente no centro e nos 4
cantos de cada peça.
As peças que apresentarem um som cavo um som cavo (oco por baixo da
peça), devem ser retiradas.

Sobre a porta e janela, nos lados interno e externo, deve-se remover o


revestimento até se atingir o material da parede (bloco cerâmico ou bloco de
concreto) e abrir um sulco linear, na profundidade de 2cm (dois centímetros),
ultrapassando a largura da porta e da janela em 40cm (quarenta centímetros)
para a colocação de uma barra de aço 5/16” (8mm) distante 5cm (cinco
centímetros) do vão.

Todas as partes soltas ou quebradiças, devem ser removidas totalmente, e


recompostas por concreto, se a retirada de material for considerável, senão com
argamassa forte (jamais usar cacos de peças para preencher esses vazios).

A recomposição deve ser com argamassa forte de cimento e areia grossa, na


proporção de 1:3. Aguardar pelo menos 48 horas para recompor o reboco e
demais atividades de revestimento da parede.

Foto 2
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Esta parede recebe a ponta de uma viga metálica que descarrega sua carga
direto sobre a parede e apresenta diversas fissuras em direções aleatórias.

Recomendação técnica: realizar a inspeçao de todo o revestimento da parede


com o cabo de martelo de madeira batendo identificando as áreas soltas ou
frouxas.

Remover cuidadosamente todo o revestimento solto, inspecionando se a fissura


se prolongou para o interior da parede.

Se a fissura danificou o bloco cerâmico ou de concreto que constitui a parede,


abre-se um sulco em forma de “V” que acompanhe toda a fissura, usando-se
uma ferramenta manual apropriada para tal, conhecida no comércio em geral
como cortador riscador de fórmica/raspador de rejunte, conforme imagem
abaixo.

Após abertura dos sulcos, remover partes soltas e poeiras, preencher o sulco
(sem exceder a face lisa do bloco) com sikaflex sikacryl 203, comprimindo com
uma espátula para o total preenchimento do sulco.

Aguardar 24 horas e recompor o revestimento normalmente.


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Sob a ponta da viga metálica que se apoia diretamente na parede, deve-se


executar um pilar de concreto, na largura da parede sem o reboco e na outra
medida com 15cm, usando-se 4 barras de aço 10mm e estribos aço 5mm a cada
10cm. Um bloco de fundação com duas estacas manual com diâmetro de 20cm
e 2,00m metro de profundidade, preenchidas de concreto, usando 4 barras de
aço 6,3mm com estribo em espiral com aço de 5mm espaçado 15 cm e até 1m
de profundidade.
O bloco deve ter dimensões de 70 x 50 x 50cm, com armadura de aço 5/16”
espaçadas em 20 cm em forma de gaiola.

Foto 3:
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O contra-piso que cedeu deve ser totalmente demolido.

Recomendação técnica: A base deve ser avaliada os seus vazios e “fofos”, ser
umedecida e compactada com energia suficiente para recompor a dureza do
solo. Não sendo possível a perfeita compactação, remover 30cm do solo
existente, lançar areia suja, molhar bem, até que haja uma situação de
adensamento e compactação para a execução no novo contra piso, com
espessura não inferior a 10cm de concreto.

Foto 4:
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5. Recomendações técnicas:

Recomendo que neste momento a área edificada nesta região fique interditada,
sem uso, pois traz risco iminente à integridade física de humanos e animais.

Apresento uma sequência de ações de mitigação das patologias:

5.1 Demolir e remover as edificações danificadas de forma permanente;


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5.2 Reconstituir os taludes de bordo do riacho, retificando as seções em formas


suaves de concordância entre si, dirimindo os esforços da energia hidráulica no
seguimento que se deseja controlar;

5.3 Plantar grama em todo o talude;

5.4 Plantar árvores, naturais deste local, em distâncias específicas daquelas


espécies;

5.5 Retirar e remover todo e qualquer sistema de drenagem artificial existente


que esteja rompido ou defeituoso, sob o leito deste local;

5.6 Toda a água pluvial de coberturas e pisos devem ser canalizadas, conforme
projeto específico, para reduzir o volume da lâmina d’água que procura
naturalmente o leito do riacho;

5.7 Evitar a todo custo que novas obras ou ação humana modifique esse
conceito de proteção do solo existente (por exemplo: uma vala aberta para
implantar quaisquer sistemas que sejam necessários, deve ser aberta e fechada
no menor tempo possível, em época de seca);

5.8 Na medida do possível, informar aos vizinhos que façam o mesmo nas suas
propriedades;

5.9 Realizar uma completa limpeza do leito do riacho, retirando detritos, sobras
de obras, galhos e vegetação que modifiquem ou reduzam a vazão natural.

6. Planejamento técnico:
Toda e qualquer intervenção nesta região deve preceder de consultas aos
órgãos públicos e ambientais.

O tratamento técnico a ser dado para dar solução definitiva é:

6.1 Realizar sondagem SPT no local;

6.2 Projetar um muro de contenção com fundações e concreto armado tratado


para esse tipo de meio;

6.3 Projetar sistema hidráulico de todo o lote, compatibilizando o existe com a


necessidade final.

6.4 Projetar todas as edificações que sejam necessárias nesta região do lote,
para que os demais projetos estejam de acordo entre si, prevendo que novas
necessidades venham comprometer a solução técnica adotada.

7. Considerações finais:
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É de suma importância a análise geral do empreendimento, com as


considerações relevantes de locação topográfica, estudo hidrológico da região,
decisão técnica apurada e que atenda as necessidades imediatas e futuras de
uso e ocupação do solo, de forma ordenada, com respeito à natureza e meio
ambiente.

Brasília, 30 de maio de 2021

Ricardo Alberto Marcotti


Engenheiro Civil
CREA 22.889-D/PR
RNP 170.546.811-0

8.Referências:

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13752 - Perícias de engenharia na


construção civil; NBR 15953:2011 - Pavimento intertravado com peças de concreto – Execução.

THOMAZ, Ércio. Trincas em edifícios: causas, prevenção e recuperação. São Paulo: PINI, 2002.

AZEREDO, Hélio Alves de. O edifício até a sua cobertura. São Paulo: Edgard Blucher, 1977.

RIPPER, Ernesto. Como evitar erros na construção. São Paulo: PINI, 1986.

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