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LAUDO DE VISTORIA DE MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS, DANOS E DEFEITOS CONSTRUTIVOS

ASSOCIAÇÃO DOS MORADORES DO CONJUNTO RESIDENCIAL IPANEMA - BLOCO C E D,

Assunto: Laudo de Vistoria de Manifestações Patológicas, Danos e


Defeitos Construtivos

Cliente: Associação dos Moradores do Conjunto Residencial Ipanema -


Bloco C e D, inscrito no CNPJ nº 24.250.101/0001-89
Avenida Xingu nº 205, Ipanema, Pontal do Paraná/Pr.

Estudo: Associação dos Moradores do Conjunto Residencial Ipanema -


Bloco C e D
Avenida Xingu nº 205, Ipanema, Pontal do Paraná/Pr.

Responsável Técnico:

Pelo Laudo: Engenheira Civil


Perita Patrícia Biff Mesquita
CREA/SC: 1605552/D

Engenheiro Civil
Douglas de Carvalho Arantes
CREA/PR: 179871/D

ART:
1720225567230
Data: 14/10/2022

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1. INTRODUÇÃO

Patologia pode ser entendida como a parte da engenharia que estuda os sintomas, os mecanismos
e as origens dos defeitos das construções civis, ou seja, é o estudo das partes do diagnóstico do problema.
À terapia cabe estudar a correção e a solução desses problemas patológicos. Para obter êxito nas medidas
terapêuticas, é necessário que o estudo precedente da questão, ou seja, o diagnóstico, tenha sido bem
conduzido.
Um edifício está sujeito sempre às movimentações naturais da estrutura, efeitos térmicos,
higroscópicos, à deterioração natural causada pelo tempo e as intempéries, efeitos de defeitos
construtivos, além de uma série de outros fatores que podem vir a causar os mais diferentes tipos de
manifestações patológicas.

2. OBJETIVO DO TRABALHO

Este laudo tem por objetivo documentar os problemas verificados na vistoria efetuada na data de 2
de setembro de 2022, na área comum de um Condomínio Residencial, situado na Avenida Xingu nº 205,
Ipanema, Pontal do Paraná/Pr.
Na vistoria buscou-se identificar as manifestações patológicas, danos e defeitos construtivos
existentes na edificação.

3. ANTECEDENTES

A edificação foi vistoriada face ao contrato firmado entre a empresa Bold Engenharia e Construção
LTDA e a Associação dos Moradores do Conjunto Residencial Ipanema.
Vistoriamos todas as áreas da edificação, exceto fundação, as quais solicitaram realização de nossa
vistoria.

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4. CARACTERIZAÇÃO DO IMÓVEL

Edificação residencial constituída de um bloco único, com 40 (quarenta) apartamentos, porém construído
em duas etapas.

4.1. Idade Aparente


30 anos.

4.2. Estado de Conservação


Ruim.

4.3. Padrão de Acabamentos


Normal Baixo.

4.4. Número de Pavimentos


3 pavimentos

4.5. Posição da Edificação


Meio de quadra

4.6. Posição do Lote


Meio de quadra

4.7. Topografia do Lote


Plana

4.8. Cota do Lote


No nível da rua

4.9. Acabamentos

4.9.1. Esquadrias das janelas


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Alumínio

4.9.2. Esquadrias das portas


Madeira e alumínio

4.9.3. Forro do teto


Laje

4.9.4. Paredes
Massa corrida, acrílica, textura e pintura.

4.9.5. Piso
Cerâmica

4.9.6. Cobertura
Telhas de fibrocimento.

5. INSPEÇÃO

Na data de 02 de setembro de 2022 foi realizada a inspeção in loco da edificação.


A área da edificação em questão foi inspecionada visualmente e com o uso de equipamentos de
alta tecnologia, como câmera térmica e scanner, e as ocorrências encontradas foram descritas no presente
relatório.
O escopo deste trabalho é descrever e documentar manifestações patológicas, danos e defeitos
construtivos identificados na edificação.
Fazem parte do escopo deste relatório a análise da edificação sob a ótica estrutural, bem como
análise de cobertura, piso e contrapiso.
As divisas do terreno são referenciadas como quem da rua de frente para o Sul, olha para o imóvel.

6. SINTOMATOLOGIA

Durante nossa inspeção técnica pudemos diagnosticar:


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1 Fissuras, trincas e rachaduras em alvenarias;
2 Recalque diferencial;
3 Vício Construtivo;
4 Carbonatação;
5 Infiltrações;
6 Sinais de escorrimento de água;
7 Sinais de umidade;

Os detalhes das incidências são apresentados a seguir no presente trabalho. Abaixo apresentamos
alguns conceitos sobre manifestações patológicas que visam contribuir para o entendimento deste
trabalho.

INFILTRAÇÃO DE ÁGUA NAS ESTRUTURAS


A infiltração de água nas estruturas refere-se basicamente a permissão de deslocamento da água,
gases ou outros fluídos no interior de materiais, fenômeno classificado como permeabilidade. A
permeabilidade em estruturas de edificações, seja em concreto armado ou protendido, seja em
argamassas ou outros revestimentos, está geralmente associada a falhas de materiais. Essas falhas
poderão ocorrer devido a um excesso de porosidade dos materiais, fissuras ou trincas, furos e vazios nas
estruturas ou, ainda, outras aberturas existentes no conjunto de união entre elementos da edificação. As
infiltrações de gases também agridem o concreto, modificando algumas de suas propriedades.
A infiltração de água e outros fluídos provoca, com o tempo, remoção de componentes dos
materiais a base de cimento sendo que a sua consequência é o aumento dos poros da estrutura e
decréscimo de durabilidade e resistência dos materiais. Contribuem para a corrosão de armadura,
provocam desgastes nos materiais, afetam esteticamente a edificação e podem afetar a saúde do usuário
do ambiente.
A água pode atacar o concreto, através da lixiviação/hidrólise de componentes da pasta do cimento
endurecido, quando entra em contato com a pasta de cimento, tende a hidrolisar ou dissolver os
componentes que contém cálcio. Logo, o ataque da água acarreta as seguintes consequências para o
concreto:
Diminuição da durabilidade, já que a lixiviação do hidróxido de cálcio–Ca(OH)2 torna o concreto
mais poroso e mais permeável, e, portanto, mais suscetível à penetração de agentes agressivos;

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Razões estéticas, quando o material lixiviado entra em contato com o ar, interage com o CO2 e
forma uma crosta esbranquiçada de carbonato de cálcio (CaCO3) na superfície da estrutura, conhecido
como eflorescência, de aparência desagradável.
A área da Edificação foi vistoriada com o objetivo de identificar manifestações patológicas
decorrentes de infiltração e permeabilidade das estruturas, tais como: bolor, manchas de umidade,
vazamentos e lixiviação de cálcio. A infiltração de água associada com o oxigênio poderá potencializar a
corrosão de armaduras, comprometendo a segurança da estrutura, e, ainda, descolar e desagregar
revestimentos e trechos de concreto, podendo gerar acidentes com pessoas e bens.
A NBR 9575 /2010 Impermeabilização – Seleção e Projeto estabelece as exigências e
recomendações relativas à seleção e projeto de impermeabilização.

CONCRETO ARMADO: DESPLACAMENTO E EXPOSIÇÃO DA ARMADURA


O concreto armado quando executado corretamente, desde seu projeto até a manutenção da
estrutura, irá apresentar uma vida útil extremamente longa, porém quando ocorrem falhas em qualquer
um dos processos de projeto, produção e/ou manutenção da estrutura ocorrerá a deterioração da mesma.
Atualmente a NBR 6118/2014 (Estruturas de Concreto Armado) solicita que o cobrimento mínimo da
armadura em estruturas de concreto em ambiente urbano seja de 50 mm para lajes e 45 mm para vigas e
pilares para evitar danos à armadura devido a agressividade do ambiente ser extremamente alta de nível
IV.
As armaduras da estrutura necessitam uma camada de concreto para que sejam protegidas contra
a corrosão, quando esta camada tem pequenas dimensões, como no caso de alguns pontos do edifício, o
concreto em determinado momento da vida útil da estrutura deteriora-se devido à corrosão das
armaduras.
A corrosão de armaduras é uma das manifestações patológicas mais graves que pode ocorrer na
estrutura, visto que a corrosão nas armaduras do concreto tem crescimento exponencial, ou seja,
crescimento cada vez mais rápido, crescendo sempre dobrando na intensidade, da seguinte maneira: 2, 4,
8,16, 32, 64...
A corrosão nas armaduras do concreto originou-se devido ao baixo cobrimento do concreto pela
ação do tempo, aliado à carbonatação do mesmo, ação da umidade e presença de CO2 no ambiente.
O fenômeno da carbonatação do concreto ocorre onde o concreto está exposto à alta concentração
de gás carbônico (CO2), originados do meio atmosférico urbano. O dióxido de carbono penetra nos poros
do concreto, dilui-se na umidade presente na estrutura e forma o composto chamado ácido carbônico
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(H2CO3). Este ácido reage com alguns componentes da pasta de cimento hidratada e resulta em água e
carbonato de cálcio (CaCO3). O carbonato de cálcio não deteriora o concreto, porém durante a sua
formação consome os álcalis da pasta e reduz o pH.
O concreto normalmente possui pH entre 12,6 e 13,5. Ao se carbonatar, estes números reduzem
para valores próximos de 8,5. A carbonatação inicia-se na superfície da estrutura e forma a frente de
carbonatação, composta por duas zonas com pH distintas. Esta frente avança em direção ao interior do
concreto e quando alcança a armadura ocorre a despassivação do aço e este se torna vulnerável. Quanto
menor o cobrimento do concreto mais rápido ocorrerá o ataque à estrutura.
O concreto armado então, com as armaduras despassivadas, está exposto a agentes agressivos
como CO2, fuligem, umidade e ação de intempéries. No caso de estruturas não submersas, como o nos
edifícios, há a presença de oxigênio e existem diferenças de potencial como diferença de aeração ou
tensões entre dois pontos da barra ou do concreto, assim ocorre a corrosão nas armaduras do concreto.
Quando corroída a ferragem, os produtos de corrosão aumentam entre 6 a 10 vezes o diâmetro da
barra de aço, este aumento do diâmetro gera tensões de tração no concreto, que provocam sua fissuração
e posterior lascamento.

FISSURAS EM EDIFÍCIOS
Dentre as manifestações patológicas particularmente importantes é o problema das fissuras,
devido a três aspectos fundamentais: o aviso de um eventual estado perigoso para a estrutura, o
comprometimento do desempenho da edificação (estanqueidade de água, durabilidade, isolação acústica,
etc) e o desconforto estético causado pelas mesmas.
Em todas as construções, nas quais intervém o concreto, aparecem fissuras que podem manifestar-
se após anos, semanas ou, inclusive, mesmo após algumas horas.
Em geral, as mesmas causas produzem idênticos tipos de fissuras de tal maneira que, conhecendo-
se uma causa, é possível prever o quadro de fissuras que irá surgir, esquematizar o fenômeno e determinar
suas possíveis consequências.
As fissuras são provocadas por tensões oriundas de atuação de sobrecargas ou de movimentações
de materiais, dos componentes ou da obra como um todo, movimentações provocadas por variações
térmicas e de umidade, atuação de sobrecargas ou concentração de tensões, deformabilidade excessiva
das estruturas, recalques diferenciados das fundações, retração de produtos à base de ligantes hidráulicos
e alterações químicas de materiais de construção.

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A norma técnica NBR 6118/2014 apresenta recomendações sobre fissuras em estruturas de
concreto.

7. CARACTERIZAÇÃO DAS OCORRÊNCIAS

Iniciamos a Perícia pela área do pavimento térreo, analisando a localização dos pilares e vigas de
sustentação principais do edifício.
Localizamos através do scanner todos os pilares da edificação, onde observamos o espaçamento do
aço, e as condições da saúde dos mesmos.
Consideramos como Bloco 01 o bloco que foi construído primeiramente e como Bloco 02, o
segundo Bloco que está ligado ao primeiro, porém construído posteriormente.

Bloco 01
Térreo

Imagem 01: Fachada


Imagem 02: Garagem olhando de frente a
direita. Garagem sem apresentação de
afundamento de solo

Imagem 03: Imagem do Edifício Imagem 04: Garagem a direita, com vigas e
pilares aparentes

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Imagem 05: Correção, realizada pelo Imagem 06: Despassivação do aço em pé de pilar
condomínio de ferragens em despassivação

Imagem 07: Cobrimento mínimo de armadura Imagem 08: Aço despassivando, sem tratamento e
desrespeitado em execução, menor que 1cm recobrimento adequado
de cobrimento. Vício construtivo

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Imagem 10: Câmera térmica não identifica
umidade ascendente em pilares no bloco da
frente do edifício

Imagem 09: Aço em expansão em vigas

Imagem 11: Câmera térmica identifica umidade em tubulação pluvial abaixo das sacadas.

Imagem 12: Umidade vinda da sacada

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Imagem 13: Vigas sem cobrimento, da Imagem 14: Aço em expansão na laje
armadura principal 1.5cm e do estribo,
cobrimento menor que 5mm

Imagem 15: Garagem do Bloco 02, com aço em Imagem 16: Laje abaixo de um banheiro, ferragem
despassivação na laje exposta e despassivação do aço

Imagem 17: Câmera térmica identifica infiltração Imagem 18: Depósito com ferragem exposta
de água em laje.

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Imagem 19: Estalactite por infiltração de água, Imagem 20: Rachadura estrutural encontrada
no depósito entre laje e viga, descolamento da viga da laje

Imagem 21: Umidade na parede da garagem Imagem 22: Flexas nas vigas, causadas na
vinda externamente e pelos vãos dos execução da obra, vício construtivo.
elementos vazados

Imagem 23: Afundamento do solo Imagem 24: Identificação do bloco 01 e 02

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Imagem 25: Viga abaulada. Bloco 02, flexa Imagem 26: Expansão de aço bloco 02

Imagem 27: Abertura sem pingadeiras

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Primeiro andar

Imagem 28: Primeiro andar, rachadura na junta Imagem 29: afundamento e descolamento
entre viga e laje entre laje piso e alvenaria

Imagem 30: Corredores com rachaduras em Imagem 31: Rachadura estrutural em alvenaria
alvenarias pilares e vigas iniciando em pilar

Imagem 32: Rachadura atravessa apartamento Imagem 33: A mesma rachadura da imagem 32
nº 9 atravessa e desce para a parede dos fundos

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Bloco 1
Segundo andar

Imagem 34: rachadura estrutural corredor


Imagem 35: Fissuras diagonais estruturais,
abrindo

Imagem 37: Apartamento 118 , rachadura


estrutural, típica de recalque

Imagem 36: aberturas sem impermeabilização

Imagem 38: Rachadura no banheiro do Imagem 39: Afundamento do piso do


apartamento 118 apartamento

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Bloco 02 Segundo Andar

Imagem 40: Infiltração no 3º andar corrigido, Imagem 41: Área descoberta completamente
sem umidade, porém causou danos na sem impermeabilização
alvenaria

Imagem 42: Rachadura da imagem 38,


atravessando externamente

Imagem 43: Areia de reboco, aparentemente


inapropriada, sugerimos análise laboratorial,
apto 118

Imagem 44: Reboco solto

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Telhado 3º andar bloco 02

Imagem 45: Telhado bloco 2 telhas soltas, e


falta de vedação em parafusos

Imagem 46: Laje superior bloco 2 Imagem 47: Rachadura parte dos fundos bloco
2

Imagem 48: Rachadura na laje Imagem 49: Rachadura de 6 cm na laje

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Imagem 50: Continuação da rachadura da laje Imagem 51: Diferença de nível recalque da
bloco 2 estrutura

Imagem 53: rachadura da laje, puxando a


Imagem 52: rachaduras estrutura como um todo

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Imagem 55: Rachadura por recalque
Andar 3
Bloco 1

Imagem 54: Rachadura de recalque

Imagem 56: Rachadura no corredor superior Imagem 57: Local exato onde o prédio está
partindo-se

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Imagem 58: Rachadura corrigida, porém abriu Imagem 59: Rachadura externa
novamente, sinal que a estrutura do prédio
está trabalhando

Imagem 60: Estrutura cedendo olhando de


frente para esquerda

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8. CONCLUSÃO

A partir da vistoria realizada para esse laudo, pudemos observar diversas manifestações patológicas
na edificação.
Através da análise visual criteriosa e com o equipamento scanner de armaduras e câmera térmica,
pudemos observar uma edificação com aproximadamente 30 anos de construção, possuindo vícios
construtivos e patologias severas de infiltração de água e recalque.
Encontramos patologias que vão desde exposição de armaduras até a lixiviação, efluerescência e
carbonatação. Todas devido à infiltração de água. Sabemos que a edificação se encontra a poucos metros
do mar, o que faz com que a própria necessite de mais cuidados, no que diz respeito ao cobrimento do
aço, quando analisamos estrutura de aço concreto, porém conforme imagem 13, não foi respeitado o
cobrimento nominal de armadura que com classe de agressividade IV, é de mínimo 5cm.

IMAGEM 61: Imagem da NBR 6118:14

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Na NBR 15575 parte 2, ítem 7.2, define os requisitos básico para uma edificação habitacional, em
relação à sua estrutura durante sua vida de projeto em relação as diversas exposições de ação de peso
próprio, sobrecargas de utilização, atuações do vento dentre outros, são eles:

a) não ruir ou perder a estabilidade de nenhuma de suas partes;


b) prover segurança aos usuários sob ação de impactos, choques, vibrações e outras solicitações
decorrentes da utilização normal da edificação, previsíveis na época do projeto;
c) não provocar sensação de insegurança aos usuários pelas deformações de quaisquer elementos da
edificação, admitindo-se tal exigência atendida caso as deformações se mantenham dentro dos limites
estabelecidos nesta Norma;
d) não repercutir em estados inaceitáveis de fissuração de vedação e acabamentos;
e) não prejudicar a manobra normal de partes móveis, como portas e janelas, nem repercutir no
funcionamento normal das instalações em face das deformações dos elementos estruturais;
f) cumprir as disposições das ABNT NBR 5629, ABNT NBR 11682 e ABNT NBR 6122 relativamente às
interações com o solo e com o entorno da edificação.

No caso do Edifício em questão, consideramos que a estrutura encontrada está em colapso, não
atendendo nenhum dos requisitos da NBR 15575, como mostramos anteriormente.
Analisando a garagem do Edifício, observamos um Edifício com diversos vícios construtivos, que vão
desde falta de cobrimento do concreto até grandes flechas encontradas em vigas.
Porém, o que mais nos impressionou, foram as dimensões das rachaduras encontradas, imagem 48,
que claramente nos mostram que o edifício está afundando, olhando de frente, para sua esquerda.
Diagnosticamos então, a partir da análise de nossa vistoria, o recalque diferencial na estrutura. O
recalque diferencial nada mais é do que um fenômeno que ocorre quando a estrutura sofre um
rebaixamento, devido ao adensamento do solo sob sua fundação. As causas mais comuns de recalque são:
• Ausência ou mau estudo do solo, em que foi executado a fundação. Aqui vale salientar que,
o solo não é homogêneo em sua maioria, e muitas vezes apresenta, bolsões a poucos
metros de distância de um solo rijo;
• Problemas com dimensionamento de fundações. Para cada tipo de solo, há um tipo de
fundação, que deve ser dimensionada estruturalmente considerando cargas de segurança;
• Falhas de execução;
• Alteração do solo por rebaixamento do lençol freático;
• Vazamento de esgoto ou pluvial;
• Vibrações externas, que comprometem o solo.

Não tivemos acesso ao projeto estrutural para este laudo, assim como acesso ao estudo do solo,
porém sabemos que, caso tenha ocorrido, a execução de fundações em solo criado ou aterro, constitui
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uma fonte significativa de problemas. Os recalques oriundos de fundações assentes sobre aterros podem
ocorrer por: deformações no corpo do aterro, deformações do solo natural abaixo do aterro e execução de
fundações sobre aterros sanitários por exemplo.
Segundo Velosso e Lopes em 2011, há uma relação entre a abertura de fissuras e danos em
edifícios, que mostramos abaixo.

Imagem 62
Considerando que temos fissuras que têm a proporção do dobro do indicativo severo e perigoso da
tabela, há a necessidade imediata de evacuação do edifício, pois a estrutura está em ruínas e a ponto de
um colapso.
Alertamos que, imediatamente, tomem-se medidas de controle de recalque e tratamento
estrutural das rachaduras encontradas e que seja avisado a defesa civil do Município de Pontal do Paraná,
para que haja a interdição da área.
Novas inspeções prediais devem ser efetuadas periodicamente, para avaliação do estado geral da
edificação.

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9. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este relatório é composto por 25 páginas e é emitido em uma via. Permanecemos à disposição para
quaisquer esclarecimentos que se façam necessários.

Matinhos, 14 de outubro de 2022.


Restrito ao exposto
Atenciosamente,

Bold Engenharia e Construção Ltda


Douglas de Carvalho Arantes
Engenheiro Civil
CREA-PR:179871/D
Patrícia Biff Mesquita
Engenheira Civil Perita
CREA-SC 160555-2/D

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