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Análise e Recuperação Estrutural de Pilares em

Concreto Armado do Condomínio Belo Vale em


Curitiba-Pr
Alisson Gian Alves1; Daiane Cardoso Lopes dos Santos 1; Jaqueline Godoy
dos Santos1; Leandro de Oliveira da Rocha 1; Leonardo Custódio Garrido
Vieira1; Vitor Lorival Kudlanvec Junior2

RESUMO
Recentemente, notou-se o aumento do interesse no desenvolvimento de estudos na área de
manifestações patológicas, devido à problemas com durabilidade e desempenho nas estruturas, em
virtude da ocorrência de falhas de projeto ou execução, falhas na escolha de materiais ou ausência
de manutenção que refletem em atuais eventos patológicos, sendo alguns desses, em edific ações
executadas em concreto armado. Houve um alto crescimento no número de manifestações
patológicas em estruturas de concreto armado, sendo passíveis de corrosão de armaduras ,
ocasionando o envelhecimento antecipado das construções atuais. Nota-se que em divers as
edificações condominiais, por falta de conhecimento e orientação técnica, constata-se um descuido
por parte dos responsáveis em manter a edificação em sua qualidade inicial e em bom estado. A
disposição em utilizar o tema como objeto de estudo, s urgiu mediante à participação de um dos
acadêmicos da pesquisa, que diariamente atua na área de reparos estruturais, constatando assim
a alta demanda de problemas patológicos existentes em pilares de edificações situadas em
condomínios. Portanto, escolheu-se a obra no condomínio Belo Vale na cidade de Curitiba-PR, a
qual apresentava manifestações patológicas, para acompanhar o processo de reparação dos pilares
deteriorados, realizar a análise da metodologia e dos procedimentos aplicados, bem como dos
materiais que foram utilizados nas etapas da recuperação. Na presente pesquisa, realizou-se a
inspeção visual, a qual apresenta o levantamento de dados, em que após a análise gerou-se um
diagnóstico para a partir dele apresentar uma análise acerca da intervenção estrutural que foi
aplicada, o qual é o resultado do estudo, que somado aos conceitos e características do concreto
armado, retornam um efeito satisfatório e aplicável em patologias correlatas.

Palavras chave: Manifestações patológicas, Concreto armado, Reparo estrutural.

ABSTRACT
Recently, it was noticed the increase of interest in the development of studies in the area of
pathological manifestations, due to problems with durability and performance in the structures, due
to the occurrence of design or execution failures, failures in the choice of materials or lack of
maintenance that reflect in current pathological events, some of these being in buildings executed in
reinforced concrete. There has been a high growth in the number of pathological manifes tations in
reinforced concrete structures, being susceptible to reinforcement corrosion, causing the early aging
of current constructions. It is noted that in several condominium buildings, due to lack of knowledge
and technical guidance, there is a carelessness on the part of those responsible for maintaining the
building in its initial quality and good condition. The willingness to use the subject as an object of
study arose through the participation of one of the academics of the research, who daily work s in the
area of structural repairs, thus noting the high demand for pathological problems existing in pillars of
buildings located in condominiums. Therefore, the work at the Belo Vale condominium in the city of
Curitiba-PR was chosen, which presented pathological manifestations, to accompany the process of
repairing the deteriorated pillars, to perform the analysis of the methodology and procedures applied,
as well as the materials that were used in the stages of recovery. In this research, the visual
inspection was performed, which presents the data survey, in which after the analysis a diagnosis
was generated to present an analysis about the structural intervention that was applied, which is the
result of the study, which added to the concepts and charac teristics of the reinforced concrete,
returns a satisfactory and applicable effect in correlated pathologies.

Key Words: Pathological manifestations, Reinforced concrete, Structural repair.

1 Acadêmicos do curso de Engenharia Civil – Facear – Faculdade Educacional Araucária


2 Professor Orientador – Facear – Faculdade Educacional Araucária

1
1. INTRODUÇÃO

Uma das atribuições do engenheiro é pensar formas construtivas para melhorar


a vida útil e execução das estruturas, além de buscar inovações tecnológicas. Nos últimos
anos a preocupação com a durabilidade e desempenho das obras civis tem estimulado o
desenvolvimento do novo campo da engenharia, “o ramo das Patologias das Estruturas
que trata das origens, formas de manifestação, consequências e mecanismos de
ocorrência das falhas e dos sistemas de degradação das estruturas” (SOUZA E RIPPER,
1998).
Por muito tempo acreditou-se que as construções realizadas com o concreto
armado fossem eternas, contudo, com a evolução cientifica acerca do tema, hoje pode-se
prescrever a vida do útil do concreto em anos e não mais em empiricamente como era feito
nos inícios das construções. Porém, para garantir a vida útil do c oncreto armado é
necessário respeitar o uso para o qual foi dimensionado, não exercendo esforços acima do
prescrito em projeto, além de fazer manutenções preventivas programadas (ABNT NBR
6118, 2014).
É importante destacar que a ausência de manutenções preventivas, erros de
projeto, má qualidade de materiais, erros de execução, exposição das construções a
ambientes agressivos fazem com que as construções apresentem manifestações
patológicas precocemente, como fissuras, desplacamento do concreto, corrosão das
armaduras, carbonatação nas estruturas, entre outras. Tais manifestações patológicas
têm-se tornado cada vez mais comuns nas edificações, elevando assim seus custos com
manutenções corretivas, devido a necessidade de reparos, recuperação e até mesmo
reforço dessas construções (HELENE, 2003).
Muitas patologias das construções poderiam ser evitadas em sua fase de
projeto. As intervenções realizadas ainda na fase de projeto são economicamente mais
viáveis se comparada em outras fases. Os custos das intervenç ões crescem
exponencialmente quanto mais tarde for realizada essas intervenções (HELENE, 2004).
Tal progressão exponencial pode ser assimilada pela Lei de Siltter, compreendendo as
fases de projeto, execução, manutenção preventiva e manutenção corretiva. Segundo
Siltter (1984), a evolução dos custos será em função da vida da edificação em que a
intervenção é realizada. Por exemplo, na fase de execução o custo será 5 vezes maior do
que fase de projeto que terá proporção de 1.
Na fase de manutenção preventiva, os serviços de pinturas, limpeza, entre
outros, que garantem melhores condições da estrutura durante a sua vida útil, custarão 25
vezes mais caras se realizadas em sua fase de projeto, porém, 5 vezes mais baratas que

2
esperar a estrutura apresentar manifestações patológicas, necessitando de manutenção
corretiva. Em sua fase de manutenção corretiva, precisará de serviços de diagnósticos,
reparo, reforço e a proteção das armaduras, devido ao aparecimento evidente de
patologias. Tais serviços terão um custo de 125 vezes maior, se intervenções fossem feitas
na fase de projeto (HELENE, 2004).
Para diagnosticar os mecanismos que causam tais manifestações é necessário
identificar a origem do problema a fim de indicar qual intervenção é a mais adequada para
a recuperação da estrutura, pois uma mesma manifestação patológica pode ter diversas
causas. De acordo com Souza, a escolha da técnica de reparo ou reforço estrutural do
concreto depende da patologia existente e dos estudos pré-estabelecidos, tais estudos são
necessários para escolha correta do método a ser empregado e assim garantir a qualidade
final (SOUZA E RIPPER, 1998).
Face às considerações explanadas, selecionou-se o Condomínio Belo Vale na
cidade de Curitiba-PR, para identificar as manifestações patológicas presentes nos pilares
de concreto armado. O objetivo geral do estudo será em estudar a reparação desses
elementos estruturais com base nas anomalias patologias investigadas in loco, de modo a
analisar os procedimentos aplicados, bem como os materiais utilizados para recuperar os
pilares deteriorados.
A disposição em utilizar o tema como objeto de estudo, surgiu mediante à
participação de um dos integrantes do grupo que atua na área de reparos estruturais,
constatando, assim, muitos problemas patológicos relacionados aos elementos estruturais
de concreto armado, existentes em condomínios residenciais. E, seguindo essa linha de
estudo, escolheu-se uma das obras a qual apresentava manifestações patológicas para
que pudesse a partir das investigações, acompanhar o processo de reparação, e analisar
a metodologia e materiais empregados nas etapas da recuperação.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O concreto é considerado o segundo produto mais consumido no mundo depois


da água. Portanto, esse produto é de grande importância na construção de uma edificação,
sendo que as vezes é negligenciado na hora de ser projetado e executado na obra. O
descuido em projetar o correto cobrimento mínimo em uma estrutura de concreto armado,
como também a execução incorreta advinda do canteiro de obras, posteriormente afetará
grandemente a durabilidade da edificação, permitindo assim a manifestação de patologias
nas estruturas.

3
Sendo um tema extremamente importante na Engenharia Civil, a recuperação e o
reforço em estruturas de concreto armado estão organizados neste capítulo da
fundamentação teórica conforme a Figura 1, buscando a solução dos problemas devido às
manifestações patológicas em estruturas de concreto armado.

Figura 1 - Fluxograma conceitual da pesquisa

Fonte: os autores (2020).

O fluxograma foi estruturado em três ideias relacionadas a recuperação e reforço.


O primeiro traz as principais características do concreto armado, o segundo sobre as
patologias que podem surgir em uma edificação e por último quais as intervenções que
podem ser realizadas para que a estrutura possa voltar a sua função inicial.

2.1. CONCRETO ARMADO E SUAS CARACTERÍSTICAS

Conforme a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) – NBR 6118:2014,


o Concreto armado é a composição do concreto com a disposição de armaduras em sua
execução, sendo relevante a execução do projeto de maneira adequada e de acordo às
normas. As estruturas de concreto armado devem atender às condições pré-estabelecidas
de qualidade, sendo elas, a resistência, desempenho e durabilidade.

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2.1.1. Resistência

A NBR 8953:2015 classifica a resistência do concreto em dois grupos, e varia de


acordo ao Fck determinado a partir de ensaios conforme a NBR 5738:2015 e rompimento
de acordo a NBR 5739:2018, o grupo 1 varia de 20 MPa à 50MPa e no grupo ll de 55MPa
à 100 MPa de resistência.
Os concretos que contém massa específica seca entre 2.000 e 2.800 kg/m³ são
classificados pela letra C, conforme NBR 9778:2009 e posteriormente é descrito o Fck que
é a resistência característica em MPa, conforme a tabela abaixo:

Tabela 1 - Classes de resistência do concreto

Classes de resistência
Grupo 1 Grupo 2
Grupo l de Resistência Fck (MPa) Grupo ll de Resistência Fck (MPa)
C10 10
C55 55
C15 15
C20 20
C60 60
C25 25
C30 30
C70 70
C35 35
C40 40
C45 45 C80 80
C50 50
Fonte: adaptada de NBR 8953:2015

2.1.2. Desempenho

Souza (1998), define desempenho como o comportamento da estrutura ao longo


da sua vida útil, sendo esse resultado das etapas de projeto, execução e manutenção.
O desempenho da edificação vai decaindo durante sua vida útil e de acordo com
as manutenções feitas parte desse desempenho é recuperado, mas não totalmente.
(OTTO BAUMGART INDÚSTRIA E COMÉRCIO S/AA. 2013). A figura 2 na página
seguinte, ilustra o caso.

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Figura 2 - Evolução do desempenho das edificações

Fonte: Otto Baumgart Indústria e Comércio S/AA. 2013, p.9

2.1.3. Durabilidade

Segundo a norma 6118, “as estruturas de concreto devem ser projetadas e


construídas de modo que, sob as condições ambientais previstas na época do projeto, e
quando utilizadas conforme preconizado em projeto, conservem sua segurança,
estabilidade e aptidão em serviço durante um prazo correspondente à sua vida útil” que é
um período mínimo de 50 anos, sem exigir medidas extras de manutenção e reparo.
(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2014, p. 15).

2.2. MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS DO CONCRETO ARMADO

Nos últimos anos, tem crescido o número de edificações com manifestações


patológicas em todo o país, de acordo com Souza (1998) essas patologias podem ser
dividas em patologias de projeto, de construção e de manutenção.

2.2.1. Patologias de projeto

Durante as etapas de execução de uma estrutura é possível acontecer várias


falhas. Elas podem ser ocasionadas durante o estudo preliminar ou durante o lançamento

6
da estrutura, elaboração do anteprojeto e também durante a execução do projeto final.
Para solucionar os problemas patológicos ocasionados por erros de projeto gera muitas
dificuldades e técnicas e custos para solução. Uma falha cometida no estudo preliminar
provoca problema cuja solução é mais complicada e cara que uma falha que venha ocorrer
no anteprojeto. (SOUZA, VICENTE E CUSTÓDIO, 1998).
O ator complementa que as principais causas pelo encarecimento dos processos
de construção, ou por transtorno causado pelas patologias relacionado à obra são falhas
geradas durante a realização do projeto final de engenharia geralmente são as
responsáveis pela implantação de problemas patológicos sérios e podem ser tão diversas
como elementos de projeto inadequados (má definição das ações atuantes ou da
combinação mais desfavorável das mesmas, escolha infeliz do modelo analítico,
deficiência no cálculo da estrutura ou na avaliação da resistência do solo, etc.); falta de
compatibilização entre a estrutura e a arquitetura, bem como com os demais projetos civis;
especificação inadequada de materiais; detalhamento insuficiente ou errado; detalhes
construtivos inexequíveis; falta de padronização das representações (convenções); erros
de dimensionamentos.
Para obter boa qualidade e durabilidade nas estruturas de concreto armado, uma
das condições que são exigidas e que integra o item 7.4.7 da norma NBR 6118 (ABNT,
2014), é um cobrimento adequado, elemento que quando mal projetado, pode suscitar em
patologias nos componentes da estrutura.
A função de estabelecer e executar um cobrimento ideal nas estruturas é proteger
a armadura, isentando-a do contato com os agentes externos que provocam a corrosão e
consequentemente a patologia. É de suma importância observar o cobrimento exigido na
norma, para evitar os danos estruturais, não somente pela durabilidade esperada, mas
também pelo risco que gera quando em desconformidade (GONÇALVES, 2015). Na página
seguinte, a Figura 3 demonstra o cobrimento mínimo da norma NBR 6118 (2014).

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Figura 3 - Cobrimento nominal de estruturas em concreto

Fonte: NBR 6118:2014, pág. 20.

Para definir o cobrimento mínimo ideal para cada caso, define-se analogamente a
Classe de Agressividade Ambiental que é obtida com a classificação do tipo de ambiente
para efeito de projeto o qual pode ser um ambiente rural de agressividade mais fraca (Grau
l) ou até mesmo sujeito à respingos de maré onde a agressividade é muito forte (Grau lV).
Com a classe de agressividade obtida, podemos chegar ao cobrimento nominal.
Para isso, seleciona-se se a estrutura é em concreto armado ou protendido, e qual é o
elemento ou componente em estudo (Laje, viga, pilar ou elementos estruturais em contato
com o solo), e relaciona-se com a classe de agressividade anteriormente obtida.
Desse modo, é o obtido o cobrimento mínimo para cada componente da estrutura
de maneira a atender às prescrições normativas, normalmente variando de 20mm à 50mm
para estruturas de concreto armado.

2.2.2. Patologias da construção

De acordo com (SOUZA, 1998), a sequência ideal para o processo de construção


de uma obra seria a concepção, estudos dos projetos, planejamento da obra e pôr fim a

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execução. No entanto nem sempre essa sequência é seguida à risca, devido a adaptações
e mudanças feitas durante a obra, ocasionando assim erros na etapa de construção.
Nessa etapa, os erros vão desde os mais grosseiros como esquadro, prumo,
alinhamento e desnivelamento, até erros graves e relacionados à estrutura, como por
exemplo flechas excessivas em lajes. Tais erros só serão visíveis após o uso da edificação
levando à necessidade de intervenções precoces na edificação (SOUZA, 1998).

2.2.3. Patologias de manutenção

Souza e Ripper (1998), define o conceito de manutenção como um conjunto de


ações que visam garantir o prolongamento da vida útil das estruturas, e, ressaltam a
importância dos proprietários, investidores e usuários destas construções, em arcarem com
os custos calculados pelos projetistas, custo o qual deverá ser viável e respeitado pelo
construtor. As patologias ocasionadas pela ausência de manutenção parcial ou total de
uma obra, ocorre pela falta de conhecimento técnico, serviços inadequados, descuidos e
por questões financeiras.
Manutenção corretiva é aquela onde as estruturas com manifestações patológicas
são corrigidas, através dos trabalhos de diagnósticos e prognósticos. Estruturas as quais
não tiveram manutenções no decorrer da sua vida útil, terão um custo de cento e vinte e
cinco vezes maior ao custo das medidas que poderiam ser implantadas a nível de projeto,
que teriam a mesma eficiência de proteção e durabilidade (HELENE, 2003).
Duas manifestações patológicas podem surgir com a falta de manutenção
periódica, sendo o surgimento da corrosão por Carbonatação e a corrosão por processo
eletroquímico.
A carbonatação do concreto é uma reação físico-química dos agentes externos
presentes na atmosfera com os agentes internos do concreto. A estrutura possui poros que
armazenam água (H2O) advinda da umidade externa e recebe também a penetração do
dióxido de carbono (CO 2). Após a reação de todos os agentes na estrutura como hidróxido
de cálcio (Ca (OH)2), silicato de cálcio hidratado (C-S-H), silicato tricálcio (C3S) e o silicato
dicálcico (C2S) forma-se a carbonatação (POSSAN, 2010). Essa manifestação patológica
reduz o pH do concreto que inicialmente possui a média de 12,5 de pH para 8,5
aproximadamente (BAKKER, 1988). A alta alcalinidade do concreto protege a camada
passiva do aço, diminuindo a possibilidade de corrosão armadura, mas com a redução do
pH essa proteção diminui, aumentando assim a probabilidade de corrosão do aço de forma
generalizada (POSSAN, 2010).

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Segundo Ribeiro et al. (2014) o processo eletroquímico é um processo de ganho
e perda de elétrons, onde fica dividido entre duas zonas; ânodo e cátodo. A zona ânodo é
a despassivada da armadura, é parte coberta pelo concreto. Cátodo é a zona da armadura
exposta aos agentes externos e intempéries, a armadura funciona como um condutor
elétrico e a água existente no concreto reage como eletrólito. Sendo assim, qualquer que
seja a discrepância de potencial entre os pontos, pode gerar uma corrente a qual irá
ocasionar um início de processo de corrosão.
A corrosão das armaduras é uma das modalidades de patologia mais presentes
nas estruturas de concreto armado e ocorre por meios de fissuras, trincas, ninho de
concretagem, desagregação, destacamento do concreto e falta de cobrimento da armadura
(GROCHOSKI; HELENE, 2008). A combinação de um concreto que não atingiu o
desempenho esperado com esse cobrimento desconforme, permite uma acessibilidade
mais rápida do processo corrosivo na armadura por aberturas, fissuras ou até m esmo sua
exposição (ABNT,2014).

2.3. INTERVENÇÕES EM ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO

2.3.1. Diagnóstico

Entende-se por diagnóstico, o conjunto de entendimento e embasamento


científico relacionados aos problemas patológicos dentro das construções. O problema
patológico deverá ser diagnosticado considerando todo o processo de evolução das
manifestações patológicas, uma mesma manifestação pode-se encontrar dissemelhante
se estudada em períodos diferentes (TUTUKIAN e PACHECO, 2013).
O engenheiro é o profissional responsável em levantar as informações das
manifestações patológicas que ocorrem nas obras. O diagnóstico em sua fase inicial
consiste na análise dos dados levantados, ou seja, será definido o estado atual das
estruturas, contendo a origem das anomalias existentes, suas causas e por fim o
prognóstico que direcionará as possíveis intervenções, com objetivo em escolher a mais
apropriada para solução (AGUADO, ANTONIO, 2003).

2.3.2. Materiais utilizados

Após realizado o diagnóstico da intervenção a ser adotada no concreto armado,


são definidos os materiais para o reparo ou reforço da estrutura. O concreto armado é um
material poroso, por isso requer materiais específicos que garantam à aderência do

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material de reparo à estrutura. Em meio aos materiais mais utilizados e os existentes no
mercado, os que mais se destacam são os concretos e argamassas (SOUZA, 1998).
O concreto executado com cimento Portland é o mais utilizado no mundo para a
construção estrutural (HELENE, 2007) e para a realização de reparos e reforços não se
faz diferente (HELENE, 2003). De acordo com o autor, utilizando o concreto para reparo
ou reforços exige-se dele características específicas de acordo com a intervenção,
podendo ser requeridas elevadas resistências, ausência de retração, baixa
permeabilidade, dentre outras. Muitas vezes fazendo-se necessário o uso de aditivos para
atingir essas exigências.
Dentre os materiais pré-fabricados existentes, os que mais se destacam são os
diversos tipos de argamassa e graute:

 Argamassas: de acordo com Souza (1998), as argamassas são utilizadas


em locais que serão necessários pequenos volumes. As argamassas
geralmente usadas para intervenções estruturais são as argamassas
poliméricas, argamassa a base de cimento, argamassa de base resina
epóxi, de base resina poliéster, dentre outras.

 Grautes: Helene (2003), descreve o graute de reparo como um


microconcreto, diferenciando da argamassa de características tixotrópicas
de preenchimento que são usadas para espessuras menores. Devido às
suas características de fluidez, ser um material autodensável, de boa
aderência, baixa retração, o graute geralmente é aplicado em lugares de
difícil acesso.
Assim sendo, se faz necessário um correto diagnóstico do tipo de intervenção a
ser adotada para a escolha do material mais adequado para reparo ou reforço estrutural e
controle de corrosão das armaduras.

2.3.3. Tipos de Intervenções – Conceitos Gerais

O diagnóstico é a base para escolher o tipo de intervenção. Para selecionar o tipo


de intervenção mais adequada, é necessário determinar as suas atuações e como irão
trabalhar durante seu serviço. Os elementos estruturais como os pilares podem se
comportar em diversos modos, por isso, podemos optar por três tipos de intervenç ão, a
emergencial, de proteção e reparadora (AGUADO et al, 2003).

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2.3.3.1. Reparo Estrutural

Uma estrutura de concreto armado durante sua vida útil, pode apresentar doenças
patológicas, sendo necessário a adoção de medidas para garantir a sua condição de
estabilidade. Para isso são necessários reparos no concreto ou na armadura, desde que
não haja intervenção de materiais que venham a alterar a sua resistência de projeto
(SOUZA e RIPPER, 1998).
Por esse motivo, o reparo tem como objetivo a restauração da capacidade levando
à um ponto bem semelhante ao inicial e conferindo a vida útil da edificação, renovando a
sua segurança estrutural e corrigindo possíveis vícios de construção (PAZINI, et al.,2005).
Conforme orientação do Manual de Reparo, Proteção e Reforço de Estruturas de
Concreto (2003), as principais etapas de reparo são:

• Preparo e limpeza do substrato;

Figura 4 - Preparo do substrato Figura 5 - Limpeza do substrato

Fonte: quartzolit 3 Fonte: Gerador de preços.Brasil4

3 Disponível em:
https://www.quartzolit.weber/solucoes-tecnicas-quartzolit-para-reparos-protecao-e-reforco/como-
garantir-boa-aderencia-em-correcoes-estruturais-e-emendas-de-elementos -de- concreto-novos -e-
antigos.
4 Disponível em:

http://www.brasil.geradordeprecos.info/reabilitacao/Estruturas/Concreto_armado/Preparacao_da_s
uperficie/EHK040_Preparacao_de_superficie_de_armadur_1.html#gsc.tab=0.

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• Tratamento da armadura;

Figura 6 - Tratamento da armadura

Fonte: SAS Engenharia5

• Garantia da aderência com o substrato; e


Figura 7 - Aderência do substrato

Fonte: quartzolit 6

• Proteção superficial do concreto.


Figura 8 - Proteção anti-carbonatação na superfície do concreto

Fonte: adaptado de Pellicer et al. (2016)

Contudo, caso o reparo não venha atender a necessidade da estrutura, torna-se


necessário a possibilidade de estabelecer o reforço estrutural.

5 Disponível em: http://sasengenharia.com/servicos/


6 Disponível em: https://www.quartzolit.weber/solucoes-tecnicas-quartzolit-para-reparos-protec a o-
e-reforco/como-recuperar-e-reforcar-estruturas-de-conc reto

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2.3.3.2. Reforço Estrutural

Segundo HELENE (2003), as vigas e os pilares de concreto armado estão entre


as principais estruturas que necessitam de reforço estrutural, sendo abaixo abordados
alguns deles:

• Reforços com introdução de suportes intermediários que visam as tensões


da viga/pilar;

• Reforços com aumento da seção do pilar/viga, onde não há possibilidade de


colocar apoio, e inserção de novas armaduras nesta seção caso necessário;

• Reforço com chapas metálicas: Realiza-se quando necessita-se aumentar a


taxa de aço. Essa é uma técnica muita utilizada em casos que não é possível
aumentar a seção e nem mesmo inserir apoios intermediários.

• Reforços através de protensão externa visando a capacidade à flexão da


viga.

• Reforço com fibra de carbono visando aumentar a capacidade à flexão e à


tração.

• Reforço com concreto projetado;

• Reforço com graute, microconcreto fluído, argamassa e armadura embutida.

2.3.3.3. Intervenções emergenciais

Essa atuação será indicada quando o componente estrutural está instável e


precisa de uma intervenção rápida para recuperar as lesões que estão ocasionando perigo
na edificação. Geralmente o uso deste tipo é provisório e seu objetivo principal é manter
as estruturas em serviço, como também evitar riscos aos usuários durante o processo de
levantamento de dados do diagnóstico e na recuperação dos pilares (AGUADO et al.,
2003).

2.3.3.4. Intervenções de proteção

São intervenções que dão proteção aos componentes estruturais, com o intuito
em impedir ou minimizar as ações que avançam o processo de deterioração, como a
corrosão, ambientes agressivos e outros. Essa intervenção protege o pilar atuando em seu

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entorno, limita suas cargas de utilização e defini ou controla periodicamente os seus
elementos críticos (AGUADO et all., 2003).

2.3.3.5. Intervenções de reparo

Quando o pilar é afetado pela degradação, deverá reparar a região afetada para
recuperar o seu desempenho anterior. Esse método de intervenção requer um diagnóstico
preciso, por se tratar de reparos complexos e variam muito, dependendo das funções
características dos pilares, forma e o nível de degradação (AGUADO et al., 2003).

3. MATERIAIS E MÉTODOS

O presente trabalho demonstra a aplicação da metodologia quantitativa descritiva,


onde para o desenvolvimento dos objetivos apresentados, a pesquisa irá conter em sua
estrutura uma coleta de dados bibliográficos a qual se utilizou documentos, literatura e
teses divulgadas em veículos de publicação científica. Para analisar as patologias nos
pilares em estudo, será realizado um levantamento fotográfico in loco, verificação do
projeto estrutural e demais arquivos úteis, caracterizando como coleta de dados
documental (GIL, 1999).
O estudo de caso será realizado com a investigação direcionada aos atuais pilares
do Condomínio Belo Vale, na cidade de Curitiba-Pr, de forma a levantar detalhadamente
as falhas encontradas e uma análise acerca da intervenção estrutural aplicada.

3.1. DIAGNÓSTICO

O Condomínio Belo Vale, foi construído em 1990, e segundo relato da síndica, até
2020 não havia sido feito nenhuma manutenção nas estruturas, além da pintura. A pintura
funciona como uma proteção para a estrutura, mas faz-se necessário também a aplicação
de hidrofugantes de superfície (de poro aberto) e bloqueadores de poros a fim de se
retardar as patologias (BENTUR; DIAMOND; BERKE, 1997) e quando as mesmas
surgirem, proceder com os reparos imediatamente.
O diagnóstico das patologias e reparo foi realizado através da inspeção visual,
análise de projetos, bem como histórico da edificação (SOUZA, 1998). Mediante estudos
bibliográficos da equipe e dos conhecimentos logrados da empresa executora da obra, as
soluções propostas por esse artigo e executadas no local, pretendem reestabelecer a

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integridade física da estrutura, recuperando suas características originais, e assim
prolongar a sua vida útil.
Com o correto diagnóstico será possível definir as causas que ocasionaram as
patologias e as diversas formas de solucionar as anomalias existentes.

Figura 9 - Pilar com fissura, corrosão de armadura e destacamento do concreto.

Fonte: os autores, 2020

Figura 10 - Pilar com fissura, severa corrosão de armadura e destacamento do concreto.

Fonte: os autores, 2020

3.1.1. Inspeção Visual

Com a inspeção visual será possível verificar o estado dos pilares de concreto
armado e levantar as anomalias existentes, é possível também observar o meio ambiente
a qual a estrutura está exposta e verificar se esse meio é agressivo ao concreto armado.

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Além disso, busca-se observar as formas de manifestações das anomalias mais
recorrentes, como esfarelamento e desplacamentos do concreto, bem como oxidação da
armadura.

3.1.2. Levantamento de dados

Após a inspeção visual será feita a estimativa dos possíveis danos, da


necessidade de intervenções imediatas como escoramento para alívio de carregamento.
Nessa etapa também será feita a análise dos projetos originais para verificação de
possíveis alterações ou ampliações de projeto, ou ainda erros de manutenção ou uso, deve
ser feito o levantamento de todos os dados possíveis da obra.
Antes do início da obra do Condomínio Belo Vale, o ambiente foi isolado e os
pilares escorados, o posicionamento das escoras foi escolhido pelos engenheiros
responsáveis pela execução e fiscalização da obra.

Figura 11 - Local da obra isolado e escorado.

Fonte: os autores, 2020

3.1.3. Análise

É na análise que se verificará de onde surgiram as anomalias, será feita uma


análise minuciosa para verificar até as anomalias que não podem ser observadas tão
facilmente apenas na inspeção visual, deve-se verificar também os fatores que estão
ocasionando tais anomalias (SOUZA, 1998).
No Condomínio Belo Vale, constatou-se que as patologias encontradas foram
devido a idade da estrutura, falta de manutenção, e vale salientar ainda que os pilares de
canto estão expostos a intempéries ocasionando assim uma maior deterioração desses
elementos.

17
3.1.4. Diagnóstico

O diagnóstico será a base de estudo para a definirmos a intervenção estrutural.


Para selecionar o tipo de intervenção mais adequada, é necessário determinar as suas
atuações e como irão trabalhar durante seu serviço. Os elementos estruturais como os
pilares podem se comportar em diversos modos, por isso, podemos optar por três tipos de
intervenção, a emergencial, de proteção e reparadora.

3.2. SELEÇÃO DA INTERVENÇÃO ESTRUTURAL

Com o diagnóstico já definido, partiremos para etapa de como acontecerá a


recuperação dos pilares deteriorados, bem como, a melhor técnica de intervenção, de
acordo com patologias encontradas. Para isso, foi preciso selecionar a intervenção desses
elementos estruturais.
Para a seleção de intervenção foram adotados os seguintes critérios:

• Com base no diagnóstico preciso;

• Cada caso receberá a intervenção mais adequada; e,

• Determinação dos materiais e técnicas de reparo e proteção.

3.2.1. Métodos de intervenção adotados

De acordo com análise mediante ao diagnóstico preciso, foi definido que os pilares
deteriorados precisarão ser protegidos e reparados. Deste modo, foram empregues
materiais apropriados e técnicas executivas para recomposição e recuperação dos
elementos estruturais.
As intervenções serão realizadas por profissionais habilitados e mão de obra
especializada. Os materiais e as técnicas serão mencionados no decorrer desta
metodologia.

3.2.2. Procedimentos de preparo e limpeza dos pilares

Para executar a recuperação de um pilar, é necessário prepará-lo antes da fase


de limpeza, realizando procedimentos que vão possibilitar a aplicação das ferramentas e
materiais de reparo (HELENE, 2000).
Definido os dois métodos de preparo serão executados primeiramente a
escarificarão mecânica, onde será delineado no pilar a área no qual o concreto será

18
removido e disco de corte para a correta preparação do pilar (HELENE, 2000). A
escarificação será realizada de modo que os golpes sejam de fora para dentro sem que
atinja as armaduras, permitindo ao final que a superfície do concreto esteja áspera, para
que posteriormente haja uma boa aderência da argamassa de reparo.
Na escarificação foi possível fazer o diagnóstico preciso da estrutura, o
equipamento mecânico garantiu um alto rendimento na obra. Todo o material solto ou
desagregado foi retirado, até chegar no concreto íntegro deixando a ferragem com
processo de corrosão exposta. Posteriormente foi feito o lixamento elétrico das armaduras
e limpeza do concreto para uma melhor aderência do material de reparo, permitindo a
remoção de partículas presentes na superfície escarificada do concreto e na superfície do
aço.

Figura 12 - Escarificação do pilar para tratamento das armaduras.

Fonte: os autores, 2020

.
3.2.3. Procedimentos de proteção da armadura

Com a investigação da estrutura, foi escolhido para proteção da armadura, o


inibidor de corrosão e o primer de zinco EPZN, mais comumente nomeado como
Convertedor de Ferrugem TF7. Segundo o fabricante o TF7 é um produto que elimina a
ferrugem e forma uma película que previne novas corrosões, pode ser aplica sob qualquer
superfície de ferro, zinco, cobre ou outros metais. Posteriormente ao TF7 foi aplicado um
primer com alto teor de zinco metálico, para passivação da armadura no concreto armado.
Executado as fases de limpeza do concreto e da armadura, serão aplicadas com
pincel duas demãos do produto protetor, compassadas entre 30 a 60 minutos entre as
demãos. Depois de passado no mínimo duas horas da aplicação, poderá ser dado início
no processo de reparo com argamassa.

19
Figura 13 - Materiais utilizados no tratamento das armaduras.

Fonte: os autores, 2020

3.2.4. Recomposição do concreto e finalização

O objetivo de reparar a estrutura é encaminhar do ponto atual (o qual se encontra


patologicamente deteriorado) ao ponto que se encontrava após a construção (com os
atributos previstos em projeto com sua devida segurança e em compatibilidade com a
importância da edificação e de sua vida útil) (PAZINI, 2005).
Antes de recompor o concreto no elemento estrutural, saturou-se a o substrato
superfície afim de se obter uma melhor aderência entre substrato e argamassa. O material
adotado para reparo do concreto foi a argamassa polimérica monocomponente específica
para reparos em concreto.

Figura 14 - Argamassa utilizada - polimérica monocomponente para reparos em concreto.

Fonte: os autores, 2020

20
A argamassa utilizada foi a ZENTRIFIX GM2 devido a boa trabalhabilidade que
possui, além de ser modificada com polímeros e reforçada com fibras, o material é
específico para reparos estruturais. Por ser monocomponente a única adição necessária é
a água em uma proporção de 100 partes em peso de Zentrifix GM 2 para 13 – 14 partes
em peso de água de acordo com o fabricante.

3.2.5. Montagem de fôrmas e preenchimento convencional

O método utilizado consiste essencialmente na montagem de fôrmas delimitando


a área de reparo e o preenchimento das cavidades demarcadas com o material designado
para o reparo, o qual deve ser fluído possibilitando sua infiltração e de baixa retração, pois
assim certamente é menor a possibilidade de vazios no material, o que poderia trazer a
ocorrência de uma nova patologia futuramente (PAZINI, 2005)
As fôrmas devem ser executadas de maneira a permitir a entrada do material nas
aberturas, são utilizadas calhas para o auxílio no procedimento.
É realizada a aplicação de argamassa de reparos estruturais de alta resistência,
a qual possui características tixotrópica (Bauchemie, sika, Master builders Basf). Para a
colocação do material, a técnica é a mesma utilizada na concretagem habitual. O
lançamento é realizado por gravidade, e o material vibrado internamente por vibrador.

Figura 15 - Montagem de fôrma e preenchimento convencional.

Fonte: Pazini, 2005

21
Figura 16 - Delimitação do pilar, montagem de formas e pilar concretado.

Fonte: os autores, 2020

Depois de efetuado o lançamento do material de reparo, a desforma foi feita após


5 dias de concretagem conforme recomenda a NBR 14931/2003 - Execução de Estruturas
de Concreto – após realizado a desforma, então foram retirados os excessos.

Figura 17 - Lançamento do material de reparo.

Fonte: Pazini, 2005.

Um detalhe bem importante para se levar em consideração, é a atenção ao tempo


de cura de cada material, conforme procedimentos de uso recomendado pelos fabricantes.
Posteriormente, deve ser realizada a aplicação de resina para formação de
película de proteção, para tal indica-se tinta primeira linha, a qual deverá ser aplicada sobre
os pontos reparados.

22
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

As patologias presentes nos pilares do Condomínio Belo Vale, ocorreram em


grande parte devido a carbonatação do concreto. As estruturas compõem a garagem do
condomínio e devido à grande circulação de carros elas estão expostas a grande
concentração de dióxido de carbono e sujeitas a carbonatação devido a reação do
composto químico com a água ou umidade relativa do ar.

Figura 18 - Umidade relativa de Curitiba – Ano 2019

Fonte: Meteoblue7

Ao avaliar a umidade relativa da cidade de Curitiba no ano de 2019, ano anterior à


contratação da recuperação estrutural, percebe-se que a umidade esteve na faixa de 70%
à 85%, compreendendo grande período em porcentagens críticas que favorecem a
carbonatação que é de 40% até 80% segundo CASCUDO et al (2011).
Para medir o grau de carbonatação dos pilares foi utilizado a solução alcoólica de
fenolftaleína, um indicador de pH que quando entra em contato com a solução alcalina do
concreto adquire coloração rosa quando a estrutura se encontra com pH entre 8,0 e 9,8,
ou seja quanto mais rosa o concreto ficar, mais saudável estará (CASCUDO et al, 2011).

7 Disponível em: https://www.meteoblue.com

23
Figura 19 - Aplicação de fenolftaleína nos pilares 01 (esquerda) e 02 (direita).

Fonte: os autores, 2020

Nos pilares ensaiados quase não se pode perceber a coloração rosa devido à alta
carbonatação do concreto. Apenas no pilar 01 (à esquerda da imagem) se percebe uma
pequena mancha rosa que não apresenta frente de carbonatação.
Com relação ao cobrimento dos pilares, a NBR 6118:2014 prevê 3 cm ou mais de
cobrimento para centros urbanos, classe de agressividade ambiental II.
No entanto como a construção data de 1999 a edificação não seguiu a
especificação, e apresentou apenas 2 cm de cobrimento nos pilares, fato esse que facilitou
a fissuração e desplacamento do concreto quando ocorreu a corrosão e expansão da
armadura.
Figura 20 - Medição do cobrimento concreto.

Fonte: os autores, 2020

24
Pode-se apresentar ainda como agravantes das patologias existentes, a idade da
edificação e a falta de manutenção preventiva, com a prevenção é possível diminuir os
custos com intervenções corretivas, além de promover às estruturas o seu estado inicial
de qualidade, sem considerar a idade da estrutura. A manutenção preventiva é uma
estratégia e precisa de planejamento para ser executada.
A NBR 5674 (ABNT, 2012) fala da necessidade da implantação de planos de
operação, uso e manutenção em edifícios visando diminuir as manutenções não
planejadas, corretivas. Na obra de recuperação estrutural do Condomínio Belo Vale foram
executadas manutenções corretivas para devolver a estrutura as condições adequadas ao
uso previstas para a edificação, posteriormente foi elaborado pela empresa Piekas
Engenharia um plano de manutenção preventiva dos pilares onde especificou-se um
sistema duplo de proteção com a combinação de produtos hidrófobos de superfície e
posteriormente a aplicação de películas protetoras, os dois agem para impedir ou dificultar
a passagem da água pelo concreto, diminuindo assim reações químicas que podem
desencadear a carbonatação.
De forma geral, as manifestações patológicas aqui apresentadas tiveram como
agravante a baixa espessura da camada de cobrimento da armadura dos pilares, idade da
edificação, falta de manutenção preventiva e a ação da água e gases, que desencadearam
a carbonatação do concreto e oxidação da armadura.

Figura 21 - Recuperação estrutural de pilar

Fonte: os autores, 2020

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5. CONCLUSÃO

Este estudo de caso apresentou as características do concreto armado,


explanando sob os conceitos de resistência, desempenho, vida útil e durabilidade. Além
disso elucidou-se as principais patologias que cercam essas estruturas além das
metodologias para recuperação desses elementos.
Ainda, o artigo propôs a análise e recuperação estrutural dos pilares de concreto
armado do Condomínio Belo Vale, onde constatou-se que os mesmos apresentavam as
patologias de corrosão das armaduras, destacamento do concreto e fissuras.
As diversas manifestações patológicas dos pilares de concreto armado do
Condomínio, tiveram como agravante a idade da edificação, falta de manutenção
preventiva e principalmente a ação de intempéries, que desencadearam a carbonatação
do concreto e oxidação da armadura.
Os materiais e procedimentos utilizados para a recuperação estrutural do
Condomínio foram escolhidos pelo engenheiro responsável da obra, todos em
conformidade com a metodologia aqui explanada. Há diversos métodos para recuperação
estrutural de pilares, e a cada dia com o desenvolvimento das tecnologias surgem novas
técnicas. A degradação dos pilares de concreto armado do Condomínio já estavam em
estágio avançado, contudo, após a recuperação estrutural foram realizadas visitas para
verificar o estado da estrutura e chegou-se à conclusão que os procedimentos adotados
foram adequados e imprescindíveis para o sucesso da obra e recuperação da estrutura
aos atributos previstos em projetos e com a devida segurança aos condôminos.
Mediante exposto nesse trabalho verificou-se a necessidade das manutenções
preventivas em Condomínios. Portanto, após corrigidas todas as manifestações
patológicas aqui apresentadas foi realizado um plano de manutenção preventiva ao
Condomínio, que contemple uma visita anual de engenheiro especialista, além da
aplicação de agentes protetores, afim de se evitar novas patologias e por manter em
segurança o bem e a vida.
Para complementar, como sugestão de melhoria que poderia ter sido
acrescentado na execução da recuperação estrutural, é a execução da saturação de forma
técnica. A saturação do concreto no Condomínio foi feita com garrafa pet de 2L com a
tampa furada formando assim um jato, segundo o Manual de reparo, proteção e reforço
das estruturas da RedHabilitar para fazer a limpeza com jato de água a pressão deve ser
adequada e com uso de equipamento específico.

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6. REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118:2014 – Projeto


de estrutura de concreto – Procedimento. Rio de Janeiro: 2014.
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para fins estruturais — Classificação pela massa específica, por grupos de resistência e
consistência. Rio de Janeiro: 2015.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15.575:2013 -
Edificações Habitacionais – Desempenho. Rio de Janeiro: 2012.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5674:2012 -
Manutenção de edificações — Requisitos para o sistema de gestão de manutenção
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5738:2015-Concreto
— Procedimento para moldagem e cura de corpos de prova. Rio de Janeiro: 2015.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5739:2018-Concreto
- Ensaio de compressão de corpos de prova cilíndricos. Rio de Janeiro: 2018.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9778:2009 -
Argamassa e concreto endurecidos - Determinação da absorção de água, índice de vazios
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